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Drenagem linfática do membro superior

Tal como a drenagem venosa, a drenagem linfática do membro superior pode


dividir-se em dois sistemas: um superficial e um profundo, caso se realize
superficialmente ou profundamente à fascia profunda do membro, respetivamente.
Tal como na drenagem venosa, os linfáticos superficiais drenarão para os linfáticos
profundos, e estes drenarão para o sistema venoso.

A descrição da drenagem linfática segue um sentido distal-proximal e termina


no sistema venoso. A do membro superior termina nos gânglios linfáticos profundos
axilares apicais, cujos vasos eferentes vão dar origem ao tronco linfático subclávio.

Sistema Superficial

Os vasos linfáticos superficiais encontram-se distribuídos no tecido subcutâneo do


membro, sendo que a rede é mais densa na palma da mão e nos dedos. Eles
acompanham as veias superficiais e drenam a linfa da pele. A maioria dos vasos segue
para os coletores da parte dorsal da mão, que depois se dirigem para a parte dorsal do
antebraço. Os linfáticos que permanecem palmares vão depois seguir para a parte
anterior do antebraço.

Os coletores da região palmar da mão ascendem pelo antebraço, recebendo a


níveis variáveis os vasos linfáticos dorsais que contornam os bordos laterais do
antebraço para se tornarem anteriores. Consequentemente, no braço, a esmagadora
maioria dos vasos linfáticos encontra-se na face anterior, ascendendo até à região
axilar.

A rede linfática superficial é assegurada por 3 vias principais:

· Medial, que drena para os gânglios supratrocleares;

· Intermédia, que atinge os gânglios posteriores da espádua;

· Lateral, que drena para os gânglios do sulco delto-peitoral.

Os gânglios supratrocleares situam-se superiormente ao epicôndilo medial do


úmero e estão em contacto com a veia basílica. Os seus vasos aferentes drenam a linfa
da parte medial da mão e do antebraço e dos 3 últimos dedos, e os vasos eferentes
vão acompanhar a veia basílica até ao sistema mais profundo, constituindo o tronco
linfático desta veia.

Os gânglios do sulco delto-peitoral estão em contacto com a veia cefálica,


situando-se inferiormente à clavícula na parte superior do sulco delto-peitoral. Recebe
a linfa dos primeiros dedos, da parte lateral da mão e da parte superficial anterior e
posterior do antebraço. Os seus vasos eferentes dirigem-se para os gânglios axilares
(sistema profundo)

Os gânglios posteriores da espádua localizam-se no tecido subcutâneo da região


escapular e os seus vasos aferentes vão coletar a linfa dos segmentos regionais
(territórios superficiais do braço, ombro e do dorso) e os vasos eferentes drenam para
o grupo ganglionar posterior da axila.

Sistema Profundo

Os vasos linfáticos profundos drenam a linfa dos músculos, ossos e nervos e são
menos numerosos que os superficiais. Acompanham os vasos sanguíneos profundos,
atingindo predominantemente o grupo lateral/braquial dos gânglios axilares.

A maioria dos gânglios linfáticos profundos encontram-se no tecido adiposo da


axila, formando o grupo dos gânglios axilares, que assumem grande importância,
especialmente pela frequência da metastização linfática do cancro da mama. Estes
drenam toda a linfa do membro superior, da região escapular e de parte da região
torácica. Dividem-se em 5 grupos consoante a sua localização:

O grupo lateral/braquial/umeral (4-6) é geralmente póstero-medial à veia


axilar; os seus aferentes drenam o membro superior, à exceção dos vasos que
acompanham a veia cefálica. Os vasos eferentes drenam para os grupos central e
apical, assim como, em menor parte, para os gânglios linfáticos cervicais profundos
inferiores. É a este grupo que chega toda a linfa do membro superior.

O grupo anterior/peitoral (4-5) encontra-se ao longo do bordo inferior do


músculo peitoral menor, perto dos vasos torácicos laterais. Os vasos aferentes coletam
a linfa da parede lateral do tórax, da parte superior da parede abdominal e,
principalmente, dos quadrantes laterais da mama. Os eferentes vão drenar para o
grupo central, predominantemente, e para os gânglios apicais, parcialmente.

O grupo posterior/subescapular (6-7) localiza-se contra a escápula, ao longos


dos vasos sanguíneos escapulares posteriores. Recebe a linfa da parte inferior da nuca,
da região escapular e da parede torácica posterior. Os seus eferentes drenam para o
grupos central e apical.

O grupo central (3-4) encontra-se disperso pela gordura axilar, na parte central
da cavidade axilar e recebe aferentes de todos os grupos anteriores. Os seus eferentes
dirigem-se para os gânglios apicais.

Por fim, o grupo apical (6-12) está abaixo da clavícula, é posterior à porção
superior do peitoral menor e estende-se até ao ápex da região axilar, medialmente à
veia axilar. Recebe linfa do grupo central (de todos os outros gânglios axilares), sendo
que os seus únicos aferentes diretos são os que acompanham a veia cefálica e/ou
alguns que drenam a porção periférica superior da mama. Os seus eferentes drenam
para os gânglios supra-claviculares que vão, por sua vez, formar um tronco linfático
subclávio - o tronco braquial, que drena de forma variável para o sistema venoso (para
o ângulo de Pirogoff): à direita, contribui para a formação da grande veia linfática e, à
esquerda, termina na crossa do canal torácico.

(Os gânglios axilares podem ainda ser globalmente divididos em 3 níveis


revestidos de importância clínica, de acordo com a sua relação com o músculo peitoral
menor: o nível I é lateral ao músculo; o nível II é posterior ao músculo; o nível III é
medial ao músculo. Esta divisão é útil para avaliação do prognóstico de certas
neoplasias com metastização axilar).

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