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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ZOOTÉCNICA

DESEMPENHO PRODUTIVO DOS COELHOS ALIMENTADOS POR


MORINGA OLEÍFERA NA FASE DE ENGORDA

Zervaldo Macaule

Mocuba-2024
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ZOOTÉCNICA

DESEMPENHO PRODUTIVO DOS COELHOS ALIMENTADOS POR


MORINGA OLEÍFERA NA FASE DE ENGORDA

Autor: Zervaldo Macaule

Supervisora: Enga Ester Inácio Damião Quinova (Msc)

Trabalho de conclusão de curso submetido e


apresentado à Comissão de Avaliação do Curso de
Engenharia Zootécnica da Universidade Zambeze
na Faculdade de Engenharia Agronómica e
Florestal, como requisito parcial para a obtenção
do Título de Licenciado em Engenharia Zootécnica.

Mocuba-2024
I. INTRODUÇÃO

O coelho doméstico, Oryctolagus cuniculus, e muitas outras espécies de coelhos


e lebres, pertencem à família Leporidae (ordem Lagomorpha) caracterizada por uma
elevada diversidade fenotípica com grande número de raças reconhecidas
mundialmente. Os coelhos são animais sociáveis que, em vida livre, vivem grande
parte do tempo em grupo e em contacto próximo uns com os outros. Nesse sentido, a
cunicultura tem aberto portas para a produção de coelhos, pois são animais dóceis e
de fácil maneio (SOUZA, 2011).

Segundo SILVA (2019), a produção de coelhos é uma atividade lucrativa,


bastante acessível ao produtor, onde ele pode iniciar criações intensivas para obter
uma fonte de renda extra, ou uma pequena criação na propriedade para o próprio
consumo da carne, que é de alta qualidade. Contudo, para que seja uma exploração
acessível, esta criação exige alguns cuidados que devem ser avaliados pelo cunicultor,
sobretudo os referentes ao controlo sanitário e alimentação.

O criador de coelhos possui diversas possibilidades para aproveitamento destes


pequenos herbívoros, tais como: comercialização da carne, pelo e pele, urina (indústria
de cosméticos) e produção de objectos de artesanato, assim como, criação de animais
para companhia. Esta área do agronegócio tem pouco reconhecimento no Mundo, mas
pode proporcionar uma grande capacidade de crescimento (SOUZA, 2011).

Os coelhos são conhecidos por se reproduzirem muito em pouco tempo (alta


fertilidade), pela sua habilidade em utilizar forragens e por sua carne ser saborosa com
baixos níveis de gordura e colesterol. Todavia, não se deve fornecer apenas forragens
aos animais, principalmente aos recém-desmamados. É essencial uma dieta
balanceada conforme suas necessidades alimentares, e de extrema importância que se
tenha conhecimento nutricional dos alimentos disponíveis na região, assim como, dos
aditivos, rações e alimentos alternativos (GOUVEIA et al.,2019, MACHADO e
FERREIRA, 2012).

De acordo com PARREIRA FILHO et al. (2020), é de extrema importância que o


produtor ofereça dietas à base de fibras para a manutenção da saúde do trato
gastrointestinal do coelho, evitando enfermidades ou problemas causados pelo
excesso de ração.

Apesar de que, ainda sejam poucos os alimentos alternativos usados na nutrição


de coelhos, novos componentes vêm sendo testados em pesquisas. Isso se deve ao
facto de que a incorporação de alimentos alternativos às dietas padronizadas pode
ajudar, de forma relevante, na diminuição dos potenciais poluidores ambientais e no
avanço da rentabilidade do produtor (GOUVEIA et al.,2019).

Tendo em vista a grande influência da alimentação na cunicultura, a qual


representa aproximadamente 70% do custo total da criação, fica evidente a importância
de estudos relacionados à nutrição de coelhos, assim como, à qualidade das rações,
maneio alimentar e aditivos utilizados, a fim de garantir a eficiência da produção e
saúde dos animais (MACHADO et al., 2019).

Desse modo, objectiva-se com este trabalho avaliar o uso da Moringa oleífera
como suplemento alimentar dos coelhos da raça nova Zelândia branca na fase de
engorda.

I.1. Problema de estudo e Justificativa


A alimentação é um pilar básico para a produção animal representando o maior
custo da produção no sector de produção animal, participando com cerca de 70 a 80%.
O alto custo dos principais ingredientes que compõem a ração industrial (milho, soja,
aminoácidos, premix e minerais) influencia a produtividade e encarecem o produto final
no mercado porque na sua maioria são importados (RIBEIRO et al.,2010).

O milho e a soja são alimentos considerados competidores na alimentação


humana e animal e por isso tem causado conflitos económicos e na globalização, que
por sua vez a população mundial futuramente tende em crescer e as necessidades
alimentares aumentem (FAO, 2015). Justificando-se a necessidade de encontrar
alternativas alimentares que substituam parte dos ingredientes desde que não alterem
a composição ou as exigências nutricionais, garantindo desta forma o desempenho
zootécnico.

Uma alternativa de baixo custo pode ser a folha de moringa, porque por um lado
já foi testada cientificamente e provadas as várias propriedades e potencialidades
nutricionais e terapêuticas na alimentação animal, seja em cunículos (NKUKWANA et
al., 2015). A razão pela qual, pretende-se com este estudo avaliar o efeito da Moringa
oleífera como suplemento alimentar dos coelhos da raça nova Zelândia na fase de
engorda.

I.2. Hipóteses
Hipótese nula (H0)
O uso da Moringa oleífera como suplemento alimentar dos coelhos na fase de
engorda não influencia no desempenho produtivo

Hipótese alternativa (H1)


O uso da Moringa oleífera como suplemento alimentar dos coelhos na fase de
engorda influencia no desempenho produtivo

I.3. Objectivos
I.3.1. Geral
Avaliar o desempenho produtivo dos coelhos da raça nova Zelândia branca na fase
de engorda suplementados por Moringa oleífera.

I.3.2. Específicos
 Alimentar os coelhos com a Moringa oleífera na fase de engorda;
 Avaliar o desempenho dos coelhos alimentados com Moringa oleífera;
 Comparar a eficiência produtiva dos coelhos alimentados com Moringa oleífera.

II. REVISÃO DA LITERATURA


2.1. Cunicultura Mundial

2.1.1. ORIGEM

O coelho é proveniente da Península Ibérica e do norte da África. O coelho


caseiro tem sua origem a partir da domesticação e criação de coelhos silvestres na
Idade Média, principalmente no mosteiro francesa (ABADE DOS SANTOS, 2020).

A União Europeia, seguida da China, é a segunda maior produtora de carne de


coelho a nível mundial. Esta produção divide-se essencialmente entre Espanha, França
e Itália, sendo que, Portugal, Alemanha e Bélgica são os principais importadores (EFSA
Panel on Animal Health and Welfare et al., 2020).

Há cerca de 20 anos, tem-se registado um decréscimo de explorações cunículas,


consequência do declínio do consumo de carne de coelho na Europa. A origem da
carne, o modo de produção e reprodução, e o método de abate são aspectos que têm
influenciado o consumidor na compra desta carne, pelo que as práticas utilizadas na
produção biológica podem ser uma alternativa para o crescimento deste sector
(SZENDRŐ, 2020).

2.2. Cunicultura em Moçambique

Segundo FAO (2018) A cunicultura em Moçambique é uma actividade de grande


importância socioeconómico, pelas seguintes razões:

 Fonte de carne para o consumo e venda;


 A pele pode ser usada no fabrico de casacos, chapéus, luvas e cachecóis;
 Os seus pêlos servem para o fabrico de chinelos e brinquedos;
 Fornece estrume para fertilização do solo;
 Proporciona emprego para a população, quando criados em regime intensivo,
entre outras utilidades.

2.3. Raças de Coelhos


O coelho é um mamífero pertencente à ordem dos Lagomorfos, a família dos
Leporídeos e ao gênero Oryctolagus. A espécie mais comum e fonte de todas as raças
domésticas é a Oryctolagus cuniculus COELHO & CIA, (2016)

Há um grande número de raças de coelhos que podem ser classificadas com


base em três critérios: quanto à aptidão; quanto ao objectivo e quanto ao peso na idade
adulta. Esta última é a classificação mais utilizada e é dividida em quatro categorias:
coelhos de grande porte; coelhos de médio porte; coelhos de pequeno portem e
coelhos anões ou minicoelhos (COELHO & CIA, 2016)

2.3.1. Raças de grande porte

Os coelhos adultos pertencentes a esta categoria atingem no mínimo cinco


quilos, podendo ultrapassar os dez quilos. Por apresentarem boa velocidade de
crescimento, são indicados para o abate. Porém, pelo mesmo motivo, geralmente não
são considerados bons produtores de pele, pois o crescimento rápido influencia
negativamente a qualidade da pele (COELHO & CIA, 2016)

Quando comparadas a outros grupos, as fêmeas não são consideradas boas


reprodutoras, pois, devido ao seu alto peso, a reprodução ocorre mais tardiamente.
São consideradas óptimas criadeiras, porém pouco prolíferas (COELHO & CIA, 2016)

As raças pertencentes a esta categoria são: Gigante de Bouscat, Gigante de Espanha,


Gigante de Flandres e Borboleta Francês

2.3.2. Raças de médio porte

Este grupo é considerado o mais importante, pois nele estão incluídas as raças
mais precoces, rústicas, resistentes e produtoras. Por este motivo, as raças
pertencentes a esse grupo são denominadas industriais ou económicas. Seu peso
varia de 3,5 a 5 quilos (COELHO & CIA, 2016)

As raças pertencentes a esse grupo são: Angorá, Azul de Viena, Belier Francês, Belier
Inglês, Borboleta Inglês, Califórnia, Castor Rex, Chinchila, Fulvo de Borgonha, Nova
Zelândia e Prateado de Champagne (COELHO & CIA, 2016)
2.3.3. Raças de pequeno porte

O peso médio dos coelhos pertencentes a esse grupo vária de 1,5 a 3,5 quilos.
Assim, são de pequeno tamanho, de baixo rendimento e sua criação não é muito
interessante para a produção de carne. As fêmeas são excelentes criadeiras e, por
esse motivo, são utilizadas em cruzamentos com outras raças para melhorar a
habilidade materna (COELHO & CIA, 2016).

Holandês, Negro e Fogo e Polonês são as raças pertencentes a esse grupo

2.3.4. Raças anãs

Os coelhos anões ou minicoelhos têm peso inferior a 1,5 quilos e são criados
como hobby, pois possuem baixa produção e rendimento. Neste grupo estão as raças:
Mini Angorá, Mini Belier, Mini Rex e American Fuzzy Lop (COELHO & CIA, 2016)

2.4. Sistemas de produção de coelhos

Tal como em outros tipos de criação, nos coelhos destacam-se três principais
sistemas de criação: criação extensiva, semi-intensiva e intensiva. A implementação de
um determinado sistema de criação depende geralmente das condições do criador
(ABADE DOS SANTOS, et al 2020)

2.4.1. Sistemas Extensivo

Neste sistema, os coelhos, são criados em regime de liberdade, nos quintais,


alpendres ou em grandes áreas cercadas. Os coelhos alimentam-se de capim e restos
de alimentos, que procuram por si próprio (ROINSARD et al., 2016).

Os cuidados ou maneio são garantidos pela mão-de-obra familiar e a sua produção é


baixa e destina-se apenas ao consumo familiar. Este tipo de criação tem as seguintes
vantagens: não possui muitos gastos para a compra de alimentos, medicamentos,
equipamentos e montagem de instalações e não exige muito trabalho para o criador
(ROINSARD et al., 2016).
Porém, apresenta como desvantagens: a dificuldade de conhecer o número de
coelhos existentes e os progenitores dos láparos nascido, a ocorrência de casos de
consanguinidade entre os animais e cobrições são prematuras e descontroladas e a
dificuldade detectar e tratar doenças (ROINSARD et al., 2016).

2.4.2. Sistemas Semi-Intensivo

É um sistema em que os coelhos são criados em pequenos área cercadas, a


alimentação dos animais dependem do que o criador procura, geralmente capim e
pouca ração. Criador é do sector familiar, a produção é um pouco maior que a do
sistema familiar e destina-se ao consumo e venda para satisfazer outras necessidades
da família (ROINSARD et al., 2016).

Os sistemas semi-intensivos são estruturas parcialmente fechadas, com abertura


em pelo menos 3 lados, garantindo ventilação e iluminação natural, com acesso a uma
área de exercício ao ar livre (ITAB et al., 2015).

Os coelhos que serão abatidos são criados em liberdade durante boa parte de sua
vida, mas a terminação é feita em gaiolas. As matrizes e reprodutores ficam
confinados, permitindo maior controle das crias. A densidade vária de 8 a 16
coelhos/m² para o pasto e de 4 a 10 coelhos por gaiola (ROINSARD et al., 2016).

 São criados em pequenos cercados com alguns abrigos, que podem ser
coelheiras móveis,
 Permite maior controle sobre os animais, quando comparados ao sistema
extensivo.
 Aumento de mão-de-obra

2.4.3. Sistema Intensivo ou Comercial

Neste tipo de criação, os coelhos são criados em instalações com equipamentos


apropriados, a sua alimentação baseia-se em rações industriais, exige uma mão-de-
obra especializada e a produção é bastante alta e destina-se apenas ao comércio, com
uma vasta vantagem, no controlo de número de coelhos e os acasalamentos, no
controlo e combate de doenças e evita a consanguinidade (ABADE DOS SANTOS, et
al 2020)

Com desvantagem enorme devido aos maiores gastos devido a compra de


rações, equipamentos, medicamentos e montagem das instalações e necessita de
mão-de-obra especializada (ABADE DOS SANTOS, et al 2020).

2.5. Maneio Sanitários em Cunicultura

2.5.1. Limpeza e Desinfecção

A limpeza e a desinfecção, constituem medidas básicas que contribuem para a


redução de focos de doenças em qualquer exploração pecuária. A limpeza deve ser
diária e além de ser realizada uma desinfecção periódica. Nos serviços de rotina
devem ser levados em conta também o combate às moscas e ratos, muitas vezes
responsáveis pela transmissão de várias doenças. (MARQUES R. 2019).

Para MARQUES R. (2019) A desinfecção periódica deve ocorrer quatro vezes


por ano. Há dois métodos:

 Promover a queima da gaiola com o uso de lança-chamas a gás;


 Pulverizá-la com produto desinfectante (vendido em lojas de agro-pecuária).

O esterco do coelho é responsável muitas vezes pelo aparecimento de doenças,


por isso deve ser guardado em esterqueiras próprias. Apesar de ser excelente adubo,
nunca deverá ser aproveitado nos terrenos destinados á plantação alimentos
destinados aos próprios coelhos, pois, em caso de doenças como a coccidiose, seria
muito fácil a sua disseminação entre os animais. (MARQUES, R. 2019)

2.5.2. Doenças mais frequentes nos Coelhos


Segundo MARQUES, (2014) As doenças mais frequentes nos coelhos são a
coccidiose, sarna e coriza.

 Coccidiose – é provavelmente a doença mais importante e frequente nos


coelhos, é causada por um parasita do intestino (coccídeas), caracteriza-se por
perda de peso, emagrecimento, pêlo eriçado e diarreias sanguinolentas ou
aquosas. (MARQUES,2014).
 Sarna – é causada por um ácaro, que escava a pele e provocam irritações
intensas (MARQUES,2014).
 Coriza – é uma doença causada basicamente por alterações bruscas da
temperatura, excesso de humidade, ventos, chuvas, poeiras, etc. Os sintomas
mais comuns são eliminação de secreções pela mucosa do nariz, acompanhada
de espirros contínuos (MARQUES,2014).

2.5.3. Medidas de Higiene e Prevenção de Doenças nas Instalações Cunículos

Segundo MASA (2014). Para garantir o sucesso na produção, numa exploração


pecuária, é importante que o criador adopte uma série de medidas que contribuam para
a manutenção da saúde dos animais. Dentre as diferentes medidas, podemos destacar
as seguintes (MASA 2014):

 Adquirir animais vigorosos;


 Realizar limpezas e desinfecções das instalações e equipamentos;
 Alojar os animais em locais protegidos do sol, chuva e ventos;
 Evitar misturar animais com idades diferentes e o superpovoamento das
coelheiras;
 Colocar pedilúvios e rodolúvios (para o caso de viaturas) na entrada das
instalações;
 Fornecer alimentos sólidos e água fresca e limpa;
 Evitar visitas a outras explorações pecuárias; e
 Realizar vacinações e desparasitações, etc.
2.6. Alimentação dos Coelhos

Os coelhos são herbívoros e se alimentam de vegetais como as forrageiras,


(gramíneas e leguminosas) que podem ser: rama, soja perene, alfafa e outros vegetais
como, folhas de goiabeira e bananeira. Além dos verdes, devemos fornecer-lhes
também uma ração balanceada, preferencialmente peletizada e de boa procedência,
da desmama até entrarem em reprodução (ANDREAZZI MA, 2015).

A alimentação representa de 70 a 80% do custo de produção e determina o


sucesso ou o fracasso de uma criação. Uma ração inadequada, tanto na qualidade
quanto na quantidade, pode ocasionar o aparecimento de distúrbios digestivos
(KLINGER et al. 2015).

A ração é encontrada em duas formas: farelada e peletizada (granulada). Como o


coelho é um animal herbívoro, dotado de aparelho bucal adequado ao consumo de
forragens, a ração farelada é menos recomendável (KLINGER et al. 2015).

A ração peletizada é mais adequada, pois é constituída de pequenos grãos


obtidos através da prensagem do material em equipamento apropriado. Durante seu
processamento, ocorrem benefícios de natureza sanitária devido à acção de alta
pressão e temperatura que destrói possíveis microorganismos nocivos que estão
presentes nas matérias-primas utilizadas na fabricação. Além desses benefícios,
durante o processamento ocorre a gelatinização do amido e da proteína, que melhora a
digestibilidade da ração (CÂMARA et al, 2019).

A quantidade de pó na ração não deve ser maior que 3%, pois o pó da ração
farelada pode provocar problemas respiratórios nos coelhos, como rinites e
pneumonias. Além disso, pode induzir os animais a rejeitarem a ração (CÂMARA et al,
2019).

2.6.1. Nutrientes Essenciais


A alimentação dos coelhos independe da sua destinação (carne, pele, pelos,
crias ou reprodutores) e deve ser fornecida de acordo com a idade e peso dos animais.
Deve ser bem equilibrada, ou seja, deve possuir determinada quantidade de proteínas,
hidratos de carbono, gorduras, sais minerais e vitaminas, dentro de determinadas
proporções para que o animal consiga sustentar o seu peso e manter sua produção
(MARQUES,et.al.2019).

Assim, os coelhos que não são submetidos à produção intensiva necessitam


apenas da ração de conservação, enquanto os de engorda, fêmeas em gestação,
fêmeas em lactação, reprodutores e produtores de pelo necessitam de uma ração de
produção (FAO, 2018).

2.7. Alimentação Alternativos em Coelhos

O coelho é um animal herbívoro que consome grandes quantidades de celulose,


sendo capaz de aproveitar mais de 80% da celulose existente nas forragens. Assim, a
dieta desses animais é baseada principalmente em forragens e grãos. Porém,
dependendo do objectivo da criação, é necessária a adição de alimentos alternativos
para equilibrar as rações (FAO, 2018).

A alimentação nas criações caseiras não oferecem os mesmos problemas que


nas criações industriais, comerciais ou em grande escala. Nas criações caseiras, parte
da ração granulada pode ser substituída por forrageiras, leguminosas, hortaliças,
gramíneas, grãos, cítricos, ervas aromáticas e subprodutos da alimentação humana.
(FAO, 2018).

As hortaliças não devem conter produtos tóxicos e devem ser pré-murchadas


para evitar a fermentação que causa distúrbios intestinais, diarreias e timpanismo
(dificuldade na eliminação de gases) e garantir a ingestão de maior quantidade de
matéria seca (FAO, 2018).

2.7.1. Uso de Moringa Oleífera na Alimentação dos Coelhos


A Moringa oleífera é uma espécie nativa do Noroeste Indiano com porte arbóreo.
Trata-se de uma espécie rústica com alta capacidade de sobrevivência em regiões
áridas e semiáridas, comum em diversas regiões do Mundo, particularmente nosso
pais. As folhas são atóxicas, e podem ser aproveitas tanto in natura quanto secas, com
as respectivas composições bromatológicas: Umidade de 73,38 e 5,49 g/100 g, matéria
mineral de 2,53 e 8,14g/100 g, lipídios de 1,27% e 6,87%, pH de 5,7 e 5,68 e vitamina
C de 1036,323 e 365,26mg/100 g (CÂMARA et al., 2019).

As folhas de Moringa oleífera apresentam bom potencial nutricional para serem


introduzidas na dieta dos coelhos, especialmente pelo excelente teor de proteína, baixo
custo e também não competir com o consumo humano, sendo uma vantagem, se
levarmos em consideração que se encontra escassa fontes mais baratas para
alimentação animal, o que tem se tornado interessante para os cunicultores
(ANDREAZZI MA, 2015).

III. Material e Métodos


3.1. Descrição da área de estudo
O estudo será realizado numa residência, localizada no bairro de tomba de água
no distrito de Mocuba, província da Zambézia. O distrito se localiza na zona centro da
província, tendo os seguintes limites (INE, 2017): Norte – distrito de Ile, Milange e
Lugela, Sul – distrito de Nicoadala, Namacurra e Maganja da Costa, Este – Ile e
Maganja da Costa, Oeste – Morrumbala. O distrito ocupa uma superfície de 9.062 Km2,
representando cerca de 8% do território da Província, entre os paralelos 16º 17¹ e 17º
32’ Sul e entre os meridianos de 35º 12` e 37º 35`Este (PEDDM- 2012-2016).

3.2. Delineamento experimental e tamanho de amostra


Os coelhos já desmamados e passado na fase de crescimento serão adquiridos
dentro do distrito, serão selecionados (raça nova Zelândia branca) e pesados. Os
animais após a pesagem serão acondicionados em gaiolas de madeiras e cercados por
rede metálica (50 cm x 60 cm x 50 cm, comprimento, largura e altura), sendo que cada
gaiola poderá conter comedouros e bebedouros para o fornecimento de água e
alimento a vontade. Os tratamentos serão distribuídos de forma aleatória. Serão 16
coelhos divididos em 2 grupos de 4 animais cada, O modelo utilizado para a realização
do experimento será delineamento inteiramente casualizado (DIC). O experimento terá
uma duração de 3 semanas.

 3.3. Maneio alimentar


Os tratamentos serão as diferentes concentrações de Moringa e ração
convencional: T0: sem suplementação de moringa com 100% de ração industrial, T1:
20% de moringa e 80% de ração industrial. A porção da ração e moringa será medida
por meio de uma balança electrónica, as dietas serão divididas em duas porções para
serem fornecidas em dois períodos (pela manha e atarde). Ambos os alimentos serão
fornecidos a vontade sendo pesado o alimento fornecido e as sobras no dia seguinte
para facilitar a estimativa do consumo da ração, a alimentação será realizada todos os
dias.

Todos os animais poderão receber a quantidade de ração comercial de acordo


com o plano alimentar de cada tratamento. O volumoso ofertado aos animais (Moringa
oleífera) será colectado diariamente no período da manhã, acondicionados e
espalhados em uma esteira e ou saco para a perda de humidade, esse processo de
desidratação terá duração de 24 horas antes do fornecimento sendo necessário para
não causar diarreia nos coelhos, a água será fornecida a vontade.

o 3.4. Maneio sanitário


Para garantir o bem-estar dos coelhos, será necessário fazer um controlo
sanitário rigoroso, desde a preparação do local até a exposição dos coelhos nas
parcelas experimentais. O local experimental será lavado na base de água e sabão,
assim como os materiais (bebedouros e comedouros). Os comedouros e bebedouros
serão limpados à cada substituição de ração e o local biológico varrido assim que haver
a exposição das fezes e resíduos de ração.

o 3.5. Desempenho produtivo e colecta de dados


Para avaliar o efeito das diferentes concentrações de moringa sobre o
desempenho produtivo dos coelhos, serão avaliados os seguintes parâmetros: ganho
de peso (GP), consumo da ração (CR), peso vivo ao abate (PVF) e rendimento de
carcaça (RC) usando as seguintes fórmulas:
 Peso vivo (g) = peso do coelho antes do abate
 Peso da carcaça = peso vivo final- peso do coelho limpo (esfolado, sem patas e
vísceras);
 Consumo da ração (CR) = (Ração fornecida - sobras) / número total dos coelhos;
 Rendimento de carcaça (%) = peso de carcaça (g) / peso vivo final × 100%.
Fonte: Pedroso (2001).

o 3.6. Análise de dados


Para fazer a ANOVA será preciso cumprir com os requisitos que são os testes de
homogeneidade de variância e normalidade de resíduos. Para que se cumpra com os
pressupostos é preciso que o valor de probabilidade seja superior a alfa=5%. Para
análise estatística dos dados, serão obtidos a média, desvio-padrão, coeficiente de
variação mínimo e máximo. Para a comparação das médias será utilizado o teste de
Dunnet. O software utilizado será o SPSS versão 20.
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