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BIOLOGIA 12º ANO

Sistema imunitário
• Conjunto de diversos tipos de células e
órgãos que protegem o organismo dos
animais de potenciais agentes agressores
biológicos (bactérias, vírus, vermes,
fungos e protozoários) ou químicos
(toxinas).

• Responsável pela vigilância e destruição


de células envelhecidas e anormais
(cancerosas) do próprio organismo.

• Os agentes agressores localizam-se


principalmente na pele, mucosas
respiratórias, digestivas e vaginal;
propagam-se por contacto, espirros, tosse
e expetoração, animais picadores e
relações sexuais.
Componentes do sistema imunitário
Órgãos linfoides primários (Timo e medula óssea)
Do sistema
Órgãos linfoides secundários (baço, gânglios
imunitário fazem
linfáticos, amígdalas e tecido linfático disperso
parte os vasos
associado às mucosas)
linfáticos, tecidos
e órgãos linfoides
Células efetoras (são, primariamente, diversos tipos
de leucócitos.

• Os órgãos linfoides têm um papel importante na defesa do organismo, dado


que:
• nos órgãos linfoides primários - Medula óssea e Timo - há diferenciação e
maturação dos leucócitos – aquisição de imunocompetência, isto é,
capacidade de exibir uma resposta imunitária;
• nos órgãos linfoides secundários - Gânglios, amígdalas e baço – dá-se a
passagem e acumulação de leucócitos
Sistema
linfático
Funções:

 Recolher e fazer retornar ao


sangue o fluido intersticial.

 Absorver os produtos
resultantes da digestão dos
lípidos a nível intestinal.

 Contribuir para a defesa do


organismo.
Características do sistema linfático
 Vasos de menor calibre semelhantes a capilares e vasos de maior calibre
semelhante a veias.
 Existência de válvulas que impedem o refluxo da linfa.
 Ao contrário do que sucede com os capilares sanguíneos, os capilares linfáticos
não constituem um sistema contínuo, pois terminam nos tecidos em fundo
cego.
 Nos mamíferos a linfa é movimentada devido às contrações dos músculos.
A linfa

Pode ser:
Linfa intersticial - É constituída por:
contacta diretamente
Plasma
com os tecidos
(mais pobre em
proteínas)
Linfa circulante -
+
encontra-se dentro dos
vasos linfáticos. Leucócitos
Células efetoras

 Leucócitos
➢ São células circulantes no sangue, linfa intersticial e circulante
➢ Tem capacidade de se deformar e penetrar entre células da parede dos
capilares sanguíneos, atravessando essa parede - Diapedese
➢ Apresentam à superfície da membrana glicoproteínas específicas
que funcionam como recetores.
Outras células ligadas à defesa do
organismo

Células especializadas, presentes em alguns tecidos e


Mastócitos que estão ligadas à imunidade na medida em que produzem
mediadores químicos como a histamina.

Células assassinas naturais, que têm funções


particulares, nomeadamente, a atividade contra
Killer Cells (NK)
células tumorais e células infetadas por certos tipos
de vírus.
Mecanismos de defesa do organismo

O reconhecimento dos elementos próprios do organismo e


estranhos ao mesmo baseia-se na existência de marcadores
celulares – conjunto de glicoproteínas superficiais da membrana
citoplasmática, codificadas por um conjunto de genes localizados no
cromossoma 6, designado complexo principal de
histocompatibilidade (MHC).
A identidade bioquímica de um indivíduo relaciona-se com o facto
das proteínas do MHC serem codificadas por um grande número de
alelos, apresentando grande polimorfismo.

Na presença de uma marcador desconhecido, o organismo reage,


ativando um conjunto de mecanismos de defesa para a sua
neutralização e eliminação.

Para se defender, o organismo possui dois sistemas de defesa


que atuam em conjunto contra os agressores.
Sistemas de defesa
Não Específico ou Imunidade Inata

1ª forma de defesa é externa - Específico


constituída por barreiras físicas e
secreções. ou Imunidade
Adquirida
2ª forma de defesa é interna -
desencadeada por mediadores químicos,
fagócitos e células NK..

3ª forma de defesa - é de natureza específica


- reage especificamente consoante o tipo de
invasor, que destroi de forma dirigida e eficaz.
Sistemas de defesa não específicos

O sistema de defesa
não especifico, ou
imunidade inata - impede
a entrada de agentes
patogénicos ou destroem-
nos quando eles, por
qualquer motivo,
conseguem penetrar no
organismo.
Sistema de defesa não específico
Primeira forma de defesa
O organismo é protegido do exterior por um certo número de barreiras. Essas barreiras
naturais são:
Pele

Espermina e Lágrimas
secreções vaginais
e Saliva
Ácido
Glândulas gástrico
sudoríparas Secreções
Possuem alcalinas
propriedades Mucos Contêm uma
antibióticas. enzima - lisozima -
provoca a morte
A acidez do suor das bactérias por
Variação brusca de destruição das
impede o pH é desfavorável
desenvolvimento de paredes externas.
a certos micróbios
certos fungos e
bactérias pH ácido destroi
Envolvem os micróbios,
sendo posteriormente muitos
arrastados para o microrganismos
exterior pelos cílios.
Sistema de defesa não específico
Segunda forma de defesa
Caso tenha ocorrido a entrada de microrganismos no
nosso corpo, é de imediato ativada a segunda linha defensiva,
constituída por:

Reação inflamatória

Fagocitose

Interferão

Sistema de complemento
Resposta Inflamatória

O tecido ferido e os Monócitos deslizam entre


mastócitos produzem as células da parede dos
histamina capilares (diapedese) e
transformam-se em
macrófagos
Resposta Inflamatória

Os macrófagos fagocitam bactérias A cicatrização do tecido ocorre.


Após o início da reação inflamatória os leucócitos genericamente designados por
fagócitos atravessam as paredes dos capilares passando para os tecidos infetados. Os
neutrófilos originam os micrófagos e os monócitos originam os macrófagos.

 
Conseguem fagocitar 20 bactérias, Conseguem fagocitar
tornando-se inativo - morre. 100 bactérias.
Resposta inflamatória e fagocitose
Lesão de Vermelhidão
tecidos Vasodilatação
dos vasos
sanguíneos

Produção de Calor
sinalizadores químicos -
quimiotaxia Aumento da
(Ex: histamina) permeabilidade dos
vasos sanguíneos

Migração Edema Fatores de coagulação


produzida pelos basófilos
e mastócitos *
*Nota: mastócitos são
células que derivam da Devido ao
medula óssea e que se Fagocitose Reparação de
aumento de fluido tecidos
localizam no tecido intersticial
conjuntivo.
Resposta inflamatória
Pode ocorrer a formação de um abcesso - lesão tecidular que forma uma bolsa de
pus constituída por microrganismos, restos de tecidos liquefeitos e leucócitos.
Caso os microrganismos fagocitados não sejam destruídos, em torno da célula
fagocitária dispõem-se outras células formando uma cápsula fibrosa - granuloma.
Quando os agentes patogénicos são particularmente agressivos é acionada uma reação
inflamatória sistémica:

Células lesionadas Estimulação da medula


produzem substâncias Aumento do número de
óssea para produção leucócitos em circulação
químicas (citocininas) de leucócitos.

Febre
• Produção de toxinas Atuação sobre o
pelos agentes ou hipotálamo que (inibe a multiplicação de
patogénicos regula a temperatura microrganismos; pode
corporal para valores estimular a fagocitose e
• Produção de pirógenos a reparação dos tecidos
pelos leucócitos elevados
lesados)
Proteínas antimicrobianas - Interferão
Interferão - conjunto de proteínas antivirais segregadas por células infetadas por vírus

Ligam-se a outras células


O vírus ataca
uma célula


A célula produz entram na …que são induzidas a

moléculas de circulação produzir proteínas antivirais…


Interferão sanguínea

 
...que conferem resistência às
não salva as células para os vírus, dado que as
células infetadas proteínas bloqueiam a
multiplicação de qualquer vírus
que entre na célula.

Para além de conferirem resistência a outros vírus, o interferão pode desempenhar


um papel antiviral, ativando os fagócitos, aumentando-lhes a capacidade de
englobar e destruir os microrganismos.
Proteínas antimicrobianas - Interferão
Sistema de complemento

Grupo de cerca de 20 proteínas que circulam no


sangue na forma inativa.

Quando o sistema de complemento é ativado, por uma


série de reações em cascata, são desencadeadas ações de
defesa não específica como, por exemplo:

• abertura de poros na membrana citoplasmática de células


invasoras que levam à sua lise;

• atração de fagócitos e estimulação da fagocitose.


Sistema de defesa específico
▪ Sempre que o sistema de defesa não específico é insuficiente o organismo
recorre a outros meios - terceira linha defensiva - mais lentos mas mais eficazes
dado que são dirigidos especificamente a cada elemento estranho.
▪ Toda a substância capaz de desencadear uma reação específica de um linfócito
denomina-se antigénio ou antigene.
Reconhecimento do agente
invasor
Resposta
imunitária
específica  Funções Reação - preparação dos
agentes que vão intervir no
processo

Ação - os agentes do sistema


imunitário neutralizam ou destroem
os agentes invasores

Capacidade de memória do sistema imunitário relativamente a


substâncias que invadiram o organismo noutras ocasiões.
Sistema de defesa específico
A resposta
imunitária Linfócitos T

Linfócitos
Depende de
Linfócitos B
dois grupos de
leucócitos
Fagócitos
alguns podem
diferenciar-se em

Plasmócitos
Células com capacidade 
fagocitária (ex: micrófagos
e macrófagos). capazes de produzir
anticorpos
Sistema de defesa específico
Origem e funções dos linfócitos B e linfócitos T

Linfoblastos
(células
destinadas a
serem
transformadas
em linfócitos)
Sistema de defesa específico
Imunidade mediada por Imunidade mediada por
anticorpos células
Imunidade humoral Imunidade celular
Imunidade humoral
possuem os recetores na
Reconhecimento membrana para esses
dos corpos Linfócitos antigénios
estranhos B
Ao detetar um antigénio,
experimentam uma divisão
rápida
https://www.youtube.com/watch?v=Y4MfA
V-CE8s

Parte deles Plasmócitos


diferenciam-se
Permitem
em 
responder mais
rapidamente  produtores ativos de anticorpos
caso o antigénio que são lançados no sangue e
Células- na linfa
volte a atacar. memória
Imunidade humoral
Os anticorpos reconhecem Podem existir vários
apenas regiões localizadas na Determinantes determinantes antigénicos
superfície do antigénio antigénicos numa molécula antigénica

Uma simples
molécula de
antigénio pode
estimular a
produção de
diferentes
anticorpos.
Imunidade humoral
Anticorpos:
❑ São glicoproteínas específicas denominadas globalmente por
imunoglobulinas (Ig).
❑ Cada anticorpo combina-se com o antigénio que estimulou a sua produção.
❑ A especificidade está relacionada com a estrutura química do antigénio e
anticorpo.
❑ A estrutura do anticorpo é complementar à do antigénio.
❑ A estrutura química favorece o estabelecimento de ligações entre anticorpo
e antigénio.
❑ Anticorpo é específico para um determinante antigénico ou epítopo.
Imunidade humoral
Mecanismos de atuação de anticorpos
As imunoglobulinas (Ig), ao ligarem-se aos antigénios, formam o
complexo antigénio-anticorpo.
A formação deste complexo desencadeia diversos processos, que
conduzirão à destruição dos agentes agressores.
Esses processos
correspondem aos
mecanismos
iniciados na
resposta não
específica, que é
agora intensificada
e amplificada. Os
anticorpos não
têm a capacidade
de destruir
diretamente os
invasores.
Imunidade celular
As células T também são capazes A nível da superfície dos linfócitos T
de reconhecer alguns antigénios existem recetores para os antigénios
mas…
... reconhecem apenas os antigénios
que se ligam a marcadores da
superfície de certas células imunitárias

Um macrófago fagocita uma bactéria ou um


vírus; os fragmentos do antigénio são
processados no interior do macrófago e acabam
por se ligar a marcadores superficiais do
macrófago
Os macrófagos são as células
apresentadoras

Antigénio Linfócitos T
Imunidade celular
Para que ocorra o estabelecimento da ligação do linfócito T ao antigénio, é preciso
que:
• recetores do linfócito T correspondam ao determinante antigénico.
• o antigénio seja apresentado pelo marcador superficial do macrófago.
A exposição e combinação dos linfócitos T com o antigénio apropriado, leva a uma
libertação de substâncias que vão ativar o processo de divisão e de diferenciação celular
a partir dos linfócitos T originando vários tipos de células efetoras:

Citotóxicos - TC Auxiliares - TH Supressores - TS Memória - TM


(Citolíticos)   
 Reconhecem os Produzem Células com
Reconhecem e antigénios específicos substâncias que capacidade de
destroem células que associados a marcadores inibem síntese de memória
exibam antigénios da membrana de anticorpos.
estranhos macrófagos

 
que estimulam a diferenciação dos
Libertam mensageiros Os TH vão produzir
linfócitos B em plasmócitos, com
causando a lise celular mensageiros químicos consequente aumento da síntese de
anticorpos.
Vigilância imunitária
❑ Constitui uma das funções da imunidade mediada por células. Desta
forma é possível o reconhecimento de células cancerosas, devido a estas
exibirem antigénios superficiais diferentes do das células normais - sendo
reconhecidas como células estranhas.
❑ Os Linfócitos T sensibilizados, ligam-se aos antigénios das células
cancerosas, libertando os mensageiros químicos que as destroem.
❑ Segundo alguns autores, quando a imunidade celular é ineficaz na
deteção e destruição de células cancerosas, é que estas se multiplicam,
originando assim o cancro.
http://www.tvi24.iol.pt/tecnologia/molecula/descoberta-proteina-que-pode-acabar-com-o-cancro?utm_campaign=ed-
tvi24&utm_source=facebook&utm_medium=social

❑ É ainda o sistema imunitário mediado por células que é responsável


pela rejeição de transplantes de tecidos e de órgãos.
Memória imunitária
Resposta Imunitária Primária Resposta Imunitária Secundária
Primeiro contacto Segundo contacto
com o Antigénio A com o Antigénio A
Magnitude da
Resposta

Tempo de resposta Tempo de


mais longo resposta muito Produção de anticorpos muito
Menor produção de anticorpos mais curto mais intensa

Linfócitos Menor número de


B Plasmócitos Maior número de
formados Plasmócitos
formados

Menor número de
Células-memória
formadas

Maior número de
Células-memória
formados
Memória imunitária
Resposta imunitária primária → primeiro contacto com o antigénio.

As células efetoras sobrevivem geralmente apenas alguns dias.


As células memória ficam armazenadas no baço e gânglios linfáticos,
persistindo durante um longo período de tempo (décadas) ou até, em certos
casos, toda a vida do indivíduo.

Resposta imunitária secundária → mais rápida, mais intensa e de maior


duração devido à existência das células memória.

Vacinação - consiste na estimulação da formação de células memória.

Imunidade ativa – imunidade induzida através de contacto com os antigénios


(vacinas).

Imunidade passiva – recorre à administração direta de anticorpos específicos


(soros).
Disfunções do sistema imunitário
➢ Alergias - correspondem a estados de hipersensibilidade imunitária
traduzidos por reações aberrantes em relação a antigénios específicos
(ácaros, pó, pólen, produtos químicos e alimentares…).

Exemplos: Asma, rinite alérgica, urticária, eczema, conjuntivite…

➢ Doenças autoimunes – ocorrem quando há uma quebra na tolerância do


organismo a alguns dos seus tecidos.

Exemplos: Diabetes insulinodependente; artrite reumatoide, lúpus…


Disfunções do sistema imunitário
➢ Imunodeficiências – doenças que afetam o sistema imunitário,
originando falhas que podem ser aproveitadas por organismos
patogénicos oportunistas.

Imunodeficiência inata – os indivíduos apresentam deficiências


ao nível dos linfócitos B e dos linfócitos T devido a um
funcionamento anormal da medula óssea, resultante de
deficiências genéticas que se manifestam durante o
desenvolvimento embrionário (ex: Imunodeficiência grave
combinada – SCID).

Imunodeficiência adquirida – pode resultar de doenças malignas


que afectam a medula óssea ou o timo, comprometendo a normal
produção e/ou maturação de células do sistema imunitário; pode
ter origem em agentes externos, como vírus (ex: Síndrome de
ImunoDeficiência humana Adquirida – SIDA).

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