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UNIVERSIDADE DE BELAS

CURSO DE ENFERMAGEM

TRABALHO DE ENFERMAGEM ÉTICA E


DEONTOLOGIA

TEMA:
REPRODUÇÃO ASSISTIDA

A DOCENTE

________________________
UNIVERSIDADE DE BELAS

TRABALHO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA

Elementos do grupo:

David Francisco Dala- 31659

António Costa Dias-39625

Cristina Jumba Chipinga-39272

Daniela Estefânia De Sousa Ingo-41670

Cipriana Duva Francisco Kanhina 43084

Eva Canhanga Germano 41931

Germana Cambata Canjimbo 39320

Luzia Sebastião José 43075

Rafaela Tomás 41952

Teresa Luseva Nkanga 41958

Rebeca Joveta-35456

Filomena Armando-31198

Sala: 08

Turma: A

Período: Tarde

Grupo : 4
ÍNDICE

INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------01

OBJECTIVOS ----------------------------------------------------------------------------02

 Objetivo Geral
 Objetivos específicos

DICIONARIO-----------------------------------------------------------------------------03

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-------------------------------------------------------------04

EXPLICANDO OS PRINCÍPIOS GERAIS ---------------------------------------------06

 Reprodução Assistida e Oncologia


 Reprodução Assistida e Idade

IDADE E TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA -------------------------------------------07

 Escolha do sexo
 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
 Quem pode fazer uso das técnicas de RA?

GESTAÇÃO COMPARTILHADA EM UNIÃO HOM.-----------------------------------08

 Como é feito o processo de reprodução assistida


 Métodos de gravidez assistida
 Chances da gravidez assistida

RISCOS DA GRAVIDEZ ASSISTIDA -----------------------------------------------------9

REPRODUÇÃO ASSISTIDA NO PANORAMA JÚRIDICO ----------------------------10

 Inseminação Artificial

. REPRODUÇÃO ASSISTIDA EM ANGOLA ----------------------------------------------11

DADOS DA OMS QUANTO A INFERTILIDADE EM ANGOLA.---------------------12

CONCLUSÃO-----------------------------------------------------------------------------13

Referências Bibliográficas ----------------------------------------------------------------------14


1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho teremos o privilégio de falar sobre A Reprodução Assistida no


panorama júrico, assim sendo começamos por definir Reprodução Assistida como, um
conjunto de técnicas utilizadas por médicos especializados, que tem como principal
objetivo a tentativa de viabilizar a gestação para casais com dificuldades de conceber
uma criança.
2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral


 Este trabalho tem como objetivo geral abordar sobre a Reprodução Assistida no seu
contexto geral e no seu panorama jurídico.

2.1.2 Objetivo específicos


 Conhecer e compreender a Reprodução assistida
 Diferenciá-la quanto ao panorama jurídico
3. PEQUENO DICIONÁRIO DA REPRODUÇÃO

Considerando que as técnicas de reprodução assistida (ra) são complexas e


diversas, vamos primeiro conhecer alguns termos:

1. REPRODUÇÃO ASSISTIDA: Todo processo reprodutivo assistido (ajudado) pela


medicina.

2. GAMETAS: Óvulos (gametas femininos) e espermatozoides (gametas masculinos)


são as células precursoras para o surgimento de um novo ser humano.

3. EMBRIÃO: Óvulo fecundado pelo espermatozoide.

4. CONGELAMENTO OU CRIOPRESERVAÇÃO (GAMETAS): Manter os


gametas congelados é uma forma de mantê-los “parados no tempo”, sem que eles
sofram a ação do avançar da idade. Por isso o nome, crio = congelar e preservação =
manter preservado. Os gametas podem ficar congelados por período indeterminado.

5. CONGELAMENTO OU CRIOPRESERVAÇÃO (EMBRIÃO): Manter os


embriões congelados é uma forma de mantê-los “parados no tempo”, sem que eles
sofram a ação do avançar da idade da mãe e do pai. Os embriões podem ficar
congelados por período indeterminado.

6. COITO PROGRAMADO: Técnica simples da Reprodução Assistida que


acompanha o ciclo menstrual da mulher a fim de se definir o melhor momento para
ocorrência da relação sexual visando gestação.

7. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL: Técnica simples de Reprodução Assistida que

processa os espermatozoides (sêmen) em laboratório previamente à introdução no trato

genital feminino. O depósito do sêmen pode ocorrer na vagina, no canal cervical ou no

útero.

8. FERTILIZAÇÃO IN VITRO: Técnica mais complexa da Reprodução Assistida


que

promove a união, em ambiente laboratorial, do óvulo ao espermatozoide. Os embriões

formados são cultivados e selecionados.

9. BIÓPSIA EMBRIONÁRIA: Retirada de uma ou mais células do embrião visando

estudo de viabilidade genética do embrião.

10. ANÁLISE GENÉTICA EMBRIONÁRIA: Estudo da viabilidade genética/

cromossômica dos embriões previamente à transferência deles para o útero.


4. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
4.1 Definições de termos e conceitos

A reprodução assistida surgiu com o intuito de realizar os sonhos e os desejos de


milhares de casais que sofrem com o problema da infertilidade, bem como evitar a
ocorrência de doenças hereditariamente transmissíveis, capazes de inviabilizar a vida
humana. Se, de um lado, o desenvolvimento de tais técnicas trouxe inúmeros benefícios
aos casais considerados inférteis, tornando possível o nascimento do filho desejado, de
outro lado, fez emergir inúmeras outras preocupações e incertezas para toda a
sociedade. Esses progressos colocaram em discussão assuntos relativos ao início e ao
valor da vida humana, bem como acerca do poder do homem através da ciência de
intervir na mesma, sendo que tais questionamentos precisam ser debatidos de forma
ética e ampla pela sociedade e limitados pelo Direito.

Assim como qualquer tratamento, os de reprodução assistida têm elevado custo e


são ofertados por ginecologistas obstetras com especialização reprodução humana em
clínicas de fertilização. Com o passar dos anos, as técnicas têm sido aperfeiçoadas para
garantir as melhores chances de sucesso no procedimento. Mas, quais os prós e contras
da gravidez assistida?

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 15% da


população mundial tem dificuldade de engravidar ou são acometidas pela infertilidade.
No Brasil, a estimativa é que 80 milhões de homens e mulheres em idade fértil, foram
diagnosticados com infertilidade.

Com esses dados, ter acesso a um tratamento de reprodução assistida é um dos


prós do advento da medicina. Mulheres que foram submetidas a laqueadora (ligamento
de trompas para evitar gravidez) e homens que fizeram vasectomia, são beneficiados
com os métodos de reprodução humana, sendo esses apenas um dos exemplos de como
os procedimentos de gravidez assistida pode mudar a vida de muitas pessoas.
5. EXPLICANDO OS PRINCÍPIOS GERAIS

Atualmente, não existem leis federais específicas voltadas para a Reprodução


Assistida. Assim, a Resolução 2.168/2017 do Conselho Federal de Medicina é a norma
que determina as regras dos procedimentos em questão.

Os princípios expostos na resolução sobre Reprodução Assistida têm a função de


balizar estes procedimentos.

5.1 Reprodução Assistida e Oncologia

É interessante perceber que as técnicas de RA também são indicadas para


pacientes oncológicos. Nestes casos, a finalidade é manutenção da fertilidade, que pode
ser afetada pelo tratamento de combate ao câncer. Aqui, a Reprodução Assistida
demonstra-se como uma possibilidade futura que deve ser oportunizada para a paciente.

5.2 Reprodução Assistida e Idade

Um ponto extremamente debatido na esfera da Reprodução Assistida é o limite


etário para se fazer uso das técnicas. A resolução do CFM aponta diversas idades para
questões específicas, contudo, de modo geral as mulheres são as mais atingidas por
essas determinações.

É determinado que a idade máxima das candidatas à gestação por técnicas de


RA é de 50 anos. Entretanto, este limite pode ser excepcionado caso médico
responsável fundamente com critérios técnicos e científicos quanto à ausência de c o m
o r b i d a d e s da mulher e a pós esclarecimento ao(s) candidato(s) quanto aos riscos
envolvidos para a paciente e para os descendentes eventualmente gerados a partir desta
intervenção, respeitando-se a autonomia da paciente. Ou seja, a princípio, o limite para
gestação por técnicas de Reprodução Assistida é 50 anos para as mulheres.

No entanto, a resolução permite que as técnicas sejam aplicadas em mulheres


acima desta idade, desde que haja posicionamento médico nesse sentido.
5.3 Idade e transferência embrionária

O limite etário na área da RA está presente ainda na definição do número de


embriões que será transferido para o útero:

 Mulheres com até 35 anos: até 2 embriões;


 Mulheres entre 36 e 39 anos: até 3 embriões;
 Mulheres com 40 anos ou mais: até 4 embriões.

5.4 Escolha do sexo

Um dos pontos mais debatidos na Reprodução Assistida é a questão envolvendo


escolha do sexo dos embriões. A Resolução CFM nº 2.168/2017 proíbe que as técnicas
de Reprodução Assistida sejam aplicadas com o intuito de selecionar o sexo dos
embriões. Assim, não se trata de uma possibilidade ética no Brasil. Contudo, tal
prescrição não se trata de uma proibição absoluta, uma vez que em situações
específicas, por motivos relacionados à saúde, a norma admite a escolha de sexo do
embrião.

5.6 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Os pacientes que buscam se submeter aos procedimentos de Reprodução


Assistida devem ser informados sobre os riscos e benefícios das técnicas que lhe serão
aplicadas. Bem como receber orientações pré e pós procedimento, direitos que lhe são
garantidos, e demais informações. C o n s i d e r a n d o q u e s e t r a t a m d e
procedimentos complexos, os pacientes deverão ser muito bem informados para que
possam dar o seu consentimento para aplicação das técnicas em questão. Para tanto,
deve ser disponibilizado o devido Termo de Consentimento Livre e Esclarecido:
documento hábil, cabível e indispensável (trata-se de uma obrigação do profissional de
saúde)

5.7 Quem pode fazer uso das técnicas de RA?

A princípio todas as pessoas consideradas capazes podem fazer uso das técnicas
de Reprodução Humana, independente do estado civil ou orientação sexual. Ou seja,
pessoas solteiras podem se utilizar de RA a partir da adoção de gametas ou embriões,
por exemplo, ou ainda pela criopreservação dos seus próprios gametas. Da mesma
forma, casais hétero e homoafetivos também são habilitados para buscar a Reprodução
Assistida, não havendo qualquer óbice.
5.8 Gestação compartilhada em união homoafetiva feminina

Em relação aos casais homossexuais femininos é importante registrar que é


permitida a chamada “gestação compartilhada”. Tal procedimento ocorre quando não há
infertilidade diagnosticada e o embrião é obtido a partir da fecundação do(s) óvulos(s)
de uma mulher é transferido para o útero de sua parceira.

6. COMO É FEITO O PROCESSO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA


Nesse método, os óvulos são coletados dos ovários após estimulação com
hormônios, pouco antes da ovulação, e são levados ao laboratório, onde são fertilizados
com os espermatozoides do parceiro. A partir de então, esses embriões são cultivados
em laboratório por alguns dias e são colocados no útero da paciente.

6.1 Métodos de gravidez assistida

Os métodos de reprodução assistida na atualidade são:

Namoro programado, Fertilização in Vitro (FIV), Mini Fertilização in Vitro


(Mini-FIV) e a Inseminação artificial. Complementam esses procedimentos a doação de
óvulos, a injecção intracitoplasmática em FIVs e o útero de substituição.

Cada um dos métodos tem sua complexidade, logo, o médico especialista em


reprodução humana é quem dirá qual desses procedimentos é indicado. A premissa de
que cada caso é um caso deve ser levada à risca nesta situação.

6.2 Chances da gravidez assistida

Quanto mais novo o casal procurar pela reprodução assistida, maiores as chances
de sucesso no procedimento. Isso não significa que casais acima dos 40 anos não
possam realizar o sonho da gestação, e sim que é necessário a identificação de um
método de gravidez assistida para cada casal.

Desta forma, encontrar um médico de confiança, realizar todos os estudos


clínicos no casal e identificar possíveis problemas é o primeiro passo a ser seguido por
quem tem tentado engravidar há, pelo menos, 12 meses. Caso a mulher tenha idade
superior a 35 anos, essa procura deve ocorrer após seis meses de tentativas sem sucesso.

As chances são de 50% de sucesso na primeira tentativa e 50% de fracasso.


Como já informado, os métodos são constantemente aperfeiçoados e isso garante a
melhor eficácia nos procedimentos. Fatores externos, como a ansiedade, e internos,
como problemas clínicos, interferem diretamente nos resultados.
7. RISCOS DA GRAVIDEZ ASSISTIDA

Assim como qualquer gestação, a gravidez assistida com o desenvolvimento do


feto, tanto o bebê quanto a gestante podem adquirir doenças. No caso dos bebês, as
alterações cromossômicas podem resultar em doenças como a Síndrome de Down
(trissomia 21), por exemplo. A gestante pode sofrer com o quadro de diabetes
gestacional, pré-eclâmpsia ou entrar em trabalho de parte de forma prematura.

A gravidez assistida é uma das formas da medicina em realizar o sonho de


muitos casais, que é gerar uma nova vida. Com o auxílio de técnicas avançadas de
reprodução humana, hoje, casais inférteis podem dar continuidade a família.

A preocupação com o tema é tamanha que, em novembro de 2017, o Conselho


Federal de Medicina (CFM) atualizou as normas referentes a Procriação Medicamente
Assistida. A modernização da normativa resultou em ampliação de grau de parentesco
para servir como útero de substituição. Anteriormente era permitido esse método de
fertilização quando realizado por mãe, irmã, tias e primas do casal. Agora filhas e
sobrinhas podem se voluntariar para a gestação de substituição, que nada mais é que a
popularmente chamada “Barriga de Aluguel”.

O útero de substituição só é permitido dentro do ciclo familiar, sendo que isso


não pode gerar nenhum benefício a quem está cedendo o útero à gestação. Em outros
países a barriga de aluguel é permitida na forma literal, sendo que é assinado um
contrato entre as partes e a doadora do útero abre mão de qualquer direito em relação ao
bebê gerado.

Mulheres solteiras também podem recorrer ao método, assim como passa a ser
permitido o congelamento de gametas, embriões e tecidos germinativos, em casais que
têm algum tipo de infertilidade e não querem gerar a criança no momento e em
mulheres que estão em tratamento médico mais invasivos, como os de combate ao
câncer.

Um dos contras desses procedimentos está na ansiedade gerada em todo o


processo. Isso pode desencadear problemas de relacionamento entre o casal, além de ser
custoso. Nem sempre o casal tem condição de arcar com qualquer procedimento de
reprodução assistida. Porém, hospitais públicos realizam tais procedimentos, sendo
necessário algum tempo de espera.
8. REPRODUÇÃO ASSISTIDA NO PANORAMA JÚRIDICO

A reprodução assistida trata-se de uma temática de extrema relevância, atual e


controversa, com implicações imediatas tanto para o Direito como para toda a
sociedade, já que traz à reflexão novamente questões éticas sobre a vida humana, seja
sobre seu início, seu conceito ou a sua necessária proteção. O objeto deste estudo se
coaduna com a linha de pesquisa Constitucionalismo

Contemporâneo do Curso de Mestrado em Direito, tendo em vista que, para


regulamentar a procriação assistida, é mister buscar fundamentos junto à Constituição
Federal de 1988, principalmente ao princípio da dignidade da pessoa humana e aos
demais direitos fundamentais. Isso porque também se estará tutelando sobre a pessoa e a
família, referenciais relevantes para o texto constitucional. Esta pesquisa apresenta-se
relevante para a sociedade, posto que constituirá mais um meio para discussão e
reflexão acerca de assuntos que afetam toda a estrutura social em que estamos inseridos.

É, para tanto, preciso um amplo debate e a religação dos saberes de diversas


ciências para a obtenção de, pelo menos, direções, a fim de que a regulamentação dos
procedimentos de procriação assistida ocorra conforme a ética e o texto constitucional,
evitando-se a possibilidade de uma mercantilização do ser humano.

Assim como qualquer gestação, a gravidez assistida com o desenvolvimento do


feto, tanto o bebê quanto a gestante podem adquirir doenças. No caso dos bebês, as
alterações cromossômicas podem resultar em doenças como a Síndrome de Down
(trissomia 21), por exemplo.

8.1 Inseminação Artificial

A inseminação artificial permite que a concepção se dê no próprio corpo da


mulher, sem o relacionamento sexual, consistindo no depósito de espermatozóides
preparados em laboratório no colo do útero ou no próprio útero. 239 O procedimento
médico subdivide-se em três etapas, quais sejam: a) Estimulação ovariana; b) Coleta e
preparo do sêmen; c) Inseminação.

A estimulação ovariana objetiva uma maior produção de folículos ovarianos por


ciclo, sendo que, num ciclo menstrual, normalmente, obtem-se apenas um folículo. A
segunda etapa é a coleta e o preparo do sêmen, que acontece tanto por meio da
masturbação, quanto pela relação sexual, utilizando um preservativo especial. Com isso,
há o preparo dos espermatozóides, com o intuito de eliminar substâncias que impedem a
sua capacitação e a fertilização, além de substâncias espasmódicas

provoquem a contração na musculatura uterina. A terceira etapa consiste na


inseminação que pode ocorrer com um ou mais espermatozóides por ciclo. Depois da
inseminação, a mulher permanece em decúbito dorsal horizontal por trinta minutos241 .
Na inseminação artificial homóloga, existe um vínculo jurídico entre o casal, seja pelo
casamento ou pela união estável, e por isso será depositado sêmen do marido ou
companheiro. De outro lado, na inseminação artificial heteróloga, não há qualquer
vínculo jurídico de natureza familiar entre o doador anônimo e o casal que criará a
criança.

A seleção do doador deve considerar o parâmetro do Rh e do grupo sangüíneo,


além de observar suas características físicas, as quais devem estar de acordo com as do
marido ou companheiro da paciente. No que tange à seleção de doadores, acima
referidos, não há nenhuma previsão legal vigente, exceto a Resolução nº 1.358/92 do
Conselho Federal de Medicina (CFM), que, atendendo a princípios éticos, prevê a
garantia de “que o doador tenha a maior semelhança fenotípica e imunológica e a
máxima possibilidade de compatibilidade com a receptora”. 242 Por mais simples que
se queira fazer transparecer o procedimento de inseminação artificial pela classe médica
e científica, é indiscutível a incidência de fatores psicológicos e médicos, geradores de
ansiedades e dúvidas para o casal que resolve submeter-se a tal procedimento.

Segundo Leite, qualquer que seja a decisão tomada pelo casal, a inseminação é
um procedimento complexo. Mesmo que a forma homóloga não traga objeções de
cunho ético como traz a heteróloga, deve-se fazer uma reflexão e avaliar com prudência
os avanços técnico-científicos, a fim de

chegar até uma ética que considere todas as demais dimensões do homem e
permita um progresso sem desvios.

9. REPRODUÇÃO ASSISTIDA EM ANGOLA

Os esforços desenvolvidos pelo Estado angolano para melhorar a saúde dos


angolanos acabam de ser alicerçados com a aprovação, terça-feira, pela Assembleia
Nacional, da proposta de Lei da Reprodução Humana Medicamente Assistida, que irá
facilitar o tratamento de casais com infertilidade.

A aprovação deste diploma legal vai permitir que casais angolanos com
infertilidade e dificuldades de procriação sejam tratados no país, evitando-se, deste
modo, a sua evacuação para o estrangeiro, reduzindo os encargos financeiros dos
cidadãos e do Estado e outros constrangimentos daí decorrentes.

A Lei, há muito esperada, vem regular a utilização de técnicas como


inseminação artificial, fecundação laboratorial ou fertilização 'in vitro', diagnóstico
genético pré-implantacional e outras técnicas laboratoriais de manipulação de gâmetas
ou embriões, a realizar em centros autorizados e por profissionais de saúde devidamente
qualificados.
9.1 DADOS DA OMS QUANTO A INFERTILIDADE EM ANGOLA.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a infertilidade um problema


de saúde pública. Estima-se que em Angola existam entre 900 mil a um milhão de
casais inférteis. Todos esses factores fizeram com que o diploma fosse aprovado com
169 votos a favor, nenhum contra e nenhuma abstenção. A Lei foi aprovada por
unanimidade, sem objecções, o que mostra bem a preocupação das pessoas para com
este problema de trazer vida ao mundo e dar continuidade às famílias.

Com a aprovação da Lei, as reacções, como é evidente, não se fizeram esperar.


Os legisladores das diversas bancadas parlamentares, que votaram por unanimidade,
consideraram que o enquadramento deste instrumento no ordenamento jurídico
angolano vai criar condições legais para resolver o problema da infertilidade, que
constitui um verdadeiro drama para muitos casais, ao ponto de ser considerado um
problema de saúde pública.

Embora com algum secretismo, eram muitas famílias angolanas que recorriam
ao estrangeiro, com o Brasil à cabeça, para ultrapassar o drama da infertilidade, pagando
custos elevados que desestabilizavam os já apertados orçamentos familiares e a
condição económica das pessoas.

Para a entrada em vigor da Lei, o que se espera é a criação de condições


humanas e de infra-estruturas que permitam colocar, com equidade, a reprodução
humana medicamente assistida ao dispor dos que realmente necessitam. Que não se faça
disso um mero instrumento para ganhar dinheiro.

Como disse um parlamentar, que a Lei não se transforme num simples órgão de
comércio, em detrimento da condição humana. E que o país, aberto à reprodução
medicamente assistida, deixe entrar toda a sorte de especialistas em tramóias. Que as
autoridades sanitárias estejam atentas à qualidade das estruturas físicas e dos quadros
envolvidos no acompanhamento da reprodução medicamente assistida.
10. CONCLUSÃO
.

A normatização, ética e jurídica, da reprodução humana assistida no Brasil faz-


se por meio de poucos instrumentos, sobretudo pela Resolução do Conselho Federal de
Medicina n. 2013, de 16 de abril de 2013, que veio revogar a regulação de 2010 e
reconhecer a possibilidade de casais homoafetivos se utilizarem das técnicas.

Muitas são as discussões levantadas por essa regulação, inclusive quanto às


consequências jurídicas da reprodução assistida realizada após a morte de um dos pais.
Sobre essa situação específica cita-se um julgado, em que o pai falecido não havia
permitido expressamente o uso de seu sêmen para depois da morte.
11. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS

THAIS MAIA Advogada. Mestre e Especialista em Bioética (UnB). Vice-Presidente


do Instituto Brasileiro de Biodireito e Qualidade em Saúde. Sócia proprietária do
escritório Maia&Munhoz Consultoria e Advocacia em Biodireito e Saúde Pública.
LUCIANA MUNHOZ Advogada.

Mestre em Bioética (UnB). Presidente do Instituto Brasileiro de Biodireito e Qualidade


em Saúde. Sócia proprietária do escritório Maia&Munhoz Consultoria e Advocacia em
Biodireito e Saúde Pública. BEATRI Z DE MATTOS SILVA Bióloga.

Embriologista, Genética Humana. Embriologista certificada pela Sociedade Brasileira


de Reprodução Assistida e pela RedeLatino Americana de Reprodução Assistida. Sócia-
Diretora da Fertil Care Centro de Reprodução Humana.

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