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Biologia Molecular e Celular 20-26
Índice
T2 - DNA Recombinante 7
T3 - Do gene à proteína 12
T8 - Introdução à Imunologia 45
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❏ Núcleo: protege o genoma. Apresenta-se envolvido pelo invólucro nuclear, que possui
duas membranas, uma externa e uma interna, sendo a externa ligada ao RE;
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DNA: Carrega a informação hereditária da célula. Uma molécula de DNA é constituída por
2 cadeias de nucleótidos. Ao contrário do RNA, o DNA não aparenta ter qualquer tipo de
atividade catalítica.
Nucleótido: base azotada (A, T, C, G)+ grupo(s) fosfato + pentose. As duas cadeias
nucleotídicas juntam-se pelas bases através de pontes de hidrogénio. (G≡C; A=T)
As duas cadeias estão dispostas em hélice e ligadas pelas bases azotadas através
de pontes de hidrogénio (de forma antiparalela) enquanto que os nucleótidos de uma
cadeia estão ligados entre si por ligações fosfodiéster (mais estáveis e, por sua vez, mais fortes).
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As bases azotadas estão sempre voltadas para dentro da dupla hélice fazendo com que o
“esqueleto” seja formado pela pentose e pelo fosfato → implica que a molécula tenha uma carga
negativa e permite ainda que as bases (hidrofóbicas) fiquem protegidas.
As ligações fosfodiéster são estabelecidas entre o grupo fosfato (carbono 5’) e a pentose
(grupo hidroxilo do carbono 3’) → a polimerização do DNA (e do RNA) ocorre sempre no
sentido 5’ → 3’. Numa extremidade, fosfato e na extremidade oposta um hidroxilo, o que
confere à cadeia uma polaridade química.
➔ Cromossomas: São constituídos tanto por proteínas (histonas e outras proteínas) como
por DNA. O complexo de histonas (H2A, H2B, H3 e H4) é responsável pela formação dos
nucleossomas, devido à sua carga positiva. As regiões que contêm genes expressos estão menos
compactadas.
◆ Heterocromatina: forma mais condensada da cromatina, geralmente associada
aos telómeros e centrossomas. Resulta de uma modificação sobretudo na cauda
da histona H3 que compacta genes que não são ou são menos expressos. A
condensação é promovida, por exemplo, por histona-desacetilases
(HDAC/HD/HAD) = desacetilação.
◆ Eucromatina: forma descondensada da cromatina. Permite uma maior
acessibilidade a proteínas e a fatores de transcrição. A descondensação é
promovida, por exemplo, por histona-acetiltransferases (HAT), que adicionam
grupos acetil a resíduos de lisina = acetilação.
Vamos abordar esta temática com maior detalhe ao longo desta sebenta.
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T2 - DNA Recombinante
Existem genes que não codificam proteínas → como por exemplo os que codificam tRNA,
rRNA, e microRNA (presente no citoplasma), ou seja, RNA f uncionais. → Podemos definir
um gene como sendo uma sequência nucleotídica que contém a informação para a síntese de
uma proteína ou de um RNA funcional.
Sabendo que uma proteína corresponde apenas à tradução das sequências EXÓNICAS como é
que podemos utilizar as bactérias para a produção de proteínas recombinantes?
Temos 2 opções:
A. Proceder de forma inversa, ou seja, pegar na proteína e sequenciar o gene (exões) que lhe
deram origem através da utilização de cDNA, enzimas de restrição… ;
B. Utilizar vírus com genoma de RNA (retrovírus) que possuem transcriptase reversa.
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No processo B o que fazemos é transcriptase reversa + mRNA (que codifica a nossa proteína de
interesse) → origina um cDNA (DNA complementar) ao mRNA e depois uma segunda cadeia
de DNA complementar a este (logo, parecido ao mRNA original), formando uma dupla hélice
de DNA com a informação desejada → Temos que o incorporar num cromossoma da célula (ou
iria facilmente ser degradado)
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NOTA: As enzimas de restrição são endonucleases mas nem todas as endonucleases são enzimas
de restrição
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Então vamos unir o cDNA + DNA bacteriano - os plasmídeos (que funcionam como vetores):
moléculas de DNA circular com capacidade de se auto-replicar e que existem naturalmente
em bactérias, apesar de não fazerem parte do seu genoma principal. Contribuem com
propriedades como resistência a antibióticos (como a tetraciclina), produção de toxinas e
capacidade de transferência por conjugação. É de notar que a replicação de um plasmídeo
ocorre independentemente da replicação do cromossoma bacteriano e de modo muito mais
rápido. Têm uma origem de replicação para que possam ser replicados de forma
independente dos "cromossomas" bacterianos - previamente clivados com a MESMA
enzima de restrição Temos ainda de adicionar DNA ligases e nucleótidos livres bem
como ATP ⚡ para voltar a estabelecer as ligações fosfodiéster entre os nucleótidos.
Os plasmídeos podem ser de expressão ou de clonagem:
- Plasmídeos de expressão contêm um promotor a montante do local de policlonagem, o
que permite a ligação de RNA para haver a eventual produção da proteína desejada
- Plasmídeos de clonagem não contêm um promotor, e são apenas utilizadas para a
clonagem do segmento introduzido, no âmbito de clonagem molecular
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Após fazermos a lise da membrana da bactéria vamos ter toda uma mistura
de componentes celulares. Como vamos distinguir e isolar a nossa proteína de
interesse?
2º Deixar todos os outros componentes serem filtrados, e só depois usar algo com ainda mais
afinidade ao isco (como o imidazol) para largar a proteína de interesse.
3º Após a filtragem adicionamos uma protease para separar a tag da proteína de interesse,
visto que a tag já cumpriu a sua função. Esta protease, que pode ser uma trombina (da cascata
de coagulação), vai cortar numa sequência específica chamada PRS (Protease Recognition
Sequence). Isto significa que a proteína precisa de ser codificada para conter uma PRS e uma
tag.
Para garantirmos que temos, de facto, a nossa proteína isolada e purificada, vamos agora
proceder a uma eletroforese de proteínas. Visto que, as proteínas não têm uma carga
uniformizada (e algumas nem negativa) temos de as cobrir com um detergente - SDS (dodecil
sulfato de sódio) - que confere às proteínas uma carga uniforme negativa.
Através dos valores padrões de bp da proteína de referência podemos garantir que isolámos a
proteína que pretendíamos.
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Fatores que influenciam a velocidade de migração: tamanho da molécula, carga elétrica da mesma, viscosidade do
meio, pH, temperatura e intensidade da corrente elétrica
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Recorda que numa eletroforese os compostos dirigem-se do polo negativo para o polo positivo.
É por isso que é importante que todos os compostos adquiram carga negativa.
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T3 - Do gene à proteína
Dogma central da Biologia Molecular: quando é necessária uma
proteína, a sequência de nucleótidos do DNA é copiada para
sequências de RNA que irão produzir, através dos ribossomas,
cadeias polipeptídicas que irão originar proteínas. Isto acontece em
todas as células.
TRANSCRIÇÃO
ATENÇÃO: quando se constrói uma cadeia de nucleótidos estes são sempre adicionados à
extremidade 3’, pois só neste local há possibilidade de estabelecer uma ligação fosfodiéster.
Ou seja, a cadeia cresce sempre no sentido 5’ → 3’.
O segundo passo consiste no isolamento de uma das cadeias, nomeadamente a de 3’ → 5’, para
ser usada como molde à formação de uma cadeia de pré-mRNA.
A sequência de nucleótidos da cadeia de pré-mRNA será a mesma da cadeia de DNA que não foi
usada como molde (5’ → 3’).
CADEIA CODIFICANTE
(5’ - 3’)
Este processo ocorre devido à ação de uma grande enzima chamada RNA POLIMERASE.
A enzima liga-se à molécula de DNA, separa as duas cadeias, constrói uma cadeia de
pré-mRNA, de 5’ 3’, adicionando nucleótidos à medida que vai avançando na molécula.
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É necessário que as RNA polimerases reconheçam o início do gene, visto que nem todo o
DNA é gene. Para isso existe uma sequência de nucleótidos que indicam, à RNA polimerase, o
início de um gene… essa sequência chama-se promotor. O promotor não faz parte do gene, e a
RNA polimerase só começa a transcrever a seguir ao promotor (no nucleótido +1).
Para indicar o fim de um gene existe uma sequência de nucleótidos, localizada após o gene,
designada terminador, que também não faz parte do gene
NOS PROCARIONTES
A RNA polimerase necessita de ajuda para identificar o promotor e, como tal, existem
ajudantes nesta mesma identificação designados fatores sigma. Estes encontram-se unidos à
RNA polimerase e reconhecem o promotor, sendo libertados no início da transcrição e voltando
a ligar-se no fim desta
Nas células procariotas o mRNA que está ser sintetizado (transcrição) pode, ainda antes de
acabar de ser formado, encontrar um ribossoma e começar a ser traduzido. Isto deve-se à falta
de compartimentação celular (não há núcleo)
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A síntese de pré-mRNA é feita por diferentes tipos de RNAs polimerases conforme o tipo
estruturas que o gene codifica.
● RNA polimerase I - maioria dos genes que codificam rRNAs (RNA ribossomal);
● RNA polimerase II - todos os genes que codificam proteínas + miRNA (micro RNA) +
genes de RNA não codificante;
● RNA polimerase III - genes que codificam tRNAs (RNA de transferência) + gene do
rRNA 5S + genes de pequenos RNAs (sRNAs)
A RNA polimerase necessita de ajuda para transcrever pois não consegue encontrar o
promotor e começar a transcrever sozinha, então, para a ajudar, existem os chamados fatores de
transcrição (TF).
O CAP
CAUDA DE POLI-A
Existe uma sequência no final do gene que vai “atrair” / “chamar” a enzima. Esta enzima,
que também se encontra agarrada à RNA polimerase II mas é diferente da enzima do cap, que
também vai cortar o pré-mRNA e adicionar uma cauda de adeninas à extremidade 3’, no fim
da transcrição.
Tanto o Cap como a cauda de poli-A conferem proteção contra a degradação enzimática.
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O processo de splicing
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TRADUÇÃO
NOTA
Os tRNAs unem-se aos respetivos
aminoácidos através das aminoacil-tRNA
sintetases (existe uma para cada aminoácido) e
ligam-se ao ribossoma em três locais específicos
designados A (de Adição), P (de ligação
Peptídica) e E (de Exit)
O 4º passo compreende a junção dos tRNAs aos correspondentes codões, à medida que o
ribossoma percorre o mRNA.
Para finalizar, como 5º passo, o ribossoma encontra um codão de finalização (UAG, UAA
ou UGA), não se liga a um tRNA, mas sim a uma proteína (fator de terminação /release factor)
que provoca o desmantelamento do ribossoma e a libertação da proteína sintetizada.
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Ao nível de cada origem de replicação, a separação das cadeias vai progredir nos dois sentidos, o
que leva à adição de nucleótidos nos dois sentidos. O avanço desta separação é representado
pelas forquilhas de replicação (2 forquilhas por cada origem de replicação).
Quando as moléculas de DNA são longas são precisas várias origens de replicação. As novas
cadeias que se estão a sintetizar vão avançando até se fundirem com outras forquilhas de
replicação.
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A DNA polimerase é uma enzima fundamental para a replicação e é responsável pela adição de
nucleótidos à extremidade 3’ da cadeia molde. Esta enzima vai sintetizar uma nova cadeia
sempre no sentido 5’ → 3’.
Assim, as duas cadeias vão ser sintetizadas em sentidos opostos e a velocidades diferentes. As
leading strands vão ser as primeiras cadeias a ser sintetizadas começando na origem de
replicação em direção à forquilha (na imagem são a inferior do lado direito e superior do lado
esquerdo). As lagging strands vão ser sintetizadas em fragmentos descontínuos (fragmentos de
Okazaki) desde a forquilha de replicação em direção à origem (na imagem são as superiores do
lado direito e inferiores do lado esquerdo).
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Os cromossomas das células eucarióticas são moléculas lineares, logo vão possuir duas pontas designadas por
telómeros. Como os cromossomas de células procarióticas são circulares não vão possuir telómeros. (Seminário 2)
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A telomerase é uma enzima que vai sintetizar nucleótidos de DNA complementares ao primer e
vai prolongar os telómeros com cópias da mesma sequência de nucleótidos.
Estas sequências não vão ter muita importância a nível de transcrição e tradução pois, cada vez
que a célula se divide vão-se perder fragmentos destas pontas que estão lá para serem perdidos
(em alternativa a perderem genes funcionais).
➔ Os raros erros no processo de cópia que escapam ao proofreading são corrigidos pelas
proteínas de reparo do mau emparelhamento, que aumentam a precisão da replicação do
DNA para um erro a cada 10⁹ nucleótidos copiados. - Sistema de reparação de
nucleótidos mal emparelhados (mismatch repair).
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As proteínas BRCA1 e BRCA2 são essenciais para a reparação do DNA por recombinação
homóloga. Mutações na linha germinal nos genes BRCA1 e BRCA2 aumentam muito o risco
de desenvolvimento de cancro de mama e ovário.
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As proteínas que se ligam ao DNA para formar cromossomas eucarióticos são divididas em dois
grupos:
1. Proteínas Histonas – presentes em enormes quantidades (mais de 60 milhões de diferentes
tipos de moléculas)
2. Proteínas Não Histonas
Cromossomas:
➔ Na fase mitótica a cromatina está no seu estado mais condensado, formando os
cromossomas;
➔ Na fase interfásica a cromatina está no seu estado menos condensado.
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Nota que específicas combinações de modificações na cauda das histonas, juntamente com as
proteínas que se ligam a elas, podem ter vários significados para a célula. Por exemplo, um
padrão pode indicar que um específico segmento de cromatina foi recentemente replicado
enquanto que outro padrão indica que os genes daquele segmento de cromatina devem ser
expressos.
❏ A lisina é um a.a com carga positiva, sendo responsável por estabelecer ligações eletrostáticas
com o DNA (que tem carga negativa) → Compactação da cromatina → uma enzima vai ser
responsável por, por exemplo ACETILAR (Histona Acetiltransferase, HAT)→ as cargas
positivas da lisina são removidas, adquirindo carga negativa → passa a repelir-se do DNA →
levando à descompactação da cromatina → vai promover a aderência de fatores de
transcrição ou da RNA polimerase. A Histona Desacetilase, HAD/HDAC, vai fazer o
oposto: remove os grupos acetil da histona, levando à sua compactação, impedindo a
transcrição.
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Este é o caso da alteração que ocorre no gene que codifica a 𝛃-globina que se localiza perto de
heterocromatina. Em alguns casos, vai haver o silenciamento deste gene conduzindo a uma
grave anemia.
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2. Metilação do DNA A enzima DNA metil-transferase vai ser responsável por adicionar
um grupo CH3 (metil) ao carbono 5’ da citosina.
ATENÇÃO: Não ocorre em todas as citosinas. Ocorre
apenas em citosinas que são sucedidas por guanina -
Chamam-se CpG dinucleótidos - onde é que os
podemos encontrar?
➔ Ilhas CpG (80% dos promotores dos genes)
➔ Regiões intergénicas (DNA não codificante)
➔ Elementos repetitivos
Ilhas CpG metiladas → Não ocorre transcrição
Ilhas CpG não metiladas → Ocorre transcrição
3. Modificação das histonas - quando a célula replica o seu genoma, cada hélice do DNA
da célula-filha recebe apenas metade das histonas parentais. Com essas histonas vêm
também as modificações covalentes nas suas caudas que revelam o estado que a
cromatina se encontrava naquela zona particular do cromossoma parental. Portanto,
cada cromossoma-filho irá inicialmente conter uma mistura de dois tipos de
nucleossomas:
Aqueles que contêm as histonas modificadas herdadas a partir do cromossoma
parental
Aqueles que contêm novas histonas sintetizadas, que ainda não foram modificadas
Neste ponto, as proteínas (metiltransferase de manutenção?) que reconhecem as histonas
modificadas podem se ligar às histonas-parentais e induzir depois as mesmas
modificações nas histonas-virgens, restabelecendo assim o padrão da estrutura da
cromatina encontrada no progenitor.
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O corpo de um ser pluricelular é constituído por uma série de estruturas e funções celulares,
que são determinadas pela expressão genética com formação de diferentes proteínas. A
formação de diferentes proteínas confere características diferentes a diferentes células.
Provado a partir de experiência com pele de rãs (uma célula da pele da rã,
embora já diferenciada, conseguiu levar à formação total de um girino quando o seu núcleo foi
injetado num ovo de rã cujo núcleo tinha sido previamente destruído)
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TRANSCRIÇÃO
NOS PROCARIONTES
Nas bactérias existem famílias de genes que partilham o mesmo promotor, sendo transcritos
pelo mesmo RNA polimerase. Esta família de genes participa nas mesmas reações sendo todos
precisos para o mesmo tipo de reação/ocasião.
TRIPTOFANO
Quando não há triptofano no meio, a bactéria irá regular a transcrição no sentido de a ativar
e sintetizar triptofano. A bactéria quer ajustar a produção de triptofano e para isso precisa de
moléculas de triptofano
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LACTOSE E GLICOSE
Quando não temos glicose e temos lactose no meio… a transcrição dos genes para a síntese
de enzimas que clivam a lactose é feita e implica os seguintes passos:
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NOS EUCARIOTAS
ATIVADORA
SINAL → PROTEÍNA
REPRESSORA/INATIVADORA
A forma como o DNA se dobra não pode ser aleatória pois estas conformações irão
influenciar que determinada sequência reguladora atue sobre determinado gene.
Para realizar este papel existem proteínas que regulam as dobras do DNA.
Uma proteína reguladora pode regular a transcrição de vários genes desde que a
sequência reguladora à qual se liga esteja associada a vários genes.
CORTISOL
Quando o cortisol entra numa célula irá ligar-se a uma proteína - recetor de cortisol - que
terá capacidade de se ligar a uma sequência reguladora caso se encontre ativo (ligado ao cortisol)
Todos os genes associados a esta sequência irão ser ativados quando o cortisol entra na
célula.
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Um caso importante de realçar no que toca aos reguladores de transcrição é que estes
permitem que uma célula diferenciada se possa converter diretamente noutra (um processo
chamado transdiferenciação).
Exemplo:
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As células pluripotentes são células não diferenciadas que têm a capacidade de dar origem a
todos os tipos de células especializadas do organismo, muito semelhantes às células-tronco
embrionárias. (Células ES)
TRADUÇÃO
A regulação do processo de tradução passa pela regulação do tempo de vida dos mRNAs
quando chegam ao citosol.
O tempo de vida de um mRNA é ditado pela existência de sequências nucleotídicas
específicas, localizadas nas regiões não traduzidas. Essas sequências muitas vezes contêm sítios de
ligação para proteínas que estão envolvidas na degradação do RNA.
REGULAÇÃO DA TRADUÇÃO
Cada mRNA possui sequências que ajudam a controlar a frequência e a eficiência de sua
tradução em proteína. Essas sequências controlam a iniciação da tradução. Embora os detalhes
difiram entre eucariotos e bactérias, a estratégia geral é similar para ambos.
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BACTÉRIAS
EUCARIOTAS
Como já é do conhecimento geral, nem todos os genes codificam proteínas, podendo muitas
vezes codificar RNA funcional que não irá dar origem a uma proteína, ou seja, nem sempre o
passo final da expressão genética é a formação de proteínas.
Os RNAs que podem ser formados aquando da transcrição de porções de DNA são:
snRNA; tRNA; rRNA; miRNA; siRNAs; longos RNA não codificantes.
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miRNA
Os miRNAs são moléculas que controlam a expressão genética pela complementaridade
de bases com mRNAs específicos, reduzindo a sua estabilidade e a sua tradução em proteína.
NOTA - um único miRNA – como parte do complexo RISC – pode eliminar uma
molécula de mRNA atrás de outra, bloqueando de maneira eficiente a produção da
proteína codificada por estas moléculas de mRNA.
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siRNA
Caso outro vírus igual tente infetar esta célula, este complexo
RISC irá reconhecer através do siRNA, ligando-se por
complementaridade e degradando o RNA viral/estranho.
Um dos longos RNAs não codificadores mais bem entendidos é o Xist. Essa enorme
molécula de RNA, com 17.000 nucleótidos de comprimento, é um interveniente f undamental
na inativação do cromossoma X – processo pelo qual um dos dois cromossomas X, nas células
de fêmeas de mamíferos, está permanentemente silenciado.
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A variabilidade genética é algo inerente à vida pois, cada vez que existe uma replicação do
genoma, vão existir erros que causam variação na sequência do DNA.
Exemplo:
Uma estirpe de E. Coli sofreu uma mutação no gene His, o que impede estas bactérias de
fazer a síntese de histidina (essencial para a sua sobrevivência). Assim, esta estirpe foi colocada
durante alguns dias num meio de cultura rico em histidina, onde se replicaram várias vezes.
Depois, as descendentes destas bactérias foram colocadas numa caixa de Petri sem histidina.
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Temos uma grande conservação global do nosso genoma, mas existem sempre pequenas
diferenças sistemáticas que nos distinguem a todos.
Quando comparamos o genoma de indivíduos diferentes, reparamos que existem locais (SNP-
single nucleotide polymorphisms) na mesma zona do DNA com diferentes pares de bases.
Uma variante genética pode ser patogénica ou não. As SNP não são variantes patogénicas, são
polimorfismos responsáveis pela variabilidade interindividual. É frequente usar o termo
mutação para designar uma variante patogénica.
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Exemplos relevantes:
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Durante o processo da divisão celular por vezes uma célula dá origem a uma célula filha
com o dobro da quantidade de DNA normal, não havendo segregação de cromossomas,
formando uma célula diplóide. A isto dá-se o nome de duplicação de genes. Na maioria das
vezes, este fenómeno acontece apenas em certos fragmentos do DNA. Assim, a célula vai conter
o gene original e uma cópia deste gene onde podem ocorrem variações genéticas neutras,
positivas ou negativas.
O movimento das sequências móveis (ou transposões) ocorre com pouca frequência, de
modo a garantir a estabilidade do DNA. Existem vários modos de transposição destes
elementos móveis:
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T8 - Introdução à Imunologia
A imunologia estuda o sistema imunitário e a forma como este protege o organismo em
diferentes casos de invasão física, química ou biológica.
O sistema imunitário é constituído por órgãos e estruturas especializadas que cooperam entre si
e com as restantes partes do corpo de modo a controlar e destruir os agentes agressores. Além
disto, o sistema imunitário é ainda responsável pela destruição de células envelhecidas, anormais
ou mutantes (cancerosas) do próprio organismo. Constituição do sistema imunitário:
➔ Vasos linfáticos;
➔ Células efetoras (leucócitos, macrófagos e plasmócitos);
➔ Órgãos linfóides primários (Timo e a Medula Óssea - produção e maturação de leucócitos);
➔ Órgãos linfóides secundários (Baço, Adenóides, Amígdalas, Apêndice e Gânglios linfáticos).
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Como vimos, os linfócitos participam na imunidade adaptativa e, portanto, são células que
apresentam uma grande especificidade. Esta especificidade linfocitária tem por base o facto de
estas células apresentarem à superfície da sua membrana um conjunto de recetores de antigénios
cuja conformação é única, isto é, cada linfócito tem um recetor característico e distinto do
dos restantes.
As moléculas que compõem estes recetores são proteínas e são consideradas moléculas de região
variável (VMR), isto porque são constituídas por dois domínios cada, um domínio constante e
um domínio variável.
Por um lado, a região constante é constituída por uma sequência de aminoácidos bem definida
que tende a ser muito semelhante entre recetores de antigénios do mesmo tipo (BCR para as
células B e TCR para as células T). Esta região determina, no caso do BCR, por exemplo, a classe
a que pertence a imunoglobulina (IgA, IgD, IgE, IgG, IgM).
Por outro lado, a região variável localiza-se na porção terminal mais afastada da membrana do
linfócito, sendo constituída por uma sequência de aminoácidos que difere da dos restantes
linfócitos. A sequência de aminoácidos da região variável constitui os sítios de ligação e confere
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a tão elevada especificidade característica da VMR, que podem ter até 10 sequências
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diferentes. Apenas o recetor que contenha uma determinada sequência de aminoácidos na região
variável pode reconhecer e ligar-se a determinado antigénio, formando um complexo
recetor-antigénio.
No caso dos recetores BCR, estes são constituídos por quatro cadeias, mas continuam a ser
considerados heterodímeros, pois estas cadeias são iguais duas a duas, pelo que temos o
emparelhamento de uma cadeia pesada (mais longa) e uma cadeia leve (mais curta) de cada lado.
Apenas existe uma possível cadeia pesada, existindo para esta duas possíveis cadeias leves, as
cadeias 𝜅 e λ. Estas apresentam-se unidas por ligações dissulfito.
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Enquanto que os recetores TCR apenas apresentam um local de ligação, o facto de os recetores
BCR serem constituídos por quatro cadeias e apresentarem um conformação em Y faz com que
estes apresentem dois locais de ligação ao antigénio. Além disso, o recetor TCR verifica-se
sempre acoplado à superfície do linfócito T, ao passo que o linfócito B, após ativado (por
reconhecimento de um organismo estranho) secreta anticorpos (formas solúveis do BCR).
Paradoxo de Landsteiner
O nosso organismo é capaz de produzir VMR com afinidade para qualquer antigénio,
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apresentando uma diversidade na ordem de 10 . Dizemos, portanto, que o potencial de
produção de anticorpos é praticamente ilimitado, pelo que ainda que após uma infeção não
fiquemos logo bem, há sempre uma resposta imunitária, ainda que esta possa não ser
completamente eficaz.
Como sabemos, as VMR são proteínas codificadas e portanto, tendo por base o
Dogma Central da Biologia, são codificadas através do genoma, por genes
presentes no DNA. Contudo, sabe-se que o nosso genoma é muito finito,
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apresentando cerca de 25 mil genes (menos de 10 ). Assim, como fazer 10
VMR diferentes a partir de um genoma tão finito?
A resposta ao paradoxo criado por Landsteiner foi descoberta mais tarde por Susumu Tonegawa,
merecedor de um prémio nobel, ao descrever o processo gerador desta enorme variabilidade, a
recombinação somática (recombinação aleatória de segmentos génicos em loci específicos, num
processo de “corte e costura” até se obter um gene funcional e distinto de indivíduo para
indivíduo).
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À luz da evolução, o sistema imunitário origina a maior diversidade possível e faz a seleção, a
cada infeção, dos anticorpos necessários para a resposta imunitária. O sistema imunitário tem
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por propósito ser o mais diverso possível, conseguindo produzir VMR com até 10
combinações distintas. Após gerada toda esta diversidade, procede-se a uma seleção clonal
acoplada a uma proliferação clonal.
No caso das células B e T, cada vez que somos infetados por um determinado microorganismo,
tem lugar um enorme processo seletivo dos clones específicos para o agente em questão, isto,
acoplado à expansão dos clones que forem selecionados.
Processo de seleção
Os clones de linfócitos maturam ao nível dos órgãos linfóides primários. Estes clones, após
maturação, entram para os tecidos linfóides, verificando-se que cada um é único e tem uma
afinidade característica para determinadas moléculas. Estes linfócitos são sujeitos a um processo
de seleção que envolve específicos "checkpoints" que vão moldar o repertório de linfócitos B e T
final.
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Por sua vez, os linfócitos que ultrapassem este primeiro checkpoint com sucesso, prosseguem e
iniciam um processo de rearranjo e expressão dos genes que codificam a segunda cadeia dos BCR
ou TCR e expressão do recetor antigénico completo enquanto ainda imaturos. Neste ponto,
células que expressem recetores úteis, isto é, que reconhecem células do complexo maior de
histocompatibilidade (MHC), devem ser preservadas e prosseguir na maturação - seleção
positiva. Ao passo que as que expressem recetores que reconheçam fortemente as próprias
estruturas (auto-reativas) devem ser imediatamente eliminadas ou induzidas a alterar os loci que
codificam os recetores antigénicos - seleção negativa.
* Note-se: sistema imunitário é capaz de reconhecer o que pertence e o que é estranho ao
organismo, já que cada indivíduo é geneticamente único e, por isso, bioquimicamente único.
Assim, os genes característicos de um indivíduo permitem a formação de proteínas e
glicoproteínas características desse indivíduo que funcionam como marcadores dessa célula
(marcadores celulares), logo, desse indivíduo.
Basicamente, existe um conjunto de fragmentos contidos em loci específicos que não estão
organizados como um gene “normal” com promotores e enhancers e, portanto, não é
imediatamente funcional, requer sim, um processo de recombinação com “corte e costura" que,
no final, gere um gene funcional, viabilizando a sua expressão.
Os genes que codificam os diversos recetores de antigénios presentes na membrana dos linfócitos
B e T são “ativados” por recombinação de loci específicos do genoma de linfócitos individuais
durante o seu processo de maturação. Estes loci iniciais são inertes e constituem a linha germinal
(germline).
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Esta germline é constituída, basicamente, por fragmentos génicos que podem ser divididos em
três zonas: variable (V), diversity (D) e joining (J). Um novo exão é rearranjado para cada gene
codificador de BCR ou TCR que se pretende formar pela fusão aleatória de um fragmento de
cada uma destas zonas. O exão V(D)J formado irá codificar o domínio variável da VMR em
questão.
Três loci separados codificam todas as cadeias que podem entrar na constituição dos recetores
BCR, isto é, a cadeia pesada e as cadeias leves (𝑘 e λ), cada locus num determinado cromossoma.
Na extremidade 5’ do locus de cada gene que intervém na codificação de BCR existe um grupo
de segmentos V (variable). Distâncias variadas a 3’ destes, existe um grupo de segmentos J
(joining). Entre os segmentos V e J, existem, por vezes, segmentos adicionais, os segmentos D
(diversity). Nos grupos descritos, estes segmentos (ditos codificantes) estão separados por regiões
não codificantes.
Os segmentos génicos V, J e D (se presente) são reunidos para criar a sequência de codificação dos
domínios variáveis das cadeias de BCR.
A informação génica que codifica os domínios constantes (C) localiza-se a 3’ dos segmentos J.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Os segmentos génicos V, J e D (se presente) são reunidos para criar a sequência de codificação dos
domínios variáveis das cadeias de TCR.
A informação génica que codifica os domínios constantes (C) localiza-se a 3’ dos segmentos J.
A organização da linha germinal dos loci que codificam os recetores BCR e TCR descrita existe
em todo o tipo de células do corpo, contudo, esta não pode ser transcrita em mRNAs que
codifiquem recetores de antigenes funcionais. Os genes funcionais que codificam os recetores
BCR e TCR são gerados durante o desenvolvimento de linfócitos B e T, respetivamente, após a
recombinação do DNA que proporciona contiguidade dos segmentos
génicos codificantes.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
O processo de recombinação V(D)J ao nível de cada locus de cadeia de BCR ou de TCR envolve
o rearranjo de um segmento V, um segmento D (se presente) e um segmento J em cada linfócito,
de modo a formar um único exão V(D)J que codificará o domínio variável da cadeia
polipeptídica que entrará na conformação do recetor de antigene.
Como é que após a recombinação estas regiões passam a ser genes f uncionais?
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Durante a recombinação V(D)J, as quebras da dupla cadeia são geradas entre o heptâmero da
região RSSs e o segmento codificante V, D ou J adjacente. Por exemplo, na recombinação V-J que
se dá ao nível da cadeia leve do BCR, as quebras têm lugar a 3’ do segmento V e a 5’ do segmento
J.
As terminações não codificantes que contêm os heptâmeros e o resto das regiões RSSs são
removidas sob a forma de círculo de excisão e as terminações codificantes são unidas.
* Note-se: o complexo enzimático RAG, que abordaremos adiante, tem ação que é direcionada
por estas sequências sinalizadoras de recombinação (RSSs, Recombination Signal Sequences).
O rearranjo dos genes que codificam os recetores BCR ou TCR representa uma evento
particular de recombinação não homóloga do DNA que é mediado pela ação coordenada de
diversas enzimas.
Synapsis - as porções do cromossoma onde se localiza o gene que codifica o recetor de antigénio
(BCR ou TCR) é tornada acessível à maquinaria de recombinação somática. Consideram-se dois
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Biologia Molecular e Celular 20-26
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Geração de Diversidade
P sequences - uma maneira pela qual isto pode ocorrer é se as endonucleases removerem os
nucleótidos da linha germinal nas extremidades dos segmentos de genes recombinantes. Além
disso, novos nucleótidos podem ser adicionados a este ponto. Basicamente, conforme
previamente descrito, os segmentos codificantes que são clivados pela RAG-1 formam hairpins
(laços em gancho) cujas extremidades são frequentemente clivadas assimetricamente pela enzima
Artemis de modo que uma fita de DNA seja mais longa que a outra. A fita mais curta deve ser
estendida por adição de nucleótidos complementares à fita mais longa antes da ligação dos dois
segmentos. A fita mais longa serve como um modelo para a adição de comprimentos curtos de
nucleótidos, chamados sequências P, por ubiquitous DNA repair enzymes .
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Como vimos, a recombinação somática V(D)J exige um processo de “corte e costura” do DNA.
Assim, os seres humanos possuem uma recombinase, a RAG, capaz de cortar o DNA em pontos
específicos (entre a sequência codificante e a região RSS).
● As RAG são enzimas linfóide-específicas (encontradas apenas nos linfócitos T e B). Nas
outras células o locus que codifica a RAG encontra-se completamente fechado sobre si
mesmo em heterocromatina, inacessível e sem qualquer expressão.
● A expressão da RAG é modulada muito controladamente, até mesmo nos linfócitos B e
T, pois apenas é expressa em específicas fases de maturação, durante a formação dos
recetores. Uma vez o recetor formado, ao atingir a membrana, começa a emitir um
conjunto de sinais para o núcleo que indicam que este está funcional e, a partir daí, a
expressão da RAG cessa.
● Antes da ação da RAG, não existem genes f uncionais, isto porque não há uma
estrutura organizada com promotor, enhancer e sequência sinal que indique o destino da
proteína.
● A RAG-1 e a RAG-2 são interdependentes, sem uma destas a recombinação somática
fica comprometida e, portanto, o desenvolvimento linfocitário torna-se inviável, não se
formando linfócitos maduros.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Linfócitos B
Linfócitos B - overview
Estas células, quando maduras, expressam na superfície da sua membrana um recetor proteico
VMR, o BCR, que é específico deste tipo de linfócitos e, portanto, não é encontrado em mais
nenhum tipo de células do nosso organismo.
Os anticorpos consistem numa forma solúvel dos recetores BCR específicos do linfócito B
ativado e encontram-se agrupados em diversas classes (IgM, IgG, …), caracterizadas pelo domínio
constante que o constitui. Estes anticorpos têm a capacidade de intervir nas mais diversas
nuances químicas, apresentando funções muito variadas.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Desenvolvimento de Linfócitos B
No nosso organismo existe um esquema base de diferenciação celular, no qual uma célula se
compromete a uma determinada linhagem celular e ocorre um conjunto de alterações ao nível da
expressão génica de uma célula que altere o seu perfil de expressão génico, passando a haver
proteínas que são expressam em detrimento de outras que deixam de o ser. Estas alterações
moleculares repercutem-se num novo fenótipo.
Tal como ocorre em outros processos biológicos, há um fator de transcrição, dito maestro
(Master Transcription Factor), que vai dirigir o processo permitindo que um determinado
precursor linfóide comum (CLP), se expressar aquele fator de transcrição, se torne num linfócito
B.
“Indivíduos que tenham mutações no gene que codifica o Pax5 e que, portanto, não tenham um
Pax5 funcional, não têm linfócitos B”. Isto deve-se ao fato de, entre as variadas funções do Pax5,
haver três funções principais a salientar:
1. O Pax5 é um repressor / “silenciador” de genes que especifiquem linhagens celulares
alternativas (em particular de genes que caracterizem a linhagem das células T - que
apresentam um conjunto distinto de fatores de transcrição que dirigem a sua
diferenciação);
2. O Pax5 ativa o conjunto de genes que especificam a linhagem de células B;
3. O Pax5 intervém no controle da organização da cromatina tornando-a acessível ao
processo de recombinação somática V(D)J, atuando sobretudo ao nível da cadeia pesada
(H), pois, sendo o seu locus maior, esta estará mais sujeito a estes eventos (fortemente
regulados pelo mecanismo de formação de TAD [Topologically Associated Domains]).
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Biologia Molecular e Celular 20-26
* Note-se: os TAD são organizados pela extrusão de loops de cromatina (na formação dos quais
se destaca o papel da molécula de coesina). Estes eventos de loop favorecidos pelo Pax5 são
necessários para a ocorrência de recombinação somática V(D)J, com junção de fragmentos
distanciados e que por rearranjo vão formar um gene funcional.
As diferentes fases de maturação medular dos linfócitos B refletem diferentes fases do processo
de recombinação somática V(D)J ao nível dos loci génicos correspondentes às cadeias pesada (H)
e leve (L) que constituem o recetor de superfície BCR.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
As proteínas RAG-1 e RAG-2 são expressas pela primeira vez neste estágio, e a primeira
recombinação somática ocorre ao nível dos genes que codificam a cadeia pesada (H). Esta
recombinação reúne um segmento de gene D e um J, com deleção do DNA intersegmentos.
Nesta fase, verifica-se apenas o início do rearranjo do DNA, não havendo ainda nenhuma
proteína derivada dos rearranjos, pois estes não estão completos, e por isso não há um gene
funcional.
Após o evento de recombinação D-J, um dos muitos segmentos génicos V é reunido à unidade
DJ, originando um exão VDJ rearranjado. O gene da cadeia pesada rearranjado é transcrito para
produzir um transcrito primário que inclui o exão VDJ rearranjado e os exões Cμ. Este RNA
nuclear sofre splicing dando-se a remoção de intrões a união de exões. Este mRNA é traduzido e
dá origem à proteína que constitui a cadeia pesada (H) do BCR.
Nesta fase a célula expressa a cadeia pesada (H) do recetor BCR, mas não expressa a cadeia leve
(L), assim, ocorre aqui um “checkpoint” que visa testar a funcionalidade da cadeia pesada
produzida. Para tal esta cadeia é expressa na membrana sob a forma de recetor pré-B.
Recetor Pré-B
A cadeia pesada por si só é instável e não pode ser expressa na superfície da membrana. Assim,
for- ma-se um complexo de cadeia pesada (H), cadeias leves substitutas e proteínas transdutoras
de sinal que, no seu conjunto, constituem o recetor pré-antigénio da linhagem B (recetor pré-B).
Apenas se os passos precedentes tiverem êxito é que o recetor pré-B será capaz de iniciar uma
cascata de sinalização que permitirá a manutenção da sobrevivência da célula (por favorecimento
da progressão no ciclo celular, ativação de genes anti-apoptóticos, etc…), dando continuidade à
maturação, sendo favorecido o início do rearranjo da cadeia leve (L).
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Contudo, caso a cadeia pesada seja disf uncional, a célula não irá receber o conjunto de sinais
que necessita para sobreviver e acabará por ingressar numa morte celular programada
(apoptose).
No final desta fase, caso o “checkpoint” tenha sido ultrapassado com sucesso, as enzimas RAG-1
e RAG-2 voltam a ser expressas e é iniciado o rearranjo do gene que codifica a cadeia leve (L),
dando-se união de um segmento V e um segmento J. Neste ponto, a cadeia pesada (H) não é
mais expressa na membrana, encontrando-se ao nível do citoplasma.
B-Cell (Linfócitos B)
Immature B-Cells
O rearranjo da cadeia leve (L) está completo e dá-se a sua expressão, dando-se a montagem das
cadeias pesada (H) e leve (L) do BCR que passa a estar expresso na membrana. Neste ponto as
células são sujeitas a um segundo “checkpoint” que vai verificar quer a correta e funcional
montagem dos recetores quer a existência de células B autorreativas que vai eliminar num
processo de seleção negativa ou promover a reedição do seu genoma.
Mature B-Cell
As células B imaturas que não são fortemente autorreativas deixam a medula óssea e completam
a sua maturação nos órgãos linfóides periféricos (baço, gânglios linfáticos, etc…). Nestes órgãos
vão-se diferenciar dando origem a subpopulações de células B com determinadas características.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Fora da medula óssea encontram-se os linfócitos B maduros, prontos a ser ativados, isto é,
prontos a reconhecer e interagir com um antigénio que lhes seja específico que levará à
transdução de sinais de proliferação e produção de anticorpos. Focando a nossa atenção sobre
estes linfócitos, existem ainda duas modificações genómicas que interessa conhecer:
- Hipermutação Somática;
- Mudança de Classe.
A AID é uma enzima específica da linhagem de células B, não sendo expressa nos demais
linfócitos. Esta enzima catalisa uma reação de desaminação onde, basicamente, atua ao nível do
DNA, promovendo a desaminação de nucleósidos de Citidina (C) em Uridina (U). Como no
DNA o Uracilo não codifica, é introduzida uma “quebra” na cadeia de DNA que, ao ser
reparada pelo sistema de reparação do DNA, leva à substituição do nucleósido Uradina (U) por
uma Timidina (T).
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Hipermutação Somática
Este processo de hipermutação tem por objetivo evolutivo aumentar a diversidade dos recetores
de antigénio por introdução de pequenas alterações e, assim, aumentar a probabilidade de gerar
recetores com uma maior afinidade para com o antigénio em questão (maturação da afinidade).
Após este processo de acúmulo de mutações têm lugar fenómenos de seleção, onde células B que
tenham ganho uma melhoria ao nível da afinidade rector-antigénio serão positivamente
selecionadas, em detrimento das que terão diminuído essa afinidade, que serão negativamente
selecionadas.
Mudança de Classe
Existem vários tipos de anticorpos, agrupados em classes consoante a sua estrutura e função.
Esta é determinada pelo domínio constante que é expresso pelo anticorpo. Nos genes
responsáveis pela codificação das cadeias do recetor BCR, as zonas constantes apresentam “várias
opções” que codificam as várias classes de anticorpo.
A que aparece primeiro em termos de organização génica é que codifica a classe IgM, pois esta
zona constante encontra-se imediatamente a jusante dos fragmentos V(D)J nos loci das cadeias.
Assim, por defeito, se não ocorrer um evento designado mudança de classe, todos os anticorpos
gerados serão da família IgM, pois irão produzir a primeira cadeia constante disponível a
jusante.
Neste processo intervém a enzima AID que atua nas várias “zonas de Switch” (Sμ, Sẟ, etc…)
localizadas a montante de cada região que especifica a classe de anticorpo, pois estas são ricas em
Citidinas (C) que a AID irá desaminar, o que levará a uma mudança de classe/isotipo.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Linfócitos T
Os linfócitos T citotóxicos (TC) libertam substâncias que causam a morte de células infetadas
com patógenos ou células tumorais.
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Desenvolvimento de Linfócitos T
O papel do Timo na Maturação de Células T
O Timo tem por objetivo produzir linfócitos dotados de TCR funcional e, por isso, capazes de
reconhecer antigénios e montar uma imunidade celular. Os linfócitos T originam-se a partir de
precursores oriundos do fígado fetal e, após o nascimento, da medula óssea que se implantam no
timo. Estes precursores são células multipotentes que penetram neste órgão através do seu
endotélio (na junção córtico-medular), a qual alcançam pela corrente sanguínea.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
DN (Double-Negative Thymocytes)
Os timócitos corticais mais imaturos, acabados de chegar da medula óssea, apresentam os genes
que codificam as cadeias ⍺ e ꞵ o TCR em “Germline”, isto é, na sua configuração não
rearranjada, não expressando TCR, CD4 +
ou CD8 +. Estes timócitos serão chamados de
duplos-negativos até que expressem os co-recetores CD4 + e/ou CD8 +.
Até estes timócitos expressarem CD4 +
e CD8 +
têm que atravessar duas etapas de
desenvolvimento, a fase Pró-T (a qual completam enquanto células duplas-negativas) e a fase
Pré-T (a qual iniciam e acabam por completar enquanto células duplas-positivas).
As proteínas RAG-1 e RAG-2 são expressas pela primeira vez neste estágio, pois são necessárias à
expressão do TCR⍺ꞵ. Assim, tem lugar a primeira recombinação V(D)J, ao nível dos genes
que codificam a cadeia ꞵ de TCR (primeiro a recombinar).
Os genes que codificam esta cadeia apresentam segmentos V, D e J, assim, esta recombinação
reúne um segmento de gene D e um J, com deleção do DNA intersegmentos.
Nesta fase, verifica-se apenas o início do rearranjo do DNA, não havendo ainda nenhuma
proteína derivada dos rearranjos, pois estes não estão completos, e por isso não há um gene
funcional. A fusão de segmentos D-J é o ponto de transição entre esta fase e a fase Pré-T.
Após o evento de recombinação D-J, um dos vários segmentos génicos V é reunido à unidade
DJ, originando um exão VDJ rearranjado. Obtém-se assim um gene que origina um transcrito
primário de TCRꞵ. Este transcrito contém o exão VDJ e os exões Cꞵ, bem como os intrões entre
estes. Este RNA nuclear sofre splicing e o mRNA obtido é traduzido e dá origem ao TCRꞵ.
Tal como aconteceu ao nível dos linfócitos B, a recombinação V(D)J do TCR é também regulada
por “checkpoints”. O primeiro “checkpoint” tem lugar após a recombinação da cadeia ꞵ e visa
testar a sua funcionalidade em termos de quadro de leitura, estabilidade e capacidade de
sinalização.
Recetor Pré-T Para tal, do mesmo modo que verificámos para as células B, a
estratégia de testagem passa pela montagem de um recetor pré-T. Como a cadeia ꞵ
isolada é instável, esta é associada a uma “cadeia substituta” (tal como acontecia nas
células B), designada pT⍺ (pré-TCR-⍺, uma proteína invariável, produto de um
gene que não rearranja e, portanto, igual para todas as células T). Apenas se os
passos precedentes tiverem êxito é que o recetor pré-T será capaz de iniciar uma
cascata de sinalização que permitirá a manutenção da sobrevivência da célula.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
DP (Double-Positive Thymocytes)
A expressão a proteína pT⍺ é inibida, bem como a montagem do recetor pré-T. O TCRꞵ não
está mais na membrana, encontrando-se no citoplasma. O timócito expressa uma segunda vaga
de proteínas RAG-1 e RAG-2 e tem lugar a segunda recombinação, ao nível dos genes que
codificam a cadeia ⍺ de TCR (segunda a recombinar).
Como o locus da cadeia de TCR⍺ não apresenta segmentos D, mas somente segmentos V e J, o
rearranjo que tem lugar nesta fase consiste apenas na união de um segmento V e um segmento J.
Dá-se a expressão do TCR⍺ e ocorre a montagem do recetor TCR⍺ꞵ que é expresso na
membrana juntamente com complexos sinalizadores. (o TCR⍺ tem 100x mais afinidade do que
o pT⍺)
Termina assim a fase pré-T tendo lugar fenómenos de seleção, um segundo “checkpoint”.
ou SP (Single-Positive Thymocytes)
Assim, quando os timócitos duplos-positivos (DP) expressam pela primeira vez um TCR⍺ꞵ,
este recetor interage com péptidos próprios (self-peptides) apresentados por complexos maiores
de histocompatibilidade (MHCs) sobretudo de células do epitélio tímico. O produto desta
interação será determinado pela força gerada pelo encontro entre o TCRs e o auto-antigénio (no
MHC).
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Seleção Positiva dos Timócitos Por sua vez, timócitos cujos recetores reconheçam os complexos
péptido-MHC no timo e apresentem uma afinidade intermédia (medium avidity) sofrem uma
seleção positiva e prosseguem a transição de células duplas-positivas para células positivas
simples (SP).
CD8 −).
Mnemónica:
O produto dá sempre 8!
MHC I - CD8 + (1 × 8 = 8)
MHC II - CD4 + (2 × 4 = 8)
Estes timócitos tomam agora a designação de linfócitos T imaturos, os quais vão abandonar o
timo e distribuir-se pelos órgãos linfóides periféricos onde se vão tornar maduros após a ativação.
Neste processo, os linfócitos CD8+ vão originar linfócitos T citotóxicos (que detetam e matam
células portadoras de antigénios, como células infetadas por vírus, bactérias ou células
cancerosas), ao passo que, os os linfócitos CD4+ vão originar linfócitos T auxiliares (que vão
auxiliar macrófagos e neutrófilos a exercer a sua função fagocítica e, por outro lado, vão
promover a secreção de anticorpos por parte das células B, contra os patógenos em questão).
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A citometria de fluxo é uma técnica utilizada para contar, examinar e classificar partículas
microscópicas suspensas em meio líquido em fluxo.
Esta técnica é útil na imunologia para a identificação de populações de timócitos. Para tal, são
utilizados anticorpos fluorescentes que se ligam a marcadores celulares, isto é, a proteínas que
estão à superfície da célula e, para o efeito pretendido, permitem a sua identificação (através de
uma divisão dos resultados obtidos em quadrantes).
Imunodeficiências Importantes
Síndrome de Omenn
O síndrome de Omenn é um SCID autossómica recessiva. Entre outras causas, este síndrome
está associado a mutações nos genes que codificam as enzimas recombinantes (RAG-1 e RAG-2).
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Indicador clínico: sem células B e poucas células T; RAG com atividade reduzida
Diagnóstico: sequenciação do gene que codifica a RAG (Missense Mutation da RAG-1).
No nosso planeta a ausência de RAG é, portanto, rapidamente fatal dada a enorme diversidade
de agentes microbianos a que estamos expostos. Posto isto esta patologia requer tratamento
imediato, que pode ser realizado através de um transplante de medula. Um transplante de
medula óssea permite transferir células estaminais hematopoiéticas que vão repovoar a medula
óssea. As células estaminais transferidas do dador terão a enzima RAG funcional.
Caso Clínico:
Lactente com um mês de idade, filho de primos direitos (casamento
consanguíneo), peso normal, tem irritação com vermelhidão cutânea e
conjuntivite com pus. Pus abundante. A análise microbiológica do pus
revelou infeção por Staphylococcus aureus e Candida albicans. A análise
sanguínea revelou uma ausência total de células B e quase total de células
T.
Foi efetuado um teste de atividade enzimática da RAG e verificou-se uma atividade muito
menor do que a verificada no controlo experimental (RAG de um indivíduo normal).
Como vimos, a IL-7 é uma citocina (fator de crescimento) secretado pelo epitélio tímico
essencial ao desenvolvimento e sobrevivência das células T. Nesta imunodeficiência a IL-7 é
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Biologia Molecular e Celular 20-26
funcional e secretada normalmente. Contudo, existe uma mutação ao nível do gene que codifica
o seu recetor (IL-7R), o que o torna disfuncional e, portanto, incapaz de reconhecer a IL-7 e
iniciar uma transdução do seu sinal.
- Esta doença é geralmente detetada após infeções recorrentes e ativas por doenças oportunistas.
Agammaglobulinemia
Como sabemos, após o rearranjo do gene que codifica a cadeia pesada (H) do BCR, na fase Pré-B
tem lugar um “checkpoint” que visa testar a funcionalidade desta cadeia, através da montagem
de um recetor pré-BCR. Este “ checkpoint” é ultrapassado caso o recetor consiga realizar uma
transdução de sinal que, através de um conjunto de fosforilações mediadas por cinases, atinjam o
núcleo e moldem a sua resposta.
Na agammaglobulinemia ocorre a mutação nos genes que codificam uma importante enzima
cinase, a BTK signalling (B-cell tyrosine kinase). A BTK é uma enzima cinase sem a qual o
pré-BCR não sinaliza para o núcleo. Devido à mutação a cinase BTK está disfuncional, logo, o
recetor pré-BCR não sinaliza e as células B em desenvolvimento não induzem a expressão do
conjunto de genes que permitirá a sua continuidade no ciclo celular, ingressando numa morte
celular por falta de estímulo e, portanto, não se originam células B maduras.
Indicador Clínico: níveis muito baixos de todas as classes de anticorpos (IgM, IgG, IgA, etc...)
no sangue (ausência de células B). Contudo, verifica-se presença normal de células T.
O síndrome de hiper IgM é uma doença genética autossómica recessiva que resulta de mutação
de genes que codificam a enzima AID (Activation-Induced Deaminase). Como sabemos, esta
enzima é específica da linhagem de células B, sendo apenas expressa após a ativação de células
maduras, por uma interação favorável com um antigénio específico. A AID catalisa a
desaminação de citidina (C) em timidina (T) ao nível do DNA, intervindo em dois processos
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Biologia Molecular e Celular 20-26
importantes: a hipermutação somática e a mudança de classe de Igs. Assim, estes dois eventos
ficam comprometidos pela sua ausência caracterizada por esta doença.
Indicador Clínico: níveis muito elevados de IgM e muito baixos das restantes classes de
anticorpos.
* Antagonista - composto que se liga a um determinado recetor sem o ativar, impedindo que
outros componentes lá se liguem e o ativem.
A expressão do gene WAPAL é regulada pelo Pax5. Na presença de Pax5 verifica-se a inibição da
transcrição dos genes WAPAL e, portanto, uma diminuição da concentração intracelular de
Wapl. Por sua vez, na ausência de Pax5 o gene WAPAL é transcrito e a Wapl é expressa.
A presença de Wapl faz com que a coesina não consiga estabelecer ligações e, consequentemente,
tenha uma maior dificuldade em exercer o seu papel na formação de loops de DNA. Na presença
de Wapl verifica-se formação de um elevado número de loops, mas com comprimentos
reduzidos. Por sua vez, na ausência de Wapl, forma-se um menor número de loops, mas de maior
comprimento. A diversidade de recombinação V(D)J mediada pela RAG verifica-se muito
superior para a presença de Pax5 e consequente ausência de Walp.
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O regulador autoimune (AIRE) é uma proteína codificada pelo gene AIRE, expresso na
medula tímica. Trata-se de um fator de transcrição que causa a transcrição de uma ampla seleção
de genes específicos de órgãos periféricos (levando à expressão em níveis baixos de proteínas
apenas expressas noutros órgãos periféricos - criando uma "auto-sombra imunológica").
O AIRE, quando ativo, encontra-se associado ao sirt1 e DNA PK, ativando um sistema Top2a
que induz quebras na cadeia de DNA. A reparação destas quebras exige a abertura da
heterocromatina em eucromatina. Nestes momentos de abertura, a AIRE possibilita que a
RNA polimerase entre em contacto com os segmentos génicos, promovendo a sua transcrição.
Ao induzir a expressão destas proteínas de órgãos periféricos, a AIRE permite que o timo
promova uma seleção negativa de linfócitos T que reajam autorreativamente às proteínas
produzidas (self-antigens), regulando, deste modo, fenómenos autoimunes.
A proteína FOXN1, codificada pelo gene FOXN1, desempenha um papel importante para o
desenvolvimento da pele, cabelo, unhas e sistema imunitário. A proteína FOXN1 ajuda a
orientar a formação dos folículos capilares, desempenhando um papel crucial na formação do
timo.
⤷ Síndrome de diGeorge
Caso Clínico:
3 Meses de Idade - Alopecia total (ausência de pelos) e Adenite (inflamação dos gânglios
linfáticos, provocada após vacinação BCG).
4 Meses de Idade - Falhas respiratórias graves (bactérias da BCG), Atimia (ausência de Timo) e
Linfopenia T (níveis de linfócitos T muito reduzidos)
Diagnóstico: SCID - Síndrome de diGeorge. Neste caso terá ocorrido uma mutação no gene
FOXN1 que codifica a proteína FOXN1, essencial à diferenciação das células do epitélio tímico.
Esta criança apresentava uma mutação com perda de sentido, devido ao aparecimento de um
codão STOP prematuro (não expressando sequer FOXN1).
Tratamento: a criança apresenta uma medula óssea com células normais, não apresentando
apenas Timo. Assim, a solução passará por um transplante de timo.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
O núcleo é delimitado por uma dupla membrana que entra em contacto com o
retículo endoplasmático (há semelhança entre as membranas destes dois organelos e há também
continuidade física).
Entre a membrana interna do invólucro e a cromatina há uma estrutura constituída por
filamentos intermédia (lâmina nuclear - emaranhado de filamentos). As membranas do
invólucro são interrompidas em determinados pontos por poros nucleares. Os poros nucleares
são preenchidos por material (não são espaço vazio) - são constituídos por um emaranhado
proteico (fibrilhas proteicas) do qual se destacam filamentos quer para o meio intranuclear quer
para o meio do citosol.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Existe uma molécula (sinal de localização nuclear) que funciona como uma espécie de
passaporte.
Sinal de Localização Nuclear → sinal que marca determinada proteína para ser localizada no
interior do núcleo. Este sinal (sequência de aminoácidos na proteína) é reconhecido através de
um sistema de leitura que consiste numa proteína (recetor de importação nuclear).
Existem uma série de proteínas no nosso citosol capazes de reconhecer o sinal de localização
nuclear, isto é, o mesmo recetor é capaz de reconhecer diferentes proteínas desde que elas
tragam o mesmo sinal.
➔ A proteína a ser transportada e o recetor
entram em contacto com as fibrilas do poro, e
estas permitem a sua passagem ao
organizarem-se. Quando uma proteína tenta
passar sem este formato com o recetor, as
fibrilas continuam emaranhadas, impedindo a
sua passagem.
Após isto, o recetor dissocia-se do complexo e é
reciclado, saindo do núcleo para reconhecer
outros sinais e trazer outras proteínas para o
interior do núcleo. Este transporte consome
GTP, formando GDP.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Especificidade
A especificidade neste caso é dada por uma sequência de aminoácidos distintos → sinal que é
reconhecido por um recetor. [mecanismo igual ao do núcleo]
Existe novamente uma sequência de aminoácidos que f unciona como o sinal, (localizada na
extremidade N - amina?), do que deve ir para o interior da mitocôndria.
➔ Este sinal vai ser reconhecido por um recetor que se relaciona com a proteína
transmembranar (canal).
➔ O recetor, ao entrar em contacto com o sinal, encaixa-se a ele e é promovida uma
alteração na conformação do canal.
➔ O canal abre-se e a proteína atravessa-o, atravessando a membrana para o interior da
mitocôndria
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Pode acontecer que o mRNA seja integralmente traduzido no citosol e apenas após estarem
completamente formadas serão transportadas para o organito de destino.
No caso do Retículo Endoplasmático há uma “exceção”, o mRNA está no citosol, começa a ser
traduzido no citosol, mas há uma particularidade nas proteínas que vão para o interior do RER,
pois os primeiros aminoácidos que são traduzidos a partir do mRNA vão ser a sequência que
serve como sinal de transporte (neste caso, muito hidrofóbico) para o interior do retículo.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Quando a proteína termina de ser sintetizada (fim da tradução), uma peptidase (enzima que
cliva ligações entre aminoácidos, neste caso específico a signal peptidase) vai clivar a ligação entre
o sinal (que permanece associado à membrana fosfolipídica) e o resto da cadeia peptídica
(extremidade C - carboxílica), que fica no lúmen do retículo porque se soltou da cadeia inicial
(extremidade N - amina).
Como se pode observar na imagem, a sequência de aminoácidos que serviu de sinal fixa-se na
região mais periférica do canal transmembranar, próxima à bicamada fosfolipídica. Podemos,
portanto, desde já inferir que estes aminoácidos que constituem esta sequência de sinal terão
cadeias laterais hidrofóbicas, que lhes permite relacionar-se com estas regiões.
Exceções:
É importante entendermos que este processo não é linear para todas as proteínas. Vejamos
então o caso das proteínas transmembranares:
➔ A sua síntese ocorre exatamente do mesmo modo, contudo, acontece que além da
sequência sinal (hidrofóbica), esta proteína terá ao longo da sua composição uma outra
sequência de aminoácidos hidrofóbicos.
Assim, durante a síntese, estas
sequências têm uma tendência em
fixar-se na membrana de fosfolípidos,
o que faz com que a proteína fique
retida na membrana por interações
hidrofóbicas.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
➔ Além disto, acontece ainda que há proteínas que têm várias sequências
hidrofóbicas ao longo da totalidade da cadeia polipeptídica para além do sinal.
Neste caso a proteína vai sendo sintetizada e cada vez que aparece uma sequência
hidrofóbica dá-se a retenção desta sequência junto aos fosfolípidos. Assim, a
proteína faz “voltas” para o interior e para o exterior da membrana do retículo.
Portanto, quando uma proteína tem o sinal que a leva para o RER, esta pode ter dois
destinos: ou entra completamente para o lúmen do retículo, o que significa que nesta proteína a
única sequência hidrofóbica era o sinal; ou a proteína fica transmembranar, por apresentar
uma ou mais sequências hidrofóbicas, além do sinal.
Ambas estas proteínas, à medida que são sintetizadas no lúmen do retículo adquirem outra
propriedade - vão adquirir uma modificação que consiste na adição de grupos açúcar. É assim
que vão nascer as glicoproteínas.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
No Aparelho de Golgi as proteínas vão ser sujeitas a uma série de enzimas que vão
modificar o oligossacarídeo inicial. O que é que determina que uma proteína tenha determinada
configuração de açúcares e outra proteína tenha outra configuração?
➔ Isto tem por base a conformação tridimensional (os resíduos expostos à superfície da
proteína vão ser acessíveis a enzimas que estão no aparelho de Golgi, o que vai permitir
colocar uns e retirar outros) → Por exemplo, se os açúcares estiverem no interior da
proteína, as enzimas deixam de lhes ter acesso e a modificação não ocorre.
Nas membranas do RER estão-se sempre a libertar vesículas. Assim, estas vesículas
transportam as proteínas sintetizadas no retículo, mantendo as suas posições relativas (a
membrana das vesículas transportará as proteínas transmembranares, ao passo que no interior
da vesícula estão as proteínas solúveis que estavam no lúmen do RER). Estas vesículas vão se
fundir com o aparelho de Golgi, mais uma vez mantendo as posições relativas das proteínas:
➔ membrana do aparelho → transmembranares;
➔ interior do aparelho → as proteínas do lúmen do RER.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Aparelho de Golgi
➔ Formado por um conjunto de cisternas;
➔ Apresenta uma direcionalidade de transporte (o aparelho de Golgi tem uma zona que
está mais próxima do RER → vai receber as vesículas do RER;
➔ O transporte entre cisternas dá-se por vesículas que se soltam de uma cisterna mais
próxima do RER e se fundem à cisterna seguinte;
➔ As proteínas vão sendo “maturadas” ocorrendo a modificação dos seus resíduos, entre
outras;
➔ Chegando ao final do aparelho de Golgi as proteínas são transportadas em vesículas (ou
para zonas da célula onde são necessárias, ou para o meio extracelular).
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Atuação da Endocitose
Além das vesículas de exocitose, do complexo de Golgi resultam proteínas que vão
formar lisossomas. Existe um conjunto de vesículas que a célula forma englobando materiais do
meio extracelular, num processo denominado endocitose - os endossomas. Estas vesículas
fundem-se com um certo tipo de vesículas provenientes do Aparelho de Golgi, formando
endossomas tardios que dão origem aos lisossomas. As vesículas têm mecanismos de sinalização,
o que lhes permite ter uma movimentação muito específica.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
A maior parte das vesículas que se soltam no Complexo de Golgi vão para a via da secreção.
Assim, a natureza criou mecanismos de seleção.
Mecanismo de seleção das proteínas que vão para os lisossomas (se não houver estes
mecanismos as proteínas vão automaticamente para as vias de secreção).
➔ As enzimas que vão para o lisossoma (essencialmente enzimas digestivas) têm um sinal
para ir para o lisossoma. Este sinal é à base de açúcares. Basicamente, as proteínas no
RER recebem um conjunto de açúcares e à medida que esses açúcares são modificados no
Golgi vão adquirir um conjunto específico de açúcares. No caso das proteínas que se
destinam ao lisossomas, estas vão sofrer a ação de uma enzima, a fosfotransferase, que vai
adicionar um resíduo (N-acetilglucosamina + grupo fosfato) a uma manose e depois
vai fazer com que este fosfato fique adicionado somente à manose, sendo removida a
N-acetilglucosamina, ficando a Manose fosforilada na posição 6 (manose-6-fosfato).
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Nota: Existe um outro tipo de vesícula com uma camada proteica distinta na superfície citosólica (coated vesicles)
para além das vesículas cobertas por clatrina: as COP-coated vesicles, cobertas pela coat protein (COP), que fazem o
transporte de moléculas entre o retículo endoplasmático e o complexo de Golgi ou entre as diferentes parte do
complexo de Golgi.
➔ Quando as clatrinas estão ligadas a recetores que não estão ligados a proteínas com
manose-6-fosfato, as clatrinas estão afastadas.
➔ Quando as proteínas com manose-6-fosfato se associam ao recetor, este estimula as
clatrinas a unir-se através das proteínas adaptadoras, formando uma força que promove o
brotamento vesicular com ajuda de outras proteínas como a dinamina (que forma um
anel no estreitamento das vesículas via hidrólise de GTP). Assim, forma-se uma vesícula
cheia de recetores ligados a proteínas com manose-6-fosfato, o que está na base da
concentração de proteínas específicas para o lisossoma no local de brotamento vesicular.
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Endocitose
Na endocitose, várias vesículas de captação extracelular formadas pela membrana celular
fundem-se entre si formando um endossoma. O endossoma funde-se com o lisossoma e as
enzimas do lisossoma vão digerir o conteúdo endocitado. Portanto, tudo o que é captado vai
acabar por ser depositado num lisossoma ou digerido e reaproveitado pela célula, para o seu
metabolismo.
➔ Algumas substâncias são captadas de forma passiva, outras são importantes para
o metabolismo celular. Assim, temos mecanismos de endocitose
passiva/pinocitose (não específica) e mecanismos de endocitose mediada por
recetores (usam recetores como mecanismo de concentração de determinadas
moléculas a ser incorporadas). Exemplo: O colesterol é uma molécula
endocitada por um mecanismo mediado por recetores. Quando o colesterol
(geralmente de origem da dieta) entra nas células aciona um mecanismo que
trava a bio-síntese de mais colesterol por parte das células, impedindo uma
acumulação deste.
Autofagia - Mecanismo pelo qual a célula digere moléculas e organelos próprios, por estes
estarem danificados ou obsoletos. A célula engloba estas moléculas em autofagossomas que ao se
fundirem com o lisossoma vão ser digeridos e os seus componentes são reciclados para voltarem
a ser usados no metabolismo celular.
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Doença de Gaucher
➔ aumento de volume do abdómen
(hepatoesplenomegalia).
➔ pela palpação verificamos um grande aumento
de volume do Fígado (hepatomegalia);
➔ grande aumento de volume do Baço
(esplenomegalia).
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Biologia Molecular e Celular 20-26
● Durante a mitose
○ Garante que cromossomas estão bem inseridos nos microtúbulos, para impedir
aneuploidias (alterações no número de cromossomas das células filhas)
Exemplos
● Epitélio do intestino
○ Vamos ter na parede do intestino umas
cristas, designadas criptas. Com a
passagem dos alimentos, algumas células
vão ser arrastadas, pelo que temos de as
repor.
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Tempo entre duas divisões das células estaminais vai ser diferente conforme o tecido:
● Embrião: 30 minutos (muito rápido)
○ Como o organismo está em intenso crescimento, é preciso que células estaminais
estejam constantemente a dividir-se.
● Intestino: 12 horas; Epiderme: 1 a 2 dias (em recém-nascidos); Fígado: 1 a 2 anos;
Neurónios e músculo cardíaco: ∞ (não se dividem mais)
○ Nos tecidos do organismo adulto, o tempo entre divisões vai depender do tempo
de vida das células terminalmente diferenciadas do tecido.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
sanguíneo) vai-se converter em fibrina criando uma rede que ajuda a criar um
coágulo estancando a hemorragia.
■ Curiosidade: daí termos de adicionar um anticoagulante se quisermos guardar
sangue num tubo de vidro. Anticoagulante inativa o fibrinogénio impedindo
que o sangue coagule. Sem ele, ao entrar em contacto com o vidro o
fibrinogénio seria ativado.
○ Após a ativação do fibrinogénio, vão-se desencadear vários processos, da chamada
cascata de coagulação.
● Mas o que é que isto tudo tem a ver com o que estamos a estudar?
○ Pensou-se que o sinal que leva à proliferação celular poderia ser emitido como
resultado da coagulação do sangue. Fez-se então a seguinte experiência:
■ Verificamos que fibroblastos da pele (células estaminais) num meio de cultura
com todos os nutrientes necessários nunca se dividem.
■ Adicionamos a esse meio de cultura soro de sangue coagulado (soro é o
líquido que fica no topo após centrifugarmos o sangue).
■ Verificamos que após a adição do soro os fibroblastos dividem-se.
○ Conclui-se então que sinal químico que sinaliza aos fibroblastos que se devem
dividir é emitido como resultado do processo de coagulação, ficando assim
presente no soro do sangue coagulado.
○ Acabou por se concluir que este sinal é uma proteína designada Platelet Derived
Growth Factor (PDGF). É emitido pelas plaquetas durante o processo de
coagulação.
● O PDGF é apenas um exemplo de toda uma classe de sinais designados Fatores de
Crescimento, que vão sinalizar às células estaminais que se devem dividir. Mas como é
que se dá esta sinalização exatamente, ao nível da célula estaminal?
○ Células estaminais vão ter na membrana da célula recetores transmembranares
próprios para determinados fatores de crescimento.
■ Note-se que as células estaminais vão apenas ter recetores para alguns fatores
de crescimento, havendo então uma especificidade entre cada fator e o tipo de
célula cuja proliferação ele vai estimular. Veja-se que não faria sentido o PDGF
estimular a proliferação de células intestinais.
○ Estes recetores vão ser do tipo RTK (Recetores Tirosina-Cinase). Têm duas
partes: uma extracelular onde se vai ligar o sinal e uma intracelular que consegue
fosforilar resíduos de tirosina.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
○ Cada tipo de ciclina vai ter como parceira uma outra proteína designada CdK
(Cyclin-dependent Kinase ou Cinase dependente da Ciclina), que como o seu
nome indica são enzimas que vão fosforilar outras proteínas e que apenas
conseguem atuar quando acopladas à sua ciclina.
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■ Atenção que não vamos ter nenhum mecanismo que ativamente remova estes
grupos fosfato: simplesmente acontece que os grupos ‘vão saindo’ e como já
não temos Ciclina M-CdK não são repostos.
Proteassoma
● Como é que a Ciclina M-CdK é degradada? Vai ser degradada por proteases - enzimas
que clivam as ligações peptídicas separando os vários aminoácidos que compõem a
proteína.
● Atenção que não podemos ter proteases à solta no citosol, pois se assim fosse todas as
proteínas do citosol seriam degradadas indiscriminadamente, o que seria incompatível
com a vida. De qualquer forma, dá jeito degradar certas proteínas, como vimos para o
exemplo da Ciclina M-CdK.
● Para resolver este dilema, temos um mecanismo que permite degradar proteínas
específicas:
○ Primeiro, proteínas a destruir são marcadas com ubiquitina (diz-se que se dá
‘ubiquitinação’). A ubiquitina é simplesmente um pequeno péptido.
○ Depois, temos no citosol uma estrutura chamada proteassoma. Tem a forma de
um cilindro oco, com duas aberturas nas extremidades. No interior, vai ter
proteases. Apenas entram no proteassoma proteínas marcadas com ubiquitina.
○ Portanto, resumindo, proteínas que tenham de ser degradadas (como as ciclinas)
são marcadas com ubiquitina, o que leva a que entrem no proteassoma, onde são
degradadas.
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● Regulação do ciclo celular é bastante redundante: ou seja, temos várias vias que fazem
exatamente a mesma coisa. Isto para garantir que se uma falhar processos continuam a
dar-se normalmente, impedindo cancro. Para se formar um cancro, é preciso mesmo uma
completa catástrofe em que vários mecanismos deixam de funcionar.
● Acontece que a transcrição do gene da Ciclina S não é ativada diretamente pela cascata
de fosforilações resultante da chegada do fator de crescimento. Temos primeiro a
ativação de uns genes que vão por sua vez ativar este.
● Estes genes são o myc, o fos e o jun. Estes genes só são ativados (ou seja, só são transcritos)
ao chegar o fator de crescimento, e vão estimular a ativação de outros genes, entre eles o
gene da ciclina
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Como é que é se impede a divisão celular quando há lesões do DNA? - p53 e p21
● Resumidamente, temos a proteína p53 que é ativada quando é detectada uma lesão e que
vai impedir progressão do ciclo celular.
● Primeiro, temos sensores de lesão que percorrem o
DNA à procura de alterações. Quando é encontrada
uma, dá-se um sinal de alarme que faz duas coisas:
○ Ativa maquinaria para reparar a lesão.
○ Dá-se a estabilização e ativação da p53.
■ O que é isto quer dizer? Temos a
ativação de cinases que vão fosforilá-la,
ativando-a e impedindo que ela seja
degradada no proteassoma (temos
enzimas que a marcariam com
ubiquitina para ser degradada no
proteassoma, mas que não o
conseguem fazer com ela fosforilada).
■ p53 vai ativar a transcrição do gene
p21, que vai inibir o complexo Ciclina-CdK (mais especificamente, a
G1/S-Cdk e S-Cdk), impedindo assim que o ciclo celular continue com a
lesão no DNA.
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➔ Uma mutação que origina uma mutação na proteína Ras é suficiente para induzir a
proliferação de células cancerosas?
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Relembra: Os genes que são críticos para o cancro são classificados como
proto-oncogenes ou genes supressores de tumor conforme a mutação perigosa seja
dominante ou recessiva.
(A) Os oncogenes atuam de forma dominante: uma mutação de ganho de função em
uma única cópia do proto-oncogene pode fazer a célula transformar-se em uma célula
cancerosa.
B) Mutações de perda de função em genes supressores de tumor geralmente atuam de
maneira recessiva: a função de ambas as cópias do gene deve ser perdida para levar uma
célula a tornar-se cancerosa.
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Por exemplo, as proteínas codificadas pelos genes myc, fos e jun ativam a transcrição de
outros genes tais como a ciclina S (contribuem para a duplicação cromossómica -através
da ativação da DNA polimerase - permanecendo transcritas desde o final de G1 até a
anáfase)
Para transformar uma célula saudável numa cancerosa basta haver 3 alterações
simultâneas (que têm de ocorrer por esta ordem específica):
1. SV40 - codifica oncoproteínas responsáveis pela inativação do pRB e p53
2. Gene que codifica a TERT (proteína do core da telomerase - a maior parte dos
cancros ativa a telomerase)
3. Mutação no oncogene Ras (para este estar sempre ativo)
Nota:
➔ p53: Regulador da transcrição que controla a resposta celular ao dano de DNA,
impedindo a célula de entrar na fase S até que o dano tenha sido reparado, ou induzindo
a célula a cometer apoptose se o dano for muito extenso; mutações no gene que codifica
esta proteína são encontradas em vários cancros humanos
➔ pRB (retinoblastoma protein): encontra-se disfuncional em muitos cancros. É um
supressor de células cancerosas
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Muitos tratamentos passam pela inibição da sinalização por parte destas hormonas.
Apoptose ≠ Necrose
Ao contrário da apoptose a necrose é a morte celular acidental
(não programada) o que acontece é que a sua membrana
rebenta espalhando o seu conteúdo sobre outras células.
Sabendo que no interior da célula existem enzimas hidrolíticas
fica fácil perceber que isto irá provocar uma agressão ao nível
das outras células.
Já a apoptose caracteriza-se por ser um fenómeno que ocorre
exclusivamente no interior da célula não afetando, por isso,
outras células.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Durante a apoptose vai haver uma inversão dos lípidos da membrana (os que estavam
dentro passam para fora e vice-versa) → As células fagocíticas detetam este sinal →
fagocitam a célula → apoptose
Bax e Bak são membros promotores de morte da família Bcl2 de proteínas intracelulares
que podem desencadear a apoptose por libertação de citocromo C a partir das mitocôndrias.
Quando as proteínas Bak ou Bax são ativadas por um estímulo apoptótico, elas agregam-se na
membrana mitocondrial externa, levando à liberação de citocromo C. Este é libertado no citosol
do espaço intermembranar da mitocôndria . Ocorre a ligação de citocromo C a uma proteína
adaptadora, formando um complexo de sete braços. Esse complexo então recruta sete moléculas
de uma pró-caspase iniciadora específica (pró-caspase-9) para formar uma estrutura
denominada apoptossoma. As proteínas pró-caspase-9 tornam-se ativadas no apoptossomo e
então ativam as pró-caspases executoras no citosol, provocando uma cascata de caspases e
apoptose.
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Os recetores de morte ativados iniciam uma via de sinalização intracelular que leva à
apoptose. O ligante Fas na superfície de um linfócito killer ativa os recetores Fas na
célula-alvo. Isso aciona a associação de um conjunto de proteínas intracelulares em um complexo
de sinalização indutor da morte (DISC- death-inducing signaling complex), que inclui uma
pró-caspase iniciadora específica. As pró-caspases clivam e ativam-se umas às outras, e as caspases
ativas resultantes então ativam as pró-caspases executoras no citosol, levando a uma cascata
proteolítica de caspases e apoptose.
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T12 - Citoesqueleto
O citoesqueleto é importante devido a ter várias funções vitais em situações fisiológicas normais:
1. Dita a forma e influencia a estrutura das células (logo determina as suas f unções)
2. Importante na organização dos organelos dentro da célula
3. Permite movimentos intracelulares (como com o movimento dos cromossomas)
4. Confere mobilidade (e.x: espermatozóides)
• Os filamentos de actina são polímeros helicoidais de monómeros de actina globular. Estes são
mais flexíveis do que os microtúbulos e são frequentemente encontrados em feixes ou redes. São
vitais para (aumentar a área de) absorção (A), permitir atividade contrátil intracelular (B),
migração celular (C) e divisão celular (D).
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Os monómeros de actina soltos encontram-se associados a ATP no seu estado ‘normal’. É neste
estado que se acoplam a um protofilamento na sua extremidade mais (+). No entanto, ao longo
do tempo, o ATP é hidrolisado e passa a ser ADP, e os monómeros de actina ligados a ADP não
conseguem manter-se ligados entre si, visto serem instáveis, levando a despolimerização do
microfilamento. Isto significa que a formação e destruição dos microfilamentos funciona como
se fosse uma passadeira rolante, em que uma ponta (a mais) está sempre a crescer devido a
receber mais monómeros de actina com ATP e uma ponta (a menos) está sempre a separar-se
devido aos seus monómeros estarem agora associados a ADP.
No entanto, a actina tem uma grande quantidade de proteínas acessórias que permitem
estabilizar o citoesqueleto, conferindo diferentes propriedades:
● Proteínas cap - impedem que a actina se polimerize, ligando-se à extremidade +,
estabilizando o seu crescimento. (ex.: tropomodulina)
● Complexos Arp - Permitem a ramificação do citoesqueleto (importante na formação dos
lamelipódia)
● Forminas - formação linear dos filopódia
● Gelsolinas (na presença de cálcio) – ligam-se aos monómeros em diferentes pontos do
microfilamento rompendo as interações com o monómero adjacente, em sentido à
extremidade positiva, ou seja, fragmenta a actina e forma um capuz que impede a
polimerização
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Moléculas de miosina-II podem associar-se umas com as outras para a formação de filamentos de
miosina. (A) Uma molécula de miosina-II contém duas cadeias pesadas idênticas, cada uma com
uma cabeça globular e uma cauda estendida. (Além disso, ela contém duas cadeias leves ligadas a
cada uma das cabeças, mas estas não estão representadas aqui.) As caudas das duas cadeias
pesadas produzem uma cauda única super torcida. (B) As caudas super torcidas das moléculas de
miosina-II associam-se para formar um filamento de miosina bipolar, no qual as cabeças
projetam-se da região central em sentidos opostos. A porção lisa na região central dos filamentos
é composta unicamente pelas caudas.
Os músculos contraem-se por um mecanismo de deslizamento de filamentos. (A) Os filamentos
de miosina e actina de um sarcómero sobrepõem-se com a mesma polaridade relativa em ambos
os lados de uma linha mediana. Lembre-se de que os filamentos de actina estão ancorados por
suas extremidades mais (+) ao disco Z e os filamentos de miosina são bipolares. (B) Durante a
contração, os filamentos de actina e miosina deslizam uns sobre os outros sem que eles próprios
sofram encurtamento. O movimento de deslizamento é conduzido pela caminhada das cabeças
de miosina rumo à extremidade mais (+) dos filamentos de actina adjacentes
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• A contração muscular é iniciada por um súbito aumento de Ca²⁺ citosólico, que sinaliza para
as miofibrilas via proteínas de ligação ao Ca²⁺ associadas aos filamentos de actina.
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Dois destes monómeros vão-se juntar de forma paralela, alinhando as caudas e cabeças,
formando um dímero torcido. Dois dímeros vão-se agora juntar de forma antiparalela,
alinhando as cabeças de um dímero com as caudas do outro, formando um tetrâmero, também
este torcido. Finalmente, oito tetrâmetros vão-se alinhar lado a lado, sofrendo uma grande
torção, formando um longo filamento que parece uma corda resistente e difícil de desagregar
(em contraste com os microfilamentos). Apesar dos monómeros e dímeros serem polares, os
tetrâmeros e os filamentos intermédios são apolares. Devido a isto, não existem proteínas
motoras neles porque uma proteína não se consegue orientar neles.
Devido a serem muito rígidos, difíceis de desagregar e se organizarem como uma rede por todo o
citoplasma, os filamentos intermédios apresentam uma enorme força de tensão, o que lhes
permite resistir a um grande stress mecânico. São os filamentos intermédios que permitem às
células da pele ou da bexiga esticarem-se frequentemente sem haver rutura, mantendo a sua
estrutura original.
Isto significa que células sem filamentos intermédios, quando sujeitas a stress mecânico,
rompem-se, levando a uma série de patologias. O tipo de patologia depende do tipo de filamento
intermédio afetado.
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Biologia Molecular e Celular 20-26
Por exemplo, existem 25 genes que codificam queratinas ácidas e outros 25 que codificam
queratinas básicas. As queratinas encontram-se em diferentes conjugações e em diferentes
epitélios do corpo devido a terem características diferentes, logo mutações em diferentes
queratinas levam a patologias distintas.
Alguns exemplos:
No entanto, os filamentos intermédios das lâminas nucleares também são muito importantes,
especialmente na dinâmica da divisão celular (quando ocorre fosforilação para haver destruição
da lâmina e desfosforilação da mesma para a sua reconstrução)
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Biologia Molecular e Celular 20-26
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Biologia Molecular e Celular 20-26
O taxol é um medicamento utilizado para o cancro que estabiliza toda a tubulina livre. Devido a isto, não será
possível a formação de microtúbulos novos e como tal não se realizará a divisão celular, visto que os microtúbulos
não conseguirão puxar os cromossomas durante a mitose, impedindo a divisão celular. A colchicina e a
vinblastina juntam-se aos dímeros de tubulina, impedindo a sua polimerização (útil para bloquear na metafase).
Os microtúbulos são responsáveis por uma série de movimentos celulares tais como o
transporte de vesículas, organelos e separação dos cromossomas. Estes movimentos podem
realizar-se através de mecanismos de polimerização/despolimerização por si só, ou baseado na
ação de proteínas motoras chamadas de dineína e cinesina (forma de movimento celular +
comum)
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Biologia Molecular e Celular 20-26
• As cinesinas e as dineínas são proteínas motoras associadas aos microtúbulos que usam a
energia da hidrólise de ATP para se movimentarem unidirecionalmente ao longo dos
microtúbulos. Elas transportam organelos específicas, vesículas e outros tipos de matéria para
localizações específicas na célula.
Dineínas: transportam carga no sentido da extremidade negativa
Cinesinas: transportam carga no sentido da extremidade positiva.
O movimento destas proteínas motoras implica o consumo de energia sob a forma de ATP via a
cabeça ou domínio motor das proteínas motoras. A cauda da proteína motora determina qual
carga a proteína transporta.
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Como têm extensões de fita simples que se assemelham ao DNA danificado, os telómeros
precisam de ser protegidos dos sistemas de reparação do DNA. Para isto temos, em algumas
espécies (incluindo humanos), os Loops. Os excedentes da fita simples (G-rich strand) ligam-se
a repetições complementares do DNA da fita dupla adjacente, formando os ditos loops (ou alças
protetoras).
➔ A G-rich strand é a que se prolonga mais → (TTAGGG)n
➔ A C-rich strand é a mais curta → (CCCTAA)n
Os T. loops ocorrem devido ao G-overhang (cauda da G-strand) e conferem estabilidade aos
telómeros, protegendo os cromossomas.
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Shelterin
O complexo proteico que se relaciona aos
telómeros chama-se shelterin. Tem como
função proteger os telómeros (impedem os
mecanismos de reparação do DNA) e ainda
regular a ação da telomerase. É composto
por 6 proteínas: TRF 1, TRF 2, RAP 1,
TIN 2, TPP 1 e POT 1.
Efeito da posição dos telómeros → os telómeros suprimem a expressão dos genes próximos.
TERRA
Até recentemente, os telómeros eram considerados segmentos transcricionalmente silenciosos.
Porém, em 2007, foi demonstrado que os telómeros de mamíferos são transcritos em moléculas
de RNA constituídas por repetições teloméricas (TERRA, Telomeric repeat-containing RNA).
O TERRA é produzido pela ação da RNA polimerase II (RNAPII) a partir de vários loci
subteloméricos que estão localizados próximo das extremidades dos cromossomas e é constituído
por repetições da sequência UUAGGG, em número variável.
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Telomerase
Experiência → overexpression do TERT numa fase mais avançada da vida. Observou-se não só
um aumento do tempo estimado de vida, como também renovação de tecidos e uma melhoria
geral da saúde do indivíduo.
Por isto é que um dos alvos terapêuticos para a cura do cancro é a inibição da telomerase →
diminui a proliferação celular. No entanto, esta técnica tem os seus riscos. A inibição desta
enzima que existe também em algumas células somáticas (ex. linfocitárias e estaminais) pode
originar graves problemas ao organismo.
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Epigenética → Estudo dos fenómenos hereditários que não são explicados por alterações da
sequência do DNA (sequência de nucleótidos é igual mas a sua expressão é alterada)
Existe uma estrutura nos indivíduos XX que se encontra nas células somáticas - o corpo de
Barr- que se postulou ser o cromossoma X inativo (foi descoberto nos gatos do sexo feminino e
inicialmente pensava-se incorretamente que o corpo de Barr era exclusivo aos neurónios destes)
Existe uma região específica no cromossoma X que precisa de estar presente nas duas cópias,
numa célula, para que possa haver a inativação de um dos cromossomas X. Essa região específica
corresponde ao gene XIST (X inactive specific transcript):
➔ Cobre o cromossoma X que inativa;
➔ É o único gene expresso no cromossoma X inativo;
➔ Codifica um RNA não codificante (não sai do núcleo)
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Caso particular: Caso a pessoa tenha uma mutação e tenha XXX então dois dos cromossomas X
terão de ser inativos, pois só deve haver um X ativo.
É de notar que o cromossoma X é o gene mais eucromático com zonas mais expostas que
permitem a sua leitura. O que vai acontecer é que o cromossoma X inativo vai-se tornar mais
heterocromático o que vai impossibilitar/dificultar a sua expressão, através da:
➔ Metilação dos promotores;
➔ Perdas de marcas de metilação.
Doenças heterozigóticas associadas: São raras, basta serem heterozigóticos para a doença se
manifestar (normalmente é fatal nos rapazes).
➔ Síndrome de Rett (mutações no MECP2 no cromossoma X);
➔ X frágil;
➔ Incontinência pigmenti.
Imprinting
A descoberta do imprinting:
Experiências pioneiras em 1980 - investigadores criaram embriões por técnicas
sofisticadas, e com esta técnica conseguiram fazer para além de embriões normais com uma
contribuição maternal e uma paternal, embriões com contribuição totalmente materna
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Dissomia uniparental → ocorre quando uma pessoa recebe duas cópias de um cromossoma ou
parte de um cromossoma de um dos progenitores e nenhuma cópia do outro.
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Exemplos:
DLK1 → gene que promove o crescimento (paterno)
GRB10 → gene que restringe o crescimento (materno)
Metilação do DNA → adição de um grupo metil à citosina, que no caso dos mamíferos
acontece quase exclusivamente no contexto do dinucleótido CG (só quando a citosina é seguida
por uma guanina na sequência é que é metilada).
A consequência mais elucidativa é que quando ocorre nos promotores dos genes (frequência de
CG é muito maior), quando há metilação → gene silenciado.
A metilação do DNA ocorre numa região muito específica e é sempre diferente entre os
cromossomas paterno e materno. Há sempre regiões que mostram metilação diferencial entre os
dois cromossomas.
Para que a metilação do DNA nas regiões do imprinting seja passada de geração em geração
temos que cumprir o “ciclo do imprinting”:
➔ 1ª fase - deposição diferencial de metilação do DNA, que ocorre na linha
germinativa (cromossomas paterno e materno estão separados).
➔ 2ª fase - manutenção do imprinting nos tecidos somáticos. O imprinting
mantém-se durante toda a nossa vida.
➔ 3ª fase - especificação da linhagem germinativa. Nas células que dão origem à
linha germinativa masculina e feminina há uma perda total da metilação nas
regiões de imprinting → há uma limpeza para que seja adquirida de acordo com
o sexo da linha germinativa → para ser transmitida da mesma forma à próxima
geração.
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Como é que o imprinting e a metilação conseguem regular a expressão monoalélica dos genes
submetidos a imprinting?
Estes genes normalmente localizam-se perto uns dos outros - regiões de imprinting → há uma
região reguladora do imprinting (ICR) onde há metilação diferencial dos cromossomas.
O estado de metilação é essencial e deve ser mantido.
Existem muitos genes submetidos a imprinting que codificam RNA não codificantes como o
XIST .
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Seminário 3 - Splicing
Processamento do pré-mRNA
● O que é?
○ Conjunto de todas as alterações que RNA sofre desde que é transcrito até chegar
ao citoplasma.
● Fases (resumidamente)
○ Capping: Adição do cap à extremidade 5’.
○ Splicing: Remoção dos intrões
○ Poliadenilação: Adição de uma cauda de adeninas na extremidade 3’.
○ Edição: (vamos falar no fim)
● Todas as fases acontecem intimamente ligadas ao processo de transcrição:
○ Cap é adicionado mal a extremidade 5’ surge solta fora da RNA polimerase,
○ É feito o splicing mal surgem os intrões
○ Processo de adição de poli-A é simultâneo à clivagem da extremidade 3’ do RNA
Portanto, a RNA polimerase funciona como o ‘pastor’ ou guia das enzimas responsáveis
por estes processos.
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● Na extremidade 3’:
○ Primeiro ligam-se proteínas às sequências conservadas próximas da extremidade
○ Depois, é recrutada uma RNP, a U2. Esta RNP vai também reconhecer o ponto
(A) onde se vai formar o laço
● Ficamos então com uma RNP em cada extremidade do intrão. Os snRNAs de cada uma
das RNPs vão se aproximar e ligar, formando assim um laço com o intrão e aproximando
as extremidades dos exões de cada lado.
○ A U6 substitui a U1, confirmando (via complementaridade de bases) se esta se
juntou ao início do entrão, como suposto
○ São então recrutadas outras 2 RNPs, a U4 e U5. Estas vão clivar as extremidades
do intrão (que será reciclado) e unir os exões.
○ Curiosidade: Então e a U3?
■ Descobriu-se entretanto que a U3 não está envolvida no splicing, mas sim no
processamento do RNA ribossomal.
■ Portanto, são 5 as RNPs que constituem o spliceossoma: a U1, U2, U4, U5 e a
U6.
Splicing alternativo
● É regulado por que fatores?
○ Tipo da célula: por exemplo, por alguma razão, podemos querer que a proteína
X tenha um domínio a mais nas células intestinais, pelo que nessas células a
sequência que codifica o tal domínio é reconhecida como um exão e não como
um intrão;
○ Condições do meio: conforme as circunstâncias, célula pode optar por fazer um
tipo de splicing ou outro
● Como é controlado?
○ Células vão produzir proteínas que vão tapar certos locais de splicing, impedindo
que o spliceossoma reconheça o local e faça splicing aí.
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Poliadenilação
● O que é?
○ Adição de uma cauda de adeninas à extremidade 3’ do mRNA.
● Como funciona?
○ Temos proteínas que detectam certas sequências no RNA (PAS,
Poly-Adenylation Site, geralmente no UTR 3’) que marcam o local em que este
deve ser clivado.
○ Logo, quando esta sequência emerge da RNA polimerase, estas proteínas clivam
o mRNA e adicionam-lhe a cauda de poli-A.
● Poliadenilação alternativa:
○ Da mesma forma que temos splicing alternativo, podemos ter poliadenilação
alternativa. Ou seja, o mRNA pode ser clivado em locais diferentes.
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RNA editing
● Verificou-se recentemente que por vezes temos discrepâncias entre a sequência de DNA e
o mRNA resultante. Ou seja, há certas bases que mudam.
● Verificou-se então que temos certas enzimas que mudam algumas bases.
● Estas modificações são as mais comuns:
○ Citosina para Uracilo (C-to-U)
■ Isto pode ser usado para criar codões STOP.
● Nota: Se isto se der num exão que não seja o último, leva à
ativação do NMD. Se se der no último exão, simplesmente temos
a produção de uma proteína mais curta. Ambos os casos
acontecem (podemos ter edição com o propósito de ativar o
NMD e como tal impedir a produção da proteína)
■ Caso concreto: há uma certa proteína que sofre edição levando ao
surgimento de um codão STOP, sendo assim produzida uma proteína
mais curta. No fígado, não se dá a edição, pelo que é produzida uma
proteína mais longa, com outras funções.
○ Adenosina para Iosina (A-to-I)
■ Iosina é lida como uma Guanosina
■ É trocado um grupo amina por um grupo carbonilo
Em suma:
Splicing, poliadenilação e editing permitem aumentar a diversidade de proteínas no organismo,
que é essencial para o grau de complexidade que apresentamos.
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Seminário 4 - Mitocôndrias
1 glicose → 2 piruvatos que podem ter 2 destinos: a fermentação (via anaeróbia - citosol) ou a
glicólise (via aeróbia - mitocôndria). A via aeróbia é muito mais eficaz na produção de ATP.
Ciclo de Krebs e glicólise → regulados pela mitocôndria (único organelo com 2 membranas) tem
origem provável em uma célula procarionte (Hipótese endossimbiótica)
Transporte de eletrões ocorre nas cristas mitocondriais: + cristas → + produção de energia
Ciclo de Krebs → matriz mitocondrial
A ATP-sintase é um
dispositivo de acoplamento
reversível. Tanto pode
sintetizar ATP por meio
de aproveitamento do
gradiente eletroquímico de
H⁺ como bombeá-lo
contra esse gradiente,
hidrolisando ATP para
evitar o despolarizamento
mitocondrial.
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O ambiente mitocondrial é rico em ROS (reactive oxygen species), o que induz mutações no
mtDNA ao reagir com este.
Órgãos com alta necessidade energética são particularmente afetados pela disf unção
mitocondrial
Muitas doenças neurodegenerativas têm por base a disfunção mitocondrial como, por
exemplo, Parkinson, Huntington, ALS e Esclerose múltipla.
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É também possível:
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Mutações:
● Podem levar a uma perda de função da proteína (no caso de haver uma deleção de
grande parte do gene) → pode causar doença
A terapia génica de substituição passa por adicionar na célula uma cópia extra de
DNA com a sequência correta sendo posteriormente transcrito e traduzido pela
célula de forma normal.
Nota que não é alterado o genoma.
● Mutações que alteram o padrão de splicing que leva à destruição do mRNA
O primeiro caso de sucesso foi numa criança nos EUA que possuía uma doença autoimune de
imunodeficiência combinada severa.
A rapariga sofria de uma doença genética causada por deficiência da enzima adenosina
desaminase (ADA), indispensável para o desenvolvimento do sistema imune. Várias mutações no
gene que codifica a enzima provocam deficiência de ADA, o que resulta em degeneração das
células T do sistema imune e constitui uma das principais causas de síndrome de
imunodeficiência combinada severa (SCID).
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Como é que esse DNA permanece dentro do núcleo (fora dos cromossomas)?
Certas partes dos AAV podem ser removidas mas uma das que é obrigatoriamente
necessárias manter são as extremidades - ITRs (inverted terminal repeats) - que
asseguram a replicação viral do vetor.
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No caso dos AVV é apenas uma fita única DNA combinada com o gene terapêutico. → estes
palíndromas permitem transformar uma cadeia simples numa dupla devido à formação de
pontes de hidrogénio.
Os AAV não têm a capacidade de ter um genoma muito grande, por isso precisamos de usar
cDNA para termos uma sequência mais curta (sem intrões). Nota que os AVV seriam capazes
de fazer o splicing, apenas usamos o cDNA pelo facto já referido.
O cDNA é formado a partir do mRNA poliadenilado o que implica que o cDNA só vai ter uma
parte da sequência - a que está antes do local de clivagem- sendo, por isso,um sinal insuficiente
para a máquina de clivagem e poliadenilação saber onde tem de cortar. É por isso que temos de
acrescentar por engenharia genética um sinal de poliadenilação completo no cDNA humano
O que acaba por acontecer é que os músculos vão acabar por não serem
estimulados → levando à atrofia dos músculos
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CRISPR/ Cas9 genetic scissors - permitem induzir correção genética dentro do genoma
das nossas células. É um sistema imunitário existente naturalmente em bactérias que
atuam contra vírus, plasmídeos… É semelhante ao funcionamento das siRNA.
- Ganhou este ano o Prémio Nobel da Química pois pegaram neste mecanismo
e adaptaram-no à engenharia genética.
- O sistema CRISPR/Cas9 do tipo II é um mecanismo de defesa das bactérias e
Archaea contra elementos genéticos invasores como fagos e plasmídeos de DNA.
A memória imunitária surge após o DNA ser cortado em pequenos fragmentos e
incorporado no CRISPR locus, passando a designar-se por protoespaçador. O
locus é transcrito numa cadeia percursora de RNA não codificante (pre-crRNA),
As cadeias repetidas do pre-crRNA sofrem hibridação com um segundo RNA
não codificante, o trans-activating CRISPR RNA (tracrRNA), formando uma
cadeia dupla de RNA que é clivada e processada pela host factor ribonuclease
(RNase) III. A forma duplex de crRNA-tracrRNA associase com a nuclease Cas9
e forma um complexo responsável pelo reconhecimento e destruição do DNA
invasor in vitro e nas células procariotas. Esta estrutura formada, que possui o
crRNA com o espaçador, tem especificidade para uma sequência alvo, ligando-se
por complementaridade e arrastando consigo a nuclease Cas9. O seu domínio
HNH cliva a cadeia complementar e o domínio RuvC a cadeia não
complementar, provocando um duplo corte na dupla cadeia de DNA. Tal só
acontece caso a sequência alvo se encontre na região adjacente a uma pequena
sequência conhecida como protospacer adjacent motif (PAM)
Crispr-Cas9 - Animação
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