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II.

REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Cunicultura Mundial

2.1.1. ORIGEM

O coelho é proveniente da Península Ibérica e do norte da África. O coelho caseiro


tem sua origem a partir da domesticação e criação de coelhos silvestres na Idade
Média, principalmente no mosteiro francesa (ABADE DOS SANTOS, 2020)

A União Europeia, seguida da China, é a segunda maior produtora de carne de


coelho a nível mundial. Esta produção divide-se essencialmente entre Espanha,
França e Itália, sendo que, Portugal, Alemanha e Bélgica são os principais
importadores (EFSA Panel on Animal Health and Welfare et al., 2020).

Há cerca de 20 anos, tem-se registado um decréscimo de explorações cunículas,


consequência do declínio do consumo de carne de coelho na Europa. A origem da
carne, o modo de produção e reprodução, e o método de abate são aspectos que
têm influenciado o consumidor na compra desta carne, pelo que as práticas
utilizadas na produção biológica podem ser uma alternativa para o crescimento
deste sector (SZENDRŐ, 2020).

2.2. Cunicultura em Moçambique

Segundo FAO (2018) A cunicultura em Moçambique é uma actividade de grande


importância sócio-económico, pelas seguintes razões:

 Fonte de carne para o consumo e venda;


 A pele pode ser usada no fabrico de casacos, chapéus, luvas e cachecóis;
 Os seus pêlos servem para o fabrico de chinelos e brinquedos;
 Fornece estrume para fertilização do solo;
 Proporciona emprego para a população, quando criados em regime intensivo,
entre outras utilidades.

2.3. Raças de Coelhos

O coelho é um mamífero pertencente à ordem dos Lagomorfos, a família dos


Leporídeos e ao gênero Oryctolagus. A espécie mais comum e fonte de todas as
raças domésticas é a Oryctolagus cuniculus COELHO & CIA, (2016)
Há um grande número de raças de coelhos que podem ser classificadas com base
em três critérios: quanto à aptidão; quanto ao objectivo e quanto ao peso na idade
adulta. Esta última é a classificação mais utilizada e é dividida em quatro categorias:
coelhos de grande porte; coelhos de médio porte; coelhos de pequeno portem e
coelhos anões ou minicoelhos (COELHO & CIA, 2016)

2.3.1. Raças de grande porte

Os coelhos adultos pertencentes a esta categoria atingem no mínimo cinco quilos,


podendo ultrapassar os dez quilos. Por apresentarem boa velocidade de
crescimento, são indicados para o abate. Porém, pelo mesmo motivo, geralmente
não são considerados bons produtores de pele, pois o crescimento rápido influencia
negativamente a qualidade da pele (COELHO & CIA, 2016)

Quando comparadas a outros grupos, as fêmeas não são consideradas boas


reprodutoras, pois, devido ao seu alto peso, a reprodução ocorre mais tardiamente.
São consideradas óptimas criadeiras, porém pouco prolíferas (COELHO & CIA,
2016)

As raças pertencentes a esta categoria são: Gigante de Bouscat, Gigante de


Espanha, Gigante de Flandres e Borboleta Francês

2.3.2. Raças de médio porte

Este grupo é considerado o mais importante, pois nele estão incluídas as raças mais
precoces, rústicas, resistentes e produtoras. Por este motivo, as raças pertencentes
a esse grupo são denominadas industriais ou económicas. Seu peso varia de 3,5 a
5 quilos (COELHO & CIA, 2016)

As raças pertencentes a esse grupo são: Angorá, Azul de Viena, Belier Francês,
Belier Inglês, Borboleta Inglês, Califórnia, Castor Rex, Chinchila, Fulvo de Borgonha,
Nova Zelândia e Prateado de Champagne (COELHO & CIA, 2016)

2.3.3. Raças de pequeno porte

O peso médio dos coelhos pertencentes a esse grupo vária de 1,5 a 3,5 quilos.
Assim, são de pequeno tamanho, de baixo rendimento e sua criação não é muito
interessante para a produção de carne. As fêmeas são excelentes criadeiras e, por
esse motivo, são utilizadas em cruzamentos com outras raças para melhorar a
habilidade materna (COELHO & CIA, 2016)

Holandês, Negro e Fogo e Polonês são as raças pertencentes a esse grupo

2.3.4. Raças anãs

Os coelhos anões ou minicoelhos têm peso inferior a 1,5 quilos e são criados como
hobby, pois possuem baixa produção e rendimento. Neste grupo estão as raças:
Mini Angorá, Mini Belier, Mini Rex e American Fuzzy Lop (COELHO & CIA, 2016)

2.4. Sistemas de produção de coelhos

Tal como em outros tipos de criação, nos coelhos destacam-se três principais
sistemas de criação: criação extensiva, semi-intensiva e intensiva. A implementação
de um determinado sistema de criação depende geralmente das condições do
criador (ABADE DOS SANTOS, 2020)

2.4.1. Sistemas Extensivo

Neste sistema, os coelhos, são criados em regime de liberdade, nos quintais,


alpendres ou em grandes áreas cercadas. Os coelhos alimentam-se de capim e
restos de alimentos, que procuram por si próprio (ROINSARD et al., 2016).

Os cuidados ou maneio são garantidos pela mão-de-obra familiar e a sua produção


é baixa e destina-se apenas ao consumo familiar. Este tipo de criação tem as
seguintes vantagens: não possui muitos gastos para a compra de alimentos,
medicamentos, equipamentos e montagem de instalações e não exige muito
trabalho para o criador (ROINSARD et al., 2016).

Porém, apresenta como desvantagens: a dificuldade de conhecer o número de


coelhos existentes e os progenitores dos láparos nascido, a ocorrência de casos de
consanguinidade entre os animais e cobrições são prematuras e descontroladas e a
dificuldade detectar e tratar doenças (ROINSARD et al., 2016).
2.4.2. Sistemas Semi-Intensivo

É um sistema em que os coelhos são criados em pequenos área cercadas, a


alimentação dos animais dependem do que o criador procura, geralmente capim e
pouca ração. Criador é do sector familiar, a produção é um pouco maior que a do
sistema familiar e destina-se ao consumo e venda para satisfazer outras
necessidades da família (ROINSARD et al., 2016).

Os sistemas semi-intensivos são estruturas parcialmente fechadas, com abertura


em pelo menos 3 lados, garantindo ventilação e iluminação natural, com acesso a
uma área de exercício ao ar livre (ITAB et al., 2015).

Os coelhos que serão abatidos são criados em liberdade durante boa parte de sua
vida, mas a terminação é feita em gaiolas. As matrizes e reprodutores ficam
confinados, permitindo maior controle das crias. A densidade vária de 8 a 16
coelhos/m² para o pasto e de 4 a 10 coelhos por gaiola (ROINSARD et al., 2016).

 São criados em pequenos cercados com alguns abrigos, que podem ser
coelheiras móveis,
 Permite maior controle sobre os animais, quando comparados ao sistema
extensivo.
 Aumento de mão-de-obra

2.4.3. Sistema Intensivo ou Comercial

Neste tipo de criação, os coelhos são criados em instalações com equipamentos


apropriados, a sua alimentação baseia-se em rações industriais, exige uma mão-de-
obra especializada e a produção é bastante alta e destina-se apenas ao comércio,
com uma vasta vantagem, no controlo de número de coelhos e os acasalamentos,
no controlo e combate de doenças e evita a consanguinidade (ABADE DOS
SANTOS, 2020).

Com desvantagem enorme devido aos maiores gastos devido a compra de rações,
equipamentos, medicamentos e montagem das instalações e necessita de mão-de-
obra especializada (ABADE DOS SANTOS, 2020).
2.5. Maneio sanitários em cunicultura

2.5.1. Limpeza e Desinfecção

A limpeza e a desinfecção, constituem medidas básicas que contribuem para a


redução de focos de doenças em qualquer exploração pecuária. A limpeza deve ser
diária e além de ser realizada uma desinfecção periódica. Nos serviços de rotina
devem ser levados em conta também o combate às moscas e ratos, muitas vezes
responsáveis pela transmissão de várias doenças. (MARQUES R. 2019).

Para MARQUES R. (2019) A desinfecção periódica deve ocorrer quatro vezes por
ano. Há dois métodos:

 Promover a queima da gaiola com o uso de lança-chamas a gás;


 Pulverizá-la com produto desinfectante (vendido em lojas de agro-pecuária).

O esterco do coelho é responsável muitas vezes pelo aparecimento de doenças, por


isso deve ser guardado em esterqueiras próprias. Apesar de ser excelente adubo,
nunca deverá ser aproveitado nos terrenos destinados á plantação alimentos
destinados aos próprios coelhos, pois, em caso de doenças como a coccidiose,
seria muito fácil a sua disseminação entre os animais. (MARQUES, R. 2019)

2.5.2. Doenças mais frequentes nos coelhos

Segundo MARQUES, (2014) As doenças mais frequentes nos coelhos são a


coccidiose, sarna e coriza.

Coccidiose – é provavelmente a doença mais importante e frequente nos coelhos,


é causada por um parasita do intestino (coccídeas), caracteriza-se por perda de
peso, emagrecimento, pêlo eriçado e diarreias sanguinolentas ou aquosas.
(MARQUES,2014)

Sarna – é causada por um ácaro, que escava a pele e provocam irritações intensas
(MARQUES,2014)

Coriza – é uma doença causada basicamente por alterações bruscas da


temperatura, excesso de humidade, ventos, chuvas, poeiras, etc. Os sintomas mais
comuns são eliminação de secreções pela mucosa do nariz, acompanhada de
espirros contínuos (MARQUES,2014)
2.5.3. Medidas de higiene e prevenção de doenças nas instalações cunículos

Segundo MASA (2014). Para garantir o sucesso na produção, numa exploração


pecuária, é importante que o criador adopte uma série de medidas que contribuam
para a manutenção da saúde dos animais. Dentre as diferentes medidas, podemos
destacar as seguintes ( MASA 2014):

 Adquirir animais vigorosos;


 Realizar limpezas e desinfecções das instalações e equipamentos;
 Alojar os animais em locais protegidos do sol, chuva e ventos;
 Evitar misturar animais com idades diferentes e o superpovoamento das
coelheiras;
 Colocar pedilúvios e rodolúvios (para o caso de viaturas) na entrada das
instalações;
 Fornecer alimentos sólidos e água fresca e limpa;
 Evitar visitas a outras explorações pecuárias; e
 Realizar vacinações e desparasitações, etc.

2.6. Alimentação dos coelhos

Os coelhos são herbívoros e se alimentam de vegetais como as forrageiras,


(gramíneas e leguminosas) que podem ser: rama, soja perene, alfafa e outros
vegetais como, folhas de goiabeira e bananeira. Além dos verdes, devemos
fornecer-lhes também uma ração balanceada, preferencialmente peletizada e de
boa procedência, da desmama até entrarem em reprodução (ANDREAZZI MA,
2015).

A alimentação representa de 70 a 80% do custo de produção e determina o sucesso


ou o fracasso de uma criação. Uma ração inadequada, tanto na qualidade quanto na
quantidade, pode ocasionar o aparecimento de distúrbios digestivos (KLINGER et al.
2015).

A ração é encontrada em duas formas: farelada e peletizada (granulada). Como o


coelho é um animal herbívoro, dotado de aparelho bucal adequado ao consumo de
forragens, a ração farelada é menos recomendável (KLINGER et al. 2015).
A ração peletizada é mais adequada, pois é constituída de pequenos grãos obtidos
através da prensagem do material em equipamento apropriado. Durante seu
processamento, ocorrem benefícios de natureza sanitária devido à acção de alta
pressão e temperatura que destrói possíveis microorganismos nocivos que estão
presentes nas matérias-primas utilizadas na fabricação. Além desses benefícios,
durante o processamento ocorre a gelatinização do amido e da proteína, que
melhora a digestibilidade da ração (CÂMARA et al, 2019)

A quantidade de pó na ração não deve ser maior que 3%, pois o pó da ração
farelada pode provocar problemas respiratórios nos coelhos, como rinites e
pneumonias. Além disso, pode induzir os animais a rejeitarem a ração ( CÂMARA et
al, 2019)

2.6.1. Nutrientes essenciais

A alimentação dos coelhos independe da sua destinação (carne, pele, pelos, crias
ou reprodutores) e deve ser fornecida de acordo com a idade e peso dos animais.
Deve ser bem equilibrada, ou seja, deve possuir determinada quantidade de
proteínas, hidratos de carbono, gorduras, sais minerais e vitaminas, dentro de
determinadas proporções para que o animal consiga sustentar o seu peso e manter
sua produção (MARQUES,et.al.2019)

Assim, os coelhos que não são submetidos à produção intensiva necessitam


apenas da ração de conservação, enquanto os de engorda, fêmeas em gestação,
fêmeas em lactação, reprodutores e produtores de pelo necessitam de uma ração
de produção (FAO, 2018)

2.7. Alimentação alternativos em coelhos

O coelho é um animal herbívoro que consome grandes quantidades de celulose,


sendo capaz de aproveitar mais de 80% da celulose existente nas forragens. Assim,
a dieta desses animais é baseada principalmente em forragens e grãos. Porém,
dependendo do objectivo da criação, é necessária a adição de alimentos
alternativos para equilibrar as rações (FAO, 2018)

A alimentação nas criações caseiras não oferecem os mesmos problemas que nas
criações industriais, comerciais ou em grande escala. Nas criações caseiras, parte
da ração granulada pode ser substituída por forrageiras, leguminosas, hortaliças,
gramíneas, grãos, cítricos, ervas aromáticas e subprodutos da alimentação humana.
(FAO, 2018)

As hortaliças não devem conter produtos tóxicos e devem ser pré-murchadas para
evitar a fermentação que causa distúrbios intestinais, diarreias e timpanismo
(dificuldade na eliminação de gases) e garantir a ingestão de maior quantidade de
matéria seca (FAO, 2018)

2.7.1. Uso de moringa oleífera na alimentação dos coelhos

A Moringa oleifera é uma espécie nativa do Noroeste Indiano com porte arbóreo.
Trata-se de uma espécie rústica com alta capacidade de sobrevivência em regiões
áridas e semiáridas, comum em diversas regiões do Mundo, particularmente nosso
pais. As folhas são atóxicas, e podem ser aproveitas tanto in natura quanto secas,
com as respectivas composições bromatológicas: Umidade de 73,38 e 5,49 g/100 g,
matéria mineral de 2,53 e 8,14g/100 g, lipídios de 1,27% e 6,87%, pH de 5,7 e 5,68
e vitamina C de 1036,323 e 365,26mg/100 g (CÂMARA et al., 2019).

As folhas de Moringa oleífera apresentam bom potencial nutricional para serem


introduzidas na dieta dos coelhos, especialmente pelo excelente teor de proteína,
baixo custo e também não competir com o consumo humano, sendo uma vantagem,
se levarmos em consideração que se encontra escassa fontes mais baratas para
alimentação animal, o que tem se tornado interessante para os cunicultores
(ANDREAZZI MA, 2015.).

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