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ASPECTOS GENÉTICOS DA OBESIDADE | 327

REVISÃO | REVIEW

Aspectos genéticos da obesidade

Genetics of obesity

Iva MARQUES-LOPES 1
Amelia MARTI 1
María Jesús MORENO-ALIAGA1
Alfredo MARTÍNEZ1

RESUMO

A obesidade definida como a acumulação excessiva de gordura corporal deriva de um desequilíbrio crônico
entre a energia ingerida e a energia gasta. Neste desequilíbrio podem estar implicados diversos fatores
relacionados com o estilo de vida (dieta e exercício físico), alterações neuro-endócrinas, juntamente com um
componente hereditário. O componente genético constitui um fator determinante de algumas doenças
congênitas e um elemento de risco para diversas doenças crônicas como diabetes, osteoporose, hipertensão,
câncer, obesidade, entre outras. O aumento da prevalência da obesidade em quase todos os países durante os
últimos anos, parece indicar que existe uma predisposição ou susceptibilidade genética para a obesidade,
sobre a qual atuam os fatores ambientais relacionados com os estilos de vida, em que se incluem principalmente
os hábitos alimentares e a atividade física. A utilização de modelos animais de obesidade, a transferência
génica e os estudos de associação e ligamento, permitiram a identificação de vários genes implicados na
obesidade.
Termos de indexação: obesidade, genes, mutação, polimorfismo, estudos de associação e ligamento, modelos
genéticos de obesidade.

ABSTRACT

Obesity, defined as an excessive body fat accumulation, is caused by a chronic imbalance between energy
intake and energy expenditure. Several factors have been associated with this energy imbalance, such as life
style (diet and physical activity), neuroendocrine disorders, together with the genetic background. The genetic
background is a major determinant factor of some congenital diseases and a risk factor for some chronic
disorders, such as diabetes, osteoporosis, hypertension, cancer, obesity, and others. The increased prevalence

1
Departamento de Fisiología y Nutrición, Universidad de Navarra. Edificio de Investigación C/ Irunlarrea, 1, 31008, Pamplona,
España. Correspondência para/Correspondence to: A. MARTÍNEZ. E-mail: jalfmtz@unav.es

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of obesity in most countries during the last years, seems to indicate that there is a genetic predisposition or
susceptibility to be obese which is increased by environmental and life style factors, mainly by food habits and
physical in activity. The use of obesity animal models, genetic transfer and the association and linkage studies
leaded to the identification of many genes associated with obesity.

Index terms: obesity, genes, mutation, polymorphism, obesity genetic models, association and linkage studies.

INTRODUÇÃO nos estilos de vida (aumento do consumo de


alimentos ricos em gordura, redução da atividade
A acumulação excessiva de tecido adiposo física, etc.), que incidem sobre uma certa
(obesidade) deriva de um aporte calórico excessivo susceptibilidade ou predisposição genética para
e crônico de substratos combustíveis presentes nos ser obeso6. Neste contexto, também o fenótipo
alimentos e bebidas (proteínas, hidratos de da obesidade, do qual se distinguem quatro tipos
carbono, lipídios e álcool) em relação ao gasto em função da distribuição anatômica da gordura
energético (metabolismo basal, efeito termogênico corporal (global, andróide, ginóide e visceral), é
e atividade física). Nessa acumulação intervêm, influenciado pela base genética e por fatores
tanto os hábitos alimentares e de estilo de vida, ambientais3,4. Além disso, desde o ponto de vista
os fatores sociológicos e as alterações metabólicas evolutivo, os indivíduos com genes “austeros” ou
e neuro-endócrinas, como os componentes “poupadores” podem ter sido favorecidos, já que
hereditários1,2,3. a função reprodutora está dependente das reservas
Neste sentido, os genes intervêm na energéticas e as pessoas mais resistentes à
desnutrição podem ter sobrevivido em maior
manutenção de peso e gordura corporal estáveis
proporção, durante as épocas de falta de
ao longo do tempo1, através da sua participação
alimentos.
no controle de vias eferentes (leptina, nutrientes,
sinais nervosos, entre outros), de mecanismos Por último, a co-existência de obesidade
centrais (neurotransmissores hipotalâmicos) e de em vários membros da mesma família, confirma
vias aferentes (insulina, catecolaminas, sistema a participação da herança genética na incidência
nervoso autônomo (SNA). Assim, o balanço da obesidade. A probabilidade de que os filhos
energético, do qual participam a energia ingerida sejam obesos quando os pais o são, foi estimada
em alguns estudos obtendo-se percentagens entre
e a energia gasta, parece depender cerca de 40%
50% e 80%7. Confirmam essa hipótese tanto o
da herança genética4, podendo afetar ambas as
fato de existirem indivíduos com uma alteração
partes da equação energética (apetite e gasto).
na termogénese, no metabolismo basal ou na
Os progressos científicos indicam que existe activação simpática, como a constatação de
uma base genética transmissível, implicada na poderem os fatores genéticos modificar os efeitos
manutenção de um peso corporal estável5, através da atividade física sobre o peso e a composição
dos seguintes mecanismos: 1) no controle de corporal8.
péptidos e monoaminas implicados na regulação
do apetite; 2) nas variações do metabolismo basal,
no efeito termogênico dos alimentos ou na ESTRATÉGIAS DE
INVESTIGAÇÃO GENÉTICA
atividade física espontânea e 3) na regulação da
DA OBESIDADE
utilização metabólica dos nutrientes energéticos,
para suprir as necessidades do organismo. A epidemiologia genética da obesidade
O aumento mundial da prevalência da tem como objetivo a discriminação dos rasgos do
obesidade atribui-se principalmente às mudanças fenótipo atribuíveis à base genética em relação

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às influências externas do ambiente9. As estraté- Diversos estudos com elevado número de


gias de investigação dos determinantes genéticos famílias com diferentes graus de consangüinidade
da obesidade incluem métodos muito diversos permitiram quantificar que a associa indicadores
(Quadro 1). O processo de interrelacionar um gene objetivos de obesidade (IMC/%gordura), com a
com um fenótipo torna-se difícil pela baixa proximidade do grau de parentesco4,7, sendo o
densidade de DNA codificante (<5%) e pela coeficiente de correlação (r2) baixo entre esposos
magnitude do material genético constituinte do (0,10-0,19) e tios–sobrinhos (0,08-0,14),
genoma humano, assim como pelas possíveis aumentando entre pais e filhos (0,15-0,23) e entre
interações entre genes e fatores ambientais10. irmãos (0,24-0,34). A correlação do Índice de
Massa Corporal (IMC) é ainda mais elevado em
gêmeos monozigóticos (0,15-0,42) e dizigóticos
Quadro 1. Possibilidades de investigação genética da obesidade.
(0,70-0,88). Ademais, estudos de intervenção
Estudos de síndromes mendelianas dietética, baseados em balanços energéticos
z Autossômico dominante positivos e negativos em gêmeos idênticos,
z Autossômico recessivo assinalam fidedignamente que as diferenças na
z Ligado ao cromossoma X
susceptibilidade à super alimentação crônica ou
Estudos de sistemas modelos
a periodos de inanição, parecem ser explicadas
z Animais obesos
z Animais transgênicos
principalmente por fatores genéticos13,14.
z Cruzamento (QTL): fenótipo vs. genótipo As estratégias de identificação de genes
Estudos de associação e ligamento implicados na obesidade podem ser ascendentes
z Epidemiologia de genes candidatos
ou descendentes10. A metodologia ascendente,
z Segregação familiar
parte do genótipo e tenta observar uma correlação
entre um gene ou grupo de genes com o fenótipo;
isto é, trata de estabelecer uma relação ou
Os estudos de segregação de núcleos “ligação” entre uma característica genética dentro
familiares, de adoções, e entre gêmeos, assim de uma família e a transmissão do gene/genes.
como de associação genética, confirmam a tese O método descendente, parte do fenótipo (índice
de que o risco de obesidade é superior nos de obesidade) e analiza a distribuição ou presença
descendentes de pessoas obesas11. As investiga- de um determinado gene entre diversos núcleos
ções relacionadas com doenças de transmissão e grupos familiares para estabelecer o grau de
mendeliana também indicam que a obesidade hereditariedade desse caráter. Algumas limitações
pode ser uma característica de doenças deste tipo de estudos devem-se à metodologia
autossômicas dominantes, recessivas e ligadas ao de avaliação da obesidade (fenótipo) e à natureza
cromossoma X. Por outro lado, os estudos epidemiológica destas investigações baseadas em
experimentais, também permitiram identificar critérios estatísticos e não individuais7.
alguns genes relacionados com a obesidade, Os estudos de segregação familiar
através do genótipo de animais geneticamente revelam que a hereditariedade do índice de
obesos (leptina, receptor da leptina, proteína Quetelet (peso/altura2) está na ordem dos 40%,
agouti) ou do cruzamento de animais selecionados enquanto que as investigações com gêmeos
pelo fenótipo e mediante animais carentes ou que estimam a contribuição genética em 70-80%13.
expressam de forma elevada receptores No entanto, estas informações não são suficientes
adrenérgicos β3, proteínas desacoplantes (UCP´S), para explicar inequivocamente a origem
fatores de transcrição e diferenciação (PPAR, genética da obesidade, uma vez que as famílias
C/EBP)...), neuropéptido Y (NPY), etc.6,9,12. compartem outros fatores implicados nesta,

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como o estilo de vida, os hábitos dietéticos e TRANSTORNOS DE


o meio-ambiente14. TRANSMISSÃO MENDELIANA

A análise do DNA humano para identificar As doenças de origem genética classificam-


genes relacionados com a obesidade ou outras -se em três categorias: 1) Alterações cromossô-
doenças condicionadas geneticamente, inclui micas; 2) Doenças monogênicas ou de
técnicas de clonação e seqüenciação de genes transmissão mendeliana; e 3) Síndromes multifa-
ou fragmentos de DNA, hibridação de ácidos toriais ou complexas15.
nucleícos, utilização de enzimas de restrição
As alterações cromossômicas implicam
(endonucleases), fracionamentos por electroforese
uma ausência, duplicação ou distribuição anormal
(Southern), amplificação por reações em cadeia
de um ou vários cromossomas, que resultam em
com polimerasas (PCR), ou análise de produtos
deficiência ou excesso de determinado material
do gene (proteínas), entre outras15. A busca de
genético. Por exemplo, a síndrome de Down
novas mutações implica metodologias mais
(trissomia 21) assim como a síndrome de Turner
complexas e específicas, tais como a utilização
(só um cromossoma X), normalmente vêm
de seqüências de DNA, análise inespecífica do
acompanhadas de baixa estatura.
genoma (DD), análise conformacional de
polimorfismos de uma só linha (SSCP) e a As doenças monogênicas ou mendelianas,
electroforese de gradiente16,17. determinadas pela mutação de um único gene,
caracterizam-se por um modelo típico de
Os avanços tecnológicos dos últimos anos
transmissão genética que pode classificar-se como
possibilitaram o desenvolvimento da genômica,
autossômico dominante, autossômico recessivo ou
transcriptômica e proteinômica, ferramentas
ligado ao cromossoma X. A busca no banco de
moleculares que permitem examinar cada estágio
dados sobre Herança Mendeliana no ser humano
do fluxo de informação biológica, de DNA a RNA
(OMIM) indicou 39 entradas que se referem à
e, deste, a proteínas até a função biológica18. Com
manifestação clínica de obesidade com a
tais instrumentos, pode-se avaliar a expressão de
designação de doenças congênitas autossômicas
milhares de genes/proteínas numa única
dominantes; 55 entradas, com a designação de
hibridação, o que se torna de grande utilidade no
transmissão autossômica recessiva; outras 21com
estudo dos mecanismos moleculares das diversas a designação de doenças ligadas ao cromossoma
doenças19,20. Alguns investigadores utilizaram X22,23. A localização cromossômica (locus) no
também a tecnologia array (DNA chip) para genoma humano de pelo menos 16 das doenças
determinar as alterações na expressão de genes mencionadas anteriormente, aparece na
associados com a diabetes em ratos magros, bibliografía sobre o assunto.
obesos e diabéticos. Suas pesquisas indicaram que
A síndrome de Prader-Willi (OMIM 176270;
a expressão de genes adipogênicos era reduzida
15q) cursa com obesidade dismórfica prematura
nos indivíduos com diabetes21.
(1-3 anos), hiperfagia, hipotonia muscular,
Os microarrays de oligonucleótidos hipogonadismo, resistência à lipólise, estatura
constituem uma nova tecnologia para o estudo pequena e atraso mental moderado; é ocasionada
do genoma. Neste sentido, realizou-se uma a síndrome por alterações no braço q do
análise parcial da expressão genômica do tecido cromossoma 15 paterno ou por duas cópias
adiposo em humanos e detectou-se vários genes maternas do mesmo, doença cuja transmissão é
que até o momento não fora demonstrado autossômica dominante e cuja incidência é de 1
expressarem-se no tecido adiposo; tal resultado em 30000. Também são autossômicas dominantes
sugere novos genes implicados na fisiopatologia a deficiência em leptina (OMIM 164160; 7q) e a
da obesidade21. síndrome de Schinzel (OMIM 181450; 12q).

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As síndromes de Ahlstrom (OMIM 203800; A descrição de animais fenotipicamente


2p), Bordet-Biedl (OMIM 209900; 11q, 209901; obesos com mutações monogênicas permitiu
16q, 600151; 3p, 600374, 15q) e Cohen (OMIM localizar alguns genes e caracterizar a sua
216550; 8q), que costumam serem acompanha- participação na obesidade e as conseqüências da
das de um fenótipo de obesidade e de outras sua ausência ou alteração25. Assim, os ratos
manifestações dismórficas como a polidactilia e a diabético (db/db), obeso (ob/ob), Tubby (tub),
sindactilia, são autossômicas recessivas. amarelo (Ay) , gordo (fat) e a rata Zucker (fa/fa),
As síndromes monogênicas ligadas ao permitiram reconhecer genes homólogos no
cromossoma X incluem as síndromes de Borjeson genoma humano, que se podem expressar de
(301900; Xq) e de Simpson (312870; Xq), entre forma dominante (Ay) ou recessiva (db, ob, tub,
outras9. fat).

As últimas síndromes monogênicas descri- O fenótipo de obesidade destes animais é


tas, referem-se às mutações no cromossoma 1, variável no que diz respeito ao seu desenvolvi-
relacionado com o receptor de leptina (LEPR); no mento como nas manifestações e transtornos
cromossoma 2, que afeta a pró-opiomelanocortina metabólicos observados1,26. Assim, o rato amarelo
(POMC); no cromossoma 5, que altera o gene (agouti) expressa de forma muito elevada a
implicado numa convertase de precursores de proteína agouti codificada pelo cromossoma 2,
hormônios (PC1); e no cromossoma 18, que que compete com o hormônio estimulante de
codifica os receptores de melanocortina 4 melanócitos (MSH) e com péptidos relacionados
(MCR4)9,14. com a pró-opiomelanocortina. Neste caso a
obesidade se instala de forma tardia acom-
As síndromes multifatoriais normalmente
panhada de hiperfagia.
afetam vários genes (poligênicos) e a sua
expressão pode depender de fatores ambientais. Os ratos obesos (ob/ob), cuja mutação se
Algumas doenças crônicas, como é o caso da localiza no cromossoma 6 murino, desenvolvem-
diabetes, da hipertensão e da gota, podem incluir- -se com uma síndrome acompanhada de
-se neste grupo; a obesidade, como transtorno de hiperfagia, diabetes e obesidade, cuja origem se
etiologia múltipla, também se pode explicar, em deve à ausência de leptina (LEP) ou à presença
alguns casos, como o resultado de uma doença de leptina não funcional. Por outro lado, o modelo
de origem multifatorial com implicações de obesidade observado no rato db/db e na rata
genéticas15. fa/fa (Zucker) deve-se a uma resistência à leptina,
como conseqüência de alterações no receptor da
leptina, causadas por uma mutação no
UTILIZAÇÃO DE cromossoma 4 do rato ou no cromossoma 5 da
MODELOS ANIMAIS rata. Estes animais, além de obesidade, apresen-
tam hiperinsulinemia, intolerância à glicose e
As investigações com animais de
alterações neuro-endócrinas e termogênicas, além
laboratório destinadas à identificação de genes
de hiperfagia e infertilidade. A rata Zucker
implicados na obesidade e seus homólogos no ser
apresenta algumas variantes, assim como a rata
humano, incluem o estudo de modelos animais
de obesidade com mutações monogênicas e corpulenta, SHR. A mutação presente no gene
poligênicas, a caracterização de loci relacionados tub (rato Tubby), localizada no cromossoma 7,
com a obesidade através do cruzamento de produz obesidade de aparecimento lento, uma
animais com genótipo conhecido e fenótipo obeso ligeira resistência à insulina com hipoglicemia
e também a produção de animais transgênicos moderada e transtornos sensoriais. A ação da
ou knockout de genes candidatos relacionados mutação parece estar ligada a uma incapacidade
com a incidência de obesidade6,12,24. para hidrolizar diversos precursores. O rato gordo

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com a mutação fat/fat no cromossoma 8, constitui uma redução da gordura corporal através da
um exemplo de obesidade tardia, acompanhada expressão aumentada de LPL, UCP e da enzima
de infertilidade e hiperinsulinemia; nele, foi PEPCK ou pelo desenvolvimento de animais
afetada a enzima carboxipeptidase E, responsável knockout para GLUT-4, fração RIIb da
pelo processamento de diferentes precurssores de proteinquinase A, hormônio concentrador de
hormônios como a pró-insulina e o POMC. melanina (MCH) e do neuropéptido Y (NPY).
Os modelos animais poligênicos de Existem, ainda, animais transgênicos vinculados
obesidade, normalmente são de mais interesse aos estudos de controle da termogênese
para avaliar as interações da susceptibilidade (adrenalina), da tolerância à glicose (TNF-α) e da
genética com outras variáveis dietéticas, diferenciação celular (C/EBP).
ambientais e metabólicas, embora a sua inter- É necessário prestar atenção às limitações
pretação possa ser complexa em certos casos. Os
destes modelos transgênicos para validar a função
modelos de obesidade com etiologia poligênica
fisiológica de um determinado gene. O bloqueio
incluem, entre outros, os ratos obesos New
ou expressão aumentada de um gene realiza-se
Zealand, o rato BSB, a rata Osborne-Mendel e a
em etapas muito precoces do crescimento,
rata do deserto, assim como algumas raças de
afetando todos os tecidos do organismo; além
primatas que costumam desenvolver sobrepeso e
disso, também podem existir mecanismos
obesidade pela ingestão de diversas dietas ou
compensatórios para substituir a função desse
como conseqüência da idade4.
gene12. Para atenuar estas limitações existem
Os modelos animais de obesidade atualmente novas estratégias genéticas que
permitiram identificar e caracterizar as regiões permitem a ativação e/ou desativação do gene
homólogas nos seres humanos. Assim, os loci ou tecido em questão e que podem conduzir a
implicados na obesidade presentes nos ratos uma melhor compreensão da função do referido
amarelos (Ay), obeso (ob), diabético (db), gordo gene9,27,28.
(fat) y Tubby (tub) apresentam homologias nos
Outro método, desenhado inicialmente
cromossomas 20 (ASP), 7 (LEP), 1 (LEPR), 4 (CPE)
para a genética vegetal, conhecido como seleção
e 11 (TULP1/2) do genoma humano, respecti-
de locus por caracteres quantitativos, foi
vamente.
convenientemente utilizado para identificar loci
Os ratos alterados geneticamente, animais com influência sobre o fenótipo da obesidade. Esta
que eliminaram ou incorporaram ao seu genoma estratégia requer o cruzamento de duas raças (de
fragmentos específicos de DNA, permitiram ratos, ratas, etc.) com genomas conhecidos;
verificar a função de alguns genes relacionados posteriormente, a análise do fenótipo obtido,
com a obesidade, através da expressão através de determinações do peso, gordura
aumentada, anulação ou regulação de diversos corporal, adiposidade, identifica as regiões
genes 6. Neste sentido, diversos laboratórios cromossômicas implicadas na hereditariedade
criaram animais transgênicos com um fenótipo de dessa característica e as suas possíveis homologias
obesidade, induzido por inibição do receptor de no genoma humano11.
glicocorticóides, expressão aumentada de CRH e A utilização destes métodos permitiu a
de ACTH, expressão aumentada da proteína identificação de pelo menos 55 loci implicados
agouti e do receptor GLUT-4; ou por bloqueio da na transmissão genética da obesidade (e os seus
expressão de UCP e do receptor adrenérgico β3, homólogos no homem), alguns deles dependentes
bombesina e serotonina, assim como da da dieta e de outros poligênicos localizados
metalotioneina. Também se descreveram animais principalmente nos cromossomas humanos 1, 3,
transgênicos em que o fenótipo se caracteriza por 5, 7, 8, 10, 11, 12, 14, 17, 20, e X6,9.

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TRANSFERÊNCIA GÊNICA taxa de lipólise e o consumo de oxigênio nestes


E OBESIDADE animais. Neste sentido, um vetor de expressão
plasmídica com cDNA de leptina, administrou-se
O fundamento teórico de uma nova
no músculo tibial da pata traseira dos ratos, em
estratégia terapêutica, consiste em incorporar um
conjunto com o promotor de citomegalovirus e
gene ou fragmento de DNA no interior de
do elemento regulador da cadeia leve da miosina.
determinada célula 15,16. Esta técnica poderia
Os efeitos da injeção do gene da leptina e a sua
permitir o tratamento genético da obesidade, nos
incorporação ao músculo, revelam uma redução
casos em que a causa seja a ausência ou
significativa do apetite depois da injeção de DNA,
deficiência de um gene implicado na sua
assim como também uma diminuição do peso
etiologia; isto se faria mediante a substituição ou
corporal. Em relação aos animais controle os
incorporação de um determinado gene cuja
animais submetidos à terapia gênica com leptina,
atividade seja deficiente ou inadequada. Um
aumentaram tanto a leptinemia como o consumo
exemplo desta possibilidade consiste em induzir
de oxigênio in vitro e a lipólise basal29.
determinadas células (por exemplo, músculo) a
produzir grandes quantidades de uma proteína Estes resultados confirmam que a leptina
através da incorporação de um determinado gene funcional pode ser produzida pelo músculo e
ou fragmento de DNA no seu núcleo celular. Os liberada na circulação sangüínea; isto reforça a
métodos de introdução de material genético hipótese de que a leptina contribui aos efeitos de
incluem vetores virais (adenovirus, herpes vírus e regulação do peso e da gordura corporal, podendo
outros) e não virais (lipossomas, conjugados constituir-se numa via de aplicação da terapia
DNA-proteínas). A transferência do material pode gênica no tratamento da obesidade.
realizar-se ex vivo a células cultivadas, para
posterior transplante ao receptor; ou in vivo, ESTUDOS DE ASSOCIAÇÃO
mediante a transferência direta (injeção) do vetor E LIGAMENTO
com o gene para as células do receptor. Assim,
uma vez que a transferência de DNA para as Os métodos de associação e ligamento
miofibrilhas pode induzir a expressão de genes genético constituem instrumentos valiosos para
exógenos, injeções intra-musculares de plásmidos identificar o componente hereditário da obesi-
com cDNA específicos foram utilizadas como dade11,32. Os estudos de associação referem-se à
método de produção de diferentes proteínas: busca de relações estatísticas entre um polimor-
fatores de coagulação, enzimas, citoquinas, fismo genético e um determinado fenótipo,
hormônios, etc. Um exemplo da possibilidade geralmente entre indivíduos sem parentesco. A
desta técnica deu-se na indução da produção de estratégia epidemiológica pode considerar: a
leptina em músculo, depois da incorporação do comparação entre casos e controles, a análise da
seu gene nesse tecido29. variação para loci específicos ou a discriminação
A leptina, sintetizada e segregada pelo entre portadores e não portadores em relação a
tecido adiposo, funciona como um sinal aferente um determinado caráter.
de saciedade, que atua sobre o hipotálamo, Os estudos de associação aportam
regulando o apetite e o metabolismo e, portanto, informação particularmente importante para a
controlando a massa gorda corporal30,31. Assim, identificação de genes com uma pequena
os ratos ob/ob que apresentam uma mutação contribuição ao fenótipo de obesidade. No
neste gene, são animais obesos, nos quais a entanto, a sua interpretação deve ser realizada
administração repetida de leptina induz uma com cautela, uma vez que se exigem valores
redução do apetite e do peso corporal. Por outro estatísticamente significativos (p<0,01) para uma
lado, o tratamento in vivo com leptina aumenta a associação, esta pode ser devida a uma relação

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causal, em que os loci apareçam associados em algumas discrepâncias, e inclusive resultados


conseqüência do azar ou da seleção genética, ou controversos em relação a algums deles4. Por isso,
que sejam simples artefatos4. Neste sentido, as expectativas geradas para o gene da leptina e
diversos índices do fenótipo da obesidade (pregas do seu receptor (LEPR) não foram totalmente
cutâneas, peso, IMC, etc.) apresentaram confirmadas experimentalmente, embora existam
correlações positivas (p<0,01) com alguns genes, evidências de uma implicação em alguns estudos
como por exemplo, apolipoproteína B (ApoB), de obesidade extrema em certos grupos étnicos33.
apolipoproteína D (ApoD), fator de necrose
Ademais, alguns estudos sugerem que no
tumoral α (TNF-α ), receptor D2 de dopamina
braço 7q próximo do gene LEP, podem existir
(DRD2), receptor de lipoproteína de baixa
marcadores intimamente relacionados com a
densidade (LDLR), receptor de melanocortina 4
(MCR4), receptor de melanocortina 5 (MCR5), obesidade. Também a região cromossômica 11q
leptina e seu receptor (LEPR), receptor de e o cromossoma 20 apresentaram uma possível
glicocorticóides (GLR), receptor ativado por associação com a obesidade, assim como os
peroxissomas (PPAR), leptina, receptor adrenérgico cromossomas 2, 5 e 10 com a leptina circulante,
β3 (ADRB3) e proteína transportadora de ácidos onde se encontram os genes da proteína
graxos (FABP2). reguladora da glicoquinase (GKRP) e da pró-
-opiomelanocortina (POMC). A mutação Trp 64
Por outro lado, os estudos de ligamento
Arg do gene do receptor adrenérgico β3 não
genético implicam persistência ou co-segregação
parece apresentar associação com obesidade em
de um marcador genético ou locus e de um
todas as populações estudadas, apesar dos
caráter, durante gerações, dentro da mesma
família. Esta estratégia pode utilizar-se com genes resultados iniciais sobre a sua implicação e a sua
candidatos ou com marcadores de polimorfismos associação consistente com uma diminuição do
e torna-se mais útil quanto mais perto se localiza metabolismo basal11.
o marcador em relação ao locus no cromossoma. Além disso, existem três marcadores
Este protocolo pode utilizar-se com painéis de adjacentes à proteína desacoplante 2 (UCP2) que
famílias nucleares ou através da genealogia, sendo apresentaram um certo ligamento com o
freqüentemente útil no seguimento de fenótipos metabolismo basal dos seus portadores. A proteína
complexos, caraterizados pela presença de um desacoplante 3 (UCP3) também está sendo
gene importante 11 . Uma alternativa a este implicada no controle do gasto energético e,
procedimento, consiste no estudo de casais de indiretamente, na obesidade29, assim como o
irmãos em relação a um marcador genético e um receptor ativado por peroxissomas (PPAR) em
fenótipo determinado, já que não requer o estudos de epidemiologia genética34.
conhecimento do modo de transmissão, podendo
ser utilizado para diversos loci.
MAPA GENÉTICO
A existência de associação entre o IMC DA OBESIDADE
ou outros índices fenotípicos de obesidade (pregas
cutâneas, conteúdo em gordura, entre outros) e O mapa genômico descreve a ordem dos
alguns genes, foi encontrada com uma genes ou de determinados fragmentos de DNA
probabilidade associada inferior a 0,01 para alguns (marcadores), assim como os espaços não
genes como: fosfatase alcalina 1 (ACP1), receptor codificantes em cada cromossoma16.
de glicocorticóides (GR), fator de necrose tumoral O nível mais baixo de resolução
a (TNF-α), leptina, grupo sangüíneo Kell (KEL), corresponde aos mapas de ligamento genético,
receptor 4 e 5 de melanocortina (MC4R e MC5R) que só mostram a localização relativa de
e adenosina deaminase (ADA), embora existam marcadores de DNA ou genes, enquanto que os

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mapas físicos descrevem a posição exata no cromossomas do genoma humano contêm loci
cromossoma correspondente, com distâncias que relacionados com a obesidade, exceto o
se medem em pares de bases. Os métodos para cromossoma Y 6,26. Assim, alguns cromosso-
o traçado genético incluem, entre outros: mas1,2,6,8,11,20 apresentam pelo menos três loci
hibridação in situ, remoção de uma parte ou relacionados com a obesidade nos braços p e q
restrição de regiões cromossômicas e isolamento cromossômicos; existem outros, em que só um
de cromossomas artificiais em leveduras15. O dos braços possue 3 loci (3p, 4q, 5q, 7q, 12q,
traçado do mapa genético da obesidade supõe 13q, 15q, 22q e Xq), enquanto que outros
identificar os loci onde residem os distintos cromossomas não têm loci em nenhuma das suas
caracteres envolvidos na etiologia da obesida- regiões p/q (7q, 21p y 22p).
de9,35. Diversas investigações, utilizando diferentes Por outro lado, a participação dos diversos
protocolos e metodologias, identificaram mais de genes no desenvolvimento da obesidade pode
430 genes e diversos marcadores genéticos afetar o controle do apetite (NPY, leptina, POMC,
implicados na obesidade (Figura 1). CCK, MCH, serotonina, dopanina), o gasto
As investigações relacionadas com doenças energético e a regulação termogênica (ADR2 e
de transmissão por genética mendeliana 3, UCP1, UCP3, leptina…), assim como a
acompanhada de manifestação clínica de utilização metabólica de substratos combustíveis
obesidade, mutações monogênicas em animais e sinalização (PPAR, APOB,APOD, PKA, etc.).
geneticamente obesos, análises genéticas Note-se que existem genes que inicial-
inespecíficas, experiências com cruzamento de mente costumava-se relacionar com a obesidade,
animais, e os estudos de associação e ligamento embora disso não se tivesse estabelecido uma
com genes candidatos, indicam que todos os implicação firme e outros genes, cujos estudos

Figura 1. Mapa genético da obesidade.

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apresentaram resultados controversos. Entre eles com o metabolismo, como é o caso da adenosina
se incluem os seguintes: genes da proteína desaminase (ADA), da fosfatase ácida (ACP1),
desacoplante 1 (UCP1), receptor adrenérgico β2 do fator de necrose tumoral a (TNF-α), de
(ADB2), insulina (INS), seu receptor (INSR) ou o determinados neuropéptidos hipotalâmicos e seus
sustrato do receptor de insulina (IRS-1), receptor receptores (MCR3,4 e 5, POMC, NPY) e dos
1 e 5 do neuropéptido Y (NPY1R e NPY5R), receptores adrenérgicos (ADRB2 e 3).
ATPase-1 (ATP1), receptor de colecistoquinina A A maior sobrevivência dos indivíduos
(CCKAR), transportador GLUT-1 (GLUT-1), proteína obesos e a influência das reservas de gordura na
Tubby (TUB/TULP1/2), inibidor da atividade de fertilidade em situações de falta de alimentos,
plasminogênio -1 (PAI-1), fator semelhante à podem ter sido em parte responsáveis por uma
insulina 2 (IGF-2), proteína agouti e moléculas seleção natural de pessoas com tendência à
implicadas na diferenciação de adipócitos obesidade.
(CEBP/PPAR), entre outros11,32,36.

REFERÊNCIAS
CONCLUSÃO
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obesidade tem um caráter hereditário. A influência
and metabolic changes induced by a high-
genética como causa de obesidade pode
-carbohydrate, low-fat meal in lean and overweight
manifestar-se através de alterações no apetite ou
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lipídios (PPAR, aP2). Também outros, relacionados adrenergic gene and lipid metabolism during

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