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TECNOLOGIA REPRODUTIVA: OS AVANÇOS DAS TÉCNICAS DA

REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA

Natan de Menezes Carvalho1


Karoline Dalmaso2
Maria Eduarda Rodrigues de Moraes3

Resumo: Antigamente, a ideia de produzir vida humana num ambiente laboratorial, era quase
impensável, porém, a ciência tem estudados métodos que os permita auxiliar diretamente na
gravidez, recorrendo a técnicas que induz à fecundação de gametas masculino e feminino em
num laboratório. A reprodução humana surgiu há muito tempo, com a tentativa de introdução
de esperma dentro do útero de uma mulher, foi em meados do século XVIII, que o primeiro
bebê surgiu através desse método. Desde então, os avanços tecnológicos no desenvolvimento
de novas técnicas na reprodução humana, tem avançado constantemente, com o
desenvolvimento da fertilização in vitro (FIV), injeção intracitoplasmática de
espermatozoides (ICIS), Criopreservação, Vitrificação e o diagnóstico genético através do
método Screening Genético Pré-Implantacional (PGD) e a Biópsia embrionária. Portanto, esse
estudo irá buscar mostrar os avanços da tecnologia reprodutiva e formar uma cronologia entre
essas técnicas.
Descritores: Criopreservação. Diagnóstico Pré-Implantação. Fertilização in vitro,
Vitrificação. Injeção intracitoplasmática de espermatozoides.
Abstract: In the past, the idea of producing human life in a laboratory environment was
almost unthinkable, however, science has studied methods that allow them to directly assist in
pregnancy, using techniques that induce the fecundation of male and female gametes in a
laboratory. Human reproduction emerged a long time ago, with the attempt to introduce sperm
into a woman's uterus, it was in the mid-18th century that the first baby emerged through this
method. Since then, technological advances in the development of new techniques in human
reproduction have constantly advanced, with the development of in vitro fertilization (IVF),
intracytoplasmic sperm injection (ICIS), cryopreservation, vitrification and genetic diagnosis
through the Genetic Screening method. Preimplantation (PGD) and embryonic biopsy.
Therefore, this study will seek to show the advances in reproductive technology and form a
chronology between these techniques.
Descriptors: Cryopreservation. Preimplantation Diagnosis. In vitro fertilization. Vitrification.
intracytoplasmic sperm injection

1
Acadêmico do curso de Biomedicina da Universidade São Judas Tadeu da rede Ânima Educação. E-mail:
natan.biomedicina@gmail.com.
2
Acadêmica do curso de Biomedicina da Universidade São Judas Tadeu da rede Ânima Educação. E-mail:
karolinedalmaso1312@gmail.com.
3
Acadêmica do curso de Biomedicina da Universidade São Judas Tadeu da rede Ânima Educação. E-mail:
dudarodrigues19999@gmail.com.
Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Biomedicina da
Universidade São Judas Tadeu da rede Ânima Educação. 2022. Orientador: Prof. Dr. José Roberto Fogaça de
Almeida.
1 INTRODUÇÃO
A infertilidade é a incapacidade de engravidar após varias tentativas de relações
sexuais em um período de 12 meses, o motivo pelas quais uma pessoa pode se tornar infértil
são várias, podendo ser tanto por fatores genéticos ou fisiológicos como a obstrução das tubas
uterinas ou a incapacitação dos espermatozoides em fecundar ou chegar até o óvulo. Por esses
motivos muitas pessoas recorrem aos métodos artificiais para engravidar, recorrendo a
clínicas de reprodução humana onde serão utilizados métodos e técnicas para que o casal gere
filhos (FÉLIS; ALMEIDA, 2016). Segundo a organização mundial da saúde (OMS) estima-se
que cerca de 48 milhões de casais e 186 milhões de pessoas apresentam infertilidade em todo
o mundo (OMS, 2020).
A reprodução humana tem como principal objetivo realizar os sonhos de vários casais
com uma infertilidade presente na vida ou no parceiro/a, ou em ambos, possibilitando uma
quantidade maior de tentativas de gravidez utilizando métodos para indução da ovulação e a
obtenção de gametas feminino e masculino, para realizar a fecundação em um ambiente
laboratorial (ÂNGELA et al., 2017).
No Brasil muitas pessoas apresentam dificuldades em gerar descendentes, por
problemas comuns como a idade e desequilíbrios hormonais que afetam o ciclo menstrual ou
fatores associados à infertilidade como; obstrução das tubas uterinas, espermatozoides fracos,
anomalias no útero ou ovários entre outros. Até hoje o termo “pessoa infértil” tem trazido
opiniões divergentes entre as pessoas, sendo considerado algo compreensível para alguns e
condenatórios para outros, onde o indivíduo que apresenta dificuldades para engravidar pode
desenvolver traumas e danos psicológicos devido a sua condição, por isso que a ciência tem
trazido tecnologias que vem avançando a cada dia para realização de sonhos de muitos casais
em conseguir gerar filhos e filhas (SOUZA, 2008).
Portanto, o objetivo deste estudo é falar especificamente das técnicas utilizadas na
reprodução humana assistida, e os seu desenvolvimento ao passar do tempo, além de trazer
um maior conhecimento e entendimento sobre o assunto.

2 METODOLOGIA
Para alcançar o propósito deste estudo, foi realizado um levantamento bibliográfico
através de artigos científicos em periódicos relacionados às técnicas de reprodução humana,
utilizando as fontes de busca; Scientific Electronic Library Online (Scielo), Pubmed e a
National Library of Medicine (MEDLINE). Além dessas fontes foram utilizados também sites
universitários de instituições federais, para ter um comparativo das informações encontradas;
também foram utilizados sites governamentais como a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) e conselhos federais como o CFM. Como o trabalho proposto foi
realizado através de uma revisão de literatura integrativa, foram selecionados 23 artigos em
português e inglês com datas de publicação entre 2011 e 2022 o qual foi definido conforme a
disponibilidade dos dados encontrados. Os descritores de pesquisas aplicados nos periódicos
foram: Reprodução Humana Assistida, Inseminação, Embriões, Fertilização, Infertilidade,
Criopreservação, Vitrificação e Congelamento e Descongelamento, Injeção
Intracitoplasmática, Inseminação Intra-Uterina, Screening e Diagnóstico Pré-Implantacional.

3 TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA

A reprodução Humana Assistida pode ser realizada por diferentes técnicas, como a
inseminação artificial intrauterina e a fertilização extracorpórea, a qual engloba a fertilização
in vitro (FIV) clássica e a fertilização in vitro realizada por meio da injeção
intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). O primeiro bebê nascido através da fertilização
in vitro (FIV) no mundo nasceu em julho de 1978 no Reino Unido. Desde então, mais de 7
milhões de bebês nasceram em todo o mundo como resultado da fertilização in vitro
(SCIORIO; TRAMONTANO; CATT, 2019). No entanto, após o nascimento do primeiro
bebê através da redução humana assistida, demorou cerca de 6 anos para que os primeiros
bebês nascessem na América latina através da fertilização in vitro, por motivos de obtenção
dos equipamentos necessários e a complexidade das técnicas, além por fatores religiosos, e a
ideia de gerar um embrião no ambiente laboratorial era impactante (ZEGERS-HOCHSCHILD
et al 2021). Com o passar do tempo, a ciência tem evoluído e desenvolvido outras técnicas de
reprodução, como a ICSI desenvolvida em 1992 e o método de criopreservação em 1986
(PALERMO 1992; CAMBIAGHI; CASTELLOTTE, 2007).

3.1 INSEMINAÇÃO INTRA-UTERINA

A inseminação intrauterina (IIU) é um método de reprodução humana assistida


constantemente utilizada em pacientes com infertilidade (STAROSTA, 2020). Foi no final do
século XVIII que Hunter, um médico inglês, conseguiu realizar o nascimento de um bebê
através da inseminação intrauterina, desde então a técnica foi bastante utilizada até o
surgimento da FIV em 1980. Após o surgimento da FIV, a IIU tem sido deixado de lado e
abandonada, devido ás baixas de sucesso da mesma, porém, a técnica ainda é utilizada até
hoje em alguns casos (MOURA; SOUZA; SCHEFFER, 2009). Com ou sem estimulação
ovariana é um tratamento comum para a infertilidade. Esta é uma técnica de primeira linha e
muito popular de todas as técnicas de reprodução humana assistida, é amplamente utilizada
para melhorar as taxas de gravidez com fator masculino leve, infertilidade sem explicação,
fator cervical, ovulação e endometriose mínima e leve (ESHRE, 2009). Esta técnica consiste
no depósito de sêmen (espermatozoides) com a utilização de um cateter flexível na cavidade
uterina superior do trato reprodutivo feminino, Como mostrado na (Figura 1)
(ALLAHBADIA, 2017).

FIGURA 1. Inseminação intrauterina. Nesta técnica é realizada através da coleta do sêmen é com um cateter
flexível na cavidade uterina superior do trato reprodutivo feminino

3.2 INJEÇÃO INTRACITOPLASMATICA DE ESPERMATOZOIDE

A injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICIS) é indicada para casais que o


homem tem pouco ou nenhum esperma, ou quando há problemas de motilidade dos gametas,
pacientes que fizeram vasectomia e a reversão não é possível e alguns homens que sofreram
trauma, na medula espinhal que causou problemas de ereção e ejaculação (CHAVES, 2015).A
primeira fase do tratamento é o tratamento medicamentoso do eixo hipotálamo-hipófise-
gonadal para obter oócitos que podem ser usados para fertilização. Duas horas após a coleta,
células foliculares ao redor. Os oócitos são removidos por incubação em meio contendo a
enzima hialuronidase. Essa ação enzimática possibilita a dissolução da matriz extracelular rica
em ácido hialurônico que se encontra entre as células foliculares e dissocia-se.
Posteriormente, como resultado da aspiração do oócito, as células foliculares são liberadas e o
oócito perde o apêndice do cumulus. Os oócitos são então coletados e colocados em uma
incubadora onde o sêmen é removido do ejaculado por lavagem contínua e centrifugação para
facilitar a seleção de espermatozoides morfológicos e moveis. Após selecioná-los usando um
microscópio e pequenas ferramentas auxiliares, O flagelo do esperma é esmagado com uma
micropipeta para imobilizá-lo. Em seguida, é cuidadosamente aspirado e introduzido na
célula-ovo. A fertilização e o desenvolvimento embrionário ocorrem em uma incubadora in
vitro, e a transferência para a cavidade uterina é semelhante à fertilização in vitro, assim como
o número de embriões transferidos (NOGUEIRA, 2016).

FIGURA 2. Injeção intracitoplasmática de espermatozoides. Nesta técnica é realizada a estimulação folicular,


posteriormente, os gametas femininos são coletados através de punção ovariana, e os espermatozoides são
coletados do homem, preparados e selecionados no laboratório, após a seleção, eles são introduzidos nos óvulos
mecanicamente, em seguida são colocados numa placa de petri para ser desenvolverem e posteriormente
introduzido na mulher com o auxilio de um cateter flexível.

3.3 FERTILIZAÇÃO IN VITRO

A fertilização in vitro (FIV) é um modo de reprodução medicamente assistida, o


procedimento acontece através da coleta dos gametas masculinos e femininos, assim como
gametas de doadores quando a mulher ou o homem não produz, para a fecundação seja
realizada em laboratório (ÁLVARES, 2015).
O primeiro passo para realizar o procedimento da fertilização in Vitro está no controle
da seleção dos óvulos saudáveis nos ovários, indução de óvulos com injeções e medicamentos
e injeções que estimulam os folículos para produção de óvulos aumentar; no segundo passo,
logro dos óvulos saudáveis, retirados da mulher por procedimentos hospitalares diretamente
dos ovários. No terceiro passo, está à aquisição do espermatozoide do homem, obtidos por
meio de masturbação, quando não apresentam gametas no sêmen, é preciso fazer punção para
retirar diretamente dos testículos; no quarto passo ocorre a fecundação em laboratório e no
desenvolvimento prematuro do embrião; o último passo está à transmissão dos embriões para
o útero através de um cateter fino direcionado por um ultrassom (FONESCA, 2015).

4 O SCREENING GENÉTICO PRÉ-IMPLANTACIONAL

Foi em 1990 o nascimento do primeiro bebê após o diagnóstico genético pré-


implantação, porém essa ideia surgiu muito antes em 1960 por Edwards e Gardner através da
análise de embriões de coelhos (TELES 2011; POMPEU; VERZELETTI, 2015).
O Screening Genético Pré-Implantacional (PGD) é um procedimento que consiste em
realizar a seleção dos gametas, para uma ótima qualidade para a implantação, o PGD é
composto por ferramentas essenciais para a caracterização de muitas doenças genéticas e
modificações cromossômicas (POMPEU; VERZELETTI, 2015).
O PGD foi construído através de técnicas da reprodução humana assistida,
identificando embriões com alterações cromossômicas, assim permitindo o nascimento de
bebes saudáveis nas famílias que tem um alto risco de transmitir as doenças hereditárias,
evitando abortos e no nascimento de uma criança não saudável. (FELDMAN et al.,2020)
A Técnica é indicada para mulheres com idade avançada, casais que tenham doenças
hereditárias, casais que tenham histórico de abortos por distúrbios genéticos do feto, casais
portadores de doenças genéticas, fator masculino severo, casais que tiveram alguma falha no
ciclo FIV ou ICSI (CORREIA, 2015; DAHDOUH et al., 2015; ELER 2019; POMPEU;
VERZELETTI 2015).
O PGD também é indicado para famílias que já tenham um filho(a) afetado por
alguma doença genética (ELER; RAMOS; OLIVEIRA, 2019). A Técnica PGD de melhor
resultado precoce do pré-natal, aumenta as chances de muitas famílias terem uma gestação
saudável, consistindo em um exame genético feito nas células embrionárias antes de o
embrião ir para o útero, somente algumas células do embrião que são retiradas, sendo assim
ele não sofre nenhum prejuízo e seu desenvolvimento continua normalmente (ARAÚJO;
CARDOSO, 2020).

4.1 BIÓPSIA DE EMBRIÃO

A Biópsia embrionária auxilia no desenvolvimento do Diagnóstico Genético Pré-


Implantacional, tem como o propósito, encontrar as alterações genéticas e cromossômicas,
assim os embriões não vão ter nenhuma alteração, aumentando a taxa de segurança para uma
gestação saudável e com sucesso (BIAZOTTI et al., 2015; CANTANHEDE, 2020).
Pode ser realizada a coleta para ser feita a biópsia em alguns estágios embrionários, no
primeiro dia, no terceiro dia ou no quinto dia (POMPEU; VERZELETTI, 2015).
A biópsia em fase de blastocisto, se dedica ao lucro da remoção de cinco a dez células
de trofoectoderme para ir para a análise, deixando inteiras as células da massa celular interna,
essas que vão dar origem ao feto (J ASSIST REPROD GENET, 2014).
A primeira técnica da Biópsia Embrionária detalhadamente faz a abertura da zona
pelúcida, na matriz glicoproteica onde tem posteriormente os embriões e os oócitos, nessa
sequência ocorre à aspiração do material para a análise genética, a abertura da zp pode ser
feita de algumas maneiras, com laser díodo infravermelho, feito quimicamente ou com o
auxílio de solução ácida de Tyrode (CIMADOMO et al., 2016; CANTANHEDE et al.,
2020).Já no segundo método da biópsia embrionária, é realizada através da biópsia do
blastômero no estágio de clivagem, ocorrendo desde o terceiro dia do desenvolvimento
embrionário, por meio da abertura da zp, com aproximadamente de cinco μm de largura.
Depois disso pode ver uma hemiação de células de trofoectoderma onde é colocado o laser.
Normalmente é mais utilizada essa técnica de blastômero (Figura 3) (CIMADOMO et al.,
2016).

Figura 3. Biópsia Embrionária (Blastômero)

Fonte: (Dr. VICENTE GHILARDI, http://www.doutorvicente.com.br/diagnosticogenericopreimplantacional)

5 CRIOPRESERVAÇÃO DE EMBRIÕES.

A criopreservação de embriões consiste na utilização de técnicas de congelamento


com o intuito de preservar e interromper o desenvolvimento do embrião, com o propósito de
ser utilizados meses ou anos posteriormente.
Ao realizar a criopreservação de embriões, devem-se seguir as normas éticas e
técnicas previstas na resolução do conselho federal de medicina (CFM). Todo centro de
reprodução humana pode criopreservar embriões, desde que siga as normas de vigilância
sanitária, profissionais e ética; a clínica deverá informar quantos embriões foram gerados para
o paciente, para que o mesmo decida por escrito o destino dos embriões remanescentes em
caso de divorcio ou falência, como mantê-los congelado, doação ou pesquisa (CFM, 2022).

5.1 TIPOS DE CRIOPRESERVAÇÃO

Existem duas técnicas de criopreservação, o congelamento lento e a vitrificação. As


duas técnicas se diferenciam através do seu tempo de congelamento, em que a primeira se
baseia na diminuição gradual da temperatura, enquanto a vitrificação consiste em um
congelamento ultrarrápido (OKTAY; KARLIKAYA, 2000).
O congelamento lento é a técnica mais utilizada dês do inicio da criopreservação, no
entanto, esse método tem deixado de ser utilizado, devido o alto custo do procedimento, a
demora do congelamento gradual, e a facilidade de formações de cristais em seu interior da
célula. A vitrificação é a técnica de criopreservação mais utilizada atualmente, pesquisas
recentes mostram que a vitrificação causa menos danos aos gametas, além de seus baixos
custos, e a velocidade rápida do congelamento levando cerca de 3 minutos no processo
(ORIGEN, 2020).

5.2 CONGELAMENTO LENTO

O congelamento lento é uma técnica de congelamento e descongelamento gradual,


visando facilitar a transferências dos embriões, no entanto, é uma técnica demorada que leva
cerca de 3 a 4 horas para ser realizada. (GOMES; SANTOS, 2020; VISITIN et al.,2002).
O procedimento consiste na utilização de uma máquina de congelamento
eletronicamente programada para monitorar a curva de resfriamento (VISITIN et al.,2002).
Os embriões são colocados numa solução crioprotetora, para evitar a formação de cristais e
gelos no interior dos embriões, esta solução se concentra em temperatura controlada de 20 a
26°C “temperatura ambiente” por 10 minutos (BOS-MIKICH et al., 2008). Isso faz que a
água intracelular e o soluto se diferenciem entre o meio intra e extracelular, resultando na
saída da água de dentro da célula (RAJAN; MATSUMURA, 2018). Dessa forma, evita a
formação de cristais de gelo intracelular e na preservação do material genético (SQUIRES,
2016). Após esse processo, os embriões são transferidos para uma máquina de congelamento,
que irá congelar o embrião gradativamente em nitrogênio líquido, este congelamento
acontece, a cada 1 minuto a temperatura cai 0,3ºC até chegar em -40 ºC e posteriormente a
temperatura diminui bruscamente até -196ºC (BOS-MIKICH et al., 2008).
5.3 VITRIFICAÇÃO

A vitrificação é uma técnica de congelamento rápido, e a mais utilizada nos dias


atuais, utilizando altas concentrações de Crioprotetores e posteriormente expondo o material
diretamente ao nitrogênio líquido (CARVALHO, 2011; VAJTA et al., 2015). As altas
concentrações de Crioprotetores juntamente com o resfriamento ultrarrápido são de modo que
evite a formações de cristais de gelo no interior da célula (COBO, 2017). O procedimento
consiste em colocar o embrião em uma solução crioprotetora para que haja a desidratação
osmoticamente, substituindo a água intracelular pelo crioprotetor, após este processo, o
embrião é transferido para uma palheta com identificação e exposto ao nitrogênio líquido
atingindo uma temperatura ultrarrápida de -196ºC (MARCELO RUFATO, 2021; COBO,
2017).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer desse estudo observou-se a complexidade das técnicas de reprodução


humana e os seus avanços ao passar do tempo, onde ideias geradas há vários anos,
percorreram e se desenvolveram até os dias atuais. É inegável que a ciência reprodutiva tem
buscado se aperfeiçoar desde a sua origem e que tem continuado aperfeiçoando cada vez
mais, para técnicas seguras com alta taxa de sucesso.
A inseminação intrauterina, utilizada por várias décadas atrás, foi se tornando obsoleta
com o surgimento da FIV em 1978. Após oito anos, surgiu à criopreservação no ano de 1986,
através da técnica de congelamento lento, um método complexo de alto custo, com o auxílio
de maquinário, porém, tem se tornado obsoleto atualmente, com o surgimento da vitrificação,
uma técnica de baixo custo e com maiores taxas de sucesso, 26 anos depois do
desenvolvimento da criopreservação, surgiu à ideia de diagnóstico genético na reprodução
humana assistida em 1960, porém, foi em 1990, que a técnica foi realizada em humanos, e em
1992 o desenvolvimento da injeção intracitoplasmática de espermatozoide, uma técnica
desenvolvida a partir da FIV convencional.
Com base no desenvolvimento desse estudo, foram encontradas limitações de
obtenção de dados sobre as técnicas de reprodução humana, aonde grandes partes das
pesquisas sobre este assunto são mais voltadas para animais do que em humanos, outra
limitação foi a poucas informações sobre os procedimentos das técnicas, onde muitas
publicações recentes utilizam materiais antigos. Devido a esse fator, ocorreram-se
dificuldades de encontrar informações atualizadas sobre as técnicas de reprodução humana.
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