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Tabagismo
SUMÁRIO
ETILISMO........................................................................................................... 3
1. Introdução...........................................................................................................3
2. Avaliação Clínica.................................................................................................6
8. Síndromes Demenciais......................................................................................22
9. Prognóstico.......................................................................................................24
TABAGISMO..................................................................................................... 25
1. Introdução.........................................................................................................25
2. Quadro clínico...................................................................................................25
6. Tratamento farmacológico................................................................................31
7. Prognóstico.......................................................................................................35
Referências ........................................................................................................................37
ETILISMO
1. INTRODUÇÃO
O álcool é um depressor do sistema nervoso central que pode causar desde eufo-
ria até progressiva sedação e, apesar de seu consumo milenar, o mesmo pode estar
relacionado a fatores diversos que levam a problemas com a bebida, sejam eles tem-
porários, severos ou recorrentes.
O consumo de álcool ou etilismo pode estar relacionado a problemas que for-
mam um continuum desde a intoxicação aguda, pelo uso nocivo até os casos em
que há dependência. Por esse motivo, o consumo de álcool é hoje considerado um
problema de saúde pública mundial por ser a droga mais consumida no mundo, res-
ponsável por 5,9% das mortes (7,6% para homens e 4% para mulheres) e por estar
diretamente relacionado não somente a morte, mas também prejuízos clínicos, a
invalidez por causas externas, negligência/abuso de crianças, violência doméstica,
acidentes de trânsito e absenteísmo laboral. No Brasil, cerca de 11% dos homens e
2% das mulheres consomem álcool diariamente, ao passo que 48% da população
adulta é abstêmia, no entanto 20% das pessoas que buscam um serviço de atenção
primária à saúde bebem em um nível de alto risco.
Além disso, algo que tem gerado uma preocupação a mais no contexto brasileiro
é o grande consumo de álcool em 65,2% dos jovens do ensino fundamental e médio,
sendo a idade média de início para primeiro consumo aos 12,5 anos. Em todo o mun-
do, aproximadamente 16% dos bebedores com 15 anos de idade ou mais já beberam
grandes quantidades de bebida em pouco tempo, ou seja, bebem em binge.
Beber em binge é um conceito utilizado para se referir ao consumo de álcool em
grandes quantidades e em pouco tempo, sendo para homens a quantidade de 5 do-
ses em 2 horas e para mulheres 4 doses nessas mesmas horas, esse tipo de consu-
mo tem elevados custos sociais e danos para a saúde como por exemplo aumento
da violência, homicídios, etc. Alguns fatores influenciam nos efeitos do “beber em
binge” como: peso do indivíduo, idade, velocidade de consumo, presença de alimento
no estômago, número de doses consumidas.
Etilismo e Tabagismo 3
MAPA BEBER EM BINGE E FATORES RELACIONADOS
Presença de alimento no
estômago reduz a chance de
intoxicação alcoólica.
Etilismo e Tabagismo 4
Figura 1: Concentração alcóolica em diferentes tipos de bebidas
Fonte: Autoria própria
Sabe-se que não existe consumo de álcool isento de riscos, nem há um consenso
sobre quantas unidades seriam necessárias para um indivíduo ter problemas com este
consumo, no entanto, estabeleceu-se um nível de consumo associado ao uso nocivo
de álcool e a dependência valores estes que são diferentes para homens e mulheres:
Baixo risco 0U 0U
Etilismo e Tabagismo 5
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o consumo de risco seria
aquele em que o padrão de consumo aumenta o risco de condições adversas para a
saúde que quando torna-se um hábito significa o consumo 20-40g para mulheres e
40-60g para homens. Já o consumo prejudicial, segundo a OMS, seria aquele em que
há prejuízo concreto para a saúde física e mental da pessoa, associado ao consumo
regular de 40-60g de álcool para homens/mulheres. Enquanto que, o consumo episó-
dico é aquele em que ocorrem repercussões em problemas específicos para a saúde
a partir do consumo de pelo menos 60g de álcool.
2. AVALIAÇÃO CLÍNICA
O consumo do álcool é algo que deve ser sempre abordado nas consultas, de for-
ma respeitosa e rotineira, pois o quanto antes for possível identificar e manejar esse
problema, melhor para o paciente. Muitos profissionais acabam negligenciando a
relevância em realizar essa abordagem pregressa, deixando para intervir quando já
existem complicações ligadas a esse consumo, ou seja, não se intervém na causa,
mas sim nas complicações decorrentes do uso abusivo do álcool.
Como já foi visto em outras aulas e outros Super Materiais, o método clínico
centrado na pessoa é uma ferramenta fundamental na atenção primária à saúde e
deve ser usado inclusive neste momento em que se aborda etilismo nas consultas.
Inicialmente deve-se investigar se há consumo de alguma bebida alcoólica, determi-
nando quantidade, tempo de consumo, frequência, repercussões na vida da pessoa e
história familiar pregressa relativa ao uso nocivo de álcool. Para complementar essa
investigação ao longo da consulta, diante de um paciente que refere consumo de be-
bida alcóolica, realizar um questionário de triagem chamado CAGE em que é possível
identificar se há uso abusivo dessa substância. A presença de 2 ou mais respostas
positivas no CAGE indica uso abusivo de álcool.
Questionário CAGE
C (cut down) Alguma vez você sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?
E (eye-opener) Você costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca?
Etilismo e Tabagismo 6
Diante de um paciente com CAGE “positivo” é importante que em uma consulta
seguinte seja realizado outro questionário: o AUDIT. Este é um questionário compos-
to por 10 perguntas que visa avaliar o padrão de consumo nos últimos 12 meses e,
diante do resultado, é possível pactuar intervenções.
Figura 2: AUDIT
Fonte: https://www.supera.org.br/@/material/mtd/pdf/bloco_Audit.pdf )
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Quanto ao exame físico o mesmo deve ser completo, abrangendo todos os siste-
mas, pois sabe-se que o consumo de álcool interfere nos diversos sistemas do or-
ganismo humano. No entanto, é fundamental que o médico esteja atento aos sinais
do exame físico que indicam complicações do uso excessivo crônico de álcool, são
eles: telangiectasias, tremores de extremidades, hepatomegalia e elevação da pres-
são arterial.
Figura 3: Telangiectasias
Fonte: dimid_86/Shutterstock.com
No que diz respeito aos exames complementares, estes não têm muita utilidade
para o diagnóstico do abuso de álcool, no entanto, são importantes para o monito-
ramento das complicações orgânicas decorrentes do álcool, bem como para que o
paciente perceba ao longo do tratamento sua evolução. Algumas alterações labora-
toriais são esperadas em pacientes que bebem com frequência, como por exemplo o
aumento do volume corpuscular médio (VCM) ou macrocitose, além disso, a eleva-
ção de gama-GT (GGT) é um indicador precoce de disfunção hepática, enquanto que
pacientes com elevação desproporcional de AST/TGO em relação a ALT/TGP é um
padrão comum de alteração hepática em pessoas com hepatite alcóolica.
Etilismo e Tabagismo 8
Saiba mais! A aferição dos níveis séricos de transferrina deficien-
te em carboidrato (CDT) é uma ferramenta possível na identificação de ingesta
crônica de grande quantidade de bebida alcóolica. Tal teste possui especificida-
de de até 90% com melhor desempenho do que o GGT e VCM, no entanto, é me-
nos disponível para realização devido ao seu custo-benefício. Fonte: Campana
A, Zaleski M, Ramos SP, Duailibi SM, Stein AT, Campana A, et al. Abuso e depen-
dência de álcool. Rio de Janeiro: SBMFC; 2012.
Etilismo e Tabagismo 9
Passo a passo da intervenção breve
Para além da abordagem clínica, sempre deve ser abordado nas consultas como
está a motivação do paciente e em que estágio desta motivação o mesmo está sem
culpabilizar o paciente pelo seu consumo ou como o mesmo enxerga o uso de ál-
cool. Isso auxilia no direcionamento de quais ações os profissionais de saúde que
acompanham o paciente podem realizar para incentivá-lo, de modo a ajudá-lo a ma-
nejar seu consumo de álcool até que o mesmo possa deixar o uso dessa substância
caso deseje. Os estágios de motivação também são utilizados para compreender
como é a relação do paciente com o tabagismo que será tratado no próximo tópico.
Como vimos na aula de Dra. Maitê é importante buscar identificar em cada consul-
ta em qual desses estágios o paciente está e sempre atuar de acordo com esse
estágio, dando sempre reforço positivo a cada passo dado pelo paciente, inclusive
apoiando este durante eventuais recaídas.
Etilismo e Tabagismo 10
MAPA GRAUS DE MOTIVAÇÃO
• Ajude a desenvolver um
plano para a mudança; • Encoraje a colocar
em prática os planos
• Identifique junto com o paciente para mudança de
dificuldades que podem surgir durante a comportamento.
mudança e estratégias para enfrentá-las.
Preparação Ação
Pré-contemplação Recaídas
Etilismo e Tabagismo 11
Saiba mais! A intervenção breve tem como principal objetivo de-
sencadear a decisão e comprometimento com a mudança dos pacientes com a
finalidade de reduzir os riscos de danos causados pelo consumo exagerado de
álcool, através de um enfoque educativo e motivacional. Tal intervenção deve
ser preferencialmente realizada no ambiente da APS devido a maior possibili-
dade de criação de vínculo, bem como, segundo alguns autores, por ser mais
efetiva uma vez que o indivíduo ainda não se encontra em processo tão avan-
çado de dependência química. Revisão sistemática realizada por PEREIRA et al
(2013) mostrou que a IB é efetiva na redução da frequência e quantidade de ál-
cool, não sendo possível definir se é mais eficaz entre bebedores de uso nocivo
ou crônico. Fonte: PEREIRA, M.O. et al. Efetividade da intervenção breve para o
uso abusivo de álcool na atenção primária: revisão sistemática. Rev. bras. en-
ferm. vol.66 no.3 Brasília May/June 2013.
Vale ressaltar que, tanto a IB, quanto as ações do profissional com base nos está-
gios de motivação, devem ser amparados pelo respeito à singularidade do indivíduo,
as relações que permeiam sua vida, bem como elementos da sua relação com o álcool
que não devem ser menosprezados pela leitura moral que o profissional possa fazer.
Desse modo, as propostas terapêuticas para cada pessoa são direcionadas para a
mesma e sua realidade. Estes também são os princípios da estratégia de redução de
danos, uma estratégia tão efetiva quanto às orientadas pela abstinência, a qual a par-
tir da singularidade do indivíduo irá considerar propostas diversas para cada pessoa
que consideram outras possibilidades e metas de tratamento além da abstinência,
visando reduzir os danos associados ao consumo de álcool sejam eles danos para a
saúde física ou social. Com isso, é importante enfatizar que estratégias múltiplas que
combinem tanto o interesse do paciente, como as competências dos profissionais que
estiverem cuidando deste.
Quanto às atividades preventivas, as mesmas são diversas e visam evitar o início
do consumo, de modo a evitar que o ato de utilizar o álcool torne-se algo regular
após o primeiro contato com a substância. Atividades educativas e o incentivo a po-
líticas e campanhas de prevenção devem ser realizadas pelos profissionais de APS,
com ação conjunta entre CAPS, NASF e toda rede de saúde. Um público importante
para direcionar atividades educativas são os jovens, sobretudo, em decorrência do
aumento do consumo entre os mesmos e possibilidade de prevenir o primeiro con-
tato, bem como conscientizar aqueles que porventura já tenham consumido bebi-
das alcóolicas, logo, ações em escolas tem um potencial relevante no contexto da
prevenção.
Etilismo e Tabagismo 12
MAPA ABORDAGEM E MEDIDAS INICIAIS AO PACIENTE QUE CONSOME BEBIDA ALCÓOLICA
Atividades educativas
em escolas
MEDIDAS PREVENTIVAS:
Sem foco na
1ª escolha!
Colaboração de toda a abstinência → outras
rede: NASF, CAPS, APS... metas e possibilidades
Sempre abordar
nas consultas!
Estratégia de
Atentar para o consumo
Redução de Danos
precoce em jovens! CONSUMO
DE BEBIDA
CAGE: avaliar se há ALCÓOLICA
Intervenção Breve:
uso abusivo FRAMES
AUDIT: investigar
dependência
AVALIAR GRAU
EXAME FÍSICO COMPLETO! DE MOTIVAÇÃO
Avaliar sinais de DO PACIENTE!!
uso crônico:
• Telangiectasias Oferecer intervenções
• Tremores de extremidades terapêuticas em nível
• Hepatomegalia crescente de intensidade,
• Elevação da PA custos e restrições
Etilismo e Tabagismo 13
O manejo inicial do paciente com intoxicação consiste em assegurar que haja a
interrupção da ingesta de álcool, posicionar o paciente em decúbito lateral de modo
a evitar a broncoaspiração de conteúdo gástrico caso venha a vomitar e proporcio-
nar um ambiente seguro e tranquilo. Tais medidas são suficientemente efetivas em
boa parte dos casos. Porém, em algumas situações o paciente apresenta-se com
agitação psicomotora e agressivo o que torna necessária a sua imobilização e se ne-
cessário uso de Haloperidol 5 mg, via intramuscular (IM). Vale ressaltar que benzo-
diazepínicos e histamínicos podem ter efeito cruzado com o álcool, por esse motivo,
a droga de escolha é o haloperidol.
O exame físico do paciente com intoxicação aguda deve ser completo e realizado
o quanto antes buscando complicações agudas (TCE, hipoglicemia, sangramentos,
crises hipertensivas) e crônicas (hepatomegalia e desnutrição). No que diz respeito
aos exames laboratoriais é necessário solicitar: hemograma, exames para avaliar
função hepática e renal, eletrólitos. Outros exames complementares como exames
de imagem devem ser solicitados conforme necessidade diante do quadro de cada
paciente.
A todos os pacientes está indicado o uso de Tiamina 300 mg IM como profilaxia
da Síndrome de Wernicke-Korsakoff. Caso a glicose hipertônica seja indicada ao pa-
ciente, a tiamina deve ser aplicada 30 min antes da glicose. No entanto, é importante
destacar que nem todos os pacientes com intoxicação aguda pelo álcool devem re-
ceber glicose hipertônica endovenosa e soro fisiológico, estes estão indicados ape-
nas se o paciente apresenta-se hipoglicêmico e/ou desidratado, respectivamente.
Etilismo e Tabagismo 14
Se liga! O aumento de VCM acima de 91µm³ em homem/mulher
e de GGT acima de 35U/L em homens e 30U/L em mulheres possuem boa e
muito boa respectivamente como marcador biológico do uso nocivo do álcool.
Fonte: Myrick H, Wright T. Clinical management of alcohol abuse and dependen-
ce. In: Galanter M, Kleber HD. The American Psychiatric publishing textbook of
substance abuse treatment. 4th ed. Washington: American Psychiatric; 2008.
p.129-42
6. SÍNDROME DA DEPENDÊNCIA
ALCÓOLICA
Essa síndrome é caracterizada por sinais e sintomas comportamentais, fisio-
lógicos, cognitivos no qual o uso de álcool torna-se prioridade na vida da pessoa,
ficando outras atividades em segundo plano. Diante disso, além das intervenções
psicossociais, alguns medicamentos podem ser utilizados sendo fundamental a re-
gularidade no seu uso. Como forma de possibilitar melhor adesão ao tratamento é
importante que o profissional crie um plano conjunto de cuidado com o paciente, au-
xilie o mesmo na compreensão do problema, bem como evidencie o funcionamento
e efeitos colaterais dos respectivos tratamentos propostos.
O dissulfiram é um fármaco utilizado no tratamento do alcoolismo, acessível, de
baixo custo e o único sensibilizante ao álcool disponível no Brasil. Seu mecanismo
de ação ocorre no metabolismo hepático do álcool, pois inativa a enzima acetalde-
ído-desidrogenase que é responsável pela conversão de acetaldeído em ácido acé-
tico, logo, com a atuação do dissulfiram ocorre um acúmulo do acetaldeído. Desse
modo, caso a pessoa em uso do medicamento faz ingestão de bebida alcóolica, o
acúmulo de acetaldeído desencadeia uma reação conhecida por “efeito antabuse”
Etilismo e Tabagismo 15
caracterizada por rubor facial, cefaleia, taquipneia, precordialgia, náuseas, vômitos,
sudorese e cansaço. Tal reação pode durar de 30 min a horas e vai depender da sen-
sibilidade de cada paciente, no entanto, caso a dose de bebida alcóolica seja grande
pode haver progressão do efeito antabuse para confusão mental, rebaixamento do
nível de consciência, hipotensão, coma e até mesmo morte.
Com isso, o dissulfiram age como um freio para o paciente não ingerir bebida al-
cóolica, devido a essas reações desagradáveis vinculadas ao ato de beber, por este
motivo o medicamento deve ser iniciado apenas 12h após a última ingestão de ál-
cool com dose inicial de 500 mg/dia por 1-2 semanas e dose de manutenção de 250
mg/dia. Porém, é importante frisar com o paciente que, uma vez iniciado o tratamen-
to, o medicamento permanece na corrente sanguínea por aproximadamente 1 sema-
na, ou seja, mesmo que a medicação seja interrompida, caso ocorra uma recaída, o
efeito antabuse ainda pode ocorrer. O tempo de tratamento vai depender da melhora
do estado psicossocial do paciente e aquisição do autocontrole do comportamento
de beber.
Outro medicamento que contribui para o tratamento do alcoolismo é a naltrexona,
um antagonista opioide utilizado como coadjuvante das intervenções psicossociais
no tratamento da dependência alcoólica, pois atenua os efeitos prazerosos do ato
de beber. Estudos mostram que seu efeito terapêutico é maior nos primeiros 42 dias
de uso, no entanto, pode atuar reduzindo as taxas de recaídas por até 5 meses. De
modo geral, recomenda-se seu uso por até 12 semanas, com dose inicial de 25 mg/
dia para minimizar os efeitos adversos (o principal é a náusea) na 1ª semana, segui-
da de 50 mg/dia que é a dose de fato para tratamento do alcoolismo. A naltrexona é
contraindicada quando há doença hepática (aguda ou crônica) devido seu potencial
de hepatotoxidade baseado no aumento das transaminases hepáticas. Apesar deste
aumento nas transaminases estar mais associado ao uso de doses altas (> 300 mg/
dia) é importante mesmo assim realizar o controle mensal de bilirrubinas e transami-
nases hepáticas.
Etilismo e Tabagismo 16
O acamprosato é outro fármaco que vem sendo utilizado por seu efeito na redu-
ção do consumo de álcool, sobretudo, por reduzir os sintomas de abstinência. Tal
medicamento é um coagonista de receptores de glutamato e é um fármaco seguro
por não interagir com o álcool ou com BDZ, no entanto, alguns estudos mostraram
que este é menos efetivo do que o dissulfiram. A dose habitual é 1.200-3.000 mg/dia,
dividido em 3 vezes ao dia, por um período de 3-12 meses.
7. SÍNDROME DA ABSTINÊNCIA
ALCÓOLICA
A síndrome da abstinência alcóolica (SAA) é caracterizada por um conjunto de si-
nais e sintomas que se iniciam cerca de 6h após a diminuição ou interrupção do uso
de álcool, sendo o tempo e intensidade do uso diretamente proporcional à gravidade
da apresentação. O curso dessa síndrome é flutuante e autolimitado, porém seu pico
pode acontecer entre 24 e 48h após o início do quadro e a mesma pode durar até 1
semana.
O quadro clínico da SAA está relacionado com o aumento da atividade do sis-
tema nervoso autônomo, por este motivo, podem ocorrer: tremores, ansiedade,
sudorese, taquicardia, aumento da pressão arterial, cefaleia, náuseas e vômitos,
inquietação, alteração do humor e insônia. Porém, é importante classificar a SAA
de modo a compreender a gravidade do quadro de cada paciente, podendo orientar
melhor o tratamento da síndrome. A classificação pode ser realizada por meio da
aplicação da escala Clinical Withdrawal Assessment Revised (CIWA-Ar) composta
por 10 itens rapidamente respondidos em que o escore final apresenta a gravidade
da SAA: 0-9 leve, 10-18 moderada e >18 grave.
Etilismo e Tabagismo 17
Figura 4: Instrumento de avaliação da gravidade da síndrome de abstinência alcóolica (CIWA-Ar)
Fonte: Dependência química, 2019
Etilismo e Tabagismo 18
Como já foi dito, o tratamento irá depender da gravidade do quadro do paciente
de modo que, é possível atualmente realizar tratamento ambulatorial quando o es-
core classifica o paciente como leve/moderado e, caso seja grave o tratamento deve
ser feito em nível hospitalar. É importante realizar a adequada indicação de trata-
mento ambulatorial, pois este quando bem indicado reduz os custos no tratamento
e melhora a adesão do paciente. No entanto, outros fatores também irão interferir
nesta decisão como por exemplo a presença de uma rede de apoio e insucessos em
tratamentos anteriores. Caso o paciente apresente: desidratação, história de TCE,
sintomas neurológicos, complicações clínicas (hipertensão, sangramento digestivo,
insuficiência renal), delirium tremens, convulsões e sintomas psicóticos, o mesmo
deve ser tratado, de forma mais adequada, em ambiente hospitalar.
SÍNDROME DA
ABSTINÊNCIA
ALCÓOLICA
LEVE/MODERADA GRAVE
Sem comorbidades ou
Comorbidades ou complicações
complicações clínicas/
clínicas/psiquiátricas graves
psiquiátricas graves
Etilismo e Tabagismo 19
O tratamento ambulatorial consiste em inicialmente abordar a família e informar
a natureza do problema, como é o curso da SAA e seu tratamento, devendo orientar
que seja proporcionado ao paciente um ambiente calmo e tranquilo. Além disso,
é importante iniciar reposição vitamínica com tiamina 1 ampola ao dia por 7-15
dias e após este período reposição via oral com 300 mg/dia como forma de evitar
a Síndrome de Wernike, postergando a evolução para a fase crônica desta que é
a Síndrome de Wernike-Korsakoff. Além disso, a prescrição de benzodiazepínicos
(BDZ) deve ser feita com base nos sintomas apresentados, mas devem ser retirados
gradualmente ao longo de 1 semana, a 1ª escolha é o uso de Diazepam, mas em pa-
cientes com hepatopatias graves recomenda-se o uso do Lorazepam.
Etilismo e Tabagismo 20
Quando há indicação de tratamento a nível hospitalar o monitoramento do pacien-
te deve ser frequente, mantendo a orientação de proporcionar um ambiente calmo.
A reposição vitamínica é a mesma indicada para os casos leve/moderado. Caso o
paciente apresente confusão mental, o mesmo deve permanecer em jejum devido
ao risco de broncoaspiração, devendo neste caso realizar hidratação endovenosa
a cada 8h com solução com glicose 5%+ NaCl+KCl. A indicação de BDZ também
deve ser feita com base nos sintomas, sendo boa opção para profilaxia de delirium
tremens (DT). A contenção física só deve ser realizada em caso agitação intensa
onde há risco para o paciente e terceiros ou quando não é possível administrar as
medicações.
O DT é uma forma grave e potencialmente fatal da abstinência do álcool que
pode se desenvolver cerca de 1 a 4 dias após a SAA, caracterizado por um estado
de confusão mental agudo, rebaixamento do nível de consciência, desorientação
e desatenção, podendo apresentar alucinações visuais e táteis que pode evoluir
para agitação. É uma psicose orgânica que pode ser revertida em alguns dias com
manejo sempre realizado em hospital geral e tratamento baseado no uso de BDZ
(Diazepam 10-20 mg/h ou Lorazepam 2-4 mg/h) e, se necessário, administrar haldol
5 mg/dia. Além disso, é fundamental realizar hidratação do paciente e avaliação ge-
ral através de exames laboratoriais.
Etilismo e Tabagismo 21
8. SÍNDROMES DEMENCIAIS
O álcool pode provocar lesões cerebrais difusas prejudicando a memória, capa-
cidade de julgamento, de abstração e de comportamento. Com isso, o comprome-
timento pode ocorrer desde deficiências cognitivas leves percebidas somente em
testes neurológicos, até síndromes demenciais graves. De modo geral, há prejuízo da
memória recente e confabulações sem alterações no nível de consciência.
Alterações psicológicas e radiológicas podem acontecer, mas são reversíveis
após meses de abstinência até mesmo naqueles pacientes que já possuem demên-
cias estabelecidas. O comprometimento cerebral costuma ser mais global como no
caso da Síndrome de Wernicke-Korsakoff que já abordamos anteriormente sendo
indicado o uso de tiamina 300 mg/dia por 12 meses.
Etilismo e Tabagismo 22
FLUXOGRAMA PARA ABORDAGEM A PESSOA COM PROBLEMA DE ABUSO DE ÁLCOOL
Suspeita de
problemas com álcool
Intoxicação Síndrome de
Aplicar AUDIT
alcoólica Abstinência Alcoólica
Etilismo e Tabagismo 23
9. PROGNÓSTICO
O diagnóstico de problemas relacionados ao uso de álcool costuma ser tardio,
pois o período médio entre os primeiros sintomas e a primeira intervenção profis-
sional costuma ser de 5 anos. Esse diagnóstico tardio interfere no prognóstico, de
modo que em 2-3 anos de tratamento apenas 20-30% dos pacientes se mantêm abs-
tinentes, o que acaba por reforçar a ideia de que pessoas que fazem uso crônico de
álcool não se recuperam.
Logo, o diagnóstico e intervenção precoce são fundamentais, sobretudo, no pa-
norama atual em que o uso desta substância tem acontecido cada vez mais em pa-
cientes mais jovens o que pode acarretar em prejuízos inevitáveis neste cérebro em
formação.
Etilismo e Tabagismo 24
TABAGISMO
1. INTRODUÇÃO
O tabagismo é considerado uma pandemia e segundo a OMS é a principal causa
de morte prevenível (6 milhões de mortes por ano) e de doenças no mundo afetan-
do mais de 1 bilhão de pessoas. Se a tendência atual for mantida, em 2030 haverá
8 milhões de mortes, sendo que 80% será em países em desenvolvimento. O Brasil,
destaque na produção mundial de tabaco, vem apresentando queda na prevalência de
tabagismo nas últimas décadas apesar do uso do tabaco representar uma parcela im-
portante dos gastos com despesa médica e perda da produtividade no país. Pesquisa
realizada pelo Ministério da Saúde em 2014 mostrou que a prevalências de fumantes
diários em maiores de 18 anos era de 10,8%, sendo maior no sexo masculino (12,8%)
do que no sexo feminino (9%).
Vale ressaltar que, atualmente sabe-se que o risco para fumantes passivos (ina-
lação da fumaça derivada do tabaco por pessoas não fumantes) também é alto, re-
presentando um aumento na morbimortalidade das pessoas expostas e fumaça do
tabaco. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que cerca de 7 pessoas
morrem diariamente no Brasil devido ao fumo passivo, assim como fumantes passi-
vos possuem risco 30% maior de câncer de pulmão, 24% de infarto agudo do miocár-
dio e 50% de doenças respiratórias em crianças.
O termo tabagismo está vinculado ao consumo de qualquer substância derivada
do tabaco, podendo apresentar-se como cigarro industrializado, charuto, cigarro de
palha, narguilé, rapé, fumo de rolo, cigarro eletrônico, entre outros. É importante frisar
com o paciente que não existem níveis seguros do consumo do tabaco. Porém, a de-
pendência ao tabaco está relacionada à ação da nicotina no sistema nervoso central
o que eleva os níveis de dopamina.
2. QUADRO CLÍNICO
O manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-V) estabelece cri-
térios para o transtorno de uso do tabaco (abaixo) e permite classificar tal dependência
como leve quando 2-3 critérios abaixo são atendidos, moderada quando na presença de
4-5 critérios e grave quando há 6 ou mais critérios.
Etilismo e Tabagismo 25
Critérios DSM-V para transtorno por uso do tabaco
Consumo de tabaco em quantidades maiores ou por Uso recorrente do tabaco em situações em que há
mais tempo que o planejado exposição a risco (p. ex. fumar na cama)
Desejo persistente ou incapacidade de controlar o Manutenção do uso do tabaco, apesar dos prejuízos
desejo de consumir tabaco físicos e psicológicos
Etilismo e Tabagismo 26
3. AVALIAÇÃO CLÍNICA
Na avaliação inicial é importante que seja realizada uma conversa individualmente
com o paciente enfatizando sua história tabagística. O profissional deve ser empático,
deixando o paciente à vontade durante a entrevista, de forma que ao final o paciente
saia ciente da sua avaliação e ciente das possibilidades de tratamento do tabagismo.
Etilismo e Tabagismo 27
• Grau de dependência: A avaliação do grau de dependência a nicotina é feita pela
aplicação do teste de Fagerstrom que consiste em um questionário de 6 pergun-
tas com pontuação variando de 0 a 10 em que valores 0-2 pontos classificam
o grau de dependência como muito baixo, 3-4 baixo, 5 pontos como médio, 6-7
pontos como elevado e entre 8-10 pontos como muito elevado. Além disso, indi-
víduos com valores acima de 6 tem grande probabilidade de passar por síndrome
de abstinência ao parar de fumar.
Você acha difícil não fumar em lugares proibidos, como igrejas, Sim (1 ponto)
bibliotecas, cinemas, ônibus? Não (0 ponto)
Menos de 10 (0 ponto)
De 11 a 20 (1 ponto)
Quantos cigarros você fuma por dia?
De 21 a 30 (2 pontos)
Mais de 31 (3 pontos)
Sim (1 ponto)
Você fuma com mais frequência pela manhã?
Não (0 ponto)
Você fuma mesmo doente, quando precisa ficar de cama a Sim (1 ponto)
maior parte do tempo? Não (0 ponto)
4. COMO ABORDAR E
ACONSELHAMENTO
Alguns pacientes estão ainda em estado de ambivalência no que diz respeito ao
tabagismo, com isso, realizar uma entrevista motivacional é um bom método para
auxiliar na mudança comportamental. Para tal, o profissional de saúde deve acolher
o paciente respeitando seu conflito acerca do tabagismo, buscando analisar sua am-
bivalência como elemento perturbador da decisão de mudança, minimizando junto
ao fumante suas incertezas quanto ao tabagismo e enfatizando expectativas positi-
vas que virão com a abstinência.
Etilismo e Tabagismo 28
A entrevista motivacional é uma forma de abordagem que proporciona uma forma
diferente de estar com o paciente. Inclusive, o profissional de saúde nunca deve per-
der a oportunidade de abordar a questão do tabagismo, devendo sempre ser enfati-
zado que o tabagismo é uma doença crônica que precisa de tratamento, pois quanto
mais intensa a abordagem, maior a taxa de cessação aumentando 40-60% as chan-
ces de abstinência quando comparada com abordagens mais leves.
Durante essa primeira conversa com o paciente, deve-se evidenciar algumas infor-
mações relativas ao hábito de fumar, como por exemplo, dizer que a nicotina é uma
substância psicoativa capaz de provocar dependência e que sua ação no sistema
nervoso central leva a liberação de neurotransmissores que desencadeiam a sensa-
ção de prazer, redução da ansiedade, aumento da atenção e da memória. Além disso,
vale ressaltar ao paciente que, ao parar de fumar é possível que ele experimente epi-
sódios de fissura (forte vontade de fumar com duração de cerca de 5 min) devendo
nesse momento realizar atividades prazerosas e que levem à distração. Deve-se tam-
bém alertar da possibilidade de ocorrência da síndrome de abstinência.
Dois modelos foram criados como forma de sistematizar a abordagem dos profis-
sionais de saúde aos pacientes tabagistas a primeira é a dos 5 As e a outra dos 5 Rs,
a qual deve ser utilizada para pacientes que não desejam parar de fumar imediata-
mente, utilizando está estratégia para melhorar a motivação do mesmo.
Etilismo e Tabagismo 29
5As 5Rs
RECOMPENSAS: ajudar a
encontrar os benefícios de parar de
AVALIAR: o grau de
fumar e reforçar (melhora paladar e olfato,
motivação e dependência.
economia de dinheiro, melhor para saúde,
bom exemplo para filhos...)
Tendo sido feita esta abordagem, o paciente deve estipular uma data ou “dia D”
em que irá parar de fumar. Os profissionais de saúde devem estimular a parada
abrupta no lugar de uma redução progressiva no número de cigarros, devendo inclu-
sive auxiliar o paciente a escolher esta data, observando a existência de mais ou me-
nos gatilhos a depender das datas.
Etilismo e Tabagismo 30
5. TRATAMENTO NÃO
FARMACOLÓGICO
O aconselhamento pode ser realizado de forma individual ou em grupo, porém, é
importante previamente conversar com o paciente sobre como se planeja o trata-
mento, expondo não somente as possibilidades de tratamento não farmacológico,
mas citando também as possibilidades de tratamento farmacológico para cessação
do tabagismo. Além disso, é importante compreender a rotina da pessoa, seus horá-
rios disponíveis de forma a promover melhor adesão ao tratamento.
A abordagem em grupo apresenta as maiores taxas de cessação, sobretudo,
quando adjuvantes a terapia medicamentosa. Tem a vantagem de tornar possível a
troca de experiência entre as pessoas, evidenciando as dificuldades de cada um no
processo de parar de fumar fazendo cada uma perceber que as dificuldades são co-
muns. Essa abordagem deve ser feita preferencialmente com um número de no má-
ximo 12 pessoas, por um período de 60 min, devendo ser um total de 6 sessões (4
primeiras semanais e 2 últimas quinzenais). Algumas pessoas, porém, não se adap-
tam ao modelo em grupo tanto por problemas pessoais ou timidez, outras acabam
por inibir o comportamento dos outros e podem acabar interferindo no tratamento
dos colegas, por isso indica-se a abordagem individual.
A terapia cognitiva comportamental (TCC) também deve ser utilizada por meio
estratégias para aquisição e treinamento de habilidades que serão decisivas para
mudança na vida do fumante. Com isso, o tratamento ao paciente deve ser sempre
baseado na empatia, nas orientações, avaliação e parabenização pelos progressos,
bem como dialogando sobre lapsos e recaídas que venham a acontecer.
6. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
O tratamento farmacológico está indicado para:
Etilismo e Tabagismo 31
Primeiro inicia-se o tratamento pela monoterapia, sendo indicada a combinação
de medicamentos naqueles casos em que há elevada dependência, pessoas que já
fizeram tratamento com monoterapia, mas apresentaram resultados insatisfatórios,
ou aqueles que já utilizaram diversos medicamentos antitabagismo e tiveram suces-
so parcial. Vale ressaltar que, a escolha de qual medicamento iniciará o tratamento
irá depender das condições financeiras da pessoa, disponibilidade do medicamento
e presença ou não de contraindicações.
Etilismo e Tabagismo 32
Os adesivos transdérmicos estão disponíveis em apresentações de 7, 14 e 21mg,
devendo o início do uso deve coincidir com o dia que o paciente parar de fumar.
Atuam liberando continuamente a nicotina e, por isto, devem ser colocados logo ao
acordar em uma região sem pelos, devendo ser trocados a cada 24h devendo ser al-
ternado o local de aplicação. O tratamento deve ser iniciado com o adesivo de maior
concentração (21 mg), podendo a dose máxima ser 42 mg/dia (2 adesivos de 21
mg), passando em seguida para os de 14 e 7 mg. O tempo de tratamento depende do
progresso e grau de dependência da pessoa. Efeitos adversos incluem irritação local
da pele, prurido, bolhas, hipersalivação, insônia, náuseas e vômitos. Os adesivos de-
vem ser utilizados por 8-10 semanas.
Etilismo e Tabagismo 33
Saiba mais! Um estudo randomizado com 1.027 pessoas (35%
completaram o estudo), comparou a eficácia da Vareniclina com a Bupropiona
e um placebo. Além dos medicamentos, todos os participantes receberam
abordagem breve acerca da cessação do tabagismo. Das semanas de 9 a
12, a taxa de abstinência contínua com Vareniclina foi de 43,9%, enquanto da
Bupropiona foi de 29,8% e do placebo 17,6%. Fonte: Jorenby DE, Hays JT, Rigotti
NA, Azoulay S, Watsky EJ, Williams KE, et al. Efficacy of varenicline, an alpha-
4beta2 nicotinic acetylcholine receptor partial agonist, vs placebo or sustained-
-release bupropion for smoking cessation: a randomized controlled trial. JAMA.
2006;296(1):56-63.
Etilismo e Tabagismo 34
7. PROGNÓSTICO
O tabagismo é uma doença crônica e com tratamentos eficazes disponíveis, no
entanto, a recaída é frequente e o profissional não deve usar de julgamentos diante
desta situação, mas sim salientar que esta recaída seja um ponto de “reinício” para
uma nova tentativa de cessação. Costuma acontecer nas primeiras semanas de ces-
sação e alguns pacientes voltam a fumar igual ou mais do que antes de parar, sendo
necessárias várias tentativas até conseguir a abstinência completa e contínua. É
importante diferenciar a recaída de um lapso, neste caso, em um episódio isolado a
pessoa volta a fumar não traduzindo de fato uma recaída, apesar de que uma sequ-
ência de lapsos pode de fato levar a uma recaída.
Muitas pessoas param de fumar sem um acompanhamento adequado o que pode
acarretar em quadros ainda mais graves de ansiedade e síndrome de abstinência.
Por isso, é importante sempre dialogar com os pacientes na consulta, abordar a
questão do tabagismo e oferecer apoio e suporte para o momento em que o pacien-
te escolha parar com o hábito.
Algumas consequências da cessação do tabagismo, como o ganho de peso, são
temidas pelos pacientes, e de fato o ganho de peso pode ocorrer entre 2-4kg por cau-
sa multifatorial como redução do metabolismo, aumento da ansiedade, necessidade
de manipular algo na mão etc. Para isto, é importante reforçar um estilo de vida sau-
dável, prática de atividade física e bons hábitos alimentares.
Etilismo e Tabagismo 35
MAPA RESUMO TABAGISMO
História do tabagismo,
comorbidades, GRAU
DE MOTIVAÇÃO
GRAU DE DEPENDÊNCIA:
Teste de Fagerstrom
5AS e 5Rs
Abordagem em Grupo
Abordagem em Abordagem Individual
todas as consultas! TCC
Morbimortalidade
importante entre Auxiliar o paciente
fumantes passivos na escolha do “dia D”
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REFERÊNCIAS
Diehl A, Cordeiro DC, Laranjeira R (orgs.). Dependência química: prevenção, tratamen-
to e políticas públicas [recurso eletrônico]. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
Gusso G, Lopes JMC, Dias LC. Tratado de medicina de família e comunidade: princí-
pios, formação e prática [recurso eletrônico]. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. 2 v.
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