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07/04/2022

Reprodução Assistida
Prof. Me. Daniel Farias

Desde sua gênese, a humanidade sempre demonstrou grande


preocupação com a fecundidade. Principalmente por envolver
questões delicadas como a sexualidade, o matrimônio e a
reprodução esse tema ainda hoje permanece, e com maior
ênfase, como um dos dilemas éticos mais atuais da
humanidade.
Pedrosa Neto; Franco Junior (1998)

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A influência de diversas religiões, principalmente da católica


levou à aceitação de que a reprodução humana era uma
manifestação exclusiva da vontade de Deus e, portanto, seria
inadmissível sua discussão pelo homem. A interferência humana
no processo reprodutivo constituía uma agressão à vontade de
Deus.
Pedrosa Neto; Franco Junior (1998)

A ausência de filhos fragiliza a estrutura familiar e influi na


relação entre os cônjuges. É comum as separações de casais
que não podem conceber. E cada um dos participantes procura
acreditar que o “defeito” é do outro, em uma busca
desesperada para livrar-se da maldição da esterilidade.
Pedrosa Neto; Franco Junior (1998)

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Um dia, a espécie humana decifrou os mistérios da reprodução.


Conheceu o poder de trazer uma nova vida ao mundo, não mais
submetendo-se ao simples acaso da natureza. Corrigindo uma
falha desta, permitiu que o homem e a mulher pudessem
desenvolver o privilégio da reprodução. Devolveu ao homem e a
mulher o direito à descendência. Devolveu à mulher sua função
biológica de conceber uma nova vida.
Pedrosa Neto; Franco Junior (1998)

Louise Brown, o primeiro bebê de proveta, em 1978, na


Inglaterra.

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No Brasil, o domínio das técnicas de fertilização in vitro (FIV)


teve início em 1984, quando nasceu a primeira criança através
de FIV com transferência embrionária.
Pedrosa Neto; Franco Junior (1998)

Reprodução Assistida (RA)


Todo processo reprodutivo assistido (ajudado) pela medicina.

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Reprodução Assistida (RA)


Objetivos
Auxiliar na resolução dos problemas de reprodução humana,
facilitando o processo de procriação.

Preservação social e/ou oncológica de gametas, embriões e


tecidos germinativos.

Reprodução Assistida (RA)


Legislação
Resolução CFM 2.168/2017
Adota as normas éticas para a utilização das técnicas de
reprodução assistida tornando-se o dispositivo deontológico a
ser seguido pelos médicos brasileiros.

Resolução CFM 2.283/2020

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Reprodução Assistida: Princípios Gerais


As técnicas de RA podem ser utilizadas desde que exista
probabilidade de sucesso e não se incorra em risco grave de
saúde para o(a) paciente ou o possível descendente.

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07/04/2022

Reprodução Assistida: Princípios Gerais


Idade máxima das candidatas à gestação: 50 anos
Exceções: baseadas em critérios
técnicos e científicos fundamentados
pelo médico responsável quanto à
ausência de comorbidades da mulher
e após esclarecimento ao(s)
candidato(s) quanto aos riscos
envolvidos para a paciente e para os
descendentes eventualmente
gerados a partir da intervenção,
respeitando-se a autonomia da
paciente.

Reprodução Assistida: Princípios Gerais


O consentimento livre e esclarecido será obrigatório para todos
os pacientes submetidos às técnicas de RA.

Em formulário especial e estará completo com a concordância,


por escrito, obtida a partir de discussão bilateral entre as
pessoas envolvidas nas técnicas de RA.

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Reprodução Assistida: Princípios Gerais

Reprodução Assistida: Princípios Gerais


As técnicas de RA não podem ser aplicadas com a intenção de
selecionar o sexo (presença ou ausência de cromossomo Y) ou
qualquer outra característica biológica do futuro filho, exceto
para evitar doenças no possível descendente.

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Pacientes das técnicas de RA


É proibida a fecundação de oócitos
humanos com qualquer outra finalidade
que não a procriação humana.

Todas as pessoas capazes, que


tenham solicitado o procedimento e
cuja indicação não se afaste dos limites
desta resolução, podem ser receptoras
das técnicas de RA, desde que os
participantes estejam de inteiro acordo
e devidamente esclarecidos, conforme
legislação vigente.

Pacientes das técnicas de RA


Em caso de gravidez múltipla decorrente do uso de técnicas de
RA, é proibida a utilização de procedimentos que visem a
redução embrionária.

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Pacientes das técnicas de RA


É permitido o uso das técnicas de RA para heterossexuais,
homoafetivos e transgêneros.

É permitida a gestação compartilhada em união homoafetiva


feminina em que não exista infertilidade. Considera-se gestação
compartilhada a situação em que o embrião obtido a partir da
fecundação do(s) oócito(s) de uma mulher é transferido para o
útero de sua parceira.

Clínicas, centros e serviços


As clínicas, centros ou serviços que aplicam técnicas de RA são
responsáveis pelo controle de doenças infectocontagiosas, pela
coleta, pelo manuseio, pela conservação, pela distribuição, pela
transferência e pelo descarte de material biológico humano dos
pacientes das técnicas de RA.

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Doação de gametas e embriões


A doação não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.

A idade limite para a doação de gametas é de 35 anos para a


mulher e de 50 anos para o homem. Considera-se a idade dos
doadores no momento da coleta dos oócitos.

As clínicas, centros ou serviços devem manter, de forma


permanente, um registro com dados clínicos de caráter geral,
características fenotípicas e uma amostra de material celular dos
doadores, de acordo com legislação vigente.

Doação de gametas e embriões


Os doadores não devem conhecer a
identidade dos receptores e vice-versa.

Será mantido, obrigatoriamente, sigilo


sobre a identidade dos doadores de
gametas e embriões, bem como dos
receptores. Em situações especiais,
informações sobre os doadores, por
motivação médica, podem ser fornecidas
exclusivamente para médicos,
resguardando-se a identidade civil do(a)
doador(a).

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Doação de gametas e embriões


A escolha das doadoras de oócitos é de responsabilidade
médica. Dentro do possível, deverá garantir que a doadora
tenha a maior semelhança fenotípica com a receptora.

Não será permitido aos médicos, funcionários e demais


integrantes da equipe multidisciplinar das clínicas, unidades ou
serviços participar como doadores nos programas de RA

Doação de gametas e embriões


É permitida a doação voluntária de gametas e a doação
compartilhada de oócitos em RA, em que doadora e receptora,
participando como portadoras de problemas de reprodução,
compartilham tanto do material biológico quanto dos custos
financeiros que envolvem o procedimento de RA.

A doadora tem preferência


sobre o material biológico
que será produzido.

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Criopreservação de gametas/embriões
As clínicas, centros ou serviços podem
criopreservar espermatozoides, oócitos,
embriões e tecidos gonádicos.

O número total de embriões gerados em


laboratório será comunicado aos pacientes
para que decidam quantos embriões serão
transferidos a fresco. Os excedentes,
viáveis, devem ser criopreservados.

Criopreservação de gametas/embriões
No momento da criopreservação, os pacientes devem manifestar
sua vontade, por escrito, quanto ao destino a ser dado aos
embriões criopreservados em caso de divórcio ou dissolução de
união estável, doenças graves ou falecimento de um deles ou de
ambos, e quando desejam doá-los.

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Criopreservação de gametas/embriões
Os embriões criopreservados com três anos ou mais poderão
ser descartados se esta for a vontade expressa dos pacientes.

Os embriões criopreservados e abandonados por três anos ou


mais poderão ser descartados. Embrião abandonado é aquele
em que os responsáveis descumpriram o contrato pré-
estabelecido e não foram localizados pela clínica.

A Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105, de 24 de março de


2005) permitiu a utilização para pesquisa de embriões
congelados há três anos ou mais, na data da publicação da Lei
(28.03.2005). Assim, por analogia, a alteração passa de cinco
para três anos o período de descarte de embriões.

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Diagnóstico Genético Pré-implantacional de Embriões


As técnicas de RA podem ser aplicadas à seleção de embriões
submetidos a diagnóstico de alterações genéticas causadoras de
doenças – podendo nesses casos ser doados para pesquisa ou
descartados, conforme a decisão do(s) paciente(s) devidamente
documentada em consentimento informado livre e esclarecido
específico.

Diagnóstico Genético Pré-implantacional de Embriões


As técnicas de RA também podem ser utilizadas para tipagem do
sistema HLA do embrião, no intuito de selecionar embriões HLA-
compatíveis com algum irmão já afetado pela doença e cujo
tratamento efetivo seja o transplante de células-tronco, de
acordo com a legislação vigente.

O tempo máximo de desenvolvimento de embriões in vitro será


de até 14 dias

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Sobre a Gestação de Substituição


As clínicas, centros ou serviços de reprodução assistida podem
usar técnicas de RA para criarem a situação identificada como
gestação de substituição, desde que exista um problema médico
que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética,
em união homoafetiva ou pessoa solteira.

Sobre a Gestação de Substituição


A cedente temporária do útero deve pertencer à família de um
dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau.
Primeiro grau: mãe/filha
Segundo grau: avó/irmã
Terceiro grau: tia/sobrinha
Quarto grau: prima
Demais casos: sujeitos à autorização do CRM

A cessão temporária do útero não


poderá ter caráter lucrativo ou comercial.

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Sobre a Gestação de Substituição


Nas clínicas de reprodução assistida, deverão
constar no prontuário da paciente:

Termo de consentimento livre e esclarecido assinado


pelos pacientes e pela cedente temporária do útero,
contemplando aspectos biopsicossociais e riscos
envolvidos no ciclo gravídico-puerperal, bem como
aspectos legais da filiação;

Relatório médico com o perfil psicológico, atestando


adequação clínica e emocional de todos os
envolvidos;

Sobre a Gestação de Substituição


Termo de Compromisso entre o(s) paciente(s) e
a cedente temporária do útero (que receberá o
embrião em seu útero), estabelecendo
claramente a questão da filiação da criança;

Compromisso, por parte do(s) paciente(s)


contratante(s) de serviços de RA, de tratamento
e acompanhamento médico, inclusive por
equipes multidisciplinares, se necessário, à mãe
que cederá temporariamente o útero, até o
puerpério;

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Sobre a Gestação de Substituição


Compromisso do registro civil da criança pelos pacientes (pai,
mãe ou pais genéticos), devendo esta documentação ser
providenciada durante a gravidez;

Aprovação do cônjuge ou companheiro, apresentada por escrito,


se a cedente temporária do útero for casada ou viver em união
estável.

Reprodução assistida Post-mortem


É permitida a reprodução assistida post-mortem desde que haja
autorização prévia específica do(a) falecido(a) para o uso do
material biológico criopreservado, de acordo com a legislação
vigente.

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Células-tronco
“Stem-cells”

“Tronco comum” do qual se


originam outras células.

Células-tronco
Célula imatura que ao se
dividir, pode gerar uma célula
igual à ela (capacidade de
auto-renovação) ou gerar uma
célula madura de qualquer um
dos 216 tecidos do organismo
humano (capacidade de
diferenciação).

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Células-tronco
Finalidade: Tratamento e pesquisa

Doenças auto-imunes

Disfunções neurológicas

Distúrbios hepáticos e renais

Osteoporose

Traumas da medula espinhal

Divisão das Células-tronco


Adultas (maduras)
Cordão umbilical, placenta, tecidos e
na medula óssea

Não possuem a capacidade de


originar todos os tecidos

Embrionárias
Embriões (fase de blastocisto)

Versáteis: convertem-se em qualquer


um dos tecidos do organismo

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Células-tronco embrionárias
Células de embrião que apresentam a capacidade de se
transformar em células de qualquer tecido de um organismo.
Lei 11.105 (Lei da Biossegurança)

Lei 11.105
Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização
de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos
produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo
procedimento.

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Lei 11.105
Art. 5º [...] devem ser atendidas as seguintes condições:

I. sejam embriões inviáveis; ou

II. Sejam embriões congelados há três anos ou mais, na data da


publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da
publicação desta Lei, depois de completarem três anos,
contados a partir da data de congelamento.

Lei 11.105
Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.

Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem


pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas
deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos
respectivos CEP.

É vedada a comercialização do material biológico a que se refere


este artigo e sua prática implica o crime

Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o art. 5º:


Pena – detenção, de um a três anos, e multa.

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Clonagem terapêutica: clonagem com finalidade de produção


de células-tronco embrionárias para utilização terapêutica.

Clonagem terapêutica: clonagem com finalidade de produção


de células-tronco embrionárias para utilização terapêutica.

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