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Pós-Graduação EaD

Terapia Nutricional Enteral e Parenteral

Disciplina: Anatomia aplicada à TNEP

1
SUMÁRIO

SIGLÁRIO................................................................................................................ 3
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 4
SISTEMA CIRCULATÓRIO ...................................................................................... 5
SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................................ 9
SISTEMA DIGESTÓRIO e ENDÓCRINO .............................................................. 13
SISTEMA URINÁRIO .............................................................................................. 24
SISTEMA TEGUMENTAR ....................................................................................... 28
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 34

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SIGLÁRIO

ADH – Hormônio Antidiurético

Ca++ – Íon Cálcio

Cl- – Íon Cloro

GH – Hormônio do Crescimento (Growth Hormone)

H+ – Íon Hidrogênio

HPO4 –

K+ – Íon Potássio

Na+ – Íon Sódio

SNC – Sistema Nervoso Central

TGI – Trato Gastrointestinal

TNEP – Terapia Nutricional Enteral e Parenteral

3
APRESENTAÇÃO

Prezados Alunos,

A disciplina “Anatomia aplicada à TNEP” tem carga horária

prevista de 10 horas e o objetivo de conhecer as estruturas e as funções

dos vários sistemas orgânicos que interagem funcionalmente com a

Terapia Nutricional Enteral e Parenteral. Correlacionando as estruturas

envolvidas nos processos de oferta nutricional, bem como sua absorção

e aproveitamento.

Nesta apostila serão abordados os conteúdos a seguir:

– Sistema Circulatório

– Sistema Respiratório

– Sistema Digestório e Endócrino

– Sistema Urinário

– Sistema Tegumentar

– Bibliografia

Desejamos a todos bons estudos!

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SISTEMA CIRCULATÓRIO

O sistema circulatório é responsável por bombear e


conduzir sangue para todas as partes do organismo. O coração realiza
o bombeamento de sangue, e os vasos sanguíneos conduzem esse
sangue para as diferentes partes do corpo. É um sistema fechado onde
o sangue bombeado pelo coração retorna a ele após circular por todo
o corpo (circulação sistêmica e circulação pulmonar).

Funções:

Levar o oxigênio e nutrientes para os todos os


tecidos do corpo, e ao mesmo tempo, retirar
os produtos do metabolismo destes tecidos.

Exercer a comunicação entre diferentes


órgãos, por exemplo: conduzir as secreções
das glândulas endócrinas aos seus tecidos-
alvo.

Componentes:

Coração

Localizado no mediastino, entre os dois pulmões, com 2/3 de seu


corpo voltado para o lado esquerdo.

– Possui quatro câmaras (dois átrios e dois ventrículos)

– Essas quatro câmaras são separadas pelos septos (interatrial


e interventricular) e pelas valvas cardíacas.

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Grandes vasos do coração:

– Veias cavas (inferior e superior): trazem sangue


desoxigenado das partes inferior e superior do corpo ao
átrio direito;

– Tronco pulmonar: emerge do ventrículo direito e divide-se


em artérias pulmonar direita e esquerda, vão em direção
aos pulmões, levando sangue desoxigenado;

– Veias pulmonares: retornam dos pulmões, trazendo sangue


oxigenado, dirigindo-se ao átrio esquerdo;

– Aorta: emerge do ventrículo esquerdo, com sangue


oxigenado, distribui sangue para todo o corpo.

Suprimento sanguíneo do miocárdio:

O músculo cardíaco requer um grande suprimento, devido ao seu


trabalho contínuo (gasto energético):

– Artérias coronárias: originam-se da parte posterior da aorta


e ramificam-se (artéria coronária D e E). Sangue rico em
oxigênio;

– Seio coronário: capta o sangue das coronárias, já pobre em


oxigênio, e desemboca no ventrículo D.

Vasos Sanguíneos

Funções e características:

O sistema circulatório, através dos vasos sanguíneos, transporta e


distribui sangue para todo o corpo, realizando funções de:

– Levar substâncias, como oxigênio, nutrientes e hormônios;

– Retirar os resíduos do metabolismo celular.

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Para isso, é formada uma extensa rede, composta por artérias,
veias e capilares.

Artérias e Veias:

Artérias e veias estão em contato direto com o coração. As


artérias levam sangue para fora do coração e as veias levam sangue
para dentro do coração. Histologicamente, artérias e veias são similares.

Artérias:

Apresentam três túnicas (camadas), circundando o lúmen


(espaço oco por onde o sangue flui):

• Túnica íntima: formada pelo endotélio: epitélio pavimentoso


simples. Apresenta membrana basal e lâmina elástica
1. interna.

• Túnica média: músculo liso e fibras elásticas.


2.

• Túnica adventícia: camada mais externa, com fibras


elásticas e colágenas (tecido conjuntivo).
3.

Veias:

As veias são estruturalmente semelhantes às artérias, porém:

• A túnica íntima não possui grande quantidade de fibras


elásticas.
1.

• A túnica média contém poucas camadas de células


musculares.
2.

• A túnica adventícia é bastante desenvolvida e rica em


colágeno.
3.
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Capilares:

Os capilares são pequenos vasos sanguíneos responsáveis pela


distribuição e coleta de gases e nutrientes nos tecidos do organismo. Por
atingirem a forma de rede, necessitam ter baixo calibre para formarem
a tubulação e facilitar a troca de substâncias.

Após a passagem do sangue através da rede capilar, o sangue


segue de volta ao coração através das vênulas, seguindo pelas veias
até o átrio direito (AD).

As maiores veias do corpo (especialmente as das pernas)


possuem válvulas, (dobras da túnica íntima e são ricas em tecido
elástico). Elas impedem o retorno da corrente sanguínea.

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SISTEMA RESPIRATÓRIO

Funções do sistema respiratório:

Realizar as trocas gasosas: captação de O2 e


eliminação do CO2 (cooperação dos sistemas
respiratório e circulatório).

Auxilia a regular o pH sanguíneo.

Conter receptores para o sentido do olfato.

Filtrar, aquecer e umidificar o ar inspirado.

Eliminar água e calor.

Produzir sons - fonação.

O sistema respiratório humano compõe-se de um par de pulmões


e de uma série de condutos por onde o ar é transportado até eles.
Funcionalmente podemos dividi-lo em porção condutora e porção
respiratória.

Porção Condutora

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Série de estruturas que permitem a passagem do ar atmosférico
até os pulmões. Constituída pelas:

– Fossas nasais

– Nasofaringe

– Laringe

– Traqueia

– Brônquios

– Bronquíolos

Formados por uma combinação de cartilagem, tecido conjuntivo


e tecido muscular liso que propiciam suporte estrutural, flexibilidade e
extensibilidade para permitir a passagem de ar.

Os cílios do epitélio respiratório têm função de deslocar o muco


produzido pelas células caliciformes. Este movimento facilita a
eliminação de impurezas para o meio externo ou para o sistema
digestório.

A cavidade nasal é dividida em lados direito e esquerdo pelo


septo nasal: ossos etmoide (porção perpendicular), vômer e cartilagem.

Nas narinas (abertura externa) o ar flui entre os meatos nasais


(superior, médio, inferior), formados pelas conchas nasais (superior,
média e inferior), sendo aquecido, filtrado umidificado.

As coanas são aberturas que comunicam a cavidade nasal com


a faringe.

As células olfatórias realizam a percepção de estímulos


químicos (olfatórios). Na sua base, formam feixes nervosos que levam ao
Sistema Nervoso Central (SNC) os estímulos olfatórios para a nossa
percepção consciente.

A área olfatória está localizada no teto da cavidade nasal. Nesta


região, além das células ciliadas e caliciformes, temos as células
olfatórias. Anatomia do sistema respiratório: faringe.

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A faringe está localizada atrás da cavidade nasal, inicia-se nas
coanas e estende-se para baixo.

A nasofaringe comunica-se com a cavidade nasal e contém a


tonsila faríngea.

A orofaringe comunica- se com a cavidade oral e contém as


tonsilas palatinas e linguais.

A laringe conecta a faringe à traqueia. Formado por peças de


cartilagem hialina (cricóidea e tireóidea) e demais peças menores
unidas entre si por tecido conjuntivo fribroelástico. Epiglote:
cartilagem elástica, fixada na cartilagem tireóidea, move-se para cima
e para baixo realizando o fechamento da traqueia durante a
deglutição. Cordas vocais: tecido conjuntivo elástico, conectados aos
músculos da laringe. Revestimento: tecido epitelial pavimentoso
estratificado (atrito, desgaste) e tecido epitelial respiratório (células
ciliadas).

A traqueia é um órgão tubular formado por 16 a 20 anéis de


cartilagem em forma de “C”, com abertura voltada para o esôfago
(posterior). Estendem- se da laringe até a altura de T5 e são formadas
por cartilagem hialina, unidas por ligamentos fibroelásticos, permitindo a
passagem de ar pelo trato respiratório. Revestimento: epitélio
respiratório. Face dorsal: músculo liso, regulação do lúmen traqueal,
permitindo o reflexo da tosse.

Anatomia dos pulmões:

Pulmão direito: apresenta três lobos (superior,


médio e inferior, divididos pelas fissuras horizontal e oblíqua).

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Pulmão esquerdo: apresenta dois lobos (superior e inferior,
divididos pela fissura oblíqua). O pulmão esquerdo é ligeiramente
menor, pois apresenta a incisura cardíaca.

Os brônquios conduzem o ar da traqueia aos pulmões,


ramificando-se e penetrando nas porções mais profundas dos pulmões.
Dividem-se em:

– Brônquios principais (direito e esquerdo)

– Brônquios lobares

– Brônquios segmentares

– Bronquíolos terminais

Os bronquíolos não apresentam cartilagem, o epitélio é cilíndrico


simples ciliado, passando à cúbico no final. Apresentam uma camada
de músculo maior do que nos brônquios. Seu espasmo é a causa das
crises asmáticas. Quando começam a apresentar alvéolos, os
bronquíolos terminais passam a se chamar bronquíolos respiratórios.

Brônquios e bronquíolos formam a ‘árvore brônquica’. Seguem


uma ramificação para abranger toda a área pulmonar. A medida em
que se subdividem, os anéis de cartilagem modificam- se em pequenas
placas de cartilagem. A presença de músculo liso determina a
constrição ou dilatação das vias aéreas (obstrução das vias aéreas).

Porção Respiratória

Série de estruturas onde ocorrem as trocas gasosas. É formada


pelos bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e alvéolos.

Ductos alveolares: porção em que a parede do bronquíolo


respiratório passa a ser constituída somente de alvéolos. Os alvéolos são
pequenas estruturas em forma de bolsa, encontradas nas últimas
porções árvore brônquica. É o local onde ocorrem as trocas gasosas
(interface com uma extensa rede de vasos capilares). São responsáveis
pelo aspecto esponjoso do parênquima pulmonar.

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SISTEMA DIGESTÓRIO E ENDÓCRINO

O sistema digestório tem a função de realizar a


digestão e a absorção dos alimentos ingeridos. É composto por:

– Cavidade oral
– Esôfago
– Estômago
– Intestino delgado
– Intestino grosso

Além disso, este sistema utiliza glândulas acessórias: glândulas


salivares, fígado e pâncreas.

O Peritônio é a membrana que recobre as paredes do abdome e


a superfície dos órgãos do sistema digestório.

O Trato Gastrointestinal (TGI) é um tubo oco (lúmen) de diâmetro


variável, formado por quatro túnicas: mucosa, submucosa, camada
muscular e serosa.

– A Mucosa é composta pelo tecido epitelial (revestimento),


pela lâmina própria (tecido conjuntivo frouxo rico em vasos
sanguíneos e linfáticos) e pela camada muscular da
mucosa (músculo liso que separa a mucosa da
submucosa).

– A Submucosa é constituída por tecido conjuntivo, com


muitos vasos sanguíneos e linfáticos e o plexo nervoso

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submucoso (plexo de Meissner).

– A Camada Muscular é composta por fibras musculares lisas


dispostas em espiral, formando duas camadas: a circular
interna e a longitudinal externa. Há o plexo nervoso
mioentérico (plexo de Auerbach).

– A Serosa é formada por tecido conjuntivo frouxo e um


epitélio simples pavimentoso externo. Formam o peritônio
visceral.

Cavidade oral

A cavidade oral é revestida por epitélio pavimentoso


(queratinizado somente no palato duro e gengivas). Presença de
glândulas salivares (anexos do TGI) e dentes, que auxiliam na trituração
do alimento.

A cavidade oral apresenta três grandes glândulas salivares que


são chamadas de glândulas exócrinas, pois secretam seus produtos na
cavidade oral através de ductos: Parótida, Sublingual, Submandibular.
Elas são compostas por células serosas (produção e armazenamento de
enzimas digestivas) e células mucosas (produção e armazenamento de
muco). Suas secreções convergem para os ductos intercalares, que
desemboca em ductos cada vez maiores até atingirem a cavidade
oral.

As células serosas se arranjam em uma massa de forma esférica


em torno de um ducto central, denominada ácino, enquanto as células
mucosas se organizam em túbulos.

Importante:

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Secreções com Secreção de
função de iniciar substâncias
a digestão de germicidas e
carboidratos e protetoras
lipídios (amilase e (lisozimas)
lipase lingual)

Secreções com
função de
A saliva é um
umidificar e
líquido viscoso,
lubrificar a
claro, sem gosto
cavidade oral e
e sem odor
o alimento
ingerido

Língua

A língua é formada por tecido muscular estriado esquelético. Na


face superior da língua, formada por tecido epitelial (mucosa), existem
diversas papilas:

– Fungiformes

– Valadas (contém botões gustativos)

– Filiformes (função de fricção mecânica)

As papilas contêm os corpúsculos gustativos que são responsáveis


pela percepção dos sabores: salgado, doce, amargo e ácido. Mais

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recentemente ainda se inclui a percepção do sabor umami (gosto
saboroso e agradável).

Esôfago

Tem a função de transportar o alimento da cavidade oral até o


estômago. Possui revestimento interno de tecido epitelial pavimentoso
estratificado. Presença de glândulas na camada submucosa.

Possui dois esfíncteres:

– Esfíncter esofágico superior

– Esfíncter esofágico inferior

Linha Z: transição esôfago-gástrica:


separa a mucosa esofágica da mucosa gástrica.

Estômago

O estômago tem a função de armazenamento, realizando os


processos inicias da digestão de alimentos e secreção de enzimas e
hormônios. Por meio da atividade muscular e química transforma o bolo
alimentar em uma massa viscosa (quimo).

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Histologicamente é dividido em cárdia, corpo, fundo e piloro (ou
antro), possuindo quatro partes e duas curvaturas.

Mucosa gástrica: formada por epitélio glandular (cilíndrico


simples). A unidade secretora é tubular e ramificada e desemboca na
superfície, em uma área chamada fosseta gástrica.

Na cárdia, há secreção de muco e lisozimas (bactericida). No


piloro, há secreção de muco e gastrina (hormônio que ativa as células
parietais, presentes no fundo e corpo e aumenta a motilidade gástrica).
A secreção de muco alcalino forma uma espessa camada que protege
o epitélio gástrico.

Corpo e Fundo: presença de glândulas gástricas que contém


diferentes tipos de células secretoras do suco gástrico:

– Células oxínticas ou parietais: secretam ácido clorídrico


(HCl), sob estímulo da gastrina

– Células zimogênicas ou principais: secretam pepsinongênio


(convertida em pepsina pelo HCl)

– Células enteroendócrinas: secretam o hormônio chamado


grelina

O estômago apresenta três camadas musculares: longitudinal,


circular e oblíqua. Estas realizam as ondas de mistura, que são
movimentos peristálticos suaves que misturam o alimento com as
secreções gástricas e promovem o esvaziamento gástrico (passagem
de pequena quantidade de quimo para o duodeno).

Intestino Delgado

O intestino delgado é onde ocorrem os processos finais da


digestão e a absorção dos nutrientes. Apresenta as mesmas quatro
camadas que formam o TGI e está dividido em duodeno, jejuno e íleo.

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Quando observado a olho nu, o intestino delgado apresenta uma
série de pregas permanentes em forma circular ou espiral, que são
dobras da mucosa e submucosa.

Na mucosa, as vilosidades intestinais, que são projeções


alongadas do epitélio e da lâmina própria, podem ter de 0,5mm a
1,5mm de comprimento. Apresentam capilares sanguíneos e linfáticos.

Nas vilosidades, a mucosa é composta por epitélio cilíndrico


simples, que apresenta tipos diferentes de células, sendo as principais:

– Absortivas ou enterócitos - apresentam as microvilosidades.

– Caliciformes - distribuídas entre as células absortivas,


secretam muco para proteger e lubrificar o lúmen do
intestino.

– Células de Paneth - localizadas na base das criptas


intestinais, secretam enzimas bactericidas.

A mucosa do intestino delgado também contém glândulas


intestinais, que são cavidades profundas, que se estendem até a
submucosa. Estas são revestidas por células epiteliais exócrinas
(secretam suco entérico com diversas enzimas digestivas) e endócrinas
(hormônios como a secretina e a colecistocinina).

Intestino Grosso

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O intestino grosso consiste em ceco, apêndice vermiforme, colos
(ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e canal anal.
Inicia-se após a válvula ileocecal.

A camada mucosa não apresenta pregas nem vilosidades. As


criptas intestinais são longas e com muitas células caliciformes. As
células absortivas são em menor número e contém micro vilosidades
curtas e irregulares, ocorre:

– A absorção de água

– A formação da massa fecal

– A produção de muco

Reto e Ânus

O ânus é a abertura, na extremidade do trato digestivo, pelo qual


as fezes saem do corpo. O reto é a seção do trato digestivo acima do
ânus, onde as fezes são mantidas antes de serem expelidas do corpo
pelo ânus.

O ânus é formado, em parte, pelas camadas superficiais do


corpo, incluindo a pele e, em parte, pelo intestino. A parede do reto é
composta por um tecido brilhante e vermelho que contém glândulas
mucosas — muito semelhante ao restante do revestimento intestino. O
revestimento do reto é relativamente insensível à dor, mas os nervos do
ânus e da pele externa vizinha são muito sensíveis à dor.

As veias do reto e do ânus desembocam principalmente na veia


porta que, por sua vez, desemboca no fígado e, então, passa para a
circulação geral. Algumas dessas veias desembocam diretamente nas
veias pélvicas e depois chegam à circulação geral. Os vasos linfáticos
do reto drenam nos linfonodos na região inferior do abdômen. Os vasos
linfáticos do ânus drenam nos linfonodos na virilha.

Um anel muscular (esfíncter anal) mantém o ânus fechado. Esse


esfíncter é controlado de forma subconsciente pelo sistema nervoso

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autônomo. Entretanto, parte do esfíncter pode ser relaxada ou
contraída de forma consciente.

A chegada do conteúdo fecal ao reto distende suas paredes,


iniciando o reflexo de defecação: impulsos da medula espinal são
conduzidos pelos nervos parassimpáticos, com consequente contração
da musculatura longitudinal e circular e relaxamento do esfíncter
externo.

Pâncreas

É uma glândula mista – porções endócrina e exócrina – que está


situada posteriormente ao estômago.

Pâncreas
Exócrino Pâncreas
Endócrino

Sua porção exócrina, o Pâncreas Exócrino, secreta o suco


pancreático que é conduzido pelo ducto pancreático, que se une ao
ducto colédoco e desemboca no duodeno através da ampola de
Vater. É formado por pequenos grupos de células epiteliais glandulares,
dispostas em grupamentos chamados ácinos. Estas células secretam o

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suco pancreático, que é conduzido através de ductos menores que
convergem ao ducto pancreático.

O suco pancreático é um líquido rico em bicarbonato de sódio,


que alcaliniza a o suco gástrico e cria um ambiente favorável para a
atividade enzimática do intestino delgado.

□ Amilase pancreática: digestão de carboidratos.

□ Tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidase: digestão das


proteínas. São produzidas sob forma inativa (para não
digerir o próprio pâncreas) e se tornam ativas no intestino
delgado, sob ação da enzima enteroquinase.

□ Lipase pancreática: digestão dos triglicerídeos.

□ O controle da secreção pancreática é feito pelos


hormônios secretina e colecistoquinina, produzidos e
secretados pelo intestino delgado quando há chegada do
quimo ácido vindo do estômago.

Pâncreas Endócrino - cerca de 1% da massa do pâncreas é


formado por células epiteliais agrupadas nas Ilhotas de Langerhans.

Estas células secretam hormônios diretamente na corrente


sanguínea (insulina, glucagon, somatostatina).

□ Células beta: secretam insulina quando há alto nível de


glicose no sangue. Isso diminui o nível de glicose sanguínea,
pois a insulina promove a captação de glicose pelas
células.

□ Células alfa: secretam glucagon, quando os níveis de


glicose estão baixos no sangue, mobilizando o glicogênio
hepático e convertendo-o em glicose.

□ Células delta: secretam somatostatina, a qual inibe a


produção do pâncreas endócrino. Em altos níveis de
glicose no sangue, inibe a secreção de glucagon. Também

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inibe a secreção de GH (hormônio do crescimento).

Fígado

O fígado tem um peso aproximado de 1,4kg e está localizado


abaixo do diafragma, em sua maior parte no lado direito do corpo.
Recebe o sangue oxigenado dos ramos da artéria hepática comum
(ramo D do tronco celíaco) e sangue desoxigenado rico em nutrientes
dos ramos da veia porta (80%).

Hepatócitos: são as células hepáticas. Apresentam grande


versatilidade, sendo responsáveis por inúmeras reações químicas, à
medida que o sangue passa pelos cordões hepáticos através dos
sinusóides hepáticos:

– Metabolismo das gorduras, dos carboidratos e das


proteínas da dieta. Armazenamento de energia (glicogênio
hepático).

– Armazenamento de vitaminas.

– Formação das proteínas do plasma e dos fatores de


coagulação.

– Remoção ou excreção de fármacos, hormônios e


outras substâncias (secretadas na bile e eliminada nas
fezes).

As células de Kupfer são os macrófagos hepáticos, presentes nos


sinusóides hepáticos e possuem a função de defesa (elementos
absorvidos pelo TGI).

Os hepatócitos também produzem e secretam a bile, que flui no


sentido contrário à circulação sanguínea: dos canalículos biliares, se
dirige aos ductos biliares. Dos ductos biliares, a bile converge para os
ductos hepáticos direito e esquerdo, que se unem e saem do fígado

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como o ducto hepático comum. Em seguida, o ducto hepático comum
se une ao ducto cístico (da vesícula biliar) e forma o ducto colédoco,
que também recebe afluência do ducto pancreático. Se a bile não flui
direto ao duodeno, ela reflui pelo ducto cístico e é armazenada na
vesícula biliar.

Bile

A bile é produzida pelos hepatócitos (cerca de 600ml a 1l/dia) e


lançada ao duodeno através do ducto colédoco. Em períodos de
jejum, é armazenada na vesícula biliar.

Responsável pela
emulsificação das gorduras:
Composta por sais e efeito detergente que reduz
ácidos biliares, bilirrubina, grandes moléculas de
colesterol e eletrólitos. lipídios a porções menores
(digestão), podendo ser
melhor absorvida pelo TGI.

Vesícula Biliar

A vesícula biliar armazena a bile durante os períodos entre as


refeições (30 a 60ml). Durante o armazenamento, a vesícula concentra
a bile: excreção de sódio e água através do epitélio biliar.

A mucosa da vesícula biliar apresenta pregas revestidas por


epitélio cilíndrico simples. O músculo liso é estimulado pela
colecistocinina.

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SISTEMA URINÁRIO

O sistema urinário é composto por: dois rins, dois


ureteres; bexiga urinária e uretra.

São funções do Sistema Urinário:

Regulação dos níveis de íons no sangue


(especialmente Na+, K+, Ca++, Cl-, HPO4).

Regulação do volume e da pressão sanguínea:


ajuste do volume de sangue ao reabsorver ou
eliminar a água, através da urina.

Regulação do pH sanguíneo (regulação da


excreção de H+ na urina).

Excreção de resíduos: produtos das reações


metabólicas do corpo (amônia, ureia, creatinina,
fármacos).

Os rins estão localizados bilateralmente, na porção posterior do


abdome (cavidade retroperitoneal), no nível das vértebras T12 e L1 a L3.
São protegidos pelas costelas flutuantes (11ª e 12ª costela).

Anatomia Externa:

Hilo renal: depressão na margem medial, sendo o local onde os


ureteres deixam os rins; e os vasos sanguíneos, linfáticos e nervos entram

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e saem dos rins. Cerca de 1.200ml de sangue fluem para os rins a cada
minuto, através das artérias renais. Externamente, cada rim é revestido
pela cápsula renal, que é uma fina e transparente camada de tecido
conjuntivo com células adiposas. Esta confere proteção contra traumas
e mantém a forma dos rins.

Anatomia Interna:

A camada mais externa é chamada de camada cortical. A


camada medular, mais interna, é também chamada de pirâmides
renais. Extensões do córtex entre a porção medular são chamadas
colunas renais. A urina formada no rim é drenada nos cálices menores e
maiores, que deságuam na pelve renal.

Os néfrons são as unidades funcionais dos rins, localizados


principalmente na região cortical. Cada néfron é constituído por um
glomérulo e por uma cápsula de Bowman (formando o corpúsculo
renal), e pelos túbulos renais (que se estendem até a porção medular),
que são acompanhados pelos capilares peritubulares. Os glomérulos
são capilares enovelados, cuja formação deriva da artéria renal.

As artérias interlobulares formam as arteríolas aferentes, que


enovelam-se formando os capilares glomerulares (envolvidos pela
cápsula de Bowman). Após enovelarem-se, os capilares glomerulares
seguem seu trajeto como arteríolas eferentes.

Nos glomérulos, ocorre o processo de filtração: o sangue é


filtrado, e o filtrado glomerular passa para o espaço capsular, no interior
da cápsula de Bowman.

São filtrados água, glicose, uréia, aminoácidos, creatinina e íons.


O restante das macromoléculas (células sanguíneas e proteínas do
plasma) permanecem no sangue.

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A cápsula de Bowman apresenta dois folhetos:

– Externo (parietal): epitélio simples pavimentoso.

– Interno (visceral): em contato direto com os capilares


glomerulares, os podócitos ajudam a formar a membrana
de filtração (seletivamente permeável).

Após o processo de filtração, o filtrado glomerular segue em


direção aos túbulos renais - túbulo contorcido proximal, alça de Henle e
túbulo contorcido distal.

Túbulo contorcido proximal: Revestido por epitélio cúbico simples


com microvilosidades: reabsorção de água, glicose e íons.

Alça de Henle: Tubo em forma de “U” que se estende até a


porção medular renal. Reabsorção de água. Revestida por epitélio
cúbico simples.

Túbulo contorcido distal e ducto coletor: Função de absorver


água e formar a urina concentrada. Ação do hormônio antidiurético
(ADH) hipofisário. Revestido por epitélio cúbico simples.

O conteúdo que vai ao interstício após os processos de


reabsorção tubular, é absorvido pelos capilares peritubulares (derivados
da arteríola eferente). Estes capilares também são responsáveis pela
secreção de substâncias na urina (uréia, hidrogênio, amônia,
fármacos).

O sangue, já depurado, retorna à circulação através das veias


renais. O túbulo contorcido distal deságua nos túbulos coletores, que
por sua vez se dirigem aos cálices menores, que se reúnem nos cálices
maiores, que deságuam na pelve renal. A urina então se dirige à bexiga
através dos ureteres.

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Ureteres

São duas estruturas em forma de tubo que transportam a urina da


pelve renal até a bexiga.

– Tecido epitelial de transição: Células caliciformes secretam


muco para impedir a agressão pela urina ácida.

– Músculo liso: contrações peristálticas auxiliam a passam de


urina até a bexiga.

Bexiga

É um órgão muscular oco, localizado na pelve (logo atrás da


sínfise púbica) que armazena cerca de 800ml de urina. É revestida
internamente por epitélio de transição.

A urinária é formada por três camadas musculares (músculo


detrusor da bexiga): ao estirar-se, produz o reflexo de micção (reflexo
medular). Neurônios motores da medula espinal realizam a contração
desse grupo de músculos, abertura do esfíncter interno e o
esvaziamento da bexiga.

Uretra

Porção terminal que vai da base da bexiga ao exterior do corpo.


Varia de comprimento entre homens e mulheres. Nos homens,
apresenta os segmentos prostático, membranoso e cavernoso (corpo
do pênis), variando de revestimento interno (epitélio de transição,
pseudoestratificado colunar e estratificado pavimentoso,
respectivamente). Nas mulheres, o revestimento é epitélio pavimentoso
estratificado.

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SISTEMA TEGUMENTAR

O sistema tegumentar é composto pela pele e


anexos (glândulas, unhas, cabelos, pelos e receptores sensoriais) e tem
importantes funções, sendo a principal agir como barreira, protegendo
o corpo da invasão de microrganismos e evitando o ressecamento e
perda de água para o meio externo.

Tecido Conjuntivo

Funções:

Unir, reforçar e sustentar os demais tecidos do


corpo.

Transportar nutrientes entre os espaços intra e


extracelular.

Armazenar energia (células adiposas).

Funções de defesa do organismo.

Características gerais:

– Apresenta grande quantidade de matriz extracelular e tipos


celulares variados;

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– É um dos tecidos mais abundantes do corpo, apresenta
uma distribuição ampla;

– Suas características modificam-se conforme a região do


corpo;

– Rico em suprimento sanguíneo e nervoso.

Matriz Extracelular: é o material existente entre as células, sendo o


principal constituinte do tecido conjuntivo. É formada por substância
fundamental e fibras de proteínas.

Substância fundamental – mistura complexa de água,


glicosaminoglicanos, proteoglicanos, glicoproteínas. Incolor e
transparente. É o meio de troca de substâncias (água e moléculas
orgânicas) entre as células e o sangue. Pode ter composição variada,
sendo mais ou menos densa: sua densidade, ou “firmeza”, varia
conforme sua localização no corpo.

Fibras de proteínas – estas podem ser: colágenas, reticulares ou


elásticas.

Colágenas Reticulares Elásticas

Predominância de
colágeno tipo I, formam
Mais finas, fortes, mas
feixes de fibras brancas,
Formadas por colágeno podem ser muito
fortes e resistentes à
tipo III, mais finas, são esticadas (camada
tração, mas com alguma
ramificadas e formam subcutânea, paredes dos
flexibilidade (tendões,
uma rede firme que liga vasos sanguíneos e o
ligamentos, ossos e
o tecido conjuntivo aos tecido pulmonar).
cartilagens). A vitamina C
tecidos vizinhos. Compostas pela proteína
é um cofator importante
elastina.
para a síntese de
colágeno no organismo

Tipos de células do tecido conjuntivo:

– Fibroblastos – são as células mais comuns do tecido


conjuntivo, produzem as fibras de colágeno e elastina e

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também elementos da substância fundamental
(proteoglicanos, glicosaminoglicanos). Quando reduzem
sua atividade de síntese dessas substâncias, passa a
chamar-se fibrócito.

– Macrófagos – células de defesa, capazes de fagocitar


bactérias, vírus e outros agentes patogênicos.

– Mastócitos – células de defesa e das reações alérgicas.


Secretam substâncias mediadoras destes processos
(heparina, histamina).

– Plasmócitos – células de defesa, produtoras de anticorpos.

– Leucócitos – células de defesa. Produzem anticorpos e


combatem agentes patogênicos.

– Adipócitos – células que armazenam energia sob a forma


de gordura.

Especializações do tecido conjuntivo

Por ter funções como armazenamento, defesa, sustentação,


preenchimento, transporte, existem diferentes tipos de tecido conjuntivo
no corpo:

– Tecido conjuntivo frouxo

– Tecido conjuntivo denso modelado

– Tecido conjuntivo denso não modelado

– Tecido conjuntivo elástico

– Tecido conjuntivo adiposo

– Tecido conjuntivo cartilaginoso

TECIDO CONJUNTIVO FROUXO

Características: fibras proteicas (colágeno e elastina)


entrelaçadas frouxamente entre as numerosas células. Muita substância

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fundamental. Células típicas: fibroblastos, macrófagos, mastócitos,
plasmócitos, adipócitos, leucócitos. Funções: suporte, preenchimento,
cicatrização, nutrição e proteção. Localização: parte profunda da pele,
em volta dos vasos sanguíneos, nervos e órgãos.

TECIDO CONJUNTIVO DENSO MODELADO

Características: fibras colágenas abundantes, espessas, resistentes


e arranjadas em fileiras. Pouca substância fundamental. Menor número
de células que o tecido conjuntivo frouxo. Funções: estiramento (em
sentido único), resistência, estabilização das articulações. Localização:
tendões e ligamentos.

TECIDO CONJUNTIVO DENSO NÃO MODELADO

Características: arranjo irregular das fibras colágenas, poucas


fibras elásticas. A principal célula é o fibroblasto. Funções: tecido capaz
de resistir a tensão em várias direções, fornece suporte estrutural.
Localização: válvulas cardíacas, derme da pele.

TECIDO CONJUNTIVO ELÁSTICO

Características: presença de muitas fibras elásticas, arranjadas em


fileiras, que podem se distender livremente, voltando facilmente à sua
posição normal. Funções: distender-se livremente, voltando facilmente à
sua posição original. Localização: alvéolos pulmonares, artérias.

TECIDO CONJUNTIVO ADIPOSO

Características: formado pelos adipócitos, que armazenam


triglicerídeos (reserva energética). Núcleos celulares dispostos na
periferia destas células. Funções: reserva energética, proteção e
isolamento térmico. Localização: parte profunda da pele, em volta dos
órgãos e das articulações.

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TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO

Características: fibras colágenas e elásticas, substância


fundamental rica em ácido hialurônico e glicosaminoglicanos
sulfatados, o que dão consistência firme à cartilagem. Não possui
inervação, nem vascularização. Funções: sustentação, elasticidade e
resistência à tração. É uma forma de tecido conjuntivo especializado
com consistência rígida. Localização: orelhas, traquéia, nariz, discos
intervertebrais, superfícies das articulações.

Células: as células típicas são os condroblastos e condócitos. Estas


são células produtoras de colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas.
Tipos: cartilagem hialina, elástica e fibrocartilagem.

Cartilagem - aspectos gerais

Matriz extracelular com lacunas: espaços onde estão os


condrócitos. (Pode haver mais de um condrócito na mesma lacuna).

Pericôndrio: tecido conjuntivo denso modelado que envolve a


cartilagem. Fonte de novos condrócitos, altamente vascularizada;
responsável pela nutrição e oxigenação da cartilagem.

Cartilagem Hialina

É a forma mais abundante de cartilagem. Encontrada no


esqueleto embrionário, na parede das fossas nasais, traqueia e
brônquios, extremidade ventral das costelas e superfícies articulares de
ossos longos. Descrição: matriz rígida, condrócitos nas lacunas, fibras
colágenas formam uma rede imperceptível.

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Cartilagem Elástica

Função de manter a forma e a estrutura. Tem grande


elasticidade. Encontrada na orelha externa e na epiglote. Descrição:
similar à cartilagem hialina, porém com mais fibras elásticas na matriz.

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BIBLIOGRAFIA

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Alegre: Artes Médicas, 2000. 525p

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Atheneu, 2002.

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Guanabara Koogan, 2010. 1018 p.

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Bariatric surgery and gene expression in the gut. Current Opinion
in Clinical Nutrition and Metabolic Care, 21(4), 246–
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