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Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


ATJ PLUS: NOVA VERSÃO DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO
DE TOUROS JOVENS

Dr. Leonardo Martín Nieto


Pesquisador da Embrapa Gado de Corte

Campo Grande - MS
Atualmente é comum nas Centrais de IA a existência e comercialização de
sêmen de touros com mais de 20 anos, e touros com mais de 15 anos ainda
produzindo sêmen, sendo que todos eles já têm milhares de filhos na população, a
exemplo do que acontece na raça Nelore.
Isto constitui a principal causa determinante do aumento do parentesco médio
na população de uma raça, com o consequente incremento da endogamia, com taxa
crescente a cada geração, e redução inevitável do progresso genético.
Segundo Borjas (2005) caberia se questionar, se ao invés de comemorar cada
aniversário desses “monstros sagrados da raça”, ou seus milhares de doses de
sêmen estocados ou em processo de produção, dever-se-ia sentir um profundo
constrangimento por não ter conseguido substituir qualquer um deles por outro mais
jovem e superior geneticamente.
Por que utilizar touros jovens?
RESPOSTA À SELEÇÃO – GANHO GENÉTICO

(Progresso genético / P.G. / G.)

O progresso genético é definido como sendo a diferença entre a média da


população onde se fez a seleção e a média dos descendentes dos indivíduos
selecionados.
O ganho genético esperado (ou predito) é a proporção sob influência genética
da diferença entre a média do grupo selecionado e a média da população onde se faz
a seleção.

A esta diferença damos o nome de DIFERENCIAL DE SELEÇÃO (D.S.)

DS = XS -XP
Média do rebanho (Xp); a média dos animais selecionados (Xs); e o diferencial de
seleção (DS).
Esta proporção sob, influência genética é indicada, pela herdabilidade da
característica (h2).

Desta forma:

PG = DS  h2
O DIFERENCIAL DE SELEÇÃO DEPENDE DE DOIS FATORES:

1 – A variância fenotípica (s2P) do caráter na população;

2 – A porcentagem da população que irá compor o grupo selecionado.


A porcentagem da população que irá compor o grupo selecionado pode ser
descrita em unidades de desvios-padrão da característica. Este valor é chamado
“intensidade da seleção” (i).
% 1 2 3 4 5 10 20 30 40 50 60 70 80 90

i 2,46 2,43 2,27 2,15 2,06 1,76 1,4 1,16 0,96 0,8 0,64 0,5 0,34 0,2
Uma vez que o diferencial de seleção pode ser descrito em termos do desvio
padrão fenotípico e da intensidade de seleção, teremos:

DS = i x sp

PG = i x sp x h2
Embora o ganho genético por geração seja importante, o ganho por
unidade de tempo é mais importante por informar a velocidade com que a
mudança genética é alcançada.
O ganho por unidade de tempo é calculado como ganho por geração dividido
pelo tempo de uma geração. Este tempo é conhecido como Intervalo de
Gerações (IG)
O IG é definido como a idade média dos pais quando nascem seus filhos,
estimando o tempo necessário para que os genes sejam transferidos de uma geração
para outra.
Espécie Intervalo de gerações (anos)
Machos Fêmeas
Bovinos de corte 3,0 – 4,0 4,5 – 6,0
Bovinos de leite 3,0 – 4,0 4,5 – 6,0
Ovinos 2,0 – 3,0 4,0 – 4,5
Suínos 1,5 – 2,0 1,5 – 2,0
Eqüínos 8,0 – 12,0 8,0 – 12,0
Aves 1,0 – 1,5 1,0 – 1,5
RESPOSNTA À SELEÇÃO (GANHO GENÉTICO)

i  h  σP 2
ΔG 
IG
RESPOSNTA À SELEÇÃO (GANHO GENÉTICO)

i  h  σP 2
ΔG 
IG
A utilização de touros jovens geneticamente superiores é indicada para reduzir o
intervalo de geração e, consequentemente, aumentar o ganho genético anual.
Intensidade de seleção nos machos (im); intervalo de gerações para os machos
(IGm) e total (IG) e reposta anual à seleção (R/ano) em função do número de anos de
permanência dos machos no rebanho (N Anos) (Fonte: Pereira 1999).
N anos im IGm IG R/ano (kg)

1 1,76 3,0 4,0 2,86

2 2,06 3,5 4,25 3,03

3 2,23 4,0 4,50 3,03

4 2,35 4,5 4,75 2,98


INTERVALO DE GERAÇÃO NOS QUATRO CAMINHOS GAMÉTICOS PARA OS QUATRO
PERIODOS EM UM REBANHO DA RAÇA CARACU (Fonte: Pereira et al., 2005)
Progresso genético relacionado à diferentes fases de desenvolvimento do programa
de melhoramento de ovinos “LAMBPLAN” (da Austrália). (Fonte: Banks, 2006)
Todo programa de melhoramento genético que investe em modernas tecnologias
de avaliação, tem que ter entre os seus objetivos provar os reprodutores através
da sua progênie e identificar animais jovens melhoradores.
Segundo Brito et al. (2007) entre as vantagens da implementação de um
programa de teste de touros jovens, temos:

• Melhor aproveitamento das DEPs por meio de uma maior disseminação da


genética superior do programa de melhoramento;

• Aumento do grau de conexidade genética e maior velocidade no


fortalecimento dos laços genéticos entre os rebanhos participantes para uma
obtenção de resultados mais precisos;
• Contribuição no aumento da intensidade de seleção e diminuição do intervalo
de geração para obter maior progresso genético;

• Promove a determinação de objetivos comuns de produção e estimula a


adoção conjunta de critérios de seleção para melhorar a população;

• Maior impacto da genética sobre os níveis de produtividade dos rebanhos


internos e externos do programa;
• Diminuição do tempo de obtenção de informações genéticas para uma
rápida valorização comercial dos indivíduos geneticamente superiores e
potencialmente aptos para produzir sêmen.

Como escolher os touros jovens?


• A escolha dos tourinhos para teste de progênie deve ser feita sobre os touros
jovens identificados como superiores em suas avaliações genéticas finais.

• Revisão das fichas reprodutivas das mães dos tourinhos candidatos a teste.
Isto permitirá priorizar produtos de fêmeas precoces, produtivas e longevas.
• Uma revisão fenotípica final torna-se importante neste estágio para deixar
apenas os tourinhos que satisfaçam um padrão ideal em termos de
características que, além de serem herdáveis, são importantes do ponto
de vista funcional, de adaptação e racial.
Considerações:

• A quantidade mínima de matrizes a serem inseminadas com tourinhos em


teste não deve ser menor que 10% das fêmeas controladas pelo programa de
melhoramento;

• Cada tourinho deve ter no mínimo 200 doses de sêmen utilizadas em pelo
menos duas fazendas, de maneira que um número razoável de filhos sejam
avaliados ao sobreano.
Experiência
• 1977 = Início parceria com a ABCZ
• 1987 = Gerência do Arquivo Zootécnico Nacional – Raças Zebuínas
• 1990 => 50% dos touros acurácia real => 60%
 Constatou-se que touros só alcançavam níveis seguros de acurácia com idade
avançada, após ampla utilização na população
• 1992 implantação do programa ATJ da Embrapa Gado de Corte

• ao percorrer todas as principais centrais de inseminação do país, foi


encontrado um único touro Nelore com menos de três anos de idade em
coleta. Hoje após esta iniciativa e de tantas outras semelhantes implantadas
a partir de então, são dezenas de touros jovens sendo utilizados de forma
mais eficiente na raça Nelore.
ATJPLUS
• Em 2011 o Programa iniciou a Avaliação de Touros Jovens da raça Nelore,
com a denominação de ATJPlus. A ideia é identificar touros jovens
promissores, na população do programa Geneplus – Embrapa.

• Para ingressar no ATJPlus, o touro deve ter no máximo 24 meses de idade no


ano da safra, ser produto de inseminação artificial ou monta natural, ter
classificação Elite (até o percentil 16) na população ativa para o Índice de
Qualificação Genética (IQG),
• Ter sido classificado com nota 5 ou 6 para conformação frigorífica a desmama
e como 6 ao sobreano, além de possuir RGD definitivo da Associação
Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ).

• A indicação dos touros jovens promissores é realizada pelos Técnicos do


Geneplus responsáveis pelas Fazendas participantes do Programa.
• No ano de 2011, foram selecionados 12 reprodutores, e distribuídas 1800
doses.

• Parceria com Tairana e Araucária .

• Em 2012 foram escolhidos 7 reprodutores e distribuídas 4100 doses.

• Parceria com Alta Genetics do Brasil e Biogénesis Bagó .


Futuro
Avaliação Genômica
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Da mesma forma que uma fazenda necessita um touro no pasto na frente das

casas, um programa de melhoramento maduro precisa ter um touro, ou vários

destacados que sinalizem/definam para o mercado qual a sua filosofia.


Um touro provado é utilizado para não errar. Com a qualidade genética

dos atuais touros jovens (aprovados pelos diferentes critérios

empregados na escolha), na média, a probabilidade de errar é ainda

menor.
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Obrigado!!!

Dr. Leonardo Martín Nieto


Pesquisador da Embrapa Gado de Corte

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