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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA NATUREZA


BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

BIOTECNOLOGIAS DA REPRODUÇÃO ANIMAL APLICADAS AO


MELHORAMENTO GENÉTICO

ALEX AGUIAR NUNES, AMÁBILE REGINA DE SOUZA MENDES, BRAIAN


BISPO DO AMOR DIVINO, KAROLAYNE NEGREIROS JUSTO, MAILSON
COSTA DE QUEIROZ, SHUELLEN JHENYFER JOSÉ SAMASQUINI

RIO BRANCO - ACRE


2021

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ALEX AGUIAR NUNES, AMÁBILE REGINA DE SOUZA MENDES, BRAIAN
BISPO DO AMOR DIVINO, KAROLAYNE NEGREIROS JUSTO, MAILSON
COSTA DE QUEIROZ, SHUELLEN JHENYFER JOSÉ SAMASQUINI

BIOTECNOLOGIAS DA REPRODUÇÃO ANIMAL APLICADAS AO


MELHORAMENTO GENÉTICO

Trabalho apresentado ao curso Bacharel em


Medicina Veterinária como parte dos requisitos
necessários à obtenção de nota N2 da disciplina
de Melhoramento Animal.
Docente: Prof. Dr. Rafael Augusto Satrapa

RIO BRANCO – ACRE


2021

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................3
2. HISTÓRICO........................................................................................................................4
3. INTERAÇÃO DAS PRINCIPAIS BIOTECNOLOGIAS DA REPRODUÇÃO NO
MELHORAMENTO GENÉTICO..............................................................................................5
3.1.Inseminação artificial (IA)...............................................................................................5
3.2.Produção in vitro de embriões (PIVE).............................................................................6
3.3.Transferência de embriões (TE).......................................................................................7
3.4.Criopreservação...............................................................................................................8
3.5.Clonagem.........................................................................................................................9
3.6.Animais transgênicos.....................................................................................................11
3.7.Sexagem de embriões....................................................................................................11
4. PRINCIPAIS OBJETIVOS DO USO DAS BIOTECNOLOGIAS PARA O
MELHORAMENTO GENÉTICO............................................................................................14
5. AVANÇOS GERADOS....................................................................................................15
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................18
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................18

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1. INTRODUÇÃO

As biotécnicas são mecanismos que auxiliam no melhoramento genético e na prática da


reprodução animal (RODRIGUES e BERTOLINI, 2019). A primeira biotecnologia a ser
amplamente utilizada foi a inseminação artificial, após isso, surgiram outras inúmeras
ferramentas que auxiliam na reprodução dos animais, sendo que cada uma delas possui
vantagens e desvantagens (RODRIGUES e BERTOLINI, 2019).
Nos últimos anos vem ocorrendo um grande aumento no uso de recursos
biotecnológicos, com as ferramentas da biotecnologia, foi possível intensificar o
melhoramento genético entre as raças puras ou mesmo em cruzamentos de mestiços na área
de animais de produção (VIEIRA, 2012).
Com o surgimento da inseminação artificial um touro que em monta natural,
emprenhava durante uma estação de monta menos de 100 vacas, pode gerar mais de 1000
descendentes com apenas algumas doses de sêmen coletadas, sendo possível também a
confecção de dezenas de paletas com um único ejaculado (SALVADOR, 2019).
Os ganhos também foram notados na reprodução de fêmeas, com os processos de
fecundação in vitro, transferência de embriões e os processos de superovulação. Naturalmente
uma fêmea somente poderia deixar um descendente por ano em condições excelentes de
manejo ambiental, nutrição e sanidade (VIEIRA, 2012).
Com tais ferramentas, uma fêmea de alto valor genético e zootécnico passou a
produzir mais de 10 descendentes por ano, levando em conta que esse número de animais
levaria mais de 12 anos para nascerem é um ganho importante para o melhoramento genético
(SALVADOR, 2019).
A importância das biotecnologias reprodutivas está associada com ganhos zootécnicos,
visto que é uma ferramenta base para o melhoramento genético, com a monta natural, a
melhoria do plantel demoraria mais ou menos 8 anos, quando associado com a IATF o tempo
reduz para 1 ano e meio (VIEIRA, 2012). 
Dessa forma, objetivou-se com este trabalho discorrer sobre as biotecnologias
reprodutivas utilizadas na Medicina Veterinária aplicadas ao melhoramento genético animal,
passando por suas principais importâncias dentro da área.

2. HISTÓRICO

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As biotecnologias da reprodução animal, surgiram a mais de um século, inicialmente, se
conhecia muito pouco sobre a reprodução animal e consequentemente as biotecnologias eram
feitas de forma rudimentar, não possuindo eficiência, eficácia e efetividade como na
atualidade (VIEIRA, 2012).
No final do século XIX, diversos avanços na reprodução animal levaram a ascensão do
melhoramento e do aperfeiçoamento das biotecnologias existentes, além da descoberta de
novas biotecnologias. Tais avanços possibilitaram diversos benefícios para o melhoramento
genético, reduzindo centenas de anos que seriam gastos caso as pesquisas fossem baseadas
apenas usando a monta natural (RODRIGUES e BERTOLINI, 2019).
A transferência de embriões e a clonagem são os marcos das biotecnologias da
reprodução, já que mostraram o avanço da ciência aplicada à reprodução animal. Diversos
foram os experimentos feitos em cobaias de laboratório, Walter Heape conseguiu realizar com
sucesso a transferência de embriões em coelhas, tais estudos foram o marco para a criação de
novas ferramentas reprodutivas aplicadas em fêmeas (SALVADOR, 2019).
Ilya Ivanovich Ivanov, biólogo renomado por seus feitos, aperfeiçoou a técnica de
inseminação artificial para uso prático, o objetivo era melhorar a eficiência reprodutiva de
rebanhos equinos, porém tal aprimoramento foi aproveitado para uso em bovinos e outras
espécies de reprodução, respeitando a particularidade de cada espécie (RODRIGUES e
BERTOLINI, 2019).
Os avanços feitos por Ilya Ivanovich Ivanov, foram transmitidos a técnicos russos que
disseminaram tais conhecimentos ao resto do mundo.  Posteriormente, houve grande evolução
com o aumento nos números de confecção de palhetas, melhorias na conservação de materiais
de multiplicação e aprimoramento nas técnicas de coleta (VIEIRA, 2012).
Para fins de pesquisa surgiram novas técnicas e associada a elas as ferramentas que a
ciência proporcionou, como a transferência nuclear de células somáticas popularmente
conhecidas como clonagem, graças a essa ferramenta é possível clonar os genes de um animal
e ter um animal semelhante geneticamente, apesar de que fenotipicamente o animal poderá
apresentar alguns traços de diferença, pois é impossível replicar as mesmas condições
ambientais que o indivíduo original teve durante toda a sua vida, desde a gestação até o
nascimento, o ambiente uterino é diferente inclusive se for feito a partir da mesma barriga de
aluguel (RODRIGUES e BERTOLINI, 2019).
A década de 1990 foi repleta de avanços, Virgil foi o primeiro bezerro fruto da
fecundação in vitro, tal biotecnologia veio para revolucionar o melhoramento genético, uma

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vez que graças a tal ferramenta é possível aproveitar ao máximo o potencial genético e
zootécnico de fêmeas bovinas, tal biotécnica apresenta bons resultados em bovinos da raça
nelore, mostrando efetividade e eficácia e até mesmo eficiência se empregado em animais de
alto valor zootécnico (RODRIGUES e BERTOLINI, 2019).
Historicamente, o uso das biotecnologias foi moldado em busca de geração de ganhos
econômicos. Atualmente as grandes fazendas e centrais utilizam as biotécnicas da reprodução
com o objetivo de maximizar os seus lucros e desenvolver ao máximo a genética dos rebanhos
produzindo animais de elite, popularmente conhecidos como geneticamente superiores
(SALVADOR, 2019).
Atualmente foi possível melhorar a inseminação artificial, e com associação da
sincronização de estro consegue-se desenvolver a IATF, que tem como principal vantagem a
possibilidade de inseminar os animais sem a necessidade de detecção de cio. Tal ferramenta
possibilita a produção de um número maior de bezerros em menos tempo e a possibilidade de
ser aplicada perfeitamente em propriedade com mais de 1000 vacas (VIEIRA, 2012).
Mas, para que as ferramentas fossem aprimoradas, os processos de preservação foram
aprimorados ao longo do tempo. O processo de criopreservação possibilitou a criopreservação
de materiais de multiplicação por décadas, algo que com a refrigeração ou sêmen a fresco
seriam impossíveis de serem realizados (SALVADOR, 2019).

3. INTERAÇÃO DAS PRINCIPAIS BIOTECNOLOGIAS DA REPRODUÇÃO NO


MELHORAMENTO GENÉTICO

3.1. Inseminação artificial (IA)


A inseminação artificial tem conferido progressos consideráveis no melhoramento
genético na criação animal mundialmente. Onde possibilita um maior controle de patologias
venéreas e redução de despesas com reposições e custos para a obtenção de prenhez
(NOGUEIRA et al., 2013).
Outras vantagens que podem ser citadas: o decréscimo na frequência de genes
indesejáveis recessivos; e uma maior difusão de genes desejáveis de touros superiores
mundialmente através do sêmen. De uma forma geral, a inseminação artificial apresenta
vantagens que são advindas do melhoramento genético dentro de um rebanho. Essas
vantagens podem ser um desenvolvimento quantitativo e/ou qualitativo de algum aspecto da
produção animal (VIEIRA, 2012).

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Mesmo com tantos benefícios, a inseminação artificial ainda é pouco utilizada nos
países da América Latina. Os principais limitantes da difusão dessa biotécnica nessa região
em relação a produção bovina é a grande carência de mão de obra capacitada para seu bom
emprego; infraestrutura pouco eficiente das propriedades; a grande imprecisão e ineficiência
na detecção do cio; e o tempo de anestro pós-parição das vacas (NOGUEIRA et al., 2013).
No Brasil, o limitante que se destaca é a dificuldade de detecção de cio das vacas, o
que está atrelado diretamente aos programas de inseminação artificial, diminuindo bastante a
sua eficiência. Essa dificuldade está relacionada aos sistemas de criações locais, em sua
maioria as vacas são criadas a pasto. As técnicas habituais que detectam o cio (observação
visual, marcador e buçal) tem baixa eficiência, cerca de 60% (SILVA, 2011).
Esses cios não detectados acrescentam diretamente no número de tempo improdutivo
dos animais além de, aumentar a curva entre intervalos de partos, assim então concluindo em
um decréscimo na quantidade de bezerros paridos. A partir dessa premissa, técnicas que não
carecem da detecção do cio, que é o caso da inseminação em tempo fixo, contribuem no
avanço e eficácia no emprego da técnica e suas vantagens no melhoramento genético dos
animais (NOGUEIRA et al., 2013).

3.2. Produção in vitro de embriões (PIVE)


Essa biotecnologia reprodutiva, corroborou para o crescimento do potencial de fêmeas
de alto valor zootécnico e a utilização de seus genes benéficos (NOGUEIRA et al., 2013).  Ao
contrário dos machos, as fêmeas possuem a sua capacidade de produção de gametas
determinada durante a sua formação embrionária (RODRIGUES e RODRIGUES, 2009).
O Brasil, possui o diferencial de possuir uma grande quantidade de receptoras
disponíveis, tendo uma vantagem sobre os demais países. Essa vantagem possibilitou que o
mercado de produção in vitro de embriões se desenvolvesse bastante nos últimos anos pela
grande demanda, tornando a técnica grandemente utilizada no país (SILVA, 2011).
As variáveis nas taxas de sucesso na sua implementação estão relacionadas às
diferentes ocasiões em que a PIV pode ser utilizada, a citar, a categoria de animais, fase de
criação, idade, raça, fase e ciclo reprodutivo, nutrição animal, a quantidade de aspirações em
que o animal sofreu (RODRIGUES e RODRIGUES, 2009).
Atualmente, os laboratórios considerados eficientes na utilização destas técnicas
conseguem em média cerca de 40% de blastocistos. Um dos importantes objetivos da
pesquisa na área é identificar os diferentes sistemas de produção e avaliar suas eficiências na

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de produção e manutenção de embriões com potencial de sobrevivência que mais se
assemelham aos números observados em embriões gerados in vivo. Essas variáveis possuem
aspectos morfológicos e também podem ser caracterizadas por modificações nas expressões
gênicas, que se relacionam diretamente no desenvolvimento embrionário, e na sanidade e
bem-estar futuramente desse indivíduo (RODRIGUES e RODRIGUES, 2009; NOGUEIRA et
al., 2013).

3.3. Transferência de embriões (TE)


A transferência de embriões é uma biotecnologia que consiste em recolher embriões
de uma fêmea doadora e transferi-los para outras receptoras que farão a gestação. Esta técnica
pode ocorrer relacionada com outras biotecnologias e ocasiões como a produção in vitro de
embriões (PIVE) e superovulação (SOV). entretanto a sua demanda de utilização em conjunto
com outras técnicas, sendo algumas destas mais avançadas, podem representar um risco para
sua utilização em larga escala, entretanto apesar desse limitante, a TE vem sendo utilizada
mundialmente utilizada (SOUZA, 2008).
Vantagens que podem ser citadas: Aumento da taxa reprodutiva das fêmeas, evidente
principalmente nas espécies uníparas; possibilita uma maior intensidade de seleção das
fêmeas, com elevação dos ganhos genético atrelado a hereditariedade de característica através
da diminuição do intervalo de entre as gerações; Permite a rápida expansão de estoques
genéticos raros, o que permite a multiplicação  de genótipos considerados raros ou que se
encontravam em extinção ou  ainda realizar trocas de material genético por meio do utilização
de raças exóticas e/ou que não existiam em um país, dessa forma realizando um intercâmbio
importante de genes; Possibilita a ocorrência de experimentos genéticos através da utilização
de um mesmo material genético em diferentes situações ambientais, assim aferindo a
interação genótipo- ambiente e seus efeitos na performance dos animais (RODRIGUES e
RODRIGUES, 2009; NOGUEIRA et al., 2013). 
A transferência de embriões de uma forma geral fornece um embasamento técnico
para realização e implementação de outras biotécnicas relacionadas, como a produção in vitro
de embriões (PIVE), superovulação (SOV), a produção de clones ou animais transgênicos,
também pode estar relacionada com a bipartição e sexagem de embriões, análise do genoma e
criopreservação de embriões (SOUZA, 2008).
A partir dessa premissa, a TE se torna um de uma técnica valiosa e com grande
potencial para o melhoramento genético, conferindo uma maior precisão ao processo de

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seleção animal, além de facilitar a difusão dos genes de animais geneticamente superiores
(SOUZA, 2008).

3.4. Criopreservação
O principal objetivo da criopreservação é manter o metabolismo celular em estado de
quiescência, ou seja, em baixa atividade metabólica, o que torna possível que sejam
armazenadas células e tecidos por um período ilimitado de tempo. A criopreservação então se
dá pela desidratação das células, antes de se fazer o resfriamento, para que as células não
formem cristais de gelo e consequentemente cause danos às mesmas, afetando suas estruturas
celulares, para que seja possível a retomada do metabolismo celular, após ser armazenada em
baixas temperaturas (ONGARATTO, 2009).  
Sendo utilizado tanto para a preservação de sêmens, quanto de embriões, a
criopreservação é uma tecnologia bastante utilizada na indústria agropecuária, principalmente
na bovinocultura, visto que a reprodução animal se faz uso da inseminação artificial cada vez
mais, sendo uma importante fonte para o melhoramento genético (ONGARATTO, 2009). 

3.4.1. Criopreservação de sêmen


A criopreservação do sêmen é um processo muito complicado, onde é preciso ter
atenção a vários fatores para que se possa obter resultados satisfatórios. Dentre esses fatores,
pode-se destacar o descongelamento, funções de diluição e fisiologia do sêmen de cada
espécie. Este processo, permite o uso a longo prazo e também reduz o risco e o custo de
aquisição e transporte de reprodutores; é propício à rápida disseminação do material genético
entre diferentes regiões; minimiza a possibilidade de introdução de doenças infecciosas no
país e a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis no rebanho (DE SOUZA
CASTELO, 2008).
É preciso que as amostras de espermatozóides sejam submetidas a uma controlada e
moderada refrigeração, para que seja preservada sua função (a fecundação do oócito), onde o
controle na redução da temperatura poderia diminuir a possibilidade da perda da viabilidade
celular, já que diminui a formação de cristais de gelo no interior da célula (SILVA, 2011).
O espermatozóide é uma célula especializada com uma estrutura tripartida em cabeça,
cauda e peça intermediária, e também é altamente polarizada. O processo de congelamento,
gera um prolongamento de sua vida, já que durante a espermatogênese esse gameta perde a
sua habilidade de biossíntese, crescimento, reparo e divisão celular, e seu metabolismo é

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desacelerado neste processo, e para que tenha um bom resultado a criopreservação vai
depender inteiramente da velocidade da congelação das células e da composição da solução
utilizada (FALEIRO, 2011).

3.4.2. Criopreservação de embriões


Na produção de bovinos a criopreservação de embriões tem sido de grande
contribuição com o processo de seleção de boa genética, o que reduz os gastos com
programas de cruzamento ou sincronização hormonal de cio. Esse processo permite que sejam
utilizadas boas doadoras de embriões, e permite também a estocagem desses embriões para
que sejam utilizados em momentos oportunos, além de garantir a importação e exportação de
embriões de fêmeas geneticamente melhoradas (FALEIRO, 2011).
A preservação de embriões é feita na maioria das vezes através de métodos
convencionais, onde se utilizam as baixas concentrações dos crioprotetores e lenta
permeabilidade e uma refrigeração controlada por equipamentos programados de
congelamento. São utilizadas também a vitrificação, que é mais rápido e o embrião fica um
menor período de tempo exposto ao crioprotetor, e não é necessário a utilização desses
equipamentos programáveis (DALCIN, 2010).
Apresar de serem os métodos mais utilizados na criopreservação de embriões,
possuem entre si grandes diferenças quanto a suas ferramentas e seus princípios, onde a
congelação lenta se baseia em um balanço osmótico em uma máquina programável que visa
diminuir a temperatura, a vitrificação tem por objetivo substituir a água intracelular pelo
crioprotetor, para que as chances de formação de cristais sejam nulas (DALCIN, 2010).
Independentemente do método utilizado, tanto embriões como sêmen podem sofrer
danos durante o processo de criopreservação, porém esses danos podem ser mínimos com a
padronização de técnicas e de protocolos, e a utilização de profissionais capacitados para a
realização do procedimento, gerando mais lucros aos produtores (DALCIN, 2010).

3.5. Clonagem
A clonagem é um processo decorrente da reprodução assexuada, onde são obtidas
cópias genéticas idênticas de um mesmo organismo, seja ele vegetal ou animal. A técnica de
clonagem é vista como um grande avanço tecnológico, porém é uma técnica que necessita de

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aperfeiçoamento para que seja mais difundida e utilizada, já que apresenta uma alta taxa de
mortalidade, causando um grande alarde no meio agropecuário e social (BENTO, 2005).
A clonagem pode ser desenvolvida de duas formas: 1. Por transferência nuclear, onde
os oócitos receptores são recuperados de ovários de animais abatidos ou animais vivos por
aspiração vaginal e são maturados in vitro, e as células doadoras de núcleo possuem origem
de células fetais ou embrionárias. Esses embriões serão cultivados até o estágio de mórula, e
então serão congelados ou transferidos para as receptoras para o processo de reclonagem. 2.
Por bipartição de embriões, onde a separação das células irá produzir novos indivíduos, que
serão exatamente iguais ao patrimônio genético. Essa é a maneira mais simples de clonagem e
é a mais utilizada na reprodução animal (BENTO, 2005).
A clonagem de animais possui uma grande importância tanto para a ciência como para
a indústria, e essa biotécnica possui diversos tipos de aplicações, sendo eles a conservação de
espécies em extinção, recuperação de espécies já extintas, melhoramento genético, produção
de clones transgênicos (para fins terapêuticos principalmente), ou até mesmo para
“ressuscitar” animais de estimação, fato que se tornou uma realidade nos Estados Unidos
(BENTO, 2005).
Os animais clonados geralmente acabam morrendo pouco tempo após o seu
nascimento, pela ocorrência de defeitos genéticos e anomalias cromossômicas. Um dos casos
mais famosos foi a clonagem da ovelha Dolly em 1997, porém a mesma nasceu com
alterações cromossômicas que causou seu envelhecimento acelerado. O mesmo ocorre com
diversos animais e gera discussão sobre a eficácia do procedimento (BENTO, 2005).
Em bovinos, uma pequena proporção dos animais clonados é fenotipicamente normais
e cresce de forma saudável, podendo inclusive produzir e se reproduzir normalmente. Alguns
estudos indicam inclusive a possibilidade da produção desses animais e sua aplicação
comercial, onde indicam que não há riscos à saúde humana associado ao consumo de produtos
provenientes de clones, sendo um passo importante para a produção desses animais (SOUSA,
2015).
O procedimento precisa, no entanto, ser aprimorado para a aplicação adequada da
tecnologia, necessária não somente para a recuperação de espécies ameaçadas de extinção, o
aumento da produção animal e aplicações terapêuticas para terapias celulares e regenerativas
(MIGLINO, 2004).

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3.6. Animais transgênicos
Segundo a Federação Europeia das Associações de Ciência em Animais de
Laboratório denomina-se como animal transgênico, “animal que possui seu genoma
modificado artificialmente pelo homem, quer por meio da introdução, quer da alteração ou da
inativação de um gene (uma sequência definida de DNA). Esse processo deve culminar na
alteração da informação genética contida em todas as células desse animal, até mesmo nas
células germinativas (óvulos e espermatozoides), fazendo com que essa modificação seja
transmitida aos descendentes." (RAIANY et al., 2017).
Os benefícios diretos e biotecnológicos do uso de animais transgênicos podem ser
divididos no mínimo em três grupos: agropecuária, medicina e indústria. Na agropecuária, a
transgenia possibilita a criação de animais de produção com características de interesse
comercialmente, cuja produção por técnicas tradicionais de cruzamentos e seleção são
extremamente demoradas (OLIVEIRA, 2015).
Assim, produzindo vacas transgênicas que produzem mais leite, ou leite com menos
lactose ou colesterol, porcos e gado transgênicos com maior produção de carne e ovelhas
transgênicas que produzem mais lã, além de haver um grande esforço para produzir animais
resistentes a doenças, como a gripe suína ou a febre aftosa em bovinos (PEREIRA, 2008).
O uso da transgênese em animais têm trazido vários benefícios, alguns bem
ambicionados envolvem a construção de modelos genéticos para o estudo de doenças, o
aumento da eficiência na pecuária, sendo considerada uma ótima ferramenta de pesquisa, na
aplicação biotecnológica em relação a produção de proteínas de interesse comercial em
grande escala, desta forma melhorando a qualidade de vida humana. No entanto, todas estas
questões acerca da viabilidade e segurança desta técnica, é considerada nova, circundando
aspectos éticos e legais que ainda necessita de melhores esclarecimentos pela comunidade
científica (através de mais pesquisas) aos consumidores finais, cabendo a eles decidirem se
consomem ou não tais produtos (RAIANY et al., 2017).

3.7. Sexagem de embriões


Diferentes tecnologias são empregadas na tentativa de selecionar o sexo dos animais,
tanto nas espécies de interesse zootécnico quanto em espécies ameaçadas de extinção e
animais de companhia. Existem duas formas de alcançar esses objetivos: a separação de
espermatozóides X dos espermatozoides Y e pela   sexagem de embriões pré-implantados
(LIMA, 2007).

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A sexagem de sêmen é uma biotecnologia que consiste na separação do sêmen em
duas populações, uma contendo espermatozóides com cromossomos X (feminino), e a outra
com cromossomos Y (masculino), o que possibilita a seleção do sexo do futuro embrião, e
desta forma obtendo maior quantidade do sexo desejado (NEVES et al., 2009).
Na medicina veterinária, está biotecnologia tem se destacado na área de produção
animal, e a maioria das aplicações de sexagem são realizadas em bovinos, tanto na literatura
quanto na área científica a maioria dos estudos diz respeito a essas espécies. Principalmente
por despertar um grande interesse comercial, devido à possibilidade de aumentar a
rentabilidade de um empreendimento (SEIDEL, 1999; BRITO et al., 2018).
Com a evolução da genética e a busca por progressos na produtividade, as técnicas de
sexagem têm sido otimizadas e estudadas, com o intuito de aumentar a lucratividade com o
custo menor, consequentemente, o uso do sêmen sexado, tem avançado em pesquisas,
principalmente em escalas comerciais. Com a evolução dos estudos de sexagem, espermáticas
descobriu-se duas técnicas avançadas que são eficientes no processo de sexagem espermáticas
a citometria de fluxo e a centrifugação por gradiente de densidade, essas duas técnicas de
separação dos espermatozoides são as mais utilizadas comercialmente, ambas possuem
vantagens e desvantagens (VILLADIEGO et al., 2018).
 Essas duas técnicas de sexagem espermáticas estão disponíveis comercialmente em
vários países, sendo que, no caso de sêmen bovino, o método mais divulgado de sexagem é a
citometria de fluxo, devido sua acurácia média está em torno de 92,3% na determinação do
sexo, sendo o método com maior sensibilidade e eficiência, porem para que haja segurança na
comercialização do produto a garantia mínima é de 85% (OLIVEIRA, 2011).
Em quanto que a centrifugação por gradiente de densidade, apesar ser um método com
menor custo e sem causar danos à viabilidade espermática, foram observados vários
problemas que dificultam sua comercialização, pois tem somente 70% de acurácia na
determinação do sexo, impossibilidade de armazenamento do gradiente, sendo necessário
utilizar o sêmen sexado logo após a coleta ou descongelação, e a dificuldade de preparar
várias camadas, podendo ocorre aumento da variabilidade das amostras (BRITO et al., 2018).
A utilização da sexagem espermática permite ao produtor ter diversas vantagens como:
Melhorar a programação das populações do rebanho; melhorar a genética e reduz de tempo na
seleção de plantéis; alta produtividade; facilitar a reposição das matrizes, melhorar o bem-
estar dos animais ao evitar castrações e reduz o impacto ambiental ao evitar nascimento de
animais de sexo indesejado (ARAUJO et al., 2013; DUARTE, 2019). A escolha do sexo

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também permite ao produtor maximizar seus lucros por tornar os sistemas de produção
flexíveis em relação as exigências do mercado, sendo para produção de carne ou leite
(JUNIOR et al., 2016).
         Para a produção de gado de corte os machos são mais valorizados, levando em
consideração que as fêmeas são reservadas para reprodução, e são encaminhadas para o abate
somente em idade mais avançada, quando a rigidez das fibras musculares é maior, diminuindo
a qualidade da carne (SILVA, 2016). Outra diferença entre os sexos são as características de
carcaça - o peso morto do macho, aos 24 meses é cerca de 25 % maior que o peso morto da
fêmea da mesma idade, porém a seleção de fêmea para repor o rebanho é uma vantagem
quando necessário (LIMA, 2007).
         A escolha do sexo dos bezerros é de interesse dos produtores de leite, tendo em vista
que, há necessidade de reposição das novilhas do seu rebanho, e devido à valorização de
novilhas leiteiras serem três vezes maior em dinheiro, quando comparadas aos filhotes
machos desvantagens (VILLADIEGO et al., 2018). Ao reduzir o nascimento de machos na
pecuária leiteira, diminuindo os gastos com os mesmos e investimento apenas em fêmeas,
otimizando assim os custos de produção (BRITO et al., 2018).
         A sexagem espermática tem algumas limitações como a baixa fertilidade, quando
comparada com a fertilidade do sêmen não sexado, em geral, a taxa de prenhez obtida pela IA
com sêmen sexado é aproximadamente 70% da obtida pelo sêmen não sexado (ROJAS,
2015). Outro fator limitante e alto custo do sêmen sexado em relação ao sêmen não sexado, e
os custos extra da dose de sêmen sexado, devido a menor capacidade de fertilização (NEVES
et al., 2009).
A utilização do sêmen sexado ainda está pouco acessível para realidade de pequenos e
médios produtores devido ao alto custo, entretanto, o aumento do uso do sêmen sexado
depende de metodologias compatíveis com as características desejadas garantido o aumento
da produtividade, o avanço genético, tais como não afetar a capacidade fecundação, ser
produzido em larga escala, obter taxa de prenhez satisfatória, permitir a congelamento com
diminuição das perdas e lesões espermáticas, apresentar separação eficiente dos
espermatozóides em sêmen descongelado e apresentar baixo custo, devendo ter alta acurácia
no processamento e viabilidade após a descongelamento.  Sendo necessário dar
prosseguimento às pesquisas, a fim de melhorar ou desenvolver novas tecnologias que irão
servir para o desenvolvimento de metodologias mais eficazes e acessíveis aos produtores
(BRITO et al., 2018).

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4. PRINCIPAIS OBJETIVOS DO USO DAS BIOTECNOLOGIAS PARA O
MELHORAMENTO GENÉTICO

O Brasil apresenta uma atividade pecuária representativa mundialmente, possuindo


uma das maiores populações de bovinos e sendo um dos maiores exportadores de carne
bovina. Tendo este cenário em vista, se faz necessário o estabelecimento de um sistema
eficiente para manter essa significância no mercado e manter ou aumentar os resultados de
produtividade (ABIEC, 2019).
Dessa forma, um objetivo global da utilização das biotecnologias é o fortalecimento do
setor pecuário, para que por meio dos avanços gerados, ele possa continuar crescendo e se
destacando no comércio nacional e internacional. Outro objetivo é tornar a pecuária nacional
mais competitiva e eficaz, visando a rentabilidade, a geração de receita local e,
principalmente, acompanhar a demanda do consumo alimentício humano mundial
(SOLLECITO et al., 2019).
Para alcançar esse estado de atividade altamente produtiva e eficaz, se faz uso de um
dos principais objetivos da utilização das biotecnologias para promover o melhoramento
genético, que é o rápido incremento de características genéticas de interesse no rebanho. Esse
incremento é dito como rápido e direcionado, pois no rebanho acontecem naturalmente
alterações genéticas, porém ocorrem a longo prazo e de forma aleatória (OLIVEIRA et al.,
2014).
Essa inserção desses atributos promove uma aceleração do melhoramento genético,
passando por um processo de mapeamento de informações sobre o rebanho e pela seleção de
características de interesse econômico. Entre elas cita-se a precocidade de crescimento, peso
ao desmame (PD), perímetro escrotal ao sobreano, peso ao desmame (PD), entre outras. Pode
ser levado em consideração também animais com melhor acurácia e diferença esperada na
progênie (DEP), porém estes aspectos são dependentes do ambiente e nem sempre serão
expressos da mesma forma (WOLTER, 2017).
Simultaneamente a isso, deve-se também selecionar e classificar os animais conforme
os atributos que possuem. Geralmente eles são classificados em (1) “animais de ponta” ou
“animais superiores ou melhorados”, em (2) “animais medianos” e (3) “animais de fundo ou
inferiores”. Com isso consegue-se montar um bom programa de melhoramento, priorizando

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animais superiores como doadores, e animais inferiores como receptores ou para o descarte
(FALEIRO et al., 2011).
Esse processo, refere-se a um outro objetivo visado, a mitigação de atributos que não
agregam valores zootécnicos. Onde os animais que possuem essas características não são
utilizados para geração de proles, evitando a disseminação desse fenótipo no rebanho e
reduzindo o surgimento de alterações genética indesejáveis e até mesmo doenças associados a
genética como o criptorquidismo (ROSA et al., 2013).
 
Tabela 1. Principais objetivos do uso de biotecnologias reprodutivas aplicadas ao
melhoramento genético animal
PRINCIPAIS OBJETIVOS VISADOS
Fortalecimento do setor pecuário
Pecuária nacional mais competitiva
Eficiência e rentabilidade produtiva
Seleção de características de interesse econômico
Seleção e classificação do rebanho (superiores, medianos e inferiores)
Rápido incremento de características genéticas de interesse no rebanho
Aceleração do melhoramento genético
Mitigação de características que não geram ganhos zootécnicos
Fonte: Criada a partir de FALEIRO et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2014.

5. AVANÇOS GERADOS

A implementação das biotecnologias da reprodução dentro do sistema pecuário como


ferramenta de melhoramento genético tem promovido avanços significativos para a eficiência
da pecuária e posteriormente para a cadeia do agronegócio. A possibilidade facilitada de
expansão e seleção de características geneticamente melhoradas promoveu um incremento de
índices zootécnicos mais próximos do ideal visado pelo mercado e pelos setores de
negociações (GUIMARÃES et al., 2020).
A difusão dessas tecnologias no ambiente nacional tornou o Brasil como sendo o país
que mais produz embriões bovinos viáveis para a reprodução advindos da produção in vitro
de embriões (PIVE). O que representa um conjunto de esforços de profissionais,
pesquisadores e produtores para desenvolver e se familiarizar com essas técnicas e para tornar
a pecuária mais representativa (GONÇALVES et al., 2008).
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De modo geral, todo esse somatório de esforços para a implementação e expansão das
biotecnologias reprodutivas, refletem no atual cenário econômico nacional e em uma
classificação de destaque mundial. Permitindo ao país ocupar reconhecimento não somente no
ramo da agricultura, como também da pecuária, alavancando os resultados da atividade rural
(ABIEC, 2019).
Em 2020, o Brasil obteve uma alta de 24,56% no Produto Interno Bruto (PIB)
referente ao ramo pecuário, o que equivale a um faturamento próximo de R$ 290,8 bilhões de
reais. Sendo que, deste faturamento, somente a pecuária bovina faturou cerca R$ 126,3
bilhões de reais, corresponde a um aumento de 15,6% em relação à 2019, tornando a carne
bovina o terceiro produto agropecuário que mais teve colaboração no Valor Bruto da
Produção (VBP) (CNA, 2021).
De fato, estes resultados relacionados ao faturamento, à importante representatividade
no PIB e no mercado internacional da carne advém de uma série de fatores. No entanto, é
notório a influência que as biotecnologias têm nestes resultados, tendo em vista que muito
disso está associado à melhoria de características de relevância nos rebanhos de bovinos e da
eficiência produtiva, sendo estes pilares norteadores das biotécnicas (FALEIRO et al., 2011).
De outro modo, as biotecnologias promoveram avanços na taxa de desfrute do rebanho
por meio do aperfeiçoamento de fatores genéticos inerentes ao manejo reprodutivo e
zootécnico. Quando analisado a reprodução pela via natural, uma fêmea bovina pode gerar até
10 descendentes em toda sua vida reprodutiva, sendo que isso representa apenas 0,01% de sua
capacidade de reprodução (OLIVEIRA et al., 2014).
Dessa forma, as biotecnologias colaboram para uma melhor exploração dos gametas e
otimização do número de animais nascidos. O que tem sua relevância aumentada quando se
aplica à animais geneticamente superiores, que estariam sendo subutilizados pela via natural,
tendo baixo desfrute de suas características. Ainda, as biotecnologias promovem a
possibilidade de inserção desses animais a vida reprodutiva mais precocemente e em sua fase
mais jovem (WOLTER, 2017).
Outro avanço promovido é o maior controle do manejo reprodutivo da propriedade
rural. Onde ocorreu uma melhor organização das atividades pecuárias conforme as épocas do
ano e os aspectos climáticos de cada região. Além da otimização e sincronização dos
processos, como a sincronização da maioria dos animais para a época de prenhez
(GUIMARÃES et al., 2020).

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Isso além de facilitar o manejo e a coleta de informações do rebanho, promove uma
diminuição do intervalo entre partos, uma vez que direciona mais rapidamente uma grande
quantidade dos animais para a fase reprodutiva. Ademais, por influência disso, se aumenta a
vida útil do animal doador, já que reduz o intervalo entre gerações e intensifica o uso dos seus
gametas (GONÇALVES et al., 2008).
Outro avanço gerado é a troca de material genético de animais geneticamente
superiores em todo o mundo de maneira facilitada. Com elas se tornou possível inserir
características de um animal de um continente muito distante sem a necessidade de ter o
animal fisicamente, eliminando a necessidade do deslocamento do animal por uma longa
distância e gerando um alto custo. Atualmente, esse material genético pode ser transportado
em forma de sêmen e/ou embrião congelado, com uma logística mais prática e favorável
(ROSA et al., 2013; SOLLECITO et al., 2019).
Por fim, o principal avanço gerado é o alto e rápido incremento de características
superiores nos rebanhos, por meio da seleção do material genético. O melhoramento genético
ocorre de forma natural entre os animais, porém é de forma aleatória e com replicação lenta.
Quando se pensa em um touro com genética superior é fácil imaginar que ele pode, por monta
natural, replicar de maneira rápida a sua genética em várias receptoras (OLIVEIRA et al.,
2014).
No entanto, quando se imagina uma vaca com genética superior, por via natural, essa
rápida disseminação de material genético pouco ocorre. E ainda mais, são subutilizadas,
gerando no máximo um bezerro por ano. Por outro lado, quando neste mesmo animal é
aplicado alguma biotecnologia, como a PIVE, TE ou criopreservação, se observa um salto no
número total de bezerros que podem ser gerados. Pois, o que antes seria um bezerro por ano,
agora pode ser replicado para milhares de bezerros com a mesma genética da doadora
(GUIMARÃES et al., 2020).
Dessa forma, é notável a rápida disseminação desse material genético e em ampla
escala, unindo a genética conjunta de touros e vacas superiores. Além disso, essa vantagem
ainda colabora na utilização dos animais chamados de “animais de fundo” ou “geneticamente
inferiores”, que podem ser usados como receptoras para o desenvolvimento de um embrião de
pais melhorados (FALEIRO et al., 2011).
Todo esse cenário de rápido incremento genético, melhoramento dos índices
produtivos e zootécnicos e aumento da eficiência da atividade pecuária nas perspectivas de

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produtividade e faturamento, não ocorre naturalmente, muito menos sem o uso das
biotecnologias reprodutivas (GONÇALVES et al., 2008; WOLTER, 2017).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As biotecnologias da reprodução aplicadas ao melhoramento genético animal


promovem inúmeros benefícios que são vistos a nível de índices na propriedade rural e a nível
global por meio da representatividade da pecuária no comércio nacional e internacional. Elas
foram e são fundamentais para a rentabilidade, produtividade e eficiência prevista para
alcançar as demandas do mercado.
Essas biotécnicas agregam aos rebanhos um alto e rápido incremento de características
chaves para produtividade, acelerando o processo de melhoramento genético. Além de
atuarem como sendo uma das melhores ferramentas para o melhoramento, auxiliam na
organização e sincronização do manejo reprodutivo propiciando mais ganhos. E com o
aperfeiçoamento das características geradas foi possível alcançar patamares de destaque e ter
uma atividade nacional cada vez mais forte, tecnificada e competitiva.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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