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SANTA INÊS
2019
DIEGO VINICIUS SANTOS BARRETO, FÉLIX BARBOSA REIS, NAARA
MACEDO LIMA OLIVEIRA.
SANTA INÊS
2019
1. JUSTIFICATIVA
A carne bovina vem sendo substituída na mesa dos consumidores, sejam por
razões sanitárias, ou imagem negativa, no que se refere às questões de saúde,
preço, ou ainda modismo (seja por veganos, vegetarianos, ou outros segmentos).
Essa tendência de redução de consumo, certamente consiste em uma ameaça
para toda a cadeia de produção de carne bovina. Isso reforça a necessidade de
estratégias, que promovam o produto na mesa dos brasileiros. Daí a importância de
alternativas, tais como, o incentivo à produção da carne bovina com qualidade
diferenciada, no intuito de aumentar a confiança e credibilidade para com os
consumidores.
Por essa razão pelo melhoramento genético torna-se interessante a produção de
carne por cruzamento entre raças bovinas, com as melhores características de cada
raça cruzada, o produto final esperado é um animal, além de precoce e produtivo,
com uma carne diferenciada para o consumidor.
2. INTRODUÇÃO
O Gado bovino (Bos taurus e Bos indicus) da família dos bovídeos tem origem
na Europa e na Índia, respectivamente. Há quem diga que ambas as raças
descendem do mesmo ancestral (conhecido por Urus), originado no norte da Índia e
nos desertos da Arábia. A migração dos rebanhos ocorreu durante a última era
glacial.
Conhecido como Zebu, sua origem é indiana apresenta uma corcunda (cupim)
no dorso, possuindo pelagem curta e branca (se sobressaindo às ralas Nelore,
Guzerá e Gir). Carne, leite e couro são os principais produtos da criação de bovinos.
No Brasil, historicamente, o gado Zebu serve à bovinocultura de corte, tendo como
característica básica a elevada rusticidade.
O gado bovino tem também importante presença histórica em nosso país, até
mesmo em sua própria formação territorial. Durante séculos, a criação de gado
bovino no Brasil foi tratada como atividade secundária. A tração animal, a carne,
couros e outros produtos destinavam-se a apoiar as atividades centrais,
historicamente vinculadas à produção de commodities de exportação, desde o início
da cultura da cana-de-açúcar na região Nordeste.
Hoje, as regiões Norte e Centro-Oeste, onde se situam a Floresta Amazônica e o
Cerrado, apresentam as maiores taxas de expansão do rebanho bovino no Brasil. O
atual ciclo de expansão é considerado o principal fator de destruição, devido o
desmatamento para formação de pastos. Isso pode ser observado em diversas
regiões do país, já que diversas regiões fazem uso desta metodologia de produção.
Entretanto, o mercado consumidor está se atentando não só com a qualidade do que
lhe é fornecido, mas também qual o impacto ambiental que esta produção causa. Há
quem diga também que não se faz mais necessário aumentar áreas para produzir,
mas sim, tecnificar o manejo de produção.
Embora a carne bovina seja consumida em quantidade expressiva no mercado
interno, as análises produzidas pelo governo sobre este segmento se limitam, no
geral, em focalizar os problemas a serem enfrentados em direção ao aumento
contínuo das exportações. Parte importante da evolução da pecuária brasileira
ocorreu dentro das propriedades pecuárias brasileiras, com forte participação de
diversos segmentos da sociedade. Engajados na busca por produtividade, qualidade
e sustentabilidade, instituições de ciência e tecnologia, ensino, também as
indústrias, associações, organizações não governamentais, entre outros atores,
compõem um grupo extremamente atuante e muitas vezes coordenado, com
iniciativas que contribuem com aumento na qualidade dentro e fora da porteira.
A busca pela melhoria da qualidade da carne é sempre muito estimulada, seja
pela indústria frigorífica, seja pela iniciativa governamental, para a se atentar às
exigências do mercado consumidor. O Brasil é um dos mais importantes produtores
de carne bovina no mundo, resultado de décadas de investimento em tecnologia que
elevou não só a produtividade como também a qualidade do produto brasileiro,
fazendo com que ele se tornasse competitivo e chegasse ao mercado de mais de
150 países.
Em 2015 o país se posicionou com o maior rebanho (209 milhões de cabeças), o
segundo maior consumidor (38,6 kg/habitante/ano) e o segundo maior exportador
(1,9 milhões toneladas) de carne bovina do mundo, tendo abatido mais de 39
milhões de cabeças. 80% da carne bovina consumida pelos brasileiros é produzida
no próprio país. A exportação da carne bovina já representa 3% das exportações do
Brasil e um faturamento de 6 bilhões de reais. Representa 6% do Produto Interno
Bruto (PIB) ou 30% do PIB do Agronegócio, com um movimento superior a 400
bilhões de reais, que aumentou em quase 45% nos últimos 5 anos.
3. OBJETIVO GERAL
4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
5. RAÇAS DO PROGRAMA
Red Angus:
Nelore:
Nelore é uma raça que tem origem indiana e no Brasil a grande parte das
criações tem inserido essa raça. O Nelore tem resistência natural a parasitas e
também ao calor, sendo uma raça muito bem adaptada ao clima tropical brasileiro.
Essa raça já vem sendo melhorado no Brasil, já que sua produção é destina a carne
embora sua origem tenha sido para leite. O Nelore tem como característica principal
sua pelagem que varia de branca a cinza-claro onde os machos apresentam o cupim
normalmente escuro juntamente com o pescoço. Dentre outras características que
podem ser observadas que seria as orelhas curtas, chifres escuros, o dorso-lombar
é largo e reto, as fêmeas possuem úbere de pequeno, dentre outras.
Quando falamos sobre carcaça e da carne, ele possui uma carcaça mais padrão,
que são exigidos pelo mercado por apresentar porte médio, ossatura fina, leve,
porosa e menor proporção de cabeça, patas e vísceras, conferido excelente
rendimento nos processos industriais. Na produção da carne dos bovinos Nelore se
destacam como principais características o alto teor de sabor e o teor baixo de
gordura de marmoreio.
A raça Nelore tem uma resistência a parasitas e altas temperaturas muito boa,
sendo ela, uma raça muito usada na produção pecuária do Brasil. Animais Angus
apresentam uma boa rusticidade também, mas, bem menor em quando comparada
com a dos nelores, em relação a altas temperaturas e doenças por exemplo.
Os bovinos Angus são notórios quando se trata da qualidade ótima da sua carne.
Por apresentarem maior suculência e maciez, possuem uma melhor aceitação por
mercados “Premium” por exemplo.
De modo geral bovinos são bem adaptáveis a variadas dietas, mas, os nelores
se adaptam mais fácil a tipos diferentes de pastagem e de dietas. Eles são capazes
de aproveitarem bem pastagens pouco nutritivas. Entretanto, os bovinos Angus são
seletivos para alguns tipos de pastagem, chegando até a reduzir seu consumo, e
assim, seu ganho de peso.
Porém, há pesquisas que dizem que animais Angus sejam mais férteis que os
animais Nelore, devido a características das fêmeas e da viabilidade de sêmen dos
machos.
E assim, tanto uma raça quanto a outra pode apresentar retornos satisfatórios, e
vai depender diretamente do sistema produtivo e estratégia adotadas, estratégias
como, o cruzamento entre as duas raças por exemplo, para exploração e
aproveitamento dos pontos fortes de cada uma.
6. MARCADORES MOLECULARES NA BOVINOCULTURA DE CORTE
Ganho de Peso:
O ganho de peso será avaliado em duas fases para a seleção dos animais pois
haverá a possibilidade de escolher animais mais precoces. Na fase da pré-desmame
o ganho de peso sofre uma notável influência da habilidade materna que tem a vaca,
já na fase pós-desmame o efeito materno no potencial genético no indivíduo é
menor, podendo assim, ser avaliado seu potencial genético de forma melhor.
Rusticidade:
A rusticidade que tem impacto direto nos lucros de forma geral é primordial se
tratando de cruzamento, animais mais resistentes tanto à doenças quanto a
temperaturas variadas ou ainda tipo de alimentação e dieta variada são ideias e
muito encontrado no zebuínos, especificamente o Nelore para este programa de
melhoramento, sendo este usado para transmitir essa boa rusticidade ao híbrido
com o Angus.
Rendimento de Carcaça:
O rendimento da carcaça no programa deverá ser feito nos animais na primeira
ou primeiras gerações dos híbridos vindo dos cruzamentos Angus x Nelore, já que
serão os animais com as primeiras características adquiridas dos animais
precedentes com alto grau de parentesco.
Área de Olho de Lombo (AOL):
Para avaliação da área de lombo a ultrassonografia se fará necessária pois
indica herdabilidade (h²) de valores médios a altos e uma correlação direta com o
grau de musculosidade presente no animal e em toda a carcaça no geral. O local
específico para essa medição é no músculo chamado Longissimus dorsi, região
existente entre a 12ª-13ª costelas, medida em centímetros quadrados (cm²).
Espessura de Gordura Subcutânea (EGS):
Para avaliação da gordura subcutânea a ultrassonografia se fará necessária
mais uma vez, também na mesma região da medição de área de Lombo (no
músculo Longissimus dorsi entre a 12ª-13ª costelas), essa avaliação que é feita em
milímetros (mm) indicará o grau de acabamento da carcaça, também apresenta
valores de herdabilidade (h²) médios a altos e a correlação direta está ligada a
precocidade sexual e como já citado, ao acabamento de carcaça.
Marmoreio:
Para avaliação do marmoreio (que é a gordura entremeada no músculo) a
ultrassonografia será usada novamente, na mesma região da aferição da EGS e
AOL, possui valores na herdabilidade (h²) altos e será um parâmetro primordial para
melhoria da qualidade da carne, pois o marmoreio está diretamente ligado com o
sabor e suculência da carne.
Maciez:
A maciez da carne é um dos parâmetros mais importantes a serem levados em
consideração, pois está diretamente ligada a aprovação do consumidor. A
calpastatina que é uma proteína que está ligada à maciez da carne por agir na
degradação das fibras musculares, levando a carne ao amaciamento, será melhor
aproveitada com o uso de marcadores moleculares, sabendo onde no DNA estará
inserida tal proteína e sendo marcada e mantida pelos marcadores para ser melhor
aproveitada, e herdada aos descendentes dos cruzamentos Angus x Nelore.
8. PARÂMETROS GENÉTICOS
Efeito Materno:
O efeito materno mostrará a contribuição do fenótipo do indivíduo de forma direta
com o fenótipo da mãe, a habilidade materna da mãe é primordial para um peso ao
desmame ideal, e pode-se ter assim animais cada vez mais precoces, trabalhando
em cima do objetivo de potencializar o ganho de peso dos animais enquanto ainda
estão mamando.
Herdabilidade:
A herdabilidade (h²) determinará o grau de características visíveis dos
descendentes pelos seus progenitores, ou seja, observar se o fenótipo da progénie
expressa-se bem em relação ao genótipo dos pais. A herdabilidade tem variação de
0 até 1, sendo que: 0 - 0,2 há baixa herdabilidade (o indivíduo não expressa bem o
seu fenótipo em relação ao genótipo), de 0,2 – 0,4 há herdabilidade média (o
indivíduo expressa relativamente bem seu fenótipo em relação ao genótipo) e de 0,4
– 1,0 há alta herdabilidade (o indivíduo expressa muito bem seu fenótipo em relação
ao genótipo).
Heterose:
A Heterose máxima é o que se busca nesse programa, com os filhos sendo
superiores aos pais, e adquirindo suas melhores características. O desempenho da
prole depende muito da qualidade dos progenitores que serão cruzados, buscasse
neste programa que os descendentes tenham o melhor das raças Angus e Nelore,
ainda que mesmo na F1 e gerações seguintes tenham maus e bons animais, o
objetivo é que em sua maioria carreguem bons genes, que o que se busca é um
animal com carne de qualidade excelente.
O grau de heterose é avaliado pela superioridade da média dos filhos em relação
a média dos progenitores pela seguinte equação:
HAB= HAB + HBA / 2 – HÁ + HB / 2
Onde:
HAB= grau de heterose na geração F1
HAB, HBA= média da geração F1
HÁ= média da raça A
HB= média da raça B
9. MODELO DO PROGRAMA
Modelo Animal:
O modelo animal é um vetor de valores genéticos aditivos que serve para todos
os animais envolvidos no programa (Progenitores e prole), ou seja, cada indivíduo
da população terá sua própria equação, e com os dados de todos os animais do
programa haverá uma melhor acurácia para determinar o valor genético aditivo. O
modelo animal é expresso na seguinte equação:
Y=XB + Za + e
Onde:
Y= é o vetor a ser observado (por exemplo, ganho de peso, marmoreio);
X= é uma matriz de incidência conhecida, que relaciona os efeitos fixos com Y e
também, com os valore genéticos dos animais;
B= é o vetor dos efeitos fixos (grupos contemporâneos por exemplo);
Z= é uma matriz de parentesco ou identidade conhecida que relaciona os efeitos
aleatórios com a;
a= é o vetor dos efeitos aleatórios (valores genéticos aditivos por exemplo);
e= é o resíduo (matriz de erro).
Avaliação Fenotípica:
A avaliação fenotípica auxiliará na identificação dos melhores animais para a
produção de carne, porém, não é um método 100% confiável, pois conta somente
com uma avaliação visual, e assim, muitas vezes pode ser enganosa. A morfologia
do animal será observada e avaliada, tais como o nível de espessura de gordura
subcutânea, peso do animal, comprimento comparando todos os animais entre si,
entre prole e progenitores e observância se o fenótipo representa bem o genótipo.
Avaliação Genotípica:
A avaliação genotípica auxiliará no programa com o uso dos marcadores
moleculares, os mesmos rastrearão os genes desejáveis na molécula no caso do
programa a proteína calpastatina que é responsável pela maciez da carne e que é
primordial para melhorar a qualidade da carne dos híbridos a serem gerados no
programa.
A Curto Prazo:
Será necessário adquirir o máximo de informações dos animais do rebanho
(progenitores) tanto informações quantitativas quanto qualitativas, ou seja, analisar o
fenótipo e genótipo de cada animal, um banco zootécnico de dados será feito, para
se buscar o máximo de organização e precisão das informações.
Será preciso conhecer os animais do plantel para saber os que serão melhor
aproveitados, que já possuem um bom histórico de bom desempenho, os que serão
descartados (como animais com idade muito avançada, comportamentos anormais,
frequentes enfermidades, falhas na reprodução) entre outros dados a serem
coletados. Um melhoramento animal não permite animais falhos, por isso devem ser
descartados animais que não são compatíveis com o que se planeja obter em um
programa de melhoramento.
Quando se fala em melhoramento se fala em cruzamento, e para cruzamento
deve haver reprodução, e a o tipo de modo reprodutivo deve ser escolhido com
cuidado e para este programa a monta natural dirigida será usada de início.
A monta dirigida selecionará o macho ou machos se houver mais de um com
ótimo desempenho que cruzará com as fêmeas do plantel. Para um número menor
de animais num rebanho, é viável, mas em um plantel grande não é a melhor
escolha, pois desgasta muito o macho o tornando com o passar do tempo
substituível com menos tempo do que deveria ser aproveitado. E assim a(s)
primeira(s) geração(ões) será(ão) feita(s).
A Médio Prazo:
Acontecerão os cruzamentos de fato, para originarem animais melhorados, com
características das duas raças cruzadas, no caso deste programa, o Nelore e o
Angus, o melhor das duas raças será transmitido a prole.
Nessa etapa já entra também os marcadores moleculares agindo, mapeando e
rastreando na molécula de DNA a proteína calpastatina esta responsável para dar
maciez a carne, e que essa proteína esteja sempre presente nos genes dos animais
descendentes de cada geração.
Também se esperasse com os cruzamentos obter dos animais das gerações
produzidas, animais com melhor rusticidade (vinda do Nelore), melhora da carne
(Vinda do Angus) entre outras características. Também se espera animais mais
precoces tendo sido influenciados pela habilidade materna das progenitoras, e os
parâmetros relacionados a carne em si, como melhora na maciez, marmoreio,
espessura de lombo, espessura de gordura subcutânea e rendimento da carcaça.
A Longo Prazo:
A longo prazo a monta dirigida será deixada de lado, tendo em questão o fato de
que o plantel estará maior e a inseminação artificial entrará no programa visando
uma contínua produtividade e em menor tempo, tendo em vista que o sêmen do
macho do plantel pode ser recebido por uma quantidade de fêmeas maior do que
numa monta natural, novos animais também serão introduzidos ao plantel para que
não haja endogamia nos animais, o que seria prejudicial na produtividade do
rebanho e progresso do programa de melhoramento.
E assim programa continuará seu ciclo com essas etapas visando melhores
animais com qualidade de produto ao mercado.
Espera-se com este projeto obter uma raça híbrida, melhorada, dos cruzamentos
das raças Nelore e Angus, que além de adaptável, tendo bom desempenho, obtenha
uma excelente qualidade de carcaça para atender ao objetivo, que é produzir carne
qualificada para atender ao mercado consumidor que a cada dia se torna mais
exigente e seletivo.
CROUSE, J. D. et al. Comparisons of Bos indicus and Bos Taurus inheritance for
carcass beef characteristics and meat palatability. Beef Research Program
Progress Report, Nebraska, n. 4, p. 125-127, 1993.
CUNDIFF, L. V. Beef cattle: breeds and genetics. In: POND, W.; BELL, G.
Encyclopedia of animal science. Ithaca, NY, 2004.
EMBRAPA. Portal Embrapa. Qualidade da carne bovina. Disponível em:
<https://www.embrapa.br/qualidade-da-carne/carne-bovina>. Acesso em: 12 nov.
2018, 13:15:30.