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Manipulação da Fertilidade

Infertilidade humana e Reprodução assistida


Infertilidade é a incapacidade, temporária ou permanente, de um casal conceber um filho, após
um ano (OMS: 2 anos) de relações sexuais regulares sem uso de contracetivos.
Na base dos diversos problemas da infertilidade podem estar vários fatores como: problemas
genéticos, malformações congénitas, idade, fatores imunitários, distúrbios hormonais, doenças
(designadamente as ISTs). Assim, pode ter diversas causas:

Causas de infertelidade feminina:


 Idade avançada;
 Problemas na produção de LH e FSH;
 Incapacidade dos ovários responderem à variação dessas hormonas;
 Anomalia dos ovários (congénita, derivada a doenças, como infeções, IST, exposição a
radiações);
 Ausência de produção de oócitos II (ex: presença de tumores nos ovários);
 Ausência de ovulação (anovulação) ou uma ovulação pouco frequente;
 Obstrução ou alteração das trompas (ex: presença de quistos);
 Alterações anatómicas no útero;
 Problemas ao nível do endométrio (ex: endometriose);
 Infeções das vias genitais;
 Produção de um muco cervical muito espesso, desfavorável aos espermatozoides.

Causas de infertelidade masculina:


 Problemas na produção de LH e FSH;
 Incapacidade dos testículos responderem à variação dessas hormonas;
 Anomalia dos testículos que condicione a espermatogénese (congénita, derivada a doenças
(infeções, IST, febre, cancro testicular) ou resultado de fatores ambientais (exposição prolongada a
altas temperaturas, radiações);
 Azoospermia;
 Espermatozoides em número insuficiente, com deficiência na mobilidade ou com morfologia
anormal;
 Problemas anatómicos que impeçam a libertação de esperma;
 Produção anormal de líquido prostático e seminal;
 Impotência (causada por desregulações hormonais, neurológicas, psicológicas, doenças ou
drogas).

Técnicas de reprodução medicamente assitida


Existem diversas técnicas de tratamento da infertilidade e, portanto, é necessário realizar um
processo de modo a que se possa recorrer à técnica de reprodução medicamente assitida mais
adequada ao casal:
1ª etapa: Realização de exames de diagnóstico em ambos os elementos do casal (ex: análises
hormonais, ecografia, laparoscopia, biópsia endometrial ou testicular, espermograma, despistagem
de IST) para determinar a causa da infertilidade.
2ª etapa: Tratamentos (medicação ou cirurgia) - se possível.
3ª etapa: Técnicas de reprodução medicamente assistida.
Alguns dos tratamentos disponíveis são efetuados através de medicação, de cirurgia, ou, entao,
através de técnicas laboratoriais que permitem a manipulação e seleção de gâmetas e embriões,
bem como a sua conservação, a promoção da fecundação ou a implantação de embriões.
As taxas de sucesso dos tratamentos contra a infertilidade variam de acordo com a técnica
utilizada e de acordo com algumas outras condições, tais como a idade da mulher ou a duração da
infertilidade anterior ao início do tratamento.

Inseminação artificial ou IUI (Intra-Uterine Insemination)


 Corresponde à transferência mecânica de espermatozoides,
previamente recolhidos, tratados e selecionados (para eliminação de
HIV ou para seleção dos espermatozoides com cromossoma Y para
seleção do sexo – situação que suscita debates éticos), para o interior
da cavidade uterina (com um cateter), na altura da ovulação;
 Técnica mais comum e mais económica;
 Utiliza-se em casos em que: existem problemas ao nível do
esperma, existem problemas no muco cervical, existe incapacidade do homem em ejacular na
vagina;
 Pode ser complementada com indução prévia da ovulação.

Fertilização in vitro ou IVF (In Vitro Fertilization)


 Consiste na recolha de oócitos e de espermatozoides
selecionados, e da sua junção em laboratório. Previamente,
administram-se à mulher substâncias que estimulam a produção de
oócitos e a ovulação. Seguidamente, são recolhidos e colocados num
meio de cultura apropriado, juntamente com uma elevada
concentração de espermatozoides. Assim, a fecundação ocorre em
ambiente extracorporal, numa placa de Petri, onde se reconstituiem
as condições da trompa e do útero. O zigoto/os zigotos continuam a ser incubados in vitro até que
ocorra a segmentação. No final ocorre a transferência de embriões pré-selecionados para o útero,
para que se possam implantar e desenvolver (técnica IVF-ET);
 Utiliza-se quando há: disfunção ovárica grave, obstrução das trompas, má qualidade de
esperma, entre outros;
 Os gâmetas e embriões excedentários podem ser crioconservados (situação que suscita
debates éticos);
 Pode gerar gestação múltipla.

Injeção intracitoplasmática de espermatozoides ou ICSI (Intra Cyto-plasmatic Sperm injection)


 Consiste na microinjecção de um único espermatozoide pré-
selecionado diretamente no citoplasma de um oócito II, provocando a
fecundação. Trata-se de uma técnica de precisão, realizada ao
microscópio através de dois micromanipuladores. Os embriões são
depois implantados segundo a mesma técnica utilizada na IVF-ET
(Embryo Transfer);
 Utiliza-se quando há: baixo número de espermatozoides,
elevada percentagem de espermatozoides com forma anormal,
vasectomia, obstrução das vias genitais;
 Técnica mais dispendiosa.
Transferência itratubárica de gâmetas ou GIFT (Gamete Intrafallopian Transfer)
 Através da GIFT, os dois tipos de gâmetas (espermatozoides e oócitos, previamente
isolados) são transferidos para o interior das trompas de modo a que só aí ocorra a sua fusão. Neste
caso a fecundação tem lugar in vivo.

Transferência itratubárica de zigotos ou ZIFT (Zygote Intrafallopian Transfer)


 Nesta técnica, ambos os tipos de gâmetas são postos em contacto in vitro, em condições
apropriadas para a sua fusão. O zigoto/os zigotos resultantes são então transferidos por
laparoscopia para o interior das trompas.

Em suma:
Inseminação
artificial (IUI)

1.
São recolhidos espermatozoides do
sémen do homem.

2.
Os espermatozoides são transferidos
para a cavidade uterina.

Para além das técnicas descritas, existem outras técnicas acessórias muito importantes no campo
da reprodução assistida:

Diagnóstico genético pré-implantação, Biópsia de embriões ou PGD (Perimplantation Genetic


Diagnosis)
 As técnicas ciogenéticas atuais permitem realizar um diagnóstico genético a uma única
célula num período curto de 4 ou 5 horas;
 O PGD consiste na extração de um único blastómero de um embrião com 6 ou 8 células, sem
o danificar (biópsia do embrião) e na sua caracterização cromossómica, antes de o transferir para
útero. Desta forma, pode-se efetuar rastreio de aneuploidias (anomalia cromossómica - anormal de
cromossomas numa dada célula).

Crioconservação de gâmetas e de embriões


 A crioconservação de espermatozoies e embriões excedentários por congelação a baixas
temperaturas é muito útil, sobretudo em situações de declínio de fertilidade. Em relação aos
oócitos ainda não existe uma técnica de crioconservação clinicamente satisfatória.

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