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VISÃO GERAL
O fluxo de informação do DNA para o RNA e deste para a proteína é denominado de "dogma
central" da biologia molecular; é representativo para todos os organismos, à exceção de
alguns vírus que possuem o RNA como o repositório de sua informação genética.
Uma fita de DNA ou de RNA é sempre lida da extremidade 5’ para a extremidade 3’. É uma
convenção internacional.
● 5’-ATCCGATGAC-3’
● 3’-TAGGCTACTG-5’
O pareamento específico de bases no DNA leva à Regra de Chargaff: em qualquer amostra
de DNA com fita dupla, a quantidade de adenina é igual à quantidade de timina, a
quantidade de guanina é igual à quantidade de citosina, e a quantidade total de purinas é
igual à quantidade total de pirimidinas.
A forma B, descrita por Watson e Crick em 1953, a forma A e a forma Z. A forma B é uma
hélice espiralada para a direita, com dez resíduos em cada volta de 360º da hélice e com os
planos das bases perpendiculares ao eixo helicoidal. Acredita-se que o DNA cromossômico
consista principalmente em B-DNA (a Figura 29. 7 ilustra um modelo de preenchimento do
B-DNA).
O Z-DNA é uma hélice espiralada para a esquerda, que contém cerca de 12 pares de bases
por volta (veja a Figura 29.7). (Nota: a estrutura do esqueleto de desoxirribose-fosfato é em
"zigue-zague", daí o nome "Z"-DNA.) Porções contendo Z-DNA podem ocorrer
naturalmente em regiões de DNA com sequências alternadas de purinas e
pirimidinas, por exemplo, poli GC. As transições entre as formas helicoidais B
e Z do DNA podem desempenhar funções importantes na regulação da
expressão gênica
Moléculas de DNA lineares e circulares
Cada cromossomo no núcleo de um eucarioto contém uma longa molécula linear de DNA de
fita dupla, ligada a uma mistura complexa de proteínas (histonas e outras, veja a p. 409) para
formar a cromatina. Os eucariotos possuem moléculas de DNA circular nas mitocôndrias,
assim como ocorre nos cloroplastos vegetais. Um organismo procariótico normalmente
contém um único cromossomo circular de fita dupla, supertorcido. Cada cromossomo
procariótico está associado a proteínas semelhantes a histonas que podem condensar o DNA
para formar um nucleoide. Além disso, a maioria das espécies de bactérias também contém
pequenas moléculas de DNA extracromossomais circulares, chamadas de plasmídeos. O
DNA plasmidial carrega informação genética e sofre replicação, que pode ou não estar
sincronizada com a divisão cromossômica.
Quando as duas fitas do DNA de fita dupla são separadas, cada uma pode servir de molde
para a replicação de uma nova fita complementar. Isso produz duas moléculas-filhas, cada
uma com duas fitas de DNA de orientação antiparalela. Esse processo é chamado de
replicação semiconservativa, pois, embora o dúplex parental seja separado em metades (e,
portanto, não seja "conservado" como entidade), cada fita parental individual permanece
intacta nas duas novas duplas-hélices. As enzimas envolvidas no processo de replicação do
DNA são polimerases que atuam segundo moldes preexistentes e que podem sintetizar a
sequência complementar de cada fita com extraordinária fidelidade. As reações aqui
descritas foram, em um primeiro momento, conhecidas a partir de estudos com a bactéria
Escherichia coli, e a descrição a seguir se refere ao processo observado em procariotos. A
síntese de DNA nos organismos superiores não é tão bem compreendida, mas envolve os
mesmos tipos de mecanismos. Nos dois casos, o início da replicação do DNA condiciona a
célula a continuar o processo até que o genoma inteiro tenha sido replicado.
Para que as duas fitas parentais de DNA dupla-fita sejam replicadas, elas precisam,
em primeiro lugar, passar por um processo de separação (ou ''fusão"), pelo menos
em uma pequena região, pois a polimerase usa somente fsDNA como molde. Em
organismos procarióticos, a replicação do DNA inicia em uma única e especial
sequência nucleotídica - um sítio chamado origem da replicação. (Nota: essa
sequência é denominada de sequência consenso, pois a ordem dos nucleotídeos é
essencialmente a mesma em cada sítio.) Este sítio inclui uma sequência curta,
composta quase exclusivamente por pares de bases AT, o que facilita a fusão. Nos
eucariotos, a replicação inicia em múltiplos sítios ao longo da hélice de DNA. Possuir
múltiplas origens de replicação fornece um mecanismo para replicar rapidamente
moléculas de DNA eucarióticas de grande tamanho.
Formação da forquilha de replicação
À medida que as duas fitas se desenrolam e se separam, elas formam um "V", onde ocorre a
síntese ativa. Esta região é chamada de forquilha de replicação.
Essas proteínas são responsáveis por manter a separação das fitas parentais e por desenrolar
a dupla-hélice à frente da forquilha de replicação que avança. Essas proteínas incluem:
Proteína DnaA.
DNA·helicases.
Essas enzimas ligam-se ao DNA de fita simples próximo à forquilha de replicação; em seguida,
se movem para a vizinhança, na região de fita dupla, forçando a separação das fitas -
desenrolando, assim, a dupla-hélice. As helicases necessitam da energia fornecida pelo ATP.
(Nota: a DnaB é a principal helicase de replicação da E. coli. A sua ligação ao DNA necessita da
DnaC.)
Essas proteínas ligam-se ao fsDNA gerado pelas helicases. Elas ligam-se de forma cooperativa
- ou seja, a ligação de uma molécula de proteína SSB facilita que moléculas adicionais da
proteína SSB venham a ligar-se firmemente à fita de DNA. As proteínas SSB não são enzimas,
porém servem para alterar o equilíbrio entre o fdDNA e o fsDNA, induzindo o predomínio das
formas de fita simples. Essas proteínas não somente mantêm as duas fitas de DNA separadas
na área da origem da replicação, fornecendo dessa forma o molde de fita simples necessário
para as polimerases, mas também protegem o DNA das nucleases que clivam o DNA de fita
simples.
Essas enzimas cortam de maneira reversível uma única fita na dupla-hélice. Elas apresentam
as atividades de nuclease (corte das fitas) e de ligase (ligação das fitas). Essas enzimas não
necessitam de ATP e parecem estocar a energia das ligações fosfodiéster que clivam,
aparentemente reutilizando a energia para ligar novamente a fita. Cada vez que um "corte"
transitório é criado em uma fita de DNA, a fita intacta de DNA é passada através da quebra
antes da fita clivada ser ligada novamente, aliviando assim ("relaxando") as supertorções
acumuladas. As topoisomerases tipo I relaxam supertorções negativas (ou seja, aquelas com
menor número de voltas na hélice em comparação ao DNA relaxado) na E. coli, e ambas as
supertorções negativas e positivas (ou seja, aquelas com menor ou maior número de voltas
da hélice que o DNA relaxado) nas células eucarióticas.
Primer (iniciador):
5’-AUGCGCUCG-3’
1. Fita contínua. A fita que está sendo copiada no mesmo sentido do avanço da forquilha de
replicação chama-se fita contínua e é sintetizada ininterruptamente.
2. Fita descontínua. A fita que está sendo copiada no sentido oposto ao do avanço da
forquilha de replicação é sintetizada com interrupções, com pequenos fragmentos de DNA
copiados próximos da forquilha de replicação. Essas pequenas regiões de DNA descontínuo,
denominadas fragmentos de Okazaki, por fim são unidas para tornarem-se uma fita única e
contínua. A nova fita de DNA produzida por esse mecanismo é denominada fita descontínua.
Iniciador de RNA
Iniciador de RNA
Primossomo.
A adição da primase converte o complexo pré-iniciador necessário para a separação das fitas
do DNA (veja a p. 399) em um primossomo. O
primossomo produz o iniciador de RNA necessário
para a síntese da fita contínua e inicia a formação
dos fragmentos de Okazaki na síntese da fita
descontínua. Assim como na síntese de DNA, a
direção da síntese do iniciador é 5‘ - 3'.
Alongamento da cadeia
As DNA-polimerases procarióticas e eucarióticas alongam uma fita nova de DNA pela adição
de desoxirribonucleotídeos, um de cada vez, na extremidade 3' da cadeia em crescimento
(veja a Figura 29.16).
A DNA-polimerase III continua a sintetizar DNA na fita descontínua até ser bloqueada pela
proximidade de um iniciador de RNA. Quando isso ocorre, o RNA é retirado e a lacuna é
preenchida pela DNA-polimerase I.
Além de possuir a atividade de polimerase 5‘- 3', que sintetiza DNA, e a atividade de
exonuclease 3‘-5', que corrige erros na cadeia de DNA recém-sintetizada, assim como a
DNA-polimerase III, a DNA-polimerase I também possui atividade de exonuclease 5‘- 3',
capaz de remover hidroliticamente o iniciador de RNA. (Nota: Essas atividades são de
exonucleases porque removem um nucleotídeo de cada vez a partir da extremidade da
cadeia de DNA, em vez de clivá-lo internamente, como fazem as endonucleases. Inicialmente,
a DNA-polimerase I localiza o espaço ("corte") entre a extremidade 3' do DNA
recém-sintetizado pela DNA-polimerase III e a extremidade 5' do iniciador de RNA adjacente.
A seguir, a DNA-polimerase I remove hidroliticamente os nucleotídeos de RNA "à sua frente",
movendo-se no sentido 5‘- 3' (atividade exonucleásica 5‘-3). Enquanto remove o RNA, a
DNA-polimerase I o substitui com desoxirribonucleotídeos, sintetizando DNA no sentido 5‘-
3' (atividade polimerásica 5‘- 3). Enquanto sintetiza o DNA, ela também "revisa" a nova
cadeia, usando a atividade exonucleásica 3‘- 5'. Esse processo de remoção/síntese/revisão
continua, um nucleotídeo de cada vez, até que o iniciador de RNA seja totalmente degradado
e a lacuna seja preenchida com DNA.
DNA-ligase
A ligação fosfodiéster final entre o grupo 5'-fosfato na cadeia de DNA sintetizada pela
DNA-polimerase III e o grupo 3'-hidroxila na cadeia produzida pela DNA-polimerase I é
catalisada pela DNA-Ligase. A junção dessas duas regiões de DNA necessita de energia,
fornecida, na maioria dos organismos, pela clivagem de ATP em AMP+ PPi.