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APOSTILA 2 Raysa Fontes

GENÉTICA BÁSICA – P2
Tema: Replicação DNA, Transcrição e Tradução.
Dra. Juliana Rodrigues

REPLICAÇÃO DO DNA

Dogma da Biologia Molecular:

Atenção:
A replicação é um processo de autoduplicação do material genético (ocorre antes do processo de divisão
celular). É importante porque é através dela que é possível a transmissão das características hereditárias
para a geração futura. Para acontecer a replicação é necessário que o DNA esteja na forma
descondensada.
A transcrição é a síntese de uma molécula de RNA a partir da informação contida no DNA.
A tradução é a síntese de proteínas a partir do RNA mensageiro.

Que relação existe entre DNA, RNA e síntese proteica?


O DNA apresenta informações para a síntese protéica. A partir de um fragmento de DNA é realizada a
síntese de uma molécula de RNAm (transcrição) no núcleo celular, que por sua vez, atuará na síntese de
proteínas (tradução) no citoplasma. Essa relação é considerada o dogma da biologia molecular.

Qual a importância da replicação para a medicina?


É de suma importância para o desenvolvimento de métodos e procedimentos para tratamento de doenças,
como por exemplo a terapia gênica, técnica de crisp, antibióticos que inibem a replicação de bactérias,
dentre outros.
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MECANISMOS BÁSICOS DA REPLICAÇÃO:


O processo de replicação do DNA pode ser dividido em três etapas: iniciação, alongamento e terminação.
INICIAÇÃO: A iniciação é considerada a única fase regulada da replicação do DNA, e visa assegurar que
o DNA seja replicado somente uma vez por ciclo celular. Como o próprio nome diz, essa fase corresponde
ao início da replicação do DNA, na qual as enzimas helicases agem separando a dupla fita de DNA, as
SSB mantém as fitas separadas e a topoisomerase alivia a tensão. Seguida a essa etapa, inicia a fase de
alongamento.
FASE DE ALONGAMENTO: Esta fase corresponde à síntese das fitas contínuas e descontínuas.
Na fita descontínua o sentido da replicação é o contrário. A primase adiciona o primer sentido 5’-3’ e
surgem espaços na fita. A primase segue adicionando primers. A DNA polimerase III continua realizando
a complementariedade sentido 5’-3’. A DNA polimerase I remove e substitui os primers e retorna
adicionando nucleotídeos corretos, porque o primer é de RNA.
FASE DE TERMINAÇÃO: A DNA ligase une os fragmentos de Okasaki e a telomerase reconstitui os
telômeros.

Para que este processo ocorra é necessário o replissoma.


REPLISSOMA: é o conjunto de enzimas e proteínas necessárias ao processo de replicação. Fazem parte
do replissoma as enzimas: helicase; primase; polimerases (III e I); topoisomerases; proteínas de ligação
ao DNA (SSB); ligase; telomerase.
Essas enzimas/proteínas são sintetizadas por genes específicos.
Na falta de qualquer das enzimas não haverá replicação e sem replicação não há renovação celular.
Helicase: desnatura/ rompe o DNA. Se houver uma mutação no gene que codifica a helicase, as pontes
de hidrogênio não serão rompidas, não acontecendo a replicação. Não tendo replicação, não terá
renovação celular.
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SSB: são proteínas ligadoras de fita simples → elas se ligam as fitas simples para impedir que elas se
renaturem enquanto a replicação estiver acontecendo. Mantém as fitas de DNA separadas.
Topoisomerase: Alivia a tensão causada pela desnaturação do DNA.
Primase: sintetiza o primer de RNA. É um fragmento de RNA, normalmente com 11 nucleotídeos.
DNA polimerase III: é a enzima replicativa. Também tem a capacidade de voltar corrigindo possíveis
erros (é chamado de exonuclease).
DNA Polimerases I: remove os primers e preenche seus espaços. Também tem a capacidade de fazer
a exonuclease.
DNA Ligase: liga os fragmentos de DNA.

Reforçando...

ENZIMA FUNÇÃO
Helicase Rompe a fita dupla de DNA
SSB Se ligam às fitas simples de DNA impedindo que elas se
renaturem enquanto a replicação estiver acontecendo
Topoisomerase II Alivia a tensão causada pela desnaturação do DNA
Primase Sintetiza o primer de RNA
Polimerase III É a enzima replicativa, que tem capacidade de voltar corrigindo
possíveis erros (exonuclease)
Polimerase I Remove os primers e preenche seus espaços.
Também tem capacidade de fazer exonuclease
RNase Remove os primers
DNA ligase Liga os fragmentos de DNA (fragmentos de Okasaki)

REPLICAÇÃO SEMI-CONSERVATIVA:
Antigamente existiam 3 postulados sobre a replicação do DNA: semi-conservativa, conservativa e
dispersiva. Atualmente, sabemos que a replicação é semi-conservativa.

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Replicação semi-conservativa: Cada fita na dupla hélice atua como modelo para a síntese de uma nova
fita complementar. Esse processo tem início com uma molécula e leva a formação de duas moléculas
"filhas", cada uma com uma dupla hélice recém-formada contendo uma fita nova e uma velha (a velha
é a que conserva a informação).

Qual a função evolutiva disso?


Esse tipo de replicação tem capacidade de corrigir
possíveis erros, pois a fita velha está intacta, informando
para a fita nova o erro pra ser corrigido.

Qual a orientação (direção) da replicação do DNA?


Sentido da síntese é 5’-3’.
Uma das moléculas chave na replicação do DNA é a
enzima DNA polimerase. Elas são responsáveis por
adicionar nucleotídeos, um por um, à fita crescente de DNA, incorporando somente aqueles que são
complementares à fita molde. Porém, ela só consegue iniciar o processo adicionando nucleotídeos à
extremidade 3' de uma fita existente de DNA (elas utilizam o grupo -OH livre encontrado na extremidade
3' como um "gancho", adicionando um nucleotídeo a este grupo na reação de polimerização). Por isso,
a fita 3’-5’ é utilizada como molde e o sentido da síntese é 5’-3’.

A replicação do DNA é unidirecional ou bidirecional?


Bidirecional. Porque quando ocorre o rompimento da fita de DNA, surge uma forquilha de replicação,
onde serão sintetizados duas novas fitas, uma contínua e outra descontínua. Elas são sintetizadas em
sentidos opostos.

A replicação acontece em pontos aleatórios do DNA?


Enquanto os procariontes apresentam apenas uma origem de
replicação, a replicação de uma replicação de uma molécula de DNA
eucariótico inicia-se em diversos sítios.
Os pontos de replicação são denominados ORCs (origem de
replicação).
Nos organismos eucarióticos a replicação inicia em múltiplos pontos
ao longo da dupla fita de DNA para que a replicação aconteça de
forma mais rápida, por isso, possuem várias ORCs. O material
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genético tem que ter uma sequência rica em Adenina e Timina.


O replissoma se associa a proteínas específicas e ao ORC e começam a replicação.

ETAPAS DA REPLICAÇÃO:

É um DNA dupla fita, antiparalelos, complementares. É uma fita extensa, com várias ORCs.
O processo acontece simultaneamente.
1. Desnaturação/rompimento das pontes de hidrogênio → feita pela helicase.
2. SSB mantém as fitas separadas e impede de renaturar.
3. Topoisomerase alivia a tensão
4. a DNA polimerase III começa a fazer a complementariedade. A fita 3’ é usada como molde. Para
começar precisa do 3OH livre e um iniciador - primer (é desenhado pela primase sentido 5’→3OH’),
pois a DNA polimerase III só consegue adicionar nucleotídeos se tiver o 3OH livre.
5. a DNA polimerase I remove e substitui os primes e volta adicionando os nucleotídeos corretos. (pois
o primer é de RNA, sendo incompatível sua estrutura por possuir uracila).
6. DNA Ligase – É a enzima responsável por realizar a junção entre os fragmentos de DNA (fragmentos
de Okazaki) sintetizados na fita atrasada.
7. Eliminado o último primer na ponta do telômero a polimerase não substitui a peça do DNA, pois
necessita do grupo 3’ pré-existente. O encurtamento deve ser limitado para evitar perda de informação
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genética. Assim, a telomerase reconstrói os segmentos de DNA perdidos pela sequência singular de
nucleotídeos na cadeia 5’-3’ dos telômeros.
Obs. A telomerase não precisa da extremidade 3OH livre.

Doenças causadas por problemas no mecanismos de replicação: (artigos discutidos em sala)


a. Ataxia de Friedreich's: doença autossômica recessiva, desencadeada pela mutação no cromossomo
nove e alteração do gene X25. O gene afetado tem a função de codificar a proteína mitocondrial
frataxina, que está envolvida no metabolismo do ferro. O déficit da proteína frataxina provoca o acúmulo
de ferro dentro das mitocôndrias, gerando um defeito respiratório mitocondrial, com produção de radicais
livres de oxigênio, que irão lesar os tecidos atingidos. Dentre eles, os mais afetados são os neurônios, o
coração e o pâncreas.
A frataxina atua como quelante de ferro em caso de haver excesso, indisponibilizando ele. A ataxia tem
como forma de tratamento algum composto que seja quelante de ferro capaz de desintoxificar a
mitocôndria.
No artigo apresentado em sala, o paciente apresentou os sintomas tardiamente porque ele teve redução
na repetição do nucleotídeo GAA, com isso o corpo conseguia sintetizar a frataxina só que em
concentrações menores.
A terapia gênica poderia ser aplicada nesse caso, pois sabe-se exatamente qual o gene envolvido,
prevenindo a doença.
b. Xeroderma pigmentosum: O Xeroderma Pigmentoso é uma doença autossômica recessiva rara,
caracterizada pelo desenvolvimento prematuro de neoplasias devido à extrema sensibilidade à radiação
ultravioleta. Estas manifestações ocorrem por falha no mecanismo de excisão e reparo do DNA. As
enzimas importantes aqui são as polimerases, que tem a capacidade de exonuclease. A exposição aos
raios ultravioleta causa dano ao nosso DNA e como as enzimas estão danificadas, elas não farão o reparo.
c. Anemia de Fanconi: é causada por mutações em genes envolvidos na reparação do DNA cruzado
interfitas e na estabilidade genômica. Caracterizada por pancitopenia progressiva com falência da medula
óssea, malformações congénitas variáveis e predisposição para tumores hematológicos ou sólidos.
Ataxia telangiectasia: é uma doença autossómica recessiva causada por mutações de inativação do gene
ATM (11q22.3). Este gene é expresso ubiquitariamente e codifica uma proteína cinase que desempenha
um papel chave no controle da reparação da quebra da cadeia dupla do DNA. Caracterizada pela
associação de imunodeficiência grave combinada (afetando principalmente a resposta imune humoral)
com ataxia cerebelar progressiva.

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TRANSCRIÇÃO DO DNA
O que é?
É o processo pelo qual uma molécula de RNA é sintetizada a partir da
informação contida na sequência de nucleotídeos de uma molécula de DNA
fita dupla.
A partir da transcrição, todos os tipos de RNAs serão sintetizados a partir do
DNA. E esse processo é feito pela enzima RNA polimerase que usa DNA
como molde.

Para que serve o RNA?


- Ele é um intermediário do DNA para regular a produção de uma proteína,
pois sai do núcleo e leva a informação para o citoplasma da célula.
- É responsável por regular a transcrição (quanto mais se precisa de proteína,
mais RNA dela é produzido).

Tipos de RNA
RNA mensageiro: contém a informação genética para a sequência de
aminoácidos das proteínas.
RNA transportador: identifica e transporta aminoácidos para o ribossomo.
RNA ribossômico: constituinte dos ribossomos.

Para que a transcrição aconteça é necessário:


• Uma fita de DNA como molde:
Para iniciar a transcrição, apenas uma das fitas de DNA é utilizada como molde para a síntese do RNA
(fita molde direção 3’→5’). A outra fita é idêntica à fita de RNA sintetizada (fita codificadora direção
5’→3’), com a substituição de T por U.

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• RNA polimerase*: enzima responsável por formar o pré-RNA, rompe as fitas, as mantem
separadas, adiciona os ribonucleotídeos, etc (faz todo o processo sozinha).
• Fator sigma: reconhece a região promotora do gene e atrai a RNA polimerase, acoplando-se a
ela, formando a haloenzima (haloenzima é a RNA polimerase acoplada ao fator sigma), indicando que a
transcrição vai acontecer.

Região promotora do gene:

É importante que haja um espaço entre o tata box e o gene, pois se houver algum
nucleotídeo errado, a enzima conhece corrigir sem perder informação genética. -
30 = 30 nucleotídeos antes do gene/ +1 = a partir dali começa-se o gene.

*RNA polimerase:
- Reconhece e liga-se a sequências específicas de DNA.
- A RNA polimerase não necessita de primer para iniciar a síntese.
- Desnatura o DNA expondo a sequência de nucleotídeos a ser copiada.
- Mantém as fitas de DNA separadas na região de síntese.
- Renatura o DNA.
- Termina a síntese do RNA.
- Há três tipos: RNA polimerase I (síntese do RNA ribossômico).
RNA polimerase II (síntese do RNA mensageiro)
RNA polimerase III (síntese do RNA transportador).

Após a formação da haloenzima o próximo passo é o rompimento das pontes de hidrogênio da fita de
DNA para que a RNA polimerase possa utilizar uma das fitas como molde.
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Ocorre a abertura das fitas de DNA, permitindo que a fita 3’ seja utilizada como molde.
A medida que RNA polimerase reconhece e monta o RNA, o fator sigma se desassocia do complexo,
pois ele só foi requerido para fazer o reconhecimento da região promotora do gene, permitindo que ele
possa ser reutilizado para reconhecer uma nova região promotora de genes.
Então, a partir do alongamento, a RNA polimerase faz todo o processo sozinha, formando o pré mRNA
(a RNA polimerase rompe as fitas, as mantém separadas, adiciona os ribonucleotídeos, etc.) .
Será pré mRNA, pois ele não possui nem o capacete 5’ e nem a cauda poli-A. Ele precisará ser processado.

Etapas da transcrição:
- Início: reconhecimento de sequências específicas no DNA.
Região promotora (TATA box) é reconhecida pelo fator sigma que se associa a enzima RNA polimerase,
formando haloenzima (RNA polimerase + fator sigma) que é capaz de romper pontes de hidrogênio para
gerar a fita molde.
- Alongamento: RNA polimerase adiciona ribonucleotídeos.
- Terminação: sequências no DNA são reconhecidas e a síntese é rompida.

Descreva as três etapas da transcrição:


→ Início da transcrição
O fator sigma reconhece o TATA Box no promotor do gene a ser transcrito, atraindo a RNA polimerase
e formando a haloenzima (indica que a transcrição deverá acontecer);
Após esse reconhecimento, o complexo polimerase começa a abrir a fita de DNA, rompendo as pontes
de hidrogênio para que a RNA polimerase possa utilizar uma das fitas como molde;
A fita molde fica exposta e, desta forma, a síntese da cadeia complementar de RNA pode ser iniciada;
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Os promotores são, primeiramente, reconhecidos por fatores de transcrição que, ligados ao DNA,
interagem com outros fatores, formando um complexo ao qual a RNA polimerase se associa.

→ Alongamento da transcrição
A transcrição dos 9 primeiros nucleotídeos é feita pela haloenzima da RNA polimerase (RNA polimerase
completa);
Após o 9º nucleotídeo transcrito, o fator sigma se dissocia do resto da enzima, deixando a enzima “core”
(centro) da RNA polimerase (RNA polimerase incompleta);
O complexo de transcrição (core) continua a abrir a fita molde, e transcreve uma fita de RNA crescente
no sentido 5’→3’ através da adição de ribonucleotídeos;
Este processo ocorre até a RNA polimerase encontrar uma sequência específica no DNA que determina
o término do alongamento, sequência rica em citosina e guanina.

→ Término da transcrição
Toda vez que uma sequencia rica em citosina e guanina for reconhecida pela
RNA polimerase haverá o término da transcrição, pois ela forma o grampo de
terminação, fazendo com que o RNA se desassocie do DNA.

Esse RNA transcrito é denominado pré mRNA, pois ainda precisa ser processado.
Esse processamento consiste em três etapas, que é o splicing (retirada dos íntrons e emenda dos éxons),
adição de um capacete e adição de uma cauda poli-A. Só depois disso que o RNA estará pronto para ir
para o citoplasma da célula sintetizar as proteínas.
Processamento do transcrito:
(Tudo acontece simultaneamente! Não existe uma ordem!)

-Splicing: é o processo de maturação de um pré-mRNA onde ocorre


a retirada dos íntrons e emenda dos éxons;
-Capping, que é a adição do capacete modificado na região 5’:
são várias guaninas que servem para impedir que o RNA seja degradado
no citoplasma. Evita a degradação da extremidade 5’ por nucleases e
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fosfatases.
-Poliadenilação, que é a adição de uma cauda poli-A, isto é, várias adeninas que auxiliam a saída
do RNA do núcleo da célula e migração para o citoplasma, para que a tradução aconteça.
Temos aproximadamente 100 mil proteínas (número superior
ao número de genes que temos), o que faz cair por terra a
frase “um gene, uma proteína”. Isso só é possível através do
splicing alternativo, isto é, a enzima faz o splicing de forma
aleatória, portanto, o splicing alternativo permite haver mais de
uma proteína codificada pelo mesmo gene.

Regulação da transcrição:
O promotor do gene indica qual gene e quando ele deve ser transcrito. Os promotores variam de um
gene para o outro, mas possuem sequências em comum que os identificam como promotores, como o
TATA Box. As sequências reguladoras podem ser divididas em:
- Elementos promotores: sequências de 100 a 200 nucleotídeos próximos ao sítio de início da
transcrição que possuem sequências denominadas “TATA box”.
- Elementos “Enhancer” ou amplificadores: sequências pequenas de DNA que podem ocorrer na região
5’ do gene e ativam a expressão do mesmo.
Tem-se na imagem:

– O TATA box;
– A sequência amplificadora de gene;
– Regiões Enhancer = são sequências amplificadoras
de sinal (é quando o fator de transcrição se liga a
essa sequência e aumenta a transcrição, aumentando
a velocidade e efetividade)
– Silencer = são sequências silenciadoras, que desligam
o gene, parando a transcrição.

Na imagem, quem se liga ao tata box é o fator sigma + RNA polimerase (formando o complexo
haloenzima) e as proteínas ativadoras do gene para amplificar a transcrição do mesmo.
A alta concentração de glicose no sangue, por exemplo, serve de estímulo para que as proteínas ativadoras
aumentem a transcrição do gene para produção de insulina.
Outro exemplo são as ROS ou EROS: são espécies reativas de oxigênio. O nosso corpo produz essas
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espécies o tempo todo. Elas podem danificar o nosso material genético. Pra que esse dano não aconteça
é necessária a transcrição de genes que são enzimas para reduzir as ROS do nosso organismo.
As ROS são produzidas em grandes quantidades em situações de estresse. E altas concentrações de ROS
podem levar a doença de Parkinson, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer e catarata, por
exemplo.
Temos que entender que o corpo sintetiza proteínas a medida que precisamos daquele determinado
produto.

Fatores de transcrição:
São várias proteínas que junto com o fator sigma ativam ou desativam genes.
A transcrição reflete o estado fisiológico da célula e quando os genes não precisam ser transcritos eles
são silenciados. O fator de transcrição liga-se a região ativando ou desativando o gene a ser ou não
transcrito

Para que serve a transcrição?


- Para ativação e desativação diferencial de genes.
- Define o repertório de genes ativos a cada instante (transcriptoma), pois apresenta quais proteínas
serão formadas.
- Muda de acordo com o tecido, alimentação, estímulos ambientais.
- Um entendimento fino e preciso da regulação da transcrição gênica define a adaptação do indivíduo
ao meio, diferenciação celular, embriogênese, etc.
PROVA! Fazer um comparativo entre o processo de replicação do DNA e transcrição do DNA.

-A replicação acontece quando ocorre as ORCs (origens de replicação), que são sequencias ricas em
adenina e timina, onde o replissoma se liga para começar a abertura das fitas de DNA.
-Utiliza-se as duas fitas de DNA;
-Há necessidade de um primer para iniciar o processo;
-Várias são as enzimas responsáveis pela replicação;
-Complementaridade (A=T; C=G)

-Na transcrição é necessária uma sequência iniciadora (região promotora de gene ou TATABOX rica
em adenina e timina), que é o que dá início ao processo de transcrição. A transcrição acontece a nível
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de gene (que é um pedaço de fragmento do DNA);


-Complementaridade (A=U; C=G)
- Antiparalelismo Síntese 5’→3’
- Presença da RNA Polimerase (RNAp)
- Semelhante a síntese de DNA, exceto que os precursores são trifosfatos de ribonucleotídeos e não
trifosfatos de desoxirribonucleotídeos.
- Apenas uma fita de DNA é usada como molde.
- Não há necessidade de um primer ou iniciador pré-existente.
- Fita será complementar ao filamento de DNA, exceto pelas URACILAS substituindo as timinas.

ALGUNS EXEMPLOS DE ANTIBIÓTICOS:


São utilizados para inibir o crescimento de bactérias.

PROVA! A RIFAMICINA é muito utilizada para infecções


de superfície como pele, furúnculos e micose. O mecanismo
de ação dela é através de sítios de ligação para RNA
polimerase bacteriana, por isso só mata bactérias, não
interferindo nas nossas células. HAVERÁ REPLICAÇÃO?
Sim. Inicialmente a bactéria consegue se multiplicar, pois o
antibiótico não inibe a replicação e a RNA polimerase só
atua na transcrição, assim, o que não acontecerá é a
tradução.

ACTINOMICINA D E ACRIDINA: são agentes intercalantes que podem inibir tanto a transcrição como
a replicação, tanto em procariontes como em eucariontes. É muito utilizado no tratamento do câncer de
endométrio e testículo. Matam as células boas também.

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TRADUÇÃO/SÍNTESE DE PROTEÍNAS

Essa figura mostra o “Dogma da Biologia Celular”. Inicia-se na


replicação, onde temos um fragmento de DNA (gene) constituído
de éxons e íntrons. Em seguida, o processo de transcrição, onde
temos a formação de um pré mRNA, porque ainda não está apto
para ir para o citoplasma, passando, assim, pelo splicing (retirada
dos íntrons e emenda dos éxons), adição do capacete 5’ e de
uma cauda poli-A na região 3 5’. Após isso, esse RNA é
chamado de RNA mensageiro e consegue sair do núcleo e ir para
o citoplasma, que é o local onde vai acontecer todo o processo
de tradução (síntese proteica).
OBS: a síntese proteica é de acordo com a necessidade do
organismo.

TRADUÇÃO
Processo pelo qual a informação genética transcrita em mRNA é decodificada em proteína, ou seja,
decodificação da mensagem contida em uma molécula de RNA mensageiro que será utilizada para síntese
de uma proteína.
A cada três nucleotídeos no RNA mensageiro, irá formar um códon responsável por codificar o
aminoácido correspondente.

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Recorde o dogma da biologia molecular:

Tipos de RNA

RNA transportador
É uma molécula adaptadora, porque é o RNA transportador que vai juntamente com o ribossomo
reconhecer o códon especifico no RNA mensageiro, uma vez que ao pareamento códon anticódon, o
aminoácido correspondente vai se ligar ao RNA transportador que possui a informação do códon.
OBS: Não é a sequência do RNAt que faz a tradução, e sim a sequência do RNAm. RNAm tenho códon,
RNAt tenho anticódon.

Código genético
Correspondência da sequência de nucleotídeos levando à sequência de aminoácidos (dicionário).
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Os códons são 3 bases nucleotídicas no RNAm (A, G, C, U) que codificam


cada aminoácido (palavra). A escrita é na direção 5’ 3’.
Há 64 códons possíveis, sendo que 61 codificam para aminoácidos e 3 não
codificam para aminoácidos, pois são códons de terminação (stop códon).
Quando o ribossomo encontra um dos 3, significa que a síntese proteica foi
finalizada e a proteína é liberada. AUG sempre será o start códon.
Diferentes códons podem codificar um mesmo aminoácido. Isso é importante
porque protege contra mutações de uma base nitrogenada só. São mutações
silenciosas que trocam o códon, mas permanecem com a mesma sequência
proteica, então a proteína não se altera.
Os aminoácidos são provenientes de nossa alimentação.
O quadro abaixo é respectivo aos códons e os aminoácidos respectivos:

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tRNA-aminoacil sintetases
Participa do processo de reconhecimento do
aminoácido ao RNAt. Reconhecem o anticódon e
carregam o aminoácido correto, ligando o RNAt e
o aminoácido. Ajuda a aumentar a fidelidade do
reconhecimento, diminuindo a possibilidade de
erros no processo de tradução.

Ribossomo
Organela responsável pela síntese proteica. Podem
ser encontrados livres no citoplasma ou associados ao retículo endoplasmático rugoso. O RNAr é
responsável pela estabilização do complexo de iniciação.

Em verde é o RNAm; AUG é o códon de iniciação; em rosa é o ribossomo com duas subunidades: uma
maior e uma menor; RNAt carrega o anticódon trazendo o aminoácido correspondente, que nesse caso
é uma metionina. O ribossomo tem três sítios, sítio E, sítio P e sítio A. O ribossomo vai começar a
escanear o RNAm.
Sítio P: neste sítio, o códon de iniciação é posicionado para seu pareamento com o anticódon do RNAt
que transporta metionina – primeiro aa da tradução.
Sítio A: neste sítio, o códon adjacente é posicionado para seu pareamento com o anticódon do RNAt
que transporta o próximo aa da cadeia polipeptídica.
Sítio E: depois de ser traduzido, o códon é posicionado no sítio E (ou sítio de saída) para seu
desligamento com o RNAt, agora descarregado.

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Alongamento e término:
- Fatores de alongamento são necessários (EF-Tu, EF-Ts, EF-G).
- Peptidiltransferase (ribozima) → liga o peptídeo em formação e o AA a ser adicionado.
- Após a ligação peptídica se formar, o ribossomo avança 3 nucleotídeos na direção
3’→translocação (requer energia, GTP).
- O RNAt não carregado vai para o sítio E antes de ser liberado e o RNAt carregando o peptídeo vai
para o sítio P.
- Stop códon: UAG / UGA / UAA.

Etapas da síntese de proteína


1. Ativação do aminoácido (enzima).
2. Iniciação (códon de iniciação).
3. Elongação (maquinaria).
4. Terminação (stop códon).
5. Dobramento/processamento pós-tradução.

Diferenças entre eucariotos e procariotos


Nos procariontes, todos os processos acontecem no citoplasma de forma rápida e efetiva, e nos
eucariontes apenas a tradução é no citoplasma, replicação e transcrição acontecem no núcleo.

Inibidores de síntese proteica


Estreptomicina: liga-se à subunidade menor e distorce sua estrutura inibindo a iniciação.
Tetraciclina: bloqueia o sítio A ribossomal.
Cloranfenicol: inibe a atividade de peptidil-transferase procariótica, impedindo ligação peptídica.
Clindamicina e Eritromicina: ligam-se de maneira irreversível à subunidade maior do ribossomo
bacteriano, inibindo o deslocamento.

Anemia Falciforme
Durante a replicação do DNA houve uma substituição de uma timina por uma adenina.

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Sabe-se que temos o gene transcrito numa molécula de RNA mensageiro, e a cada três nucleotídeos é
formado um códon que vai ser responsável por codificar um aminoácido específico. Nesse caso, o GAA
vai codificar o aminoácido glutamina, e assim, a configuração da hemoglobina vai ter seu formato normal.
Porém, como houve uma substituição da timina por adenina na replicação, na transcrição o códon vai
ser diferente, trazendo informação para síntese de uma valina. Dessa forma, as características do
aminoácido formado irão fazer com que a hemácia passe a ter formato de foice, por isso anemia
falciforme.

Bons estudos!
Torço por seu sucesso!

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