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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – FUPAC

CONSELHEIRO LAFAIETE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

LETICIA MARIA CARVALHO DEUSDEDIT

O ATUAL MERCADO DA CARNE BOVINA NO BRASIL

Trabalho de Revisão da 1ª etapa para a


Disciplina de Bovinocultura de Corte, pelo
curso de Medicina Veterinária da Faculdade
Presidente Antônio Carlos (FUPAC),
ministrado pelo Professor Dr. Pedro Silva de
Oliveira

CONSELHEIRO LAFAIETE
2023
INTRODUÇÃO
A carne possui uma importante função nutricional, principalmente pelo alto
conteúdo de proteínas, pela presença de todos os aminoácidos essenciais e de
micronutrientes como ferro, selênio, zinco e vitamina B12. A demanda mundial por
proteína animal tem aumentado nas últimas décadas e a tendência é aumentar nos
próximos anos, embora o crescimento seja mais acentuado em países em
desenvolvimento. A população brasileira é a segunda maior consumidora de carne bovina
no mundo enquanto o consumo médio mundial é de 9 kg por habitante em 1 ano, a média
de consumo nacional é de 42,2 kg por habitante em 1 ano, o que correspondente a cerca
de 115,3 g. ao dia. A produção brasileira (15,3%) e estadunidense (17,2%) representam
juntas um terço da produção mundial de carne bovina. O mercado interno é o maior
consumidor, sendo que em anos anteriores, 79,9% da produção brasileira de proteína
animal, incluindo carne bovina, suína e de aves, foi destinada ao consumo interno. O
objetivo deste trabalho é descrever sobre a atualidade do mercado da carne bovina no
Brasil.

DESENVOLVIMENTO
Na economia brasileira, o agronegócio possui papel de destaque, uma vez que tem
contribuição significativa na balança de pagamentos do país. Grande parte da produção
nacional, é destinada ao comércio exterior fator importante para a balança comercial cita
CONTINI et al. 2012. O Brasil, figura hoje entre um dos principais produtores de carne
de frango. O país possui mais de 5,5 milhões de matrizes de corte alojadas. Em 2021, no
ranking da produção mundial, ocupava o 3° lugar, com 14,329 milhões de toneladas
produzidas, ficando atrás somente dos Estados Unidos e da China que produzem 20,328
e 14,700 milhões de toneladas. respectivamente. Se compararmos com o ano de 2020 os
números brasileiros mostram que houve um aumento de 3,5% na produção nacional. Os
estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo são os que detém os
maiores números referentes à produção e abate no país para o ano de 2021 (EMBRAPA,
2022).
O Mercado de Carne Halal
A palavra Halal é de origem Árabe e significa lícito, permissível. Alimentos
denominado Halal são aqueles cujo consumo é benéfico a saúde humana e é “permitido
por Deus”, pois estão de acordo com o que está descrito no Alcorão (livro sagrado dos
muçulmanos), o consumo só poderá ocorrer caso os animais que serão usados para a
alimentação tenham passado pelas técnicas Halal. (FAMBRAS HALAL,2022) (DA
SILVA et al. 2019). O comércio Halal vem ganhando destaque como uma das áreas de
mercado com maior influência e lucratividade do mundo. Pesquisas mostram que, o
número de muçulmanos com situação econômica ativa no mundo é de aproximadamente
1,9 bilhão. (FAMBRAS HALAL,2022). A certificação Halal se refere a um documento
fundamental que regulamenta as exportações e consumo para os países do Oriente Médio.
Essa certificação é o que assegura aos islâmicos que os produtos que virão a ser
consumidos são processados de acordo com a sua cultura religiosa. A emissão deste
documento é realizada por uma agência governamental ou uma instituição certificadora,
reconhecida pelos países Árabes, que inspecionam se a empresa seguiu seus preceitos. O
Brasil é um dos pioneiros na certificação Halal, tendo iniciado as atividades em 1979. As
atividades da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras Halal) é a
primeira instituição regulamentadora que verifica se os frigoríficos estão realizando o
processamento dos produtos de acordo com a lei Islâmica (Sharia), ou seja, se seguem as
normas do abate Halal (DE SOUZA, 2019).
Padrão Boi China
Já a expressão "Boi China" é conhecida entre os criadores e se refere ao gado da
raça nelore que atende ao padrão exigido pelo mercado chinês. Investir nesse padrão
significa garantir portas abertas para a exportação e vender por um preço melhor, pois a
China é o maior mercado consumidor de carne bovina do mundo, e quase metade da carne
bovina consumida no país asiático é proveniente do Brasil. O gado nelore, de origem
indiana, adaptou-se bem ao clima tropical do Brasil e é amplamente criado no país. Os
"Bois China" normalmente possuem pelagem clara, boa carcaça, musculatura bem
distribuída, e destacam-se pela rusticidade e um peso de cerca de 19 arrobas. Com a alta
demanda do país por carne bovina integralizou no Brasil inclusive o termo “Boi China”,
que se relaciona com um tipo de bovino jovem, abatido em até 30 meses. A carne bovina
que antes era encarada como um artigo de luxo, passa a cada vez mais entrar na dieta da
população chinesa por conta do crescimento da classe média no País. Para que o animal
seja adequado a esse mercado precisa seguir um padrão como: Ter no máximo quatro
dentes incisivos permanentes; não ter indícios de febre aftosa reconhecido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS); Ter garantia de rastreabilidade; ser oriundo de
uma propriedade que não registrou casos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB),
estomatite vesicular, antraz, diarreia viral e outras doenças nos últimos seis meses nem
ter estado sob restrições veterinárias de quarentena nos últimos 12 meses; não ter sido
tratado com medicamentos veterinários ou suplementos alimentares proibidos na China
ou no Brasil (o Ministério da Agricultura no Brasil informa ao produtor quais são esses
produtos); entre outras tantas características necessárias para intensificar os investimentos
no manejo desses animais. O chinês vê a carne bovina com mais qualidades de saúde e
nutricional do que as carnes suína e de frango. Por isso, o Brasil deve, sempre que possível,
atestar a segurança deste alimento. Hoje, 10% da carne consumida pelo chinês vem do Boi
China brasileiro.
Protocolo 1953: Carne Bovina Premium
Lançado em 2018, o Protocolo 1953 privilegia os pecuaristas que trabalham para
obter animais que garantem carne macia, saborosa e suculenta. Entre as regras básicas para
que um animal desta grife de carne seja certificado, está o grau de sangue (ter no mínimo
50% de sangue de raças taurinas). Com cada vez mais técnicas de produção e de corte, as
carnes premium ganham destaque com sabores e texturas diferenciadas. Os cortes finos
abrem novas possibilidades em preparos e se estendem a diversos tipos de culinárias
levando uma marca única: alta qualidade. Para uma carne ser considerada premium, ela
deve ser obrigatoriamente de um boi com no mínimo 50% de genética europeia, raças
Habeerden Angus e Hereford. Esse fator já confere alta maciez e gordura entremeada à
carne. Além disso, da criação ao abate, bem como da maturação à distribuição, os cortes
devem ter manejo correto. Diferente das carnes especiais que dispensam o fator da raça;
e das carnes nobres, que são as melhores partes do boi, as carnes premium detém os
melhores rebanhos, processos, sabores e texturas. Alguns cortes de carnes premium foram
citados, são elas: Maminha em tira – carnes premium com teor equilibrado; Bananinha –
corte premium ideal para petisco e entrada; Prime Rib – costela premium de sabor
acentuado; Blade Roast – carne premium rústica; Shoulder – corte para temperos e Prime
Steak – fatias generosas. São alguns cortes que irão mudar conceitos de padrão de
qualidade sobre o assunto.
Carne Processada
Nas últimas décadas, com a vida corrida das grandes cidades, a carne
processada ganhou espaço no cardápio da população. Muitas pessoas apreciam o sabor, a
variedade e a conveniência que esse tipo de carne pode oferecer. Mas tudo tem o seu lado
ruim e, neste caso, ele é bem extenso. De acordo com os relatos antigos o processamento
de carne tem suas raízes na salga e na defumação dos alimentos. Essa prática se iniciou
séculos antes da prática da refrigeração, amplamente disponível nos dias de hoje. O
principal objetivo desses processos era o de conservar as carnes por um período mais
longo. Desta forma, garantir o consumo em períodos de escassez de alimentos. A carne
processada é um produto fresco (de carne bovina, suína, de frango e de peru) alterado a
partir do estado original. Logo, sendo submetido a uma (ou mais) fase de transformação
ou elaboração. Podendo ser moagem, adição de ingredientes e aditivos, cozimento, entre
outros processos. O tipo de processamento varia entre os produtos cárneos, sendo que
quanto mais processado o produto for, mais ele perde suas características nutricionais.
Outro ponto é que, mais ele aumenta os riscos de possíveis danos à saúde, quando
comparado a produtos in natura. A carne processada é fabricada pela indústria com
a adição de sal, açúcar ou de outras substâncias de uso culinário às carnes in natura para
torná-las duráveis e mais agradáveis. Nesse grupo estão presente carne seca, bacon,
sardinha e atum enlatados, entre outros produtos cárneos. Durante o processamento da
carne, é necessário considerar que existem diversos riscos que podem afetar a saúde do
consumidor e a sua alimentação saudável entre elas há grande quantidade de fragmentos
que não seriam mais aproveitados pela indústria de carnes, contendo alta concentração de
gordura. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), sim, carnes
processadas são cancerígenas. Uma avaliação dos riscos do consumo de carne
vermelha e processada concluiu e classificou as carnes processadas como carcinogênicas
para humanos. As evidências são suficientes para afirmar que o consumo desse tipo de
alimento provoca câncer colorretal. A ingestão diária de uma porção de 50 gramas
de carne processada aumenta o risco de câncer colorretal em 18%, segundo especialistas
da Iarc. Além disso, o risco aumenta de acordo com a quantidade de carne consumida. O
que muda a aparência a textura e o sabor “aumenta a vida na prateleira” da carne
processada. Mas também proporciona praticidade uma das características procuradas pelo
consumidor na hora da compra. Além de outros aspectos tecnológicos que visam
aumentar a aceitação do consumidor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante desta revisão conclui-se que a carne possui um papel importante e uma
funcionalidade nutricional para o consumidor. Com as diversidades dos mercados
atuais, algumas ganham destaques com maiores influências e lucratividades como o
Padrão Boi China, outras com mais qualidade relacionadas à saúde e valores
nutricionais como por exemplo o mercado Halal, outras com destaques em serem mais
saborosas e cada vez mais atendendo ao mercado consumidor como por exemplo a
Carne Bovina Premium. Embora existem alguns tipos de carnes processadas que trazem
algum risco á saúde do consumidor, esses mercados e produtos tem aumentado
significamente as demandas por proteínas animais nos últimos anos, a estimativa é que
tenha um aumento ainda maior que os anos anteriores, contribuindo com o agronegócio
e a economia brasileira.
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