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RESUMO
A reprodução humana assistida é uma forma de reprodução que tem por objetivo permitir que pessoas que
não reúnem condição de procriar pelas vias naturais possam vivenciar a experiência da paternidade.
Apesar de tratar-se de uma realidade científica desde o final da década de 1970, se trata de um tema que
não recebe a devida atenção do ordenamento jurídico nacional, o que permite o surgimento de inúmeros
questionamentos, e a tomada de resoluções de entidade de classes como parâmetro para a compreensão
da questão.
ABSTRACT
Assisted human reproduction is a form of reproduction that aims to allow people who do not hat the
condition to procreate by natural means to experience fatherhood. Despite being a scientific reality since
the end of 1970s, it is a subject that does not receive due attention from the national legal system, which
allows the emergence of numerous questions, and the taking of resolutions by na entity of classes as a
parameter for understanding the question.
INTRODUÇÃO
As técnicas de reprodução humana assistida (TRA) surgiram com o objetivo de sanar dificuldades
relacionadas a infertilidade conjugal envolvendo pelo menos um dos gametas, possibilitando, então, uma
gestação que não aconteceria espontaneamente (RAMIREZ, 2008).
Alguns dos procedimentos utilizados são a fertilização in vitro (FIV); inseminação artificial (IIU); injeção
intracitoplasmática de espermatozoides (ICIS) e a transferência de embriões congelados (TEC).
Em 25 de julho de 1978 nasceu Louise Brown, a primeira criança fruto da fertilização in vitro (STEPTOE,
EDWARDS, 1978). Desde então estes procedimentos são constantemente estudados e desenvolvidos,
gerando muitas divergências morais e éticas quanto ao status moral do embrião; abandono; descarte;
doação de gametas e embriões e seleção do sexo embrionário, por exemplo.
Diante deste cenário, alguns países regulamentaram a reprodução assistida por meio de legislações
específicas, como Dinamarca; Israel; Itália; África do sul e Espanha, ou guias de referência, como é o
caso do Brasil; China; Egito e Índia (LEITE; HENRIQUES, 2014). No Brasil uma única lei faz menção
sobre esse assunto, a de Biossegurança lei nº 11.105, de 24.03.2005, além de uma resolução da ANVISA,
resolução (RDC) nº 33, que define as condições técnicas de funcionamento dos bancos de óvulos, sêmen
e embriões. A única regulamentação específica à reprodução humana assistida é do Conselho Federal de
Medicina, resolução nº 2.013/2013, que substitui as anteriores e impõe limites para o procedimento, com
o objetivo de impedir abusos (PEREIRA; FÁTIMA, 2016).
A reprodução assistida (RA) foi retratada pela primeira vez nos relatos de Chevalier, por volta de 1300,
quando Le Bom teria feito tentativas de inseminação artificial em animais, mas apenas em 1790 o médico
inglês Jon Hunter alcançou sucesso em uma mulher. No século XX Pincus divulga os primeiros resultados
de uma fertilização in vitro utilizando óvulos de coelhos, e a primeira fertilização com óvulos humanos
ocorreu em 1944, realizada por Rock e Menki (JUNIOR et al., 2002).
No Brasil a reprodução humana ganhou maior repercussão em 26 de dezembro de 1947, com a fundação
da Sociedade Brasileira de Esterilidade (SBE) no Rio de Janeiro, local que foi considerado o palco do
evento científico de Reprodução Humana, reunindo no Hotel Copacabana Palace os 50 especialistas mais
importantes do mundo. Do ponto de vista atual, o número de procedimentos de fertilização in vitro no
país cresceu 32,72% em um ano, aumentando de 34.623 para 45.952 entre os anos de 2020 e 2021,
segundo dados do Relatório de Produção de Embriões (SisEmbrio), atualizado anualmente pela ANVISA.
Com a ascensão da RA, muitos avanços foram alcançados, como é o caso do controle da ovulação,
introdução dos hormônios liberadores de gonadotrofinas (GnRH) agonista, em 1986, e antagonista, em
1996, essenciais para o bloqueio do hormônio luteinizante (LH). Em 1990 foi possível utilizar as três
gonadotrofinas recombinantes: hormônio folículo estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e a
gonadotrofina coriônica humana – popularmente conhecido como hormônio da gravidez - (HCG). Nas
últimas décadas o principal avanço foi a criopreservação de óvulos com a técnica de vitrificação
(PEREIRA; FÁTIMA, 2016).
1. MATERIAIS E METODOS
Para realização do trabalho foram realizados levantamentos bibliográficos com buscas retrospectivas,
descritivas e exploratórias a partir de descritores como Reprodução humana assistida; bioética na
reprodução assistida; técnicas de reprodução humana assistida; FIV; ICIS e TEC nas plataformas SCIELO
e Google Acadêmico.
2. OBJETIVO
O objetivo deste artigo é prover informações sobre a bioética envolvida na reprodução humana e a resposta
dos países referente ao procedimento em questão, focando principalmente no Brasil; dados históricos; as
principais técnicas utilizadas nesse processo e as indicações de cada uma delas.
Esta técnica é, também, uma fertilização in vitro, não espontânea, já que ocorre injeção do espermatozoide
diretamente no óvulo, para garantir que ocorra fertilização. Este é indicado em casos de problema de
motilidade dos gametas; vasectomia sem possibilidade de reversão; homens que sofreram traumas na
medula acometidos por problemas de ereção e ejaculação; ou quando o homem tem quantidade reduzida
ou nula de espermatozoides (PEREIRA; FÁTIMA, 2016).
pesquisa com células tronco, conforme previsto na lei nº 11.105/2005 de biossegurança e o descarte dos
embriões congelados há cinco anos ou mais, caso seja a preferência dos pais.
Atualmente, na última resolução vigente, nº 2.168/2017, o Conselho Federal de Medicina permite que
embriões criopreservados e abandonados por três anos ou mais sejam descartados, já que ocorreu
descumprimento do contrato pré-estabelecido por parte dos pais e estes não foram localizados pela clínica.
No Brasil existem proibições e permissões quanto a reprodução humana assistida: o acesso público as
TRA é limitado e não ocorre cobertura no plano de saúde; a seleção de sexo por motivos não médicos é
proibida; pessoas solteiras e casais homoafetivos têm direito as TRA; existe um padrão de número de
embriões a serem transferidos (2 para mulheres de até 35 anos; 3 para as de 36 a 39 anos e 4 para mulheres
com mais de 40 anos); são permitidos procedimentos como criopreservação do sêmen, embrião ou oócito;
reprodução póstuma; útero de substituição; doação de sêmen, oócito ou embrião e o diagnóstico genético
pré implantacional (LEITE; HENRIQUES, 2014).
Referente aos problemas sobre a falta de regulamentação da prática das TRA no Brasil, é importante citar
o número de pré embriões transferidos, resultando no aumento das gestações múltiplas (gestações que
geram mais de um feto), consideradas um problema de saúde pública já que as mães e crianças estão
expostas a muitos riscos durante esse tipo gravidez (DINIZ, 2001).
Em relação a este assunto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) possui uma norma específica, na qual
recomenda-se que seja evitada a transferência de mais de dois embriões, mas não há vedação e nem
obrigatoriedade. Apesar da evolução referente a normalização com destaque nas clínicas de reprodução
assistida e embriões congelados, os efeitos clínicos e sociais da aplicação das TRA seguem sem
desenvolvimento na regulamentação legislativa (CORRÊA; LOYOLA, 2015).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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