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SINCRONIZAÇÃO E INSEMINAÇÃO
ARTIFICIAL
EM TEMPO FIXO (IATF)
EM BOVINOS
IATF: Inseminação Artificial em Tempo Touros com DEP de 15 Kg tendem a ter filhos com
Fixo este aumento médio de peso nesta idade quando
A IATF é hoje uma realidade. Esta técnica reúne comparados a touros não melhoradores. Se
tantas vantagens que tem o potencial de mudar o multiplicarmos este ganho pelo número de filhos
perfil do rebanho nacional. Este manual técnico tem teremos uma estimativa dos ganhos conseguidos
por objetivo informar ao profissional do campo, de com esta técnica. Além do ganho de peso, várias
maneira clara e objetiva as vantagens e limitações outras características de importância econômicas
da inseminação artificial e mostrar as diferentes têm sido testadas; como precocidade,
técnicas de sincronização e IATF, fornecendo base rendimento de carcaça, etc. O uso de touros
para a escolha da melhor técnica em função das provados significou um grande avanço mundial no
características do rebanho. melhoramento genético, diminuindo muito os riscos
inerentes ao uso de touros selecionados pelo seu
A Inseminação Artificial: Uma tecnologia que aspecto morfológico, e possibilitando a previsão do
mudou o mundo ganho e a estimativa de custo benefício na compra
do sêmen.
A inseminação artificial (I.A) é a técnica mais Outra prática que aproveita as vantagens da I.A. e
empregada no mundo para o avanço genético dos os ganhos do cruzamento entre raças é o
rebanhos. A técnica de I.A. começou a ser utilizada cruzamento industrial, que no Brasil, geralmente
mais comercialmente na década de 50 nos EUA, consiste na utilização sêmen de touros europeus
época em que se concebeu a associação da I.A. provados em vacas zebuínas de rebanho comercial.
com métodos científicos de seleção genética Muitos autores mostram que os ganhos de peso
desenvolvidos pelos pesquisadores da universidade decorrentes à heterose e complementaridade entre
de Cornell. Esta associação mudou a genética do raças superam 15%, além de aumento da fertilidade
gado de leite americano revolucionando a produção das fêmeas nascidas do cruzamento. Um exemplo
de leite e carne naquele país e em vários outros. deste ganho pode ser visto na tabela 1.
Hoje, mais de 40% do gado americano é
inseminado artificialmente. Vários outros países Foram comparados 473 machos inteiros meio
possuem taxas ainda maiores. sangue Nelore-Europeu com 205 animais puros
Nelore. Todos os animais eram filhos de vacas
No Brasil a I.A. começou a ser utilizada Nelores do mesmo rebanho, os pesos foram
comercialmente no início da década de 70, com a ajustados à idade (diferença máxima foi de 90 dias)
abertura das primeiras centrais de inseminação. e receberam o mesmo manejo e alimentação (pasto
Segundo dados da Asbia (Associação Brasileira até 20 meses e confinamento posterior a esta
para Inseminação Artificial) cerca de 4% do rebanho idade). Machos cruzados ganharam 40 Kg a mais
nacional é inseminado. que os zebuínos aos 20 meses e 73Kg a mais aos
Algumas Vantagens da IA. 24 meses.
Existem várias vantagens no uso da I.A, como Tab 1- Pesos aos 20 e 24 meses de touros cruzados
padronização do rebanho, controle de doenças Nelore x europeu e Nelore puro nas mesmas
sexualmente transmissíveis, ordenação do trabalho condições de alimentação e tratamento. São Paulo,
na fazenda, diminuição do custo de reposição de 1997
touros etc. Entretanto as principais vantagens estão
diretamente ligadas ao processo de melhoramento Grupo genético Peso Vivo (Kg)
genético, na obtenção de animais com maior 20 meses 24 meses
potencial de produção e reprodução. A cada dia se Cruzados Nelore-europeu 376 441
faz mais necessário trabalhar com animais Nelore 336 368
melhorados, em função da competividade e Diferença 40* 73*
diminuição de margens de lucro do mercado de *p<0,001 Fonte: Valentim, R. 1997
carne e leite. Empresas que investem em produção
de alimento e manejos mais tecnificados Pode-se concluir, com base em décadas de
necessitam trabalhar com animais com alto trabalhos com I.A. que esta é a mais efetiva
potencial genético, sob pena de não se recuperar o ferramenta do melhoramento genético de grandes
investimento na melhoria do ambiente. rebanhos, responsável por grande evolução na
produção de fazendas de todo mundo, inclusive no
Vários trabalhos têm mostrado o impacto da Brasil.
inseminação artificial no melhoramento do rebanho. Entretanto, neste ponto surge uma pergunta que
Hoje existem sumários de touros de diversas raças, por vezes nos assombra: Se a Inseminação Artificial
incluindo a Nelore que permitem estimar o DEP oferece tantas vantagens por que é tão pouco
(diferencial esperado de progênie do touro) de usada no Brasil?
várias características de importância econômica:
Por ex: para a característica peso aos 18 meses,
2
OS PROBLEMAS
Muitos proprietários de fazendas investem em Tab 4 – Porcentagem de vacas que começaram (C),
programas de inseminação artificial objetivando a Terminaram (T) ou que começaram e
melhora genética do rebanho e o subseqüente terminaram o estro durante o dia ou a noite.
aumento de produtividade. Entretanto, é bastante Pinheiro et. al. 1998.
comum como conseqüência das limitações destes
programas, um aumento do intervalo entre partos e C T CT
uma diminuição do número de bezerros nascidos.
Isso acarretou a interrupção de programas de Noite 53,8% 46,1% 30,7%
inseminação em muitas propriedades, com retorno Dia 46,1% 53,8% 23,0%
do uso exclusivo da monta natural. Dois são os
principais motivos das falhas nos programas de
inseminação artificial: As falhas de detecção de cios Os dados acima mostram os principais motivos das
e o Anestro prolongado dos animais. falhas de detecção de estros. As avaliações por
radiotelemetria (heatwatch) mostram alta
Falhas na Detecção de Cios concentração de estros e comportamento de monta
à noite e no caso de zebuínos e cruzados, durante
A baixa eficiência dos programas de I.A. é relatada um período curto. Outros fatos também interferem
em todo mundo e decorre principalmente da no diagnóstico de cio, como chuva, stress dos
dificuldade de detecção de cios. Esta falha é ainda animais, ordenha, piso, entre outros. A presença de
mais acentuadas nas raças zebuínas, cujas fêmeas mais de uma vaca em cio facilita a detecção, pois
apresentam estros de curta duração e forma um grupo sexualmente ativo. Os métodos de
freqüentemente noturnos, como pode ser visto nas detecção também interferem na eficiência do
tabelas abaixo. programa de inseminação, como pode ser visto na
tab 5.
Parto Concepção
Involução Período de concepção Parto
Uterina 30 dias 55 dias
Gestação Gestação 280 dias
Período de serviço
85 dias
D-30 D-85
Intervalo entre partos: 12 meses
Dentre os vários fatores que aumentam o período Tab. 6 – Efeitos de diferentes níveis de Escore de
de anestro pós-parto, os principais são o estado Condição Corporal (ECC) no pré e pós parto sobre o
nutricional das fêmeas e a presença do bezerro retorno a ciclicidade (B=baixo escore de condição
(amamentação). corporal; A=alto escore de condição corporal)
Combinação do ECC no
Característica avaliada
pré e pós-parto
Estado Nutricional B-B B-A A-B A-A
Intervalo parto-folic>8mm (dias) 88 20 16 13
Os escores de condição corporal têm sido de
Intervalo parto folic>10mm (dias) 91 46 46 30
grande utilidade na avaliação do estado nutricional
dos bovinos. Estas medidas refletem o grau de Intervalo parto-ovulação (dias) - 96 74 74
armazenamento de energia do animal e estão ECC na ovulação (1-9) - 5 4,9 6,5
relacionadas ao tempo de retorno da ciclicidade Adaptado de Perry et al, 1991
após o parto e aos resultados de prenhez de
programas de inseminação artificial e sincronização
de cios com inseminação em tempo fixo. A Tab. 6
mostra os efeitos de escores baixos e altos e suas
combinações no retorno à ciclicidade dos animais O
100
Graf.1 mostra as porcentagens de vacas cíclicas no
% acumulada de vacas
4
Tab. 7 – Chaves para classificação dos escores de condição corporal
Escore de
Grupo Condição Descrição
Corporal
Emaciada – A vaca se apresenta extremamente magra, sem nenhuma gordura
palpável detectável sobre os processos espinhosos e transversos, ossos da
1
pelve ou costelas. A inserção da cauda e as costelas mostram-se muito
projetadas.
Pobre – A vaca continua bastante magra, mas a inserção da cauda e as
Condição costelas estão menos proeminentes. Os processos espinhosos podem ser
2
Magra individualizados e continuam bastante pontiagudos ao toque, mas verifica-se
um pouco de tecido de cobertura.
Magra – As costelas continuam identificáveis individualmente, mas menos
cortante ao toque. Há gordura palpável evidente ao longo da espinha e sobre a
3
inserção da cauda, com um pouco de tecido de cobertura sobre a porção
dorsal das costelas.
Intermediária – As costelas não podem mais ser identificadas visualmente. Por
Condição palpação detecta-se o processo espinhoso, que apresenta-se mais
4
Intermediária arredondado que cortante. Há uma certa cobertura de gordura sobre as
costelas, processos transversos e ossos ilíacos.
Moderada – A vaca apresenta uma boa aparência geral. Pela palpação,
5 percebe-se uma cobertura de gordura esponjosa sobre as costelas, além de
cobertura nas áreas que circundam a inserção da cauda.
Moderada-Alta – È necessário que se aplique uma pressão firme para se sentir
6 os processos espinhosos. Uma grande quantidade de gordura é palpável sobre
Condição
as costelas e ao redor da inserção da cauda
Ótimo-moderada
Boa – A vaca se apresenta com boa cobertura muscular e com uma quantidade
de gordura considerável. As costelas estão cobertas por uma vasta camada
7 esponjosa, bem como a inserção da cauda. Presença de bolsas de acúmulo de
gordura localizada. Detecta-se a presença de um pouco de gordura em torno
da vulva e nas virilhas.
Gorda – Vaca super-condicionada, apresenta alta deposição de carne. È
impossível palpar os processos espinhosos. Verificam-se vastos depósitos de
8
gordura sobre as costelas, ao redor da inserção da cauda e em torno da vulva.
Condição Várias “bolsas” de gordura se evidenciam.
Gorda Extremamente Gorda – A vaca se assemelha a um bloco. A inserção da cauda
e o íleo se encontram imersos em tecido gorduroso. As estruturas ósseas não
9
podem ser visualizadas e é quase impossível palpa-las. A mobilidade do animal
pode estar prejudicada.
RICHARDS et al. (1986). J. Anim. Sci, 62: 300 - 306
Presença do Bezerro 5
A duração do anestro pós-parto também é Não desmamada
influenciada pela presença do bezerro e estímulo da 4 Desmamada
mamada. Após o parto ocorre desenvolvimento dos
número de picos de LH
6
Como Controlar as Várias Fases do Ciclo Estral? • Induzir a ovulação na fase folicular com GnRH
ou estrógeno.
Os programas de IATF se tornaram possíveis • Induzir o crescimento folicular em animais em
graças aos esforços de muitos pesquisadores que anestro utilizando gonadotrofinas (eCG).
descobriram métodos farmacológicos de controle de
cada fase do ciclo estral em diferentes estágios do Os programas de IATF seguem a lógica de iniciar
ciclo reprodutivo dos animais. Trabalhos mostraram uma onda folicular sincronizada em todos os
que é possível: animais, controlar a duração da fase luteal e o
• Sincronizar a emergência de uma nova onda crescimento folicular com um dispositivo de
folicular através da indução da ovulação (GnRH) liberação de progesterona até o estágio pré-
ou da atresia folicular (progesterona+estradiol). ovulatorio e depois sincronizar a ovulação retirando
• Controlar a duração da fase luteal usando a progesterona exógena (dispositivo) e endógena
luteolíticos análogos à prostaglandina F2α ou (prostaglandina F2α) e aplicando um indutor de
simulando uma fase luteal fornecendo ovulação, para definir o momento desta.
progesterona por meio de dispositivos de As principais formas de controle do ciclo estral e os
liberação lenta. produtos utilizados são resumidos na Fig. 5
7
OS PROTOCOLOS
D10 IA Aplicar 1 ml de Gestran Plus e Inseminar todo lote entre 6:00 e 10:00 h
8
Protocolo 5: Programa OVSYNC-Tecnopec
D0 06h00m Aplicar 1 ml de Gestran Plus
50
40
19,1
Uso de GnRH (Gestran Plus
) no
30
(18/94)
20
0
programa IATF
10 (0/94)
0 A indução de ovulação com GnRH é muito mais
Dia 1 da EM Dia 45 da EM rápida do que a indução com estrógenos, permitindo
Dias de Estação de Monta sua administração no momento da IA e
economizando uma passagem dos animais pelo
Tronco. Experimentos mostram que não existe
Graf.3 Percentagem de vacas prenhez, inseminadas após
observação de cio (IA convencional) ou após
diferença entre o uso do GnRH ou Benzoato de
programa IATF, em 45 dias de estação de monta. estradiol. (Tab. 9)
(Adaptado de Baruselli et al, 2001)
10
Algumas sugestões para se evitar
baixos resultados após os
tratamentos
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Tab. 14 - Sugestão de planilha para controle das aplicações e dos resultados e como preenchê-la.
a a a a
Animal ECC IPP 1 2 3 4 IA OBS
(1-9) aplicação aplicação aplicação aplicação
12/12/2001 Lote paridas
2ml Retirar DIB 1 ml ____
início: retiro 2
1,5 ml RIC-BE
RIC-BE Novormon 14:40
inseminadores
colocar 10/12/2001 Final:
Zé
DIB 11/12/2001
início: 7:30 17:20
02/12/2001 João
início: 7:40
Final:8:10
início: 7:30 Final:8:20
Final:8:20
1125 5 70 X X X X Ia zé
2585 5 85 X X X X Ia joão
0589 4 85 X X X X Ia joão
0089 4 65 X X X X IA na cervix zé
1258 5 90 X X X X Ia joão
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Lista de Hormônios
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Tecnopec