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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


INSTITUTO BIOMÉDICO
DISCIPLINA: GENÉTICA
PROFESSORA: KÊNIA BALBI EL-JAICK

CO-AUTORIA:
CARMEN LUCIA ANTÃO PAIVA (DGBM/ PPGBMC-UNIRIO)
ROBERTA LUISA BARBOSA LEAL (MESTRADO/PPGBMC-UNIRIO)
YRNEH YADAMIS PRADO PALACIOS (MESTRADO/IOC-FIOCRUZ)
GABRIELA DOS SANTOS SANT’ANNA DA SILVA (MONITORIA/UNIRIO)
IRIS MIYUKI HIROSE RAMOS (MONITORIA/UNIRIO)

APOSTILA 4

REPLICAÇÃO DO DNA
E
TRANSCRIÇÃO DO DNA EM RNA
1 Replicação do DNA

Uma célula que irá entrar em divisão precisa duplicar seu material genético para
em seguida dividi-lo igualmente e alocá-lo em duas células filhas, caso contrário, as duas
células filhas teriam sempre a metade do material genético quando comparadas à célula
que as originou. Portanto, a fase S do ciclo celular (fase de síntese de DNA) é uma etapa
que antecede a fase M (mitose). É na fase S que ocorre a duplicação de toda a sequência
de nucleotídeos do DNA de cada um dos nossos 46 cromossomos. Assim, na mitose, estes
cromossomos que se encontram duplicados se movem até a placa equatorial da célula,
alinhados individualmente, e suas cromátides irmãs (idênticas) são separadas, gerando
duas células filhas com material genético idêntico ao final da divisão celular.

Parece estranho, mas não é incomum que algumas pessoas pensem que a
replicação do DNA de todos os cromossomos e a transcrição de um único gene em uma
molécula de RNA são eventos que dependem um do outro. É claro que, para que o DNA
seja duplicado durante a fase S do ciclo celular, muitos RNAs e proteínas precisam,
respectivamente, ser transcritos e traduzidos na fase G1 (que antecede a fase S do ciclo
celular), visto que esta etapa é bastante importante e complexa, e requer a participação de
muitos RNAs e proteínas para ser executada com sucesso. Contudo, a transcrição de um
gene e a replicação do DNA não podem ocorrer ao mesmo tempo!

Para que fique mais claro, vamos citar a expressão do gene FMO3, associado à
Trimetilaminúria em portadores de mutação. O que ocorre quando este gene é expresso?
A expressão do gene FMO3 resulta na transcrição de uma molécula de RNA mensageiro
e na tradução da proteína Flavina Mono-oxigenase 3.

Agora, em relação à replicação. Quando ocorre a duplicação do DNA? Quando a célula


se encontra no processo de divisão, não é mesmo? Logo, percebemos que a duplicação
do DNA e a transcrição do DNA em RNA são dois eventos que ocorrem de forma
independente, em tempos também diferentes e com objetivos distintos.

Vamos então começar falando um pouco mais sobre a replicação do DNA, que
ocorre na fase S do ciclo celular, e ressaltando a importância de cada um dos
“participantes” desta etapa tão importante.

Para que o DNA seja duplicado, são necessárias enzimas que participem da
separação das duas fitas do DNA (helicases), proteínas que as mantenham separadas

2
(SSB1) e enzimas que diminuam a tensão da alfa hélice do DNA (topoisomerases). Além
destas, outras enzimas também participam da replicação, como as DNA polimerases e as
enzimas de reparo, caso haja um erro de pareamento de bases.

Assim, o DNA começa a ser duplicado em sequências de nucleotídeos específicas,


existentes ao longo da molécula de DNA, denominadas origens de replicação, com a
separação das fitas de DNA nestes locais e a formação de bolhas de replicação (Figura
1).

Figura 1: Bolhas de replicação e forquilhas de replicação do DNA em eucariotos

Fonte: Os autores (2021).

Em ambas as extremidades de cada bolha de replicação, o DNA vai se


desenrolando, as fitas vão se separando e consequentemente vão sendo formadas as
chamadas forquilhas de replicação (Figura 1). Este processo é iniciado por um
complexo de proteínas. No início da replicação, uma enzima chamada helicase é
responsável por separar as fitas do DNA, visto que cada uma das duas fitas terá a sua
sequência de nucleotídeos copiada, gerando ao final duas moléculas de DNA,

1
Proteínas de ligação à fita simples (SSB, do inglês single-strand binding protein).

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compostas por uma fita molde e por uma fita recém sintetizada (chamada por isso
de replicação semi-conservativa).

Outras proteínas, chamadas proteínas de ligação à fita simples (SSB), ligam-se


a cada uma das fitas, impedindo que estas retornem ao estado de fita dupla. Além da
helicase e das SSB, a topoisomerase também possui uma importante participação na
manutenção da bolha de replicação: diminui a tensão provocada pela helicoidização da
dupla fita de DNA à frente da forquilha de replicação. É então que uma DNA polimerase
α, que possui também uma atividade de primase (uma RNA polimerase), se associa
temporariamente ao complexo de replicação e sintetiza um curto segmento de RNA,
chamado de iniciador (ou primer) para a síntese da nova fita de DNA, a partir do
filamento molde. Mas por que é necessário um segmento de RNA para iniciar a replicação
do DNA? Porque, como já comentado anteriormente, novos nucleotídeos só poderão ser
adicionados a uma sequência de nucleotídeos se houver uma extremidade 3’-OH livre
(Figura 2). Logo, este segmento de RNA, o iniciador, fornecerá esta extremidade 3’-OH
livre para que a enzima DNA polimerase possa adicionar novos nucleotídeos, por
pareamento de bases, utilizando uma das fitas do DNA como molde.

Figura 2. Adição de novos nucleotídeos à extremidade 3’, durante a replicação do DNA

Fonte: Os autores.

Deste modo, a DNA polimerase começa a síntese da nova fita de DNA,


complementar à fita molde.

Considerando que novos nucleotídeos somente podem ser adicionados à


extremidade 3’ durante a síntese da fita complementar de DNA, a direção da replicação
do DNA será sempre da extremidade 5’ para a 3’, ou seja, um grupamento fosfato (que

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é ligado ao carbono 5’ da desoxirribose do nucleotídeo a ser incorporado) reage com a
hidroxila livre 3’ da desoxirribose do outro nucleotídeo, já incorporado à sequência de
DNA.

A adição dos nucleotídeos à fita complementar que está sendo sintetizada é


realizada pela enzima DNA polimerase, por meio do pareamento de bases com a fita
molde de DNA. No entanto, a replicação do DNA é bidirecional, ou seja, o DNA é
replicado em ambas as direções, porque as duas fitas do DNA têm sentidos opostos. Uma
consequência disso é a replicação contínua de uma fita de DNA, que está sendo
sintetizada a partir da origem de replicação em direção à forquilha de replicação, e
a replicação de forma descontínua na outra fita do DNA, a partir da forquilha de
replicação, em direção a origem de replicação, dando origem a vários fragmentos de
menor comprimento, chamados fragmentos de Okazaki, os quais serão reunidos depois,
por uma enzima chamada ligase (Figura 3).

Posteriormente, os iniciadores de RNA que foram formados para dar início à


replicação são removidos em ambas as fitas por atividades enzimáticas específicas e essas
pequenas sequências de RNA são substituídas por desoxirribonucleotídeos (sequências
de DNA), pela ação de uma enzima DNA polimerase.

Se houver ainda algum erro durante a síntese da fita complementar, uma enzima
DNA polimerase fará a identificação e a reparação do erro de mal pareamento de bases.

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Figura 3. Replicação do DNA em eucariotos (modelo simplificado)

Iniciadores de RNA
DNA polimerase

Fragmentos de Okazaki

Fonte: Os autores (2021).


Nota: As duas fitas do DNA que serão sintetizadas partirão da origem de replicação. A fita que for
sintetizada na direção da forquilha apresentará a replicação contínua. Entretanto, a fita que for sintetizada
a partir do ponto de origem da replicação na direção oposta, se afastando da forquilha de replicação, será a
região com replicação descontínua. Devemos nos lembrar ainda que os filamentos precisarão voltar para
replicar as sequências de nucleotídeos da região das forquilhas que continuam se abrindo pela ação da
helicase, o que resultará na formação dos vários “fragmentos de Okazaki”.

A síntese das fitas complementares continuará, de forma bidirecional, até que as


bolhas de replicação se unam.

Ao final, quando o DNA já foi replicado até próximo das suas extremidades
(telômeros), a fita que é sintetizada de forma contínua será sintetizada até a ponta da fita
molde. Entretanto, a fita que é sintetizada de forma descontínua, não conseguirá duplicar
o DNA até a ponta da fita molde. Para que isso fosse possível, seria necessária a presença
de um iniciador de RNA mais à frente da sequência do telômero e, quando este iniciador
fosse removido, a DNA polimerase não conseguiria substituir os nucleotídeos de RNA
do iniciador, pois precisaria de uma extremidade 3’-OH livre.

Desta forma, a cada duplicação, os cromossomos permanecem com uma


sequência final de nucleotídeos não duplicados em uma das fitas do DNA de suas
extremidades, levando ao encurtamento dos cromossomos a cada ciclo de divisão celular.
Este fato, levou os pesquisadores a associarem o encurtamento do telômero ao processo
de envelhecimento. Contudo, a perda de sequências de DNA importantes, como genes e

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regiões reguladoras, é evitada pela presença de várias cópias de sequências repetidas “em
tandem” 2, não codificadoras, nas pontas dos cromossomos. Desta forma, o encurtamento
dos cromossomos estaria associado à perda somente de sequências não codificantes.
Além disso, as extremidades dos telômeros são associadas a proteínas, formando alças,
que protegem as pontas dos cromossomos, diferenciando-as de regiões de quebras
cromossômicas. Por fim, é importante ressaltar que existe uma enzima, chamada
telomerase, que tem a função de replicar a sequência de DNA telomérico, realizando a
manutenção do comprimento dos cromossomos a cada ciclo de divisão celular. Todavia,
a telomerase é ativa nas células germinativas, células-tronco e algumas células de câncer,
enquanto em células somáticas, a expressão desta enzima é ausente ou se expressa em
níveis muito baixos.

2 Dogma Central da Biologia Molecular

Chamamos de Dogma Central da Biologia Molecular o fluxo de informação


genética, isto é, o conjunto de processos que explica como a informação codificada no
DNA determina um produto funcional.

O Dogma Central nos leva a entender que o DNA armazena as informações


necessárias para a síntese de nossas proteínas, e que o RNA mensageiro é um “transcrito”
de cada uma dessas informações do DNA, para que seja possível a síntese de um
polipeptídio ou proteína. O RNAm leva a informação transcrita para fora do núcleo,
para que sejam “traduzidas” nos ribossomos resultando na síntese de proteínas. Desta
forma, os ribossomos, servem como “fábricas” na célula, onde a informação é traduzida
de um código (de uma sequência de ribonucleotídeos específica, que foi transcrita de um
gene) para um produto funcional, um polipeptídio ou uma proteína (com uma sequência
de aminoácidos específica).

Entretanto, é importante citar que certas proteínas podem ser formadas pela
associação de dois ou mais polipeptídios diferentes, produtos da expressão de dois ou
mais genes distintos (como por exemplo, a hemoglobina, onde duas cadeias
polipeptídicas alfa e duas beta são produtos da expressão de dois genes diferentes).

2
Repetições de nucleotídeos em tandem referem-se a sequências repetidas nas quais o início de uma
repetição ocorre adjacente ao final de outra. Exemplo: AGTCAGTCAGTCAGTC...

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Estes processos pelos quais as instruções contidas no DNA são transcritas em um
RNA mensageiro e traduzidas em um produto funcional, é chamado de expressão gênica.

A partir deste conhecimento, podemos dizer resumidamente que o Dogma Central


da Biologia Molecular se trata de:

DNA → RNAm → PROTEÍNA

Quando analisamos cada etapa da expressão gênica (Figura 4), notamos que os
processos que envolvem a participação das moléculas de DNA e RNA irão resultar na
formação de um produto funcional. Para que a síntese de RNA a partir de uma molécula
de DNA aconteça, ocorre um processo chamado transcrição. Em uma próxima etapa da
expressão gênica, quando a informação contida na grande molécula de DNA, já foi
transcrita em uma molécula bem menor (o RNA mensageiro), é necessário que outro
processo ocorra, para que esta informação sirva como molde para a síntese de uma
proteína. A esta etapa, damos o nome de tradução.

Figura 4. Transcrição do DNA em RNA mensageiro e da tradução deste para a síntese de uma proteína –
Dogma Central da Biologia Molecular

Fonte: Os autores.

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Neste ponto, vale ainda ressaltar que nem sempre o produto funcional de um gene
é um polipeptídio ou uma proteína. O produto funcional de um gene também pode ser um
RNA transportador, ou um RNA ribossomal, ou ainda outros importantes RNA
controladores, como os micro RNAs. Além disso, há genomas virais que são formados
por RNA (como o HIV, o coronavírus etc.), não se encaixando, portanto, no proposto
fluxo de informação unidirecional do Dogma Central da Biologia Molecular.

2.1 Transcrição do DNA em RNA

Na transcrição, as informações no DNA de cada célula são convertidas em


pequenas mensagens “móveis” formadas de RNA.

Como isso acontece?

Vamos pensar assim: imagine um livro da biblioteca da UNIRIO, raríssimo,


pesado, enorme. Como se trata de um livro raro, não pode ser retirado da biblioteca. Mas
o professor informou que somente nele existem as informações que deverão ser
aprendidas para a próxima avaliação. Estas informações estão em apenas um tópico, de
um dos 24 capítulos do livro, e você precisa ir até lá e encontrar as páginas referentes a
este tópico, dentro do respectivo capítulo. Que missão, hein?

É exatamente essa a missão da célula na primeira etapa da expressão gênica. Cada


célula nucleada de um indivíduo possui as informações das quais precisa para sintetizar
as proteínas específicas da sua espécie. Desta forma, quando for necessário acessá-las,
estas informações poderão ser encontradas lá, onde estão armazenadas, no seu livro raro,
o DNA. Mas o DNA não pode sair do núcleo, e nem seria necessário, visto que a
informação para codificar cada proteína está contida em um pequeno segmento do DNA,
uma sequência de nucleotídeo codificante, chamada gene. Assim como você só precisa
de um tópico de um capítulo específico do livro, a célula só precisa da informação
representada pela sequência de nucleotídeos de um gene, contida em um dos nossos
cromossomos, para a síntese de uma proteína.

Mas como retirar a informação especificamente desse pequeno segmento do DNA, o


gene?

O que você faria se não pudesse retirar o livrão da biblioteca? Bom, se só


precisamos de um tópico de um dos capítulos, poderíamos copiá-lo, não é? Sim, a solução
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prática seria copiar (transcrever) todo o tópico do livro em questão para o seu caderno, e
assim você poderia levar esta informação com você.

Da mesma maneira acontece na célula. As informações específicas de um gene,


contidas em uma molécula de DNA, são transcritas, resultando na síntese de uma fita
simples de nucleotídeos, mais especificamente, de ribonucleotídeos (RNA). A sequência
de nucleotídeos de um gene codificante de proteína, será então transcrita em um RNA
mensageiro (RNAm), que possuirá somente a informação do referido gene. O DNA
armazena de maneira segura e estável o material genético nos núcleos das células, como
referência. Enquanto isso, o RNAm é uma molécula bem menor que o DNA, que pode
sair do núcleo, carregando as mesmas informações desta pequena parte específica do
DNA, como se fosse uma pequena cópia de uma parte do livro de referência. A esse
processo de cópia de uma sequência de DNA em uma sequência de RNA, chamamos de
transcrição. Mas não se esqueça: Embora o RNAm contenha uma cópia da informação,
ele não é uma cópia idêntica do segmento de DNA, porque sua sequência é um transcrito
a partir do DNA, formado por ribonucleotídeos, enquanto o DNA é formado por
desoxiribonucleotídeos. Além disso, o RNAm transcrito é uma fita simples, a qual é
sintetizada a partir da sequência de nucleotídeos de apenas uma das fitas do DNA,
chamada de fita molde. A enzima que lê a fita de DNA molde (a RNA polimerase) o faz
sobre um “trilho” de DNA, passando como um trem da sua extremidade 3’ para a 5’. Mas
a síntese da fita de RNA ocorre com a adição de ribonucleotídeos sempre na sua
extremidade 3’, de acordo com o pareamento de bases com a fita molde de DNA, de
forma “antiparalela”. Consequentemente, o RNA transcrito terá sua sequência de
nucleotídeos crescida sempre no sentido 5’ ->3’ e terá uma sequência equivalente
àquela presente na fita não-molde do DNA (5’ -> 3’), que também é antiparalela à fita
que serviu de molde para a transcrição (Figura 5).

Figura 5. Parte de uma sequência de nucleotídeos de um gene e a respectiva sequência do transcrito de


RNAm
Fita não-molde (5’ – 3’)
Fita molde (3’ – 5’)

Transcrito de
RNA
(5’ – 3’)
Fonte: Os autores.

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A transcrição do DNA em uma molécula de RNA é realizada por uma enzima
chamada RNA polimerase. Entretanto, para que se inicie a transcrição de um gene, com
a ligação da RNA polimerase a uma sequência específica de nucleotídeos, chamada
região promotora, um complexo de proteínas, tais como fatores de transcrição,
proteínas ativadoras e repressoras, precisam também se ligar a determinadas regiões
do DNA (regiões reguladoras), a fim de regular a expressão gênica, ou seja, ativar ou
inibir a transcrição dos genes.

Além disso, modificações na cromatina podem também regular a expressão dos


genes. A metilação de sequências de DNA ricas em citosinas (ilhas CpG3) e a metilação
das caudas das proteínas histonas resulta na reorganização da cromatina, em um estado
mais compactado, estando por isso associada à inativação da transcrição gênica. Por
outro lado, a acetilação das caudas das proteínas histonas está associada a uma
cromatina menos compactada, permitindo que o DNA esteja mais acessível à ligação
de proteínas envolvidas na transcrição gênica e, portanto, associada à ativação da
transcrição dos genes (Figura 6).

Sendo assim, dependendo inicialmente do estado ativo ou inativo da cromatina,


da ligação dos fatores de transcrição e das proteínas reguladoras ao DNA, a RNA
polimerase poderá se ligar à região promotora e iniciar a transcrição do gene, a partir de
um filamento molde de DNA (Figura 7). A RNA polimerase sintetizará então, uma
molécula de RNA, nucleotídeo por nucleotídeo, transcrevendo a informação contida no
DNA, formando um híbrido temporário de DNA-RNA (Figura 8).

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Ilhas CpG ou CG são regiões do DNA ricas em nucleotídeos citosina seguidos de nucleotídeos guanina.
As ilhas CpG são muito frequentes em regiões promotoras dos genes.

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Figura 6. Remodelamento da cromatina – metilação e acetilação das caudas das proteínas histonas

Fonte: Os autores (2021).


Nota: A adição de grupos metil às caudas das histonas ou às citosinas do DNA presentes em regiões
promotoras dos genes pode resultar no silenciamento da transcrição dos respectivos genes; a adição de
grupamentos acetil às caudas das histonas resulta em um maior espaçamento entre os nucleossomos
(complexo de proteínas histonas), facilitando o acesso aos genes, para que estes sejam transcritos. Portanto,
a acetilação das caudas das histonas ativa a expressão gênica.

Figura 7: Transcrição de uma fita do DNA em uma fita de RNA e posterior processamento do transcrito
primário em RNA mensageiro maduro (quadro abaixo)

3’ 5’

5’ 3’

5’ 3’

Fonte: Os autores (2021).

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Figura 8: Híbrido de DNA-RNA durante a transcrição. Síntese de RNA no sentido 5’ -> 3’

Fita de RNA

Fita de DNA

Fonte: Os autores (2020).

A transcrição do RNA continua até que uma sequência consenso (AAUAAA ou


AUUAAA), próxima à ponta 3’, seja reconhecida por uma enzima que corta o RNA cerca
de 20 bases depois. Desta forma, a transcrição do RNA termina, o híbrido de DNA-RNA
se separa e o DNA retorna ao estado de dupla fita.

Este transcrito de RNA inicial é chamado de transcrito primário, visto que possui
toda a sequência do gene, codificante (éxons) e não codificante (íntrons). Por isso, o
RNAm precisa sofrer algumas etapas de processamento, ainda no núcleo, para que ele
esteja apto a se dirigir ao citoplasma e lá, ser traduzido em uma proteína somente a partir
de sua sequência codificante.

O processamento do RNAm transcrito primário é necessário para protegê-lo da


degradação e para a posterior tradução deste em uma sequência de aminoácidos. Entre
estas etapas de processamento estão: a retirada dos íntrons (splicing) pela ação de um
complexo chamado spliceossomo, composto por ribonucleoproteínas nucleares pequenas
(snRNP, do inglês small nuclear ribonucleoproteins) e outras proteínas; a adição de um
“ cap 5’ ” (uma 7-metilguanosina) na extremidade 5’ do RNAm; e a adição de uma
cauda poli(A) (sequência de nucleotídeos adenosina monofosfato) na extremidade 3’ do
RNAm (Figura 9). Após o processamento, o RNAm transcrito primário se torna um
RNAm maduro, e está pronto para sair do núcleo e se dirigir ao citoplasma.

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Figura 9: Processamento do RNAm – Adição do cap 5’, adição da cauda poli(A) e splicing

Fonte: Os autores (2021).

As cópias recém-formadas de RNAm maduro servirão como molde para a síntese


de proteínas.

Ótimo! Já copiamos o tópico do livro com a informação necessária e conseguimos


sair da biblioteca!! Mas espere um pouco... Acho que o livro está escrito em um idioma
que não conhecemos...

E agora??

Precisaremos de mais uma etapa: a tradução!

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Bibliografia

FERREIRA, F. et al. Contribuição dos polimorfismos no gene FMO3 na patologia e na


farmacogenética. Acta Farmacêutica Portuguesa. 4 (1), 34-41, 2015.

GRIFFITHS, A.J.F.; WESSLER, S.R.; CARROLL, S.B.; DOEBLEY, J. Introdução à


Genética. 10ª edição. Guanabara Koogan, 2013.

JORDE, L. B.; CAREY, J.C.; BAMSHAD, M.J. Genética Médica. 5ª edição. Editora
Elsevier, 2017.

LEWIN, B. Genes IX. 9ª edição. Editora Artmed, 2009.

PIMENTEL, M.; SANTOS-REBOUÇAS, C.; GALLO, C. Genética Essencial. 1ª


edição. Guanabara Koogan, 2013.

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