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venosos
SUMÁRIO
1. Propofol......................................................................................................................... 6
Qual a sua composição química e formulação? ........................................................ 6
Qual o mecanismo de ação e os efeitos do uso do propofol?................................... 7
2. Etomidato..................................................................................................................... 10
Composição química.................................................................................................. 10
Qual a farmacocinética do etomidato?...................................................................... 10
Efeitos clínicos do uso de etomidato......................................................................... 10
3. Cetamina...................................................................................................................... 13
Qual a composição química da cetamina? .............................................................. 13
Qual a farmacocinética e propriedades clínicas com o uso da cetamina?............. 14
4. Midazolam................................................................................................................... 17
5. Lidocaína..................................................................................................................... 20
Referências bibliográficas................................................................................................ 23
Caro(a) estudante, hoje começaremos a falar sobre os anestésicos venosos, e es-
te é um tema muito importante. Sabemos que induções de anestesia geral são geral-
mente realizadas por agentes intravenosos, independentemente da técnica utilizada
para manutenção da anestesia. Eles podem ser combinados com anestesia inalató-
ria, opioide, balanceada ou o que chamamos de intravenoso completo/total.
Lembrando da química do Ensino Médio, vemos que o agente anestésico intraveno-
so ideal seria uma substância solúvel em água, estável, não irritante, de início rápido,
de ação curta com metabólitos inativos e não tóxicos, sem efeitos como depressão
cardíaca ou respiratória, liberação de histamina, efeitos de bloqueio neuromuscular ou
reações de hipersensibilidade. Parece impossível, né? Pois é mesmo! Não existe um
agente anestésico intravenoso que se encaixe nesse ideal citado acima.
Anestésicos venosos 3
chamado de meia-vida do fármaco e esse é um útil parâmetro clínico diretamente
proporcional ao volume de distribuição e inversamente proporcional à depuração
(clearance) da droga.
Dito isto, saberemos que a potência dos anestésicos intravenosos é definida co-
mo a concentração plasmática necessária para evitar uma resposta nervosa em 50%
de sujeitos a um estímulo específico, tudo isso tem analogia quando estudamos
os anestésicos inalatórios em que o uso da concentração alveolar mínima (CAM)
serve para evitar uma resposta em 50% dos indivíduos (Veja o supermaterial de
“Anestésicos Inalatórios”).
Mas vamos lá, se estamos falando de mecanismos que bloqueiam respostas que
seriam fisiologicamente esperadas, como sabemos quais são as células-alvo na
anestesia venosa?
Esse questionamento nos permite dizer que os alvos primários dos agentes anes-
tésicos intravenosos são relativamente bem definidos, interagindo esses fármacos
com receptores para neurotransmissores endógenos. Ao recordar os conceitos da
bioquímica você há de lembrar que os receptores podem ser amplamente classifica-
dos como inotrópicos (ligados a um canal iônico) ou metabotrópicos (ligados a uma
proteína G). Com isso, temos que a maioria dos neurotransmissores no SNC tem o
potencial de ativar essas classes de receptores.
A ideia por trás do mecanismo de ação dos anestésicos venosos é que o receptor
GABA seja o alvo dos efeitos anestésicos. Esses efeitos são de sedação, ansiólise,
hipnose e amnésia. São todos efeitos secundários à ação das drogas anestésicas.
Vale destacar que esses efeitos são de todos os anestésicos e sedativos intraveno-
sos, exceto cetamina e os agonistas α2-adrenérgicos.
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FLUXOGRAMA 1. ANESTÉSICO VENOSO IDEAL
Baixo potencial de
liberar histamina,
diminuindo reações de Retorno rápido e suave à
Metabolismo rápido
hipersensibilidade consciência
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1. PROPOFOL
Anestésicos venosos 6
e requerem uma maior dose de indução (cerca de 1,5 vezes do que adultos) e ma-
nutenção da taxa de infusão, respectivamente. Propofol é extensivamente (98% da
dose aplicada) vinculado à albumina plasmática.
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FLUXOGRAMA 2. EFEITOS DO USO DE PROPOFOL
SISTEMA SISTEMA
SNC
RESPIRATÓRIO CARDIOVASCULAR
Redução da
contratilidade cardíaca
Efeito primariamente no OUTROS EFEITOS
receptor GABA, estudos
in vitro sugerem ação em
receptor NMDA, inibindo Maior redução da
ação do glutamato Também diminui FSR e resistência arteriolar e
aumenta ADH venosa
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Disfunções hepáticas ou renais leves não alteram a farmacocinética do propofol.
Dentre todos os anestésicos endovenosos, o propofol causa a redução mais proe-
minente na pressão arterial. Isso ocorre devido à vasodilatação sistêmica que pro-
voca. Pode haver discreto aumento reflexo da frequência cardíaca. A diminuição na
pressão arterial é dose-dependente e acontece com maior magnitude em idosos e
pacientes em choque. Esse efeito pode ser minimizado pela injeção lenta da medica-
ção, evitando superdosagem inadvertida.
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Na prática! A infusão de propofol está CONTRAINDICADA para
sedação em crianças devido à sua segurança. Uma “síndrome da infusão de
propofol” foi descrita e as crianças afetadas desenvolveram acidose metabóli-
ca, hiperlipidemia, arritmias cardíacas, com aumento na mortalidade.
2. ETOMIDATO
Composição química
Inicialmente devemos destacar que o etomidato é um éster imidazólico. Sua apre-
sentação é geralmente como emulsão lipídica ou como solução cristalina, contendo
propilenoglicol numa concentração de 2 mg/mL. Dor à injeção é comum e a taxa de
tromboflebite no período pós-operatório é alta.
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idosos ou com comprometimento da função cardiovascular. Todavia, essa droga tem
se tornado menos popular.
Acontece apneia transitória com o seu uso, porém em menor grau do que com ou-
tros fármacos. Podem ocorrer tosse ou soluços. Por isso o etomidato, assim como
o tiopental, não é ideal para a inserção de máscara laríngea. Náuseas e vômitos pós-
-operatórios são comuns após sua administração.
O etomidato inibe a 11-β-hidroxilase, uma importante enzima na via de produção
esteroidal adrenal. Uma dose única de indução bloqueia por 4 a 8 horas o aumento
na síntese de cortisol que ocorre como resposta normal ao estresse e esse tempo
pode se prolongar até 24 horas em pacientes idosos ou debilitados.
Há evidência de aumento na mortalidade com o uso de infusão contínua de eto-
midato para sedação em pacientes criticamente enfermos. Apesar de não ter sido
demonstrado aumento de mortalidade após dose única para a indução anestésica,
o uso do etomidato tem diminuído nos últimos anos devido à percepção de morbi-
dade aumentada.
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FLUXOGRAMA 3. EFEITOS DO USO DE ETOMIDATO
SISTEMA SISTEMA
SNC
RESPIRATÓRIO CARDIOVASCULAR
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Saiba mais! O etomidato é um agente venoso de ação rápida
que foi introduzido na prática clínica em 1970. Em comparação com outros
agentes de indução tem efeitos mínimos sobre o sistema cardiovascular.
3. CETAMINA
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Na prática! Os efeitos clínicos observados após a administração
de cetamina incluem elevação da pressão arterial e do tônus muscular, abertura
dos olhos (geralmente acompanhada de nistagmo), aumento do consumo de
oxigênio pelo miocárdio e depressão respiratória mínima.
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Se liga! A cetamina é única entre os agentes de indução anesté-
sica por ser passível de administração endovenosa, intramuscular, oral, nasal,
renal e epidural.
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FLUXOGRAMA 4. EFEITOS DO USO DE CETAMINA
SISTEMA SISTEMA
SNC
RESPIRATÓRIO CARDIOVASCULAR
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4. MIDAZOLAM
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Nos estados fisiológicos normais, o composto altamente lipofílico é notável pelos
seus efeitos rápidos sobre o SNC e por seu grande volume de distribuição. O desapa-
recimento de seus efeitos sobre o SNC é devido, principalmente, pela redistribuição,
embora, após infusão extensa e prolongada, seja necessário aumentar a dosagem
devido ao clearance hepático progressivamente maior. A velocidade normal de depu-
ração do midazolam varia de 6 a 11 mL.kg-1.min-1, comparado com a do diazepam
que é de 0,2 a 0,5 mL.kg-1.min-1.
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FLUXOGRAMA 5. EFEITOS DO USO DE BENZODIAZEPÍNICOS | MIDAZOLAM
SISTEMA
SNC MIDAZOLAM
RESPIRATÓRIO
Bom efeito
anticonvulsivante, mas
limitado ao controle
inicial de convulsões e
não profilaxia NMDA = N-metil D-Aspartato;
TMC = Transporte mucociliar;
PIC = Pressão intracraniana;
BZD = Benzodiazepínico;
PA = Pressão arterial;
Não causam supressão FC = Frequência Cardíaca;
do EEG nem em DC = Débito cardíaco;
altas doses [ ] = Concentração;
DAC = Doença arterial
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5. LIDOCAÍNA
Galerinha, sabemos que a lidocaína tem sido administrada por via intravenosa
desde a década de 1960 para diversos fins. Ela é administrada por via intravenosa, e
seu metabólito ativo interage com os canais de Na+ periféricos e centrais dependen-
tes de voltagem dentro das células da membrana. Tem maior afinidade pela abertura
de canais iônicos, estado criado durante a despolarização.
Lidocaína
bloqueando o canal
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impedimento do anestésico. A colocação de lidocaína (não polar) na membrana ce-
lular reduz o tempo quiescente e as alterações químicas temporárias da membrana,
indicando uma orientação específica dos anéis aromáticos e a liberdade rotacional
reduzida das moléculas na membrana.
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A ação da lidocaína durante a indução inalatória na anestesia geral causa supres-
são do reflexo de tosse e laringoespasmo durante a laringoscopia e intubação, além
disso causa diminuição da incidência de broncoespasmo devido à redução da res-
ponsividade das vias aéreas a estímulos nocivos e a drogas que causam broncoes-
pasmo, apesar do aumento do tônus das vias aéreas.
Vale destacar que a lidocaína é tipicamente mais eficaz do que um opioide para
mitigar a dor da injeção devido ao seu efeito anestésico local. No entanto, ela pode
causar alguns efeitos adversos como a exacerbação da hipotensão induzida pela ad-
ministração de agentes sedativo-hipnóticos, como propofol, que pode ser atenuada
pela redução da dose do sedativo-hipnótico e a possibilidade de aumento da frequ-
ência ventricular em pacientes com fibrilação ou flutter atrial em doses >50 mg.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo: Atheneu; 2006.
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de Janeiro: Sociedade Brasileira de Anestesiologia/SBA, 2016.
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Salford Royal Hospitals NHS Foundation Trust, 2013.
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