Machine Translated by Google DOI: 10.

21451/1984-3143-AR999

Anais da 31ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE); Cabo de Santo Agostinho, PE, Brasil, 17 a 19 de
agosto de 2017.

Inseminação artificial cronometrada: desafios atuais e avanços recentes na eficiência

reprodutiva em rebanhos de corte e leite no Brasil

Pietro Sampaio Baruselli1 , Roberta Machado Ferreira, Marcos Henrique Alcantara Colli,
Flávia Morag Elliff, Manoel Francisco Sá Filho, Lais Vieira, Bruno Gonzales de Freitas

Department of Animal Reproduction, USP, São Paulo, SP, Brazil.

Abstrato contribuir para melhorar a produção nacional de quilogramas

de carne e litros de leite por hectare e, consequentemente,
A produtividade da carne bovina e leiteira depende melhorar a rentabilidade da pecuária.
diretamente da eficiência reprodutiva e do ganho genético do
Palavras-chave: aceleração da idade reprodutiva, manejo
rebanho, o que pode estar relacionado ao uso adequado de
reprodutivo, programas de ressincronização, eficiência
biotecnologias, como a inseminação artificial em tempo fixo
reprodutiva.
(IATF). Ao considerar variações nos protocolos de
sincronização, períodos mais longos ou mais curtos de Introdução
tratamento com dispositivo de progesterona (P4) podem trazer benefícios à fertilidade.
Entretanto, nossos estudos evidenciaram que protocolos com O Brasil ocupa uma posição de destaque na indústria
seis (J-synch), sete, oito e nove dias de tratamento com global de carne bovina. Além de ser uma das líderes no
dispositivo P4 tiveram gravidez semelhante por IA (P/AI). Em mercado de exportação de carne bovina, tem destaque no
vacas cíclicas, a administração precoce de prostaglandina desenvolvimento científico e na aplicação comercial de
(PGF), passando do dia da retirada do dispositivo P4 para biotecnologias reprodutivas aplicadas. O uso correto de
dois dias antes, o que resulta em quatro manejos de vacas, biotecnologias nas fazendas desempenha um papel crítico na
ou a administração de uma dose extra de PGF no início do produtividade. Dentre as biotecnologias reprodutivas mais
protocolo e um uma única PGF no dia da retirada do dispositivo utilizadas, a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) - que
de P4 (três manipulações) são eficientes para induzir luteólise dispensa a necessidade de detecção de estro - merece
precoce, reduzindo as concentrações séricas de P4 e, destaque por facilitar o manejo e melhorar a eficiência
portanto, estimulando a pulsatilidade do LH, o que melhora o reprodutiva e o ganho genético dos rebanhos. Dados
crescimento do folículo dominante e resulta em maior P/AI levantados em nosso laboratório em 2016 mostraram que em
quando comparado aos protocolos com administração de PGF 2015 a TAI movimentou aproximadamente R$ 567 milhões
somente no dia da retirada do dispositivo P4. (~U$ 175 milhões) no Brasil, com uma estimativa de 3.500
A ressincronização é outra ferramenta valiosa para reduzir o veterinários envolvidos diretamente com esta atividade. A IA
intervalo entre IA. O Resynch tradicional é iniciado no cronometrada está atualmente implementada em 8,2 milhões
diagnóstico de gestação (28 a 32 dias após a IATF) e o de vacas de corte, gerando, portanto, um aumento de 8% na
intervalo entre as IA é em torno de 40 dias; O Resynch 22 e o produção de bezerros, o que representa aproximadamente
Resynch 14 iniciam respectivamente 22 e 14 dias após a IA 656 mil bezerros a mais por ano ou uma renda adicional de
anterior em todas as vacas (estado de gestação desconhecido) R$ 820 milhões/ano (~US$ 253 milhões) em comparação com
e reduzem o intervalo entre a IA para 32 e 24 dias. A novidade criação de serviço natural. O Time AI também acelera o parto
do Resynch 14 é a necessidade do uso da ultrassonografia e agrega ganho genético aos rebanhos, gerando um ganho
Doppler para diagnóstico de gravidez [avaliação da médio de 20 kg no peso ao desmame dos bezerros, o que
vascularização do corpo lúteo (CL)]. P/AI semelhantes após representa 3,3 milhões de bezerros desmamados com 20 kg
Resynch 22 e 14 foram encontrados em vacas Nelore. Na extras ou, R$ 400 milhões extras (~U$ 123 milhões). Além
pecuária leiteira o manejo reprodutivo é realizado durante todo disso, do desmame ao abate, os bezerros TAI ganham 15 kg
o ano, portanto, é importante adequar o manejo reprodutivo a adicionais de carcaça, gerando R$ 482,2 milhões extras (~U$
poucos dias da semana estabelecidos. Portanto, o Resynch 149 milhões). Assim, a TAI agrega à cadeia da carne bovina
tradicional e o Resynch 25 foram programados para iniciar 32 cerca de R$ 1,7 bilhão (mais de meio bilhão de dólares) por
e 25 dias após o TAI anterior, respectivamente. A aceleração ano (Baruselli, 2016).
da idade reprodutiva de novilhas Nelore visa reduzir a idade
ao primeiro parto e aumentar a produtividade. Fatores como Quanto aos rebanhos leiteiros, a IATF também tem
idade, peso, escore de condição corporal (ECC), escore impacto e acrescenta cerca de R$ 900 milhões extras (~U$
uterino (USC), ganho de peso médio diário (GMD), relação 278 milhões) por ano, reduzindo o intervalo entre partos e
altura na cernelha/profundidade das costelas (dRIB) e utilizando touros geneticamente superiores. Estima-se que a
espessura de gordura subcutânea (SCFT) foram associados IATF reduza um mês de intervalo entre partos, aumentando
a um aumento no sucesso do estabelecimento gestacional na em 10% a produção anual de leite, o que no Brasil representa
IATF e pode ser utilizado para selecionar as novilhas mais 690 milhões de litros extras de leite ou R$ 759 milhões (~U$
aptas à reprodução. Estas tecnologias podem 234 milhões) de renda adicional por ano.
Além disso, a utilização de touros com genética superior

_________________________________________
1
Autor para correspondência: barusell@usp.br
Recebido: 20 de junho de
2017 Aceito: 15 de julho de 2017
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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.
acrescenta cerca de 300 litros de leite por lactação da filha,
resultando em uma renda extra de R$ 113,9 milhões (~U$ 35
milhões; Baruselli, 2016). Assim, estima-se que o impacto da
IATF nas cadeias de laticínios e carne bovina, em conjunto,
atinja cerca de R$ 2,6 bilhões (~US$ 800 milhões) por ano de
renda extra.
Em 2016, o TAI atingiu a marca de 11.034.119
procedimentos, o que representa um crescimento de 5,1% em
relação ao ano anterior (Fig. 1; dados não publicados do VRA-
USP-Brasil; 2017), segundo levantamento realizado com base
sobre o número de protocolos vendidos para IATF (informações
fornecidas pelas empresas do setor) e o número de palhetas
de sêmen comercializadas (Associação Brasileira de
Inseminação Artificial -
coúerN
sotnemoidreem d
p
Figura 1. Evolução temporal da inseminação artificial (IA) no Brasil. Os números de IA realizadas após detecção de estro e após
tratamentos para IATF (IATF) são estimados com base no número de protocolos vendidos para IATF (informações fornecidas
pelas empresas do setor) e no número de palhetas de sêmen comercializadas (ASBIA, 2017). Os dados foram organizados pelo
Departamento de Reprodução Animal-FMVZ-USP, São Paulo, Brasil, 2017.
Conquistas recentes para melhorar a eficiência do TAI em
campo
Neste tópico serão discutidas a evolução e as
principais perspectivas dos programas de IATF utilizados na
pecuária de corte e leite no Brasil. Variações dos protocolos de
sincronização atuais, como duração do dispositivo de
progesterona (P4) e prostaglandina F2ÿ precoce
(PGF), foram investigados para otimizar o manejo dos animais
e a eficiência dos protocolos de IATF.
Adicionalmente, a evolução de programas de ressincronização
da ovulação, permitindo o manejo posterior da IATF durante a
estação reprodutiva, poderá reduzir o intervalo entre partos e
acelerar o ganho genético. Finalmente, a redução da idade das
novilhas à medida que ingressam nos programas de IATF é
outra grande ferramenta para maximizar a produção de bezerros
de fêmeas geneticamente superiores mais precocemente,
acelerando a idade ao parto e acelerando o avanço genético.
Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017
ASBIA, 2017). Atualmente, os procedimentos de IATF
correspondem a 85% das inseminações realizadas no Brasil (fig. 1).
Assim, fica evidente que a TAI ocupa um lugar relevante no
mercado de IA. O forte avanço obtido nos últimos anos é
indicativo de que a tecnologia se consolidou no mercado, pois
traz resultados positivos para a pecuária e profissionais
qualificados para sua execução. Apesar de
Comprovados os benefícios da IATF para a eficiência
reprodutiva, apenas 10 a 12% das fêmeas em idade reprodutiva
são de fato inseminadas no Brasil (Baruselli, 2016). Assim,
novas estratégias para expandir a aplicação da IA e otimizar os
resultados devem ser incorporadas para maximizar a sua
utilização e melhorar ainda mais o seu impacto económico.
Ano
A evolução e flexibilidade dos protocolos TAI
Nos últimos anos, os protocolos de IATF para bovinos
de corte e leite passaram por diversas modificações com o
objetivo de melhorar os resultados da gestação. A duração do
tratamento com dispositivos de P4 ou progestógeno (resumidos
na Tabela 1) e a administração precoce de PGF (do dia da
retirada do dispositivo até dois dias antes da retirada do
dispositivo; resumidos na Tabela 2) foram as principais alterações
avaliado. Resumidamente, na maioria dos experimentos, o
protocolo básico utilizado como controle foi a inserção de um
dispositivo liberador de P4 ou progestógeno mais a administração
IM de benzoato de estradiol (BE) em dias aleatórios do ciclo
estral definidos como dia 0, remoção do dispositivo e
administração intramuscular de PGF, cipionato de estradiol
(CE) e gonadotrofina coriônica equina (eCG) no dia 8 e IATF
48 horas depois.
559
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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.

As modificações na duração do tratamento com
P4 ou dispositivo de progestógeno em vacas baseiam-se
nas seguintes evidências. O aumento da duração do
tratamento com dispositivo, de 8 para 9 dias, poderia
proporcionar maior tempo de crescimento ao folículo
dominante, garantindo a ovulação de folículos de maior
diâmetro com maiores taxas de ovulação (Mantovani et al.,
2005, 2010; Sá Filho et al . , 2010) e, consequentemente,
gerando corpo lúteo (CL) maior e com maior capacidade
de síntese de P4 (Mantovani et al., 2005). Por outro lado,
períodos excessivamente longos de dominância folicular
podem perturbar a qualidade do oócito, resultando na
redução da fertilidade (Cerri et al., 2009; Mihm et al., 1999; Roche
Outra hipótese é que a redução do período de exposição
ao P4 (para seis ou sete dias) possa evitar efeitos adversos
do crescimento folicular ao final do protocolo, prolongando
o proestro e aumentando a concentração de estradiol nesse protocolo) receberam administração precoce de PGF [(dois
período (Bó et al., 2016 ) . .
Resumidamente, nenhuma destas modificações testadas e
resumidas na Tabela 1 melhorou a gravidez por inseminação PGF no dia da remoção do dispositivo [dia 9; 36,1%
artificial (P/IA) após IATF. Protocolos com seis (J-synch),
7, 8 ou 9 dias de tratamento com dispositivo P4 foram
igualmente eficientes (Tabela 1). Da mesma forma, estudos
anteriores mostraram que a idade do folículo ovulatório não
influenciou a P/IA em novilhas e vacas de corte lactantes
(Abreu et al., 2014a, b). A ausência de diferenças entre os
protocolos que utilizam P4/E2/eCG com vários períodos de
tratamento do dispositivo P4 (6 a 9 dias) pode indicar que
o novo folículo dominante possui uma janela de tamanho e
duração do proestro para ovular um ovócito competente e
adequado para fertilização.
Isto permitiria um gerenciamento flexível para protocolos
TAI.
Em países que utilizam protocolos baseados em
GnRH e PGF, o efeito benéfico da alteração da duração do
protocolo Ovsynch tradicional tem sido associado a maiores dia da retirada do dispositivo (Carvalho et al . , 2008).
concentrações de estradiol circulante, prolongando o
proestro antes da ovulação e maiores concentrações de
progesterona na fase lútea subsequente, especialmente
nas vacas. que não ovulam após o primeiro GnRH (Bridges
et al., 2014). Além disso, altas concentrações de estradiol
no período de proestro têm sido associadas a um ambiente
uterino mais adequado e menor incidência de perda
embrionária (Jinks et al., 2013).
Por outro lado, no protocolo baseado em P4/E2/
eCG rotineiramente utilizado no Brasil, a falta de diferenças
na utilização de diferentes períodos para tratamento do
dispositivo P4 pode ser devida a diversos motivos: 1) a alta eficiência no
a sincronização de uma nova onda folicular no início do
protocolo; 2) o tratamento com eCG para estimular o
crescimento do folículo dominante e aumentar as
concentrações circulantes de P4 na fase lútea subsequente;
e 3) o tratamento com estrogênio que aumenta as
concentrações circulantes de estradiol antes de uma
ovulação sincronizada.
A outra proposta de modificação do protocolo
estava relacionada à administração precoce de PGF, desde
o dia da retirada do dispositivo até dois dias antes, visando
induzir luteólise precoce e reduzir a P4 sérica em vacas
cíclicas. Isto estimularia a pulsatilidade do hormônio
luteinizante
(LH) Lonergan,
et al ., 1999; e, consequentemente,
2011). melhoraria o
crescimento do folículo dominante (Mantovani et al., 2005,
2010). Nesse contexto, maior P/IA foi alcançada quando
vacas Nelore em ciclagem (detecção de CL no início do
dias antes da remoção do dispositivo; dia 7; 50,3%
(86/171) ]) em comparação com aqueles que receberam
(56/155); P < 0,05]. Tal diferença não foi observada em
vacas sem CL no início do tratamento para IATF (Meneghetti
et al., 2009). Aumento da P/IA também foi observado com
a administração precoce de PGF (do dia 9 ao dia 7) para
vacas Nelore não lactantes (Peres et al., 2009). Em vacas
leiteiras, a administração precoce de PGF do dia 8 ao dia
7 também melhorou a fertilidade para IATF e transferência
de embriões (Pereira et al., 2013).
Apesar de melhorar o P/AI, o a
administração precoce de PGF exige um dia extra de manejo
dos animais, o que é indesejável, principalmente em fazendas de corte.
Uma estratégia alternativa para reduzir a concentração
sérica de P4 durante o protocolo de IATF de vacas com LC
evitando o manejo extra é a inclusão de uma dose extra de
PGF no início do protocolo, mantendo a segunda dose no
Nesse contexto, vários estudos mostraram P/IA semelhantes
quando vacas foram tratadas com uma única administração
de PGF no dia 7 (quatro manejos dos animais) ou PGF no
dia 0 e novamente no dia da remoção do dispositivo (três
manejos dos animais) para vacas Nelore ( Carvalhaes et
al., 2016; Mingoti et al., 2016), novilhas Girolando
(Mendanha et al., 2012) e novilhas mestiças Nelore-
Aberdeen Angus (Colli et al., 2016), conforme resumido na
Tabela 2. Assim, o a inclusão de uma dose extra de PGF
no início do protocolo permite melhorar a fertilidade,
reduzindo a concentração sérica de P4 durante os
protocolos de IATF, sem a necessidade de um dia extra de
manipulação.

560 Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017

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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.

Tabela 1. Eficiência de protocolos de IATF com diferentes períodos de progesterona (P4) ou fonte de progestágeno em diferentes categorias de bovinos.
Referência Fonte de P4/progestina N Categoria Dispositivo, dias Gravidez por IA Valor P

Barbuio et al. (2016) Novo FertilCare 1200® 313 Vaca Nelore em Lactação 8 contra 9 55,8% (87/156) versus 56,1% (88/157) 0,96

Barbuio et al. (2016) New Crestar® 297 Vaca Nelore em Lactação 8 contra 9 59,6% (87/146) versus 62,9% (95/151) 0,59

Barbuio et al. (2016) 1x Crestar® usado 214 Vaca Nelore em Lactação 8 contra 9 46,7% (50/107) vs. 43,0% (46/107) >0,05

Mingoti et al. (2016) Novo Sincrogest® 288 Vaca Holandesa em Lactação 8 contra 9 28,3% (41/145) vs. 23,8% (34/143) 0,28

Santos (2016) Novo CIDR® 655 Vaca Nelore em Lactação 7 contra 9 56,2% (195/347) versus 54,2% (167/308) 0,49

Motta et al. (2016) 2x FertilCare 1200® usado 211 Novilha Nelore 6 contra 8 47,1 (48/102) versus 48,6% (53/109) >0,05

Motta et al. (2016) 2x FertilCare 1200® usado 574 Novilha Nelore vs. Novilha Angus 6 contra 8 55,0% (159/289) versus 55,4% (158/285) >0,05

Elliff et al.(2017)* Vaca Holandesa emPrimer® 505

Lactação 27% (68/255) vs. 25% (64/250) *enviado 7 contra 8semelhante (P = 0,554) por IA (dia 40) entre grupos tratados
para publicação - SBTE 2017: foi observada prenhez 0,72

com dispositivo intravaginal contendo 1g de P4 mantido por 7 dias (28%; 35/129) ou 8 dias (24%; 31/130) ou contendo 0,5g de P4 mantido por 7 dias (26%; 33/126) ou 8 dias (27%; 33/120).

Tabela 2. Eficiência de protocolos de IATF com três (administração de PGF no dia 0 e nos dias de retirada do dispositivo) ou quatro manejos de animais (administração de PGF dois dias antes da retirada do dispositivo) em diferentes
categorias de bovinos.
Referência Duração e origem do dispositivo P4 N Categoria Lidando com o número de gravidez por IA Valor P

Mendanha et al. (2012) CIDR® (9 dias) 2x 451 Girolando heifer 3 contra 4 40,3% (92/228) versus 42,1% (94/223) >0,05

Colli et al. (2016) CIDR® usado (8 ou 9 dias) 367 Novilha Angus x Nelore 3 contra 4 57,3% (110/192) versus 57,1% (100/175) 0,93

Mingoti et al. (2016) Sincrogest®† & CIDR®†(8* ou 9 dias) 1.941 Vaca Nelore Lactante Novo CIDR® † (9 dias) 3 contra 4 53,4% (518/971) vs. 53,9% (523/970) 0,71

Carvalhaes et al. (2016) *3 289 Vaca Nelore em Lactação 3 contra 4 57,1% (84/147) versus 64,8% (92/142) 0,18

manejos de bovinos com tratamento com PGF somente no dia da retirada do dispositivo P4. †Dispositivo P4 novo, 1x usado e 2 usados.

Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017 561

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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.
Ressincronização da ovulação (programas Resynch)
Para alcançar a máxima eficiência reprodutiva,
devem ser adotadas estratégias agressivas para concentrar
as gestações no início da estação reprodutiva. Para isso,
três etapas devem ser consideradas: IA de todas as vacas
no início da estação reprodutiva, identificação precoce das
vacas não prenhes e reinseminação das vacas não prenhes
o mais cedo possível. O manejo mais comumente adotado
para engravidar vacas não gestantes logo após a primeira
IA é a introdução de touros de limpeza para o restante da
estação reprodutiva. No entanto, alternativas modernas
conhecidas como Programas de Ressincronização são uma
ferramenta potencial para reduzir o tempo para inseminações
subsequentes.
O termo “ressincronização” ou “Ressincronização”
refere-se ao tratamento para sincronização da emergência
da onda folicular e da ovulação de uma fêmea que foi
previamente submetida à IATF. O objetivo da técnica é
permitir a posterior IA de vacas que já passaram por uma
ou mais IA sem estabelecer gestação, eliminando a
necessidade de detecção de estro, maximizando o uso de
touros selecionados e melhorando a eficiência reprodutiva
associada ao ganho genético.
Consequentemente, permite a redução do intervalo entre a
IA e acelera a concepção pós-parto, reduzindo o intervalo
entre partos e acelerando a evolução genética dos rebanhos.
A princípio, o programa Resynch (denominado
Resynch tradicional) era iniciado no diagnóstico de gravidez,
cerca de 28 a 32 dias após a IATF (Stevenson et al., 2003;
Marques et al., 2012, 2015). Vacas diagnosticadas como
não gestantes iniciaram imediatamente um novo protocolo
para IATF. Este manejo do Resynch é flexível (começa na
data escolhida para o diagnóstico de gestação) e os
tratamentos são realizados apenas em vacas não gestantes.
Porém, o intervalo entre IA gira em torno de 40 dias e ainda
é considerado muito longo por alguns técnicos em
comparação com a exposição ao touro, quando o
acasalamento ocorre em torno de 21 dias após a IATF.
Embora a cobrição de touros permita a redução do intervalo
entre duas cobrições consecutivas, a taxa de cobrição
depende do retorno do cio (em torno de 50%; Sá Filho et
al., 2013). A evolução dos programas Resynch permitiu a
redução do intervalo entre IA para compactar o período da
estação reprodutiva e o intervalo entre dois partos
subsequentes, com o benefício de garantir 100% de taxa de
serviço. Para atingir este objetivo, os tratamentos devem
começar antes do diagnóstico de gestação e, portanto,
devem ser feitos em todas as vacas. O Resynch 22 foi
desenvolvido para iniciar 22 dias após a IA anterior, oito
dias antes do diagnóstico de gestação (Sá Filho et al.,
2014). Nesse momento, as vacas diagnosticadas como
prenhes são excluídas dos tratamentos seguintes e as
vacas não prenhes continuam o tratamento de sincronização. realizado com 1.426 vacas (768 B. taurus e 728 B. indicus; Pessoa et al., 20
A vantagem do Resynch 22 é reduzir o intervalo entre IA
para 32 dias, porém, o primeiro tratamento (dispositivo P4 e
estradiol) deve ser feito em todas as vacas e o diagnóstico
de prenhez deve ser realizado em horário fixo, diferentemente do noResynch
Embora a maioria das granjas que utilizam o Resynch
tradicional tenham uma data pré-agendada para diagnóstico
de gestação para iniciar o protocolo de ressincronização o
mais rápido possível, esta data não é obrigatória (sempre
que for feito o diagnóstico de gestação é possível iniciar um novodo que com 1 mg de BE em vacas (Caccia e Bó, 1998).
562
protocolo em vacas abertas). Por outro lado, para o Resynch
22 ou 14, a data do diagnóstico de gravidez é obrigatória
porque o protocolo já foi iniciado oito dias antes.
Mais recentemente, uma nova abordagem de
Resynch precoce foi proposta usando a tecnologia de
ultrassonografia Doppler colorida para realizar um
diagnóstico precoce de não gravidez, analisando os padrões
vasculares do CL (e não a presença de uma vesícula
embrionária no útero como normalmente é feito; Siqueira et
al., 2013; Pugliesi et al., 2017). Esse manejo é denominado
Resynch 14, pois o tratamento inicia 14 dias após a IATF
anterior, seguido do diagnóstico de gravidez oito dias depois
(22 dias após a IATF) por meio da ultrassonografia Doppler
(Vieira et al., 2014 ) . Novamente, este protocolo Resynch
exige o tratamento inicial em todos os animais (estado de
gravidez desconhecido) e um cronograma fixo obrigatório
para diagnóstico de gravidez. Além disso, necessita de
equipamento ultrassonográfico específico e de um técnico
bem treinado para realizar o diagnóstico de gravidez pela
avaliação do grau de vascularização do CL. Porém, permite
uma redução impactante do intervalo entre IA para 24 dias,
o que se aproxima do que se consegue com uma taxa de
serviço ideal de 21 dias (Fig. 2).
Em relação ao diagnóstico precoce de não prenhez
em vacas utilizando a ultrassonografia Doppler colorida,
foram observadas alta acurácia e sensibilidade próxima de
100% utilizando apenas os padrões de vascularização do
CL como indicativo de luteólise para identificar vacas leiteiras
não prenhes (Siqueira et al., 2013 ) . Quanto aos bovinos
de corte, foi relatada sensibilidade de 100% e acurácia de
91% quando avaliada a associação entre vascularização e
tamanho do CL para diagnosticar gestação precoce (Pugliesi
et al. , 2014). Assim, a ultrassonografia Doppler colorida é
considerada uma ferramenta precisa para diagnosticar a
gravidez precoce, pois há uma baixa possibilidade de
diagnóstico errado de uma vaca prenhe como não prenhe
(perto de 0% de falsos negativos). A ocorrência de gestações
diagnosticadas em exame ultrassonográfico subseqüente
no modo B como não gestações pode estar relacionada a
ciclos estrais longos, perda de gestação ou falta de
sincronização com o primeiro protocolo de IATF, e não
necessariamente se deve a um diagnóstico errado de
gestação. Nestes casos, as vacas não gestantes podem
iniciar uma sincronização subsequente da emergência da onda folicular e da
Algumas peculiaridades são inerentes a cada
protocolo Resynch, principalmente relacionadas ao
tratamento inicial. Para o Resynch tradicional e o Resynch
22 o tratamento inicia-se 30 ou 22 dias após a IATF,
respectivamente, e consiste na inserção de um dispositivo
intravaginal P4 mais a administração de 2 mg de benzoato
de estradiol (Pessoa et al., 2015 ) . A dose de BE utilizada
no Resynch 22 foi determinada com base em estudo
A gestação até a primeira IATF e a perda de gestação entre
30 e 62 dias após a IA foram semelhantes entre vacas que
receberam 1 mg (44,0 e 3,8%) ou 2 mg de BE (44,0 e 5,5%)
tradicional.
D22. Entretanto, a prenhez para Resynch e a prenhez
cumulativa foram maiores (P < 0,01) em vacas tratadas com
2 mg de BE (47,3 e 68,2%) do que com 1 mg de BE (36,1 e
62,8%). Essa diferença pode estar relacionada à
sincronização mais eficaz da onda folicular com 2 mg de BE
Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017
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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.

1º TI 2º TAI 3º TAI

Dispositivo P4 30 dias Dispositivo P4 30 dias Dispositivo P4 -10 dias

1
D0 D30 D38D40 D70 D78D80 D90

1º TI 2º TAI 3º TAI

Dispositivo P4 22 dias Dispositivo P4 22 dias Dispositivo P4 - 26 dias

2
D0 D22 D30 D32 D54 D62 D64 D90

1º TI 2º TAI 3º TAI

Dispositivo P4 14 dias Dispositivo P4 14 dias Dispositivo P4 - 42 dias

3
D0 D14 D22 D24 D38 D46 D48 D90

Figura 2. Esquema de três programas Resynch para inseminação artificial cronometrada (IATF) de fêmeas de corte (com base em
uma estação reprodutiva de 90 dias): 1) Resynch tradicional = o tratamento começa no diagnóstico de gestação (28-32 dias após a
IA anterior) em vacas não gestantes ; 2) Ressincronização 22 = o tratamento inicia em todas as vacas (estado de gestação
desconhecido) 22 dias após a IATF anterior e continua apenas nas vacas não gestantes diagnosticadas oito dias depois pela
ultrassonografia convencional (vesícula embrionária); 3) Ressincronização 14 = o tratamento começa em todas as vacas (estado de
gestação desconhecido) 14 dias após a IATF anterior e continua apenas em vacas não gestantes diagnosticadas oito dias depois por
ultrassonografia Doppler colorida (vascularização do CL). IATF = inseminação artificial em tempo determinado; US = diagnóstico de
gravidez por ultrassonografia convencional; P4 = progesterona; EB = benzoato de estradiol.

Entretanto, para o Resynch 14 o tratamento inicial 14 (CEC = 3,0; n = 118). Resynch 22 vacas foram tratadas com
inicia-se 14 dias após a IATF e a administração de estradiol é dispositivo P4 e 2 mg de BE IM 22 dias após a IA anterior (dia
substituída pela administração de 100 mg de P4 IM. Isto é 22). No 30º dia, o dispositivo foi retirado e a gravidez foi
recomendado com base em estudos anteriores que mostram diagnosticada com base na presença ou ausência de vesícula
que o uso de BE 13 a 14 dias após a IA anterior induz luteólise embrionária no útero (ultrassonografia convencional). Vacas não
em algumas vacas, reduzindo as taxas de concepção da IA gestantes tiveram o dispositivo P4 removido e receberam 0,530
anterior (Cutaia et al., 2002; Vieira et al., 2014). . Este fato não mg de cloprostenol sódico (PGF), 1 mg de cipionato de estradiol
é observado quando o estradiol é administrado 22 dias após a e 300 UI de eCG IM, seguido de IATF 48 horas depois no dia
IA do programa Resynch 22, conforme relatado anteriormente 32. Ressincronização 14 vacas foram tratadas com dispositivo
(Sá P4 mais administração IM de 100 mg de P4 (Afisterone®,
Filho et al., 2014; Pessoa et al., 2015). HertapeCalier) 14 dias após a IA anterior (dia 14).
Estes resultados estão de acordo com dados anteriores
que mostram uma capacidade reduzida do CL de produzir P4 No 22º dia, o diagnóstico de gestação foi feito pela avaliação da
quando as fêmeas são tratadas com BE durante o meio do vascularização do CL pela ultrassonografia Collor Doppler.
diestro (Munro e Moore, 1985; El-Zarkouny e Stevenson, 2004). Vacas com ausência ou baixa vascularização do CL foram
Isto pode estar relacionado à indução da liberação de PGF consideradas abertas e procederam ao tratamento (retirada do
impulsionada pelo aumento da concentração de estradiol dispositivo, PGF, cipionato de estradiol e eCG IM), e foram IATF
(Thatcher et al., 1986; Araújo et al., 2009). 48 h depois do dia 24. Vacas com vascularização moderada ou
Alternativamente ao estradiol, o P4 pode ser empregado para forte do CL foram consideradas prenhes e tiveram a dispositivo
promover a atresia do folículo dominante e o surgimento de uma removido sem tratamentos adicionais. P/IA semelhantes foram
nova onda. Nesse contexto, Rezende et al. (2016) demonstraram observadas para vacas Resynch 22 e Resynch 14 após a
o crescimento de uma nova onda folicular 3,0 ± 0,7 após primeira IA (48 vs.
tratamento com 100 mg de P4 IM em vacas Nelore. Assim, a 53%; P = 0,57) e ressincronização (56 vs. 51%; P = 0,37),
sincronização da emergência da onda folicular nos programas respectivamente. A prenhez acumulada após 32 e 24 dias da
Resynch 14 deve ser realizada substituindo BE por P4 no estação reprodutiva não diferiu (P = 0,77) para as vacas Resynch
primeiro dia de tratamento. 22 (77%; 97/126) e Resynch 14 (75%; 89/118), respectivamente.
P/AI após Resynch 22 e Resynch 14 foram Além de manter P/AI semelhante após a IATF subsequente e
recentemente comparados em 244 vacas Nelore pós-parto reduzir o intervalo entre IA para 24 dias, o Resynch 14 melhorou
(Penteado et al., 2016). Para tanto, as vacas submetidas à consideravelmente a taxa de serviço de 21 dias, de 66 para
primeira IATF foram alocadas em um dos dois programas 87,5% em relação ao Resynch 22 (Fig. 3).
Resynch, Resynch 22 (ECC = 3,0; n = 126) ou Resynch

Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017 563

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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.

TRADICIONAL
ESSE 40d ESSE 40d ESSE
RESSINCRONIZAÇÃO
RS 21d = (21/40) = 52,5%
30 dias após TAI 40 dias entre TAI

RESYNCH 22 É 32d TI 32d OU RS 21d = (21/32) = 66%

22 dias após
TAI 32 dias entre TAI

RESYNCH 14 14 ESSE 24 dias

dias após TAI OU 24d OU SR 21d = (21/24) = 87,5%
24 dias entre TAI

MODELO IDEAL
AI - 21 d retorno do estro IA 21d IA 21d IA RS 21d = 100%
21 d entre IA

0 42 48 64 80

Duração da época de reprodução (d)

Duração da época de reprodução (d)
Figura 3. Taxa de serviço (TR) para diferentes programas Resynch: Resynch 14 (inicia 14 dias após a inseminação artificial
cronometrada (IATF) anterior, com intervalo de 24 dias entre IA e SR = 87,5%), Resynch 22 (inicia 22 dias após a IATF anterior , com
intervalo de 32 dias entre IA e SR = 66%) e Ressincronização tradicional (inicia após o diagnóstico de gestação 30 dias após IATF
anterior, com intervalo de 40 dias entre IA e SR = 52,5%). O modelo ideal refere-se a um intervalo de 21 dias entre IA e SR = 100%.

Os benefícios da utilização dos programas Resynch
estão levando à adoção do manejo exclusivamente com TAI,
eliminando a necessidade de touro de limpeza em diversas
fazendas. O uso de três IATF consecutivas usando Resynch 22
(3 IATF) teve taxas de prenhez semelhantes àquelas alcançadas
com exposição a touros após duas IATF usando
Ressincronização 22 (2 IATF + touro) e maior taxa de prenhez
que uma IATF seguida de exposição ao touro (1 IATF + touro;
Crepaldi et al., 2017). Neste estudo, foi possível atingir 87,4% de
taxa acumulada de prenhez ao final de uma estação reprodutiva
de 64 dias após três IATFs utilizando o Resynch 22 (Fig. 4).

3 ISTO 2 TI + Touro 1 TI + Touro

POgeral = 0,0001
100%
87,8% 87,7%
90%
P1º serviço = 0,83 P2º serviço = 0,33 P3º serviço = 0,28
80% 77,1%

70% 65,4% 66,0% x x e

64,0%

60%
sim, um

50%
rAG
zediva)r%
o p(I

43,1% 43,9%
37,5% 36,2% 36,4%
40%
* *
30% # # #

20%

10%
494/755 198/300 288/450 98/261 44/102 72/164 21/58 59/162 663/755 263/300 347/450
0%
1º1ºserviço
TI 2º2ºserviço
TAI 3º TAI/Touro 3º
TAI/Touro Geral
Geral
(ESSE) (ESSE)

Figura 4. Taxa de prenhez em vacas de corte Bos indicus após inseminação artificial cronometrada (IATF) com subsequente
ressincronização para IATF sequencial ou exposição ao touro. A ressincronização foi feita utilizando o programa Resynch 22 iniciando
22 dias após o TAI anterior. Os grupos foram: 3 IATF (IATF + Ressincronização 22 e IATF + Ressincronização 22 e IATF; n = 450); 2
IATF (IATF + Ressincronização 22 e IATF + touros de limpeza; n = 300); 1 IATF (IATF+ touros de limpeza; n= 755). O diagnóstico de
gestação da 3ª IATF e o acasalamento dos touros foram realizados no final da estação reprodutiva. Adaptado de Crepaldi et al., 2017.

564 Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017

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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.
Mais recentemente, novilhas Nelore jovens (12-15
meses de idade) foram submetidas a três IATF subsequentes
utilizando o programa Resynch 14 e alcançaram P/AI de
42,8% (270/631) na 1ª IA, 34,1% (107/314) na 2ª IATF ,
34,3% (59/172) na 3ª IATF e 72,1% (455/631) de taxa
acumulada de prenhez ao final de uma estação reprodutiva
de 48 dias (Colli et al., 2017; Fig. 5).
O diagnóstico de gravidez foi baseado na área do
CL e na vascularização. Novilhas com área de CL ÿ2 cm² e/
ou fluxo sanguíneo de CL ÿ25% foram diagnosticadas como
gestantes. Novilhas falso-positivas foram aquelas
diagnosticadas como gestantes na avaliação Doppler 22
dias após a IA e depois como não gestantes na confirmação
da gestação 30 dias após a IA. A taxa de falsos positivos
foi de 14,8% (47/317) e o P/IA dessas novilhas pela segunda
vez inseminadas no D48 foi de 40,4% (19/47), aumentando
2% no P/IA do dia 48 (3ª IATF + falso positivo, 35,6%,
78/219).
Estes estudos demonstram que os programas
Resynch modernos parecem ser viáveis e eficientes na
redução do período da estação reprodutiva com resultados
cumulativos de gravidez semelhantes aos obtidos com a
exposição ao touro na estação reprodutiva tradicional de 90
dias. Traz também a vantagem de melhorar o número de
animais prenhes por IA, acelerando o ganho genético das
fazendas. Além disso, concentra os partos na época
favorável ao parto, melhorando consequentemente o peso
ao desmame e acelerando a utilização de fêmeas jovens na
época reprodutiva subsequente.
Para o gado leiteiro, os protocolos Resynch
seguem a mesma base que para o gado de corte. Porém,
diferentemente da carne bovina, o manejo reprodutivo dos
rebanhos leiteiros é realizado durante todo o ano, geralmente
sem estação reprodutiva delimitada, e os animais são
manejados diversas vezes ao dia. Assim, torna-se
fundamental adequar o manejo reprodutivo para que não
interfira nos demais manejos diários empregados em uma
propriedade leiteira. Uma boa estratégia é concentrar as
atividades reprodutivas em dias da semana estabelecidos.
Nesta base, o Resynch tradicional e o Resynch 25 foram
configurados para iniciar 32 e 25 dias após a IA anterior,
respectivamente (Fig. 6). Essa padronização das atividades
reprodutivas em dias específicos da semana possibilita o
estabelecimento de uma rotina bem planejada nas
propriedades leiteiras, conforme mostra a Figura 6.
Para calcular a eficiência reprodutiva de vacas
leiteiras em um programa Resynch 25, considerou-se que o
primeiro serviço ocorre 58 dias após o parto (média), 30%
P/AI até o terceiro serviço, 20% P/AI entre o quarto e o
sexto serviço (o sexto serviço foi estabelecido como o último
serviço dos animais) e 15% de perda de gestação entre 30
e 60 dias de gestação. Em
Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017
Nesta simulação, o rebanho atinge 82% de vacas prenhes
com 246 dias de lactação, 110,4 dias de intervalo entre
parto e concepção e 12,9 meses de intervalo entre partos,
o que pode ser considerado uma boa eficiência reprodutiva.
Portanto, estudos foram realizados a fim de verificar a
aplicabilidade e viabilidade do Resynch 25 em propriedades
leiteiras no Brasil.
Em um estudo foi avaliada a eficiência da
associação entre o hormônio liberador de gonadotrofinas
(GnRH) ou BE e P4 no início do Resynch 25 para sincronizar
a nova onda de crescimento folicular em vacas holandesas
sem diagnóstico prévio de gestação (Vasconcellos et al . ,
2014). Os autores verificaram que ambas as associações
(GnRH+P4 ou EB+P4) foram eficazes para sincronizar a
nova onda de crescimento folicular e ovulação. Diante
dessas informações, foi realizado um segundo estudo para
verificar a possível influência da administração de 2 mg de
BE no início do Resynch 25 no estabelecimento e
manutenção da gestação anterior em vacas Holandesas
(Vieira et al., 2015 ) .
P/IA semelhante após a primeira IA aos 33 anos [BE: 33,0%
(66/200), GnRH: 35,0% (69/197), BE+GnRH: 34,3%
(70/204); P = 0,61] e 65 dias [BE: 26,0% (52/200), GnRH:
28,9% (57/197), BE+GnRH: 26,5% (54/204); P = 0,26], bem
como perda gestacional semelhante entre 33 e 65 dias
após a primeira IATF [BE: 21,2% (14/66), GnRH: 17,4%
(12/69), BE+GnRH: 22,9% (16/70 ); P = 0,47], foram
observados em vacas ressincronizadas com BE, GnRH ou
uma combinação de ambos. A vascularização do CL
também foi avaliada por ultrassonografia Doppler a cada 48
horas, entre os dias 25 e 33, em 42 vacas lactantes
utilizadas no experimento anterior [BE: n = 15; GnRH: n =
12; BE+GnRH: n = 15]. Verificou-se que a taxa de
vascularização do CL permaneceu semelhante entre os três
grupos durante o período experimental (dia 25: 76,1%, dia
27: 79,1%, dia 29: 77,5%, dia 31: 76,3% e dia 33: 77,1%).
Assim, o tratamento de ressincronização utilizando BE,
GnRH ou uma combinação de ambos após a IATF resulta
em P/IA semelhante após a 1ª IATF e após a ressincronização.
Além disso, a administração de BE em vacas gestantes em
lactação 25 dias após a IA não induz perda de gestação e
não compromete a vascularização do CL.
Portanto, Resynch 25 pode ser uma alternativa
para manejo reprodutivo de propriedades leiteiras. Este
programa permite a sistematização e planejamento do
calendário reprodutivo anual da fazenda, concentrando as
concepções no início da lactação. Contudo, é importante
mencionar que outros fatores, como manejo nutricional e
sanitário, bem como organização e disponibilidade de
pessoal qualificado, podem influenciar significativamente os
resultados de programas de IATF com ressincronização em
rebanhos leiteiros.
565
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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.

72%
70%

60%

50%
43%

40% 36%
34%
G
rA
zediva)r%
o p(I

2%*
78/219
30%

20%

10%
34%
270/631 107/314 59/172 455/631
0%
1º TI 2º TAI 3º TAI Geral
Época de reprodução (48d)

Figura 5. Taxas de prenhez em novilhas jovens de corte Bos indicus (12-15 meses de idade) após inseminação artificial cronometrada
(IATF) com posterior ressincronização usando Resynch 14 (programa iniciado 14 dias após a IATF anterior em todas as novilhas, com
status de prenhez desconhecido) . *Refere-se às novilhas diagnosticadas como prenhes na primeira avaliação e aquelas diagnosticadas
como não prenhes e reinseminadas pela segunda vez com as novilhas do 3º serviço. Adaptado de Colli et al., 2017.

1º TI 2º TAI
O barbeiro é

1 Sincronização 32 Sincronização
// dias //

D0 D50 D58 D60 D92 D100 D102 Dias no leite

1º TI 2º TAI
O barbeiro é

Sincronização 25 Sincronização
2 // dias //

D0 D50 D58 D60 D85 D93 D95 Dias no leite

Meu Terça-feira Minhas minhas mortes qui Terça-feira Dias da semana

Figura 6. Esquema de dois programas de Resynch para inseminação artificial cronometrada (IATF) de fêmeas leiteiras: 1) Resynch
Tradicional = tratamento inicia no diagnóstico de gestação (32 dias após IA anterior) em vacas não prenhes, com intervalo de 42 dias
entre IA; 2) Ressincronização 25 = o tratamento inicia em todas as vacas (estado de gestação desconhecido) 25 dias após a IATF
anterior e continua apenas nas vacas não gestantes diagnosticadas oito dias depois pela ultrassonografia convencional (vesícula
embrionária), com intervalo de 35 dias entre IA. US = diagnóstico de gravidez por ultrassonografia convencional.

Aceleração da idade reprodutiva de novilhas Nelore
Muitos fatores podem influenciar na aceleração ou
atraso na maturidade sexual de novilhas, como idade, peso após
o desmame e desenvolvimento do trato reprodutivo.
Conhecer o real impacto desses fatores na eficiência reprodutiva
seria determinante para o desenvolvimento de estratégias futuras
que acelerassem ainda mais o início da reprodução de novilhas
Nelore no Brasil. Assim, surge a necessidade de estabelecer
indicadores de desenvolvimento corporal que determinem
melhorias na eficiência reprodutiva de novilhas zebuínas de um
ano de idade.
evidente. O principal objetivo é reduzir a idade ao primeiro parto
e aumentar a produtividade do rebanho de corte do Brasil.
Recentemente, Freitas (2015) avaliou o desenvolvimento
corporal e o funcionamento do trato reprodutivo em relação ao
sucesso gestacional em 650 novilhas Nelore de 14 meses (13,9
± 0,03 meses) que foram submetidas a protocolos de IATF. As
novilhas foram mantidas em sistema de pastagem. Eles foram
avaliados durante 10 dias antes do início do protocolo de IATF
(dia -10 ao dia 0). As características avaliadas foram idade
(meses), peso (kg, escala de peso para squeeze chute), escore
de condição corporal (ECC, escala de 1 a 5), altura na cernelha
(hWIT, cm) e cernelha

566 Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017

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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.

relação altura/profundidade das costelas (dRIB, %), pontuação do
trato reprodutivo (RTS, escala de 1 a 5), ciclicidade (presença de
CL) e espessura da gordura subcutânea (SCFT, mm). Todas as
novilhas foram sincronizadas para IATF (implante Norgestomet
ano + 2 mg BE – 8d – PGF + 300 UI eCG + 0,6 mg cipionato de
estradiol - IA 48 hs). A ciclicidade (presença
de CL no dia -10 e/ou dia 0) e P/AI 30 dias após a IATF foram
determinados por ultrassonografia. Resumidamente, o hWIT e o
RTS não foram associados a um aumento no sucesso do
estabelecimento gestacional. Entretanto, novilhas mais velhas,
mais pesadas, com maior ECC, dRIB e SCFT apresentaram maior
P/AI (Tabela 3).

Tabela 3. Pontos de corte dos parâmetros avaliados e calculados pela curva ROC (Receiver Operation Characteristics), com base na taxa
de prenhez.
Idade do N Área sob a curva intervalo de confiança de 95% valor P

parâmetro 0,540 a 0,630 0,0003

> 13,8 meses < 351 58,5
13,8 meses Peso 298
> 248,00
kg < 248,00 429 56,8 0,529 a 0,607 0,003
kg 311
BCS
> 3,0 271 62,9 0,590 a 0,666 < 0,0001
< 3,0 469
hWIT
> 119,0 cm < 544 50,2 0,462 a 0,541 0,94
119,0 cm 196
dRIB
> 44,0% < 393 61,0 0,571 a 0,648 < 0,0001
44,0% 347
SCFT
> 2,5 mm < 411 59,6 0,552 a 0,640 < 0,0001
2,5 mm 314
ECC = escore de condição corporal; hWIT = altura na cernelha; dRIB = profundidade da costela; SCFT = gordura subcutânea. BCS =
escore de condição corporal. Adaptado de Freitas, 2015.

Verificou-se que as mulheres mais velhas apresentaram
maior sucesso na gravidez (> 13,8 meses = 43,0 vs. ÿ 13,8 meses
= 27,2%; P = 0,04). Não foi observada associação entre hWIT e P/
AI (> 119,0 cm = 34,1 vs. ÿ 119,0 cm = 40,0%; P = 0,46). Em
contraste com o hWIT, as novilhas com maior dRIB tiveram maior
P/AI em comparação
com novilhas com menor dRIB (> 44,0% = 41,9 vs. ÿ 44,0% =
27,0%; P = 0,02). Além do dRIB, outra característica que influenciou
a P/IA foi a SCFT (> 2,5mm = 44,4 vs. ÿ 2,5 mm = 23,4%; P =
0,0003), novilhas com maior SCFT apresentaram maior
probabilidade de P/IA (Fig.
7; Freitas, 2015).

70

60

50
Probabilidade
bd
dizlie aibvoaerrP
d
g

Probabilidade
eda%

40

30

20
0 2 4 6 8 10 12

EGPU,
SCFT,mm
SCFT, mm
mm
Figura 7. Probabilidade de prenhez à inseminação artificial em tempo fixo (IATF) em função da espessura de gordura subcutânea (ECFT)
de novilhas Nelore (n = 650) com média de 13,9 meses de idade [Logit (ECFT) = 1,0662 + 0,1612 * SCFT; P = 0,0003]. Adaptado de
Freitas, 2015.

Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017 567

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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.
As características zootécnicas relacionadas ao
desenvolvimento corporal têm diferentes influências na P/IA. No
referido estudo, o hWIT e o RTS isolados não têm efeito na
gestação à IATF. Porém, idade, peso, ECC, dRIB e SCFT estão
associados ao aumento do sucesso do estabelecimento gestacional
na IATF. Quando associadas, as variáveis dRIB, idade e SCFT
são as características que mais influenciam a P/AI (Freitas, 2015).
García et al. (2002) mostraram que o peso corporal foi
responsável pela maior parte da variação associada ao início da
puberdade, seguido pela contribuição das concentrações
circulantes de leptina, que aumentaram durante um período de 16
semanas antes da primeira ovulação.
Outros estudos constataram que o início da puberdade está
relacionado com a taxa de crescimento e a quantidade de gordura
corporal (Nogueira, 2004). Em um estudo recente, novilhas foram
desmamadas aproximadamente aos 4 meses de idade e
alimentadas com dietas para promover taxas relativamente baixas
(0,5 kg/dia) ou altas (1,0 kg/dia) de ganho de peso corporal até os <0,0001) e diâmetro do maior folículo na retirada do dispositivo P4
8,5 meses de idade (Alves et al . , 2015). As novilhas que
ganharam peso corporal em maior taxa exibiram maiores
concentrações circulantes de leptina e reduziram a expressão geral dediagnosticadas
Os autores sugerem que tais alterações podem mediar a
programação nutricional do eixo neuroendócrino reprodutivo e
facilitar o início precoce da puberdade em novilhas (Alves et al.,
2015).
Mais recentemente, dois experimentos foram conduzidos
com o objetivo de estudar os fatores que afetam a taxa de prenhez
de novilhas Nelore de 14 meses de idade submetidas à IATF (n =
404) e reprodução natural (n = 893; relação touro por novilha foi
de 1 para 30; Martins et al., 2017). Em ambos os estudos foi
considerada presença de CL, escore uterino (USC; A = diâmetro
dos cornos uterinos > 2 cm; B = cornos uterinos com diâmetro
entre 1,5 e 2 cm; e C = cornos uterinos com diâmetro < 1,5 cm),
diâmetro do maior folículo, ganho médio diário de peso (DAWG),
área de olho de lombo (AOL), SCFT e hWIT foram analisados no
início da estação reprodutiva. No experimento IATF, nenhuma das
novilhas estava ciclando ou apresentava A USC no início da
estação reprodutiva. A P/AI foi maior nas novilhas com maior USC
[B = 41,1% (122/297) vs. C = 17,8% (19/107); P = 0,0005]. A
probabilidade de prenhez foi maior para animais com maior SCFT
(r2 = 0,208; P = 0,005) e DAWG (r2 = 0,168; P = 0,0007). As
características LEA (r2 = 0,115; P = 0,13) e hWIT (r2 = 0,309; P =
0,28) não afetaram a P/AI. Estes resultados estão de acordo com
os anteriores (Freitas, 2015). No experimento de reprodução
natural, a taxa de ciclicidade foi de 5,3% (47/893) no início da
estação reprodutiva.
A prenhez diagnosticada no dia 50 da estação reprodutiva foi
maior (P > 0,0001) para novilhas em ciclagem (53,2%; 25/47) do
que em anestro (13,4%; 113/846) e para novilhas com maior
desenvolvimento uterino [USC: A = 64,0 % (16/25); B = 17,9%
(116/647) e C = 3,2% (7/221); P < 0,0001]. A probabilidade de
gravidez não foi influenciada pelo SCFT (r2 = 0,096; P = 0,42) e
LEA (r2 = 0,096; P = 0,42) e LEA (r2
= 0,061; P = 0,61). Contudo, o DAWG influenciou positivamente a
probabilidade de ciclicidade (r2 = 0,263; P < 0,0001) e gravidez
(r2 = 0,093; P = 0,005); e o hWIT influenciou negativamente a
probabilidade de gravidez (r2 = -0,082; P = 0,03). A probabilidade
de gravidez também foi
568
aumentou de acordo com o diâmetro do maior folículo (r2
= 0,117; P = 0,0004). Assim, foi possível verificar que novilhas
com maiores SCFT e DAWG tiveram maior probabilidade de
prenhez à IATF. Novilhas submetidas à reprodução natural com
maiores DAWG e diâmetro do maior folículo, e menor hWIT tiveram
maior probabilidade de engravidar. Além disso, as taxas de
prenhez para IATF e reprodução natural foram maiores em
novilhas com maior USC (Martins et al., 2017).
Por fim, foram avaliados os fatores de risco que
influenciam a P/IA de novilhas Nelore jovens (14,4 ± 0,92 meses
de idade; n = 631) submetidas a três IATF consecutivas por meio
de Resynch 14 e ultrassonografia Doppler (Colli et al., 2017 ) .
Foram avaliados peso, ECC, idade e diâmetro do maior folículo
ao final do programa de sincronização. Foi encontrada correlação
positiva entre P/IA 30 dias após a IATF e peso (r² = 0,09; P =
0,03), idade (r² = 0,07; P = 0,06), ECC (r² = 0,07; P = 0,09),
diâmetro do maior folículo em D0 (r² = 0,20; P
(r² = 0,11; P = 0,007). Além disso, foi observada uma correlação
negativa entre a incidência de falsos positivos (novilhas
NPY no núcleocomoarqueado.
prenhes na avaliação Doppler 22 dias após
a IA e depois como não prenhes na confirmação da prenhez 30
dias após a IA) e peso (r² = -0,15; P = 0,009), idade (r2 = -0,10; P
= 0,07), maior folículo na retirada do dispositivo (r2 = -0,10; P =
0,10) e maior folículo na IA (r² = -0,15; P = 0,01).
Assim, é possível obter taxas de prenhez > 70% em
novilhas Nelore com 14 meses de idade após três IATF (Colli et
al., 2017; Fig. 5) e que há correlação positiva entre peso, idade,
ECC, SCFT, e diâmetro do maior folículo ao final do protocolo de
sincronização e P/AI 30 dias após a IATF.
Conclusões e direções futuras
A reduzida eficiência reprodutiva do rebanho bovino
brasileiro ainda é um fator limitante para o crescimento sustentado
das cadeias bovina e leiteira. Estamos muito abaixo da capacidade
de produção de bezerros por vaca por ano (~68,5% de taxa de
desmame) e a qualidade dos bezerros produzidos está muito
aquém do ideal (~12% das fêmeas são inseminadas). Além disso,
nossas novilhas iniciam a vida reprodutiva ainda muito tardiamente
(por volta dos três a quatro anos) e a eficiência reprodutiva ainda
está prejudicada. Em laticínios, o Brasil não é autossuficiente para
abastecer o mercado nacional e a baixa produtividade por vaca
(menos de 2.000 L de leite por lactação) evidencia a baixa seleção
genética. Assim, nosso sistema de produção requer o
desenvolvimento de estratégias complementares para acelerar e
maximizar o uso da IA em rebanhos leiteiros e de corte, com
aplicação fácil e direta e alta eficiência reprodutiva para melhorar
a produtividade.
Neste contexto, vários protocolos de sincronização (isto
é, com diferentes durações de tratamento com fonte de P4 e
aceleração da luteólise) para vacas leiteiras e de corte e novilhas
foram bem estudados e são mostrados aqui. Além disso, a
utilização de programas Resynch pode reduzir o intervalo entre os
serviços e permitir o uso massivo de IA nas granjas, resultando na
produção de maior quantidade e qualidade de bezerros.
Finalmente, as novilhas
Anima. Reprod., v.14, n.3, p.558-571, jul./set. 2017
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Baruselli et al. O uso de programa de inseminação artificial cronometrada para bovinos.
a idade reprodutiva pode ser acelerada pelo manejo correto de
suas mães para que parem na época do ano mais adequada
(maior peso ao desmame), associado à correta nutrição de
bezerros e novilhas e à utilização de características adequadas
de avaliação como idade, peso, BCS, USC, DAWG, dRIB e
SCFT para selecionar as novilhas mais adequadas para
reprodução precoce.
A disseminação do uso dessas estratégias isoladas
ou combinadas possibilita a produção de maior quantidade
(redução do intervalo entre partos e aceleração da idade
reprodutiva das novilhas) e qualidade (maximização do uso da
IA) de bezerros de corte, e a produção de fêmeas leiteiras com
maior produção de leite por lactação (redução do intervalo entre
partos associada ao ganho genético). Estas tecnologias podem
contribuir para melhorar a produção nacional de quilogramas
de carne e litros de leite por hectare (o que é reflexo da
eficiência da produção), e consequentemente melhorar a
rentabilidade da pecuária.
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