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ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA

REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA

Prof. Horácio Fittipaldi


REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA
Conjunto de técnicas
utilizadas visando obter uma
gestação, substituindo ou
facilitando uma etapa
deficiente do processo
reprodutivo natural.
20% do casais brasileiros
apresentam problemas de
fertilidade (40% nas
mulheres, 40% nos homens,
20% nos dois).
Gera angústia, ansiedade,
queda da auto-estima,
problemas de convívio
social e divórcios.
CAUSAS DE INFERTILIDADE
Na mulher: Distúrbios
hormonais, disfunção
ovariana, obstrução tubária,
aderências pélvicas,
endometriose, doença
inflamatória pélvica,
anomalias uterinas,
sinéquias, pólipos e
miomas, muco hostil e
laqueadura tubária.
No Homem: Produção e
excreção inadequada de
espermatozóides em
conseqüência de infecções
prévias, varicocele,
obstrução do tracto genital,
criptorquidia, alterações
hormonais e vasectomia.
TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO
ASSISTIDA
Conhecidas desde o
século XIV.
Inseminação artificial
desenvolvida pelo
russo Ivanoff para fins
veterinários.
Um touro é capaz de
fertilizar 500 vacas.
Em 1790, John Hunter,
Médico inglês realizou
uma fecundação em
humanos.
FECUNDAÇÃO ARTIFICIAL EM
VETERINÁRIA
FERTILIZAÇÃO IN-VITRO (BEBÊ DE
PROVETA)
Técnica desenvolvida pelo
ginecologista Patrick
Steptoe e pelo biólogo e
fisiologista Robert Edwards,
na Inglaterra.
Edwards recebeu o prêmio
Nobel de Medicina e
Fisiologia em 2010. Steptoe
faleceu em 1988 e, por isso,
não pode receber a honraria.
FERTILIZAÇÃO IN-VITRO (BEBÊ DE
PROVETA)
Em julho de 1978, nasce Louise
Brown, 1ª criança gerada por FIV
com transferência de embrião.
Os pais de Louise - Leslie e John
Brown tentaram durante nove anos
engravidar, sem sucesso. Coube à
equipa de Patrick Steptoe e Robert
Edwards. proporcionar-lhes um feto
através de um método então
inovador e o qual tinham
desenvolvido na década anterior: a
Fertilização In Vitro (FIV),
A irmã de Louise, Natalie, também
foi gerada por FIV.
Em 2006, ela teve um filho de forma
natural.
FERTILIZAÇÃO IN-VITRO (BEBÊ DE
PROVETA)
Elizabeth Jordan Carr (nascida
em 28 de dezembro de 1981 às
7h46) é o primeiro bebê dos
Estados Unidos nascido da
fertilização in vitro e o 15º no
mundo. A técnica foi conduzida
na Eastern Virginia Medical
School, em Norfolk, sob a
direção dos médicos Howard
Jones e Georgeanna Seegar
Jones, que foram os primeiros
a tentar o processo nos
Estados Unido.
Em 5 de agosto de 2010, Carr
deu à luz seu primeiro filho,
concebido naturalmente.
FERTILIZAÇÃO IN-VITRO (BEBÊ DE
PROVETA)
Anna Paula Caldeira nasceu em
São José dos Pinhais, em 7 de
outubro de 1984 e foi o primeiro
bebê a nascer a partir de uma
fertilização in vitro no Brasil e
na América Latina. O
procedimento foi realizado pelo
médico Milton Nakamura em
São Paulo, que faleceu em
1997.
Atualmente no Brasil, existem
cerca de 150 clínicas de
reprodução humana, onde são
concebidos quase 4.000 bebês
por ano.
TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA
ASSISTIDA (RHA)
Classificam-se em
homólogas (marido ou
companheiro é o doador de
gametas) e heterólogas
(doador de gametas é um
desconhecido).
Inseminação artificial.
Transferência de gametas
para as tubas.
Transferência de zigotos
para as tubas.
Fertilização in-vitro.
Injeção intracitoplasmática
de espermatozóides.
Coleta per-cutânea de
espermatozóides.
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Coleta do sêmen.
Seleção dos melhores
espermatozóides.
Implantação dos
espermatozóides com
um cateter na cavidade
uterina.
Custo aproximado: de
1.500 a 3.000 reais.
Taxa de sucesso: 10 a
20%.
TRANSFERÊNCIA DE GAMETAS PARA
AS TUBAS (GIFT)
Com medicamentos, a
mulher é estimulada a
produzir de 5 a 20 óvulos
por ciclo.
Os óvulos são aspirados por
via endovaginal.
Coleta do sêmen com
seleção dos
espermatozoides.
Óvulos e espermatozóides
são introduzidos na tuba.
Custo: de 3.000 a 5.000
reais.
Taxa de sucesso: 20 a 28%.
TRANSFERÊNCIA DE ZIGOTOS PARA AS
TUBAS (ZIFT)
Estimula-se a mulher a
produzir óvulos com o uso
de hormônios.
Coleta-se o sêmen com
seleção dos
espermatazóides.
Em meio de cultura, coloca-
se um óvulo para 50.000
espermatozóides.
Estufa a 36° por 24 horas.
Transferência dos pré-
embriões para a tuba.
Custo: de 5.000 a 8.000
reais.
Taxa de sucesso: 20 a 25%.
FERTILIZAÇÃO IN-VITRO (FIV)
Indução hormonal e
captação de óvulos.
Coleta e seleção de
espermatozóides.
Em meio de cultura, 50.000
espermatozóides para cada
óvulo.
Estufa a 36° por 48 horas.
Implantação do embrião na
cavidade uterina.
Custo: de 10.000 a 16.000
reais.
Taxa de sucesso: 25 a 30%
COLETA PER-CUTÂNEA DE
ESPERMATOZÓIDES (PESA)
Indicada em casos
de obstrução do
canal deferente,
como em
vasectomias
prévias.
Os espermatozóides
são aspirados
diretamente do
epidídimo.
INJEÇÃO INTRACITOPLASMÁTICA DE
ESPERMATOZÓIDES (ICSI)
Indicada quando há
problemas quanto a
quantidade e
qualidade dos
espermatozóides
produzidos.
Com uma
microagulha o
espermatozóide é
introduzido no
interior do óvulo.
RESOLUÇÃO DO CFM Nº 1358/92 (MODIFICADA PELAS
RESOLUÇÕES CFM Nº 2013/2013, 2121/2015 E 2168/2017)

Normatiza a utilização das técnicas de


reprodução humana assistida.
Usadas quando existe probabilidade de
sucesso e não incorra em riscos para a
saúde da usuária ou da criança gerada.
Indicadas quando outras técnicas são
ineficientes para solução da infertilidade.
Usadas exclusivamente para a procriação.
RESOLUÇÃO DO CFM Nº 1358/92 (MODIFICADA PELAS
RESOLUÇÕES CFM Nº 2013/2013, 2121/2015 E 2168/2017)

Toda pessoa maior e capaz pode ser usuária das técnicas de


RHA (incluindo mulheres solteiras e homossexuais), com idade
até 50 anos. Mulheres acima de 50 anos poderão ser usuárias
dessas técnicas, mas deverão ser submetidas à avaliação
médica quanto à ausência de comorbidades e esclarecidas
sobre os riscos envolvidos para si e aos descendentes.
Desde 2017, o CFM permite que pessoas sem problemas
reprodutivos diagnosticados possam recorrer a técnicas
disponíveis de reprodução assistida, como o congelamento de
gametas, embriões e tecidos germinativos. Dessa forma, os
pacientes ganham a possibilidade de planejar o aumento da
família, segundo um calendário pessoal, levando em conta
projetos de trabalho ou de estudos, por exemplo. Também são
beneficiados pacientes que, por conta de tratamentos ou
desenvolvimento de doenças, poderão vir a ter um quadro de
infertilidade.
RESOLUÇÃO DO CFM Nº 1358/92 (MODIFICADA PELAS
RESOLUÇÕES CFM Nº 2013/2013, 2121/2015 E 2168/2017)

Casais de mulheres podem ter uma gestação


compartilhada. O óvulo de uma é colocado no útero
da outra, depois de receber o espermatozoide de um
doador
É obrigatório o consentimento livre e esclarecido e
na vigência de sociedade conjugal, do cônjuge.
O serviço que realiza técnicas de RHA é chefiado
por um médico.
O serviço deve manter um registro dos
procedimentos realizados, provas diagnósticas,
gestações, nascimentos e complicações.
RESOLUÇÃO DO CFM Nº 1358/92 (MODIFICADA PELAS
RESOLUÇÕES CFM Nº 2013/2013, 2121/2015 E 2168/2017)

A doação de gametas e pré-embriões não pode ter caráter


lucrativo.
Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores
e vice-versa.
Idade limite para doação de gametas: 35 anos (mulheres) e 50
anos (homens).
Manter sigilo sobre a identidade do doador (motivação médica
informar para outro médico).
A escolha do doador é da equipe: características fenotípicas e
imunológicas.
Médico e membros da equipe não podem ser doadores.
Um doador só poderá produzir 2 gestações de sexos
diferentes, numa área de 1 milhão de habitantes.
RESOLUÇÃO DO CFM Nº 1358/92 (MODIFICADA PELAS
RESOLUÇÕES CFM Nº 2013/2013, 2121/2015 E 2168/2017)

O número de pré-embriões a serem transferidos em


cada tentativa não pode ser superior a quatro (até 35
anos: transferir até 2 embriões; de 36 a 39 anos:
transferir até 3 embriões; entre 40 e 50 anos:
transferir até 4 embriões).
Em caso de gravidez múltipla é proibida a redução
embrionária.
É proibida a seleção de sexo da criança gerada
(sexagem), exceto para prevenir doenças genéticas
ligadas ao sexo.
RESOLUÇÃO DO CFM Nº 1358/92 (MODIFICADA PELAS
RESOLUÇÕES CFM Nº 2013/2013, 2121/2015 E 2168/2017)

Os gametas e pré-embriões podem ser criopreservados.


O número de pré-embriões congelados deve ser informado ao casal
que decidirá por escrito o seu destino (usá-los em outra tentativa ou
doá-los. Os embriões criopreservados há mais de 3 anos podem ser
descartados).
É permitida a doação temporária de útero (gravidez de substituição),
sem remuneração. O CFM estendeu, em 2017, a possibilidade de
cessão temporária do útero para familiares em grau de parentesco
consanguíneo descendente. Até então, de primeiro a quarto graus,
somente mãe, avó, irmã, tia e prima poderiam participar do processo
de gestação de substituição. Com a mudança na regra, filha e
sobrinha também podem ceder temporariamente seus úteros.
Pessoas solteiras também passam a ter direito a recorrer a cessão
temporária de útero. Pessoas sem vínculo de parentesco sanguíneo,
só com autorização do CRM.
Permitida fertilização “post-mortem” desde que previamente
autorizado pelo falecido.
PRINCIPAIS PROBLEMAS DAS
TÉCNICAS DE RHA
Baixo índice de nascimentos (35%).
Elevado número de abortos
espontâneos no 1º trimestre.
Custo elevado (não há cobertura do
SUS e planos de saúde).
Possibilidade de reivindicações de
paternidade dos doadores de
gametas.
Risco de diferenças fenotípicas
entre doadores e receptores
(responsabilidade da equipe
médica).
Doenças genéticas e infecciosas
transmitidas à criança gerada
(responsabilidade da equipe
médica).
Gravidez múltipla e redução
embrionária.

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