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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - CECA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

WILSON ARAÚJO DA SILVA

MELHORAMENTO DE AVES

Rio Largo, AL
2017
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WILSON ARAÚJO DA SILVA

MELHORAMENTO DE AVES

Trabalho solicitado pelo Profº Geraldo Roberto


Quintão Lana como requisito avaliativo junto a
disciplina Ciência Avícola. Semestre 2017.1.

Rio Largo, AL
2017

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SUMÁRIO

Introdução...................................................................................................................................4
Características qualitativas importantes......................................................................................4
Características quantitativas importantes....................................................................................7
Obtenção de linhagens e marcas comerciais.............................................................................15
Melhoramento genético no Brasil.............................................................................................16
Contradições no melhoramento genético de aves.....................................................................20
Referências bibliográficas.........................................................................................................22

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INTRODUÇÃO

Os avanços ocorridos na genética de aves viabilizaram a estrutura avícola dos países


desenvolvidos e, posteriormente, dos países em desenvolvimento. Os países que dominam a
genética avícola investem no melhoramento de aves desde o término da Segunda Guerra
Mundial. Através desse investimento, grandes avanços foram e vêm sendo conseguidos nas
características produtivas, dentre elas: redução da idade ao abate, melhora na conversão
alimentar, aumento do rendimento de carcaça e de cortes nobres, entre outros, trazendo como
resultado uma melhor viabilidade econômica (SOUZA et al., 2011).
Nas últimas décadas, quando comparada as demais atividades agropecuárias, a
avicultura foi a que mais se desenvolveu, principalmente no que diz respeito a competitividade
e conquista de mercado. Esta evolução se deve ao melhoramento das linhagens, que teve como
base a seleção artificial e as melhorias nas condições de alimentação, manejo, instalações,
sanidade, processamento e comercialização.
A partir da década de 70 a avicultura conquistou significativa participação em produção
de proteína de origem animal e importante posição socioeconômica. No entanto, a manutenção
do sucesso depende de vários fatores, como uma política econômica estável e que incentive o
setor, além da estabilidade na produção de matéria prima (ingredientes para a fabricação das
rações) e qualidade dos pintinhos. É necessário que no Brasil recursos humanos tecnológicos
sejam criados no setor de melhoramento avícola, de modo que possam ser implantados projetos
de linhagens comerciais totalmente desenvolvidas no país.
O presente trabalho teve como principal fundamentação teórica o livro “Avicultura”, de
LANA (2000).

Características qualitativas importantes

Número de cromossomos
As galinhas apresentam um número de 39 pares de cromossomos, já os perus têm 41
pares. As aves contam com dois grupos de cromossomos que variam de acordo com o tamanho.
Um conjunto de 5 a 6 pares de cromossomos maiores são reconhecidos nas aves, apresentando
funções definidas. No entanto, ocorre a presença de cromossomos menores, cujas funções não
são bem conhecidas, e parecem ter as características básicas dos cromossomos.

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Diferentemente dos mamíferos, onde os machos representam o sexo heterogamético
(XY) e as fêmeas o sexo homogamético (XX), as aves apresentam o contrário: as fêmeas são
heterogaméticas (ZY) e os machos homogaméticos (ZZ). Os cromossomos Z e W das aves
representam os cromossomos X e Y dos mamíferos, respectivamente. O cromossomo Z parece
ser especialmente importante nas aves, sendo o 5° cromossomo em tamanho e representa
aproximadamente 10% do genoma total das aves.

Figura 1. Representação dos cromossomos em mamíferos e aves.

Grupos sanguíneos
A utilização de informações de grupos sanguíneos e outras variantes bioquímicas do
sangue, para o melhoramento animal, dependerá da validade e da precisão da informação de
tais características, na caracterização do valor genético do animal para tais características ou
para um conjunto de características de importância econômica, e pode atuar aumentando a
precisão dos métodos de seleção. Com a utilização das informações inerentes aos grupos
sanguíneos, poderia ser realizada a identificação e eliminação de genes não desejáveis em aves
mais jovens e de ambos os sexos, economizando assim os custos de operação dos programas
de melhoramento. As informações também são úteis para a identificação de erros de “pedigree”
e também verificar a pureza dos planteis comerciais de aves.
Nas aves, o mais importante grupo sanguíneo até aqui descoberto é o sistema sanguíneo
B. Por razões não bem conhecidas, alguns alelos do grupo B são considerados “bons”, e outros,
são considerados “maus”. Um exemplo disto é que aves com diferentes alelos no locus B foram
comparadas num experimento com duração de 8 anos e evidenciou-se que aves homozigóticas
B¹/B¹ foram associadas com baixas produções de ovos e taxa de mortalidade mais elevadas.

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Nanismo
O gene responsável por causar o nanismo está ligado ao sexo e é bem conhecido em
várias espécies, inclusive de aves. Algumas raças pequenas de aves carregam o gene para o
nanismo. Aparentemente o mesmo gene recessivo pode ser encontrado em raças como Leghorn
e New Hampshire. Poedeiras que apresentam o gene do nanismo são 1/3 menores e pões ovos
cerca de 8% menores, no entanto não aparentam demonstrar desvantagens sérias em
comparação com as aves de tamanho normal. O gene do nanismo foi testado por companhias
de melhoramento com o objetivo de incrementar a utilização de alimentos e reduzir os
requerimentos para a manutenção corporal. Aparentemente o gene melhora a eficiência
alimentar, porém isto parece estar ligado redução do peso corporal, ou seja, se as aves forem
melhoradas pelos métodos convencionais de seleção, o mesmo grau de eficiência alimentar
pode ser atingido quando comparado com a do gene do nanismo.

Figura 2. Aves portadoras do gene do nanismo.

Nesse sentido, vale salientar um problema que surge nos sistemas maternos de produção
de frangos de corte: o alto custo para eclosão dos ovos. As matrizes de corte têm grande
tamanho corporal, o que é necessário para que a progênie apresente uma alta taxa de
crescimento. Consequentemente, o custo dos ovos se tornam mais onerosos em função do alto
consumo alimentar das aves de maior tamanho corporal. Supondo que o gene do nanismo fosse
introduzido na linhagem materna, o tamanho corporal seria reduzido em cerca de 30%, o que
permitiria um menor consumo de alimento e, consequentemente, um menor custo na produção
de ovos para incubação.

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No cruzamento de fêmeas “anãs” com machos de tamanho normal da linhagem paterna,
a progênie destes cruzamentos será normal, pois o gene do nanismo é recessivo. Esta progênie
apresentará apenas uma pequena redução de crescimento até a primeira semana de vida, devido
ao fato de que os ovos eclodidos são cerca de 10% menores, reduzindo assim o tamanho do
pintinho que reduzirá a taxa de crescimento cerca de 3 a 4 %.

Empenamento precoce
É importante principalmente na produção de frangos de corte, pois estes devem estar
bem empenados antes de serem processados. Um locus que influencia a taxa de empenamento
está localizado no cromossomo do sexo. Quando os pintinhos são produtos de acasalamentos
que envolve a seleção da característica de empenamento precoce, a identificação do sexo da
progênie pode ser logo após o nascimento. Examinando as penas primárias da asa, os machos
serão aqueles que apresentarem um empenamento tardio. O problema de incorporar o gene do
empenamento tardio (K) na linhagem materna consiste em cruzar o seu plantel com um portador
do gene K e a partir de então, realizar o retrocruzamento em relação ao plantel feminino, até
que a população inicial é reconstituída, porém, portanto o gene para empenamento tardio.

Figura 3. Sexagem de pintinhos através do empenamento da asa.

Características quantitativas importantes


Existem características de maior, menor ou até mesmo sem importância a depender da
finalidade da produção. Por exemplo, não faz sentido selecionar aves de postura para uma
elevada taxa de crescimento. No entanto, selecionar a eficiência alimentar, por exemplo, é de
importância tanto para aves de postura como para aves de corte.

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Tamanho corporal
É uma característica de grande importância tanto para o melhoramento de frangos de
corte como o de perus, pois o tamanho corporal adulto é relacionado com a taxa de crescimento.
Além disso, frangos de corte e perus provenientes de linhagens de maior tamanho corporal
apresentam uma melhor eficiência alimentar. Em contrapartida, em poedeiras, dá-se preferência
a um tamanho corporal pequeno ou intermediário, pois o custo com alimentação é menor, no
entanto, um tamanho corporal adequado deve ser mantido para assegurar a produção de ovos
com tamanho desejado.
O tamanho corporal é medido através do peso e, em geral, nenhuma distinção é realizada
entre peso e tamanho. No entanto, o peso é determinado pelo tamanho dos ossos e grau de
cobertura. O tamanho dos ossos apresenta uma herdabilidade maior do que o grau de cobertura,
e esta, sofre mais a influência do ambiente, como alimentação, práticas de manejo e possíveis
doenças. Sendo assim, o tamanho da canela parece ser uma melhor medida no tamanho genético
do que o peso.
Diferenças em peso corporal entre indivíduos de mesma raça e linhagem têm
apresentado alta herdabilidade (40 a 70%). O que significa que esta característica pode ser
modificada efetivamente através de seleção individual. Entretanto, mudanças em peso corporal
são acompanhadas por mudanças no peso do ovo e vice-versa, pois existe correlação entre essas
características.

Figura 4. Fêmea Leghorn à esquerda e macho Cobb à direita.

A influência do peso do corpo sobre a produção de ovos, no que diz respeito às


diferenças em tamanho genético e diferenças em cobertura, pode ser estudada através de dados
experimentais apropriados. Como exemplo podem ser citados dois exemplos: uma mesma
linhagem comparada em diferentes condições de ambiente (como em diferentes fazendas), as
diferenças em produção de ovos podem ser relacionadas aos diferentes graus de cobertura
caudados pelo ambiente; noutro exemplo, se linhagens de diferentes tamanhos corporais forem

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comparadas sob condições ambientais iguais, as diferenças na produção de ovos poderão estar
relacionadas ao tamanho corporal numa escala genética. Logo, essa teoria relaciona a produção
de ovos ao peso corporal numa escala genética (tamanho do osso) e numa escala ambiente
(cobertura).

Conformação
Esta característica diz respeito à expressão das proporções do corpo do animal (tamanho
de coxa e peito, por exemplo). Algumas medidas do corpo do animal podem fornecer uma boa
estimativa de conformação. Esta é determinada pela estrutura dos ossos e pelo grau de
cobertura. O gene responsável pelo nanismo pode modificar a conformação devido ao
encurtamento do osso da canela. Em aves de tamanho normal, a variação da conformação é
devido às diferenças de cobertura, ou seja, está sujeita às condições ambientais. Dessa forma, a
conformação determinada pelo grau de cobertura é então fortemente influenciada por diferenças
de alimentação, manejo e doenças e pouco influenciada por diferenças genéticas.

Figura 5. Cortes comerciais de frango.

A conformação é de especial importância no melhoramento de perus. Os perus de peito


amplo exemplificam bem o sucesso do melhoramento nestas aves. Entretanto, observa-se baixo
desempenho reprodutivo de muitas linhagens de perus, podendo tal defeito estar relacionado ao
amplo peito desses animais. Em frangos de corte, a conformação é fator de grande importância,
principalmente devido ao sistema de venda de frangos em pedaços. No entanto, a conformação
relacionada a cobertura é de enorme relevância para a produção de frangos de corte. Em
poedeiras não é uma característica relevante economicamente falando, devido ao pequeno valor
de venda das poedeiras por ocasião do abate, geralmente vendidas para a produção de enlatados.

Taxa de crescimento
É de especial importância para o melhoramento de frangos de corte, pois um
crescimento rápido significa uma economia de tempo, trabalho, consumo alimentar e uma
produção antecipada de carne. A herdabilidade é em torno de 30% para frangos de corte. Isto

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sugere que parte da alta performance em taxa de crescimento e eficiência alimentar atingidas
pelos frangos de corte, nas últimas três décadas, pode ser creditada, parcialmente, ao
melhoramento genético das linhagens. Contudo, a contribuição das modernas rações para alta
performance não pode ser subestimada.
No geral, o melhoramento de frangos de corte é mais complexo que o melhoramento
para a produção de ovos, devido ao fato de que os melhoristas, no caso de frangos de corte
devem prestar atenção não somente à taxa de crescimento, economia de alimento, viabilidade
e qualidade do produto comercial, mas também à eficiência reprodutiva dos pais, medida pela
produção de ovos, eclodibilidade, fertilidade e economia de alimento das linhagens paternas.
Entretanto, a maioria da atenção no programa de melhoramento deve ser dada à performance
da progênie.

Tamanho do ovo
O ovo se desenvolve até atingir o seu máximo, a partir do momento em que o primeiro
ovo é botado. O peso do primeiro ovo e em torno de 75% do peso máximo do ovo. A velocidade
com que as poedeiras atingem o tamanho máximo do ovo é influenciada pela data de eclosão,
bem como pela maturidade sexual.

Figura 6. Variações do ovo quanto ao tamanho.

O tamanho do primeiro ovo está intimamente relacionado com o crescimento corporal,


que, por sua vez, também é influenciado pela data de eclosão. A data de eclosão é um fator
importante, por causa de sua relação com a quantidade de luz que as aves recebem durante o
crescimento. Um grande número de fatores de manejo pode influenciar o tamanho do ovo, por
exemplo: ovos provenientes de galinhas criadas em gaiolas podem ser frequentemente maiores
que ovos de galinhas criadas em piso.

Produção de ovos

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Junto com as centenas de anos de domesticação, a galinha se tornou uma produtora de
ovos bastante eficiente. Um dos fatores importantes durante a domesticação, foi a retirada do
ninho, pois esta ação serve como estímulo para que a postura continue. A influência do
ambiente, associada com os cuidados e a alimentação, é em parte responsável pela alta produção
encontrada nos dias de hoje. A produção de ovos pode ser medida num plantel ou numa base
individual.
Um plantel atingirá o pico de produção de ovos cerca de 4 a 6 semanas depois do início
da postura; a produção ficará mais ou menos constante por um período de tempo ou poderá
declinar. Amplas flutuações podem ocorrer nesta curva quando o manejou a alimentação são
deficientes ou quando há problemas de surto de doenças.
A produção de ovos é um produto de dois fatores: intensidade ou taxa de produção e
intervalo durante o período de postura. Este intervalo entre o primeiro e o último ovo, antes da
muda, é conhecido como ano biológico. Fatores que tendem aumentar a taxa de produção
(intensidade) ou o comprimento do ano biológico aumentam a produção de ovos.

Componentes da produção de ovos

- Maturidade sexual
Uma ave é considerada sexualmente madura quando bota o seu primeiro ovo, logo,
quanto mais cedo a ave entra em postura, maior será o comprimento do seu ano biológico e
mais ovos ela produzirá. Aves da raça Leghorn atingem a maturidade sexual por volta das 17
semanas. Já as raças mais pesadas atingem a maturidade sexual mais tardiamente, cerca de três
semanas mais tarde. Existem importantes diferenças entre linhagens de uma mesma raça com
relação à maturidade sexual. Acasalamentos recíprocos entre linhagens precoces e tardias
indicam que há evidências para genes ligados ao sexo na expressão da maturidade sexual. Por
esta razão, desde que se planeje fazer acasalamentos entre linhagens tardias e precoces, é bom
que se acasalem os machos das linhagens precoces com fêmeas da tardia. As fêmeas
descendentes de tal acasalamento carregariam o cromossomo, tendo genes para maturidade
sexual precoce proveniente dos pais. O ambiente pode influenciar fortemente esta característica,
principalmente no que diz respeito à quantidade de luz que a ave recebe durante seu período de
crescimento. A herdabilidade da maturidade sexual é moderadamente alta (h² = 0,30) e, devido
a isto, não é encontrada muita dificuldade no desenvolvimento de linhagens precoces. Quando

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o ninho alçapão ou gaiolas são usadas, tanto a maturidade sexual, como a produção de ovos,
pode ser obtida.

-Intensidade ou taxa de postura


É medida pelo número de ovos postos durante um intervalo-padrão ou pela porcentagem
de ovos produzidos num intervalo de tempo variável. A taxa de produção de ovos é um dos
mais importantes fatores que determinam a renda de uma linhagem de postura. Entretanto, esta
característica é altamente sujeita à influência do ambiente; sua herdabilidade é baixa (h² = 10%),
e alguns valores maiores às vezes aparecem na literatura.

-Persistência à postura
O primeiro ano biológico de postura de uma galinha termina com o início da muda de
penas. Existem, entretanto, algumas poedeiras que continuam produzindo durante a fase inicial
de muda ou até mesmo durante toda a muda. Esta qualidade de manter a postura durante a muda
é denominada persistência.
Usualmente, mede-se esta característica pelo número de dias entre o início da postura e
a data do último ovo antes da suspensão para a muda. Considerando o mesmo ambiente,
inclusive a época de nascimento, as variações observadas entre as poedeiras quanto à duração
do ano biológico da postura são tidas como de origem genética. A persistência é considerada
uma característica de grande importância econômica, pois quão mais longo for o período de
postura contínua, mais elevada será a produção total.

-Período de choco
Parece ser determinado pelo hormônio prolactina, secretado pelo lóbulo anterior da
glândula pituitária, que leva à suspensão de postura e reabsorção das gemas do ovário. Devido
à prática de incubação, o choco se tornou uma característica indesejável. Dessa forma, a ave
que demonstra essa característica frequentemente, acaba tendo uma postura anual
sensivelmente baixa, sendo antieconômica a produção comercial. A tendência ao choco é de
origem hereditária, explicando assim as variações entre raças para esta característica. Aves
mediterrâneas chocam mais raramente que as americanas, asiáticas e inglesas.

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-Número de pausa
Normalmente, as raças especializadas apresentam postura mais ou menos contínua, com
variações apenas de três a quatro dias entre os ciclos de postura. Diferentemente, outras galinhas
podem interromper a postura por um período de uma a várias semanas. Quando a suspensão se
dá no inverno, denomina-se pausa de inverno. A causa desse fato se relaciona, na maioria das
vezes, com fatores de meio, como parasitas, distúrbios digestivos, doenças etc. Em outros casos,
não são encontradas justificativas para pausas prolongadas, sendo associadas à influência
genética, caracterizando as aves que as apresentam como más reprodutoras.

Qualidade do ovo
Dois grupos classificam as características de qualidade do ovo: o grupo de qualidades
exteriores (cor da casca, textura da casca, resistência da casca e formato do ovo) e o grupo de
qualidades interiores (manchas de sangue e carne, altura do albúmen e proporção
albúmen:gema).

Figura 7. Ovo apresentando mancha de sangue.

Nas linhagens de ovos de cor branca, os ovos escuros são selecionados contra, já nas de
ovos de cor escura, são selecionadas para maior uniformidade de cor. Geralmente, ovos escuros
tendem a clarear durante o período de postura. Também é realizada discriminação com relação
à textura e à resistência da casca. Com relação às características interiores, os ovos devem ser
livres de manchas de sangue e carne. Em muitos casos, amostras de ovos são coletadas para se
medir a altura do albúmen, e se medida corretamente passa a se chamar unidade Haugh, que é
uma medida da qualidade do albúmen. A espessura do albúmen pode ser aumentada por seleção.
O quanto o melhorista deve atuar neste sentido é questionável, pois as aves que mais produzem
são as que apresentam menor altura de albúmen.
Economicamente falando, a gema apresenta maior valor, logo, a indústria prefere ovos
que têm maior quantidade de gema. A gema representa cerca de 30% do peso total do ovo, o

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albúmen cerca de 60%, e a casca 10%. Ovos pequenos terão em média 2% a mais de gema e
2% a menos de albúmen. Dessa forma, se ovos foram selecionados para maiores proporções de
gema, ele automaticamente favorecerá aves que põem ovos de tamanho menor.

Eficiência alimentar
É uma característica que pode ser medida de forma direta ou indireta. De forma direta,
a medida da eficiência alimentar envolve dados de consumo alimentar, ao passo que as indiretas
não. São sugeridas como medidas de eficiência alimentar indireta a razão entre a massa de ovo
e a taxa metabólica (peso corporal elevado a 0,75). As aves menores são as mais eficientes, pois
necessitam de menos nutrientes para a manutenção. A seleção para uma alta taxa de produção
de ovos melhora a eficiência alimentar, pois a quantidade de massa de ovo produzida é assim
aumentada.

Qualidade da carcaça
O ideal é obter carcaça magra, bem musculosa, livre de defeitos e com alta proporção
de carne. O excesso de gordura, além de indesejável, tem influência negativa sobre a eficiência
alimentar e reprodutiva e aumenta a incidência de ascite. As carcaças com maior proporção de
carne estão associadas com menor custo de processamento e de comercialização. A
herdabilidade dos rendimentos de carcaça é alta (0,6), e os cortes nobres devem apresentar
rendimentos superior a 60% em relação ao peso da carcaça, sendo o peito amplo, profundo e
sem projeção da quilha. As correlações entre peito e peso do corpo são positivas. A
herdabilidade para gordura abdominal é de 15 a 20%, e aves de menor gordura abdominal
apresentam melhor eficiência alimentar, maior resistência ao calor e menor colesterol presente
na gema.

Resistencia a doenças
Um plantel apresenta normalmente uma mortalidade por mês de 1 a 1,2%, sem
considerar a presença de epidemias. O melhoramento genético tem trabalhado no sentido de
aumentar a eficiência do sistema imunológico das aves e a imunidade materna que é passada
para o ovo.

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Escolha das aves para reprodução
As principais características a serem observadas são o mérito individual, tipo racial,
vigor, precocidade, características produtivas, boa emplumação, ausência de defeitos físicos e
bom empenamento.

Obtenção de marcas comerciais para corte e postura


A maioria das linhagens comerciais para frangos de corte, tiveram origem a partir de
uma série de raças ou linhas puras, às quais geralmente aplicou-se consanguinidade para a
eliminação das características indesejáveis e exaltação das desejáveis, durante quatro ou cinco
gerações. As linhas puras são aquelas populações em que se realizam os trabalhos de
melhoramento genético. Elas dão origem as bisavós, ou seja, estes são os resultados do
acasalamento entre machos e fêmeas de uma mesma linha pura. Os avós são somente os machos
da linha macho e as fêmeas da linha fêmea, resultado do acasalamento das bisavós. Os avós dão
origem as matrizes, que são somente os machos ou as fêmeas resultantes do cruzamento de um
avô proveniente de uma linhagem com outra avó gerada de outra linhagem. E por fim, o híbrido
comercial, que são os machos e fêmeas resultantes do cruzamento entre as matrizes.

Características selecionadas para cada linha


Produção de carne Produção de ovos
Peso do frango Produção de ovos
Conformação Peso do ovo
Defeitos Fertilidade
Empenamento Taxa de eclosão
Mortalidade Forma do ovo
Velocidade de crescimento Qualidade da casca
Maturidade sexual Mortalidade durante a produção

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Peso adulto Mortalidade inicial
Peso do ovo Qualidade do albúmen
Qualidade de casca Conversão alimentar
Conversão alimentar Peso do corpo
Rendimento de carcaça Maturidade sexual
Resistência a doenças Unidade Haugh
Auto-sexagem Cor da casca
Cor de penas Manchas de sangue e coágulos
Taxa de eclosão Resistência da casca
Porcentagem de ovos incubáveis Resistência a doenças

Melhoramento genético de aves no Brasil


A principal finalidade do melhoramento no Brasil é a independência de material
genético, além de libertar-se da aquisição de outros produtos importados, tendo em vista que as
economias com as importações são relativamente grandes, além de evitar doenças e outros
problemas relacionados com a importação. O custo, a falta de tradição, o receio das empresas
produtoras de matrizes e o retorno a longo prazo, são os principais fatores que limitam a
implantação de um programa de melhoramento genético.
Dentre os principais fatores que impedem a implantação de programas de melhoramento
de aves estão: as contenções orçamentárias, a restrição para contratação de pessoal, os planos
de governo com objetivos diferentes, a concepção simplista dos programas (tamanho
reduzidos), a falta de agilidade das instituições na implantação do programa, o retorno à longo
prazo e o preço de importação das avós, que representam pequena parte do custo de produção.

Estrutura da produção avícola Brasileira


A avicultura industrial brasileira teve início na década de 60 com a importação de
matrizes de linhagens híbridas dos Estados Unidos. A partir de 1965, o Ministério da
Agricultura regulamentou a entrada de material genético, permitindo a entrada apenas de avós
e não mais de matrizes. Dessa forma, a avicultura brasileira estruturou-se nos moldes da
americana, detendo granjas de avós, matrizes e produtores comerciais. Segue abaixo como são
obtidos os animais de cada granja.
- Avozeiros:

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Para a formação do pacote de avós, são importados os pintos avós (ou ovos férteis) de
quatro linhagens, a saber: fêmeas da linha fêmea (FLF), machos da linha fêmea (MLF), fêmeas
da linha macho (FLM) e machos da linha macho (MLM). Dos acasalamentos realizados obtêm-
se os pintos matrizes, respectivamente machos da linha macho e fêmeas da linha fêmea, que
são vendidos para os matrizeiros. Os subprodutos (fêmeas da linha macho e machos da linha
fêmea) são descartados. Uma avó tem a capacidade de gerar 50 matrizes, e cada matriz dará
origem a 135 pintos comerciais.
- Matrizeiros:
São importados os pintos matrizes dos avozeiros, tanto machos quanto fêmeas, com um
dia de idade. Através do acasalamento destes obtêm-se os híbridos comerciais, que por sua vez
são vendidos aos produtores comerciais.
-Produtores comerciais:
São eles que adquirem os pintos de um dia dos matrizeiros e os criam até a idade de
abate. São criados os animais machos e fêmeas, em lotes mistos ou sexados para serem criados
separadamente.

Figura 8. Estrutura da produção avícola brasileira.

A Embrapa Suínos e aves desenvolveu projetos de pesquisa em melhoramento genético


de aves, conduzidos desde 1982, desenvolvendo ao longo desse período cinco pacotes genéticos
destinados ao mercado brasileiro: Embrapa 011 (poedeira de ovos brancos), Embrapa 021 e 022
(frango de corte), Embrapa 031 (poedeira de ovos castanhos), Embrapa 041 (frango de corte
colonial) e Embrapa 051 (poedeira colonial de ovos castanhos). As descrições de cada pacote
genético seguem abaixo:
Embrapa 011: O pacote comercial de galinhas de postura industrial de ovos brancos,
Embrapa 011, era composto por duas linhas puras de aves da raça White Leghorn, com
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empenamento rápido, selecionadas para produção intensiva de ovos brancos. Algumas metas
de desempenho da poedeira Embrapa 011, enquanto a mesma estava disponível no mercado
eram: idade a maturidade sexual as 19 semanas, viabilidade na produção até 80 semanas de 90
a 93%, peso médio dos ovos ao redor de 60g, produção no pico de postura de 91 a 94 % e
produção média entre 21 a 80 semanas de 77 a 80 % de postura.

Figura 9. Embrapa 011.

Embrapa 021: O pacote comercial Embrapa 021 dava origem a um frango de corte
industrial, que era um híbrido proveniente do cruzamento de quatro linhas puras. Aos 42 dias
de idade esse produto apresentava alta viabilidade (96%), peso vivo de 2125 g, conversão
alimentar de 1,84, rendimento de carcaça de 73,6% e rendimento de peito de 20%.

Figura 10. Embrapa 021.

Embrapa 031: O pacote comercial de galinhas de postura industrial de ovos castanhos,


Embrapa 031, era composto por três linhas puras de aves: duas da raça Rhode Island Red e uma
da raça Plymouth Rock Branca, selecionadas para produção intensiva de ovos de mesa de casca
marrom. Algumas metas de desempenho da poedeira Embrapa 031 eram: idade a maturidade
sexual as 19 semanas, viabilidade na produção até 80 semanas de 91 a 94%, peso médio dos
ovos de 59g, produção no pico de postura de 89 a 92 % e produção média entre 21 a 80 semanas
de 74 a 77 % de postura.

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Figura 11. Embrapa 031.

Embrapa 041: O frango de corte colonial, Embrapa 041, é resultante do cruzamento


controlado entre linhagens de galinhas pesadas e semipesadas e enquadra-se no recomendado
pelo ofício circular DOI/DIPOA no 007/99 sobre o registro de produto Frango Caipira ou
Colonial. Trata-se de um produto ideal para venda em lojas agropecuárias e integrações. Aos
42 dias de idade, apresenta 96% de viabilidade, 2.600 g de peso vivo, 2,35 de conversão
alimentar, 71,5 de rendimento de carcaça e 18% de rendimento de peito. Os frangos apresentam
plumagem avermelhada, sendo que as fêmeas apresentam coloração mais clara do que os
machos. A principal diferença entre o frango de corte colonial
Embrapa 041 e o frango de corte industrial Embrapa 021 é que o primeiro apresenta
crescimento mais lento e características organolépiticas específicas, como carne mais
consistente, com menos gordura e coloração de pele mais acentuada.

Figura 12. Embrapa 041.

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Embrapa 051: As poedeiras coloniais Embrapa 051 são galinhas híbridas, resultantes do
cruzamento entre linhas Rhode Island Red e Plymouth Rock Branca, selecionadas na Embrapa
Suínos e Aves. Essas galinhas são especializadas para produção de ovos de mesa casca marrom
e por serem rústicas se adaptam bem aos sistemas menos intensivos.

Figura 13. Embrapa 051.

Contradições do melhoramento genético de aves


Inúmeras desvantagens podem surgiram com relação a fisiologia das aves
geneticamente melhoradas, resultando em grandes perdas econômicas. Aves de maior taxa de
crescimento têm aumento das exigências nutricionais de mantença das linhas paternas,
necessitando de restrição alimentar qualitativa e quantitativa para evitar a produção de ovos
impróprios para a incubação e aves com defeito do esqueleto. A fertilidade e a eclodibilidade
podem ser reduzidas nestas aves.
Outro ponto de bastante importância é no que diz respeito a discondroplasia tibial, que
consiste de uma má formação da estrutura óssea na cartilagem endocondrial, onde há
ossificação e culminação de fraqueza e fratura da tíbia. Apresenta uma herdabilidade que varia
de 0,22 a 0,44.
Além deste, o aumento do crescimento excessivo das aves provoca uma série de doenças
cardiovasculares, como a ascite e a síndrome da morte súbita. Nesse sentido, os melhoristas
devem buscar o controle do melhoramento para minimizar as grandes perdas devido aos
problemas fisiológicos apresentados.

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Figura 14. Discondroplasia tibial.

Figura 15. Ascite. Figura 16. Síndrome da morte súbita.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LANA, G. R. Quintão. Avicultura. 1ª edição, Livraria e Editora Rural Ltda. Campinas-SP,


2000. p. 205-225.

Souza et al. Sonho, desafio e tecnologia: 35 anos de contribuições da Embrapa Suínos e


aves / Editores Técnicos Jean Carlos Porto Vilas Boas Souza...[et al.]. - Concórdia: Embrapa
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