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MOLECULAR E CELULAR
- RESUMO DO ALBERTS -
MÓDULO I.I
MÓNICA RODRIGUES
ANO LETIVO 2017+1/2019
2
- PREFÁCIO -
Bem… Não sei muito bem o que dizer nesta parte da sebenta a não ser que fui obrigada a
escrevê-la ahah Como se o facto de ter escrito as 185 páginas que a constituem já não fosse
suficientemente mau para me fazer não querer olhar mais para ela, vamos lá escrever mais
uma página que não tem utilidade nenhuma, só porque sim xD “It’ll be fun” – they said… -.-‘
Eu disse 185 páginas? :o Pois… Sim... Mas não te preocupes! As minhas 185 páginas são praí umas
100 ou menos de outras sebentas construídas a partir daqueles blocos de texto dos quais dá dó
só de olhar e pensar que temos de estudar [tipo mata-me já], porque tem IMENSAS IMENSAS
imagens. Tem praticamente todas as imagens dos capítulos recomendados do Alberts, num
tamanho razoavelmente grande para que não fiques com fadiga ocular só de tentar ler as
legendas desfocadas ;) Porque toda a gente adora ficar uns 5min só a tentar descobrir a palavra
daquela legenda, quem não?
Esta sebenta é uma versão atualizada e um pouquinho menos confusa da Sebenta da Madeira,
mas ela não faz milagres minha gente, por isso nada de faltares às aulas da disciplina! Em
primeiro lugar porque a professora Arosa explica muito bem mesmo e em segundo lugar porque
eu vou agora pro primeiro ano, portanto ainda não tive as aulas práticas, logo não vão
encontrar pormenores importantes dessas aulas nesta sebenta. Se não fores às teóricas nem aqui
o nosso Einstein te safa ¯ \ _ (ツ) _ / ¯. Este exame é chatinho mas se fores às aulas, exercitares
esses poucos neurónios que te restaram de anatomia lendo esta sebenta e fizeres exercícios dos
anos anteriores passas com um pé atrás das costas!
Chegando lá à parte dos agradecimentos para acabar com isto, quero agradecer ao meu fofinho
Gonçalo Sá, agora no 2ºano, porque foi quem me motivou para começar e acabar isto e quem
fez a capa fofinha desta sebenta ^^ (e quem me obrigou a escrever o prefácio só para que
aparecesse nos agradecimentos) e ao meu amiguinho Rodrigo Teixeira, que vai agora para o 1º
ano de Medicina Dentária, que tirou um pouquinho do seu tempo para rever alguns capítulos.
E é isto… xD Espero que gostes destas cores e destes bonequinhos gays porque para deprimir já
basta a altura do exame, e tu não precisas de estudar num clima deprimente por uma sebenta
mais deprimente ainda.
Estuda, diverte-te também porque a vida não é só estudar, estuda mais um pouquinho e
ARRASA!
Ps.: Só para dizer que nunca mais encontram uma sebenta minha, primeira e última vez xD sabe de nada inocente. Ah! E
desculpem alguns erros de palavras repetidas, letras omitidas, erros ortográficos, etc. As vezes passa-nos ao lado. Kiss Kiss
o Sumário:
1. Estrutura e função do DNA
2. Estrutura dos cromossomas das células eucarióticas
3. Regulação da estrutura dos cromossomas
Os cromossomas são constituídos tanto por proteínas (ex.: histonas e não histonas) como por DNA.
Antigamente os cientistas pensavam que o material genético seriam as proteínas e não o DNA
devido à sua simplicidade. Mais tarde, este foi reconhecido como portador da informação
genética, tendo sido a sua estrutura determinada por Watson e Crick (1953), pelo método da
difração por raios-X
o Nucleótido: base azotada (A, T, C, G) + grupo(s) fosfato (PO43-) + pentose (açúcar de 5 carbonos)
As duas cadeias estão dispostas em hélice e ligadas pelas bases azotadas através de pontes de hidrogénio enquanto
que os nucleótidos de uma cadeia estão ligados entre si por ligações fosfodiéster (mais estáveis e, por sua vez, mais
fortes).
Esta conformação é favorável visto que as bases azotadas, hidrofóbicas, são protegidas
do contacto com a água. Para além disso, isto faz com que a molécula apresente uma
polaridade negativa, visto que fica revestida pelos ácidos fosfóricos (PO43-).
As ligações fosfodiéster (ligações entre nucleótidos da mesma cadeia) são sempre estabelecidas entre o grupo
fosfato (carbono 5’) e a pentose (grupo hidroxilo do carbono 3’). Ou seja, a polimerização do DNA ocorre sempre
no sentido 5’3’ (assim como a polimerização do RNA). Sendo assim, é compreensível que, numa extremidade da
cadeia teremos um fosfato e na extremidade oposta um grupo hidroxilo, o que confere à cadeia uma polaridade
química. As duas cadeias ligam-se pelas bases azotadas, mas de forma anti-paralela. Quer isto dizer que, à
extremidade 5´ de uma cadeia corresponderá a extremidade 3’ da outra (orientam-se com polaridades inversas),
permitindo assim a formação de uma dupla hélice mais estável.
A adenina e a guanina são bases púricas/purínicas/de duplo anel enquanto que a citosina e a timina são bases
pirimídicas/de anel simples. O emparelhamento de bases acontece sempre entre uma púrica e uma pirimídica. A
adenina emparelha-se sempre com a timina por 2 pontes de hidrogénio (A=T) e a citosina sempre com a guanina
por 3 pontes de hidrogénio (G≡C, ligação mais forte). Daí se retira a Regra de Chargaff:
𝑨+𝑮
≈𝟏
𝑻+𝑪
A informação genética é hereditária pois é copiada e transmitida de geração em geração. Sendo que esta está
armazenada nos genes.
Gene Unidade fundamental da hereditariedade. É um segmento de DNA que codifica informação que leva à
produção de uma proteína/polipéptido/péptido ou RNA não codificante – qualquer molécula de RNA que não é
traduzida em proteína, como por exemplo, RNA ribossomal e RNA de transferência. Inclui regiões que antecedem
e que sucedem a região codificante, sequências que não são traduzidas (intrões) e segmentes codificantes (exões).
São os segmentos codificantes (exões) que constituem o RNA maduro, RNA este que sofreu processamento, e que
poderão ser traduzidos. Existem, no ser humano, cerca de 25.000 genes.
Após vários estudos concluiu-se que os nucleótidos que constituem a dupla cadeia de
DNA funcionam como letras do alfabeto e que são utilizados para transmitir
informação.
O DNA armazena informação a partir de várias sequências de nucleótidos. Ou seja, cada base – A, C, G ou T –
pode ser considerada uma letra num “alfabeto biológico”, que podem ser usadas para soletrar mensagens ou
transmitir informação pela estrutura química do DNA. São estas sequências de nucleótidos que constituirão os
genes, e os organismos diferem uns dos outros porque as suas moléculas de DNA têm diferentes sequências de
nucleótidos e, consequentemente, transmitem diferentes mensagens biológicas.
Teria sido estabelecido antes da descoberta a estrutura do DNA que os genes continham instruções para a produção
de proteínas. A função de uma proteína é determinada pela sua estrutura tridimensional, que, por sua vez, é
determinada pela sequência de aminoácidos da sua cadeia polipeptídica.
É necessária uma grande quantidade de DNA para codificar toda a informação de um ser multicelular e apenas é
possível “empacotá-la” no núcleo de uma célula por se encontrarem sobre a forma de estruturas extremamente
condensadas designadas de cromossomas.
Cromossoma Estrutura condensada do DNA encontrando-se este associado a proteínas: histonas e proteínas
não histonas (proteínas responsáveis pela expressão génica, pela replicação e reparação do DNA). O complexo de
histonas (H2A, H2B, H3 e H4 juntamente com a H1 – histona “linker”) é responsável pela formação dos
nucleossomas, que por terem carga positiva, uma vez que são constituídas por arginina e lisina, têm grande
afinidade com o DNA. As regiões que contêm genes expressos estão menos compactadas.
A acetilação da lisina na terminação N das histonas remove cargas positivas, desse modo
reduzindo a afinidade entre histonas e DNA. Isto faz com que a cromatina fique menos
condensada fazendo com que a RNA polimerase e os fatores de transmissão possam mais
facilmente aceder a região propiciada. Portanto a acetilação da histona promove a transcrição
enquanto a desacetilação da histona reprime-a.
As bactérias carregam os seus genes numa única e circular molécula de DNA – o plasmídeo. Esta molécula, apesar
de mais simples, também está associada a proteínas que condensam DNA, mas que diferem daquelas que
condensam o DNA eucariótico. Porém, apesar de ser mais simples em termos de estrutura sabe-se menos acerca
da sua compactação logo o que se referir acerca de compactação de cromossomas apenas diz respeito aos
eucarióticos!
Nos eucariontes, o DNA está distribuído por vários pares de cromossomas diferentes no núcleo.
À exceção das células da linha germinativa (espermatozoides e oócitos) e das células altamente especializadas que
perdem o seu DNA (tal como as hemácias/glóbulos vermelhos), todas as outras células humanas possuem duas
cópias de cada cromossoma, uma proveniente do pai e outra da mãe. Os cromossomas do pai e da mãe do mesmo
par designam-se de cromossomas homólogos. Os únicos cromossomas não homólogos são os cromossomas sexuais
nos indivíduos do sexo masculino, onde é herdado um Y do pai e um X da mãe.
Para além dos diferentes tamanhos, os cromossomas humanos podem ser distinguidos por uma grande variedade
de técnicas. Por exemplo:
Cada cromossoma, aleatoriamente, ou simplesmente uma sequência de genes, pode ser “pintado” com
uma cor qualquer, usando-se moléculas de DNA combinadas com um corante fluorescente. A esta técnica
dá-se o neme de “Fish”.
Outro método mais tradicional para distinguir cromossomas é através da utilização de corantes que
marcam certos tipos de sequências. Estes corantes permitem distinguir o DNA rico em adeninas e timinas
do DNA rico em citosinas e guaninas, formando assim um padrão de bandas característico de cada
cromossoma, permitindo-nos distingui-los e identificar uma possível anormalidade.
No caso do genoma humano, para além dos genes, existem ainda outros segmentos de
DNA cuja função ainda não está completamente esclarecida, estes segmentos designam-
se de “junk DNA”
Geralmente os organismos mais complexos apresentam um genoma maior. Mas atenção! Nem sempre a uma maior
complexidade genómica corresponde um ser mais complexo! Por exemplo, existem plantas cujo o genoma é 30x
maior que o nosso, mas isso não significa que elas sejam mais complexas que nós. Portanto, genomas enormes
nem sempre dão origem a seres mais complexos, não está diretamente relacionada uma coisa com a outra.
Para que um cromossoma seja totalmente funcional, a molécula de DNA tem que fazer mais do que carregar
simplesmente os genes. Tem que ser capaz de se replicar e as cópias resultantes têm que ser repartidas
equitativamente pelas células-filha em cada divisão celular.
Este processo ocorre seguindo uma ordem de acontecimentos – o ciclo celular (capítulo 18). Neste capítulo serão
apenas abordadas duas fases do ciclo celular, nomeadamente a interfase e a mitose.
Durante a interfase, os cromossomas podem estar o máximo descompactados, finos e embaraçados no núcleo e,
consequentemente, não podem ser distinguidos facilmente ao microscópio. Mesmo assim, sequências de DNA
especializado encontradas em todos os eucariotas garantem que os cromossomas em interfase são capazes de
serem replicados eficientemente. A replicação tem origem numa determinada sequência de nucleótidos – a origem
de replicação.
Os cromossomas eucarióticos
contêm muitas origens de
replicação para assegurar que
o cromossoma seja todo
replicado rapidamente.
Durante a interfase, a
replicação do DNA começa
nestas origens e procede-se
bidireccionalmente ao longo
do cromossoma.
Os telómeros podem ser vistos como um relógio biológico. Isto porque cada vez que a célula se
duplica também se duplicam os cromossomas, mas os telómeros são levemente reduzidos.
Dado que os telómeros não têm capacidade de se regenerar, a determinada altura do processo,
os cromossomas não conseguirão fazer réplicas de si mesmos e a célula fica incapaz de se voltar
a dividir.
Dentro do núcleo, os cromossomas interfásicos, apesar de mais longos e finos que os mitóticos,
também estão organizados de uma forma/ordem específica. Cada cromossoma tende a ocupar
uma região particular para que não haja o risco de diferentes cromossomas se enrolarem. Além
disso, regiões específicas destes cromossomas estão agarradas a certas partes do invólucro
nuclear.
O mais óbvio exemplo desta organização dentro do núcleo interfásico é o nucléolo. Aqui é onde as partes dos
diferentes cromossomas que carregam genes para a produção de RNA ribossomal ficam. RNA’s ribossomais são
assim sintetizados e combinados com proteínas a fim de formar ribossomas, as máquinas sintetizadoras de
proteínas da célula. Por curiosidade, as subunidades dos ribossomas apenas se juntam no citosol, para não haver o
risco de traduzir RNA que ainda não sofreu processamento.
A condensação dos cromossomas deve ser flexível o suficiente para permitir o rápido e localizado acesso sob
demanda ao DNA. As proteínas que se ligam ao DNA para formar cromossomas eucarióticos são divididas em dois
grupos:
Ao conjunto formado pelas duas classes destas proteínas com o DNA nuclear dá-se o nome de cromatina.
A massa total das histonas presentes nos cromossomas é praticamente igual à própria massa do
DNA.
As histonas são responsáveis pelo primeiro e mais fundamental nível de empacotamento da cromatina, o
nucleossoma (descoberto em 1974, aprox. 20 anos após ser descoberta a estrutura helicoidal do DNA). Se a
cromatina for sujeita a tratamentos que causem o seu desdobramento parcial, é possível ver através de microscopia
eletrónica uma série de “contas numa corda”. A corda é o DNA e cada conta ou esfera é um nucleossoma.
As células eucarióticas têm diferentes maneiras de regular a estrutura local da sua cromatina rapidamente. Uma
dessas maneiras é através de “chromatin-remodeling complexes”, “máquinas” proteicas que usam a energia da
hidrólise do ATP para mudar a posição do DNA enrolado envolta dos nucleossomas, modificando assim a sua
estrutura nas proximidades dos mesmos. Este complexo descondensa a cromatina, tornando-a mais acessível a
outras proteínas. Este processo está inativo durante a mitose, o que ajuda os cromossomas mitóticos a manter a
sua estrutura extremamente condensada.
Outra maneira de alterar a estrutura da cromatina baseia-se na modificação química reversível das histonas. A
cauda das 4 histonas centrais está sujeita a modificações covalentes. Por exemplo, grupos acetil, fosfato ou metil
podem ser adicionados ou removidos do nucleossoma por enzimas que residem no núcleo – nucleases. Estas
modificações na cauda das histonas têm um pequeno efeito direto na estabilidade do nucleossoma individual, mas
algumas modificações parecem afetar diretamente a estabilidade da fibra de 30-nm e até os níveis de compactação
seguintes.
Diferentes tipos de modificações de histonas atraem diferentes proteínas que irão favorecer ou
impedir a condensação, permitindo, ou não, uma maior acessibilidade à cadeia de DNA, de
acordo com a fase do ciclo celular em que a célula se encontra.
Como os “chromatin-remodeling complexes” as enzimas que modificam as caudas das histonas também são
firmemente reguladas. Estas são trazidas para uma região particular de cromatina através de sinais,
particularmente por interações com proteínas que se ligam a sequências específicas no DNA. As histone-modifying
enzymes e os chromatin-remodeling complexes trabalham em simultâneo.
Por exemplo, nos humanos, o gene que codifica a β-globina – que faz parte da molécula de hemoglobina
responsável pelo transporte de oxigénio – está situado perto a uma região de condensação de cromatina. Se, devido
a uma eliminação herdada de DNA, essa região de heterocromatina se estender, o gene da β-hemoglobina é mal
expresso e a pessoa desenvolve uma forma severa de anemia.
A heterocromatina é, portanto, uma forma de silenciar determinados genes, como é o caso do cromossoma X nas
mulheres, que apesar de terem dois cromossomas X um deles é silenciado e condensado permanentemente desde
o desenvolvimento embrionário, pois a dupla dosagem dos produtos deste cromossoma pode ser letal.
Quando a célula replica o seu genoma, cada hélice do DNA da célula-filha recebe apenas metade das histonas
parentais. Com essas histonas vêm também as modificações covalentes nas suas caudas que revelam o estado que
a cromatina se encontrava naquela zona particular do cromossoma parental. Portanto, cada cromossoma-filho irá
inicialmente conter uma mistura de dois tipos de nucleossomas:
Neste ponto, as proteínas que reconhecem as histonas modificadas podem se ligar às histonas-parentais e induzir
depois as mesmas modificações nas histonas-virgens, reestabelecendo assim o padrão da estrutura da cromatina
encontrada no progenitor.
A habilidade de herdar a estrutura de cromatina ajuda as células eucarióticas a “relembrar” qual gene estava ativo
na célula parental, um processo que parece ser crítico para o estabelecimento e manutenção de diferentes tipos
de células, tecidos e órgãos durante o desenvolvimento e crescimento de um organismo multicelular complexo.
Este tipo de herança não envolve transmitir sequências específicas de DNA de uma geração celular para a outra,
mas, em vez disso, depende de passar especificamente proteínas histonas modificadas. Este é um exemplo de
herança epigenética (do grego epi-, “on”), porque é sobreposto à herança genética baseada apenas no DNA.
Em suma, a estrutura da cromatina de uma célula pode ser transmitida aos seus descendentes, produzindo uma
forma de herança epigenética que ajuda a célula a lembrar o estado da expressão génica em sua célula-mãe.
o Sumário:
1. Replicação de DNA
2. Reparação de DNA
1. Replicação de DNA
A capacidade da célula se conseguir manter em equilíbrio depende da precisão com que duplica o seu material
genético. Este processo designa-se de replicação e ocorre antes da divisão celular. A replicação e a correção de
erros que poderão ocorrer durante esta, garantem a sobrevivência da célula e o seu bom funcionamento.
A cada divisão celular, a célula copia o seu genoma com imensa precisão e com uma rapidez
extraordinária, cerca de 1000 nucleótidos por segundo. Ao fim de oito horas, não tem mais que
uma letra ou duas erradas. Quem disse que a pressa era inimiga da perfeição?
No capítulo anterior vimos que cada cadeia de DNA continha uma sequência de
nucleótidos que se complementavam com os nucleótidos da cadeia homóloga.
Assim sendo, cada cadeia poderá servir como um molde para a síntese de uma
nova cadeia complementar.
O processo de replicação inicia-se com proteínas iniciadoras que se ligam ao DNA e separam as duas cadeias,
quebrando as pontes de hidrogénio presentes entre as bases azotadas. Individualmente as pontes de hidrogénio
são fracas, portanto, separar um pequeno segmento de DNA – alguns pares de bases de cada vez – não requer
muita energia. Pelo que, com a ajuda destas proteínas, pode ocorrer a temperaturas normais de uma célula viva.
Estas pequenas zonas onde o DNA é separado o suficiente para iniciar a replicação
são denominadas de origens de replicação e elas geralmente estão marcadas por
uma sequência particular de nucleótidos. Vimos no capítulo 5 que o par de bases
A=T é mais fraco que o C≡G. Assim sendo, é compreensível que as origens de
replicação estarão mais ricas em A=T que em C≡G. Estas também são ricas em
sequências de nucleótidos capazes de atrair proteínas iniciadoras.
O genoma bacteriano, contido tipicamente numa molécula circular de DNA com vários milhões
de pares de nucleótidos, tem apenas uma origem de replicação. Por sua vez o genoma humano
possui cerca de 10.000 origens, o que torna o processo muito mais rápido.
Assim que uma proteína de iniciação se liga ao DNA, na origem de replicação, abre localizadamente a dupla-hélice.
Tal ação atrai outro grupo de proteínas que realizam a replicação. Este conjunto de proteínas formam uma
“máquina”, onde cada membro do grupo realiza uma função específica.
No coração da máquina de replicação encontra-se uma enzima – DNA polimerase. Esta enzima sintetiza novo DNA
usando apenas uma das “velhas” cadeias como molde e ainda catalisa a adição de novos nucleótidos à extremidade
3’ da nova cadeia em crescimento, formando uma ligação de fosfodiéster entre esta extremidade e o 5’-fosfato do
próximo nucleótido.
Na forquilha de replicação, uma nova cadeia de DNA é feita num molde que corre
na direção 3’5’, enquanto que outra é feita num molde que corre na direção
oposta (5’3’). A forquilha de replicação torna-se, deste modo, assimétrica.
À primeira vista, ambas as novas cadeias de DNA parecem estar a crescer na mesma direção, o que sugere que uma
cadeia estará sendo sintetizada de maneira errada, de 3’ para 5’, algo impossível para a DNA polimerase. Como
nenhuma outra enzima é capaz de o fazer desta maneira, o prolema é resolvido pela polimerase pelo uso de uma
manobra de “backstitching” (=pesponto).
DNA polimerase é tão precisa que apenas faz um erro em cada 107 pares de nucleótidos que copia.
Apesar de A-T e C-G serem de longe os mais estáveis bases de pares, outros, menos estáveis,
como por exemplo, G-T e C-A, podem também ser formados. Estes, se não forem detetados e
corrigidos, matariam a célula devido ao grande número de mutações.
Esta catástrofe é evitada porque a DNA polimerase tem duas qualidades especiais que aumentam
significativamente a precisão da replicação do DNA.
1. É capaz de monitorizar os pares de bases entre cada nucleótido de entrada e a cadeia molde
2. Quando erra, adicionando um nucleótido errado, consegue corrigir o erro através de uma atividade
denominada de proofreading
O fenómeno de proofreading ocorre em simultâneo com a síntese do novo DNA. A polimerase, enquanto polimeriza
a cadeia, verifica se o emparelhamento de bases para trás está correto. Portanto, a DNA polimerase possui uma
capacidade de polimerização de alta precisão no sentido 5’3’, bem como uma atividade de revisão (de
proofreading) no sentido 3’5’, sendo que ambas as atividades ocorrem em diferentes domínios da molécula. Este
mecanismo de revisão é realizado por uma nuclease que cliva as ligações fosfodiéster.
A polimerase apenas consegue polimerizar a cadeia de DNA no sentido 5’3’, pois uma
hipotética polimerase que adicionasse nucleótidos no sentido 3’5’ não seria capaz de realizar
proofreading.
1.6. Pequenas cadeias de RNA atuam como Primers para a síntese de DNA
Apesar da DNA polimerase conseguir adicionar um nucleótido não quer dizer que consiga começar uma cadeia
completamente nova de DNA do zero. Uma nova enzima é precisa, uma que consiga simplesmente começar uma
nova cadeia polinucleotídica sem ser necessário ter um par emparelhado antes do novo nucleótido a adicionar.
Esta enzima, contudo, não consegue sintetizar DNA!
Em vez disso, é capaz de sintetizar RNA, com cerca de 10 nucleótidos. Esta pequena cadeia é emparelhada com a
cadeia molde e funciona como uma ajuda para que a polimerase consiga começar a sintetizar DNA.
É, portanto, um RNA primer na medida que inicia a nova cadeia de DNA e a enzima que o sintetiza é conhecida
como primase.
A primase é um exemplo de RNA polimerase – enzima que sintetiza RNA usando DNA como molde. Uma cadeia de
RNA é muito parecida com uma única cadeia de DNA. Apenas diferem uma da outra em um nucleótido (U em vez
de T, no RNA), e no açúcar (uma ribose em vez de uma desoxirribose, no RNA). Contudo, como o U emparelha bem
com a A, o primer consegue ser sintetizado no DNA por complementaridade de bases.
A replicação de DNA requer a cooperação de um grande número de proteínas. O primeiro problema a enfrentar
tem a ver com o acesso aos nucleótidos, que se encontram no centro da dupla hélix.
1º. A dupla hélix tem que ser separada para que os novos nucleósidos trifosfato consigam formar pares com
cada cadeia molde.
Para este passo são necessárias 2 grupos de proteínas de replicação: DNA helicases e single-strand DNA-binding
proteins.
As single-strand DNA-binding
proteins agarram-se à cadeia
exposta pela DNA helicase para
que esta não se emparelhe
consigo mesma (como o RNA de
transferência) e para que fique
o máximo esticada para que
seja um molde eficiente.
A abertura localizada do DNA apresenta um problema. Como duas linhas enroladas, se apenas
puxarmos as pontas para as desenrolar, as linhas enovelam-se ainda mais. O mesmo acontece
com o DNA. À medida que a helicase abre o DNA ao longo da forquilha, o DNA do outro lado da
mesma enovela-se cada vez mais.
Existe uma outra proteína na máquina de replicação cuja função é de assegurar que a DNA polimerase não cai da
cadeia molde – as sliding clamps.
Somente por sua conta, a DNA polimerase apenas consegue sintetizar pequenas sequências de
DNA antes de cair da cadeia molde.
Estas sliding clamps formam anéis à volta da cadeia do novo DNA formado e, ao
segurarem firmemente a polimerase, permitem que a enzima se mova ao longo do
molde sem cair sempre que sintetiza novo DNA.
Por sua vez, a ligação das sliding clamps ao DNA requer atividade de outra proteína, a clamp loader. As clamp
loaders hidrolisam ATP sempre que ligam uma sliding clamp à nova cadeia de DNA. Isto processo apenas precisa de
ocorrer uma vez por ciclo na cadeia leading, e várias vezes, sempre que um novo fragmento de Okasaki é feito, na
cadeia lagging.
As bactérias resolveram este problema simplesmente por terem moléculas circulares de DNA
como cromossomas, logo não existem extremidades. Os eucarióticos resolveram-no
incorporando sequências repetitivas de nucleótidos, não importantes, nas extremidades dos
cromossomas – os telómeros.
2. Reparação de DNA
A diversidade de organismos e o seu sucesso em colonizar quase toda a superfície da Terra depende de mudanças
genéticas acumuladas gradualmente ao longo de milhões de anos. Contudo, a curto prazo, e tendo em vista apenas
1 organismo, alterações genéticas podem ser prejudiciais.
Para sobreviverem e se reproduzirem, os indivíduos devem ser geneticamente estáveis. Esta estabilidade atinge-se
não só a partir de uma replicação de DNA correta, mas também a partir de uma procura e correção de erros.
Apesar de algumas mutações aparecerem devido a erros de replicação, a maioria dos erros no
DNA é uma consequência não intencional das reações químicas que ocorrem dentro de uma
célula.
A maioria dos danos no DNA é apenas temporária visto que são imediatamente corrigidos – reparação de DNA.
Por exemplo, humanos com a doença genética xeroderma pigmentose não conseguem emendar os danos feitos
pela radiação UV, uma vez que herdaram um gene defeituoso para uma das proteínas envolvidas nesse processo
de reparo. Tais indivíduos desenvolvem lesões dermatológicas severas, incluindo cancro da pele, devido à
acumulação de erros no DNA das células que são expostas à luz solar e, de consequentes mutações que aparecem
nestas células.
Como qualquer outra molécula, o DNA está continuamente passando por colisões térmicas com outras moléculas,
o que muitas vezes resulta em grandes mudanças químicas nele mesmo.
Durante o tempo que leva ler esta nota, um total de cerca de um trilião (10 12) de bases púricas
(A e G) desaparecerão do DNA nas células do nosso corpo a partir de uma reação espontânea
denominada de depurinação.
A depurinação não quebra o esqueleto de DNA, apenas remove a base púrica de um nucleótido. Outra reação
comum é a perda espontânea de uma citosina para produção de um uracilo – deaminação.
Além disto tudo, alguns tipos de danos no DNA (dímeros de timina, por exemplo) conseguem parar a máquina de
replicação do DNA no sítio do erro.
Quase todos os mecanismos de reparo do DNA dependem da estrutura do mesmo. É de ter em conta que se a
sequência de uma cadeia é danificada, a informação não é perdida fatalmente visto que se encontra uma versão
de backup – uma versão original correta – na cadeia complementar à danificada.
A maior parte dos danos criam estruturas que nunca são encontradas numa cadeia de DNA não danificada. Assim,
a cadeia saudável é facilmente distinguida da má.
O básico caminho para reparação de DNA danificado: (quase igual à retirada dos primers na replicação)
2.3. A DNA Mismatch repair remove os erros de replicação que escapam ao proofreading
A célula possui um sistema de backup que se dedica a corrigir os erros que possam ocorrer na replicação do DNA
chamado de Mismatch repair.
Para ser considerado efetivo, o mecanismo de Mismatch repair tem que reconhecer qual das cadeias de DNA
contém o erro, remover um segmento de DNA que contenha o erro e depois ressintetizar o DNA em falta. Ele
apenas trabalha com cadeias filhas.
Os humanos herdam duas cópias de um gene (uma de cada progenitor). Indivíduos que apenas possuem um gene
Mismatch repair danificado (uma das cópias) não são afetados até que a cópia saudável deste gene seja
aleatoriamente mutada numa célula somática. Esta célula mutada e toda a sua descendência serão deficientes no
mecanismo de Mismatch repair.
todas as células
1 cópia de um acumulação
mutação aleatória célula somática descendentes
gene mismatch extraórdinária de
na segunda cópia deficiente no mutadas e
repair mutada mutações (mais célula cancerigena
deste gene (célula mecanismo deficientes no
(célula somática rápido que em
somática mutada) mismatch repair mecanismo
saudável) células normais)
mismatch repair
Cancros apenas surgem em células não com 1 nem 2 mutações, mas com uma acumulação de
várias! Portanto, herdar um Mismatch repair gene danificado predispõe fortemente um
indivíduo a um cancro.
2.4. Quebras da dupla-cadeia de DNA requerem uma diferente estratégia para reparação
O mecanismo de Mismatch repair baseia-se muito na redundância do DNA. Se os nucleótidos forem danificados
podem ser reparados usando a informação presente na cadeia complementar. Mas e se ambas as cadeias estiverem
danificadas?
Este tipo de dano é especialmente difícil de reparar e é muito perigoso pois pode levar à fragmentação de
cromossomas e subsequente perda de genes.
Para lidar com este problema as células desenvolveram duas estratégias básicas:
A) Juntar de forma rápida as pontas dos fragmentos novamente antes que estes derivem e se percam. Nome
do mecanismo: Nonhomologous end joining
B) Como a primeira estratégia pode ser arriscada, as células têm uma alternativa que normalmente não traz
problemas. Nome desta estratégia: Recombinação homóloga (homologous recombination).
2.5. A recombinação homóloga é capaz de reparar quebras de dupla cadeia de DNA sem falhas
O problema de reparar uma fratura de dupla cadeia é encontrar um molde intacto que guie a reparação. Se a fratura
ocorrer depois de uma cadeia ter sido replicada, a célula é capaz de usar a informação correta da cadeia filha como
molde para reparar a cadeia mãe fraturada. Uma vez que estas duas moléculas de DNA são homólogas, este
mecanismo é chamado de recombinação homóloga.
2.6. Uma falha na reparação de danos do DNA pode causar severas consequências numa célula ou num
organismo
Se a célula não conseguir reparar DNA danificado pode originar uma mutação que pode levar a graves
consequências. Uma mudança permanente num único nucleótido pode comprometer um organismo, uma vez que
a proteína que codificar poderá funcionar muito mal ou nem funcionar de todo.
Sintomas:
Fraqueza
Tonturas
Dores de cabeça
Falta de ar
Apenas temos o conhecimento de que a anemia falciforme existe porque os indivíduos com esta
mutação sobrevivem. A mutação até fornece um benefício – uma maior resistência à malária.
O exemplo da anemia falciforme (uma doença hereditária) ilustra a importância da proteção das células
germinativas contra mutações. A mutação numa célula germinativa iria dar a origem a um organismo com todas as
células do seu corpo mutadas, incluindo as suas células germinativas responsáveis pela produção de uma próxima
geração e assim sucessivamente.
Por sua vez, mudanças nucleotídicas nas células somáticas podem originar células variadas, algumas, por
acumulações de várias mutações, crescem e se dividem descontroladamente à custa das outras, o que resulta em
cancro.
Embora a maioria das mutações não seja nem prejudicial nem benéfica a um organismo, aquelas que têm
consequências prejudiciais são geralmente eliminadas da população por meio da seleção natural – indivíduos que
carregam o DNA alterado podem morrer ou sofrer uma diminuição de fertilidade. Por outro lado, mudanças
favoráveis tendem a persistir e a se espalhar.
Isto leva a crer que, o nosso genoma, e aquele dos nossos relativos,
contém uma mensagem de um passado distante. Graças à
fidelidade da replicação e reparação do DNA.
o Sumário:
1. De DNA a RNA
2. Do RNA às Proteínas
3. RNA e as origens da vida
Todas as células, desde bactérias a humanos, expressam a sua informação genética neste
sentido: DNARNAPROTEÍNA. Um princípio tão fundamental que foi denominado de dogma
central da biologia Molecular
1. Do DNA a RNA
As células copiam o DNA em RNA a partir de um processo denominado de transcrição e depois usam a informação
do RNA para fazer as proteínas, um processo denominado de tradução.
Tal como o DNA, o RNA é um polímero linear composto por 4 diferentes subunidades nucleotídicas, unidas entre si
por ligações fosfodiéster.
Como a cadeia de RNA é simples, ou seja, formada apenas por uma fita, esta pode-se dobrar sobre si mesma em
várias formas tridimensionais. Isto permite alguns RNA’s tenham papéis estruturais, regulatórios ou catalíticos,
enquanto que as funções do DNA se resumem a armazenar informação apenas.
Emparelhamento
convencional
(G-C; A-U)
Emparelhamento não
convencional (G-A; C-U)
- Transcrição do RNA:
A) Uma pequena porção da cadeia de DNA é aberta para que as bases de cada
fita fiquem expostas
B) Uma destas cadeias age como um molde para a síntese de RNA
C) Ribonucleótidos são adicionados pela RNA polimerase um por um, por
complementaridade de bases. A cadeia de RNA produzida é então denominada de
RNA transcrito (RNA transcript)
Tal como a DNA polimerase, a RNA polimerase catalisa a formação de ligações fosfodiéster que ligam os
ribonucleótidos, formando assim o esqueleto açúcar-fosfato da cadeia do RNA.
Os ribonucleósidos trifosfato de entrada (ATP, CTP, UTP, GTP) fornecem a energia necessária à reação.
A síntese do próximo RNA é usualmente começada antes da do primeiro RNA ter sido completa.
As moléculas de RNA que direcionam a síntese de proteínas são denominadas de RNA’s mensageiros (mRNAs).
Nos eucariotas, cada mRNA carrega informação transcrita de apenas um gene, que codifica uma
única proteína. Nas bactérias, um conjunto de genes adjacentes é transcrito como um único
mRNA que, por sua vez, carrega a informação para a produção de diferentes proteínas.
Contudo, existem genes que se destinam simplesmente à criação de outros RNA’s como produtos finais. Estes RNA’s
terão papéis importantes na célula (reguladores, estruturais, catalíticos), tais como:
o A tradução da mensagem genética em proteínas – RNA’s ribossomais (rRNAs) – que formam a estrutura e
o núcleo catalítico dos ribossomas
o A escolha, transporte e colocação dos corretos aminoácidos nos ribossomas – RNA’s de transferência
(tRNAs)
o A regulação da expressão genética eucariótica – micro RNA’s (miRNAs)
Expressão genética processo pelo qual a informação codificada no DNA é traduzida num produto que tem algum
efeito numa célula ou organismo. Quando o produto final é uma proteína a expressão genética inclui a transcrição
e a tradução. Quando o produto final é uma molécula de RNA, a expressão genética não inclui a etapa de tradução.
1.4. Sinais no DNA dizem à RNA polimerase onde começar e acabar a transcrição
i. Nas bactérias:
Quando a RNA polimerase colide aleatoriamente com a molécula de DNA prende-se a esta, mas de forma fraca. A
enzima seguidamente desliza rapidamente ao longo da molécula até encontrar uma região do gene chamada de
promotor e aí trava e prende-se firmemente.
o Promotor – região de um gene que se encontra imediatamente antes do ponto de início da transcrição,
contém uma sequência específica de nucleótidos. O promotor não é transcrito para o RNA.
Nas bactérias existe uma subunidade na RNA polimerase conhecida como o fator sigma (σ). Este fator é responsável
por reconhecer o promotor. Caso não reconhecesse, a polimerase não se ligaria com força à região e
consequentemente não transcreveria o gene. Após reconhecer o promotor dissocia-se da enzima, deixando que
esta transcreva sozinha (quando a molécula de RNA é libertada, a polimerase dissocia-se e o fator sigma liga-se de
novo a ela).
Mas como é que este fator consegue “ver” o promotor, dado que os pares de base estão
situados dentro da dupla cadeia de DNA? R: uma vez que cada base apresenta características
únicas exteriores, este fator não necessita de abrir o DNA a não ser na região de iniciação.
Como é que RNA polimerase sabe qual das duas cadeias de DNA usar como molde? Visto que cada cadeia tem uma
sequência nucleotídica diferente, o que irá produzir um diferente RNA transcrito…
1ª diferença: enquanto as bactérias apenas têm um tipo de RNA polimerase, nos eucariotas existem três
tipos – RNA polimerase I, RNA polimerase II e a RNA polimerase III.
2ª diferença: enquanto que nos procariotas a polimerase é capaz de reconhecer o promotor e iniciar a
síntese sozinha, a polimerase dos eucariotas necessita da ajuda de proteínas acessórias: fatores de
transcrição gerais, que se aglomeram no promotor
3ª diferença: os mecanismos que controlam o início da transcrição são muito mais elaborados (cap. 8). Isto
tem a ver com a quantidade de DNA não transcrito que existe entre os genes, porque os genes estão muito
próximos uns dos outros nos procariontes, mas estão muito afastados uns dos outros nos eucariontes e por
isso existem sequências reguladoras espalhadas pelo DNA.
4ª diferença: A transcrição nos eucariotas tem que tomar em conta o empacotamento do DNA em
nucleossomas e outras formas compactas de cromatina.
Os fatores de transcrição gerias têm um papel similar ao fator sigma da RNA polimerase bacteriana.
Esta imagem mostra como os fatores de transcrição aglomeram-se num promotor usado pela RNA polimerase II.
Este processo de aglomeração normalmente inicia-se com a ligação do fator de transcrição TFIID a um pequeno
trecho de DNA composto essencialmente por T e A, daí o nome de TATA box.
*Passo (B): O fator TFIID causa uma distorção local dramática na dupla hélice do DNA quando
se liga ao promotor, o que ajuda a servir um marco para a montagem subsequente dos outros
fatores.
Quando a RNA polimerase II termina o seu trabalho dissocia-se do DNA, os fosfatos da sua cauda são retirados por
fosfatases e a polimerase fica pronta para encontrar um novo promotor e repetir a sua função. Apenas a versão
desfosforilada da polimerase II consegue iniciar a síntese de RNA.
Nos procariontes, o DNA bacteriano encontra-se diretamente exposto ao citosol, que contém os ribossomas, nos
quais ocorre a síntese de proteínas. Consequentemente, quando uma molécula de mRNA começa a ser sintetizada
numa bactéria, os ribossomas ligam-se imediatamente à extremidade 5’ livre do RNA transcrito e começam a
traduzi-la, enquanto a cadeia ainda está a ser polimerizada do outro lado.
Nos eucariotas, o DNA está preso dentro do núcleo. Por isso, a transcrição
ocorre dentro do núcleo, mas a tradução ocorre no citosol, onde se
encontram os ribossomas. Portanto, antes que mRNA eucariótico possa ser
traduzido, ele tem que atravessar os poros pequenos do invólucro nuclear.
Existem duas etapas de processamento que apenas acontecem naqueles RNA’s transcritos que se destinam a ser
mRNAs (chamados de pré-mRNAs)
1. RNA Capping (= boné): ocorre uma modificação na extremidade 5’ do pré-mRNA (na ponta que é sintetizada
primeiro). O “boné” adicionado consiste numa guanina ligada a um grupo metil.
2. Polyadenylation (= poliadenilação): consiste na adição de uma cauda com muitas adeninas (cauda poli-A)
ao pré-mRNA. Quando este acaba de ser transcrito, a extremidade 3’ (a última a ser sintetizada) é cortada
por uma enzima numa sequência nucleotídica particular e são-lhe adicionadas muitas adeninas por outra
enzima. Esta adição de uma cauda poli-A ocorre durante ou depois do splicing.
1.7. Os genes codificadores de proteínas eucarióticos são interrompidos por sequências não codificadoras
chamadas de intrões
Nos procariontes, a maioria das proteínas é codificada por um trecho contínuo de DNA que é transmitido num
mRNA que pode ser traduzido numa proteína sem sofrer qualquer processamento.
Nos eucariontes, a maioria dos genes codificadores de proteínas têm a sua sequência codificadora interrompida
por sequências não codificadoras longas, denominadas de intrões.
Por isso, a maioria dos RNA’s eucarióticos têm de sofrer mais uma etapa de processamento até se tornarem
funcionais: remoção dos exões.
RNA splicing: processo pelo qual os intrões do pré-mRNA são removidos e os exões são ligados uns aos
outros, dando origem ao RNA maduro.
Embora exista pouca semelhança entre os diferentes intrões, todos eles têm uma sequência quase idêntica nas
suas terminações que atua como um sinal, indicando que aquele segmento é para ser retirado da molécula de RNA
transcrito.
Assim sendo, guiado por estas sequências, o spliceossoma (máquina que realiza o splicing) corta os intrões da
molécula na forma de uma estrutura de “corda de cowboy”, formada pela reação de um nucleótido de Adenina.
Etapas do splicing:
O splicing de RNA é realizado em grande parte por outras moléculas de RNA – small nuclear
RNAs (snRNAs) – em vez de proteínas.
Os small nuclear RNAs são associados a outras proteínas formando small nuclear ribonucleoproteins (snRNPs
pronuncia-se “snurps”).
Este transporte seletivo é mediado pelos complexos dos poros nucleares, que ligam o nucleoplasma ao citosol e
agem como portões que controlam quais macromoléculas podem, ou não, sair, ou entrar, no núcleo.
Mas como é que a célula distingue quais as moléculas corretamente processadas das outras?
Para estar pronta a ser exportada, uma molécula de mRNA tem que estar ligada a um conjunto específico de
proteínas, que reconhecem as diferentes partes de um mRNA maduro sinalizando que aquela molécula foi
corretamente processada. Este conjunto de proteínas inclui:
Uma vez que uma única molécula de mRNA pode ser traduzida em várias proteínas, a quantidade de tempo que
esse RNA ficar na célula irá afetar a quantidade de proteínas que serão produzidas. Por essa razão, cada mRNA é
eventualmente degradado em nucleótidos por ribonucleases (RNAses).
O tempo de vida dos mRNAs difere de uns para os outros, dependendo da sua sequência nucleotídica e da
importância da proteína que ele traduz para a célula. Normalmente, o tempo de vida destas moléculas nos
procariontes (3min) dura muito menos que nos eucariontes (até 10h).
Esta diferença de tempos de vida é controlada por uma sequência do próprio mRNA, situada numa porção
denominada de região 3’ não traduzida (3’ untranslated region), que fica entre a extremidade final 3’ da molécula
e a cauda poli-A.
Quando a célula precisa de grandes quantidades de uma certa proteína ela faz mRNAs com um
tempo de vida longo, os de tempo de vida curto são usados para sintetizar proteínas em
pequenas quantidades e proteínas cujas quantidades se alteram rapidamente conforme os
estímulos.
O processo da transcrição é universal: todas as células usam uma RNA polimerase para a transcrição e pares de
bases complementares.
No entanto, nos eucarióticos existe splicing, devido à existência de intrões, ao passo que nos procarióticos este
processo não existe. Como se explica que os eucarióticos possuam intrões e os procarióticos não?
2 hipóteses:
E assim este tópico sobre se os intrões evoluíram cedo e foram perdidos em procariontes, ou se evoluíram mais
tarde em eucariontes é ainda um tópico em debate.
2. Do RNA às Proteínas
2.1. A sequência de um mRNA é descodificada em conjuntos de 3 nucleótidos
Visto que existem apenas 4 diferentes nucleótidos no mRNA, mas 20 tipos diferentes de amino ácidos nas proteínas,
o processo de tradução não pode ser feito através da correspondência de 1 nucleótido com 1 aminoácido. Por isso
existem regras, a coisa não é tão linear como é na transcrição.
o Código genético Regras pelas quais a sequência nucleotídica de um gene, através de uma molécula de
mRNA intermediária, é traduzida numa sequência de aminoácidos (aa) de uma proteína.
A única forma de obtermos 20 aminoácidos a partir de 4 nucleótidos é através da codificação de 3 nucleótidos pois
4*4*4=64. No entanto, não temos 64 aa. Como é que se explica isto?
4 < 20
4*4 = 16 < 20
4*4*4= 64 > 20
Isto é possível porque o código genético é redundante, isto é, o mesmo aa pode ser obtido por mais do que
um codão.
Não baralhar!
1 codão codifica apenas 1 aminoácido, por exemplo, o codão AAA apenas codifica a Lys (lisina)
1 aminoácido pode ser codificado por vários codões, por exemplo, a Lys (lisina) pode ser codificada pelo
codão AAA e AAG
As mitocôndrias têm o seu próprio DNA, com a sua própria maquinaria de replicação, transcrição
e tradução. Elas operam de forma independente do resto da célula
Contudo apenas uma destas possibilidades está correta, porque existe um codão
na molécula de mRNA que sinaliza onde a tradução se deve iniciar. – Codão de
iniciação.
Os codões do mRNA não reconhecem nem se ligam diretamente ao seu a.a. Para isso existem moléculas
adaptadoras que reconhecem e ligam-se a um codão numa ponta e a um a.a. noutra – os RNAs de transferência
(tRNA).
Para que os tRNAs consigam se ligar a um codão têm primeiro que estar ligados ao correto aminoácido. O
reconhecimento e ligação covalente do correto aminoácido depende de enzimas – aminoacil-tRNA sintetases.
Cada aminoácido possui a sua sintetase, isto significa que existem ao todo 20 sintetases. Por exemplo, uma
reconhece os tRNAs que se ligam à glicina e liga uma glicina a eles, outra reconhece os tRNAs que se ligam à
fenilalanina e liga fenilalaninas a essas moléculas…
As sintetases sabem que devem adicionar certos a.a. a um tRNA a partir dos nucleótidos do seu
anticodão e dos do seu local de ligação ao a.a.
A reação catalisada pela sintetase é uma reação que necessita de energia, por isso ocorre a hidrólise de ATP a AMP
na ligação entre a cadeia simples 3’ do tRNA e o seu aminoácido respetivo. A energia desta ponte aa-tRNA é depois
usada para ligar covalentemente o aminoácido à cadeia da proteína em preparo.
As subunidades do ribossoma ligam-se ao mRNA, iniciando a tradução no sentido 5’3’. O mRNA é puxado ao
longo do ribossoma e, à medida que a molécula se move, o ribossoma vai realizando a tradução dos codões em a.a.
No final, as duas subunidades do ribossoma voltam a separar-se.
As subunidades dos ribossomas são formadas no nucléolo, mas elas apenas se juntam no
citoplasma para que a célula não corra o risco de traduzir RNA que ainda não foi ou que foi mal
processado.
Os ribossomas apresentam um centro ativo para a ligação ribossoma-mRNA e 3 centros ativos para a ligação
ribossoma-tRNA, o centro/sítio A, o P e o E.
1. Para adicionar um aminoácido à cadeia polipeptídica, o apropriado Trna (carregado com o seu a.a.) entra
no ribossoma pelo centro A (através de complementaridade de bases anticodão tRNA-codão mRNA).
2. O ribossoma avança, o tRNA-aa avança um centro ativo, e é ligado à cadeia polipeptídica no centro P. Neste
passo já está outro tRNA-aa no centro A.
3. Por último, o ribossoma continua a avançar no mRNA “empurrando” o tRNA com o a.a. para o centro E,
mesmo antes de o ejetar (aí o tRNA separa-se do a.a. já ligado à cadeia).
Estes 3 passos são repetidos à medida que o mRNA é puxado pelo ribossoma até que um codão Stop seja
encontrado na molécula.
Os RNAs com atividade catalítica são ribozimas. Portanto, um ribossoma é uma ribozima.
A tradução de um mRNA começa com um CODÃO AUG e um tRNA iniciador que carrega SEMPRE A METIONINA
(ou formas modificadas de metionina, como acontece nas bactérias).
Portanto, todas as proteínas “acabadinhas de sair do forno” têm a metionina como seu primeiro
aminoácido, na sua extremidade amino. Esta metionina é normalmente removida mais tarde por
uma protease.
o mRNA de uma bactéria não possui aquele “capuz” que indica a sua extremidade 5’. Em vez disso, têm
sequências específicas de nucleótidos localizadas antes dos AUGs, é aí que a tradução começa. Isto permite que o
ribossoma consiga se ligar a qualquer codão do mRNA, desde que exista esta sequência antes dele (isto faz com
que o próximo ponto seja possível)
o mRNA de um procariótico é policistrónico – isto é, eles codificam várias proteínas diferentes, cada uma das
quais é traduzida da mesma molécula de mRNA. O dos eucariotas é monocistrónico.
Ambas as moléculas de RNA, tanto em procariotas como eu eucariotas, apresentam uma sequência de finalização
– um codão STOP: UAA, UAG e UGA. Estes codões não são reconhecidos por nenhum tRNA, portanto não
codificam para nenhum a.a.
Os codões STOP servem de sinal para os ribossomas pararem a tradução. Neles estão aglomerados fatores de
libertação, que, ao se ligarem ao centro ativo A do ribossoma, alteram a atividade da Peptidil-transferase,
causando a catalisação da adição de uma molécula de água em vez de um a.a. ao tRNA Peptidil.
O única coisa que segura a cadeia polipeptídica em crescimento ao ribossoma é a ligação do tRNA
Peptidil-aminoácido.
A molécula de água liberta a extremidade carboxilo da molécula de tRNA. Como consequência, não há nenhuma
ligação que segure o péptido ao ribossoma e este é libertado, juntamente com o mRNA e as duas subunidades do
ribossoma.
Múltiplos ribossomas geralmente se ligam a uma única molécula de mRNA formando um polissoma ou
polirribossoma. Isto proporciona uma síntese rápida de um conjunto de proteínas iguais a partir de um único mRNA.
Nas bactérias a síntese de proteínas a partir dos polissomas é muito mais rápida porque, como o
mRNA não é processado, assim que ele está a ser sintetizado, a tradução já se inicia. Os ribossomas
acompanham assim a RNA polimerase.
Existem diferenças subtis na maneira que os eucarióticos produzem RNA e proteínas dos procarióticos. A medicina
moderna teve isto em conta e muitos dos nossos antibióticos são compostos que atuam inibindo a síntese de RNA
e proteínas procariotas, mas não a síntese proteica eucariota.
Estes compostos podem então ser tomados em doses suficientemente altas para dar cabo de bactérias, mas sem
serem tóxicos para o nosso corpo.
Os fungos são eucariotas, tal como nós. Neste sentido, as toxinas usadas pelos fungos para matar
bactérias podem ser usadas por nós para matar as nossas bactérias, sem que sejamos afetados
pelas toxinas. Isto é seguro porque estas toxinas não afetam os eucariontes, só os procariontes.
2.9. A desnaturação controlada de proteínas ajuda a célula a regular a quantidade de cada proteína
Depois de uma proteína sair do ribossoma, a célula consegue controlar a sua atividade e longevidade de várias
formas. Uma célula consegue controlar a quantidade certa de proteínas a partir:
- Da quantidade de síntese
- Dos seus tempos de vida
Portanto, quando uma célula está com muitas proteínas ou com proteínas danificadas ou deformadas, desnaturá-
las em aminoácidos é uma boa opção para regular os seus números.
Termos a saber:
Proteólise – processo pelo qual a célula desnatura enzimaticamente uma proteína em aminoácidos
Proteases – enzimas que degradam as proteínas primeiro em pequenos péptidos e depois em aminoácidos,
cortando os ligações peptídicas (hidrolisando-as)
Proteossoma – Complexo proteico onde as proteínas são degradadas. Esta máquina está presente tanto no
citoplasma como no núcleo da célula
O Proteossoma é composto por Proteases no seu centro e por complexos proteicos nas
suas extremidades. É responsável pela desnaturação de proteínas com recurso à
hidrólise de ATP.
Nos eucariontes, os proteossomas atuam primeiramente nas proteínas que foram “marcadas/sinaladas” para
destruição a partir de uma ligação covalente com a ubiquitina. Estas proteínas ubiquitinadas são então
reconhecidas e desdobradas pelas extremidades proteicas do Proteossoma e destruídas no seu centro pelas
Proteases.
[O proteossoma também pode ser chamado de sistema proteolítico ubiquitino-dependente.]
O RNA é, por ser capaz de se autocatalisar e de armazenar informação genética, a molécula que ocupa o papel
central na origem da vida.
O DNA origina proteínas, mas necessita de proteínas para originar proteínas. Como se explica a síntese de proteínas
a partir do DNA, se ainda não havia proteínas que guiassem a sua obtenção primeiro?
A resposta a é: antes do DNA, o que estava nas células era RNA. Este tinha a capacidade de, a partir de
ribozimas (moléculas de RNA com atividade catalisadora), catalisar reações que estariam na origem de
proteínas.
As células ancestrais tinham a sua informação genética armazenada em RNA em vez de DNA
A ribose é facilmente obtida a partir de formaldeído. Por sua vez, na terra primitiva, o formaldeído era um
composto muito comum.
A desoxirribose não é facilmente obtida de formaldeído, mas sim de uma reação, catalisada por proteínas
(enzimas) que permitem a obtenção de desoxirribose, a partir da ribose.
O DNA necessita de proteínas para sintetizar proteínas…
o DNA surgiu mais tarde e permaneceu nas células por ser capaz de
armazenar informação genética de forma permanente, dado que as suas
ligações desoxirribose-fosfato lhe conferem maior estabilidade e como tal,
maior resistência à quebra.
A estrutura em dupla hélice e o uso de timina em vez de uracilo reforça a
estabilidade e torna a molécula mais fácil de reparar.
A deaminação é mais fácil de detetar e reparar no DNA do que no RNA, isto
porque o produto da deaminação da citosina é o uracilo, que existe
naturalmente no RNA, logo uma deaminação no RNA vai se tornar impossível
de detetar para as enzimas de reparação.
PAGINA 281
o Sumário:
1. Expressão génica – Vista geral
2. Controlo a nível da transcrição
3. Os mecanismos moleculares criadores dos vários tipos de células
4. Controlos pós-transcricionais
Uma célula diferenciada expressa cerca de metade dos genes do seu genoma total. A
diferenciação ocorre porque as células fazem e acumulam diferentes conjuntos de RNAs e
proteínas.
Como é que sabemos que as células não perdem os genes que não utilizam?
R: Experimentos onde o genoma de uma célula diferenciada foi usado para direcionar o desenvolvimento de um
organismo completo são a prova de como as células não perdem o seu genoma quando se diferenciam. Caso
perdessem, este feito seria impossível, portanto as modificações nos cromossomas das células diferencias não são
irreversíveis.
Retirou-se o núcleo de uma célula da pele de um sapo adulto e injetou-se num ovo anucleado, ao fim de alguns
casos, o ovo manipulado se transformou num girino. O mesmo feito foi atingido quando usaram cenouras e vacas
num experimento parecido.
Quando foi realizada uma eletroforese às células do fígado, coração e cérebro, notou-
se que determinadas proteínas eram específicas de um certo tipo de tecido, ou seja,
que haviam proteínas numa célula do cérebro que não haviam numa célula do
coração. São estas proteínas específicas as responsáveis pelas propriedades distintas
de cada tecido.
Por sua vez, esta técnica também revelou que haviam proteínas comuns a todas as
células: proteínas estruturais cromossómicas, RNA polimerase, enzimas de reparação
do DNA, proteínas ribossomais, proteínas metabólicas (Ex.: envolvidas na glicólise) e
proteínas do citoesqueleto.
Cada célula diferenciada produz proteínas específicas que irão determinar a sua forma, tamanho,
comportamento e função
Muitas proteínas são produzidas em poucas quantidades nas células, não sendo depois detetadas
por eletroforese. Um outro método mais rigoroso designa-se de “mass spectometry”. Esta
técnica é mais sensível que a eletroforese sendo capaz de detetar estas proteínas de menor
quantidade.
A expressão génica pode ainda ser estudada pela monitorização de mRNAs, pois eles codificam proteínas.
1.3. Uma célula pode alterar a sua expressão génica em resposta a estímulos externos
Por exemplo, se uma célula do fígado for exposta ao cortisol (hormona esteroide) a sua síntese proteica aumenta
dramaticamente. O cortisol é libertado em períodos de fome, exercício intenso ou stress prolongado e faz com que
as células do fígado aumentem a produção de glicose. Quando a hormona não está presente, a produção dessas
proteínas retorna ao seu nível de repouso.
Outros tipos de células, como os adipócitos (fat cells) reagem de forma oposta ao cortisol enquanto que outras
células não reagem de todo.
1.4. A expressão génica pode ser regulada em vários passos desde do DNA até à proteína
Apenas o controlo a nível da transcrição (controlo 1) pode assegurar que nenhuma proteína desnecessária é
sintetizada.
a) o promotor de um gene era responsável por ligar a RNA polimerase com força à molécula de DNA e por
orientá-la corretamente no mesmo.
b) os promotores das bactérias e dos eucariotas possuem um “initiation site”, onde a transcrição tem início.
c) Existe uma sequência de nucleótidos a montante do local de início da transcrição que ajuda a polimerase a
reconhecer o promotor
d) Perto do promotor, seja ele eucariótico ou procariótico, existem sequências de regulação do DNA
(“regulatory DNA sequences”) que são usadas para ligas ou desligar o gene em questão.
As proteínas são capazes de reconhecer uma certa sequência nucleotídica porque a superfície da proteína encaixa-
se perfeitamente na superfície da dupla hélix naquela região. Como essas características da superfície irão variar
dependendo da sequência de nucleótidos, diferentes proteínas de ligação ao DNA reconhecerão diferentes
sequências.
As interações DNA-proteína são das mais específicas e das mais fortes ligações conhecidas na
biologia.
Os reguladores da transcrição interagem com o “major Groove” (sulco maior) da dupla hélix de DNA
As bactérias regulam a sua expressão génica de acordo com as fontes de alimentos que estão disponíveis no
ambiente.
Na E. coli, 5 genes codificam para enzimas que sintetizam o aminoácido triptofano. À transcrição coordenada de
um grupo de genes dá-se o nome de operão.
Operão: grupo de genes adjacentes que se encontram funcionalmente relacionados. Estes genes são
transcritos como uma única molécula de mRNA a partir de um único promotor. Estes grupos genéticos são
chamados de operões porque a sua expressão é controlada por um operador, situado entre o promotor.
Concluindo, um operão é constituído por um promotor, um operador e pelos genes estruturais.
Quando as concentrações de triptofano são baixas, o operão é transcrito, o mRNA resultante é traduzido e
as enzimas sintetizadas trabalham juntamente para formar o triptofano em falta.
Quando as concentrações de triptofano são elevadas (por exemplo se a bactéria estiver no intestino de um
mamífero que acaba de comer uma refeição rica em proteínas): o aminoácido é importado para as células
e impede a síntese das enzimas que produzem o triptofano, que não está em falta.
Mas como é que a célula impede que os genes estruturais do operão sejam transcritos?
Entre o promotor de cada operão existe uma pequena sequência de DNA chamada de operador. O operador é
reconhecido por uma proteína reguladora da transcrição. Quando este regulador da transcrição se liga ao operador
impede que a RNA polimerase se ligue ao promotor, impedindo assim a transcrição dos genes estruturais.
No caso do triptofano, a proteína reguladora da transcrição é o repressor de triptofano, uma proteína alostérica.
Quando existe triptofano dentro da célula, estes aminoácidos ligam-se ao repressor de triptofano,
alterando a sua conformação para que seja capaz de se ligar ao operador e assim impedir a transcrição dos
genes estruturais.
Quando não existe triptofano, não existem aminoácidos que se liguem ao repressor, logo este não muda a
sua conformação. Com a sua conformação original o repressor não se consegue ligar ao operador deixando
espaço para a polimerase se ligar e começar síntese de triptofano.
Repressor transcricional: proteína reguladora da transcrição que impede a transcrição dos genes estruturais.
Exemplo: repressor triptofano, Operão triptofano
Ativador transcricional: proteína reguladora da transcrição que promove a transcrição dos genes estruturais.
Exemplo: Ativador CAP, operão Lac
2.4. O operão Lac é controlado por uma proteína ativadora e uma proteína repressora
O operão Lac é controlado pelo repressor Lac e pelo ativador CAP, e é responsável pela codificação de proteínas
importantes na digestão da lactose.
Na ausência de glicose, é compreensível que a bactéria tenha que usar fontes alternativas de carbono, uma delas a
lactose. Para que degradação da lactose ocorra tem que haver lactose no meio (obviamente) e a produção de AMP
cíclico, porque o aumento da concentração desta molécula ativa a CAP que, por sua vez, ajuda a ativar o operão.
O repressor Lac trabalha de forma oposta ao repressor triptofano. No caso do operão triptofano, a molécula efetora
(triptofano) faz com que o repressor se ligue ao operador, enquanto que a molécula efetora do operão LAC (lactose)
faz com que o repressor se desprenda. Os repressores trabalham de forma oposta porque, enquanto o operão
triptofano tem como objetivo a PRODUÇÃO, o operão lactose tem como objetivo a DEGRADAÇÃO.
Quando há lactose no meio, a lactose liga-se ao repressor LAC mudando a sua conformação.
Consequentemente ele desprende-se do operador e dá-se a síntese de mais lactose
Quando não há lactose no meio, o repressor LAC permanece com a sua forma original, ou seja, ligado ao
promotor. Não se dá a síntese de lactose.
Seria inútil o operão LAC estar ativo se não houver lactose na célula, porque seria estúpido estar
a produzir proteínas degradadoras de lactose sem ela estar presente. Portanto, o operão LAC só
fica ativo se não houver glucose na bactéria (para o ativador CAP se ligar ao DNA) e se houver
lactose (para o repressor LAC sair do operador).
Os eucarióticos também usam repressores e ativadores para o controlo da sua expressão génica. O local do DNA
onde uma proteína ativadora se liga é chamado de enhancer (=amplificador), uma vez que a sua presença aumenta
drasticamente a taxa de transcrição.
O modelo mais aceite que explica esta “comunicação à distância” diz que o DNA entre o enhancer e o promotor faz
um loop, ou seja, se propaga para fora, permitindo assim que as proteínas ativadoras influenciem os eventos que
ocorrem no promotor.
Mediador: grande complexo proteico que serve para ligar a proteína ativadora às outras proteínas da
vizinhança do promotor (RNA polimerase e fatores gerais de transcrição). Serve basicamente como ponte
de comunicação.
Os ativadores promovem a montagem de todo este complexo proteico essencial para que ocorra a transcrição,
enquanto que os repressores terão o efeito oposto. Estas proteínas reguladoras da transcrição também conseguem
modificar a cromatina de forma que o acesso à polimerase e aos fatores gerais fique mais ou menos fácil.
Tal empacotamento de DNA pode ter evoluído em parte para prevenir a fuga de mensagens
genéticas desnecessárias, a partir do bloqueio físico da iniciação da transcrição na ausência de
proteínas ativadoras específicas.
Embora alguns repressores atuem apenas sobre um gene, existe outro grupo de repressores que
aturam sobre grandes porções de cromatina, como é o caso da heterocromatina interfásica e de
um dos cromossomas X das mulheres.
Uma vez que uma célula de um organismo multicelular se decida diferenciar num tipo específico de célula, a escolha
geralmente é mantida ao longo das gerações. Isto quer dizer que as mudanças na expressão génica de uma célula
têm de ser relembradas pela mesma, para que possa passá-las corretamente à descendência. A este fenómeno
damos o nome de cell memory e é um pré-requesito para criação de tecidos diferenciados e para a manutenção da
estabilidade das células diferenciadas.
Até agora tratámos os ativadores e repressores da transcrição como proteínas reguladoras de apenas um grupinho
de genes relacionados, para ligar ou desligar a sua transcrição. Isto é verdade para muitas bactérias simples, mas a
maioria das proteínas reguladoras eucarióticas fazem parte de uma “comité” de proteínas reguladoras, todas elas
necessárias para que o gene seja expresso corretamente.
O termo “combinatorial control” (controlo combinatório) refere-se à forma como a transcrição de um determinado
gene é regulada por um conjunto de proteínas reguladoras, como o operão LAC que tinha um repressor e um
ativador.
3.2. A expressão de vários genes pode ser coordenada por uma única proteína
Todas as células precisam de coordenar a sua expressão génica. Uma das formas que os procariontes usam para
coordenar a sua expressão génica é mantendo os genes funcionalmente parecidos organizados em grupinhos a
controlo de um único promotor – os operões.
Nos eucarióticos a regulação da expressão génica é diferente visto que cada gene é transcrito e regulado de
forma individual.
Assim é compreensível que uma única proteína reguladora possa regular a expressão génica de uma célula, basta
ela fazer parte de diferentes combinações e deste modo ativar ou reprimir a expressão de um conjunto de genes,
eles assim podem ser ligados e desligados juntos, como uma unidade coordenada.
3.3. Combinatorial control pode ser responsável pelos diferentes tipos de células
Este mecanismo de desligar e ligar os genes necessários a uma célula é o responsável pela diversidade celular.
Por exemplo, uma célula músculo-esquelética mamífera é distinta das outras células porque
produz um enorme número de proteínas características, tais como:
Os genes que codificam estas proteínas específicas musculares têm então que ser todos ligados
coordenadamente enquanto a célula se diferencia numa célula muscular esquelética. Estudos do
desenvolvimento deste tecido em cultura identificaram um pequeno número de reguladores
chave responsáveis por esta diferenciação
Descobriu-se que estes reguladores transcricionais chave podem até converter uma célula especializada noutro
tipo de célula. Por exemplo, quando um destes reguladores, nomeadamente o MyoD, foi artificialmente introduzido
numa cultura de fibroblastos do tecido conjuntivo da pele, os fibroblastos formaram células com um
comportamento semelhante ao das musculares. Aparentemente estes fibroblastos que, por derivarem do mesmo
folheto embrionário das as células musculares, já tinham acumulado alguns reguladores de transcrição
característicos dos genes musculares, mas não os mais importantes. Assim sendo, a adição de MyoD, um regulador
chave, simplesmente completou a combinação necessária à diferenciação de um fibroblasto a um mioblasto (célula
muscular).
Estes resultados sugerem que, algum dia, pode ser possível fazer em laboratório qualquer tipo de célula, desde que
se saiba quais os reguladores chave para a síntese do seu conjunto de proteínas características.
3.5. A formação de um órgão inteiro pode ser desencadeada por um único regulador de transcrição
Este caso é ainda um tópico em estudo, mas acredita-se que este regulador
“master” desencadeie uma resposta de outros reguladores em cascata, que
juntos conseguem originar um órgão.
3.6. Mecanismos epigenéticos permitem que os padrões de expressão génica sejam transmitidos às células
filhas
Uma vez que uma célula se tenha tornado diferenciada irá permanecer diferenciada e gerar células do mesmo tipo.
Algumas células altamente especializadas, incluindo células do tecido muscular esquelético ou neurónios, nunca
mais se dividem – elas chegaram a um grau terminal de diferenciação (são terminally differentiated).
Para uma célula proliferativa manter a sua identidade – propriedade chamada de memória
celular – o seu padrão de expressão génica, responsável por aquela identidade, tem de ser
passado para as suas células filhas.
A células têm várias maneiras para assegurar que as suas filhas se lembrem que tipo de células são:
Uma maneira é através de feedback loop positivo, onde um regulador de transcrição master ativa a
transcrição do seu próprio gene e de outros genes específicos daquele tipo de célula. Cada vez que a célula
se divide, este regulador é transmitido às células filhas.
Através da modificação das histonas. Quando a célula replica o seu DNA, cada molécula de DNA recebe
metade das histonas que haviam na molécula progenitora, que contêm as modificações do cromossoma
parental. Enzimas podem ligar-se às histonas parentais e conferir as mesmas modificações às novas
histonas vizinhas. Isto faz com que a cromatina filha tenha a mesma estrutura que a cromatina paterna.
Porque cada um destes mecanismos de memória celular (positive feedback loop, metilação do DNA, condensação
da cromatina) transmitem a informação às células filhas sem alterar a sequência nucleotídica do DNA, são
consideradas formas de herança epigenética.
4. Controlos Pós-Transcricionais
4.1. Todos os mRNAs controlam a sua própria degradação e tradução
O tempo de vida de um mRNA, seja procariótico ou eucariótico, é ditado por uma sequência nucleotídica específica
situada entre regiões que não vão ser traduzidas. Estas sequências abrigam sítios de ligação às proteínas envolvidas
na degradação do RNA – RNAses.
Além destas sequências que ditam o tempo de vida da molécula, o mRNA também tem sequências que o ajudam a
controlar com que frequência e eficiência será traduzido. Estas sequências controlam o inicio da tradução.
Dentro da célula existem RNAs não codificantes (noncoding RNAs) com variadas funções tais como funções
estruturais e papéis catalíticos. Dentro deste leque de RNAs não codificantes estão os RNAs reguladores:
microRNAs
small interfering RNAs
long noncoding RNAS
Os microRNAs (miRNAs) são pequenas moléculas de RNA que controlam a expressão génica a partir da sua
interação covalente com os mRNAs, reduzindo a sua taxa de tradução e estabilidade.
Quando o miRNA do RISC se emparelha com uma molécula de mRNA pode acontecer 2 coisas:
O mRNA emparelha-se extensivamente com o miRNA: neste caso o mRNA é imediatamente destruído por
uma ribonucleases do RISC
O mRNA emparelha-se em parte com o miRNA: a tradução da molécula é bloqueada e esta é levada para
uma região específica do citosol onde outras nucleases a irão degradar eventualmente
Portanto uma molécula de miRNA – como uma parte do RISC – consegue eliminar muitas moléculas de mRNA,
bloqueando eficientemente a produção da proteína que aquele mRNA codifica.
4.4. Small interfering RNAs são produzidos a partir de RNAs de dupla cadeia para proteger a célula de infeções
Os small interfering RNAs são moléculas produzidas a partir dos RNAs de dupla cadeia.
Muitos vírus e também elementos genéticos móveis produzem duplas cadeias de RNA que, por serem
potencialmente perigosos, são destruídos pela célula por um processo chamado de RNA interference (RNAi).
Processo RNAi:
3. O RISC deita fora uma cadeia das duas cadeias do siRNA, e usa a
cadeia restante para buscar e destruir moléculas de RNA estranhas
complementares.
Em alguns organismos, a resposta de defesa do RNAi pode passar de tecido para tecidos,
permitindo que o organismo inteiro se torne resistente a um vírus, apenas após algumas das suas
células terem sido infetadas.
4.5. Milhares de RNAs longos não codificantes podem também regular a atividade génica mamífera
Long noncoding RNAs – uma classe de moléculas de RNA que têm mais de 200 nucleótidos e os seus papéis na
biologia não são inteiramente claros.
O long noncoding RNA mais percebido é o Xist – uma molécula enorme com um papel chave na inativação do
cromossoma X. Durante o desenvolvimento, o Xist é produzido por um dos cromossomas X em cada núcleo
feminino. A sua transcrição, em seguida, “gruda por aí” revestindo o cromossoma e, presumivelmente, atraindo as
enzimas e complexos de remodelação da cromatina necessárias à alta condensação da heterocromatina. Acredita-
se que outros long noncoding RNAs possam promover o silenciamento de genes específicos de maneira
semelhante.
o Sumário:
1. Gerando a variação genética
2. Transposões e vírus
3. Examinando o genoma humano
Nenhum gene ou genoma é completamente novo. Em vez disso, a diversidade que existe na forma e função das
células do mundo vivo é apenas um resultado de variações de genes ou em genomas pré-existentes – mutações.
Exon shuffling (rearranjo de exões) 2 ou mais genes podem ser fragmentados e rejuntados formando
um gene híbrido que contém segmentos que pertenciam a genes separados, mas que agora estão no
mesmo gene. Nos eucariotas, esta alteração normalmente ocorre entre os intrões.
Transferência horizontal de genes Ocorre em procariotas e diz respeito a troca de genes entre células
diferentes, sejam da mesma espécie ou não. Permite que uma bactéria resistente a um antibiótico seja
capaz de fornecer parte do seu genoma resistente a outra bactéria num processo chamado de conjugação.
(A transferência vertical de genes diz respeito àquela transferência genética básica de pais para filhos).
1.2. Mutações pontuais são causadas por falhas nos mecanismos normais de cópia e reparo do DNA
As mutações que afetam um único nucleótido são chamadas de mutações pontuais e provêm de erros na replicação
e reparação do DNA. Existem 2 tipos de mutações pontuais:
1. Mutações com significado: podem levar à perda da função do gene ou da proteína que ele origina, ou ainda
melhorar o gene.
2. Mutações sem significado = Mutações neutras: Não alteram a função do gene, nem alteram a proteína. Se
a proteína for alterada, ela continuará funcional porque o a.a. alterado não é essencial para a função da
mesma. Estas mutações estão associadas a alterações num nucleótido de um intrão ou ao 3º nucleótido de
um codão, que, por ser menos específico, codificará para o mesmo aa.
As mutações nas sequências reguladoras do DNA são difíceis de detetar porque elas não afetam a sequência de
uma proteína e podem estar localizadas longe da sequência codificadora do gene.
Apesar disso, muitos exemplos foram descobertos onde estas as mutações pontuais nas sequências reguladoras
tiveram efeitos na produção de proteínas e consequentemente no organismo:
Exemplo 1: A resistência à malária pela mutação pontual numa sequência que afeta a expressão de um recetor
celular da membrana do eritrócito, ao qual o parasita da malária se liga. A mutação impede que este recetor seja
produzido nos eritrócitos, tornando os indivíduos portadores desta mutação imunes à malária.
Exemplo 2: Intolerância (ou tolerância) à lactose. Os nossos antepassados só apresentavam a expressão da enzima
lactase (enzima que degrada a lactose) durante a infância, pelo que, em adultos eram intolerantes a lactose. No
entanto, uma mutação pontual no gene que é responsável pela regulação da expressão da lactase leva a que esta
seja produzida nos adultos que a possuem a mutação.
Muitas proteínas são compostas por um conjunto de domínios funcionais. Nos eucariotas, cada um destes domínios
é codificado por um exão “isolado” (rodeado por intrões). Esta organização facilita a evolução de novas proteínas
pois, através do splicing, um exão de um gene pode ser adicionado a outro exão de variadas formas – exon shuffling.
1.5. A evolução dos genomas foi acelerada pelos Elementos Genéticos Móveis
Este DNA parasítico é capaz de colonizar um genoma e durante este processo alterar a função ou regulação da
expressão de genes existentes. Por vezes são capazes de formar novos genes através da sua fusão com genes do
DNA invadido.
Estes elementos genéticos móveis podem interromper a atividade de um gene se “aterrarem” diretamente na sua
sequência codificante – mutação através de uma inserção (insertion mutation). Como a atividade do gene fica
destruída não haverá a produção da proteína funcional que ele codifica, o que pode causar doenças. Ex: hemofilia
nos humanos.
2. Transposões e vírus
Elementos genéticos móveis podem ser encontrados em todas as células. Acredita-se que 50%
do genoma humano seja DNA destes elementos. Porém, apesar de se poderem inserir em
qualquer célula, não podem sair de uma célula para ir para outra. Ao contrário dos seus relativos
– os vírus.
Vírus – os zombies da biologia, porque apenas apresentam “vida” quando ligados a uma célula. Não
passam de sequências genéticas envoltas numa camada proteica protetora. A sua função é injetar
o seu material genético para uma célula de modo a infetá-la, só assim se conseguem reproduzir.
Podem escapar de uma célula e infetar outra.
Os Elementos genéticos móveis também podem ser chamados de Transposões e são classificados através do
mecanismo que usam para se mover ou transpor.
Além disto, os elementos genéticos móveis também podem “rearranjar” a sequência de DNA. Por exemplo, se 2
transposões, que são reconhecidos pela mesma transposase, se inserirem em regiões vizinhas do mesmo
cromossoma (por exemplo de cada lado de um exão), o DNA entre eles pode ser excisado e inserido noutro gene
ou cromossoma diferente.
Retrotransposões elementos genéticos que se movem via RNA, únicos nos eucariotas.
Em virtude do seu pequeno tamanho, os vírus conseguem passar através de filtros ultrafinos que podem reter até
mesmo a menor célula bacteriana.
A única maneira de um vírus expressar o seu genoma, sintetizar proteínas e reproduzir-se é através de uma célula
hospedeira, procariota ou eucariota.
A reprodução viral é normalmente letal para a célula hospedeira. Na maioria dos casos, a célula
infetada explode (sofre lise celular), libertando os vírus descendentes que infetarão as células
vizinhas. O herpes labial e as bolhas causadas pelo vírus da varicela, refletem a morte localizada
de células da pele humana.
Uma vez que o espaço dentro da cápsula proteica do vírus é limitado, este tem de usar a maquinaria da célula
hospedeira se quiser se reproduzir. Por esta razão o genoma viral codifica proteínas de revestimento viral e
proteínas que se conseguem associar às enzimas do hospedeiro necessárias à replicação do seu material genético.
Retrovírus encontrados apenas nas células eucariotas. Assemelham-se aos Retrotransposões, na medida em que
o DNA é sintetizado a partir do RNA, daí o prefixo retro-, de reverso.
Acredita-se que os retrovírus derivaram de Retrotransposões que adquiriram genes codificadores de proteínas
necessárias à formação de um vírus, incluindo as proteínas de revestimento e a enzima transcriptase reversa.
Dentro da cápsula de um vírus, para além do genoma viral, existem sempre algumas enzimas
transcriptase reversas já formadas. Caso contrário seria aquela história… O DNA codifica para a
enzima transcriptase reversa, mas o RNA precisa já dela formada para sintetizar o DNA. Assim o
problema fica resolvido.
Ciclo de um retrovírus:
Síntese de DNA complementar à cadeia de RNA viral mediada pela transcriptase reversa do vírus.
Integração desta dupla cadeia de DNA viral no genoma da hospedeira mediada pela enzima integrase.
A partir deste passo o vírus está latente (latent), quer isto dizer que cada vez que a hospedeira de divida irá passar
para a descendência uma cópia do genoma viral, conhecida como provírus.
transcrição e tradução do DNA viral em proteínas do envelope viral, proteínas de revestimento e transcriptases
reversas.
Formação e acumulação de vírus que levam à lise celular e infeção das células vizinhas.
A sida (AIDS) é causada pelo vírus HIV, o retrovírus da imunodeficiência. Tal como acontece com outros retrovírus,
o genoma do HIV pode persistir num estado latente como um provírus, incorporado nos cromossomas de uma
célula infetada. Essa capacidade de se esconder nas células hospedeiras complica as tentativas de tratar a infeção
com drogas antivirais. Mas, como a transcriptase reversa do HIV não é usada pelas células para qualquer finalidade
própria, é um dos principais alvos das drogas atualmente usadas no tratamento da AIDS.
Genoma humano: constituído por 46 cromossomas – 22 pares de autossomas e 1 par de gâmetas (X e Y).
O genoma humano é constituído por um grande número de pares de bases, no entanto, as sequências codificantes
e as reguladoras constituem uma pequeníssima porção, menos de 2%. Na verdade, metade do nosso genoma é
feito de elementos genéticos móveis. Contudo, devido às mutações acumuladas, estes elementos não se podem
mover.
Unique sequences: Genes (intrões, exões e sequências reguladoras) + DNA não repetitivo
Repeated sequences: Genes duplicados + repetições simples + Elementos Genéticos Móveis
(Retrotransposões – LINEs e SINEs e fósseis de DNA transposões)
Os Retrotransposões aparecem em duas formas básicas: uma delas formada por uma longa sequencia de pares de
bases conhecida como LINEs, e outra por uma curta sequencia de pares de bases denominada SINEs.
Os LINEs contêm duas enzimas necessárias para transcrição reversa e reintegração no genoma, chamadas
respetivamente de transcriptase reversa e integrase. Estão divididos nos subgrupos L1, L2 e L3.
Os SINEs, não contêm os genes de tais enzimas dependendo dos LINEs para sua propagação.
b) A sequências repetitivas de nucleótidos são particularmente propensas a mutações. Isto porque muitas
vezes são replicadas imprecisamente, pois torna-se difícil de controlar a replicação de uma sequência
repetitiva só de CACACACACA…CACA…, tal como se torna difícil copiar uma palavra assim, exatamente
igual. O número de repetições destas sequências pode variar muito de indivíduo para indivíduo e, porque
apresenta imensa variabilidade, diferenças no número de repetições podem ser usadas para distinguir um
individuo de outro, através da técnica DNA fingerprinting.
c) Duplicação e Deleção de grandes segmentos de DNA (CNVs). Quando o genoma de qualquer pessoa é
comparado com um genoma de referência padrão, observa-se aproximadamente 100 casos em que um
trecho relativamente longo de DNA foi ganho ou perdido. Algumas dessas variações de número de cópias
(CNVs) são muito comuns, enquanto outras estão presentes apenas numa pequena minoria de pessoas.
o Sumário:
1. Análise e manipulação do DNA
2. Clonagem do DNA em bactérias
3. Clonagem do DNA em PCR
4. Exploração da função genética
Isolar um gene não é tão fácil como isolar uma proteína uma vez que ele não existe como uma entidade singular na
célula, existe como uma pequeníssima parte de uma molécula enorme de DNA.
A solução a este problema emergiu com a descoberta de certas enzimas chamadas de nucleases de restrição, que
cortam a dupla hélice do DNA em sequências particulares.
Estas enzimas de restrição foram descobertas em certas bactérias que eram capazes de degradar fragmentos de
DNA que lhes eram artificialmente introduzidos. No entanto, o DNA da própria bactéria permanecia
intacto/protegido porque sofreu modificações químicas para que certas sequências não fossem reconhecidas pelas
enzimas de restrição, nomeadamente através da metilação.
Diferentes bactérias produzem diferentes enzimas de restrição que reconhecem diferentes sequências de
DNA onde irão atuar. Assim sendo, diferentes enzimas de restrição darão origem a diferentes fragmentos
de diferentes tamanhos.
Uma vez que as sequências alvo das nucleases de restrição são curtas – cerca de 4 a 8 pares de
nucleótidos – uma molécula de DNA pode ser cortada em muitos sítios. O corte enzima de
restrição – sequencia alvo é extramente preciso, e sempre o mesmo para a mesma nuclease.
1.2. A eletroforese é uma técnica capaz de separar os fragmentos de DNA por tamanho
Após uma molécula de DNA ser clivada em pedacinhos por uma enzima de restrição, os resultantes fragmentos de
DNA podem depois ser separados uns dos outros por tamanho – eletroforese (o mesmo método usado para separar
proteínas).
Técnica da Eletroforese:
Os fragmentos de DNA espalham-se pelo gel de acordo com os seus tamanhos, formando uma escada de bandas
discretas, cada uma composta por uma coleção de moléculas de DNA de comprimento idêntico. Para isolar um
fragmento de DNA desejado, a pequena secção do gel que contém a banda é removida com um bisturi e o DNA é
então extraído.
1.3. As bandas de DNA no gel podem ser vistas a partir de tintas fluorescentes ou radioisótopos
O DNA, por si só, é transparente. Para que as bandas de DNA sejam vistas, este tem que ser marcado ou colorido
de alguma forma:
Método A: expor o gel de agarose (ou de poliacrilamido) a uma tinta que se torna
fluorescente sob luz ultravioleta (UV) quando ligada ao DNA. Neste caso, quando o gel
é colocado sob uma luz UV as bandas de DNA brilham de laranja, ou de branco quando
o gel é fotografado a preto e branco.
Método B (para uma deteção mais sensível): incorporar um radioisótopo nas moléculas de DNA antes de
começarem a sofrer eletroforese. O radioisótopo 32P é mais frequentemente usado por poder ser
incorporado nos fosfatos do DNA. Como as partículas β emitidas pelo 32P podem ativar as partículas
sensíveis à radiação no filme fotográfico, uma folha de filme colocada no topo do gel de agarose, quando
revelada, mostrará a posição de todas as bandas de DNA.
Estes 2 métodos permitem que todas as bandas de DNA do gel sejam vistas, mas não revelam qual das bandas
contém a sequência de DNA de interesse. Para fazer isso uma sonda é projetada para se ligar especificamente à
sequência nucleotídica desejada por emparelhamento de bases.
1.4. A hibridação é uma maneira sensível de detetar certas sequências específicas de DNA
Para encontrar a sequência de interesse nos fragmentos obtidos, podemos tirar partido do facto de cada fragmento
de DNA ser capaz de emparelhar (naturalmente) com uma sequência complementar.
Quando o DNA é submetido a altas temperaturas (+/- 90ºC) ou a condições de pH extremas (geralmente pH básico),
as cadeias covalentes começam a se separar, uma vez que as pontes de hidrogénio são desnaturadas. Se o DNA for
novamente colocado em condições de temperatura e pH normais, as cadeias voltam a se unir. A este processo dá-
se o nome de Hibridação ou Renaturação.
Esta capacidade fundamental de complementaridade de bases entre cadeias simples faz com que seja possível
detetar sequências nucleotídicas específicas a partir de uma sonda de DNA curta – uma cadeia simples que seja
complementar à sequência nucleotídica de interesse.
Como as sequências de nucleótidos de muitos genomas são conhecidas e armazenadas em bancos de dados
acessíveis ao público, projetar uma sonda torna-se simples.
“A hibridação é levada a cabo através do recurso a sondas de DNA desenhadas com o objetivo de
reconhecerem sequências de nucleótidos específicas (sequência de interesse)”
Após este passo temos os fragmentos de DNA fixados ao papel de nitrocelulose. Após a remoção do papel, o
DNA fixado pode ser então analisado.
Se o que se pesquisa é uma determinada sequência de DNA, então dá-se uma sequência que lhe seja
complementar (sonda) marcada com uma substância radioativa, de forma a que o conjunto sonda + DNA possa
depois ser visualizado numa película de raio X.
Antes de se expor o papel com os fragmentos e a sonda à radiação, este deve ser primeiramente
lavado, de modo a que permaneça no papel apenas sondas marcadas radioactivamente que se
tenham ligado aos fragmentos.
Neste caso, temos fragmentos de mRNA que sofreram eletroforese e as sondas são, também, DNA (em cadeia
simples).
(outra técnica relacionada com as proteínas e não com o DNA. Não está relacionada com o capítulo, mas é importante não esquecer):
Os anticorpos reagem seletivamente com proteínas únicas, sendo proteínas produzidas pelo sistema imunitário
(linfócitos B) que reagem contra moléculas (antigénios) presentes em substâncias estranhas, identificando-as. O
sistema imunitário produz milhões de anticorpos que identificam antigénios específicos, que podem ser proteínas,
hidratos de carbono, etc. Um linfócito apenas produz um tipo de antigénio. Os anticorpos podem ser produzidos
pela inoculação de um animal com qualquer proteína estranha. Os anticorpos podem ser criados contra proteínas
purificadas de células, tal como outros materiais que podem ser utilizados para imunização. Existem anticorpos que
reconhecem péptidos de 10 a 15 aa, por isso, conhecendo apenas o início do gene que se pretende clonar, é possível
produzir anticorpos que reagem contra a proteína inteira.
Clonagem de DNA Produção de várias cópias idênticas de uma sequência de DNA. Esta amplificação permite,
por exemplo, produzir uma elevada quantia de uma mesma sequência de nucleótidos que origina proteínas
importantes no tratamento de doenças.
2.1. A clonagem de DNA começa com a fragmentação do genoma e produção de DNA recombinante
Até mesmo os mais pequenos genes são muito grandes para serem manuseados facilmente em laboratório. Por
essa razão, o processo de clonagem do DNA começa sempre pela fragmentação do mesmo, através das nucleases
de restrição existentes nas bactérias. Seguidamente, estes fragmentos podem ser juntados/recombinados, com a
ajuda da DNA ligase, para a produção de um DNA de interesse que será por fim amplificado/clonado.
A DNA ligase permite que os investigadores liguem quaisquer 2 segmentos de DNA existentes num
tubo de ensaio, produzindo assim um DNA recombinante, ou seja, uma molécula de DNA contruída
de forma artificial, que não pode ser encontrado na natureza.
Após a seleção do fragmento de interesse temos de arranjar maneira de o replicar. Uma das formas de um fazer é
introduzindo-o numa bactéria. Para isso, os fragmentos de DNA gerados pela ação de uma nuclease de restrição
têm que ser inseridos numa outra molécula de DNA especial que serve como um transportador, ou vetor, que pode
ser copiado (e assim amplificado) dentro da bactéria.
Os vetores usados para a clonagem de DNA são moléculas circulares pequenas chamadas de plasmídeos.
Os plasmídeos usados na clonagem não passam de plasmídeos mais simples que os naturalmente
encontrados nas bactérias. Esses plasmídeos bacterianos carregam genes que tornam a bactéria
resistente a um ou mais antibióticos – à penicilina, por exemplo. Daí a penicilina não ser mais eficaz
contra muitas infeções bacterianas, porque os plasmídeos que conferem resistência ao antibiótico
se espalharam entre as espécies bacterianas pela transferência horizontal de genes.
Para introduzir o DNA recombinante numa célula bacteriana, os pesquisadores aproveitam o facto de que algumas
bactérias naturalmente absorverem moléculas de DNA presentes em seus arredores, por exemplo, absorverem o
DNA expelido de bactérias mortas – mecanismo denominado de transformação (porque as primeiras observações
sugeriam que poderia “transformar” uma bactéria noutra).
Num tudo de ensaio, bactérias tais como a E. coli podem ser influenciadas a “engolir” o plasmídeo purificado. Estas
bactérias são depois mergulhadas num caldo nutritivo com todas as condições à sua proliferação. Cada vez que
uma população bacteriana duplica, o número de cópias do DNA recombinante também duplica. Isto quer dizer que,
ao fim de um dia estas células produzirão centenas de milhões de cópias do plasmídeo, juntamente com o gene
desejado que contém (ex.: gene que produz insulina).
Os investigadores conseguem distinguir as bactérias que “engoliram” o plasmídeo das que não o
têm a partir da sua resistência a um certo antibiótico. Ou seja, dentro do plasmídeo é incorporado
um gene que confere à bactéria resistência a um antibiótico. No caldo nutritivo onde a bactéria é
mergulhada estará presente este antibiótico. As bactérias que morrerem não possuíam o
plasmídeo, as que forem capazes de crescer e proliferar têm-no.
Razões para a E. coli ser muito utilizada na técnica do rDNA (DNA recombinante)
o Multiplica-se rapidamente
o Expressa rapidamente a proteína recombinante
Aspetos negativos que a levaram a ser substituída por Saccharomyces cerevisiae
o Acumulação intracelular de proteínas heterólogas
o Degradação do produto devido a vestígios de impurezas da protease
o Produção de endotoxina
Vantagens da utilização de organismos eucarióticos na rDNA
o Se forem simples, são capazes de se reproduzirem rapidamente
o Realizam glicosilação de proteínas
o Não produzem endotoxina
Caso queiramos obter proteínas, antes de mais, é essencial usar um plasmídeo que
apresente sequências reguladoras da transcrição e da tradução (como o caso do promotor)
e após selecionarmos as bactérias que apresentam o plasmídeo recombinante, provocamos
a sua lise, e, em vez de procurarmos pelos plasmídeos, procuramos pelas proteínas, num
processo chamado de cromatografia.
Anticoagulantes
Quando um genoma é cortado por uma nuclease de restrição, milhões de diferentes fragmentos de DNA são
gerados. Seguidamente todos estes fragmentos são inseridos em vetores dentro de bactérias e aquelas que
amplificaram o fragmento de DNA desejado são depois selecionadas.
Apenas é colocado 1 fragmento de DNA por cada plasmídeo. Os plasmídeos recombinantes são
introduzidos na E. coli numa concentração que assegura que não mais do que uma molécula de
plasmídeo é absorvida por cada bactéria.
Para ficar mais simples, apenas os fragmentos de DNA coloridos são mostrados
na biblioteca. Na realidade, todos os diferentes fragmentos a cinzento
também deveriam ser representados na biblioteca.
Nos primeiros dias de clonagem, os investigadores que desejassem estudar um gene codificador de proteínas
determinariam primeiro parte da sequência de aminoácidos da proteína (para depois deduzirem a sequência
genética da sonda apropriada). Hoje em dia, a sequência de qualquer gene de um organismo pode ser pesquisada
num banco de dados eletrónico, tornando simples o desenvolvimento da sonda que pode ser sintetizada sob
encomenda (procedimento mais fácil, mais rápido e mais barato).
Biblioteca de cDNA biblioteca de genes que estão livres dos seus intrões e que, para tal, tiveram de ser obtidos
a partir de mRNAs de um tecido particular ou de células em cultura. Esta biblioteca é mais vantajosa uma vez que
os genes ficam mais simples de manusear (mais pequenos) e mais simples de serem lidos pelas bactérias que são
incapazes de remover intrões. (O DNA desta biblioteca não é então DNA genómico)
Para fazer esta biblioteca serão necessárias as enzimas transcriptase reversa e a polimerase.
Possibilita a obtenção de uma molécula de DNA sem interrupções, contendo apenas sequências codificadoras,
permitindo assim, a introdução dos genes em bactérias ou leveduras (ambas incapazes de remover intrões),
permitindo a obtenção de proteínas em massa. Também pode ser boa opção quando se pretende determinar a
sequência de nucleótidos pela qual a molécula é constituída.
PCR Uma abordagem mais rápida e direta à clonagem de DNA. Hoje a maioria dos genes é clonada via PCR. É
também uma técnica notavelmente sensível: o método pode ser usado para detetar as quantidades vestigiais de
DNA numa gosta de sangue deixada numa cena de crime.
A PCR é realizada inteiramente num tubo de ensaio, sem necessidade de usar vetores e bactérias.
3.1. PCR usa uma DNA polimerase para amplificar as sequências de DNA num tubo de ensaio
A técnica de PCR:
o Técnica completamente in vitro, ou seja, não recorre a células para a replicação do material genético
o Baseia-se na utilização da DNA polimerase e de primers
o Os primers são moléculas sintéticas de DNA (feitas pelos experimentadores que devem saber pelo menos
o início e fim da sequência a replicar)
o A DNA polimerase é isolada de uma bactéria termofílica de modo a suportar as altas temperaturas
o Não é necessário adicionar novas polimerases em cada ciclo
o Usada para amplificar amostras especialmente pequenas tendo como molde DNA ou RNA (portanto, capaz
de fazer cópias genómicas ou de cDNA), sem gastar tanto tempo como para a construção de uma biblioteca
de DNA.
Os primers utilizados não servem apenas como pontos de partida para a replicação de DNA, eles
direcionam a polimerase para a sequência de DNA específica a ser amplificada. Tal como as sondas,
estes primers são feitos quimicamente pelo experimentador. Assim, a PCR só pode ser usada para
clonar um segmento de DNA para o qual a sequência é conhecida antecipadamente.
3.2. Vários ciclos de amplificação do DNA in vitro geram bilhões de cópias da sequência de DNA desejada
Durante a PCR o ciclo de amplificação é repetido dezenas de vezes. Cada ciclo dura aproximadamente 5 min.
Etapas:
1. Uma cadeia dupla de DNA é submetida ao calor por alguns instantes de modo a que as duas cadeias de
separem (desnaturação da molécula)
2. Procede-se a um arrefecimento do DNA, na presença de um excesso de primers, de modo a que estes se
liguem, por complementaridade, à região do DNA a ser amplificada (menor temperatura favorece a
hibridação dos primers)
3. À mistura unta-se DNA polimerase + os desoxirribonucleósidos trifosfato, iniciando a replicação a partir dos
primers
4. O ciclo reinicia pelo aumento da temperatura novamente, de modo a promover a desnaturação das cadeias
duplas
Nos ciclos subsequentes, todas as moléculas recém-sintetizadas de DNA produzidas pela polimerase servem como
modelos para a próxima rodada de replicação. (bilhões de cópias podem ser feitas após cerca de 20 a 30 ciclos).
Por eletroforese, torna-se depois possível separar as sequências mais pequenas das maiores e dos
primers.
Aplicações:
o Medicina Forense – realizar DNA fingerprint para distinguir o culpado de um crime – recorrendo a primers
específicos que são complementares de sequências muito variáveis de pessoa para pessoa e que
conseguem detetar em pequenas amostras biológicas, a presença/ausência de correspondência. Nestas
situações, as sequências de nucleótidos avaliadas são as STRs (o locus STR). Neste locus o número de
repetições é bastante variado.
Lógica do DNA fingerprint: No DNA fingerprint as sequências de DNA analisadas são constituídas
por repetições (STRs) [exemplo: CACACA… ou GTGTGTGTGTGTGT…]. Os STRs são encontrados em
várias posições (loci) pelo genoma humano. O número de repetições varia de 4 a 40x em diferentes
indivíduos. Portanto, devido a esta variabilidade 1 individuo geralmente herdará um número
diferente de repetições em cada locus (posição no cromossoma) de STR, isto porque um locus de 1
cromossoma veio da mãe (que tem por exemplo 5 repetições) enquanto que outro locus do outro
cromossoma veio do pai (que terá por exemplo 38 repetições). Isto faz com que a probabilidade de
2 indivíduos não relacionados (excluindo gémeos idênticos) terem STRs idênticas seja praticamente
nula.
examinados, mais confiantes serão os resultados. Ao examinar 5-10 bandas as chances de que 2
indivíduos aleatórios compartilharem a mesma impressão digital (o mesmo padrão de bandas) são
aproximadamente um em 10 bilhões. Neste caso, os indivíduos A e C podem ser eliminados das
investigações enquanto o B é um suspeito claro.
O método atualmente usado para a descodificação do código genético é: Dideoxy DNA sequencing ou Sanger
method.
Amostra de DNA
DNA polimerase
Primer
Desoxirribonucleósidos trifosfatos (dNTPs)
Nucleótidos especiais de terminação de cadeia – chamados de didesoxirribonucleósidos trifosfatos
(ddNTPs).
Função dos ddNTPs: impedir alongamento da cadeia nova. Como não têm OH na posição 3’, dps deles se ligarem
mais nenhuma base se consegue ligar.
(A) Uma amostra de DNA é distribuída dentro de 4 tubos, a mesma quantidade de DNA, polimerase, primers,
dNTPs e a mesma quantidade de 1 ddNTP diferente em cada tubo.
(B) Os tubos são aquecidos para que as fitas duplas de DNA se separem em fitas simples. Seguidamente o
primer liga-se a uma sequência específica de DNA e a polimerase começa a fazer o seu trabalho.
(C) Os dNTPs vão sendo encaixados na nova cadeia e quando um ddNTP é introduzido ao acaso na mesma o
alongamento da cadeia pára.
(D) Assim várias moléculas de DNA de tamanhos diferentes serão produzidas em cada tubo.
(E) Em seguida, é feita um eletroforese em gel (processo que separa as moléculas de DNA pelos seus
tamanhos). Cada coluna representa um ddNTP de um tubo diferente e cada banda mostra o tamanho da
molécula de DNA com um ddNTP específico no fim da cadeia. Assim o resultado da eletroforese nos informa
a sequência das bases de DNA da cadeia de amostra onde a cadeia mais curta (que migrou mais)
corresponde à primeira base da sequência do gene em questão e assim por diante até a cadeia mais longa
que representa a última base do gene.
Sequência descoberta
Atualmente o método de Sanger é mais robotizado: Este método usa uma quantidade excessiva de dNTPs normais
mais uma mistura de 4 ddNTPs diferentes. Cada 1 destes 4 ddNTPs é marcado com uma tinta fluorescente de uma
cor diferente. Os produtos de reação são carregador ao longo de um fino gel capilar e separados por eletroforese.
Uma câmara lê a cor de cada banda no gel e alimenta os dados para um computador que monta automaticamente
a sequência.
4.2. Nova técnica de sequenciação – Sequenciamento de Nova geração (next generation sequencing)
As técnicas de sequenciamento de nova geração tornam o sequenciamento do genoma mais rápido e mais barato.
A maioria destes novos métodos depende da amplificação por PCR de fragmentos de DNA ligados a um suporte
sólido (lâmina de vidro ou uma placa de pipetar). Para cada fragmento, a amplificação gera um “cluster” que contém
cerca de 1000 cópias de um fragmento de DNA individual. Dezenas de milhões desses clusters são sequenciados ao
mesmo tempo.
Cada molécula de DNA é lentamente puxada através de um canal muito pequeno (capilar). Como cada um dos 4
nucleótidos tem uma forma diferente e característica, a forma como o um nucleótido obstrui o poro ao passar
revela a sua identidade – informação que é então usada para compilar a sequência da molécula de DNA.
Este método não requer amplificação ou rotulagem fluorescente. O que reduz ainda mais o custo e o tempo do
procedimento.
4.3. Análises comparativas do genoma podem identificar genes e prever a sua função
As cadeias de nucleótidos, à primeira vista, não revelam nada sobre o desenvolvimento do organismo vivo, ou
mesmo que tipo de organismo essa sequência poderia codificar. Uma maneira de saber a função de um gene
particular é comparar a sua sequência com as sequências conhecidas disponíveis em bancos de dados públicos,
usando um programa de computador para procurar por similaridade de sequência.
Assim, uma busca por similaridade pode identificar com que frequência e de qual organismo um determinado
segmento de DNA foi derivado e quais espécies estão mais intimamente relacionadas. Esta informação é útil
quando a origem de uma amostra de DNA é desconhecida – porque foi extraída, por exemplo, de uma amostra de
solo, água ou de sangue de um paciente com uma infeção não diagnosticada.
Mesmo alcançando estas informações não nos tornamos capazes de identificar o tipo de função
de um gene num dado organismo, para tal, os cientistas necessitam de manipular um gene mais
diretamente.
4.4. Genes repórter e hibridização “in situ” podem revelar quando e onde um gene é expresso
Para saber onde um RNA particular é feito, os investigadores usam uma técnica chamada de hibridização “in situ”,
que permite que uma sequência específica de ácido nucleico – DNA ou RNA – seja visualizada na sua localização
habitual.
Esta técnica utiliza sondas de cadeia simples de DNA ou RNA, marcadas com fluorescência ou radioactivamente,
para detetar sequências de DNA ou RNA complementares dentro de um tecido, uma célula (figura verde) ou mesmo
um cromossoma isolado (figura azul).
4.5. Genes repórteres permitem que proteínas específicas sejam rastreadas em células vivas
A localização da proteína dentro da célula produz pistas para a função do seu gene codificador. Tradicionalmente,
a maneira mais eficaz de visualizar uma proteína dentro de uma célula ou tecido é usando um anticorpo marcado.
Isto requer um anticorpo que reconheça especificamente a proteína de interesse – um processo que consome
tempo e não tem garantia de sucesso.
Uma alternativa é usar as sequências reguladoras de DNA do gene codificador para direcionar a expressão de algum
tipo de gene repórter.
Gene Repórter: gene cuja atividade pode ser facilmente monitorizada ou podemos visualizar por coloração
a proteína que ele dá origem (por adição de aa corados, por exemplo); Exemplos de proteínas a que genes
repórteres dão origem (proteínas repórteres): Enzimas B-Galactosidade, Proteína verde fluorescente (GFP).
Para determinar onde e quando se expressa um gene recorre-se a genes repórteres e sequências reguladoras do
gene que pretendemos estudar. Usa-se a sequência reguladora do gene x no gene repórter, que passa a depender
da regulação do gene x, processando-se de igual forma.
neurónios
Por vezes, em vez de monitorizar proteínas temos de monitorizar RNA, pois este pode ser o
produto final da expressão de um gene. Então recorremos à hibridização in situ, que recorre a
nucleótidos marcados radioactivamente ou com fluorescência, de modo a localizar a molécula de
RNA ou DNA na célula ou tecido onde teve origem.
Esta não é uma técnica de deteção de nucleótidos, mas sim de monitorização de RNA produzidos a partir de milhões
de genes ao mesmo tempo, permitindo assim, numa única placa estudar o padrão de expressão de um genoma
inteiro. Assim, o estudo simultâneo da expressão de tantos genes permite compreender mecanismos de expressão
que permitem o crescimento celular, divisão celular, resposta a toxinas…
Esta técnica baseia-se na utilização de microplacas de vidro que apresentam pequenas áreas onde temos sondas
que correspondem ao DNA de uma determinada proteína.
É feita:
Os cientistas anseiam por saber as funções de determinado gene num organismo intacto. A função de muitos genes
tem sido conhecida através do estudo de organismos mutantes, mais propriamente dos seus fenótipos tal como
Mendel fez com as ervilhas. Esta aproximação genética apenas pode ser realizada com efetividade em organismos
que se reproduzem rapidamente e para que o processo de ocorrer uma mutação seja acelerado os organismos são
expostos a radiação ou agentes mutagénicos.
A um organismo cujo genoma foi modificado, quer por introdução de um gene ou por alteração produzida por
técnicas de rDNA dá-se o nome de organismo transgénico ou OGM (organismo geneticamente modificado).
4.7. RNA interferente (ou de interferência), iRNA, inibe a atividade de genes específicos
É uma abordagem genética mais direcionada à função dos genes só que em vez de começar com um mutante e
depois identificar o gene responsável, um gene de sequência conhecida pode ser inativado propositadamente e os
efeitos no fenótipo da célula/organismo podem ser observados.
Como esta estratégia é exatamente o inverso da clássica (que vai de mutantes a genes) ela é muitas
vezes referida como genética reversa.
Objetivo deste mecanismo: Proteger os seres vivos contra certos vírus e a proliferação de elementos
genéticos móveis.
Técnica:
1. Introduz-se uma fita dupla de RNA com a sequência de nucleótidos correspondente ao gene a silenciar
numa célula ou organismo.
2. O RNA de cadeia dupla é clivado e processado por uma maquinaria especial de iRNA para produzir
fragmentos mais curtos.
- A estes fragmentos curtos de cadeia curta dá-se o nome de siRNAs
3. Estes siRNAs são desenrolados para formar fragmentos de RNA de fita simples que se vão hibridizar com
os mRNAs do gene alvo, direcionando a sua degradação.
- Estes fragmentos híbridos podem direcionar também a produção de mais siRNAs, permitindo a inativação
contínua dos mRNAs alvo.
Uma vez que os pequenos fragmentos de RNA podem ser passados para células filhas, o iRNA pode
causar mudanças hereditárias na expressão génica. (Note-se que tudo isto é realizado com o
objetivo de determinar a função de um determinado gene.)
o Sumário:
1. A bicamada fosfolipídica
2. Proteínas membranares
1. A bicamada fosfolipídica
Como as células são preenchidas com – e cercadas por – água, a estrutura das membranas celulares é determinada
pelo comportamento dos lípidos em meio aquoso.
As membranas são barreiras seletivamente permeáveis entre dois compartimentos essenciais à vida. As
membranas são comportas por lípidos e proteínas. Existem 2 tipos de membranas: a membrana plasmática e a
intracelular (organelos).
1. Uma cabeça hidrofílica (“amante da água”) Por terem estas 2 características são
2. Uma cauda hidrofóbica (“temente à água”) chamados de moléculas anfipáticas.
Os lípidos mais abundantes nas membranas celulares são os fosfolípidos, que têm:
Ésteres de colesterol
Glicolípidos (molécula que tem na sua cabeça
hidrofílica glícidos)
As interações eletrostáticas:
As moléculas hidrofílicas dissolvem-se na água porque contêm átomos carregados ou grupos polares. Isto
é, os grupos químicos com cargas positivas e negativas estão assimetricamente distribuídos. Os átomos
carregados formam atrações electroestáticas ou ligações de hidrogénio com moléculas de água.
As moléculas hidrofóbicas não se dissolvem em água porque não apresentam átomos carregados ou grupos
polares. Não formam interações com a água. Mas os grupos polares fazem com que as moléculas de água
adjacentes se reúnam em torno da parte hidrofóbica (formam um “cagelike”). Como esta estrutura cagelike
é mais ordenada do que a restante da água, sua formação requer energia. Este custo de energia é
minimizado quando as moléculas hidrofóbicas se agrupam, limitando seus contactos com as moléculas de
água circundantes. (Assim moléculas totalmente hidrofóbicas coalescem numa única gota quando
dispersas em água.)
Este conflito é resolvido pela formação de uma bicamada – um arranjo que satisfaz
todas as partes e é energicamente mais favorável. As cabeças hidrofílicas enfrentam
água em ambas as superfícies da bicamada e as caudas hidrofóbicas são protegidas
da mesma pois estão lado a lado umas das outras no interior da sandwich.
o Os movimentos são aumentados pelo aumento da temperatura, pelo que, com um aumento da
temperatura a fluidez da membrana é maior
o A fluidez da bicamada lipídica a uma dada temperatura depende da sua composição em fosfolípidos e na
natureza das caudas de hidrocarbonetos. A proximidade e a disposição das caudas conduzem a um
aumento de viscosidade e diminuição da fluidez. O tamanho e o número de ligações duplas das caudas dos
lípidos vão influenciar a disposição dos mesmos na bicamada. (Cadeias curtas de hidrocarbonetos têm
menos interações entre as caudas o que, consequentemente, conduz a maior fluidez). Uma cadeia de
hidrocarbonetos com ligações duplas diz-se insaturada – no que diz respeito ao H – e por isso, locais com
ligações duplas culminam com formação de pregas (dobras) que fazem com que as caudas fiquem com
maior dificuldade em se associar a outras – assim, bicamadas lipídicas que contenham larga porção em
caudas de hidrocarbonetos insaturadas, são mais fluidas.
De modo a manter a homeostasia, aquando as mudanças de temperatura, as membranas, sofrem
alterações, por exemplo, quando são expostas a altas temperaturas, são produzidos lípidos pelas células,
que apresentam menos número de ligações insaturadas e caudas de hidrocarbonetos maiores, de modo a
diminuir a fluidez.
o A fluidez da membrana é modulada pelos ésteres de colesterol. As moléculas de colesterol são pequenas e
rígidas e preenchem os espaços entre moléculas de fosfolípidos vizinhas deixadas pelas ligações insaturadas
nas caudas de hidrocarbonetos. Neste sentido, o colesterol é responsável por diminuir a fluidez e a
permeabilidade da membrana.
o Permite que proteínas membranares atravessem rapidamente a membrana e que interajam umas com as
outras, fator importante na sinalização celular
o Permite que uma célula se divida uniformemente pelas células filhas quando se divide
o Em suma, ajuda as células no crescimento, vida e reprodução
Flexibilidade
Assimetria: A face voltada para o exterior da célula ou organelo é diferente para o interior. Exemplo: o
colesterol distribui-se entre as cudas de hidrocarbonetos; os glicolípidos apenas na face externa (ou
monocamada externa) da membrana. Conjuntos de lípidos estão mais associados à monocamada externa
e outro conjunto à interna. Após a síntese de novos fosfolípidos, estes são primeiramente dispostos na
monocamada citosólica e depois têm de atravessar para a monocamada externa para a membrana crescer.
Este processo é feito com base em enzimas: as flippases. As flippases são responsáveis pela seleção dos
lípidos a serem dispostos em cada uma das monocamadas.
Os glicolípidos são próprios da face não citosólica e ganham a parte glicídica no aparelho de Golgi. É
importante destacar que os lípidos que são de membrana não-citosólica, e que, serão glicosilados numa
vesícula, serão de membrana não-citosólica no citoplasma. Este fator é crucial, pois não existem flippases
responsáveis pela transferência dos glicolípidos para a monocamada citosólica.
2. Proteínas membranares
A maioria das funções da membrana é realizada por proteínas membranares.
Devido ao maior tamanho das proteínas, existe uma maior massa de proteínas na membrana
plasmática do que lípidos. No entanto, a concentração de lípidos é maior.
As proteínas podem estar associadas à bicamada lipídica de uma membrana celular em qualquer uma das formas
ilustradas nesta figura:
Proteínas que estão diretamente ligadas à bicamada lipídica (A, B e C) podem ser removidas apenas pela rutura da
bicamada com detergentes. As proteínas membranares periféricas já podem ser liberadas da membrana por
procedimentos mais suaves que interferem nas interações proteína-proteína, mas deixam a bicamada lipídica
intacta.
2.2. Uma cadeia polipeptídica normalmente atravessa a bicamada como uma hélice-
As proteínas membranares têm uma única orientação na bicamada lipídica. Esta orientação está relacionada com
a sua função. Por exemplo, uma proteína que recebe sinais do meio ambiente e os transmite ao interior da célula,
tem de ter voltada para o exterior a extremidade responsável pelo reconhecimento do sinal.
As proteínas transmembranares apresentam na região central (a região que atravessa a membrana – “membrane-
spanning hydrophobic region”) uma porção em hélice-. Este segmento, que percorre o ambiente hidrofóbico do
interior da bicamada, é constituído por aa com cadeias laterais hidrofóbicas.
Outras proteínas transmembranares formam poros aquosos através da bicamada para permitir que pequenas
moléculas hidrossolúveis atravessem a membrana. Tais canais não podem ser formados por proteínas com uma
única hélice-. Geralmente consistem numa série de hélices- que cruzam a bicamada várias vezes. – Proteínas
transmembranares multipass.
Proteínas transmembranares multipass – uma ou mais das regiões que atravessam a membrana são
anfipáticas, quer isto dizer, formadas a partir de hélices- que contêm cadeias laterias de aa hidrofóbicas
e hidrofílicas. Estes a.a. tendem a estar dispostos de modo a que as cadeias laterias hidrófobas caiam num
lado da hélice, enquanto as hidrofílicas no outro.
Porém, além destas proteínas transmembranares em forma de hélice- existem outras em folha-β (menos
comuns). Nesta situação, as proteínas atravessam a membrana na forma duma estrutura curvada em cilindro, que
forma um canal aberto em forma de barril (β barril). A organização dos a.a. hidrofóbicos e hidrofílicos é a mesma
que a de cima, aa hidrofóbicos voltados para os lípidos, aa hidrofílicos revestindo o canal aquoso.
As proteínas da membrana são construídas para operar num ambiente que é parcialmente aquoso e parcialmente
adiposo, portanto tirá-las desse ambiente e purificá-las enquanto se preserva a sua estrutura não é tarefa fácil.
Para que se possa estudar uma proteína individual temos que separá-la da membrana e isso envolve solubilizar a
bicamada com agentes capazes de a destruir, capazes de romper as associações hidrofóbicas da bicamada. Os
agentes disruptivos mais utilizados são os detergentes.
Detergentes: moléculas pequenas, anfipáticas, que apenas diferem dos fosfolípidos da membrana por
possuírem 1 cauda em vez de 2. Como eles apenas têm uma cauda, as moléculas de detergentes têm a
forma de cones, enquanto que os fosfolípidos têm forma cilíndrica. Na água, as moléculas cónicas tendem
a se agregar em pequenos aglomerados chamados de micelas, em vez de formar uma bicamada como as
moléculas cilíndricas.
As moléculas detergentes separam as proteínas transmembranares por rutura das ligações das mesmas com as
partes hidrofóbicas dos fosfolípidos. A parte hidrofílica do detergente associa-se aos lípidos e às proteínas em
solução, formando complexos lípido-detergente e proteína-detergente, que podem ser separados depois por
eletroforese.
o Uma das proteínas estudadas por este método é a bacteriorodopsina. Esta proteína é responsável pelo
bombeamento de H+ para fora da célula. O bombeamento requer energia obtida diretamente da luz solar.
Portanto, cada molécula de bacteriorodopsina contém uma única molécula hidrofóbica não proteica que
absorve luz, chamada de retina, que dá à
proteína – e à bactéria – uma cor púrpura.
Quando a retina absorve um fotão de luz muda
de forma, e, ao fazê-lo, faz com que a proteína
incorporada na bicamada sofra uma série de
mudanças conformacionais também. Essas
alterações resultam na transferência de H+ da
retina para o exterior da bactéria. A retina é
então regenerada tomando mais um H+ do
citosol, devolvendo à proteína a sua
conformação original para que ela possa
repetir o ciclo.
Uma membrana celular por si só é extremamente fina e frágil, portanto, a maioria das membranas é fortalecida e
suportada por uma estrutura de proteínas, ligadas à membrana por meio de proteínas transmembranares.
Membranas de plantas, leveduras e bactérias: forma e propriedades da membrana é conferida por uma parede
celular rígida – uma malha de proteínas, açúcares e outras macromoléculas que envolvem a membrana plasmática.
Membranas animal: estabilizada por uma malha de proteínas fibrosas, chamada de córtex celular, que está
ligada ao lado de baixo da membrana (monocamada citosólica da bicamada).
o Funções do córtex: manter a forma da célula, conferir resistência à célula, permitir a locomoção da célula
e impedir a saída de determinadas proteínas através da membrana.
É constituído por uma rede de proteínas cujo principal componente são dímeros de espectrinas (spectrin). As
espectrinas estão ligadas a proteínas transmembranares através de proteínas de ligação intracelular e mantém a
forma bicôncava da célula.
Deficiência na espectrinas: Os eritrócitos apresentam uma forma esférica, são frágeis e surgem em poucas
quantidades. Indivíduos com uma anormalidade genética na estrutura da espectrinas são, portanto, anémicos.
A fusão de uma célula de humana com uma de rato é uma experiência que permite verificar os movimentos das
proteínas de membrana. Essa experiência pode ser percebida na imagem acima. Após a fusão, as proteínas de
membrana estão dispostas numa certa ordem: as da membrana humana estão num lado, respetivo à membrana
plasmática humana, e as da célula do rato no outro. Após incubação, (sabemos que temperaturas altas aumentam
a fluidez), vamos ter a difusão de proteínas de um lado para outro.
o As membranas celulares podem ter regiões restritas/específicas para algumas proteínas = domínio de
membrana. Veja-se como exemplo disto o domínio apical e o domínio basal das células do epitélio
intestinal, em que as proteínas responsáveis por passar para outras células as moléculas e por se ligarem a
outras células estão nos domínio basal e lateral
.
Alguns lípidos e proteínas da camada externa têm açúcares covalentemente ligados a eles.
Todo o carboidrato nas glicoproteínas, proteoglicanos e glicolipídios está localizado na parte externa da membrana
plasmática, onde forma um revestimento de açúcar chamado camada de carboidrato ou glicocálix, que ajuda a
proteger a superfície celular contra danos mecânicos.
À medida que os oligossacarídeos e polissacarídeos absorvem água, eles também são à célula uma superfície
viscosa, o que ajuda as células móveis, como glóbulos brancos, a se espremerem através de espaços estreitos e
impedir que as células do sangue grudem umas nas outras ou nas paredes dos vasos sanguíneos.
Para além de proteger e lubrificar a célula, o glicocálix tem um papel importante no reconhecimento e
adesão célula-célula.
Exemplos:
A camada de carboidratos na superfície das células serve como uma espécie de uniforme policial.
É característica de cada tipo de célula e é reconhecida por outros tipos de células que interagem
com ela.
Pergunta de exame:
Como conseguem as membranas celulares ser estruturas estáveis sabendo que os lípidos não estão ligados
entre si covalentemente?
Os lípidos da membrana são moléculas anfipáticas, uma vez que possuem uma porção polar e uma porção apolar.
A parte polar é hidrófila, ou seja, tem afinidade para a água (podendo formar ligações com as moléculas de água),
enquanto que a parte apolar é hidrófoba, isto é, não tem afinidade para a água. Deste modo, os lípidos da
membrana (fosfolípidos) vão associar-se entre si, procurando diminuir a superfície de contacto das porções
hidrófobas com água (efeito entrópico), levando a um aumento da entropia do sistema. Para a conseguirem vão
formar a estrutura em bicamada própria das membranas, em que as porções hidrofóbicas se encontram no interior,
protegidas de água e as porções hidrofílicas no exterior, em contacto com a mesma. Os fosfolípidos encontram-se,
ainda, unidos por ligações de Van der Waals.
As forças de Van der Waals se diferem das ligações de hidrogénio e das interações dipolo-dipolo por serem mais
fracas em comparação a estas.
o Sumário:
1. Organelos membranares
2. Classificação de proteínas
3. Transporte vesicular
4. Vias secretoras
5. Vias endocíticas
1. Organelos Membranares
Organelos membranares localizados no interior de células eucarióticas permitem a ocorrência de reações que
envolvam determinadas enzimas sem que estas sejam interferidas por reações que ocorrem noutros
compartimentos.
Núcleo: protege o genoma. Apresenta-se envolvido pelo invólucro nuclear, que possui duas membranas, uma
externa e uma interna, sendo a externa ligada ao RE.
Os primeiros organismos existentes eram organismos simples como as bactérias, sem organelos membranares.
Acredita-se que o RE, A. Golgi, peroxissomas endossomas e os lisossomas tenham surgido por invaginação da
membrana plasmática. Estes organelos fazem parte do que é coletivamente chamado de sistema endomembranar.
Esta hipótese é capaz de explicar a existência de duas membranas a envolver o núcleo.
As mitocôndrias e os cloroplastos têm outra origem. Eles apresentam DNA diferente do nuclear, podem produzir
algumas das suas proteínas e têm características comuns ao DNA bacterial, o que remete para a hipótese
endossimbiótica…
2. Classificação de proteínas
Antes de uma célula se dividir, necessita que os seus organelos se dividam. Esta divisão ocorre pelo crescimento
dos organelos e depois pela sua própria divisão. No entanto, o crescimento dos organelos requer moléculas
específicas como lípidos para o crescimento da membrana e proteínas para a membrana e para o interior do próprio
organelo. Mesmo em células que não estão se dividindo, as proteínas estão sendo produzidas continuamente. Essas
proteínas recém-sintetizadas devem ser entregues com precisão aos seus organelos apropriados – algumas para a
eventual secreção da célula e outras para substituir as proteínas de outros organelos que foram degradadas.
Para alguns organelos tais como mitocôndrias, cloroplastos, peroxissomas e o interior do núcleo, as proteínas são
entregues diretamente do citosol, através de sinais de seleção presentes na sequência de aa da proteína. Para
outros, incluindo o A. Golgi, lisossomas, endossomas e a membrana nuclear interna, as proteínas e os lípidos são
administrados indiretamente via RE, que é em si um importante local de síntese de proteínas e lípidos.
As proteínas produzidas no citosol são despachadas para locais diferentes na célula de acordo com
as “etiquetas do endereço” específicas contidas na sua sequência de aa. Uma vez no “endereço”
correto, a proteína entra na membrana ou no lúmen interno do organelo.
A síntese de praticamente todas as proteínas da célula começa nos ribossomas do citosol. As exceções são as poucas
proteínas mitocondriais e cloroplásticas que são sintetizadas nos ribossomas dentro desses organelos. No entanto,
a maioria das proteínas mitocondriais e cloroplásticas são feitas no citosol e, posteriormente, importadas.
As proteínas que não possuem um sinal de seleção que a direciona para o organelo na qual ela é necessária
permanecem como residentes permanentes no citosol.
Como é que as proteínas conseguem atravessar uma membrana que é impermeável a macromoléculas hidrofílicas?
1. As proteínas que se movem do citosol para o núcleo são transportadas através dos poros nucleares, que
penetram nas membranas nucleares interna e externa. Os poros funcionam como portas seletivas que
ativamente transportam macromoléculas específicas, mas também permitem a difusão livre de moléculas
menores.
2. Proteínas que se movem do citosol para o RE, mitocôndrias ou cloroplastos são transportadas através da
membrana do organelo por translocadores de proteínas localizados na membrana. Ao contrário do
transporte através de poros nucleares, a proteína transportada deve geralmente se desdobrar para
atravessar a membrana através do translocador. Bactérias têm translocadores proteicos similares em suas
membranas plasmáticas, que usam para exportar proteínas do citosol para o exterior da célula.
As sequências de sinal são sequências contínuas de aminoácidos, geralmente de 15 a 60 aa. Esta sequência é depois
normalmente retirada da proteína depois de ter chegado ao seu destino. Estas sequências são necessárias e
suficientes para direcionar uma proteína. Algo comprovado por experimentos onde se retirava uma sequência de
sinal de uma proteína e colocávamos noutra, e vice-versa, esta segunda proteína iria para o organelo da primeira
proteína, e a primeira proteína iria para o organelo da segunda.
As sequências de sinal especificando o mesmo destino podem variar muito, embora tenham a
mesma função. Propriedades físicas, como a hidrofobicidade ou a colocação de aa carregados
parecem ser mais importantes para a função destes sinais que a sequência aminoácida em
concreto.
O envelope nuclear é formado por 2 membranas concêntricas. A membrana nuclear interna contém proteínas que
ligam os cromossomas a esta e outras que fornecem ancoragem para a lâmina nuclear.
Lâmina nuclear: malha de filamentos proteicos que reveste a face interna da membrana interna e
fornece suporte estrutural para o envelope nuclear (para a grande bola não colapsar).
A membrana externa do envelope por sua vez se assemelha à membrana do RE, com a qual é contínua.
O envelope nuclear é perfurado por poros nucleares, é por eles que as moléculas irão sair e entrar no núcleo.
Porém macromoléculas também precisam de atravessar os poros nucleares, tais como o RNA, as subunidades
ribossómicas e proteínas destinadas ao núcleo. Para entrar num poro estas moléculas têm que ter um sinal de
clarificação apropriado – sinal de localização nuclear.
→ Sinal de localização nuclear: Consiste tipicamente numa ou duas sequências curtas contendo várias
lisinas ou argininas carregadas positivamente. Este sinal está em proteínas destinadas ao núcleo e é
reconhecido por proteínas citosólicas chamadas de recetores de importação nuclear. Estes recetores
ajudam a proteína a atravessas o poro interagindo com as fibrilas citosólicas do mesmo (semelhantes a
tentáculos que se estendem da borda do poro até ao citosol).
Este processo gasta energia. A energia é fornecida pela hidrólise de GTP, mediada por uma GTPase monomérica
denominada de Ran.
2.4. As proteínas têm que se desdobrar para entrar nas mitocôndrias e nos cloroplastos
Mitocôndrias e Cloroplastos: Organelos de membranas internas e externas que se especializam na síntese de ATP.
Enquanto as mitocôndrias possuem 2 membranas, os cloroplastos contêm um terceiro sistema de membrana, a
membrana tilacoide. Como já foi dito, apesar destes organelos terem o seu próprio DNA e poderem fabricar
algumas das suas proteínas, a maioria das proteínas mitocondriais e cloroplásticas são codificadas por genes no
núcleo e importadas depois do citosol.
As proteínas com destino a estes organelos têm uma sequência de sinal no seu terminal N.
Cada proteína é desdobrada à medida que é transportada e a sua sequência de sinal é removida após a translocação
estar completa.
Existem proteínas chamadas de Chaperone proteins (proteínas chaperonas) dentro destes organelos que ajudam a
puxar a proteína através das 2 membranas e a dobrá-la uma vez dentro do organelo.
O transporte depois dentro do organelo (se a proteína vai pra membrana externa, interna ou tilacóide) requer mais
sinais de classificação, expostas após a sequência de sinal ter sido removida. Por exemplo, a inserção de proteínas
transmembranares resulta de sequências sinalizadoras que iniciam e param precocemente o processo de
transferência através da membrana.
As mitocôndrias e os cloroplastos não precisam apenas de proteínas para se manterem vivos mas
também de lípidos. Acredita-se que a maioria dos fosfolípidos das suas membranas sejam
importados do RE (principal local de síntese lipídica da célula). Os fosfolípidos são transportados
do RE até estes organelos através de proteínas transportadoras de lípidos que extraem uma
molécula de fosfolípido de uma membrana e a entregam noutra.
Estes organelos adquirem as suas proteínas via transporte seletivo do citosol. A sequência de importação das
proteínas é reconhecida por proteínas recetoras do citosol que acompanham a proteína até o peroxissoma. Como
as membranas das mitocôndrias e dos cloroplastos a membrana peroxisomal também contém translocadores. A
única diferença é que as proteínas não precisam de se desdobrar para entrar.
Os peroxissomas também recebem proteínas que chegam em vesículas que saem do RE. Estas vesículas ou se
fundem com os peroxissomas preexistentes ou importam proteínas peroxissomais do citosol para crescerem em
peroxissomas maduros.
Causada por mutações que bloqueiam a importação de proteínas peroxissomais, esta doença faz com que os
indivíduos nascem com anormalidades graves no cérebro, fígado e rins. A maioria não sobrevive após os 6 meses
de vida.
O RE é o sistema de membrana mais extenso de uma célula eucariótica. Este organelo serve como ponto de entrada
a proteínas destinadas a outros organelos (Complexo de Golgi, endossomas, lisossomas, superfície celular), bem
como para o próprio RE. Uma vez no RE, estas proteínas só voltam a sair para o citosol em vesículas de transporte.
Estas proteínas são destinadas ao RE a partir de uma sequência de sinal de RE, um segmento de aminoácidos
hidrofóbicos.
A maioria das proteínas que entram no RE começam a ser passadas através da membrana do RE
antes que acabem de ser sintetizadas. Isto requer que o ribossoma que sintetiza a proteína esteja
ligado à membrana do RE.
→ Retículo endoplasmático rugoso: RE com ribossomas associados, o que dá uma aparência frisada quando
visto ao microscópio eletrónico.
→ Retículo endoplasmático liso: RE sem ribossomas associados, esta parte do organelo parece tubos
verticais, espécie de chaminés (quando a célula é cortada na horizontal para observação apenas vemos
muitas bolinhas juntas que parecem vesículas acumuladas, isto é o RE liso, as “chaminés foram cortadas ao
meio e nós tamos vendo a abertura)
RE liso
RE rugoso
Os ribossomas ligados à membrana do RE são idênticos em estrutura aos ribossomas livres. Apenas diferem nas
proteínas que estão produzindo. Quando um ribossoma passa a produzir uma proteína com uma sequência de sinal
de RE, essa sequencia direciona o ribossoma para a membrana do RE.
Como as proteínas são translocadas ao mesmo tempo que são produzidas não é necessária energia
para coloca-las dentro do RE. O Próprio alongamento da cadeia de aa fornece o impulso necessário
para empurrar a corrente através da membrana.
Quando uma molécula de mRNA é traduzida, muitos ribossomas ligam-se a ela, formando um polirribossoma. O
mesmo acontece quando a proteína apresenta uma sequência de sinal para o RE.
1. Uma partícula de reconhecimento de sinal (SRP), presente no citosol, liga-se ao ribossoma e à sequência
de sinal RE
2. Um recetor SRP, incorporado na membrana do RE, reconhece o SRP.
A ligação de um SRP a um ribossoma que exibe uma sequência de sinal RE retarda a síntese proteica desse
ribossoma até que o SRP se ligue ao recetor SRP no RE. Uma vez ligados, o SRP é libertado e o recetor passa o
ribossoma para um translocador de proteína na membrana do RE, e a síntese começa.
Quando clivada, a sequência de sinal permanece na bicamada lipídica até se degradar. Uma vez que o terminal C
de uma proteína tenha passado pelo canal de translocação, a proteína é libertada no lúmen do RE.
2.7. Sinais de start and Stop determinam o arranjo de uma proteína transmembranar na bicamada lipídica
Caso mais simples – Proteína transmembranar com um único segmento que atravessa a membrana:
A sequência de sinal, situada no terminal N, inicia a translocação (tal como ocorre com uma proteína solúvel). O
processo de transferência é depois interrompido por uma sequência de aa adicional hidrofóbica. Neste ponto, o
canal de translocação liberta a proteína que fica atravessada na membrana.
A sequência de sinal é clivada enquanto a sequência de paragem de transferência permanece na bicamada, onde
forma um segmento de extensão de membrana α-helicoidal que ancora a proteína na membrana.
Resultado: proteína transmembranar de passagem única com o seu terminal N para dentro da membrana e o
terminal C para fora.
Caso mais complexo – Proteína transmembranar com um dois segmento que atravessam a membrana
Neste caso a sequência de sinal utilizada para iniciar a translocação está a meio da proteína e não no seu terminal
N. Esta sequência de sinal interna chama-se sequência de transferência inicial e nunca é removida do polipéptido.
Pensasse que as 2 sequências de transferência, a de início e a de paragem, sejam hidrofóbicas, portanto ambas
ficam dentro da bicamada lipídica. A sequência interna de transferência de partida serve para iniciar a translocação
da proteína, que continua até que seja atingida uma sequência de paragem de transferência. Estas sequências
depois permanecem na bicamada como hélices-α.
Em proteínas multipasse complexas, nas quais muitas hélices-α hidrofóbicas atravessam a membrana, entram em
jogo mais pares adicionais de sequências de início e paragem de transferência.
3. Transporte Vesicular
A entrada no lúmen do RE é apenas o primeiro passo. Normalmente depois de teres estado no Lúmen do RE as
proteínas viagem para o aparelho de Golgi.
→ Aparelho de Golgi: organelo organizado em cisterna onde existe a modificação de proteínas e lípidos e
posterior classificação de envio para outros locais.
Durante o transporte vesicular, proteínas e lípidos podem sofrer vários tipos de modificações
químicas, como a adição de cadeias laterias e carboidratos.
Uma via secretora externa principal começa com a síntese e entrada de proteínas no RE, migração destas para o
A. Golgi e posterior condução até à superfície da célula. – Exocitose
Uma via endocítica interna principal, responsável pela ingestão e degradação das moléculas extracelulares,
através dos endossomas para os lisossomas. – Endocitose
Vesículas de transporte apenas levam dentro de si proteínas com o mesmo destino, nunca
misturam.
3.2. O aparecimento de uma vesícula é impulsionado pela montagem local de proteínas de revestimento
As vesículas de transporte geralmente têm uma camada proteica distinta na sua superfície citosólicas e, portanto,
são chamadas de vesículas revestidas. Depois de “brotarem” do seu organelo mãe (ou pai, como preferirem) as
vesículas perdem esta capa proteica, para que se consigam fundir com o “organelo-destino”.
As vesículas mais estudadas são as que possuem um revestimento feito da proteína clatrina (clathrin). Estas
vesículas tanto fazem parte da via endocítica como da exocítica. Estas vesículas são as mais estudadas pois são as
que se percebe melhor a forma como a vesícula escolhe a carga a transportar.
A própria clatrina não desempenha nenhum papel na escolha das moléculas a transportar. Esta função é para outras
proteínas de revestimento chamadas de adaptinas.
Outra classe de vesículas revestidas, chamadas de COP-coated vesicles (COP como diminutivo de
coat protein) está envolvida no transporte de moléculas entre o RE e o A. Golgi e de uma parte do
A. Golgi para outra.
Após sair do organelo mãe a vesícula tem que andar até ao organelo-destino. Muitas vezes ela é transportada
ativamente por proteínas motoras que se movem ao longo das fibras do citoesqueleto (capítulo 17). Uma vez que
a vesícula de transporte tenha atingido o seu alvo, ela deve atracar no organelo e fundir a sua membrana com a
membrana do mesmo para descarregar a carga.
Isto sugere que cada vesícula contenha à superfície marcadores moleculares que identificam a vesícula de acordo
com a sua origem e carga. Estes marcadores devem ser reconhecidos por recetores complementares na membrana
alvo apropriada.
O processo de identificação depende de uma família diversificada de GTPases monoméricas chamadas de proteínas
Rab.
O reconhecimento da ancoragem é depois feito por outra família de proteínas chamadas de SNAREs. Uma vez que
uma proteína tenha capturado a vesícula a partir do reconhecimento das suas proteínas Rab, os SNAREs da vesícula
(chamados v-SNAREs) interagem com os SNAREs complementares da membrana-alvo (chamados t-SNAREs, T de
tethering protein, proteína que reconhece as proteínas Rab da vesicula) ancorando firmemente a vesícula ao local.
Estes 2 SNAREs também vão catalisar a fusão de membrana necessária para que a vesícula entre ao organelo a sua
carga. Para além de a vesícula entregar todo o seu conteúdo a sua membrana passa agora a fazer parte da
membrana do organelo. Esta fusão requer um sinal estimulador.
Para que a fusão das 2 membranas ocorra, as 2 bicamadas devem estar a 1,5 nm uma da outra,
para que os seus lípidos se possam misturar. Para esta abordagem próxima, a água deve ser
deslocada das superfícies hidrofílicas das membranas – um processo energicamente altamente
desfavorável.
Todas as fusões de membrana nas células devem, portanto, ser catalisadas por proteínas especializadas que se
reúnam para formar um complexo de fusão. Que fornece os meios para atravessar essa barreira de energia. São as
próprias SNAREs que catalisam este processo: uma vez que a fusão é desencadeada, os v-SNAREs e os t-SNAREs
envolvem-se, agindo como um guincho que aproxima as duas bicamadas lipídicas.
4. Vias Secretoras
Cada molécula que passe por uma via secretora, sofrendo exocitose por exemplo, passa por uma sequência fixa de
compartimentos fechados por membranas e muitas vezes é modificada quimicamente no caminho.
No lúmen do RE existe uma enzima que catalisa a reação de formação de ligações dissulfeto, formadas pela
oxidação de pares de cadeias laterais de cisteína.
Muitas das proteínas que entram no RE (lúmen ou membrana) são convertidas em glicoproteínas, pela ligação
covalente de cadeias laterias de Oligossacarídeos curtos (açúcares). Processo este realizado por enzimas de
glicosilação presentes apenas no RE.
Para que a cadeia de açúcares se ligue à proteína, esta tem que exibir uma sequência específica de 3 aminoácidos,
dos quais 1 é a asparagina. A enzima não espeta estas cadeias em todas as asparaginas que encontrar.
Seguidamente a glicoproteína passa para o complexo de Golgi para continuar a sua maturação e viagem.
Algumas das proteínas produzidas no RE estão destinadas a funcionar lá. Elas são retidas no RE e sempre que
escapam para o A. Golgi São devolvidas ao RE. Estas proteínas apresentam no seu terminal carboxilo uma sequência
de 4 aminoácidos chamada de sinal de retenção RE. – Sinal reconhecido por uma proteína recetora membranar
presente no RE e no A. Golgi.
Desta forma o RE controla a qualidade das proteínas que exporta para o A. Golgi.
Por vezes, no entanto, este mecanismo de controlo de qualidade pode ser prejudicial ao organismo. Um exemplo
disto é a mutação que causa a doença fibrose cística, que leva a danos pulmonares graves. Esta mutação faz com
que uma proteína membranar transportadora seja dobrada de forma errada. Contudo, a sua conformação não
alteraria a sua função (canal de cloro na membrana plasmática). Por sua vez, como tem uma forma errada fica
retida no RE. Então esta doença ocorre não porque a mutação inativa a proteína, porque ela ainda faria o seu
trabalho, mas porque ela fica retida antes que lhe seja dada uma oportunidade para trabalhar.
Quando as proteínas chaperonas ficam sobrecarregadas existe um acúmulo de proteínas mal estruturadas no RE.
Se esta cumulação for grande, o RE aciona um programa complexo chamado de resposta proteica desdobrada
(URP – unfolded protein response).
Em alguns casos nem esta resposta de expansão do RE é suficiente para lidar com a quantidade de proteínas que
existem dentro do lúmen do organelo. Neste caso a UPR direciona a célula a autodestruir-se, sofrendo apoptose.
→ Esta situação acontece muito nas células de um diabético, onde os tecidos se tornam gradualmente
resistentes aos efeitos da insulina. Para compensar essa resistência, as células secretoras de insulina no
pâncreas produzem mais e mais insulina. Eventualmente, o seu RE atinge uma capacidade máxima, altura
em que a UPR desencadeia a apoptose.
O complexo de Golgi normalmente está localizado perto do núcleo da célula e do centrossoma (pequena estrutura
do citoesqueleto perto do centro da célula). Consiste numa coleção de bolsas achatadas envoltas em membrana
chamadas de cisternas. O número de cisternas varia muito de célula para célula, existem células com muitas
cisternas grandes e outras com poucas cisternas grandes.
A cisterna mais externa de cada face (cis e trans) é conectada a uma rede de tubos e vesículas membranosas
interconectadas. As proteínas e membranas solúveis entram na rede cis-golgi através de vesículas de transporte do
RE, percorrer as cisternas por meio de vesículas de transporte que se movem de uma cisterna e se fundem com a
próxima e saem da rede trans em vesículas de transporte destinadas à superfície celular a outro organelo do sistema
endomembranar.
Proteínas que entram na rede cis: Podem prosseguir ou ser enviadas de volta para o RE
Proteínas que saem na rede trans: São classificadas de acordo irem para os lisossomas (via endossomas) ou
para a superfície celular
Em todas as células eucarióticas, um fluxo constante de vesículas sai da rede trans-Golgi e funde-se com a
membrana plasmática no processo de exocitose. Essa via constitutiva da exocitose supre a membrana plasmática
com lípidos e proteínas recém-produzidas. A via constitutiva também transporta proteínas solúveis para a superfície
da célula para serem libertadas para o exterior – processo de secreção.
A entrada na via constitutiva não requer uma sequência de sinal particular como aquelas que
direcionam as proteínas para os endossomas ou de volta para o RE.
Para além da via constitutiva (que existem em todas as células eucarióticas) existe uma outra via de exocitose
regulada, que opera apenas em células especializadas para a secreção – via regulada.
Cada célula secretora especializada produz grandes quantidades de um produto específico – hormonas, muco
enzimas – que é armazenado em vesículas secretoras para posterior libertação. Estas vesículas, que fazem parte do
sistema endomembranar, saem da rede trans-Golgi e se acumulam perto da membrana plasmática. Lá, elas
esperam pelo sinal extracelular que as estimula a se fundirem com a membrana e a libertar o seu conteúdo.
As proteínas que viajam por esta via possuem propriedades especiais de superfície que as levam a se agregarem
umas às outras sobre condições iónicas (Ph ácido e alto teor de Ca2+), que prevalecem nas redes trans de Golgi. As
proteínas secretadas pela via constitutiva não se agregam nem precisam de esperar pelo sinal extracelular.
A agregação seletiva também faz com que seja possível transportar imensa quantidade de
proteínas numa única vesícula de transporte. Permitindo que as células secretoras libertem
grandes quantidades efetivas da proteína, quando acionadas a tal.
Quando acio
Embora estas vesículas de fundam com a membrana não pensem que isso aumenta a sua área
porque os componentes da membrana são removidos de outras regiões por endocitose quase tão
rapidamente quanto são adicionados por exocitose. Esta remoção retorna os lípidos e as proteínas
da membrana da vesícula para a rede de Golgi, onde podem ser usados novamente.
5. Vias Endocíticas
As células eucarióticas estão continuamente a absorver fluidos, bem como moléculas grandes e pequenas, pelo
processo de endocitose.
Os materiais ingeridos, incluindo os componentes da membrana, são entregues aos endossomas a partir dos quais
podem ser:
Endocitose
Enquanto todas as células eucarióticas ingerem continuamente lípidos e moléculas por pinocitose,
partículas grandes são ingeridas principalmente por células fagocíticas especializadas.
Nos protozoários, a fagocitose é uma forma e alimentação. Estes eucariotas unicelulares ingerem bactérias levando-
as em fagossomas. Os fagossomas depois fundem-se com os lisossomas, onde as partículas dos alimentos são
digeridas.
Fagocitose:
Algumas bactérias patogênicas arranjaram maneira para subverter o sistema: por exemplo, o
Mycobacterium tuberculosis (agente responsável pela tuberculoso) arranjou maneira de inibir a
fusão fagossoma-lisossoma. Portanto, em vez de ser destruído, a bactéria sobrevive e multiplica-
se dentro do macrófago. Este mecanismo ainda não é bem percebido.
As células eucarióticas ingerem continuamente pedações da sua membrana plasmática juntamente com pequenas
quantidades de líquido extracelular no processo de pinocitose.
Esta ingestão de líquidos por vesículas pinocíticas e, normalmente revestidas de clatrina, é geralmente compensada
pela perda de fluidos durante a exocitose. Portanto é de notar que a célula mantém sempre o mesmo volume e
área de membrana!
O processo chamado de endocitose mediada por recetor caracteriza-se pela ingestão por pinocitose de
macromoléculas que se ligam aos recetores de membrana da célula. Estas macromoléculas depois entram na célula
como complexos macromolécula-recetor em vesículas revestidas de clatrina. Isto faz com que seja possível a
ingestão de grandes quantidades de moléculas sem que seja necessário absorver tanto fluido extracelular. Um
exemplo de endocitose mediada por recetores é a absorção de colesterol necessário para a produção de novas
membranas.
Estes LDLs ligam-se aos recetores da superfície celular fazendo com que o complexo recetor-LDL seja ingerido por
endocitose mediada por recetores e administrador aos endossomas. O interior dos endossomas é mais ácido que
o citosol ou o fluido extracelular, o que faz com que o LDL se dissocie do recetor. O recetor é então devolvido à
membrana plasmática via vesícula de transporte enquanto o LDL é libertado nos lisossomas para decomposição e
consequente libertação do colesterol para síntese de membrana.
Este caminho para a absorção de colesterol é interrompido em indivíduos que herdam um gene
defeituoso que codifica a proteica recetora de LDL. EM alguns casos os recetores estão ausentes,
noutros eles estão apenas disfuncionais. Em ambos os casos, porque a célula não consegue
absorver o colesterol, este acumula-se no sangue e predispõe os indivíduos a desenvolver
aterosclerose.
A endocitose mediada por recetores também é usada para absorver muitos outros metabólitos essenciais como o
ferro e a vitamina B12, ambos necessários para a síntese de hemoglobina – a principal proteína dos eritrócitos.
Infelizmente, a endocitose mediada por recetores também pode ser explorada pelo vírus influenza, que causa a
gripe e ganha entrada nas células dessa maneira.
É possível visualizar o trajeto das partículas ingeridas pela célula em endossomas colocando-as num meio contendo
um marcador eletrodenso que aparecerá quando visto em microscopia eletrónica. Deste modo, 2 tipos de
endossomas podem ser distinguidos:
O interior do endossoma é mantido ácido (Ph 5-6) por uma bomba de H+ acionada por ATP. Esta bomba está na
membrana endossómica e bombeia H+ para o lúmen do endossoma a partir do citosol.
Quando uma proteína de carga permanece ligada ao recetor, compartilha o mesmo destino que
ele. A carga que se dissocia do recetor está condenada à destruição nos lisossomas. Os
endossomas tardios já contêm algumas enzimas lisossómicas, de modo a que a digestão de
proteínas de carga comece no endossoma e continue à medida que este se transforma num
lisossoma.
A membrana lisossomal é também extremamente glicosilada; os açúcares, que cobrem grande parte das superfícies
proteínas voltadas para o lúmen, protegem as proteínas da digestão pelas protéases lisossomais.
Os lisossomas também são usados para degradar material intracelular – processo de autofagia. Neste caso a célula
literalmente se come a si própria. O processo começa com o fechamento do organelo por uma membrana dupla,
criando o autofagossoma, que então se funde com um lisossoma.
A autofagia aumenta quando a célula morre de fome ou quando se remodela extensivamente durante o
desenvolvimento. Os aminoácidos gerados por esta forma canibalística de digestão podem ser reciclados para
permitir a síntese de proteínas.
o Sumário:
1. Princípios gerais de sinalização celular
2. Recetores equipados com enzimas
Células individuais precisam de sentir e responder ao ambiente extracelular. Têm que ser capazes de rastrear
nutrientes, saber detetar a luz e a escuridão, evitar venenos e predadores e comunicar com outras células. Por
exemplo, quando uma levedura está pronta para
acasalar, ela segrega para o seu ambiente uma
proteína chamada fator de acasalamento. As
leveduras do “Sexo” oposto detetam esse fator e
alcançam a célula que emitiu o sinal, estendendo
uma protuberância em direção à fonte do fator.
Num organismo multicelular, as coisas são mais complicadas. As células devem interpretar a multiplicidade de
sinais que recebem de outras células para ajudar a coordenar os seus comportamentos. Por exemplo, durante o
desenvolvimento do animal, as células do embrião trocam sinais para determinar qual posição em qual folheto
adotará.
As células alvo do sinal possuem proteínas chamadas recetores que reconhecem e convertem o sinal extracelular
em moléculas intracelulares.
Transdução de sinal:
As moléculas sinalizadoras podem ser proteínas, péptidos, aminoácidos, nucleótidos, esteróides (hormonas), ácidos
gordos e derivados ou até mesmo gases dissolvidos.
Parte do pâncreas, por exemplo, é considerada uma glândula endócrina porque produz várias
hormonas – incluindo a insulina, que regula a absorção de glicose nas células de todo o corpo.
Em alguns casos, as células podem responder aos mediadores locais que elas próprias produziram,
uma forma de comunicação parácrina chamada de sinalização autócrina. Às vezes, as células
cancerígenas promovem sua própria sobrevivência e proliferação.
A terceira forma de comunicação celular é através de sinalização neuronal. As células nervosas (neurónios), tal
como as células endócrinas, podem transmitir mensagens a longas distâncias. Nesta caso a mensagem não é tão
“pública” pois é entregue a células específicas através de linhas privadas.
Os axónios que se estendem da medula espinhal ao dedão do pé de um adulto podem ter mais de
um metro de comprimento.
Um sinal endócrino seria o mesmo que transmitir uma informação através de uma estação de rádio.
Um sinal parácrino localizado seria o mesmo que colar um panfleto numa parede para a vizinhança.
Um sinal neuronal, de longa distância mas pessoal, seria o mesmo que fazer uma chamada telefônica.
Um sinal dependente de contacto seria o mesmo que conversar com uma pessoa cara a cara.
Um sinal autócrino seria o mesmo que escrevermos um memorando para nós mesmos.
1.2. Cada célula responde a um conjunto limitado de sinais extracelulares, dependendo da sua história e do
seu estado atual
Uma célula típica de um organismo multicelular é exposta a centenas de sinais, cabe a ela desconsiderar alguns e
reagir a outros, de acordo com a sua função. Se uma célula responde ou não a uma molécula sinalizadora depende,
em primeiro ligar, se ela possui um recetor para esse sinal. Sem o recetor apropriado, uma célula ficará “surda” ao
sinal e não responderá ao mesmo.
Portanto, ao produzir apenas um conjunto limitado de recetores entro de milhares possíveis, uma célula
restringe os tipos de sinais que podem afetá-la.
Primeiro existe a transdução do sinal para moléculas de sinalização intracelular. Seguidamente, estas moléculas
irão atuar em sequência e, em último caso, alterar a atividade de proteínas efetoras.
→ Proteínas efetoras: proteínas que têm algum efeito direto sobre o comportamento da célula.
Estes mecanismos de retransmissão intracelular e as proteínas efetoras nas quais ele atua variam de um tipo de
célula especializada para outro. De tal modo que diferentes tipos de células respondem de diferente maneira ao
mesmo sinal.
Por exemplo, quando uma célula de marca-passo cardíaco é exposta ao neurotransmissor acetilcolina, sua taxa de
disparo diminui. Quando uma glândula salivar é exposta ao mesmo sinal, ela secreta os componentes da saliva,
embora os recetores sejam os mesmos em ambos os tipos de células. No músculo-esquelético, a acetilcolina liga-
se a uma proteína recetora diferente, fazendo com que a célula se contraia.
Assim, a molécula de sinal extracelular sozinha não é a mensagem, a informação transmitida pelo sinal
depende de como a célula alvo recebe e o interpreta.
A presença ou ausência de um sinal pode frequentemente modificar os efeitos de outros, isto porque os sinais em
conjunto muitas vezes fazem com que a célula se comporte diferentemente com aquela combinação do que se
recebesse os sinais em separado. Esta “adaptação” de resposta ocorre porque os sistemas de retransmissão
intracelular ativados em conjunto pelos diferentes sinais interagem.
Uma combinação de sinais pode permitir que a célula sobreviva, outra pode levá-la à diferenciação, outra pode
causar a sua divisão… Na ausência de sinais, a maioria das células animais é programada para se matar – apoptose.
A) Recetores acoplados a um canal iónico – Responsáveis pela rápida transmissão de sinais sinápticos entre
neurónios. Basicamente eles traduzem um sinal químico na forma de um pulso de neurotransmissores.
B) Recetores acoplados a uma proteína G (GPCRs) – Medeiam as respostas a uma enorme diversidade de
sianis. As proteínas G ativadas estimulam os canais iónicos e regulam as enzimas ligadas à membrana que
controlam as concentrações de pequenas moléculas, incluindo o AMP cíclico e o Ca2+, que por sua vez,
controlam a atividade de importantes proteínas sinalizadoras.
Estes recetores são muito parecidos aos GPCRs, têm o seu domínio de ligação ao sinal na superfície externa da
membrana plasmática, mas, em vez de se associarem a uma proteína G, o domínio citoplasmático do recetor atua
como uma enzima ou forma um complexo com outra proteína que atua como uma enzima.
Estes recetores medeiam as repostas aos fatores de crescimento, que regulam o crescimento, proliferação,
diferenciação e sobrevivência celular.
Eles também podem mediar reconfigurações rápidas e diretas no citoesqueleto, alterando a forma da célula e a
maneira como ela se move. – Os sinais responsáveis por estas mudanças são proteínas ligadas às superfícies sobre
as quais a célula está rastejando.
A maior classe destes recetores acoplados a enzimas são os recetores com um domínio citoplasmático que funciona
como uma cinase de tirosina, que fosforila aminoácidos de tirosina em proteínas sinalizadoras intracelulares
específicas.
→ Cinase: Enzima que modifica outras proteínas por adição de grupos fosfato. (fosforilação)
Estes recetores são chamados de “receptor tyrosine kinase” (RTKs) e serão o foco deste subcapítulo.
Um recetor acoplado a uma enzima, para fazer o seu trabalho de transdução, tem que ligar a atividade enzimática
do seu domínio intracelular (ou de uma proteína associada) quando uma molécula de sinal externa se liga ao seu
domínio extracelular.
A ligação de uma molécula de sinal ao domínio extracelular de um RTK faz com que este se associe a outro recetor,
formando um dímero. A molécula de sinal mostrada na imagem também é um dímero e, assim, pode fisicamente
ligar-se aos recetores. A formação dos dímeros coloca as cinases de cada cauda do recetor muito próximas uma da
outra, isto ativa as cinases para que fosforilem a cauda vizinha com várias tirosinas fosforiladas. Cada tirosina
fosforilada serve como um local de ancoragem específico para uma proteína de sinalização intracelular diferente,
que ajudará a retransmitir o sinal para o interior da célula. Estas proteínas contêm um domínio de interação
especializado que reconhece e se liga à tirosina específica fosforilada na cauda citosólica de um RTK aivado ou
noutra proteína sinalizadora intracelular.
Enquanto duram, os complexos de proteínas de sinalização montados nas caudas dos RTKs podem transmitir um
sinal para vários destinos na célula, ativando e coordenando as mudanças bioquímicas necessárias para
desencadear uma resposta complexa, como a proliferação celular ou a diferenciação.
Para terminar esta resposta, a fosforilação da tirosina é revertida por uma fosfatase – proteína que retira grupos
fosfato – o que remove os fosfatos que foram adicionados às tirosinas, o que inativa o recetor.
Em alguns casos mais brutos, os RTKs ativos (como alguns GPCRs) são engolidos pela célula por
endocitose e depois degradados em lisossomas para que fiquem inativos.
Diferentes RTKs recrutam diferentes coleções de proteínas de sinalização intracelular, produzindo efeitos
diferentes. Uma proteína de sinalização intracelular que é ativada por quase todos os RTKs é uma proteína de
ligação a GTP (energia) chamada Ras.
Ras – pequena proteína de ligação a GTP que é ligada por uma cauda lipídica à face citoplasmática da membrana
plasmática. É uma GTPase que circula em 2 estados conformacionais, ativo quando o GTP está ligado e inativo
quando o GDP está ligado.
Todos os RTKs ativam a Ras. A interação com a proteína ativadora Ras-GEF encoraja a Ras a trocar o seu GDP por
GTP, e assim mudar para um estado ativo. Passado algum tempo, a Ras é desligada por uma proteína GAP chamada
Ras-GAP, que promove a hidrólise do seu GTP em GDP.
No seu estado ativo a Ras inicia uma cascata de fosforilações na qual uma série de cinases fosforilam e se ativam
mutuamente em sequência. Este sistema vai levar o sinal desde a membrana para o núcleo da célula e inclui 3
cinases chamadas de módulo de sinalização MAP cinase, em homenagem à última cinase da cascata – a MAP cinase
ou cinase ativada por mitógeno.
A MAP cinase é fosforilada e ativada por uma enzima chamada MAP cinase cinase, que por sua vez é fosforilada e
ativada pela MAP cinase cinase cinase.
No final da cascata a MAP cinase fosforila várias proteínas efetoras, incluindo certos reguladores de transcrição,
alterando a sua capacidade de controlar a transcrição génica. Esta mudança no padrão de expressão génica pode
estimular a proliferação celular, promover a sobrevivência celular ou induzir a diferenciação. O resultado
dependerá de quais outros genes estão ativos na célula e de quais outros sinais a célula recebe.
Existe uma mutação que inativa a atividade da GTPase da Ras, de modo que a proteína não se consiga desligar,
promovendo a proliferação celular de forma descontrolada e o consequente desenvolvimento de um cancro. Cerca
de 30% dos cancros contêm esta mutação ativadora da RAS, outros têm mutações em genes codificadores de
proteínas que atuam na mesma via de sinalização que a RAS.
Elementos responsáveis pela integridade estrutural das células e outros processos tais como movimentação celular
e transporte de organelos.
1. Filamentos intermédios ou
intermediários – são altamente
flexíveis e estáveis pelo que não se
partem
2. Microtúbulos de tubulina – são tipo
transformers pois desmontam-se de
uma extremidade para formar noutra
3. Filamentos de actina –
responsáveis pela contração e
movimento celular
1. Microtúbulos
Conceitos gerais:
Funções:
o Transporte intracelular, como por exemplo o transporte de cargas por proteínas motoras – dineina e
quinesina
o Polaridade celular
o Geração de força (formação do fuso acromático na mitose)
o Movimento celular
A polimerização/despolimerização dos microtúbulos é um processo constante que gasta energia (fornecida sob a
forma de GTP).
o Centrossoma: par de centríolos rodeados por uma matriz proteica. Esta matriz proteica contém centenas
de estruturas em anel formadas por tubulina-γ. Cada um destes anéis vai funcionar como ponto de início
de crescimento do microtúbulo – local de nucleação.
Os dímeros de αβ-tubulina agregam-se a cada complexo de anel de γ-tubulina numa orientação específica: a
extremidade negativa de cada microtúbulo é embutida no centrossoma e o crescimento ocorre apenas na
extremidade positiva que se estende para o citoplasma.
A estabilidade seletiva de microtúbulos pode polarizar uma célula. Um microtúbulo recém-formado persistirá
apenas se ambas as suas extremidades estiverem protegidas da despolimerização. Nas células, as extremidades
negativas dos microtúbulos são protegidas pelos centros organizadores a partir dos quais os microtúbulos crescem.
As extremidades positivas estão inicialmente livres, mas podem ser estabilizadas pela ligação de proteínas
específicas.
Por exemplo, aqui uma célula não polarizada é representada em (A), com novos microtúbulos a crescer de um
centrossoma em várias direções antes de encolherem de volta aleatoriamente. Uma extremidade positiva do
microtúbulo será estabilizada se encontrar uma proteína capeadora numa região específica do córtex celular (B). A
estabilização seletiva numa das extremidades da célula influenciará a orientação da matriz de microtúbulos (C) e,
em última instância, converterá a célula numa forma fortemente polarizada (D).
Como já foi dito, a instabilidade dinâmica dos microtúbulos deriva da capacidade intrínseca dos dímeros de
tubulina para hidrolisar GTP (guanina trifosfato).
Os microtúbulos são responsáveis por uma série de movimentos celulares tais como o transporte de vesículas,
organelos e separação dos cromossomas. Estes movimentos podem se realizar através de:
Os microtúbulos guiam o transporte de organelos, vesículas e macromoléculas ao longo de uma célula nervosa,
uma viagem que pode levar dias. Todos os microtúbulos de um axónio apontam para a mesma direção, ou seja,
com suas extremidades positivas em direção ao terminal da célula nervosa.
Os microtúbulos orientados servem como pistas para o transporte direcional de materiais sintetizados no corpo da
célula, mas necessários nas telodendrites. Existe ao mesmo tempo tanto tráfego em direção às telodendrites como
na direção inversa, ao corpo da célula. O tráfego para trás inclui mitocôndrias desgastadas e materiais ingeridos
pelos terminais do neurónio.
Cílios Flagelo
Batem tipo chicote Rodam tipo ventoinha
Existem em grande quantidade nas células São únicos ou presentes em pequeno número
Muito pequenos Muito grandes
Sentem o meio
A estrutura responsável pelos movimentos dos cílios e dos flagelos chama-se Axonema.
Num cílio vivo, estes braços de dineina a vermelho entram em contacto periodicamente com o microtúbulo duplo
adjacente, movendo-se ao longo deste, produzindo assim a força para o batimento ciliar.
2. Microfilamentos de Actina
Os Microfilamentos de actina são constituídos por monómeros globulares chamados de actina G. Estes
monómeros são proteínas assimétricas que se associam de forma regular, ou seja, sempre no mesmo
sentido. Assim, formam 1 filamento de actina helicoidal denominado de actina F – actina filamentosa.
A Actina G não associada a ATP é uma proteína instável. Razão pela qual os protofilamentos estão
sempre a ser destruídos/formados. Estes monómeros de actina carregam o ATP no citosol, que é
hidrolisado a ADP logo após a associação com outros monómeros no filamento em crescimento.
A actina tem uma grande quantidade de proteínas acessórias que permitem estabilizar o citoesqueleto:
> Proteínas motoras: Miosinas – Utilizam os Microfilamentos como trilhos, provocando o
deslocamento de outros Microfilamentos ou de organelos (ex: sarcómeros – importantes para a
célula se contrair)
> Proteínas capeadoras: impedem que a actina se polimerize. Recobrem uma das extremidades do
Microfilamentos estabilizando o seu crescimento. (ex.: tropomodulina)
> Gelsolinas (na presença de cálcio) – ligam-se aos monómeros em diferentes pontos do
microfilamento rompendo as interações com o monómero adjacente, em sentido à extremidade
positiva, ou seja, fragmenta a actina e forma um capuz que impede a polimerização.
> Proteínas sequestradoras – ligam-se aos monómeros livres e modulam a sua afinidade com os
microfilamentos, aumentado ou diminuindo a velocidade de polimerização. (ex: timosina)
A célula forma ondulações que se movem ao longo da superfície dorsal de modo a possibilitar o seu movimento.
Estes movimentos são causados pela interação actina-miosina.
3. Filamentos Intermédios
Conceitos chave:
Curiosidades:
Estrutura:
(A) Monómero
(B) Durante a polimerização os monómeros associam-
se de forma paralela para formar 1 dímero
(C) Os pares de dímeros associam-se em tetrâmeros
de forma antiparalela
(D) 8 Destes tetrâmeros vão se alinhar paralelamente
para formar um protofilamento
(E) Estes protofilamentos enovelam-se para formar 1
filamento intermédio (1 cilindro)
Os filamentos intermédios não apresentam polaridade porque as extremidades são iguais. Assim os motores teriam
dificuldade na identificação de uma direção ou outra.
Estas proteínas conectam os filamentos intermédios entre si formando uma rede de arranjos desorganizados fortes
e estáveis.
o Sumário:
1. Ciclo celular em Geral
2. O controlo o Ciclo celular
3. Fase G1
4. Fase S
5. Fase M
6. Mitose
7. Citocinese
8. Controlo da divisão e crescimento celular
“Onde uma célula surge, deve haver uma célula anterior, assim como animais só podem surgir de animais e
plantas de plantas.”
– Rudolf Virchow
Ciclo celular – ciclo de crescimento e duplicação do conteúdo celular seguido de uma divisão. A sua duração varia
muito de um tipo de célula para outro, por exemplo, enquanto uma célula epitelial do intestino tem um ciclo celular
de aprox. 12 horas, uma célula tem um ciclo de aprox. 1 ano e um fibroblasto em meio de cultura 20 horas.
Antes de se dividir, uma célula também aumenta significativamente de tamanho e duplica as suas
macromoléculas e organelos. Caso contrário, cada vez que uma célula se dividisse, as células filhas
ficariam sucessivamente mais pequenas
Estes 2 processos constituem a fase M do ciclo celular, uma fase de duração rápida comparada à duração das outras
3 fases – G1, S, G2 – que constituem a interfase.
Interfase: Período entre uma fase M e a próxima. Compreende a fase S (de síntese) onde a célula duplica
o seu DNA, a fase G1 e a fase G2 (g de “gap”). Durante essas fases de lacuna a célula monitoriza o seu
estado interno e externo e continua a crescer.
Os períodos “gap” garantem que as condições são adequadas à reprodução e que as preparações
sejam concluídas antes que a célula se comprometa a duplicar o seu DNA e a se dividir. Daí existir
um monitoramento antes da Fase S e um antes da fase M.
Sistema do controlo celular – Rede complexa de proteínas reguladoras. Este sistema garante que os eventos do
ciclo celular ocorram numa sequência definida e que cada processo tenha sido completado antes que o próximo
comece.
O checkpoint desta fase permite que a célula averigue se o ambiente é favorável à proliferação celular, uma vez
que são necessários nutrientes e sinais extracelulares para a divisão. Se o ambiente dor desfavorável, a célula
prolonga a fase G1 antes de entrar na fase S, a ver se consegue as condições necessárias, ou entra na fase G0.
Muitas células, nomeadamente os neurónios e células do tecido muscular esquelético permanecem na fase G0
durante toda a vida.
Este checkpoint é especialmente importante uma vez que é responsável pela deteção se sinais extracelulares que
rão induzir ou não a divisão celular consoante a necessidade de novas células. Se este checkpoint não estiver a
atuar corretamente rá a célula dividir-se descontroladamente, podendo resultar em cancro.
De G2 para M, o checkpoint confirma que o DNA não está danificado e se é totalmente replicado, garantindo que
a célula não entre em Mitose a menos que o seu DNA esteja intacto.
Este checkpoint garante que os cromossomas replicados estejam todos bem ligados ao fuso acromático
(citoesqueleto) e estejam bem posicionados.
Os checkpoints, ou postos de controlo do ciclo celular, são mecanismos de controlo que ativam/inativam
“proteínas-chave” específicas e complexos proteicos que iniciam ou regulam a replicação do DNA, a mitose e a
citocinese.
Assim sendo, muito basicamente, regulam o ciclo celular e impedem erros durante esta divisão.
Garantem:
A fosforilação seguida por desfosforilação é uma das maneiras mais comuns que a célula arranja para ativar ou
desativar uma proteína. Este método vai ser a base deste controlo celular.
Esta alternância entre fosforilações/desfosforilações irá ser regulada por diferentes conjuntos de proteínas:
1. Cinases e fosfatases
2. Ciclinas
3. CDK’S (cinases dependentes de ciclinas) – é um tipo específico de cinase
4. Complexos Ciclina-CDK
Enquanto as fosfatases ocupam-se da reação desfosforilativa, ou seja, retiram grupos fosfato à proteína ou
molécula. As cinases são enzimas responsáveis por fosforilar proteínas, o que as ativa, de modo que a célula se
consiga desenvolver.
Complexos ciclina-CDK
Por si mesmas as ciclinas não têm atividade enzimática, mas ao se ligarem às cinases tornam-nas ativas. Assim
sendo, estas cinases dependem da ligação de uma ciclina para terem função enzimática, são as nossas CDKs. À
ligação destas 2 proteínas dá-se o nome de complexo ciclina-CDK.
Os complexos ciclina-CDK apenas estão ativos em determinadas alturas do ciclo e rapidamente são outra vez
desativados. Assim sendo, se a atividade complexos for traduzida num gráfico iremos ter altos e baixos ao longo do
ciclo celular.
A concentração de ciclinas varia de forma cíclica e gradual ao longo do ciclo celular (daí o nome delas ser “ciclinas”)
e faz com que, em certos momentos, haja uma agregação entre ciclinas e CDKS.
É de ter em atenção que apesar da concentração das ciclinas variar de forma cíclica ao longo do ciclo celular, a
concentração dos CDKS não se altera. A sua concentração é sempre a mesma, eles estão sempre presentes dentro
da célula, apenas não estão ativos.
Para que um complexo esteja totalmente ativo, ou seja, atinja aqueles pontos altos no gráfico, o CDK não pode
simplesmente associar-se a uma ciclina e começar a trabalhar, ele tem que ser fosforilado num lado por cinases
ativadoras de CDKS e desfosforilado noutro lado por fosfatases.
É por esta razão que a atividade de um complexo ciclina-CDK não começa a ocorrer
simultaneamente com o aumento da concentração das ciclinas, porque a sua ativação também
depende da sua fosforilação e desfosforilação.
> Eles próprios fosforilam proteínas alvo da célula, isto faz com que elas percebam que está na hora de
avançarem com o ciclo.
Como resultado, diferentes complexos ciclina-CDK irão atuar em diferentes fases do ciclo. Por exemplo, o complexo
M-CDK (CDK + ciclina M) fosforila proteínas chave que fazem com que os cromossomas condensem, que o invólucro
nuclear seja destruído, que os microtúbulos do citoesqueleto se reorganizem para formar o fuso acromático… Tudo
o que seja característico da fase mitótica.
Em conclusão, distintos CDKS associados a distintas ciclinas vão atuar em diferentes eventos do ciclo celular.
Porque este é o que faz a passagem da fase G1 para a fase S, para aquela fase em que a célula pára de se preparar
para uma divisão e começa realmente a fazê-la, começando por replicar o DNA. Como pode uma célula começar a
se dividir se o ambiente para tal não é favorável? Se isto pode causar complicações no organismo? Daí haver
moléculas sinalizadoras extracelulares – os mitogens – produzidos por outras células, que vão ajudar a ativar este
complexo que estimulará a célula a se dividir, porque só assim a célula parte do princípio que existem condições
para tal. Portanto, o complexo G1-CDK, que atua na fase G1 até a fase S, é ativado apenas por sinais extracelulares
que estimulam a célula a se dividir.
> Regra geral, as células humanas só se multiplicam se forem estimuladas pelo meio extracelular através de
sinais mitogénicos produzidos por outras células.
Para além de depender destas proteínas o controlo do ciclo celular também depende de proteólises
Como já foi dito, a concentração de ciclinas aumenta gradualmente mas depois cai muito acentuadamente no final
da fase M. Resultado este provocado por específicos complexos enzimáticos que adicionam cadeias de ubiquitina
à ciclina em questão, que é guiada depois aos proteossomas para sua destruição.
Isto faz com que o CDK fique automaticamente inativo, daí a queda da sua atividade no mesmo ponto do gráfico
da queda da concentração de ciclinas. Esta inativação do complexo faz também com que a célula avance no ciclo
celular para outro estágio. Por exemplo, pegando outra vez no complexo M-CDK, a inativação deste complexo,
resultado da destruição da ciclina B, leva a que a célula saia da mitose.
É por esta razão que enquanto a concentração das ciclinas varia dentro da célula, a concentração das CDKs
permanece constante, porque as ciclinas são destruídas.
Por último, existem também proteínas que inibem os CDKS. Com que objetivo?
Vimos que o controlo do ciclo celular desencadeia os eventos do ciclo de uma ordem/forma específica. Por
exemplo, só desencadeia a mitose depois do DNA ter sido devidamente replicado, o que permite que a célula se
divida em duas só depois da mitose estar completa. Se um destes passos não for controlado devidamente a célula
suprime a atividade do próximo passo para que tudo volte à normalidade.
Estes intervalos dependem das proteínas inibidoras CDK. Esta pausa proporciona à célula mais tempo para crescer
ou esperar por melhores condições extracelulares.
Uma vez passado o posto de controlo G1, a célula completa o ciclo celular muito rapidamente (entre 12 a 24 horas
em mamíferos, regra geral).
Estas proteínas inibidoras, juntamente com os fosfatos inibitórios da atividade do complexo, também existem
porque a ciclo celular é rápido depois de passar a fase G1, quer dizer que a célula não pode perder tanto tempo na
construção dos complexos, então eles são montados quando a célula tem tempo pra isso e depois são inibidos com
uma proteína ou com um fosfato porque ainda não está no tempo de começarem a fosforilar proteínas da fase G2,
por exemplo, na fase G1. Quando chegar a altura deles, basta retirar a proteína inibidora ou o fosfato e já está.
3. Fase G1
Com base nos sinais intracelulares – que fornecem informações sobre
o tamanho da célula – e nos sinais extracelulares – que refletem o
ambiente –, a maquinaria de controlo do ciclo celular pode mantes a
célula transitoriamente em G1, num estado não proliferativo mais
prolongado chamado de G0 (temporariamente ou permanentemente
no caso das células diferenciadas terminalmente), ou pode permitir que
ela se prepare para entrar na fase S.
Durante a fase M, quando as células estão se dividindo ativamente, a célula está inundada com complexos ciclina-
CDK ativos. Se estes S-CDKs e M-CDKs não forem desativados até ao final da fase M, a célula replicará
imediatamente o seu DNA e iniciará outra divisão sem gastar tempo significativo na fase G1 ou G2. – Este ciclo
rápido é observado em embriões precoces, onde as células ficam menores a cada divisão.
> Portanto, para que uma célula permanece na fase G1 e tenha tempo de se preparar para uma nova divisão
tranquilamente, a maquinaria do controlo do ciclo celular deve inativar o seu inventário de S-CDKs e M-
CDKs.
A célula inativa estes complexos eliminando todas as ciclinas existentes, bloqueando a síntese de novas
ciclinas e implantado proteínas inibidoras de CDK para abafar a atividade de quaisquer complexos
remanescentes.
3.2. Os sinais mitogénicos promovem a produção de ciclinas que estimulam a divisão celular
A saída de G1 para a fase S, ou de G0, requer um acúmulo de ciclinas. Os mitogens agem ativando as cias de
sinalização celular que estimula, a síntese de ciclinas G1, ciclinas G1-S e outras proteínas envolvidas na síntese de
DNA e na duplicação dos cromossomas. O acúmulo destas ciclinas desencadeia uma onde de atividade G1/S-CDK,
que acaba por fazer com que a célula entre na fase S.
→ Retinoblastoma (Rb): proteínas identificada em estudos de um tumor ocular raro na infância chamado
retinoblastoma, no qual a proteína Rb está ausente ou defeituosa. Esta proteína é abundante no núcleo de
todas as células dos vertebrados e liga-se a determinados reguladores de transcrição para que fiquem
impedidos de ligar os genes à proliferação celular.
3.3. Algum dado no DNA pode temporariamente interromper a progressão do ciclo celular em G1
Se a p53 estiver ausente ou defeituosa, a replicação total do DNA danificado leva a uma alta taxa
de mutação e à produção de células que tendem a se tornar cancerígenas. De fato, mutações no
gene p53 são encontradas em cerca de metade de todos os cancros humanos
As células podem se retirar do ciclo celular por períodos prolongados – temporários ou permanentes – Fase G0.
> De forma permanente: Normalmente quando existe a diferenciação máxima da célula – células
terminalmente diferenciadas – o sistema de controlo do ciclo celular é completamente desmantelado e os
genes codificadores de ciclinas e CDKs são encerrados irreversivelmente.
> De forma temporária: Estas células mantém a capacidade de remontar o sistema de controlo do ciclo celular
e se dividir. A maioria das células do fígado, por exemplo, está em G0, mas elas podem ser estimuladas a
proliferar se o fígado estiver danificado.
4. Fase S
Antes de uma célula se dividir, ela deve replicar o seu DNA.
Como já sabemos, a replicação começa nas origens de replicação, que recrutam proteínas específicas que
controlam a replicação de DNA.
O complexo S-CDK também faz com que o DNA não seja replicado uma segunda vez. Ele fosforila o Cdc6, o que
marca essa proteína para degradação. Sem CDC6 a replicação não pode ser reiniciada no mesmo ciclo celular.
Sabemos que a fosforilação em locais específicos de um complexo pode inibir a sua atividade. Se houverem erros
na replicação do DNA, a célula fosforila o complexo M-CDK para que este fique intivo, fazendo que a célula pause
em G2, dando tempo para que o erro no DNA seja reparado.
Se o erro for reparado a célula progride no ciclo para a fase M. Para que tal aconteça, os fosfatos inibitórios do
complexo devem ser removidos por uma fosfatase, a fosfatase tem o nome de Cdc25.
5. Fase M
Durante esta fase a célula reorganiza todos os seus componentes de forma e distribui-los equitativamente entre as
células filhas.
Na fase M temos duas máquinas citoesqueléticas especializadas. Uma delas separa os dois cromatídeos-irmãos de
um cromossoma duplo (durante a mitose) e a outra divide o citoplasma da célula em duas partes (citocinese).
O M-CDK é o único complexo necessário a todos os rearranjos diversos e complexos eu ocorrem nos estágios iniciais
da mitose.
Funções:
1. Ajuda a preparar os cromossomas duplos para a segregação de seus cromatídeos, promovendo a sua
máxima condensação e correto alinhamento na placa equatorial da célula
2. Induz a montagem do fuso mitótico/acromático que separa os cromatídeos
Coesinas – Os dois cromatídeos irmãos permanecem firmemente unidos pela ação de coesinas. As coesinas estão
dispostas ao longo do comprimento de cada cromatídeo (verticalmente), e garantem que estes apenas se separam
na anafase.
As ligações formadas pelas coesinas são destruídas no início da anafase por proteases designadas separases,
permitindo que os cromatídeos irmãos se segreguem.
No início da anafase, a securina é destruída por um complexo proteico designado de APC (complexo promotor da
anafase). Uma vez destruída a securina, as separases tornar-se-ão ativas e irão degradar as ligações das coesinas.
O APC também destrói a M ciclina, o que irá desencadear o final da mitose. Esta degradação da ciclina mitótica só
ocorre quando os cromatídeos irmãos estiverem separados e colocados no lugar correto na célula (em polos
opostos).
Se o fuso mitótico estiver com problemas, cinetocoro não ligado aos microtúbulos do fuso:
Célula tem mecanismo de controlo celular que não é um checkpoint mas que oermite fazer uma pausa no ciclo
celular: os cinetocoro.
Até os cinetocoro estarem todos ligados ao fuso acromático corretamente a célula não avança no ciclo celular.
Quando não estão ligados ao fuso, os cinetocoro enviam um sinal de STOP ao sistema de controlo do ciclo celular.
Consiste no bloqueio da ativação do APC, retardando o início da anafase até que cada cromossoma esteja
corretamente posicionado no fuso mitótico. (cromatídeos-irmãos permanecem juntos)
Como se processa?
Proteínas Mad 1, Mad 2 e Bub vão regular o Cdc20, que é um fator específico do ACP, necessário para que
ACP fique ativo-
Quando essas mesmas proteínas se associam a cinetocoros que não estão ligados a microtúbulos são
convertidas numa forma ativa (de vida curta) que vai interagir com Cdc20 e inativá-lo, impedindo que este
se associe ao ACP e deste modo a securina não será degradada.
Quando há ligação dos cinetocoros aos microtúbulos as proteínas já não se associam, fazendo com que o
Cdc20 ative o APC, que vai degradar as securinas.
Portanto, quando todos os complexos de cinetocoros se ligarem aos microtúbulos, o Cdc20 deixa de ser inibido,
ativando o APC-> início anáfase
A citocinese constitui a sexta parte e conclui-se no fim da telófase. Começa antes que a mitose termine.
Para imagens de cada etapa da mitose ver página 622 e 623 do alberts 4ª edição.
5.2. Anafase
A segregação na anafase resulta de 2 processos independentes que envolvem diferentes partes do fuso mitótico.
Os dois processos são designados de Anafase A e Anafase B.
Na anafase B, os polos do fuso acromático movem-se em sentidos opostos e contribuem também para a segregação
dos cromossomas.
6. Citocinese
A citocinese é o processo pelo qual o citoplasma é dividido em 2. Esta fase geralmente inicia-se no início da anafase,
no entanto, só está concluída quando os 2 núcleos estão completamente formados (na telófase)
A citocinese depende de uma estrutura baseada em filamentos de actina e miosina – o anel contráctil.
À medida que as células entram na fase M, elas se arredondam. As células mudam de forma em parte porque
algumas das proteínas da membrana plasmática responsáveis por ligar as células ao substrato - as integrinas -
tornam-se fosforiladas e, assim, enfraquecem sua aderência. Uma vez que a citocinese esteja completa, as células-
filhas restabelecem seus fortes contatos com o substrato e se achatam novamente
A presença de uma parede celular não permite o estrangulamento das células. As vesículas resultantes do complexo
de Golgi (contendo celulose, polissacarídeos e proteínas) são depositadas na região equatorial da célula, por
orientação dos microtúbulos que se formam nos poros.
Inicialmente as vesículas golgianas alinham-se na placa equatorial da célula, originando uma placa celular, que se
torna cessível na telófase. A deposição de celulose junto à placa celular vai originar 2 paredes celulares (que se
formam do centro para a periferia) e quando estas 2 paredes encontram-se com a parede celular da célula mãe
completa-se a divisão celular.
1. Crescimento celular
2. Divisão celular
3. Morte celular
Cada um destes processos dependerá de sinais de outras células do corpo – sinais extracelulares.
O número de células de um organismo multicelular é altamente controlado, não só a partir da taxa de divisão, mas
também controlando a taxa de morte celular.
Se as células não forem mais necessárias, podem cometer suicídio, ativando um programa de morte intracelular –
morte celular programada. Nos animais, a forma mais comum de morte celular programada é a apoptose.
As patas dos animais, as nossas próprias mãos, são esculpidas por apoptose durante o desenvolvimento
embrionário: começam como estruturas semelhantes a espigas, e os dedos separam-se porque as células entre eles
morrem. O mesmo acontece com a cauda de um girino que não é mais necessária num sapo. Quer isto dizer que,
as células morrem porque não são mais necessárias.
Nos tecidos adultos, a morte celular equilibra a divisão celular, a menos que o tecido esteja crescendo (vai haver
mais taxa de divisão do que de morte) ou encolhendo (vice-versa). Assim, os órgãos e tecidos do corpo são mantidos
num tamanho constante.
Quando as células morrem como resultado de uma lesão aguda, normalmente incham e explodem, derramando o
seu conteúdo por todos os seus vizinhos – necrose celular. Esta erupção pode causar uma inflamação
potencialmente prejudicial.
Algumas caspases executoras podem ainda ativar outras executoras adicionais, iniciando uma cascata proteolítica.
Outras desmembram proteínas-chave, por exemplo, uma caspase executora carrasco pode atingir as lâminas
nucleares e clivá-las. Esta clivagem causa a rutura irreversível da lâmina nuclear, que permite que as nucleases
entrem no núcleo e quebrem o DNA.
As Bcl2 são proteínas intracelulares que controlam a ativação das procaspases em caspases. Algumas Bcl2
promovem a ativação das caspases enquanto outras inibem esse processo.
2 Proteínas importantes desta família que induzem a morte celular são a Bax e a Bak – ativadas em resposta a
danos no DNA, por exemplo. Elas promovem a morte celular por induzirem a libertação de uma proteína
transportadora de eletrões chamada citocromo C (transporta eletrões da mitocôndria para o citosol).
Outros membros da família Bcl2 (incluindo o Bcl2) inibem a apoptose impedindo que a Bax e a Bak libertem o
citocromo C.
A moléculas do citocromo C quando libertadas da mitocôndria ativam as procaspases iniciadoras, induzindo assim
a morte celular. As procaspases vão montar um complexo proteico de 7 braços, semelhante a um catavento,
chamado de apoptosoma. A função do apoptosoma é recrutar uma procaspases iniciadora específica capaz de
disparar a cascata de caspases que leva à morte celular.
1. Quando as proteínas Bak ou Bax são ativadas por um estímulo apoptótico, elas se agregam na membrana
mitocondrial externa, levando à libertação do citocromo c por um mecanismo desconhecido.
2. O citocromo c é libertado no citosol a partir do espaço intermembranar mitocondrial (juntamente com
outras proteínas neste espaço - não mostrado).
3. O citocromo c então liga-se a uma proteína adaptadora, fazendo com que ela se reúna num complexo de
sete braços.
4. Este complexo recruta sete procaspases iniciadoras específicas (procaspase-9) para formar uma estrutura
chamada apoptosoma.
5. As proteínas procaspase-9 são ativadas no apoptosoma e então ativam as procaspases executoras no
citosol, levando a uma cascata de caspases que conduzem a célula à apoptose.
Por vezes, o sinal para cometer suicido não é gerado internamente mas sim a partir de uma célula vizinha. Alguns
destes sinais extracelulares podem afetar a atividade das Bcl2 para que se gere a cascata de caspases, outros
estimulam a apoptose mais diretamente, ativando um conjunto de recetores na superfície da célula chamados de
recetores de morte (death receptor).
Um recetor de morte bem conhecido é o Fas. O Faz é ativado por uma proteína chamada de ligante Fas – presente
na superfície das células imunológicas especializadas chamadas de linfócitos assassinos.
A ligação ligante Fas-Fas desencadeia a montagem de um complexo sinalizador indutor de morte – o DISC –, que
inclui procaspases iniciadoras específicas que, quando ativas, iniciam uma cascata de caspases, o que leva à morte
celular.
1. O ligante Fas na superfície de um linfócito assassino ativa os recetores Fas na superfície de uma célula-alvo.
2. Isto desencadeia a montagem de uma coleção de proteínas intracelulares para formar um complexo
sinalizador indutor de morte (DISC), que inclui uma procaspase iniciadora específica (procaspase-8 ou 10).
3. As procaspases clivam e se ativam mutuamente
4. As caspases ativas resultantes então ativam procaspases executoras no citosol, levando a uma cascata
proteolítica de caspases e apoptose.
7.5. As células animais requerem sinais extracelulares para sobreviver, crescer e se dividir
A maioria dos sinais extracelulares consiste na segregação de proteínas pelas células vizinhas. Embora muitos
destes sinais, de sobrevivência, crescimento e divisão celular, atuem positivamente para estimular um ou mais
desses processos, alguns atuam inibindo um processo em particular.
Se privadas dos fatores de sobrevivência as células entram em apoptose. Os fatores de sobrevivência são emitidos
por outras células, este requisito ajuda a garantir que as células apenas sobrevivam quando e onde forem
necessárias.
Por exemplo, muitos tipos de células nervosas são produzidas em excesso no sistema nervoso em
desenvolvimento e então competem por quantidades limitadas de fatores de sobrevivência. As
células nervosas que recebem fatores de sobrevivência suficientes vivem, as que não, morrem.
A maioria dos mitogens foi identificada em células em cultura. Um dos primeiros mitogens identificados dessa
forma foi o fator de crescimento derivado de plaquetas – o PDGF (Platelet-derived growth factor). Quando formam-
se coágulos sanguíneos (numa ferida, por exemplo), as plaquetas são estimuladas para libertar PDGF. O PDGF vai
se ligar às tirosinas cinases (capítulo 16) das células sobreviventes no local da ferida, estimulando as células a
proliferar e curar a ferida. Outro mitogen chamado de fator de crescimento do hepatócito ajuda a proliferar células
hepáticas (do fígado) quando nele ocorre uma lesão (seja aguda ou cirúrgica).
O crescimento de um organismo ou órgão depende tanto do crescimento celular quanto da divisão celular.
Em organismos unicelulares, como leveduras, tanto o crescimento como a divisão celular apenas requerem
nutrientes. Em animais, requerem nutrientes e sinais de outras células.
O crescimento celular não depende do controlo do ciclo celular, ao contrário da divisão. Daí
algumas células continuarem a crescer mesmo depois de atingirem a diferenciação terminal e
pararem permanentemente de se dividir. Por exemplo, os neurónios e as células musculares.
O PDGF pode tanto atuar como fator de crescimento quanto como mitogen,
estimulando tanto o crescimento como a divisão celular. Proteínas como o
PDGF ajudam a garantir que as células mantenham seu tamanho adequado à
medida que se proliferam.
Os sinais extracelulares referidos anteriormente atuam promovendo o crescimento e divisão celular; no entanto,
existem outros sinais que têm ação contrária.
Note-se que as células cancerígenas são menos dependentes a estes sinais daí que sobrevivam, cresçam e
proliferem descontroladamente.
1. Os benefícios do sexo
A maior parte dos organismos que vemos à nossa volta reproduzem-se sexualmente. No entanto, muitos outros
invisíveis a olho nu podem reproduzir-se de forma assexuada, como é o caso de bactérias e de outros seres
unicelulares.
As células haploides são geradas a partir de células diploides por uma forma
especializada de reprodução redutora chamada de meiose.
2. Meiose e fertilização
A meiose garante a manutenção do número de cromossomas característicos da espécie ao longo das gerações.
Ocorre nas células da linha germinativa (diploides).
2.1. A meiose envolve uma ronda de replicação de DNA seguida de duas rondas de divisão celular
Embora as células que sofram meiose acabem com metade do DNA, este processo também requer que a célula
duplique primeiro os seus cromossomas, tal como na mitose. A redução do número de cromossomas ocorre porque
esta única ronda de duplicação é precedida por 2 rondas de divisão celular seguidas.
Ainda não é claro o porquê da célula duplicar o seu DNA e fazer duas divisões, em vez de simplesmente omitir a
sua fase S e fazer uma única divisão.
A meiose começa em células da linha germinativa diploides especializadas que residem nos ovários ou testículos.
Cada uma destas células contém 2 cópias de cada cromossoma, uma cópia da mãe e uma do pai.
As duas divisões redutoras na meiose são chamadas de Meiose I e Meiose II e darão origem a 4 células haploides
no final do ciclo completo.
Como a atribuição de cada homólogo às células-filhas haploides é aleatória, cada um dos gâmetas resultantes
receberá uma mistura diferente de cromossomas maternos e paternos.
Esta divisão ocorre sem duplicação prévia do DNA, ou seja, começa com as células haploides 2n. Os cromatídeos
irmãos alinham-se no plano equatorial da célula na metáfase II e são posteriormente segregados na anáfase II,
originando as nossas 4 células haploides n.
→ Cada emparelhamento de cromossomas forma uma estrutura chamada bivalente, na qual todos os 4
cromatídeos-irmãos se unem até a célula estar pronta a se dividir. Os homólogos maternos e paternos se separam
durante a meiose I enquanto os cromatídeos irmãos individuais se
separam na meiose II. Uma vez formados, os bivalentes são muito
estáveis: permanecem associados ao longo da longa prófase da
meiose I, o que pode durar anos.
Crossing-over:
Processo catalisado por um conjunto específico de enzimas: synaptonemal complex. Este complexo proteico
permite o e alinhamento dos cromossomas homólogos para que possa ocorrer a recombinação génica entre os
cromatídeos não irmãos.
O crossing-over é portanto, uma fonte de variabilidade genética e, para além de manter os cromossomas
homólogos alinhados, irá promover uma correta segregação no decorrer da meiose I.
Visto que a meiose nos humanos começa com 96 cromossomas (23 pares duplicados), não é surpreendente que
ocorram erros.
Ocasionalmente os homólogos não conseguem se separar adequadamente – um fenómeno conhecido como não-
disjunção. Como resultado obtemos células com cromossomas a menos e outras com cromossomas a mais. Quando
ocorre a fertilização, irão formar.se embriões anormais, cuja maior parte não chega a se desenvolver. Porém há
ainda outros que sobrevivem, como os embriões com síndrome de Down.
A síndrome de Down é uma doença caracterizada pelo atraso mentar e por características físicas anormais e que
resulta de uma falha no decorrer da meiose em que não ocorre a disjunção dos cromossomas 21, resultando numa
trissomia (quando este oócitos com 2 cromossomas 21 se funde com um espermatozoide normal com 1
cromossoma 21)
Nas mulheres, a não disjunção ocorre em cerca de 10% das meioses originando oócitos com números anormais de
cromossomas – aneuploidias. Este tipo de erros ocorre menos frequentemente nos homens uma vez que os
espermatozoides são sujeitos a um maior controlo de qualidade uma vez que quando são detetadas anomalias é
ativado um checkpoint que induz a apoptose da célula.
2.3. Fertilização
Os espermatozoides são atraídos quimicamente até ao oócito. Uma vez encontrado o oócito o espermatozoide vai
tem que percorrer a corona radiata e a zona pelúcida do oócito antes que consiga se ligar e entrar na membrana
do oócito propriamente dita.
Para evitar a polispermia (mais do que um espermatozoide a fecundar um oócito) existe um mecanismo essencial
em que ocorre um fluxo de iões de cálcio no citoplasma do ovo. Este cálcio irá induzir a secreção de enzimas que
irão reforçar a zona pelúcida, tornando-a dura, o que impede que consiga ser atravessada. A onda de cálcio também
ajuda a desencadear o desenvolvimento do ovo.
Uma vez fertilizado, o oócito passa a designar-se ovo ou zigoto. O processo de fertilização só termina após ambos
os núcleos se terem fundido – cariogamia – originando apenas 1 núcleo. A partir daí começa o processo de
embriogénese.
Uma teoria daquele tempo sugeria que os traços genéticos eram transmitidos apenas pelo pai, a mãe era só um
veículo. Em apoio a essa teoria de herança uniparental, alguns primeiros microscopistas imaginaram que poderiam
detetar um pequeno humano perfeitamente formado agachado dentro da cabeça de cada espermatozoide.
As leis da herança foram elaboradas seguindo características em organismos que são fáceis de produzir e que se
produzem em grande escala. Então, Mendel, o pai da genética, concentrou-se em ervilhas.
Mendel escolheu estudar as plantas de ervilha porque elas são fáceis de cultivar em grande número e podem ser
cultivadas em um pequeno espaço.
Ele controlava quais plantas acasalavam com as quais removendo esperma (pólen) de uma planta e escovando-a
nas estruturas femininas de outra. Essa cuidadosa polinização cruzada assegurou que Mendel pudesse ter certeza
do parentesco de todas as plantas de ervilha que examinava.
Além disto, as plantas de ervilha estavam disponíveis em muitas variedades: uma variedade tem flores roxas, outra
tem flores brancas, outra produz ervilhas de pele lisa, outra de pele rugosa, numa as flores estão posicionadas
terminalmente, noutra estão axialmente, e ainda diferiam na altura da planta e cor e forma da vagem.
Baseando-se nas suas observações, constituiu o concento de linhagem pura em que descendentes, por
autofecundação, ao longo de várias gerações apresentavam sempre a mesma característica para um dado carácter.
Assim, para manter uma linhagem pura recorreu aos indivíduos puros, que se reproduziam sempre por
autopolinização.
Se Mendel tivesse parado pela geração F1, poderia ter desenvolvido algumas ideias equivocadas, uma vez que os
resultados de F1 parecem apoiar a teoria da herança uniparental, que afirma que a aparência da prole
corresponderá a um pai ou a outro.
Verificou ainda que a transmissão destas características não dependia do sexo dos progenitores porque ao
transferir o pólen das plantas RR para as plantas rr (o contrário do realizado anteriormente) obtinha sempre os
mesmos resultados.
Do plano de trabalho de Mendel constam inúmeros registos quantitativos e qualitativos que foram a base da
explicação das proporções relativas das características das gerações F1 e F2.
Para explicar essas observações, Mendel propôs que a herança de características é governada por fatores
hereditários (que agora chamamos de genes) e que esses fatores vêm em versões alternativas que explicam as
variações observadas nas características herdadas. O gene que dita a cor da ervilha, por exemplo, existe em dois
“sabores” - um que dirige a produção de ervilhas amarelas e um que dirige a produção de ervilhas verdes. Tais
versões alternativas de um gene são agora chamadas de alelos, e toda a coleção de alelos possuídos por um
indivíduo - sua composição genética - é chamada de genótipo.
O principal avanço conceitual de Mendel foi propor que, para cada característica, um organismo deve herdar duas
cópias, ou alelos, de cada gene - um de sua mãe e outro de seu pai. As linhagens paternas reprodutoras verdadeiras,
ele teorizou, cada uma possuía um par de alelos idênticos - as plantas de ervilha amarela possuíam dois alelos para
as ervilhas amarelas, a ervilha verde planta dois alelos para as ervilhas verdes. Um indivíduo que possui dois alelos
idênticos é considerado homozigótico para essa característica. As plantas híbridas F1, por outro lado, receberam
dois alelos dissimilares - um especificando ervilhas amarelas e outro verde. Estas plantas eram heterozigóticas para
a característica de interesse.
A aparência, ou fenótipo, do organismo depende de quais versões de cada alelo ele herda. Para explicar o
desaparecimento de uma característica na geração F1 - e seu reaparecimento na geração F2 -, Mendel supôs que,
para qualquer par de alelos, um alelo é dominante e o outro recessivo, ou oculto. O alelo dominante, sempre que
estiver presente, ditaria o fenótipo da planta. No caso da cor da ervilha, o alelo que especifica as ervilhas lisas é
dominante; o alelo da ervilha rugosa é recessivo.
3.3. A primeira Lei de Mendel reporta-se à segregação fatorial (pureza dos gâmetas/Lei da segregação fatorial)
> Cada individuo contém 2 fatores para cada caractere, um de cada progenitor
> Os fatores têm uma relação de dominância/recessividade
> Na formação dos gâmetas os dois fatores responsáveis por cada caractere separam-se, ficando apenas um
em cada gâmeta (segregação fatorial)
Esta lei postula que os dois fatores responsáveis por uma dada característica existem aos pares e segregam-se
aleatoriamente para o gâmetas, de modo que metade dos gâmetas possui um dos fatores e os restantes o outro.
Por exemplo, a principal forma de albinismo - o albinismo do tipo II - é uma condição rara que é herdada de forma
recessiva em muitos animais, incluindo humanos. Como as plantas de ervilha que produzem sementes verdes, os
albinos são homozigóticos recessivos: seu genótipo é aa. O alelo dominante do gene (denotado A) codifica uma
enzima envolvida na produção de melanina, o pigmento responsável pela maior parte da cor marrom e preta
presente no cabelo, na pele e na retina do olho. Como o alelo recessivo codifica uma versão dessa enzima que é
apenas fracamente ativa ou completamente inativa, os albinos têm pelos brancos, pele branca e pupilas que
parecem rosas porque a falta de melanina no olho permite que a cor vermelha da hemoglobina no sangue vasos
na retina para ser visível.
3.4. A segunda Lei de Mendel refere-se à transmissão de dois caracteres em simultâneo - diibridismo
Mendel planeou várias experiências para tentar compreender os processos de transmissão genética de dois
caracteres em simultâneo.
Procurou verificar se os fatores de carateres distintos sofrem um fenómeno de segregação semelhantes aos fatores
do mesmo caractere, ou se eles se mantém associados durante a formação dos gâmetas.
No caso dos alelos se manteres associados (segregação dependente), as plantas F1 deveriam produzir dois tipos de
gâmetas: SY e sy. A F2 deveria apresentar uma proporção fenotípica 3:1 (3 ervilhas lisas amarelas e 1 ervilha verde
rugosa).
Se ocorrer Segregação independente dos alelos, há produção de 4 tipos de gâmetas: SY, Sy, sY, sy. Assim, a geração
F2 irá conter 9 genótipos e 4 fenótipos diferentes na razão 9:3:3:1.
Os cruzamentos diíbridos de Mendel eram casos de segregação independente. Acresce ainda o facto de aparecerem
em F2 duas novas classes fenotípicas (amarelo rugoso e verde liso), sendo denominadas de fenótipos
recombinantes.
Com estes resultados Mendel formulou a sua Segunda Lei: Lei da Segregação Independente – durante a
formação dos gâmetas, os alelos de diferentes pares de genes segregam-se independentemente uns dos outros.
Por exemplo, se o gâmeta final recebe a combinação de alelo YR, Yr, yR ou yr, depende inteiramente de qual
caminho os dois pares homólogos estavam enfrentando quando foram capturados pelo fuso meiótico; cada
resultado tem o mesmo grau de aleatoriedade que o lançamento de uma moeda.
As mutações de perda de função são geralmente recessivas, porque – para a maioria dos genes –
diminuir a quantidade normal de produto genético em 50 % tem pouco impacto. Mutações que
aumentam a atividade de um gene ou seu produto, ou que resultam num gene sendo expresso
em circunstâncias inapropriadas, são chamadas de mutações de ganho de função. Tais mutações
são geralmente dominantes.
A mutagénese é um dos métodos mais eficazes para identificar genes e observar quais as consequências ao nível
do fenótipo. Mas como é que podemos fazer este tipo de estudos em humanos?
A espécie humana não se reproduz rapidamente e a indução de mutações está completamente posta de parte.
Surgiram então duas técnicas que nos permite estudar os genes humanos:
Uma vez que os genes e as suas funções têm sido bastante preservados no decorrer da evolução, nós
podemos descobrir novas coisas através do estudo de genes de outros organismos geneticamente
próximos do homem.
Muitas mutações não são letais, um exemplo é a mutação que provoca surdez e que tem aumentado
espontaneamente na população humana. Analisando o fenótipo dos indivíduos afetados e analisando o
comportamento de células humanas em cultura podemos descobrir funções e outras particularidades de
determinados genes.
Embora mutantes espontâneos com fenótipos interessantes possam ser encontrados, o processo pode se tornar
muito mais eficiente e rápido gerando mutações artificiais com agentes que danificam o DNA, chamados mutagens.
Nem todas as mutações levam a uma mudança percetível no fenótipo. Mas ao tratar um grande número de
organismos com mutagens, coleções de mutantes podem ser geradas rapidamente, aumentando as chances de
encontrar um fenótipo interessante.
O Genetic screens envolve a análise de centenas de indivíduos mutados que são identificados pelo seu fenótipo.
Por exemplo, se queremos analisar genes envolvidos no metabolismo celular teremos de investigar as células
mutadas (ex.: bactérias ou leveduras) e ver quais delas perdem a capacidade de crescer na ausência de um
determinado aminoácido ou nutriente.
Este método é uma abordagem poderosa para isolar e caracterizar mutações que são compatíveis com a vida -
aquelas que alteram a aparência ou o comportamento de um organismo sem matá-lo. Um problema surge se
quisermos estudar genes essenciais - aqueles que são absolutamente necessários para processos celulares
fundamentais, como a síntese de RNA ou a divisão celular. Os defeitos nestes genes são geralmente letais, o que
significa que estratégias especiais são necessárias para isolar e propagar tais mutantes: se os mutantes não podem
ser criados, seus genes não podem ser estudados.
> Se o organismo for diploide, e o fenótipo mutante é recessivo, podemos estudar os indivíduos
heterozigóticos uma vez que estes irão possuir uma cópia normal do gene e outra mutada. Quando eles se
reproduzem, 25% da descendência serão mutantes homozigóticos e mostrarão o fenótipo de mutante letal.
> Se o organismo for haploide, estudamos a mutação letal em mutantes nos quais a proteína do gene
mutante é apenas defeituosa sob certas condições. Por exemplo, em mutantes que são sensíveis à
temperatura. A proteína funciona normalmente dentro de uma certa faixa de temperaturas – temperatura
permissiva – mas pode ser inativada por uma mudança para uma temperatura não permissiva (fora desta
faixa). Assim, o fenótipo anormal pode ser ligado e desligado simplesmente alterando a temperatura.
Os testes de complementação servem para ver se um mesmo fenótipo tem origem no mesmo gene, pois a mutação
pode provocar as mesmas características e no entanto estar em genes diferentes.
No entanto, estas mutações podem afetar o mesmo gene ou podem afetar genes diferentes que funcionam no
mesmo processo. Como distinguir entre os dois?
Um teste de complementação pode revelar se elas afetam o mesmo ou diferentes genes se a mutação em causa
for recessiva e causa perda de função.
Imaginemos um individuo homozigótico para uma mutação recessiva. Ele é cruzado com um individuo
homozigótico para outra mutação.
Se as duas mutações afetarem o mesmo gene, a descendência mostrará o fenótipo mutante, porque elas
carregam apenas cópias defeituosas do gene em questão
Se as mutações afetarem genes diferentes, a prole mostrará o fenótipo normal, porque eles terão uma
cópia normal (dominante) e uma mutante de cada gene.
Sempre que o fenótipo normal é restaurado em tal teste, diz-se que os alelos herdados dos dois pais se
complementam.
Polimorfismos → quando 2 ou mais variantes da sequência genómica existem e são comuns na população
Os SNPs podem ser usados como marcadores para contruir mapas genéticos que possam relacionar as variações
nucleotídicas com a predisposição para determinadas doenças (ex.: diabetes, bipolaridade, artrite reumatoide…).
Com este objetivo são recolhidas amostras de DNA de um grande número de pessoas que manifestam a doença
para comparar o seu material genético com o de pessoas saudáveis.
Apesar da predisposição que uma pessoa possa apresentar para determinada doença, não
podemos esquecer que os fatores ambientais também estão diretamente relacionados.
Os SNPs estão próximos uns dos outros, eles tendem a viajar em grupos chamados de blocos haplótipos –
combinações de polimorfismos que são herdadas como uma unidade.
Ou seja, se um indivíduo possui uma determinada variante (SNP) é altamente provável que tenha todos os outros
que estejam diretamente relacionados com este uma vez que são sempre transmitidos em bloco, daí que seja
suficiente analisar apenas 1 ou 2 SNPs representativos de cada bloco haplótipo para saber qual deles está em
questão.
O facto destas sequências de DNA serem transmitidas em bloco deve-se à localização destas sequências nos
cromossomas, pois encontram-se em zoas cuja existência de crossing-over é ínfima e por isso passam praticamente
intactas através de gerações.
A análise dos blocos haplótipos poderá ajudar-nos a revelar um pouco da história do Homem uma vez que
determinadas populações têm blocos característicos que lhes conferem resistência a determinadas doenças e a
partir daí podemos deduzir a que tipo de ambientes foram sujeitos. (ex.: a população africana possui blocos
haplótipos que conferem resistência à malária).
A maioria das células em organismos multicelulares é organizada em conjuntos cooperativos chamados tecidos,
como os tecidos nervoso, muscular, epitelial e conectivo, encontrados em vertebrados.
Os tecidos são compostos não apenas de células, mas também de matriz extracelular, que as células segregam em
torno de si. É essa matriz que dá aos tecidos de suporte, como osso ou madeira, sua força. A matriz fornece uma
maneira de unir as células, mas as células também podem se conectar umas às outras diretamente. Essas junções
transmitem forças do citoesqueleto de uma célula para o da próxima, ou do citoesqueleto de uma célula para a
matriz extracelular
Um tecido animal requer vasos sanguíneos, nervos e outros componentes. Todos os componentes
do tecido devem ser adequadamente organizados e coordenados, e muitos deles requerem
manutenção e renovação contínuas.
Embora os tecidos especializados do nosso corpo sejam diferentes, todos eles têm certos requisitos básicos,
geralmente fornecidos por uma mistura de tipos de células.
A pele, por exemplo, pode ser vista como um grande órgão composto por dois tecidos principais:
A camada mais externa da epiderme consiste em células mortas planas, cujos organelos intracelulares
desapareceram. O tecido conjuntivo consiste na derme resistente e na hipoderme gordurosa subjacente. A derme
e a hipoderme são ricamente supridas de vasos sanguíneos e nervos. Porém, alguns dos nervos podem se estender
para a epiderme, como mostrado.
O tecido conjuntivo é o tecido de maior distribuição no corpo humano. Preenche espaços não ocupados por outros
tecidos, apoia e nutre as células epiteliais, faz parte da estrutura de muitos órgãos e tem um papel importante na
cicatrização. É habitado por:
> Fibroblastos – produzem colagénio e elastina, para que a pele não se rasgue e tenha flexibilidade
> Vasos sanguíneos – satisfazem a necessidade de oxigénio, nutrientes e descarte de resíduos
> Células nervosas – respondem a estímulos
> Macrófagos – eliminam células mortas e danificadas
> Linfócitos ou outros leucócitos – combatem a infeção
A maioria destas células são formadas fora do tecido conjuntivo e só depois o invadem.
1. Comunicação celular: Cada tipo de célula monitoriza continuamente o seu ambiente à procura de sinais de
outras células e ajusta o seu comportamento a esses sinais. Na verdade, sem esses sinais a célula não
sobrevive. Esta comunicação garante que novas células sejam produzidas e sobrevivam apenas quando e
onde forem necessárias.
2. Adesão celular seletiva: Uma vez que cada tipo de célula possui as suas moléculas de adesão celular, elas
tendem a se fixar seletivamente a outras células do mesmo tipo (ligação homofílica), a algumas células de
outros tipos e a componentes específicos da matriz celular. A seletividade dessas adesões celulares impede
que os diferentes tipos de células num tecido se misturem caoticamente.
3. Memória celular: padrões específicos de expressão génica, evocados por sinais que atuaram durante o
desenvolvimento embrionário, são depois mantidos de maneira estável, de modo a que as células
preservem de maneira autónoma a sua identidade e a transmitam à prole. Por exemplo, um fibroblasto
apenas se divide em mais fibroblastos, e assim por diante.
Num extremo está o tecido nervoso, no qual a maioria das células nervosas dura uma vida inteira sem reposição.
No outro extremo está o epitélio intestinal, no qual as células são substituídas a cada 3 a 6 dias. Entre estes
extremos existe um espectro de diferentes taxas e estilos de renovação celular e renovação do tecido.
Por exemplo, o osso tem um tempo de renovação de cerca de dez anos em humanos, envolvendo renovação da
matriz assim como das células: matriz óssea antiga é lentamente devorada por um conjunto de células chamadas
osteoclastos, semelhantes aos macrófagos, enquanto nova matriz é depositada por outro conjunto de células,
osteoblastos, semelhantes aos fibroblastos.
As células vermelhas do sangue em humanos são geradas continuamente na medula óssea, libertadas na corrente
sanguínea – onde circulam por cerca de 120 dias – e por fim são removidas e destruídas no fígado e no baço.
1.3. As células tronco (ou células estaminais) geram um suprimento contínuo de células terminalmente
diferenciadas
Células terminalmente diferenciadas → São células que por serem demasiado diferenciadas, ou especializadas, são
incapazes de se continuarem a dividir. Exemplos: glóbulos vermelhos, células epidérmicas na superfície da pele,
células absortivas e caliciformes do epitélio intestinal, etc.
Células precursoras → Também chamadas de células primordiais são células muito primitivas, indiferenciadas, que
têm capacidade de originar células iguais a si mesmas (capacidade de autorrenovação) e de se diferenciarem em
células que irão dar origem ao tecido/órgão em questão.
Células tronco → não são diferenciadas e podem se dividir sem limite. São um tipo de célula percursora, porém,
quando se dividem cada célula filha tem uma escolha: ou pode permanecer uma célula tronco, ou embarcar num
percurso até á diferenciação terminal.
O trabalho das células-tronco e das células precursoras, portanto, não é realizar a função especializada das células
diferenciadas, mas sim produzir células que o farão.
As células tronco e as células precursoras expressam conjuntos de reguladores de transcrição que asseguram que
a sua descendência diferenciada seja do tipo celular apropriado em falta.
No caso do epitélio intestinal, as células-tronco ficam perto do fundo das criptas, onde darão origem principalmente
a células precursoras em proliferação, que se movem para cima no plano da folha epitelial. À medida que se movem
para cima, as células precursoras se diferenciam terminalmente em células absortivas ou secretórias, que são
lançadas no lúmen do intestino e morrem quando atingem as extremidades das vilosidades.
Um único tipo de célula-tronco é capaz de dar origem a vários tipos de células diferenciadas. Por exemplo, todos
os diferentes tipos de células no sangue – desde as hemácias aos leucócitos – derivam de uma célula-tronco
hematopoiética comum encontrada na medula óssea.
Cada sistema de células-tronco requer mecanismos de controlo para garantir que novas células sejam geradas nos
locais apropriados e nos números certos. Os controlos dependem de sinais extracelulares trocados entre as células-
tronco, sua descendência e outros tipos de células na área.
1.5. As células estaminais podem ser usadas para reparar falta de tecido ou tecido danificado
Por exemplo, ao fazer uma transfusão de algumas células-tronco hematopoiéticas num rato cujas próprias células
tronco do sangue foram destruídas pela radiação, é possível repovoar completamente o animal com novas células
sanguíneas e, finalmente, resgatá-lo da morte por anemia, infeção, ou ambos.
Uma abordagem semelhante é usada no tratamento de leucemia humana com radiação (ou
drogas citotóxicas) seguida de transplante de medula óssea.
As células estaminais nos indivíduos adultos permitem a reparação de determinados tecidos. Entretanto foi
descoberto outro tipo de células estaminais com um enorme potencial – as células estaminais embrionárias – que
em condições apropriadas proliferam indefinidamente e que têm a capacidade de originar diferentes tipos de
células – pluripotentes.
Estas células constituem una importante ferramenta que pode ser usada para reparar tecidos em organismos
adultos. Estudos indicam que as células estaminais embrionárias são capazes de se diferenciar em fibras musculares
que poderão ser muito úteis a pessoas com distrofia muscular; ou em células nervosas úteis aos doentes de
Parkinson; podem ainda originar células secretoras de insulina para diabéticos ou células de músculo cardíaco para
pessoas que sofreram um ataque cardíaco.
Há, no entanto, muitos obstáculos a serem eliminados antes que tais sonhos possam se tornar realidade. Um grande
problema diz respeito à rejeição imunológica: se as células transplantadas são geneticamente diferentes das células
do paciente em que são enxertadas, elas provavelmente serão rejeitadas e destruídas pelo sistema imunológico.
Além das dificuldades científicas práticas, tem havido preocupações éticas sobre o uso de embriões humanos e os
propósitos para os quais as células ES humanas podem ser colocadas. Uma ansiedade, por exemplo, centrou-se na
possibilidade de usar células-tronco embrionárias para a “clonagem” humana.
Clonagem de organismos completos. Neste tipo de clonagem é efetuada uma transplantação de núcleo de uma
célula diferenciada num ovo cujo núcleo foi removido. Este ovo será implantado no útero. Ex.: Ovelha Dolly
Outra técnica distinta utiliza a transplantação nuclear para produzir culturas de células estaminais.
Neste caso, a célula que recebeu o transplante irá passar pelas primeiras fases de desenvolvimento, até se
formarem cerca de 200 células. No entanto, em vez de este embrião ser transferido para o útero é mantido em
cultura e usado como fonte de células estaminais. Este processo designa-se clonagem terapêutica.
Uma vez que estas células estaminais são geneticamente idênticas às células do dador não iria ocorrer a rejeição
de transplante.
No entanto, esta técnica levanta alguns problemas éticos, daí não estar em prática.
1. A primeira etapa desta técnica consiste em retirar células de um tecido de um indivíduo adulto – por
exemplo, fibroblastos de uma porção de pele – e depois coloca-las em cultura
2. Usando vírus como vetores são introduzidas, nestas células, versões de genes que codificam reguladores
de transcrição característicos de células estaminais;
3. Após algumas semanas em cultura, muitos dos fibroblastos estarão transformados em células estaminais
pluripotentes
No entanto, esta técnica também causa controvérsia visto que não se tem controlo total do modo de
funcionamento do vírus, pois estes podem injetar juntamente com os reguladores de transcrição, material que seja
prejudicial às células.
Consequentemente esta técnica é utilizada apenas para produzir populações de determinados tipos de células
que irão servir para testar o efeito de vários medicamentos, etc.
Um exemplo é a síndrome de Timothy, uma doença genética rara causada por mutações num gene que codifica um
tipo específico de canal de Ca2+. O canal defeituoso não consegue se fechar adequadamente após a abertura,
levando a anormalidades no ritmo cardíaco e, em alguns indivíduos, ao autismo. As células IPS produzidas por esses
indivíduos foram induzidas a se diferenciarem numa cultura em neurónios e células do músculo cardíaco, que agora
estão sendo usadas para estudar as consequências fisiológicas da anormalidade do canal de Ca2+ e para procurar
drogas que possam corrigir os defeitos.
2. Cancro
A célula deve:
> Ajustar o seu comportamento de acordo com as necessidades do organismo como um todo
> Se dividir somente quando novas células desse tipo forem necessárias e abster-se de dividir quando não
forem
> Viver o tempo que for necessária e se matar quando não for
> Manter seu carácter especializado
> Ocupar seu lugar apropriado
As células que têm a primeira propriedade, mas não a segunda, proliferam excessivamente mas permanecem
agrupadas numa única massa,
formando um tumor. O tumor
neste caso é considerado
benigno e geralmente pode ser
removido de forma limpa e
completa por cirurgia.
O tumor é considerado
cancerígeno/maligno caso as
células tumorais se desprendam
do tumor primário e entrarem
nos vasos sanguíneos ou
linfáticos, onde invadem o tecido
circundante formando tumores
secundários ou metástases
noutros locais do corpo.
O cancro desenvolve-se devido ao acumular de mutações que podem ser provocadas por radiações ionizantes,
produtos químicos e muitos outros fatores/agentes mutagénicos, e ocorre geralmente em idades avançadas devido
à acumulação de mutações ao longo da vida.
O cancro é fundamentalmente uma doença genética que se difere de outras doenças genéticas
pelo facto das mutações que levam ao cancro ocorrerem principalmente nas células somáticas,
em oposição às mutações germinativas, que são transmitidas através das células germinativas das
quais todo o organismo multicelular se desenvolve.
2.3. As células cancerígenas evoluem, o que lhes dá uma vantagem cada vez mais competitiva
Para ter sucesso, uma célula cancerígena deve adquirir toda uma
gama de propriedades anormais - uma coleção de comportamentos
revolucionários. Uma célula precursora em proliferação no
revestimento epitelial do intestino, por exemplo, deve sofrer
mudanças que lhe permitam continuar a se dividir quando ela
normalmente pararia. Essa célula e sua descendência devem ser
capazes de evitar a morte celular, deslocar seus vizinhos normais e
atrair um suprimento de sangue para nutrir o crescimento contínuo
do tumor. Para que as células tumorais se tornem invasivas, elas
devem ser capazes de se separar da folha epitelial e digerir seu
caminho através da lâmina basal até o tecido conjuntivo subjacente.
Para se espalhar para outros órgãos e formar metástases, elas devem
ser capazes de entrar e sair dos vasos sanguíneos ou linfáticos e se
estabelecer, sobreviver e proliferar em novos locais
Lista geral de características que distinguem as células cancerígenas das células normais:
1. As células cancerígenas têm uma dependência reduzida de sinais de outras células para sua sobrevivência,
crescimento e divisão. Frequentemente, isso ocorre porque elas contêm mutações nos componentes das
vias de sinalização celular que normalmente respondem a tais estímulos. Por exemplo, uma mutação
ativadora no gene Ras pode causar um sinal intracelular de proliferação mesmo na ausência da sugestão
extracelular que normalmente seria necessária para ativar o Ras, como uma campainha defeituosa que
toca mesmo quando ninguém esteja pressionando o botão.
2. As células cancerígenas podem sobreviver a níveis de stress e desarranjo interno que causariam células
normais a se matar por apoptose. Esta evitação do suicídio celular é resultado de mutações em genes que
regulam o programa de morte intracelular responsável pela apoptose. Por exemplo, uma mutação que
inative a p53 – proteína que age como parte de uma resposta de dano ao DNA, que faz com que essas
células danificadas parem de se dividir ou morram – faz com que a célula defeituosa sobreviva e se divida,
criando células filhas altamente anormais.
3. As células somáticas normais em cultura só se dividem até um certo ponto pois estas células não produzem
a enzima telomerase, tornando-se os telómeros cada vez mais curtos a cada divisão; pelo contrário as
células cancerígenas
4. A maioria das células cancerígenas é geneticamente instável, com uma taxa de mutação muito aumentada
e um número anormal de cromossomas
5. As células cancerígenas têm grande capacidade de invasão porque não possuem moléculas de adesão
celular, como caderinas, que as fixem ao seu local de origem; consequentemente originam-se metástases.
6. As células cancerígenas podem sobreviver e proliferar em locais anormais, enquanto a maioria das células
normais morrem quando perdidas. Essa colonização de território desconhecido pode resultar da
capacidade das células cancerígenas de produzir seus próprios sinais de sobrevivência extracelular e
suprimir seu programa de apoptose.
2.4. Duas classes principais de genes são críticas para o cancro: Oncogenes e Genes supressores de tumor
Os genes que poderão dar origem a cancro podem ser classificados em dois grupos:
> Genes que sofreram o ganho de função – caso dos oncogenes (forma não mutada de um oncogene é o
proto-oncogene)
> Genes que perderam a sua função – caso dos genes supressores de tumor
Este ganho ou perda de função contribuiu para a desregulação do ciclo celular e não foi possível
o seu controlo.
(A) Os oncogenes atuam de maneira dominante: uma mutação de ganho de função numa única cópia
do proto-oncogene pode levar uma célula ao cancro.
(B) Mutações de perda de função em genes supressores de tumor geralmente atuam de maneira recessiva: a
função de ambas as cópias do gene deve ser perdida para conduzir uma célula ao cancro.
De entre as alterações que os proto-oncogenes podem sofrer que levam a converterem-se em oncogenes
destacam-se:
1. Amplificação genética: onde a proteína normal é sintetizada em quantias exageradas, em que são
feitas demasiadas cópias dos genes em causa
2. Rearranjo dos cromossomas: A alteração da região do gene que codifica uma determinada
proteína, resultante da quebra e reajuste da molécula de DNA, pode provocar a síntese de uma
proteína de fusão com funções diferentes da normal
3. Mutação reguladora: Quando há mutação na sequência reguladora do DNA desse gene, a proteína
pode ser produzida exageradamente
4. Mutação pontual na sequência nucleotídicas de DNA: Quando ocorre uma mutação numa
sequência codificadora de proteínas, há a produção de uma proteína com características
oncogénicas.
A variedade de proto-oncogenes e genes supressores de tumor codificam proteínas de muitos tipos diferentes.
Algumas dessas proteínas estão envolvidas em vias de sinalização que regulam a sobrevivência celular, o
crescimento celular ou a divisão celular. Outras tomam parte no reparo do DNA, modificam a cromatina ou ajudam
a regular o ciclo celular ou a apoptose. Outros ainda (como as caderinas) estão envolvidos na adesão celular ou
outras propriedades críticas para a metástase, ou têm papéis que ainda não entendemos adequadamente.
2.5. O cancro Colo-Retal ilustra como a perda de um gene supressor de tumor pode levar ao cancro
O cancro colo-retal surge no epitélio que reveste o cólon e o reto. A maioria dos casos são vistos em pessoas idosas
e não tem nenhuma causa hereditária que se possa entender. No entanto, existem famílias que são
excecionalmente propensas á doença. Num conjunto de famílias “predispostas”, os indivíduos afetados
desenvolvem cancro colo-retal no início da vida adulta, e o aparecimento da doença é pronunciado por centenas
ou milhares de pequenos tumores, chamados pólipos, no revestimento epitelial do cólon do reto.
Esta mutação está relacionada com o gene supressor de tumor Adenomatous Polyposis Coli (APC).
Os indivíduos afetados herdam uma cópia mutante do gene e uma cópia normal. Embora uma cópia normal do
gene seja suficiente para o comportamento celular normal, todas as células desses indivíduos estão apenas a um
passo da perda total da função do gene (em comparação a dois passos para uma pessoa que herda duas cópias
normais do gene).
O APC é um gene supressor tumoral que codifica uma proteína que normalmente restringe a ativação da via de
sinalização Wnt, que está envolvida na estimulação de proliferação celular nas criptas do revestimento intestinal.
Quando o APC está danificado existe uma proliferação excessiva das células epiteliais originando pólipos. Dentro
desta massa crescente de tecido, outras mutações ocorrem, às vezes resultando em cancro invasivo.
Tratamento:
As células cancerígenas são mutáveis e tornam-se rapidamente resistentes aos tratamentos. Além disso como as
mutações são aleatórias, cada caso é um caso, daí que os tratamentos não resultem com todas as pessoas.
Alguns dos cancros da mama e do ovário estão relacionados com mutações do gene BRCA1 e BRCA2 que
são necessários para reparar as quebras da dupla cadeia de DNA, no entanto, as células cancerígenas
sobrevivem recorrendo a outros tipos de reparação de DNA. Os tratamentos que inibem estas vias
alternativas de reparação irão provocar uma tal desordem na célula que irá levá-la à morte. As células
normais, que têm a maquinaria de reparação de quebras de DNA intacta não são afetadas por esta terapia.
Outra forma de travar o crescimento de um tumor é bloquear o fornecimento de sangue e nutrientes
Outra técnica possível é a administração de vacinas que estimulem o sistema imunitário a produzir
anticorpos contra as células tumorais.
No caso da leucemia mieloide, as células tumorais são conhecidas por possuírem uma proteína sinalizadora
– proteína tirosina cinase – que estimula a proliferação celular mesmo quando esta não deve ocorrer. Uma
pequena molécula designada Gleevec é capaz de inibir esta proteína. Esta terapia tem sido bem-sucedida.