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O Sistema Imunitário tem como principais funções o reconhecimento de agentes estranhos ao organismo, a
proteção do organismo contra potenciais agentes agressores biológicos (microorganismos) ou químicos (toxinas) e a
destruição de células envelhecidas ou anormais (cancerosas) do próprio organismo.
Os agentes biológicos capazes de causar doenças denominam-se organismos patogénicos e podem ser
bactérias, vírus, fungos, protozoários ou animais parasitas (platelmintas ou nematelmintas).
Os organismos patogénicos podem entrar no corpo dos animais através do ar, da água, dos alimentos e através
de lesões da pele ou das mucosas.
Os vírus e as bactérias são os agentes patogénicos mais frequentes e provocam infeções de forma distinta:
Vírus:
Não são considerados verdadeiros seres vivos, pois não têm a capacidade de se
reproduzirem de forma independente.
Para se multiplicarem, os vírus têm de introduzir o seu material genético numa
célula:
Bactérias:
São seres vivos, sendo capazes de se reproduzirem de forma autónoma. As bactérias podem atuar de diferentes
formas:
- Podem invadir o citoplasma das células, onde se alimentam e multiplicam, conduzindo à destruição das células
hospedeiras;
- Podem produzir toxinas que são capazes de provocar o seu envenenamento, conduzindo ao seu colapso;
- Podem ter a capacidade de impedir a fagocitose permanecendo livres.
O sistema imunitário é capaz de reconhecer aquilo que pertence ao organismo e o que lhe é estranho. Tal é
possível, pois na superfície de cada célula existem glicoproteínas que funcionam como um sistema de identificação. Por
esta razão, estas glicoproteínas tomam a designação de marcadores. Estes marcadores são codificados por um conjunto
de genes ligados que se encontram no cromossoma 6 e constituem o complexo maior de histocompatibilidade (MHC).
Para além disso, uma resposta do sistema imunitário pode também ser desencadeada por sinais de perigo,
como lesões que conduzem à destruição de tecidos e células. Esta destruição liberta proteínas resultantes da
desagregação das membranas celulares, que vão conduzir a uma resposta do sistema imunitário.
Assim, quando o sistema imunitário deteta marcadores diferentes dos que são próprios do organismo ou sinais
de perigo, desencadeia uma resposta imunitária. Uma resposta imunitária é um conjunto de processos que permite ao
organismo reconhecer a presença de substâncias estranhas ou anormais, de forma a que sejam neutralizadas e
eliminadas.
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Constituintes do sistema imunitário
Órgãos
Células efetoras
Granulócitos:
Agranulácitos:
Linfócitos: núcleo esférico e resultam da diferenciação de células da medula óssea chamadas linfoblastos. A
maioria dos linfócitos pertence a um dos seguintes grupos: linfócitos B, linfócitos T ou células NK (têm como função a
atividade contra células tumorais e células infetadas por certos tipos vírus). Atuam na defesa específica.
Monócitos: núcleo com forma de rim, ferradura ou ovoide e são capazes de abandonar os vasos, migrando para
os tecidos, onde se diferenciam em células fagocitárias de grandes dimensões designadas macrófagos.
Mediadores Solúveis
A resposta imunitária não específica, também designada imunidade inata, consiste num conjunto de processos
que confere proteção contra agentes patogénicos, toxinas, drogas e células cancerosas.
Estes mecanismos impedem a entrada de agentes agressores ou destroem aqueles que penetram ou se
encontram no interior do organismo. Diz-se que este tipo de resposta é não específica porque atua de igual forma
qualquer que seja o agente agressor.
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Barreiras físicas/anatómicas e secreções
As barreiras físicas e as secreções que lhe estão associadas constituem a primeira linha de defesa contra a
entrada de agentes agressores externos:
A pele intacta é uma barreira que, em situações normais, impede a entrada de bactérias e de vírus. Além disso,
existem glândulas sudoríparas, sebáceas e lacrimais que produzem secreções que são tóxicas para uma grande parte
das bactérias, impedindo o seu desenvolvimento.
As mucosas que recobrem o tubo digestivo, as vias respiratórias e as vias urogenitais impedem a entrada de
agentes patogénicos. Além disso, na superfície dessas mucosas são lançadas substâncias nocivas para os
microrganismos.
A lisozima é uma enzima que se encontra em diversos fluidos corporais, como a saliva e as lágrimas, e digere a
parede de algumas bactérias, destruindo-as.
O ácido clorídrico e as enzimas do suco gástrico presentes no estômago são responsáveis pela destruição de
microrganismos que são ingeridos juntamente com os alimentos.
O muco, produzido por diversas mucosas, como as das vias respiratórias e das vias genitais, é capaz de
aprisionar microrganismos. Além disso, no muco existe mucina – uma substância tóxica para alguns microrganismos. Na
traqueia e nos brônquios existem células com cílios que, devido aos seus movimentos vibráteis, encaminham o muco
juntamente com os microrganismos para o exterior. Em alternativa, os microrganismos podem ser destruídos por
fagocitose.
Os pelos existentes nas narinas são uma barreira para os microrganismos presentes no ar inspirado.
Fagocitose
A fagocitose constitui a segunda linha de defesa do organismo e consiste na ingestão de partículas e é realizada
por alguns tipos de leucócitos. A fagocitose ocorre, geralmente, no contexto de uma resposta inflamatória, limitando ou
mesmo parando a invasão microbiana.
Os neutrófilos são os leucócitos mais comuns, sendo os primeiros a realizar fagocitose de forma não específica.
Os macrófagos são células fagocitárias de grandes dimensões que se desenvolvem a partir de monócitos. Alguns
macrófagos patrulham diversos tecidos do organismo, tendo uma grande capacidade para fagocitar células anormais ou
agentes agressores externos. Outros mantêm-se em locais fixos, como, por exemplo, no fígado, nos gânglios linfáticos e
no baço, destruindo agentes patogénicos que por aí passam. A fagocitose pode também ser realizada pelas células NK.
Resposta Inflamatória
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A resposta inflamatória é desencadeada por substâncias químicas, libertadas pelos próprios micróbios ou em
consequência das lesões celulares devido à invasão microbiana como a histamina. A histamina é produzida por basófilos
ou por células especializadas presentes em alguns tecidos designadas mastócitos.
A histamina provoca:
- uma vasodilatação, verificando-se o aumento do fluxo sanguíneo para essa zona, levando à sua ruborização e a
um aumento da temperatura local;
- um aumento da permeabilidade dos capilares, originando um aumento a quantidade de fluido intersticial nos
tecidos infetados, provocando um edema. A distensão dos tecidos provocada pelo edema e pela ação de algumas
substâncias sobre as terminações nervosas provocam o aparecimento de dor.
Este aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vai permitir a presença no local infetado de um maior
número de fagócitos sobretudo neutrófilos e macrófagos.
Os neutrófilos (que possuem um tempo de vida bastante curto) atravessam a parede dos capilares, por
diapedese, e migram para os locais infetados devido aos sinais químicos libertados pelas células lesionadas, fagocitando
intensamente os micróbios. Esta atração química é designada quimiotaxia.
Os monócitos que circulam nos capilares migram, também, para os tecidos infetados, diferenciando-se em
macrófagos, os quais são extremamente eficazes a realizar fagocitose e têm uma duração muito mais longa do que os
neutrófilos. Para além disso, da fagocitose, os macrófagos procedem à limpeza das células danificadas, bem como dos
neutrófilos destruídos durante o processo de fagocitose.
Inicia-se, então, o processo de cicatrização, sendo repostas as células perdidas e os tecidos regenerados.
Quando os micróbios são fagocitados pelos macrófagos, mas não são destruídos, pode produzir-se um granuloma.
Nesta situação, em torno dos macrófagos infetados dispõem-se outras células fagocitárias, à volta das quais se
desenvolve um tecido fibroso.
Em algumas infeções gera-se um abcesso, correspondente à acumulação de pus, que é constituído por restos de
microrganismos, fagócitos mortos, fluidos e proteínas que extravasaram dos capilares durante a resposta inflamatória.
Normalmente, o pus é absorvido pelo organismo ao fim de alguns dias, permitindo a cicatrização.
Quando as infeções são mais graves, envolvendo áreas mais vastas do organismo produz-se uma resposta
sistémica. As células lesadas libertam mais substâncias que estimulam a produção de um maior número de leucócitos.
Um dos sinais da resposta sistémica é a febre. As toxinas produzidas pelos agentes patogénicos e substâncias
produzidas por alguns leucócitos, designados pirógenos ou substâncias pirogénicas, atuam sobre o hipotálamo fazendo
aumentar a temperatura corporal. A febre moderada contribui para a defesa do organismo, facilitando a fagocitose,
inibindo a multiplicação de alguns micróbios e facilitando a reparação dos tecidos lesados.
Interferão
Sistema de complemento
O sistema de complemento corresponde a um conjunto de cerca de vinte proteínas que são produzidas no
fígado e circulam no plasma na sua forma inativa.
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O sistema complemento pode ser ativado diretamente por alguns agentes patogénicos ou pela ligação de um
anticorpo a um antigénio. A ativação da primeira proteína do sistema desencadeia uma cascata de reações, na qual cada
proteína do complemento atua sobre a seguinte, ativando-a.
O sistema de complemento atua na sequência de uma resposta imunitária, produzindo ações não específicas,
tais como:
– provocam a lise de bactérias (algumas proteínas do complemento fixam-
se na membrana das bactérias, criando poros que conduzem ao extravasamento
do conteúdo celular bacteriano e, consequentemente, à sua morte);
– recobrem os agentes patogénicos, dificultando a sua mobilidade e
permitindo que os fagócitos atuem mais facilmente;
– atraem leucócitos aos locais da infeção (quimiotaxia);
– ligam-se a recetores específicos das células do sistema imunitário,
estimulando ações, como, o desencadear da resposta inflamatória.
Os mecanismos de defesa específicos, também designados imunidade adquirida, são desencadeados alguns dias
após o início da invasão de agentes patogénicos. Esta terceira linha de defesa assentanas ações dos linfócitos que são
dirigidas de forma específica contra um determinado tipo de agente agressor.
Existem dois tipos principais de linfócitos: os linfócitos B e os linfócitos T. Ambos são produzidos a partir de
células estaminais na medula óssea, sofrendo posteriormente um processo de maturação. Os linfócitos que migram da
medula óssea para o timo dão origem aos linfócitos T. Os linfócitos que permanecem na medula óssea dão origem aos
linfócitos B.
Os linfócitos T são responsáveis por um conjunto de fenómenos designado imunidade celular (eliminação de
células infetadas ou tomurais), enquanto os linfócitos B são responsáveis por um conjunto de processos designado
imunidade humoral (produção de anticorpos).
Uma molécula que seja capaz de desencadear uma resposta específica de um linfócito designa-se antigénio.
Além disso, moléculas estranhas ao organismo, como as que se encontram no pólen ou nas células de tecidos
transplantados, também constituem antigénios.
Imunidade humoral
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Assim, após o estabelecimento desta ligação complementar antigénio-recetor, verifica-se a ativação dos linfócitos que
possuem este tipo de recetores. Esta ativação conduz à sua clonagem, originando-se dois grupos de clones destas
células:
- As células efetoras, de vida relativamente curta, chamadas plasmócitos. Essas células efetoras possuem um
RER muito desenvolvido, sendo capazes de produzir proteínas designadas anticorpos, que interagem com os antigénios,
no sentido de os neutralizar eque se difundem pelo organismo através do sangue e da linfa.
- As células-memória, que, embora não atuem durante esta resposta, permanecem vivas durante um longo
período de tempo, estando prontas para responder mais rapidamente, caso o mesmo antigénio volte a surgir no
organismo.
Os anticorpos possuem uma região cuja sequência de aminoácidos é muito semelhante em todos eles,
designada região constante. Esta região participa na interação com outros elementos do sistema imunitário e determina
a classe a que pertence a imunoglobulina.
Na porção terminal das cadeias leves e pesadas, existe uma região cuja sequência de aminoácidos é distinta e
própria de cada tipo de anticorpo, que se designa região variável, e que confere a elevada especificidade que caracteriza
os anticorpos. Esta sequência determina se esse anticorpo tem, ou não, uma estrutura complementar de um
determinado antigénio e permite o estabelecimento de ligações entre o antigénio e o anticorpo.
Dada a sua forma em ‘Y’, cada anticorpo apresenta duas regiões variáveis e, por isso, dois locais de ligação ao
antigénio.
Um antigénio possui, geralmente, mais do que uma região capaz de
ser reconhecida pelo sistema imunitário. As regiões de um antigénio às
quais se podem ligar os anticorpos são designadas determinantes
antigénicos ou epítopos. Assim, a um determinado antigénio podem ligar-se
diferentes tipos de anticorpos.
Conhecem-se cinco classes de imunoglobulinas. Cada classe apresenta uma região constante particular,
conferindo-lhe propriedades que permitem a sua distinção:
- Ig E: Encontra-se nos mastócitos presentes nos tecidos (podendo ocorrer no leite, na saliva,
nas lágrimas e nas secreções respiratórias e gástricas); Medeia a libertação de substâncias (histamina)
que podem desencadear reações alérgicas.
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infetar as células. No caso das bactérias, os anticorpos cobrem a sua superfície, até que sejam
eliminadas por células fagocitárias.
Imunidade celular
A imunidade celular é realizada com base na ação dos linfócitos T, que têm capacidade de reconhecimento de
antigénios.
Quando os macrófagos fagocitam e digerem agentes patogénicos, formam-se fragmentos de moléculas com
poder antigénico, que são inseridas na membrana dos macrófagos. Desta forma, os macrófagos exibem na sua
superfície o antigénio, apresentando-o aos linfócitos T que os reconhecem devido aos recetores específicos que
possuem. Desta forma é ativada a imunidade celular.
À semelhança das restantes células do organismo, os macrófagos
possuem na sua superfície proteínas do MHC. Algumas destas proteínas
funcionam como recetores que se ligam aos antigénios, formando um
complexo antigénio-MHC II , que é apresentado aos linfócitos T, tornando-os
ativos. Neste caso, os linfócitos T diferenciam-se em linfócitos T H (T
auxiliares). Uma vez ativados, os linfócitos T podem estimular outros linfócitos T
e linfócitos B, assim como fagócitos.
Por outro lado, quando é infetada por um vírus ou quando se torna
cancerosa, pode exibir, na sua membrana, um complexo formado pelo
antigénio e por uma outra classe de proteínas do MHC (antigénio – MHCI ).
Este complexo permite ativar, também, os linfócitos T, que, neste caso, se
diferenciam em linfócitos TC (T citotóxicos).
Uma vez ativados, os linfócitos T dividem-se e diferenciam-se em diferentes tipos de células T, incluindo células-
memória. Algumas destas células T diferenciadas atuam diretamente (T citolíticos), enquanto outras (T auxiliares)
libertam substâncias (citoquinas) que desencadeiam determinadas reações imunitárias.
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do MHC possível com o recetor. Além disso, após o transplante, são ministrados imunossupressores (drogas que
suprimem a resposta imunitária).
O sistema imunitário funciona de uma forma integrada, verificando-se a cooperação entre os diferentes tipos de
células que a ele pertencem.
Memória imunitária
Quando os linfócitos B ou T são expostos a um antigénio, ocorre a sua ativação, que se traduz por uma intensa
divisão, originando-se células efetoras e células-memória. Esta resposta é designada resposta imunitária primária. Uma
vez desencadeada a resposta imunitária primária e debelada a doença, os anticorpos e os linfócitos T efetores acabam
por desaparecer do organismo, permanecendo as células-memória.
Se, mais tarde, o indivíduo voltar a ser exposto ao mesmo antigénio, verifica-se uma resposta imunitária
secundária, que é mais rápida e mais intensa. Se for medida a concentração de anticorpos presentes no plasma, verifica-
se que esta é muito superior na resposta imunitária secundária.
A capacidade do sistema imunitário reconhecer o antigénio e produzir uma resposta imunitária secundária é
designada memória imunitária. A memória imunitária é específica para um determinado antigénio.
Imunização
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A memória imunitária desenvolve-se após um primeiro contacto com o antigénio e pode desenvolver-se
naturalmente ou pode ser induzida. A imunidade pode ser induzida através de vacinas (imunidade ativa) ou através da
administração direta de anticorpos específicos (imunidade passiva).
Vacinas
A imunidade passiva pode ser induzida, em determinadas infeções (como o tétano ou as mordeduras de
cobras), através da administração de anticorpos, retirados do plasma de indivíduos que já estiveram em contacto com
esse antigénio ou de animais que foram expostos a esse antigénio. As soluções que são administradas e que contêm
estes anticorpos são designadas soros ou soros imunes.
Uma vez que os anticorpos administrados não são produzidos pelo indivíduo, a sua ação é apenas temporária.
Além disso, este procedimento só é possível num restrito número de infeções e envenenamentos e, por vezes,
acarretam alguns riscos, como a inserção involuntária de proteínas estranhas do plasma do recetor.
Desequilíbrios e doenças
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Alergias
As alergias são respostas exageradas a determinados antigénios do meio ambiente designados alergénios,
resultantes de uma hipersensibilidade do sistema imunitário relativamente a alguns elementos (pólen, ácaros,etc).
O primeiro contacto com o alergénio, geralmente, não produz sinais ou sintomas. No entanto, os antigénios
(agentes que usualmente não são patogénicos) são considerados pelo organismo como estranhos e perigosos,
provocando a diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos,
produzindo anticorpos Ig E, específicos para esse antigénio.
Alguns destes anticorpos ligam-se a células, como os
mastócitos e os basófilos, que ficam assim sensibilizados para
esse antigénio.
Se ocorrer uma nova exposição ao alergénio, este
entra em contacto com os mastócitos e basófilos
sensibilizados, que libertam histamina e outras substâncias
inflamatórias, que desencadeiam uma reação alérgica. Estas
substâncias desencadeiam uma rápida e violenta reação
inflamatória. A este mecanismo dá-se o nome de
hipersensibilidade tardia.
Doenças autoimunes
As doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunitário se torna hipersensível a antigénios específicos
das células ou dos tecidos do próprio organismo.
Acreditava-se que em indivíduos com doenças autoimunes, durante o processo de maturação dos linfócitos, não
ocorreria a destruição dos linfócitos que possuem recetores antigénicos para células próprias do organismo. Contudo,
atualmente, sabe-se que mesmo em indivíduos saudáveis é possível encontrar alguns linfócitos sensíveis para o que é
próprio do organismo, no entanto, estes linfócitos não desenvolvem uma resposta autoimune porque existem
mecanismos reguladores que os bloqueiam.
Assim, admite-se que diversas causas podem levar a que a tolerância ao que é próprio seja quebrada e o sistema
imunitário inicie uma resposta autoimune, que pode ser mediada por anticorpos ou por células.
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- No caso do lúpus, o sistema imunitário produz anticorpos contra diversos tipos de moléculas do organismo,
incluindo o DNA. Esta doença caracteriza-se pelo aparecimento de manchas e erupções na pele, febre, inflamações das
articulações e disfunções renais.
- A artrite reumatoide é outra doença autoimune mediada por anticorpos. Caracteriza-se por inflamações
extensas e dolorosas das articulações, devido à destruição da cartilagem, o que provoca a sua deformação.
- A diabetes insulinodependente (tipo I) resulta da destruição das células do pâncreas responsáveis pela
produção da insulina. Esta reação autoimune é mediada por células.
- A esclerose múltipla resulta da ação destruidora que alguns linfócitos T exercem sobre a mielina dos neurónios
do sistema nervoso central, resultando em diversas alterações neurológicas.
Imunodeficiências
As imunodeficiências podem ser inatas ou adquiridas. A maioria das imunodeficiências inatas afetam tanto a
resposta humoral como a resposta celular e resultam de deficiências genéticas que se manifestam durante o
desenvolvimento embrionário. Estas anomalias traduzem-se por malformações do timo, resultando numa produção
deficiente ou na total ausência de linfócitos.
A mais grave imunodeficiência é a “imunodeficiência grave combinada”, geralmente designada pela SCID. A
ausência de linfócitos B e T tornam estes indivíduos extremamente vulneráveis a qualquer agente patogénico. A sua
sobrevivência só é possível em condições especiais de esterilidade do meio. Atualmente, a terapia génica tem produzido
resultados muito promissores no tratamento desta imunodeficiência e consiste na substituição do gene defeituoso por
um funcional. O transplante de medula é outro método que tem sido usado para tentar contornar esta grave patologia.
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Biotecnologia no diagnóstico e na terapêutica de doenças
Anticorpos Policlonais
Como se sabe, os anticorpos são capazes de estabelecer ligações, de forma específica, com antigénios. Esta
característica tem conduzido a um intenso uso dos anticorpos como reagentes laboratoriais em testes de diagnóstico de
doenças e em aplicações terapêuticas.
Os anticorpos produzidos pelo organismo resultam da síntese efetuada por inúmeros plasmócitos, os quais são
clones de diferentes linfócitos B. Pelo facto de estes anticorpos serem produtos de diferentes linhagens de células B,
cada uma específica para um determinante antigénico distinto, são designados anticorpos policlonais.
Aplicações:
- em processos de imunização passiva como uma forma de tratar determinadas doenças. Os anticorpos eram
obtidos a partir do soro de animais previamente inoculados com o antigénio ou a partir do soro de uma pessoa que
tivesse sido exposta a esse antigénio.
Limitações:
- o soro administrado possui proteínas, incluindo os próprios anticorpos, que podem ser reconhecidas pelo
sistema imunitário do recetor como substâncias estranhas, desencadeando respostas imunitárias.
Anticorpos Monoclonais
Embora fosse possível isolar um linfócito B e produzir clones seus, permanecia impossível manter em cultura
prolongada esses clones. Os investigadores ultrapassaram esta dificuldade fundindo um linfócito B ativado com uma
célula tumoral do sistema imunitário (mieloma), que por ser maligna, se divide indefinidamente. Desta fusão resultou
uma nova célula chamada hibridoma, que reúne as características das células parentais:
– os hibridomas formam culturas celulares permanentes (característica
conferida pela célula cancerosa);
– os hibridomas produzem anticorpos específicos para um só tipo de
determinante antigénico (característica conferida pelo linfócito B).
Vantagens:
- não exigem processo de purificação;
- são específicos para um determinante antigénico;
- economicamente rentável, pela cultura celular se manter de forma permanente.
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Aplicações:
- são utilizados em diversos testes diagnósticos, detetando a presença de determinadas substâncias numa
mistura (testes de gravidez e testes seológicos);
- utilizados no tratamento de carcinomas, designam-se por imunotoxinas, e capazes de reconhecer
determinadas moléculas presentes em células cancerosas, provocando a sua destruição sem afetar as restantes células
do organismo;
- utilizados no controlo de algumas doenças autoimunes.
Limitações:
- riscos de alergias. Atualmente, a tecnologia do DNA recombinante tem permitido a produção de anticorpos
mais eficazes e seguros;
- Não aplicável a todas as situações terapêuticas.
Bioconversão/biotransformação
As hormonas esteroides estão envolvidas no controlo de um elevado número de processos metabólicos, sendo
utilizados como importantes fármacos.
Alguns tipos de esteroides são capazes de reduzir processos inflamatórios, sendo assim, utilizados no controlo
de sintomas resultantes da artrite reumatoide e de alergias (cortisona). Outro grupo de esteroides está envolvido no
desenvolvimento e na manutenção dos caracteres sexuais e dos ciclos sexuais, podendo também ser utilizados como
contracetivos, controlando artificialmente a fertilidade.
Vantagens:
- produção em quantidades industriais;
- condições mais favoráveis do que a síntese química
(maior rapidez, menor número de etapas e mais económico);
- aumento do grau de pureza, com consequente
diminuição do risco de alergias e efeitos secundários.
Os antibióticos são agentes terapêuticos fundamentais no combate a infeções bacterianas. A penicilina foi o
primeiro antibiótico a ser descoberto, no entanto, o isolamento e a purificação desta substância mostrou-se bastante
difícil.
Além dos antibióticos naturais, foram desenvolvidos antibióticos sintéticos,
produzidos em laboratório por modificação de uma substância produzida
naturalmente por um microrganismo. Outros antibióticos resultam de uma
substância precursora sintética que é fornecida a um microrganismo, o qual se
encarrega de proceder à sua transformação, completando a sua síntese. Os
antibióticos produzidos parcialmente por síntese laboratorial e parcialmente por
microrganismos são designados semissintéticos.
Vantagens:
- espetro de ação mais largo, pois a modificação que sofreram torna-as eficazes no combate a bactérias que são
resistentes à penicilina natural;
- algumas delas, por serem resistentes às secreções gástricas, podem ser tomadas por via oral, evitando-se a
injeção.
Por sua vez, as vitaminas são substâncias de natureza química diversa, obtidas a partir da alimentação. A
maioria das vitaminas comercializadas são obtidas por síntese química. Algumas delas, no entanto, são demasiado
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complexas para serem obtidas desta forma, mas podem ser facilmente produzidas por microrganismos. A vitamina B12
e a riboflavina (vitamina B2 ) são disso bons exemplos.
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