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Ácidos Nucleicos
Polímeros lineares de nucleotídeos unidos por ligações fosfodiéster.
Estrutura Geral
DNA RNA
Bases pirimídicas (1 anel): Citosina (C) e Timina Bases pirimídicas (1 anel): Citosina (C)
(T) (+ estável, mas se sofrer mutação se torna U). Uracila (U) (- estável).
Pentose: Ribose.
OH gera instabilidade, já
que é mais suscetível à
Pentose: Desoxirribose. oxidação, o que permite
H gera estabilidade. o RNA ser uma molécula
transitória, que é
rapidamente ciclada e
degradada.
Estrutura 2ª
Pareamento de bases complementares.
RNA
Podem ser bastante complexas:
DNA
Fita dupla, uma organização espacial que surge da interação entre as bases nitrogenadas.
● Antiparalelismo: favorece a formação das pontes de Hidrogênio, o que estabiliza a estrutura
secundária, além de proporcionar a internalização das bases, as protegendo contra reações
químicas → informações genéticas estáveis por mais tempo.
● Complementaridade: o pareamento das bases nitrogenadas, ou o Pareamento de Watson-Crick
explica que o número de pontes de Hidrogênio entre T/A e C/G ajuda na estabilidade química da
molécula. Assim, seres com uma maior quantidade C/G possuem moléculas de DNA mais estáveis,
e geralmente são seres extremófilos, que precisam proteger o DNA de danos mais graves. Isso se
dá porque a ligação C/G usa 3 pontes de hidrogênio, enquanto T/A apenas 2.
★ Esqueleto fosfodiéster: conjunto de pentoses e pontes fosfodiéster voltados para a parte externa.
Sulcos na Dupla Fita: as ligações glicosídicas (base + açúcar) não estão diretamente opostas à
dupla hélice, o que gera 2 cavidades desiguais. Nessas cavidades, principalmente na maior, as bases
estão expostas ao meio solvente, e são quimicamente distinguíveis, assim, proteínas que interagem
com sequências específicas podem identificá-las sem rompê-las.
Tipos: porções de DNA com conformações alternativas.
● Conformação A: uma força em cada extremidade compacta a molécula, de modo que a silencia →
porção não é transcrita.
● Conformação B: transcricionalmente ativa.
● Conformação Z: 2 forças laterais.
A célula pode mudar a conformação das porções, dependendo da utilização da informação contida
naquela porção. Se a célula não está precisando transcrever aquele gene, ela compacta aquela
porção, a tornando mais estável e dificultando a interação com proteínas. Essa mudança de
conformação é facilitada por proteínas que se ligam a fita de DNA em posições específicas, são
conhecidas como Proteínas Ativadoras ou Repressoras.
Estrutura 3ª
Supertorção (apenas DNA).
Desnaturação
Perda da estrutura secundária por quebra das pontes de Hidrogênio, pode ocorrer por:
● Calor acima de 90°C (mais comum).
● Radiação.
● Metais pesados.
Geralmente se renaturam.
Organização Gênica
Eucariontes: genoma estruturado dentro de um núcleo, a célula contém organelas que podem conter
genomas próprios.
Procariontes: genoma principal (nucleóide), está no citoplasma já que não há compartimentalização
interna.
Genoma
Coleção de moléculas de DNA em uma célula.
Componentes:
● Região Codificante/Sequências Codificantes: sequências nucleotídicas que, na transcrição, dão
origem a RNAs. Genes.
● Regiões Reguladoras/Sequências não Codificantes: não geram RNAs, mas possuem função
regulatória, geralmente flanqueiam as regiões codificantes, controlando sua expressão, mas
também podem estar dentro de genes. O aumento das regiões codificantes em uma genoma, é
dado de acordo à complexidade tecidual, já que necessita de mais regulação.
Genes
Orientados de 5’ para 3’ (sentido da transcrição).
3 partes principais:
● Promotor: a montante da sequência codificadora, é uma sequência regulatória, o ponto de ligação
para RNA polimerase,
● Sequência codificante.
● Terminador: a jusante da sequência codificadora, é uma sequência regulatória, indica o local onde
a RNA polimerase deve sair.
Procariontes
Podem compactar seu genoma com atuação de proteínas específicas que geram alças.
Nucleóide/Genoma Principal
Praticamente todos os componentes necessários para a sobrevivência e reprodução da célula.
● Geralmente circulares.
● De milhares a milhões de pares de base.
● Ricos em genes (dependendo do nicho do organismo, o nº de genes muda, por exemplo, um
organismo parasita tem número menor de genes, já que consegue seus nutrientes do hospedeiro).
● Tamanho proporcional ao número de genes.
Peculiaridades
● Óperon/Genes Policistrônicos: unidade funcional do genoma, na qual duas ou mais regiões
codificadoras ocupam posições adjacentes, tendo o mesmo promotor e o mesmo terminador.
● Cístron: equivalente a um gene, geralmente codificam produtos similares de funcionamento.
● Regiões Intercistrônicas: entre cístrons.
Benefícios dos Óperons:
● Expressão coordenada.
● Economia de espaço no DNA.
Eucariontes
Genoma mais compactado, o que demanda um alto grau de organização, bem como diferentes graus
de compactação para armazenar esse material no núcleo da célula.
Compactação
Nucleossoma: unidade fundamental de compactação da cromatina, DNA com proteínas (histonas).
Histona: cada nucleossomo tem 2 cópias de cada (H2A, H2B, H3 e H4), formando um octâmero de
histonas, o DNA dá quase 2 voltas em cada octâmero, e então cada octâmero se enrola sob ele
mesmo. A ligação entre o DNA e as histonas se dá pela carga positiva das proteínas e cargas
negativas da molécula de DNA.
Genoma Nuclear
A região codificadora (éxons) é interrompida por íntrons - genes interrompidos.
Quanto mais complexo o organismo, mais íntrons ele terá.
Ter os genes interrompidos permite que um mesmo gene dê origem a diferentes proteínas de acordo
com diferentes combinações dos éxons.
Splicing: tira os íntrons do pré-RNA, formando um RNA maduro, também pode combinar ou retirar
éxons. Diferentes formas de splicings ocorrem em diferentes tecidos, células e estágios de
desenvolvimento.
A grande maioria do DNA é formada por íntrons, e outra grande parte por DNA repetitivo (origem em
transposons que perderam suas funções).
Sequência Intergênica
Sequência não associada diretamente a genes, constituída, em grande parte, por elementos
transponíveis e outras classes de DNA repetitivos (DNA satélite).
Exemplo de Retrotransposons - possível origem em elementos transponíveis.
🇮
● Sine: “curto”, de 100 a 500 pb, em primatas a principal é o sítio de clivagem para endonuclease de
restrição Alu .
● Line: “longo”, até 7kb, pode apresentar transcriptase reversa de retrotransposon.
Famílias Multigênicas
Genes que possuem funções muito semelhantes.
Evidência de processo evolutivo com duplicação gênica.
Podem ocorrer diferenças no padrão de expressão nos genes das famílias, como em diferentes
tecidos, células e estágios do desenvolvimento (=splicing pq depende dele).
● Genes Ortólogos: genes semelhantes em espécies diferentes, mostra a duplicação do gene em
um ancestral comum, onde cada cópia ficou em uma espécie diferente.
● Genes Parálogos: genes semelhantes na mesma espécie.
● Se houver pressão seletiva em ambos: permanecem iguais.
● Se houver pressão seletiva só em um gene e o outro se degradar (por alto número de
mutações): pseudogenes, parálogos não funcionais.
● Se houver pressão só em um gene e o outro não degradar: muda a função do outro.
Os genes sem família multigênica são chamados genes únicos.
Genoma de Organelas
Genomas de organelas semelhantes a procariotos (teoria da endossimbiose).
Genoma do cloroplasto: semelhante ao de cianobactérias.
Genoma da mitocôndria: semelhante ao de proteobactérias (bactérias ancestrais).
Componentes
Fitas parentais: fitas antigas, que servirão de molde para síntese das fitas novas.
Fitas filhas: fitas novas.
Fita-líder: fita que segue o sentido 5’ → 3’, é sintetizada mais rapidamente.
Fita-atrasada: fita que segue o sentido 3’ → 5’, é sintetizada mais lentamente e descontínuamente,
“fragmentos de Okazaki”.
Proteínas e enzimas (repliossomo):
DNA polimerase:
● Replicativas: formam fitas filhas a partir das parentais, necessita de iniciador, também chamadas
de replicases;
● Reparação: removem danos das fitas filhas e removem iniciadores de RNA (resquícios do
“mundo de RNA”). Em procariontes é a DNA polimerase I (exonuclease 5’ → 3’), e em
eucariontes são 13.
Atividade bioquímica:
● Polimerização 5’ → 3’: forma fitas filhas ou adiciona segmentos de DNA;
● Exonuclease 3’ → 5’: “correção de erro”, atividade corretora ou de edição, remove nucleotídeos
erroneamente colocados e adiciona o nucleotídeo correto. Sentido inverso da polimerização.
Importante para a diminuição de mutações;
● Exonuclease 5’ → 3’: comum em DNA polimerase de reparação, onde ocorre a remoção de
segmentos de DNA ou dos iniciadores → translação de corte.
Propriedades
Ligadas a estrutura de dupla fita:
Semiconservativa: ao final do processo de replicação, uma fita parental ficará sempre associada à
nova fita.
Alguns vírus têm replicação conservativa, ou seja, as fitas filhas se separam e formam uma nova
dupla fita, e assim, as fitas parentais voltam a formar uma fita dupla (raro).
Semidescontínua: a síntese da fita de DNA sempre ocorre no sentido de alongamento 5’ →3, a DNA
polimerase contorna isso dobrando a fita parental 3’ → 5’, assim ela adiciona um fragmento no sentido
5’ → 3’, solta, dobra um novo fragmento e assim por diante. No final, há uma fita filha em fragmentos,
chamados de fragmentos de Okazaki.
Uni ou bidirecional: dependendo do tamanho da molécula há a ligação de 1 ou 2 complexos de DNA
polimerase à origem, formando o olho ou a bolha de replicação, forquilha de replicação ou replissomo
que se movimentam em direções opostas, o que torna a replicação de grandes moléculas mais
rápidas.
Mecanismo de redução e parada
Procariontes: no local oposto à origem, há sequências de término de replicação, e como as DNA
polimerases não podem se chocar, para não danificar o DNA, as proteínas TUS se ligam às essas
sequências. A primeira TUS freia a DNA polimerase e a segunda TUS a faz parar, o mesmo ocorre no
sentido contrário, enfim, quando as duas DNA polimerases se tocam, termina a replicação e os
genomas se separam.
Eucariontes: complexo DNA polimerase se aproxima da extremidade do cromossomo, mas como é
muito grande, não consegue replicar os últimos nucleotídeos. Ou seja, a cada replicação o DNA
encurta de tamanho, o que pode ocasionar perda de bases de genes. Então, há o mecanismo de
adição de sequências não codificantes, as sequências teloméricas, que são adicionadas na
embriogênese pela telomerase. Em mamíferos a telomerase é inativa após a embriogênese.
Etapas
Início/inicialização: fase mais complexa, já que possui alto número de componentes e proteínas.
1. Reconhecimento da origem por complexo DNA polimerase.
A proteína DnaA reconhece a sequência nucleotídica da origem, induz a abertura das fitas e
possibilita a ligação da helicase.
A origem é o ponto de ancoragem da DNA polimerase, que ao se ligar, forma a bolha ou olho de
replicação.
Em procariotos há apenas 1 origem (1 replicon), em eucariotos pode haver até 400 origens em um
cromossomo (múltiplos replicons, e lineares).
2. Separação das fitas duplas parentais.
A topoisomerase relaxa as fitas duplas parentais, e a helicase separa as fitas, rompendo as pontes de
hidrogênio, então a SSB estabiliza as fitas simples.
Em eucariontes os nucleossomos servem de barreira para a passagem do complexo DNA polimerase,
mas com a ação das duas primeiras enzimas, ele sai.
3. Adição de iniciadores (RNA).
Pequenas moléculas de RNA permitem que a DNA polimerase inicie a síntese de fitas filhas.
Em procariontes é a Primase que adiciona o iniciador.
Em eucariontes é a DNA polimerase alfa que sintetiza o iniciador.
Alongamento e Extensão: mais simples já que é basicamente só a síntese de fitas filhas.
Continuação da separação das fitas moldes e síntese concomitante de duas novas cadeias de DNA.
A síntese das fitas ocorre de maneira desigual: a fita atrasada precisa ser dobrada pela DNA
polimerase, para que ocorra a polimerização no sentido 5’ → 3’, em cada fragmento há a colocação de
um iniciador e de um fragmento de DNA, formando os fragmentos de Okazaki.
Terminação:
Entre cada fragmento de Okazaki há uma molécula de RNA (iniciador) e um nick (corte), que a DNA
polimerase de reparação reconhece como um erro, então com a atividade de exonuclease 5’ → 3’, ela
retira o RNA (translação de corte), e já estende o segmento de DNA (atividade de polimerização),
porém os fragmentos de okazaki continuam separados.
A DNA ligase catalisa uma ponte fosfodiéster entre um fragmento e outro, tornando a fita continua.
Em eucariontes a medida que vai ocorrendo a extensão das fitas, os nucleossomos são refeitos
Em procariontes a fissão binária ocorre muito rápido, então a replicação é quase contínua.
Componentes
Gene: sequência de DNA com:
● Promotor: onde se ligará a RNA polimerase;
● Sequência Codificante propriamente dita: fita molde reconhecida pela RNA polimerase para
gerar um RNA;
● Terminador: a sequência que indica onde a RNA polimerase deve terminar a transcrição.
Disposição e Numeração dos Nucleotídeos
Todo o gene pode ser dividido em duas grandes porções:
● Sequências à montante: promotor e a outras sequências regulatórias;
● Sequências à jusante: sequência codificante e terminadora.
Essas sequências podem ser mais ou menos complexas dependendo do grau de complexidade
estrutural do organismo. Cada tecido terá o conjunto de genes que será expresso naquele tecido em
função da presença dessas sequências regulatórias, os genes que não possuem essas sequências,
não serão expressos.
Complexo da RNA polimerase: complexo protéico formado por várias proteínas diferentes em que o
membro mais importante é a enzima RNA polimerase, responsável pela síntese de RNA.
Fatores gerais da transcrição: pequenas proteínas que se ligam às sequências regulatórias que
tornam a expressão de um gene específica. Divididos em 2 grandes grupos:
● Repressores: inibem a transcrição de determinados genes;
● Ativadores: estimulam a transcrição de determinados genes.
Complexo mediador: Em eucariotos. Possibilita que fatores transcricionais que estejam longes do
promotor consigam interagir com a RNA polimerase.
Mecanismo Transcricional
O promotor é reconhecido pela RNA polimerase e se liga a ele, a RNA polimerase promove a
separação da dupla fita de DNA e utiliza a sequência da fita molde para gerar um RNA complementar.
O nucleotídeo +1 é o primeiro nucleotídeo reconhecido pela RNA polimerase, onde começa a síntese
do RNA.
Tudo o que está à jusante do nucleotídeo +1 recebe numeração positiva.
Tudo o que está à montante do nucleotídeo +1 recebe numeração negativa.
Uma vez que ocorre a síntese do RNA, o complexo chega a região terminadora, onde então sai a
RNA polimerase e termina o processo de transcrição.
4. O que é o paradoxo do valor C? Como ele pode ser explicado à luz do conhecimento atual sobre
sequências genômicas eucarióticas?
5. Defina sequências homólogas, parálogas e ortólogas.
Parálogos: sequências semelhantes na mesma espécie.
Ortólogos: sequências semelhantes em espécies diferentes, mostra a duplicação do gene em um
ancestral comum, onde cada cópia ficou em uma espécie diferente.
6. Defina:
a. famílias de genes parálogos: genes semelhantes na mesma espécie.
b. pseudogene: parálogos não funcionais, provindo de duplicação gênica em que um dos genes foi
degradado.
7. Discuta sequências repetidas de genomas eucarióticos. Considere aspectos como origem, tipos,
tamanhos, proporção em relação a sequências não repetidas e possíveis funções. Compare com a
situação em genomas procarióticos.
A grande maioria do DNA é formada por íntrons, e outra grande parte por DNA repetitivo de origem
em transposons que perderam suas funções.