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A genética da obesidade humana
Tipos de obesidade 7
Terapia Gênica 20
Referências 20
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A genética da obesidade humana
Neste contexto, duas variáveis cognitivas Ob-Rb. Apesar davariedade de áreas que expressam
demonstram um importante papel no apetite e receptores de leptina no hipotálamo, o principal sítio
ingestão alimentar: a restrição e a desinibição de ação da leptina envolvido na regulação da fome
alimentar. As dietas restritivas são aquelas aonde o é o núcleo arqueado. Nesta região hipotalâmica
indivíduo se preocupa com a ingestão dos alimentos, há neurônios anorexígenos, responsáveis pelo
preocupado com fatores como saúde e manutenção estímulo neural do apetite e neurônios orexígenos,
do peso corporal. Os desinibidos são indivíduos responsáveis pelo estímulo neural da fome. A leptina
que tendem a promover uma superalimentação, e interage tanto com os neurônios anorexígenos quanto
possuem quadros de compulsão alimentar, motivados orexígenos.
por fatores externos e emocionais. A ingestão
alimentar é também um controle hedônico, ativado
pela sensação de prazer e palatabilidade de certos
alimentos.
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já pré estabelecidas na literatura, a colecistocinina colaterias, ainda promovem efeito redutor no apetite.
desempenha papel muito importante na regulação Fome, saciedade e náusea parecem ser pontos de
do apetite. Este hormônio é liberado pelo intestino um mesmo espectro fisiológico. Outros hormônios
delgado em estado pós prandial, e parece reduzir a relacionados à regulação da saciedade quando
ingestão alimentar através da interação com o receptor administrados em altas doses também são capazes
de colecistocinina 1 (CCK 1 receptor) no nervo vago de promover náusea.
vagal. Os antagonistas do receptor CCK1 promovem
um aumento da ingestão alimentar em roedores PP: O polipeptídeo pancreático (PP) é sintetizado
e humanos, e um tipo específico de rato que não e liberado pelo pâncreas endócrino. É liberado após
possui este receptor é obeso e hiperfágico, sugerindo as refeições e reduz o apetite. A administração
que a colecistocinina possui um papel fisiológico periférica de PP em ratos e humanos reduz a ingestão
importante na regulação da ingestão alimentar. alimentar e a administração crônica reduz o peso
Contudo, uma infusão contínua de colecistocinina corpóreo em ratos obesos deficientes em leptina.
parece não ter influência na ingestão alimentar após Estudos utilizando administração intravenosa de
24 horas, e apesar da administração intermitente PP em humanos, não mostraram efeitos colaterais
reduzir a ingestão alimentar agudamente, esse efeito como náuseas e enjôos. O efeito anorético do PP
é compensado pelo aumento da ingestão durante as ocorre em parte pela diminuição do esvaziamento
injeções. Estudos mostram que a colecistocinina não gástrico. A ingestão alimentar e massa adiposa de
consegue ativar os circuitos vagais específicos em camundongos transgênicos que expressam grandes
concentrações circulantes endogenamente, sugerindo quantidades de PP estão reduzidas, entretanto esses
que seu modo de ação supostamente ocorre de forma animais apresentam esvaziamento gástrico reduzido.
parácrina ou neurócrina, mas não endócrina. Altas Apesar dos estudos atuais, o papel fisiológico do PP
doses de colecistocinina podem provocar náuseas, no balanço energético ainda é desconhecido.
mas baixas doses, além de não apresentar efeitos
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GLP-1: O mesmo tipo de célula intestinal que para determinar o tipo de obesidade de acordo com
sintetiza o PYY sintetiza uma grande família de o depósito de gordura são:
proteínas precursoras chamadas de preproglucagon.
Esta proteína irá por sua vez produzir inúmeros 1 – Obesidade global: O acúmulo de gordura
peptídeos biologicamente ativos, incluindo o ocorre na região abdominal, porém há também
glucagon, o glucagon-like-peptide (GLP-1), o um acúmulo nos membros superiores (tríceps) e
glucagon-like-peptide 2 (GLP-2) e a oxintomodulina. inferiores (coxa, panturrilha), ou seja, o indivíduo
O GLP -1 é liberado na circulação após uma acumula gordura “por inteiro”.
refeição e é considerado uma potente incretina,
pois a administração central ou periférica estimula 2 – Obesidade ginóide: Característica do gênero
potentemente a liberação de insulina. A administração feminino, o estrogênio favorece aumento da LPL na
intracerebroventricular de GLP-1 reduz fortemente a região glúteo femural, levando a um maior depósito
ingestão alimentar em roedores, e a administração de gordura na região dos quadris e coxa.
periférica de GLP-1 inibe o apetite em animais e
humanos. Atualmente um novo medicamento foi 3 – Obesidade androide: Obesidade encontrada
lançado no mercado para o diabetes, com o princípio principalmente no gênero masculino, há um acúmulo
do GLP-1. Este medicamento têm demonstrado de gordura na região abdominal, caracterizada por um
resultados positivos no controle da fome e tratamento aumento do tecido adiposo subcutâneo abdominal e
para obesidade. visceral.
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Fonte: http://coo.erasmusmc.nl/genetica/ZO_Mitose/M1-1.htm
As bases nitrogenadas se unem uma a outra portanto a ligação entre bases é ocorre sempre de
por interações entre suas moléculas. Desta forma, forma fixa:
cada base faz ligação com outra específica sempre,
Adenina – Timina e Citosina - Guanina
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Em alguns organismos complexos, como os seres herdados dos pais. A fita dupla de DNA condensada
humanos, a cadeia de DNA está condensada nos nos cromossomos representa nosso código genético
cromossomos, dentro do núcleo celular. A espécie e possui todas as informações necessárias sobre o
humana possui 23 pares de cromossomos, sendo 23 funcionamento do organismo.
cromossomos herdados da mãe e 23 cromossomos
Fonte: http://www.chemieonline.de/
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Toda vez que uma célula necessita de uma Após a ligação da RNA polimerase no gene, as
proteína, ela acessa o gene presente no DNA, no fitas duplas se separam e a enzima faz a transcrição
núcleo celular, e produz um RNA mensageiro, ou seja, do gene, copiando a cadeia de nucleotídeos de forma
a cópia do gene desejado. Entretanto, para acessar inversa, obedecendo sempre as ligações base – base.
um gene, a célula precisa de uma “chave” especial de Como a cadeia a ser sintetizada é de um RNA, este
acesso, ou um fator de transcrição. não contém timina na sua composição e sim uracila,
um outro nucleotídeo similar. Desta forma a cadeia
Fatores de transcrição são peptídeos ou proteínas de RNA será formada de forma inversa ao DNA e será
que se ligam ao DNA de células eucarióticas para adicionado uma uracila ao invés de uma timina.
permitir que haja uma ligação entre a enzima RNA-
Fonte: http://desybio.wordpress.com/2010/03/30/
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A molécula de RNA mensageiro segue para fora do núcleo, em direção ao ribossomo localizado no
citoplasma.
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Síntese proteíca
O ribossomo é a organela responsável pelo síntese proteica. O processo de síntese protéica dá início
quando o RNA mensageiro passa liga-se à subunidade de um ribossomo, que consegue ler dois códons por
vez (códon é a sequência de 3 nucleotídeos).
Cada códon liga-se ao anticódon especifico de um coberto. Neste ocorre o mesmo processo já citado,
RNA transportador e o aminoácido que está ligado à então isso ocorre até chegar ao códon terminal
extremidade CCA do RNAt se liga ao outro aminoácido (o ultimo códon do RNAm) e então formou-se
do RNAt, ou seja, ocorre uma ligação peptídica entre nesse processo uma cadeia de aminoácidos, que
os dois aminoácidos dos RNAts na subunidade maior é a proteína. O processo acaba no códon terminal,
do ribossomo. O ribossomo ou RNAm se deslocam porque ele não tem um anticódon correspondente,
(se o RNAm ligar-se à subunidade menor de um cessando o processo e acabando o processo de síntese
ribossomo “solto” no citoplasma, o ribossomo move- protéica. Existem 64 códons diferentes se tomarmos
se, mas se o RNAm ligar-se à subunidade menor todas as combinações de 3 códos utilizando-se de
de um ribossomo que está na parede do reticulo 4 códons diferentes. Portanto cada aminoácido tem
endoplasmático rugoso, o RNAm move-se), onde o pelo menos dois códons diferentes equivalentes.
primeiro códon é descoberto e o códon seguinte é
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Fonte: http://www.biologia.edu.ar/adn/adntema2.htm
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Ocorrem milhares de mutações estáveis ao longo ou defeitos nos cromossomos, pela deleção de uma
da vida (mutações que atingem genes que não são parte de seu segmento.
expressos em determinadas células), entretanto
o maior problema ocorre quando estas mutações Alguns tipos de doenças genéticas podem ocorrer
ocorrem na células germinativas. Desta forma, estes por polimorfismos, ou seja, a presença de dois genes
genes são transmitidos aos descendentes. Como homólogos dominantes diferentes que promovem
a expressão de um gene se dá pela característica uma expressão proteica diferenciada, alterando a
genética do par de cromossomos (cada um característica desta proteína.
proveniente de um progenitor), para ocorrer uma
doença genética é necessário que os dois progenitores Com os avanços na biologia molecular e o estudo
transfiram este gene mutante para seu descendente. de mapeamento genético permitido pela descoberta
Esta classe de doenças genéticas é denominada do genoma humano, foram descobertos atualmente
doença autossômica recessiva. aproximadamente 240 genes ligados à obesidade
(mutações ou polimorfismos). A figura abaixo
Podem ocorrer também outras doenças representa o mapa genético da obesidade, mostrando
genéticas derivadas de trissomias (3 cromossomos todos os genes descobertos, cromossomo onde este
homólogos que ocorrem pela má divisão das células gene está localizado, assim como a sua posição.
germinativas), como é o caso da síndrome de Down,
Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/rn/v17n3/21882f1.gif
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Obesidade monogênica
Aproximadamente 200 casos de obesidade humana
foram descobertos e associados com um único gene
mutante. Dentre estes casos, foram encontradas
mutações em 11 genes diferentes. Geralmente
os sintomas se manifestam na infância e estão
associados ao comportamento, desenvolvimento e
disordens endócrinas.
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- PC1 ou PCSK1 (Pró-Convertase 1) - sua função é Essas síndromes são acompanhadas de retardo
processar a conversão de POMC a aMSH. Há um caso mental, anormalidades no desenvolvimento de alguns
descrito de uma mulher que teve início precoce de órgãos, entre outros. Pode estar relacionado a defeitos
obesidade na infância e apresentava as duas cópias nos genes ou anormalidades nos cromossomos, ou
de PCSK1 mutadas. A paciente apresentava alteração ligada ao cromossomo X.
Fonte: http://vocedeolhoemtudo.com.br/
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Síndrome de Prader-Willi (PWS) descrita pela primeira vez em 1959 por um médico
sueco. Desde então, foram descritos cerca de 500
A síndrome Prader Willi (PWS) é a síndrome casos.
da obesidade mais encontrada (1 em cada 25000
recém nascidos). Esta síndrome é caracterizada pela Este gene decodifica uma proteína ainda
obesidade, hiperfagia, diminuição da atividade fetal, desconhecida, que entretanto leva a várias alterações
retardo mental e hipogonadismo. Esta desordem fisiológicas em seus portadores. As principais
é causada pela ausência do segmento paterno 15 características desta doença são: Obesidade, distrofia
q11.2-q12 através da perda cromossomal. Muitos da retina, cardiomiopatia, falha na função renal, entre
candidatos com PWS foram estudados e sabe-se que outros. O primeiro sintoma que é percebido na criança
a origem da hiperfagia nestes indivíduos é definida é o que se denomina “nystagmus” (movimento muito
pelo grelinoma. Indivíduos com PWS possuem alta rápido e involuntário dos olhos) além de sensibilidade
concentração de grelina, responsável pela hiperfagia. à luz, que inicia-se na infância e posteriormente evolui
Desta forma, apesar de não haver tratamento para a retinopatia e cegueira. A obesidade é precoce,
específico para PWS, os tratamentos com hormônio podendo ser avaliada com dois anos de idade. Os
do crescimento têm mostrado resultados positivos no problemas auditivos começam entre os 8 e 22 anos
tratamento da obesidade destes pacientes. de idade. Ainda na infância, ocorrem alterações
metabólicas importantes como elevada concentração
Síndrome de Bardet – Biedl (BBS) de colesterol, dislipidemias, diabetes mellitus, e, de
forma lenta, mas progressiva, a insuficiência renal.
A BBS é caracterizada por obesidade precoce, Outras manifestações podem incluir manchas na
distrofia da retina, anormalidades morfológicas nos pele denominadas “acanthosis nigricans”, escoliose
dedos, dificuldades de aprendizado, doença renal, ou curvatura da coluna vertebral, pouca estatura,
entre outros sintomas. Esta síndrome foi incialmente hipotiroidismo, hipotestosteronismo nos rapazes,
caracterizada como autossômica recessiva, aumento das enzimas hepáticas, e diversos problemas
atualmente sabe-se que a BBS está associada a de coração. A insuficiência renal pode ocorrer entre
mutações em 11 diferentes locos cromossomais, os vinte e quarenta anos de idade.
sendo que há mutação em cada um deles.Portanto há
11 diferentes tipos dessa síndrome, de acordo com a
região cromossomal atingida pela mutação (BBS 1 – Obesidade poligênica
BBS 11). Atualmente algumas formas de BBS foram
relatadas com mutações recessivas no primeiro Denomina-se obesidade poligênica quando o
loco, associada com mutações heterozigóticas no indivíduo se torna obeso pois o mesmo apresenta
segundo loco, sugerindo a hipótese do trialelo modo susceptibilidade genética de receber influências
de transmissão. Seis genes foram caracterizados na ambientais que promovem aumento do consumo
BBS, entretanto suas funções ainda permanecem energético e diminuição do gasto. Nestes casos
desconhecidas, portanto a causa da obesidade nestes a sua herança genética não é a responsável pelo
pacientes ainda oermanece sem respostas. aparecimento da obesidade, mas uma união de
fatores que interagem para que surja o que se
Síndrome de Alström denomina fenótipo da obesidade. Na obesidade
poligênica, há tanto uma interação gene X ambiente
A síndrome de Alström é uma doença genética
como gene X gene e é a razão pelo qual grande parte
recessiva muito rara, causada pela mutação no gene
dos indivíduos apresentam obesidade.
ALMS1, descoberto no ano 2002. Esta síndrome foi
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A genética da obesidade humana
Como anteriormente discutido, existem mais de A geração de uma proteína funcional, determinada
400 genes relacionados com a obesidade. Estes pelo gene terapêutico, restabelece a célula-alvo, o que
genes estão relacionados a proteínas que podem pode representar a cura da doença genética. Doenças
alterar diversas funções biológicas como regulação do autossômicas recessivas são os melhores candidatos
consumo alimentar, gasto energético, metabolismo para terapia gênica, pois seu tratamento consistiria
de carboidratos e lipídios, desenvolvimento do na modificação de apenas um gene. Infelizmente,
tecido adiposo, processo inflamatório, entre outros. desordens multigênicas ou multifatoriais, tais como
Na obesidade poligênica, não ocorre exatamente doenças do coração, pressão alta, mal de Alzheimer,
uma doença genética autossômica recessiva ou artrite e diabetes, seriam especialmente difíceis
uma síndrome, mas alguns destes genes podem de serem tratadas usando essa terapia, pois são
apresentar polimorfismos, contribuindo de forma causadas por efeitos combinados de variações em
mínima com a etiologia da obesidade. Entretanto muitos genes.
as influências do ambiente, da família, hábitos
alimentares, sedentarismo, podem levar a alteração A expectativa é que a metodologia genética
da expressão de outros genes, contribuindo de forma venha a ser uma abordagem básica para promover
significativa para o aparecimento deste fenótipo. a saúde e controlar as doenças, e a terapia gênica,
um método universal na prevenção de doenças e
no desenvolvimento de tratamentos, inclusive da
TERAPIA GÊNICA obesidade monogênica e síndromes da obesidade.
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