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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Obstetrícia v. 2
Fábio Roberto Cabar
SOBRE OS AUTORES
Caro aluno,
Nós da Medcel queremos oferecer a você uma experiência única para o seu
desenvolvimento ao longo do processo de preparação para as provas de
Residência Médica, e esse livro é um dos formatos de conteúdo que apoiarão
você nesse caminho.
Por meio dos temas médicos explorados ao longo dos capítulos, você poderá
refletir sobre os conteúdos que mais caem nas provas, aprofundando seus
conhecimentos. Ao final da leitura, você estará preparado para resolver os casos
apresentados nos exercícios dos livros de questões e nos simulados presentes
na plataforma Medcel, com o objetivo de fixar os temas e entender como eles
são abordados em prova.
Bons estudos!
SUMÁRIO
1. Infecções virais na gestação..........10 5. Trombofilias e gestação................ 66
1.1 Introdução......................................................................................... 11 5.1 Introdução.......................................................................................67
1.2 Papilomavírus humano na gestação (HPV)................. 11 5.2 Trombofilias hereditárias .................................................... 68
1.3 Varicela e herpes-zóster na gestação........................... 13 5.3 Trombofilias adquiridas......................................................... 69
1.4 Infecção por parvovírus durante a gestação ........... 14 5.4 Acompanhamento pré-natal............................................. 70
1.5 Infecção por influenza............................................................. 15 5.5 Conduta no parto e no puerpério.....................................71
1.6 Infecção por vírus zika............................................................. 16 5.6 Profilaxia antitrombótica ......................................................71
1.7 Herpes na gestação................................................................... 16
6. Cardiopatia e gestação.................. 75
2. HIV na gestação................................ 19
6.1 Introdução.......................................................................................76
2.1 Introdução....................................................................................... 20 6.2 Incidência e etiologia...............................................................76
2.2 Etiologia........................................................................................... 20 6.3 Modificações fisiológicas cardiovasculares
2.3 Mecanismo de infecção e replicação viral..................21 e do sistema respiratório na gestação.................................77
2.4 Fisiopatologia................................................................................22 6.4 Repercussões das cardiopatias maternas
2.5 Transmissão do HIV-1..............................................................22 sobre o ciclo gravídico-puerperal........................................... 78
2.6 Diagnóstico da infecção materna....................................24 6.5 Repercussões do ciclo gravídico-puerperal
2.7 Diagnóstico da infecção fetal............................................ 28 sobre as cardiopatias.......................................................................79
2.8 Identificação de gestantes infectadas........................ 28 6.6 Planejamento da gravidez...................................................80
2.9 Influências da gestação sobre a infecção 6.7 Anticoncepção............................................................................. 81
pelo HIV-1................................................................................................ 28 6.8 Prognóstico materno.............................................................. 81
2.10 Prognóstico da gestação................................................... 28 6.9 Evolução e fisiopatologia das cardiopatias mais
2.11 Assistência pré-natal..............................................................29 frequentes no ciclo gravídico-puerperal............................ 82
2.12 Assistência obstétrica......................................................... 40 6.10 Miocardiopatia periparto................................................... 85
2.13 Assistência puerperal........................................................... 43 6.11 Assistência pré-natal............................................................ 86
6.12 Abortamento terapêutico................................................. 89
3. Rubéola e gestação........................46 6.13 Indicação de cirurgia cardíaca na gestação.......... 90
6.14 Assistência ao parto da cardiopata............................ 90
3.1 Introdução.......................................................................................47
6.15 Assistência ao puerpério.................................................... 91
3.2 Agente etiológico.......................................................................47
3.3 Aspectos epidemiológicos..................................................47
7. Doenças respiratórias na
3.4 Transmissão horizontal......................................................... 48
gestação................................................94
3.5 Transmissão vertical .............................................................. 48
3.6 Manifestações clínicas da rubéola adquirida.......... 48 7.1 Introdução....................................................................................... 95
3.7 Efeitos sobre o feto e o recém-nascido..................... 48 7.2 Asma.................................................................................................. 96
3.8 Diagnóstico da infecção aguda da rubéola ............. 50 7.3 Tuberculose pulmonar........................................................... 98
3.9 Diagnóstico da reinfecção................................................... 51
3.10 Diagnóstico pré-natal da infecção............................... 51 8. Nefropatia e gestação.................. 104
3.11 Profilaxia passiva......................................................................52 8.1 Introdução....................................................................................105
3.12 Profilaxia ativa............................................................................52 8.2 Nefrolitíase..................................................................................106
8.3 Transplante renal.....................................................................106
4. Anemias e gestação....................... 54 8.4 Síndrome nefrótica................................................................ 107
4.1 Introdução...................................................................................... 55 8.5 Insuficiência renal crônica ............................................... 107
4.2 Anemias carenciais...................................................................57 8.6 Insuficiência renal aguda ..................................................108
9. Isoimunização Rh............................113 14.2 Crescimento fetal normal.................................................191
14.3 Curvas de crescimento fetal ........................................ 192
9.1 Introdução.....................................................................................114
14.4 Definição.................................................................................... 192
9.2 Fisiopatologia..............................................................................114
14.5 Incidência ..................................................................................193
9.3 Etiologia..........................................................................................115
9.4 Diagnóstico e investigação da aloimunização......116 14.6 Morbidade e mortalidade................................................193
INFECÇÕES VIRAIS
NA GESTAÇÃO
Mariana Fabbri Guazzelli de Oliveira Pereira Sartorelli
Talita Colombo
Fábio Roberto Cabar
1
Qual é a conduta no pré-natal
e a via de parto das gestantes
infectadas pelo herpes-vírus?
cervical (de acordo com a idade gestacional e o grau vigésima semana. Se houver acometimento linfo-
de suspeita) e aguardo para avaliação endometrial nodal, a interrupção da gestação será mais indicada,
no puerpério; para a realização do tratamento definitivo (quimior-
radiação). Se não houver acometimento linfonodal,
4. Lesão intraepitelial de baixo grau (LIEBG): repe-
pode-se realizar o parto na maturidade fetal e,
tição da citologia em 6 meses, com encaminha-
posteriormente, realizar a histerectomia radical.
mento à colposcopia diante da persistência ou
Nos tumores visíveis entre 2 e 4 cm, a interrupção
piora da alteração; na suspeita de lesão invasiva,
é a opção aconselhável até a vigésima semana para
colposcopia com biópsia imediata;
que seja realizada cirurgia de Wertheim-Meigs.
5. Lesão intraepitelial de alto grau (LIEAG): encami- Se a paciente não optar pela interrupção, pode-se
nhamento imediato à colposcopia com biópsia; realizar a linfadenectomia diagnóstica, ou a quimio-
terapia neoadjuvante a partir do segundo trimestre,
6. Adenocarcinoma in situ (AIS): encaminhamento
imediato à colposcopia com biópsia, reavaliação até a trigésima quinta semana de gestação (parto
em 12 semanas durante a gestação e conização, em 2 a 3 semanas após o último ciclo);
quando indicada, no pós-parto. 3. Estádio IB2 a IV: em caso de diagnóstico até a vigé-
sima semana, a interrupção da gestação seguida
1.2.6 Tratamento do carcinoma de de quimioterapia e radioterapia é a opção mais
colo do útero aconselhável. Se o diagnóstico for mais tardio,
deve-se iniciar neoadjuvância até o parto, seguida
O diagnóstico de carcinoma de colo do útero na gestação
de tratamento específico posteriormente.
é raro, mas com graves implicações. O diagnóstico é
feito a partir de citologia e colposcopia com avaliação 1.2.7 Vacinação
histológica, e o estadiamento se dá por meio de exame
clínico e radiológico. Dá-se preferência à ressonância A vacina para HPV não contém vírus ou qualquer outro
magnética sem contraste, visando avaliar o tamanho do agente biológico infectante, sendo composta por partes
tumor, a invasão de paramétrio e vagina e o acometimento da cápsula viral e sintetizada por engenharia genética;
linfonodal. Durante o pré-natal, é essencial monitorizar além disso, alguns estudos com gestantes não demons-
os níveis de hemoglobina e hematócrito e de leucócitos traram aumento de intercorrências ou efeitos colaterais
nos casos em tratamento quimioterápico. significativos com o uso de todos os subtipos de vacina
Com relação ao feto, devem-se realizar ultrassonogra- para HPV durante a gestação. Entretanto, as evidências
fias mensais para monitorizar o crescimento fetal, além ainda são consideradas escassas, portanto, a recomen-
de vitalidade fetal (perfil biofísico e Doppler). O trata- dação nesse momento é pela não utilização dessa vacina
mento dependerá de estadiamento, idade gestacional, durante a gestação.
grau histológico e desejo da paciente, e a via de parto
deve ser alta nos casos de lesão invasiva avançada ou
1.2.8 Via de parto
na presença de lesão residual pós-conização. Se houver A cesárea não deve ser indicada apenas como forma de
apenas lesão microinvasora sem lesão residual após prevenção da transmissão, já que a forma transplacentária
conização, pode-se optar pela via baixa. também é possível. Alguns estudos demonstraram infecção
1. Estádio IA: havendo suspeita de lesão invasiva, a neonatal mesmo em parto cesárea, e uma importante meta-
conização deve ser realizada preferencialmente no -análise mostrou incidência similar de transmissão de HPV
segundo trimestre e seguida de cerclagem do colo entre mulheres submetidas a esse parto e por via vaginal.
remanescente. Se a avaliação histológica demons- Em vista disso, atualmente a indicação da via de parto deve
trar estádio IA1 (invasão estromal inferior a 3 mm seguir o protocolo normal para a paciente em questão.
de profundidade e 7 mm de extensão), a conização Entretanto, o parto cesárea pode ser indicado para os casos
será considerada o tratamento definitivo. Se houver em que há tumor obstrutivo localizado no canal de parto
comprometimento de margens ou invasão linfovas- (por condiloma acuminado gigante).
cular, o tratamento será a histerectomia radical com
linfadenectomia pélvica, e essa conduta deve ser
Infecção materna por papilomavírus humano
discutida com a paciente, ponderando-se a idade
gestacional, o desejo de interrupção da gestação e o não constitui indicação de cesárea.
futuro reprodutivo. Se o estádio for IA2 (com invasão
de 3 a 5 mm de profundidade), pode-se realizar a
histerectomia radical ou a conização com cerclagem 1.3 VARICELA E HERPES-ZÓSTER
e proceder ao tratamento radical após o parto;
NA GESTAÇÃO
2. Estádio IB1: nos tumores visíveis de até 2 cm,
deve-se realizar a linfadenectomia pélvica por via A varicela é uma das doenças causadas pelo herpes-vírus
laparoscópica como método diagnóstico, antes da tipo 3. Também conhecida como catapora, é mais comum
OBSTETRÍCIA | 17
por HSV incluem PCR, cultura viral, teste direto de anticorpos fluorescentes e
testes sorológicos específicos.
Subtipos com
maior risco de
Transmissão Diagnóstico Tratamento da Tratamento
oncogenicidade vertical na gestação verruga genital das alterações
são o 16 e o 18 citológicas
Condiloma Lesões de
Biópsia
genital colo uterino Conduta Colposcopia com
expectante, biópsia pode ser
Trabalho de Risco de Diagnóstico Dúvida Citologia e exceto na realizada na
parto na contágio é clínico diagnóstica colposcopia suspeita de presença de
passagem pelo maior em (com biópsia) lesão invasiva lesão suspeita
canal vaginal primoinfecções
que ocorrem
próximas ao parto
18 | CAPÍTULO 1 - INFECÇÕES VIRAIS NA GESTAÇÃO
Tratamento no HERPES
segundo trimestre