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EXTENSIVO R1

GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
Obstetrícia v. 2
Fábio Roberto Cabar
SOBRE OS AUTORES

Carolina de Freitas Narciso Martins Mariana Fabbri Guazzelli de Oliveira


Título de especialista em Medicina Fetal e em Obstetrícia e Pereira Sartorelli
Ginecologia pela Federação Brasileira das Associações de Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hos-
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Residência médica pital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universida-
em Medicina Fetal pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de de São Paulo (HC-FMUSP). Graduada em Medicina pela
de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). FMUSP.
Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hos-
pital Escola Luiz Gioseffi Jannuzzi. Graduada em Medicina Talita Colombo
pela Faculdade de Medicina de Valença. Obstetra do Hospi- Mestranda em Ciências da Saúde pela Universidade Fede-
tal Israelita Albert Einstein. ral de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Espe-
cialista em Reprodução Humana pelo Hospital São Lucas
Fábio Roberto Cabar da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Doutor e mestre em Obstetrícia e Ginecologia pelo Hospital (PUC-RS). Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de pela Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre/UFCSPA.
São Paulo (HC-FMUSP). Residência médica em Obstetrícia Graduada em Medicina pela Universidade Comunitária da
e Ginecologia pela FMUSP. Graduado em Medicina pela Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ). Médica plantonista
FMUSP e em Direito pela Faculdade de Direito da Univer- do Centro Obstétrico do Hospital Dom João Becker.
sidade de São Paulo (FDUSP). Médico preceptor da Clínica
Obstétrica e presidente da Comissão de Ética Médica do Atualização 2020
HC-FMUSP. Advogado atuante na área de Direito Médico
Fábio Roberto Cabar
e Defesa Profissional. Membro da Comissão Especial de
Direito Médico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
– Seção São Paulo.
APRESENTAÇÃO

Caro aluno,

É com grande satisfação que apresentamos o livro Obstetrícia v. 2, do curso


Extensivo R1 2020.

Nós da Medcel queremos oferecer a você uma experiência única para o seu
desenvolvimento ao longo do processo de preparação para as provas de
Residência Médica, e esse livro é um dos formatos de conteúdo que apoiarão
você nesse caminho.

Por meio dos temas médicos explorados ao longo dos capítulos, você poderá
refletir sobre os conteúdos que mais caem nas provas, aprofundando seus
conhecimentos. Ao final da leitura, você estará preparado para resolver os casos
apresentados nos exercícios dos livros de questões e nos simulados presentes
na plataforma Medcel, com o objetivo de fixar os temas e entender como eles
são abordados em prova.

Bons estudos!
SUMÁRIO
1. Infecções virais na gestação..........10 5. Trombofilias e gestação................ 66
1.1 Introdução......................................................................................... 11 5.1 Introdução.......................................................................................67
1.2 Papilomavírus humano na gestação (HPV)................. 11 5.2 Trombofilias hereditárias .................................................... 68
1.3 Varicela e herpes-zóster na gestação........................... 13 5.3 Trombofilias adquiridas......................................................... 69
1.4 Infecção por parvovírus durante a gestação ........... 14 5.4 Acompanhamento pré-natal............................................. 70
1.5 Infecção por influenza............................................................. 15 5.5 Conduta no parto e no puerpério.....................................71
1.6 Infecção por vírus zika............................................................. 16 5.6 Profilaxia antitrombótica ......................................................71
1.7 Herpes na gestação................................................................... 16
6. Cardiopatia e gestação.................. 75
2. HIV na gestação................................ 19
6.1 Introdução.......................................................................................76
2.1 Introdução....................................................................................... 20 6.2 Incidência e etiologia...............................................................76
2.2 Etiologia........................................................................................... 20 6.3 Modificações fisiológicas cardiovasculares
2.3 Mecanismo de infecção e replicação viral..................21 e do sistema respiratório na gestação.................................77
2.4 Fisiopatologia................................................................................22 6.4 Repercussões das cardiopatias maternas
2.5 Transmissão do HIV-1..............................................................22 sobre o ciclo gravídico-puerperal........................................... 78
2.6 Diagnóstico da infecção materna....................................24 6.5 Repercussões do ciclo gravídico-puerperal
2.7 Diagnóstico da infecção fetal............................................ 28 sobre as cardiopatias.......................................................................79
2.8 Identificação de gestantes infectadas........................ 28 6.6 Planejamento da gravidez...................................................80
2.9 Influências da gestação sobre a infecção 6.7 Anticoncepção............................................................................. 81
pelo HIV-1................................................................................................ 28 6.8 Prognóstico materno.............................................................. 81
2.10 Prognóstico da gestação................................................... 28 6.9 Evolução e fisiopatologia das cardiopatias mais
2.11 Assistência pré-natal..............................................................29 frequentes no ciclo gravídico-puerperal............................ 82
2.12 Assistência obstétrica......................................................... 40 6.10 Miocardiopatia periparto................................................... 85
2.13 Assistência puerperal........................................................... 43 6.11 Assistência pré-natal............................................................ 86
6.12 Abortamento terapêutico................................................. 89
3. Rubéola e gestação........................46 6.13 Indicação de cirurgia cardíaca na gestação.......... 90
6.14 Assistência ao parto da cardiopata............................ 90
3.1 Introdução.......................................................................................47
6.15 Assistência ao puerpério.................................................... 91
3.2 Agente etiológico.......................................................................47
3.3 Aspectos epidemiológicos..................................................47
7. Doenças respiratórias na
3.4 Transmissão horizontal......................................................... 48
gestação................................................94
3.5 Transmissão vertical .............................................................. 48
3.6 Manifestações clínicas da rubéola adquirida.......... 48 7.1 Introdução....................................................................................... 95
3.7 Efeitos sobre o feto e o recém-nascido..................... 48 7.2 Asma.................................................................................................. 96
3.8 Diagnóstico da infecção aguda da rubéola ............. 50 7.3 Tuberculose pulmonar........................................................... 98
3.9 Diagnóstico da reinfecção................................................... 51
3.10 Diagnóstico pré-natal da infecção............................... 51 8. Nefropatia e gestação.................. 104
3.11 Profilaxia passiva......................................................................52 8.1 Introdução....................................................................................105
3.12 Profilaxia ativa............................................................................52 8.2 Nefrolitíase..................................................................................106
8.3 Transplante renal.....................................................................106
4. Anemias e gestação....................... 54 8.4 Síndrome nefrótica................................................................ 107
4.1 Introdução...................................................................................... 55 8.5 Insuficiência renal crônica ............................................... 107
4.2 Anemias carenciais...................................................................57 8.6 Insuficiência renal aguda ..................................................108
9. Isoimunização Rh............................113 14.2 Crescimento fetal normal.................................................191
14.3 Curvas de crescimento fetal ........................................ 192
9.1 Introdução.....................................................................................114
14.4 Definição.................................................................................... 192
9.2 Fisiopatologia..............................................................................114
14.5 Incidência ..................................................................................193
9.3 Etiologia..........................................................................................115
9.4 Diagnóstico e investigação da aloimunização......116 14.6 Morbidade e mortalidade................................................193

9.5 Terapêutica fetal ......................................................................119 14.7 Classificação............................................................................193


9.6 Prevenção.................................................................................... 120 14.8 Etiologia......................................................................................194
9.7 Seguimento de acordo com o Ministério da 14.9 Diagnóstico ..............................................................................196
Saúde ....................................................................................................... 121 14.10 Conduta assistencial........................................................ 197
14.11 Assistência ao parto..........................................................199
10. Síndromes hemorrágicas da
primeira metade da gestação..........125 15. Amniorrexis prematura...............202
10.1 Aborto........................................................................................... 126 15.1 Introdução................................................................................. 203
10.2 Gestação ectópica............................................................... 133 15.2 Incidência ................................................................................. 204
10.3 Doença trofoblástica gestacional..............................138 15.3 Etiologia..................................................................................... 204
15.4 Diagnóstico.............................................................................. 204
11. Síndromes hemorrágicas da 15.5 Complicações........................................................................ 205
segunda metade da gestação.........147 15.6 Conduta..................................................................................... 206
11.1 Introdução...................................................................................148 15.7 Aspectos controversos.................................................... 209
11.2 Descolamento prematuro de placenta....................148
11.3 Placenta prévia........................................................................ 152 16. Oligoâmnio e polidrâmnio...........211
11.4 Rotura uterina..........................................................................155 16.1 Introdução...................................................................................212
11.5 Rotura de vasa prévia.........................................................156 16.2 Origem e composição do líquido amniótico.........212
11.6 Rotura do seio marginal.................................................... 157
16.3 Oligoâmnio................................................................................ 213
16.4 Polidrâmnio............................................................................... 215
12. Gestação gemelar.........................162
12.1 Introdução..................................................................................163 17. Vitalidade fetal.............................220
12.2 Incidência e epidemiologia.............................................163
17.1 Introdução e indicações.....................................................221
12.3 Zigoticidade e corionicidade.........................................163
17.2 Métodos biofísicos de avaliação.................................222
12.4 Diagnóstico...............................................................................165
12.5 Particularidades e complicações maternas
18. Pós-datismo e gestação
relacionadas........................................................................................166
prolongada.......................................... 237
12.6 Complicações fetais...........................................................166
12.7 Complicações específicas.............................................. 167 18.1 Introdução................................................................................. 238
12.8 Gestação monoamniótica............................................... 170 18.2 Incidência e fatores de risco......................................... 238
12.9 Gestações trigemelares ou de ordem maior...... 170 18.3 Complicações........................................................................ 239
12.10 Acompanhamento pré-natal....................................... 170 18.4 Diagnóstico.............................................................................. 239
12.11 Resolução da gestação e parto................................... 171 18.5 Conduta assistencial......................................................... 239

13. Prematuridade...............................175 19. Pesquisa de maturidade fetal......244


13.1 Introdução.................................................................................. 176 19.1 Introdução................................................................................. 245
13.2 Fatores de risco associados........................................... 176 19.2 Desenvolvimento pulmonar fetal ............................. 245
13.3 Prevenção.................................................................................. 178 19.3 Surfactante.............................................................................. 246
13.4 Condução do trabalho de parto prematuro..........181
19.4 Métodos de avaliação da maturidade fetal........ 246
19.5 Conclusão ................................................................................ 249
14. Restrição do crescimento fetal....190
14.1 Introdução...................................................................................191 Referências...........................................251
OBSTETRÍCIA
v. 2
10 | CAPÍTULO 1 - INFECÇÕES VIRAIS NA GESTAÇÃO

INFECÇÕES VIRAIS
NA GESTAÇÃO
Mariana Fabbri Guazzelli de Oliveira Pereira Sartorelli
Talita Colombo
Fábio Roberto Cabar

1
Qual é a conduta no pré-natal
e a via de parto das gestantes
infectadas pelo herpes-vírus?

1.1 INTRODUÇÃO risco mãe e feto. As mesmas infecções também podem


acarretar complicações obstétricas (aumentar o risco de
As infecções na gestação são uma importante causa de parto prematuro, por exemplo) e complicações perma-
mortalidade materna; as estatísticas variam conforme a nentes para o feto, como malformações e óbito fetal.
região estudada, porém dados de 2015 da Organização Neste capítulo, procuraremos nos concentrar nos agentes
Mundial da Saúde apontam a septicemia (por infecção virais mais comuns (como o HPV), e que, portanto, têm
maior probabilidade de serem abordados em questões
viral ou bacteriana) como responsável por 5 a 15% dos
de provas de concursos médicos.
óbitos maternos – lembrando que, por definição, óbito
materno é aquele que ocorre em mulheres durante a
gestação e até o quadragésimo segundo dia de puerpério. 1.2 PAPILOMAVÍRUS HUMANO NA
Obviamente, os países subdesenvolvidos são aqueles GESTAÇÃO (HPV)
que apresentam a maior taxa de mortalidade por essa
causa. Não existe uma estatística precisa que separe a Os diversos subtipos de papilomavírus humano (HPV)
incidência de cada infecção viral na gestante, até porque constituem a infecção sexualmente transmissível mais
uma grande parte dessas infecções ocorre sem que ela prevalente no mundo e associam-se ao câncer de colo
procure o sistema de saúde, portanto não são notificadas. uterino, vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe. A inci-
Entretanto, sabe-se que diversos agentes podem causar dência de alteração compatível com HPV na colpocito-
uma evolução mais grave na gestante, colocando em logia durante a gestação é igual à da população feminina
12 | CAPÍTULO 1 - INFECÇÕES VIRAIS NA GESTAÇÃO

geral – em torno de 5%. Os subtipos com maior risco de


A coleta de colpocitologia oncótica, se reali-
oncogenicidade são o 16 e o 18.
zada adequadamente, não traz riscos à
1.2.1 Transmissão vertical gestação, bem como a colposcopia e a biópsia
de colo, quando indicadas.
A transmissão ocorre majoritariamente durante o
trabalho de parto e a passagem no canal de parto. Pode
ocorrer pela via hematogênica (transplacentária), mas 1.2.4 Tratamento da verruga genital
a principal forma de contaminação é o contato direto
com áreas infectadas (colo uterino, vagina, vulva e região No caso de lesões externas, pequenas e isoladas, pode-se
perianal). O risco de contágio é maior em primoinfecções indicar eletro ou criocauterização. Entretanto, em caso
que ocorrem próximas ao parto. de lesões grandes, deve-se optar pela ressecção com
eletrocautério ou cirurgia de alta frequência – proce-
1.2.2 Quadro clínico na gestante e no dimento que utiliza bisturi elétrico de baixa voltagem
recém-nascido e alta frequência. O tratamento pode ser indicado em
qualquer trimestre da gestação, exceto para lesões
A infecção materna por HPV pode se apresentar de grandes que infiltrem a vagina ou o colo uterino; nessas
diversas formas, sendo, na maioria das vezes, oligo ou situações, deve-se dar preferência ao tratamento no
assintomática. As lesões de colo uterino, com maior segundo trimestre. Tratamento tópico com substâncias
potencial oncogênico, são geralmente assintomáticas químicas como interferona, 5-fluoruracila ou podofi-
e identificadas apenas no exame especular e citológico, lina está contraindicado durante a gestação devido aos
mas podem eventualmente causar sangramento genital riscos de absorção sistêmica e toxicidade fetal. Alguns
e sinusorragia. Já as verrugas genitais, causadas pelos estudos apontam segurança para o uso tópico de ácido
subgrupos de menor oncogenicidade, caracterizam-se tricloroacético (ATA) durante a gestação, sendo alterna-
por lesões elevadas, róseas, eventualmente causando tiva para lesões menores. Apesar da tendência atual em
prurido ou ardor, localizadas principalmente na vulva, no tratar a gestante acometida por essa afecção, nenhum
períneo e na região perianal. estudo demonstrou claramente diminuição da trans-
missão vertical devido ao tratamento; a explicação é
A infecção no recém-nascido pode se manifestar por que algumas partículas virais permanecem viáveis para
condilomas ou papilomatose laríngea. infecção mesmo após o tratamento.

1.2.3 Diagnóstico na gestação 1.2.5 Tratamento das alterações cito-


Diante do condiloma genital, o diagnóstico é clínico, e a
lógicas
biópsia fica restrita aos casos de dúvida diagnóstica. Já no Durante a gestação, as alterações citológicas são de
caso das lesões de colo uterino, o diagnóstico depende de conduta expectante, exceto na suspeita de lesão inva-
citologia e colposcopia (com biópsia). Nos países desen- siva. Conforme citado, a colposcopia está indicada nos
volvidos, diante de lesões suspeitas é realizado diagnós- casos de alteração, e a biópsia pode ser realizada na
tico por reação em cadeia da polimerase (PCR) da lesão. presença de lesão suspeita. O tratamento excisional deve
A colpocitologia oncótica faz parte dos exames iniciais da ser evitado, pois se associa a morbidade obstétrica, como
rotina pré-natal na maioria dos serviços, principalmente abortamento, rotura prematura de membranas ovulares,
por ser uma oportunidade de avaliação ginecológica da trabalho de parto prematuro e sangramento abundante.
população. Não há evidências de que a coleta traga riscos A seguir, as recomendações, segundo o Ministério da
para a gestação, podendo ser realizada sem problemas. Saúde (2016):
A colposcopia está indicada aos casos de suspeita de 1. Atipias de células escamosas de significado
lesão invasiva, já que os demais resultados citológicos indeterminado, possivelmente não neoplásicas
são de conduta expectante na gestação. A colposcopia e (ASC-US): repetição da citologia em 6 meses (se a
a biópsia de colo podem ser realizadas, mas idealmente paciente tiver menos de 30 anos, pode ser repetido
no segundo trimestre de gestação, nos casos em que em 12 meses); se a alteração se repetir ou piorar,
há suspeita de lesão invasiva. Os casos com suspeita de encaminhar à colposcopia;
lesão de alto grau ou invasiva devem ser reavaliados em 2. Atipias de células escamosas de significado inde-
12 semanas, pois pode haver rápida evolução durante a terminado, não se podendo afastar lesão intra-
gestação. epitelial de alto grau (ASC-H): encaminhamento
imediato à colposcopia;
Os casos devem ser sempre reavaliados no pós-parto (de
2 a 3 meses após o parto), pois as condições gravídicas 3. Atipias glandulares (AGC): encaminhamento
já se encontram em regressão. imediato à colposcopia, coleta de material endo-
OBSTETRÍCIA | 13

cervical (de acordo com a idade gestacional e o grau vigésima semana. Se houver acometimento linfo-
de suspeita) e aguardo para avaliação endometrial nodal, a interrupção da gestação será mais indicada,
no puerpério; para a realização do tratamento definitivo (quimior-
radiação). Se não houver acometimento linfonodal,
4. Lesão intraepitelial de baixo grau (LIEBG): repe-
pode-se realizar o parto na maturidade fetal e,
tição da citologia em 6 meses, com encaminha-
posteriormente, realizar a histerectomia radical.
mento à colposcopia diante da persistência ou
Nos tumores visíveis entre 2 e 4 cm, a interrupção
piora da alteração; na suspeita de lesão invasiva,
é a opção aconselhável até a vigésima semana para
colposcopia com biópsia imediata;
que seja realizada cirurgia de Wertheim-Meigs.
5. Lesão intraepitelial de alto grau (LIEAG): encami- Se a paciente não optar pela interrupção, pode-se
nhamento imediato à colposcopia com biópsia; realizar a linfadenectomia diagnóstica, ou a quimio-
terapia neoadjuvante a partir do segundo trimestre,
6. Adenocarcinoma in situ (AIS): encaminhamento
imediato à colposcopia com biópsia, reavaliação até a trigésima quinta semana de gestação (parto
em 12 semanas durante a gestação e conização, em 2 a 3 semanas após o último ciclo);
quando indicada, no pós-parto. 3. Estádio IB2 a IV: em caso de diagnóstico até a vigé-
sima semana, a interrupção da gestação seguida
1.2.6 Tratamento do carcinoma de de quimioterapia e radioterapia é a opção mais
colo do útero aconselhável. Se o diagnóstico for mais tardio,
deve-se iniciar neoadjuvância até o parto, seguida
O diagnóstico de carcinoma de colo do útero na gestação
de tratamento específico posteriormente.
é raro, mas com graves implicações. O diagnóstico é
feito a partir de citologia e colposcopia com avaliação 1.2.7 Vacinação
histológica, e o estadiamento se dá por meio de exame
clínico e radiológico. Dá-se preferência à ressonância A vacina para HPV não contém vírus ou qualquer outro
magnética sem contraste, visando avaliar o tamanho do agente biológico infectante, sendo composta por partes
tumor, a invasão de paramétrio e vagina e o acometimento da cápsula viral e sintetizada por engenharia genética;
linfonodal. Durante o pré-natal, é essencial monitorizar além disso, alguns estudos com gestantes não demons-
os níveis de hemoglobina e hematócrito e de leucócitos traram aumento de intercorrências ou efeitos colaterais
nos casos em tratamento quimioterápico. significativos com o uso de todos os subtipos de vacina
Com relação ao feto, devem-se realizar ultrassonogra- para HPV durante a gestação. Entretanto, as evidências
fias mensais para monitorizar o crescimento fetal, além ainda são consideradas escassas, portanto, a recomen-
de vitalidade fetal (perfil biofísico e Doppler). O trata- dação nesse momento é pela não utilização dessa vacina
mento dependerá de estadiamento, idade gestacional, durante a gestação.
grau histológico e desejo da paciente, e a via de parto
deve ser alta nos casos de lesão invasiva avançada ou
1.2.8 Via de parto
na presença de lesão residual pós-conização. Se houver A cesárea não deve ser indicada apenas como forma de
apenas lesão microinvasora sem lesão residual após prevenção da transmissão, já que a forma transplacentária
conização, pode-se optar pela via baixa. também é possível. Alguns estudos demonstraram infecção
1. Estádio IA: havendo suspeita de lesão invasiva, a neonatal mesmo em parto cesárea, e uma importante meta-
conização deve ser realizada preferencialmente no -análise mostrou incidência similar de transmissão de HPV
segundo trimestre e seguida de cerclagem do colo entre mulheres submetidas a esse parto e por via vaginal.
remanescente. Se a avaliação histológica demons- Em vista disso, atualmente a indicação da via de parto deve
trar estádio IA1 (invasão estromal inferior a 3 mm seguir o protocolo normal para a paciente em questão.
de profundidade e 7 mm de extensão), a conização Entretanto, o parto cesárea pode ser indicado para os casos
será considerada o tratamento definitivo. Se houver em que há tumor obstrutivo localizado no canal de parto
comprometimento de margens ou invasão linfovas- (por condiloma acuminado gigante).
cular, o tratamento será a histerectomia radical com
linfadenectomia pélvica, e essa conduta deve ser
Infecção materna por papilomavírus humano
discutida com a paciente, ponderando-se a idade
gestacional, o desejo de interrupção da gestação e o não constitui indicação de cesárea.
futuro reprodutivo. Se o estádio for IA2 (com invasão
de 3 a 5 mm de profundidade), pode-se realizar a
histerectomia radical ou a conização com cerclagem 1.3 VARICELA E HERPES-ZÓSTER
e proceder ao tratamento radical após o parto;
NA GESTAÇÃO
2. Estádio IB1: nos tumores visíveis de até 2 cm,
deve-se realizar a linfadenectomia pélvica por via A varicela é uma das doenças causadas pelo herpes-vírus
laparoscópica como método diagnóstico, antes da tipo 3. Também conhecida como catapora, é mais comum
OBSTETRÍCIA | 17

por HSV incluem PCR, cultura viral, teste direto de anticorpos fluorescentes e
testes sorológicos específicos.

1.7.3 Transmissão vertical


A transmissão do HSV ao recém-nascido geralmente ocorre durante o trabalho
de parto e parto, devido ao contato direto com locais infectados (colo do útero,
vagina, vulva, região perianal).
A infecção do recém-nascido pode ser classificada em: SEM (localizada em
pele, olhos e boca); CNS (sistema nervoso central), +/- SEM e disseminada,
cursando com coagulopatia.

1.7.4 Tratamento e profilaxia


O tratamento de episódios agudos é realizado com aciclovir (400 mg VO, 3x/d,
por 7 a 10 dias).
Gestantes com herpes genital ativo ou recorrente devem receber terapia anti-
viral supressiva a partir de 36 semanas para reduzir o risco de possuir lesões
ativas no parto normal e indicação de parto cesárea.
Entretanto, nenhuma intervenção elimina totalmente o risco de infecção do
herpes neonatal.

1.7.5 Via de parto


De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention e o American
College of Obstetricians and Gynecologists, deve-se oferecer cesárea para
gestantes com HSV genital somente no caso de lesões genitais ativas (incluindo
aquelas com crosta) ou sintomas iniciais de infecção (prurido, ardência local).
A amamentação não está contraindicada, desde que não existam lesões de
mama herpéticas, e o uso de aciclovir ou valaciclovir não é uma contraindicação
à amamentação.

Qual é a conduta no pré-natal e a via de parto das


gestantes infectadas pelo herpes-vírus?
Quando infectadas pelo herpes-vírus durante o pré-natal, as gestantes devem receber
aciclovir 400 mg VO 3x/d, por 7 a 10 dias. A partir das 36 semanas, devem receber também
terapia antiviral supressiva, a fim de reduzir o risco de lesões ativas no parto normal.
O Centers for Disease Control and Prevention e o American College of Obstetricians and
Gynecologists afirmam que a indicação de parto cesárea deve ser feita apenas em casos
de lesões genitais ativas, ou, no máximo, em caso de sintomas iniciais de infecção, como
prurido e ardência local. Deve ser lembrado, entretanto, que nenhuma intervenção elimina
totalmente o risco de infecção do herpes neonatal.
INFECÇÕES VIRAIS NA GESTAÇÃO
HPV

Subtipos com
maior risco de
Transmissão Diagnóstico Tratamento da Tratamento
oncogenicidade vertical na gestação verruga genital das alterações
são o 16 e o 18 citológicas

Condiloma Lesões de
Biópsia
genital colo uterino Conduta Colposcopia com
expectante, biópsia pode ser
Trabalho de Risco de Diagnóstico Dúvida Citologia e exceto na realizada na
parto na contágio é clínico diagnóstica colposcopia suspeita de presença de
passagem pelo maior em (com biópsia) lesão invasiva lesão suspeita
canal vaginal primoinfecções
que ocorrem
próximas ao parto
18 | CAPÍTULO 1 - INFECÇÕES VIRAIS NA GESTAÇÃO

Lesões externas, Lesões Indicado em Tratamento


pequenas e isoladas grandes qualquer trimestre tópico com
substâncias
da gestação, exceto químicas como
para lesões grandes interferona,
Eletro ou Ressecção com 5-fluoruracila
que infiltrem a vagina ou podofilina
criocauterização eletrocautério ou
cirurgia de alta ou o colo uterino está contraindicado
frequência

Tratamento no HERPES
segundo trimestre

Transmissão vertical Quadro Diagnóstico Tratamento Via de A amamentação


ocorre durante o clínico clínico e profilaxia parto
trabalho de parto
e no parto
Lesões vesiculares Normal, desde Uso de aciclovir
ou ulceradas Episódios Gestantes com que não ou valaciclovir
agudos: aciclovir herpes genital existam lesões não é uma
Grave morbidade de mama herpéticas contraindicação
400 mg VO, ativo ou recorrente:
e mortalidade ao feto para o ato
3x/d, por terapia antiviral
7 a 10 dias supressiva a partir
de 36 semanas
Infecção genital A maioria Nas infecções
primária com tem apenas Cesárea apenas
subsequentes,
úlceras genitais sintomas leves o quadro clínico para gestantes
dolorosas, prurido, ou permanece tende a ser menos com HSV genital
disúria, febre, assintomática com lesões genitais
exuberante
linfadenopatia inguinal ativas ou sintomas
e dor de cabeça iniciais de infecção

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