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SEBENTA DE FUNDAMENTOS DE
BIOLOGIA MOLECULAR (REVISTA)
LEANDRO SILVA
2018/2019
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Fundamentos de Biologia Molecular
As bases azotadas das purinas (adenina e guanina) são compostas por 2 anéis,
enquanto que as bases azotadas de pirimidinas (timina e citosina) são compostas por
um anel. O Uracilo é facilmente convertido em citosina. O facto de não existir em DNA
faz com que este se encontre protegido contra mutações que daí possam advir.
A direccionalidade das ligações é uma propriedade importante da molécula de DNA: a
ligação química entre dois nucleótidos é uma ligação fosfodiéster (ligação covalente
entre um grupo fosfato, acoplado ao carbono 5’ de um nucleótido e ao carbono 3’ da
desoxirribose do outro nucleótido. Existem, portanto, duas ligações fosfodiéster (uma
para cada lado do fosfato) e o DNA é uma molécula linear com direção 5’ -> 3’.
Ligação
fosfodiéster
Ponte de
Hidrogénio
O DNA tem estrutura de dupla hélice como forma de proteção contra a degradação ao
nível dos terminais. Cada cadeia emparelha com as bases azotadas complementares
por pontes de hidrogénio, sendo que a guanina emparelha com a citosina através de 3
pontes de hidrogénio, e a timina e a adenina emparelham através de duas pontes de
hidrogénio (mais fácil de quebrar ligações A - T do que C – G).
A cadeia tem uma volta maior (major Groove) e uma volta menor (minor groove),
sendo que a maior permite uma maior interação com proteínas (em número), uma vez
que estas zonas se encontram mais expostas.
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Fundamentos de Biologia Molecular
Estrutura B: Descrita por Watson e Crick em 1953. É a forma mais comum, sendo que a
hélice é voltada para a direita e contém 10 resíduos por volta. Emparelha de modo
planar e é perpendicular à ligação fosfodiéster.
Estrutura A: Obtida por desidratação moderada do modelo B, também voltada para a
direita. Possui, contudo, um maior número de nucleótidos por volta (11) e as bases
estão num ângulo de 20º em relação ao eixo helical (ligação fosfodiéster). É mais densa
do que a forma B.
Estrutura Z: Neste modelo, a hélice é
voltada para a esquerda, de modo a
diminuir a tensão existente na hélice.
Contém cerca de 12 nucleótidos por volta,
sendo mais densa do que a A. Não se sabe
se tem função biológica.
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Fundamentos de Biologia Molecular
Olhando para a curva, podemos concluir que as cadeias duplas (início da curva)
absorvem muito menos do que as cadeias simples (cimo da curva). A temperatura de
fusão (Tm) depende diretamente de diversos fatores, tais como:
• Percentagem em G + C (relacionado com o grupo em que o organismo está
inserido);
• Sequência de DNA (zonas repetitivas, etc.);
• Incompatibilidade de pares de bases;
• Dimensão da molécula (temos de comparar estruturas com o mesmo tamanho
de fragmentos);
• Concentração de DNA e tampão onde se encontra;
• Força iónica (Na + neutraliza os fosfatos. Portanto, aumentando a concentração
salina, destabilizo o DNA e diminuo a restringência ao realizar hibridizações);
• Agentes desnaturantes (ureia, formamida, etc.)
Tm é o valor de temperatura para o qual 50% dos pares de bases estão desnaturados,
e os restantes 50% ainda estão emparelhados.
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PROTEÍNAS:
-NÃO HISTONAS: todas as outras proteínas associadas ao DNA;
-HISTONAS: proteínas positivas (ricas em arginina e lisina), abundantes,
de massa idêntica à do DNA. Regulam a expressão génica abrindo a cromatina e
permitindo acesso ao DNA por fatores de transcrição (proteínas). Estabilizam a carga
do DNA.
Podem ser H1 (ou H5), H2A e H2B (menor peso molecular, ricas em lisinas) e H3 e H4.
O pedaço de DNA que une dois nucleossomas chama-se de linker DNA. As arqueias
também têm histonas iguais às nossas. O DNA dá 1,7 voltas ao octâmero.
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EPIGENÉTICA: Ciência que estuda, para sequências iguais de DNA, como cofatores
condicionam o fenótipo do organismo (uma vez que estuda a informação do DNA que
não faz parte do código genético, mas que passa de geração em geração).
Ex: metilações, silenciamento de genes (enzimas que acetilam o DNA: diminuem a
carga negativa do DNA e aumentam a repulsão histonas – DNA, permitindo a leitura de
genes pela maquinaria enzimática).
1. REPLICAÇÃO DO DNA
Processo que depende de DNA polimerase para copiar o DNA e verificar (ou não) se
introduziu erros na cópia, voltando atrás na cadeia. É uma exonuclease, removendo
bases no sentido 5’ – 3’. A DNA polimerase não sabe onde parar, copiando enquanto
existir molde. Esta enzima necessita ainda de Mg 2+ para funcionar.
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EM EUCARIOTAS:
-O DNA tem duas cadeias, sendo que numa, o DNA é copiado de forma livre
(contínua) e apenas necessita de um primer.
A síntese de DNA ocorre no sentido 5’ - 3’ (devido ao crescimento da cadeia se efetuar
através de ligações fosfodiéster entre o oxigénio 3’ da cadeia e o α-fosfato de um
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A ativação das helicases MCM é regulada por proteínas cinases específicas – as cinases
dependentes de ciclina de fase S.
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O DNA pode ser reparado (ou não) através de numerosos mecanismos, tais como:
Damage Bypass: a enzima polimerase não corrige o erro e permite que este
fique permanentemente incorporado na cadeia de DNA.
Direct Repair: Na maioria dos organismos, a radiação UV forma dímeros de
timina. A enzima DNA fotoliase transfere eletrões para o dímero, dissociando as
timinas por um processo
de fotoreativação. A
enzima metilguanina DNA
metiltransferase remove o
grupo metilo caso ocorra
metilação de resíduos de
guanina.
(NOTA: organismos placentários não possuem uma via de fotoreativação)
Caso o dano necessite de ser removido, existem outros tipos de mecanismos. Excisão
de bases/ nucleótidos, ou modificações de base, são estratégias de reparação que
removem uma parte da cadeia de DNA, substituindo a informação. O primeiro passo
na via de reparação de danos consiste em aceder ao DNA.
Ao detetar erro ou dano no DNA, a cromatina é relaxada através de acetilação das
histonas e remodelação da cromatina. A DNA polimerase acede ao DNA e, no fim do
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JUNÇÕES DE HOLLIDAY:
No final do primeiro ciclo de PCR, obtemos duas novas cadeias idênticas à primeira.
Como a DNA polimerase não reconhece o fim da sequência, a extremidade 3’ não está
definida (enquanto que a extremidade 5’ tem o primer) e temos segmentos com
diferentes tamanhos.
No segundo ciclo de PCR, é esse segmento que atua como molde, e o primer irá definir
outra extremidade. Após o segmento ter o comprimento correto (definido pelos
primers em cada ponta) – AMPLICONS – alguns ciclos depois, estará presente em
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NESTED PCR: Utilizado quando a quantidade de DNA que temos ao nosso dispor é
muito reduzida, ou quando não temos primers específicos. Para melhorar a
especificidade e a eficiência da reação de polimerização em cadeia, o segmento
genómico é primeiramente amplificado de modo abrangente, copiando até mesmo
sequências localizadas fora dele. Depois de termos uma maior quantidade de DNA com
que podemos trabalhar, segue-se a amplificação real da sequência alvo.
HOT START PCR: variação do PCR. Começa por uma desnaturação do material
genético, a priori da iniciação da reação de PCR. A atividade da Taq polimerase é
inibida neste período, evitando-se assim a amplificação de produtos inespecíficos e
elevando a especificidade e rendimento da reação.
DESENHO DE PRIMERS:
Primers são pequenos oligonucleótidos sintéticos (17-28pb, em PCR normal) utilizados
em muitas técnicas de biologia molecular, desde PCR a sequenciação de DNA. Serve
como ponto de partida para a síntese de DNA e são desenhados de modo a serem
complementares com uma zona alvo do DNA, onde queremos que o primer se encaixe
e que comece a reação de replicação.
A replicação tem início no terminal 3’-OH do primer e copia a cadeia oposta, limitando
a zona de amplificação.
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Um primer com adeninas (A) e timinas (T) no início não é muito bom, pois é fácil de ser
destabilizado (duas pondes de hidrogénio, apenas). É preferível ter um primer com
guaninas (G) e/ou citosinas (C) no terminal 3’-OH do primer que utilizamos.
Os primers são desenhados para fora da zona alvo, e só depois de termos amplificado
essa zona é que utilizamos primers para dentro da zona alvo. Um primer com
sequência igual à 5’ – 3’ vai encaixar-se na sequência complementar nesse sentido. É
necessário um primer que copie também no sentido 3’ – 5’ (primer reverse).
Ao desenhar os primers para PCR, sequenciação ou mutagénese, é frequentemente
necessário fazer previsões acerca da sua temperatura de fusão ou propensão para
formar dímeros consigo mesmo ou com outros primers.
A temperatura de fusão (Tm) calcula-se através da fórmula:
𝑇𝑚 = 4(𝐺 + 𝐶 ) + 2(𝐴 + 𝑇)
A temperatura de emparelhamento (Ta ) calcula-se como sendo: Ta = Tm – 4
A temperatura de fusão depende da sequência e do número de bases (tamanho do
primer), enquanto que a temperatura de emparelhamento depende da especificidade
da amplificação.
O primer não deve ter sequências auto-complementares entre si, ou com o outro
primer (primer forward não pode emparelhar com o primer reverse).
NUCLEASES:
-EXONUCLEASES: enzimas que clivam o DNA na sua extremidade e vão
digerindo pela cadeia fora. Permitem determinar a composição do DNA em bases, de
modo a avaliar a percentagem em guaninas e citosinas.
-ENDONUCLEASES: enzimas produzidas por procariotas que cortam o DNA em
sequências específicas no meio do DNA.
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sequência GATC, quando esta se encontra metilada na forma G m6ATC. A enzima Dpn II,
por outro lado, não cliva a sequência se esta se encontrar metilada.
Ao clivar sequências, pode gerar terminais secos ou terminais adesivos. Embora os
terminais secos não tenham importância para a biologia molecular, os terminais
adesivos têm: diferentes moléculas, clivadas pela mesma enzima de restrição, são
complementares (adesivos = “sticky”) e vão unir-se por pontes de hidrogénio. O
estabelecimento de ligações covalentes (fosfodiéster) é feito pela DNA ligase e ATP.
Esta enzima, além de degradar a lactose e sintetizar allolactose, pode ainda clivar a
ligação do composto X-Gal. Este composto, após clivado, reage com O 2 e produz um
produto (2) que dá uma tonalidade azul ao meio onde se encontra. Assim, é possível
visualmente identificar quais as bactérias que têm o plasmídeo inserido nelas.
Para identificar as bactérias recombinantes (possuem o insert), podemos atender a
genes repórteres, tais como:
-RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICO: colocando as bactérias num meio de crescimento
com tetraciclina, apenas as bactérias que têm o plasmídeo sobrevivem (visto que é o
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Clonamos genes, não para fazer ovelhas, mas para sequenciar genomas indispensáveis
para muita coisa do nosso dia a dia. Serve para mutação de genes in vivo ou para
expressar uma determinada característica fenotípica.
-Podemos amplificar milhares de vezes apenas um gene;
-Podemos realizar um estudo individual acerca da função de genes;
-Podemos identificar mutações que modificam a função de determinados
genes;
-Podemos entender a ação enzimática de proteínas produzidas pelo gene;
-Podemos verificar com quais outros genes o nosso gene interage;
-Podemos produzir uma proteína em larga escala (como a insulina);
-Podemos produzir organismos transgénicos.
ESTRATÉGIA DE CLONAGEM:
Selecionamos
Clivamos o Colocamos o as células
Unimos os
vetor e o nosso DNA recombinantes
fragmentos
insert com a recombinante por
com aplicação
mesma enzima na célula crescimento
de DNA ligase
de restrição hospedeira em meio com
antibiótico
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Antes de tudo isto, os microorganismos são tratados com DNAse e fenol para degradar
o DNA e as proteínas (isolamos o mRNA).
Para plaquear as bibliotecas de plasmídeos (isolamento de clones positivos), utilizamos
meios com antibiótico. As bibliotecas de fagos são incubadas com E. coli e só depois
são plaqueadas em soft agar para o crescimento viral.
Uma vez plaqueada em agár, filtros de nitrocelulose ou membranas de nylon são
colocadas sobre a superfície das placas da biblioteca. As placas/colónias são
“levantadas” juntamente com o filtro ou membrana. As bactérias são depois abertas
para libertarem o seu conteúdo, utilizando detergentes (SDS) e proteases.
As células são aquecidas ou sujeitas a luz UV, e o DNA é desnaturado com base (meio
alcalino) e ligado à membrana por ligações firmes.
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-NORTHERN BLOTTING: tem como objetivo saber o que está a ser expresso
num determinado momento, dentro da célula. É utilizada para detetar fragmentos de
RNA e não DNA. Estes fragmentos de RNA são tratados com formaldeído para lhes
garantir uma conformação linear.
Esta técnica estuda o perfil de expressão do mRNA quando este está presente numa
dada amostra. É uma das formas mais simples de determinar em que altura um
determinado gene está a ser expresso in vivo.
Neste processo, o RNA é separado por eletroforese em gel, transferido para uma
membrana e detetado de modo similar ao DNA numa Southern Blot. A diferença está
na sonda que, neste caso, é de RNA.
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MICROARRAYS: permite uma análise do genoma na sua totalidade, sendo algo caro.
Avalia a expressão de genes em resposta a modificações ambientais (mudanças na
expressão de genes), medindo o estado dinâmico da célula ou organismo.
Identifica os genes que são expressos de modo diferente, sob condições específicas.
É uma técnica recente e muito automatizada, em que recebemos muitos dados e em
que a dificuldade está em conseguir avaliar quais os genes expresso num dado
momento.
Corta-se o genoma e organizam-se os fragmentos, colocando-os no microarray. O
mRNA é complementar ao nosso gene sonda.
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Componentes:
-matriz com milhares de sequências de ácidos nucleicos arranjados num
pequeno chip;
-uma ou mais sondas marcadas que se hibridizam com a matriz;
-sistema de deteção, que quantifica o sinal de hibridização;
-sonda que selecionamos para hibridizar com o gene.
Atendendo à relação da cor verde/ vermelha, um gene estará mais ou menos expresso
na célula experimental do que no controlo.
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COMPLEXIDADE DO GENOMA:
O genoma é composto por todo o conjunto de genes que compõe um dado indivíduo,
sendo idêntico em todas as células desse indivíduo. O genoma pode, então, ser
formado por:
-DNA (na esmagadora maioria dos casos)
-RNA (em alguns vírus)
O genoma é constituído por vários elementos, tais como cromossomas (lineares e/ou
circulares) e elementos extra-cromossomais (plasmídeos, DNA de organelos, pequenos
cromossomas)
Como são necessários mais genes para dirigir a formação e manutenção de organismos
mais complexos, comparando com procariotas, podemos relacionar o tamanho do
genoma com a complexidade do organismo.
O genoma da E. coli é composto quase
exclusivamente por genes codificantes (1
gene = 1 proteína). Quase todo o seu
genoma codifica proteínas ou RNAs
estruturais (rRNA). Os seus genes não
codificantes servem para a regulação da
transcrição dos restantes genes.
Em eucariotas, por outro lado, a
densidade de genes (número de genes
por Mb de DNA) é menor e tende a
diminuir com o aumento da complexidade do organismo. Este excesso de DNA não
codificante deve-se ao maior tamanho dos genes e das sequências intergénicas
(intrões).
Os intrões são removidos num processo denominado splicing. Cada gene é composto
por intrões e exões, sendo que apenas os exões são codificantes. Os intrões
possibilitam a diversidade que se verifica nos mRNAs, no processamento, visto que a
remoção de certos intrões impede/promove a remoção de outros exões, bem como o
seu reordenamento.
O surgimento de novos genes dá-se devido à duplicação, em que ocorre recombinação
cromossómica e reorganização de exões, e a transferência horizontal de genes.
Duplicação génica: gera homólogos dentro do mesmo genoma, sendo que com o
tempo, os homólogos assumem funções especializadas.
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genoma
variação, em conteúdo, em indivíduos próximos.
Cos genoma: fra çã o do genoma que s e mantém conservada
entre i ndivíduos próximos
Existe um tamanho mínimo que o genoma tem de ter para que o organismo possa
pertencer a um determinado filo.
PARADOXO DO VALOR C:
A técnica para determinar a complexidade de qualquer genoma envolve a
desnaturação e renaturação do DNA. O DNA é desnaturado por aquecimento,
quebrando as pontes de hidrogénio e formando duas cadeias simples. Se o DNA for
arrefecido rapidamente, permanece em cadeias simples.
Se o arrefecimento for lento, contudo, sequências complementares das duas cadeias
encontrar-se-ão e ligam-se. A taxa à qual acontece este reanelamento é uma função da
espécie de onde se retirou o DNA.
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ELEMENTOS MÓVEIS:
-DNA TRANSPOSÕES
-RETROTRANSPOSÕES
-SEQUÊNCIAS DE INSERÇÃO (curtas, não codificam nada além da transposase)
-PLASMÍDEOS
-BACTERIÓFAGOS
-INTRÕES DO GRUPO I E II
Gene de transposase Gene estrutural
Inverted repeats
Inverted Ins. Sequence
TRANSPOSÕES: não se conhece bem a sua função, mas sabe-se que são importantes.
Codificam a transposase, ladeada por sequências de inserção. Os complexos podem
codificar outras proteínas/ resistências. Ex: dn5 e dn3 (utilizados para mutagénese em
biologia molecular).
RETROTRANSPOSÕES: entram na célula como RNA, passando a DNA com auxílio da
enzima transcriptase reversa e posteriormente incorporados no genoma da célula. Os
vírus em lisogenia possuem elementos Ty mas carecem dos genes env (envelope), o
que não lhes permite formar novos vírus.
O genoma humano contém um importante número de retrovírus endógenos (HERVs:
8%), que são sequências derivadas de infeções retrovirais. Um genoma de retrovírus
impede que sejamos ovíparos, por se ter colocado no meio do gene que nos fazia por
ovos.
Exões são apenas 1% do nosso genoma.
SINTENIA: estudo das posições relativas de cada gene, dentro do genoma. Sequências
repetidas atuam como marcadores genéticos.
CÓDIGO GENÉTICO:
O mRNA é sintetizado no núcleo, em cadeia simples. Esta cadeia é muito instável e
auto-complementa-se para estabilizar. Os mRNAs são moléculas pequenas.
Crick propôs que os tripletos eram matematicamente consistentes com os 20
aminoácidos que se encontram na natureza, e que não haveria sobreposição nem
espaço entre os codões, sendo que todo o DNA codificava alguma coisa. Haveria ainda
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uma molécula adaptadora que passava a informação do DNA para proteínas. Caso
ocorresse modificação de um nucleótido no sistema, nada alteraria na sequência de
aminoácidos.
2 nucleótidos: 42=16 (insuficiente)
3 nucleótidos (codão): 43=64 (suficiente)
OPEN READING FRAMES (ORFs): sequências que codificam algum peptídeo, em que
não há um codão STOP ao fim de 50 nucleótidos. Em zonas não codificantes, o codão
STOP repete-se mais vezes (de 20 em 20 codões).
O DNA contém o código em tripletos. Ao ser transcrito, o mRNA é composto por
codões complementares ao tripleto do DNA. O tRNA, por sua vez, contém um
anticodão complementar ao codão.
O código genético é:
-universal (em todos os seres vivos);
-contínuo (sem vírgulas);
-degenerado (vários codões codificam o mesmo aminoácido: AUU, AUC, AUA
codificam a isoleucina)
-não sobreponível, podendo ocorrer modificação com a adição/remoção de
nucleótidos que geram novos codões (exceto no sarcoma de Rous (SRV): oncovírus que
provoca sarcomas, i.e. modificações no tecido conjuntivo, em galinhas);
-não ambíguo (nenhum codão codifica mais do que um aminoácido);
Na codificação, a terceira base é menos rígida, gerando a degeneração do código. São
utilizados codões específicos de iniciação (AUG: metionina) e terminação (UAG, UAA,
UGA) da transcrição. Existem 61 codões codificantes.
NOTA: as diferenças no código genético são sobretudo na terceira base, sendo que
esta pode ser variável. Se o último nucleótido não emparelhar, mantemos a
informação.
As mitocôndrias de diferentes organismo utilizam um código genético muito diferente
de organismo em organismo.
O tripanossoma (protozoário que infeta outros seres vivos) modifica o mRNA ao
introduzir uma base, provocando a malária.
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ESTRUTURA DO tRNA:
O tRNA é a molécula responsável por transferir a informação do mRNA para uma
proteína. É uma cadeia única com quatro zonas complementares, formando quatro
alças (loops).
A molécula de tRNA possui um terminal 3’ e
um terminal 5’ comum a todos os tRNAs, bem
como outros nucleótidos que estão sempre na
mesma posição, i.e, são conservados para
terem sempre a mesma função.
A estrutura bidimensional em folha não
mostra muito bem a sua forma tridimensional.
A sequência CCA na extremidade 3’ é
universal. A ligação de um aminoácido à
adenina 3’ do tRNA gera um aminoacil-tRNA.
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1. TRANSCRIÇÃO
Síntese de RNA a partir de DNA, realizada por um complexo enzimático cuja enzima chave é a RNA
polimerase. Esta enzima é composta por várias subunidades e realiza a polimerização do RNA a
partir de um molde de DNA.
O mRNA é uma molécula de cadeia única, idêntica à cadeia codificante positiva (+) do
DNA. A cadeia molde do DNA é copiada pela adição direta de nucleótidos.
O mRNA é processado para dar origem a um mRNA maduro (que é posteriormente
traduzido a proteína).
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RNA POLIMERASE:
Cataliza a síntese do mRNA, no sentido 5’ → 3’. Não tem atividade proofreading
e necessita de uma zona do DNA que a posicione corretamente, de modo a que
“saiba” onde é suposto iniciar o processo de transcrição (promotor), e não de um
primer, sendo que consegue iniciar a transcrição imediatamente. É estruturalmente
diferente em eucariotas e em procariotas.
Tem de incluir o DNA no seu local ativo, de modo a abrir a cadeia para a
transcrever. Pode ser ativada ou suprimida.
PROMOTORES:
Sequências específicas de DNA importantes para o início da transcrição. Tais
sequências são reconhecidas por alguns fatores de transcrição (proteínas específicas)
que recrutam a RNA polimerase para realizar a montagem do mRNA. Os promotores
determinam:
-a direção da síntese (cadeia codificante vs cadeia molde);
-o local de iniciação, ou seja, o primeiro nucleótido da nova cadeia de mRNA;
-a frequência de transcrição (iniciação pela RNA polimerase).
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RNA POLIMERASE II
TRANSCRIÇÃO EM EUCARIOTAS:
Em eucariotas, o processo é bem mais complexo. A maioria do seu DNA está no
núcleo, sendo que é aí mesmo que ocorre a fase de transcrição. A informação contida
no DNA passa então para o citoplasma na forma de mRNA (molécula de menores
dimensões, mais fácil de passar pelos poros), possibilitando a síntese proteica na fase
de tradução.
A separação temporal e espacial entre os processos de transcrição e tradução,
em eucariotas, permite uma melhor regulação da expressão génica. O transcrito
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Podemos ter a remoção/ libertação da RNA polimerase por formação de uma estrutura
tridimensional no mRNA (terminação intrínseca) ou através de enzimas (terminação
dependente da proteína Rho).
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Intrões de grupo I e de grupo II diferem nos nucle ótidos envolvidos nas reações de ataque
nucleofílico que ocorrem no splicing. Nos intrões do grupo I trata-se de uma Guanina, ao passo que
nos intrões do grupo II se trata se uma Adenina.
REAÇÃO DE SPLICING:
Reação de transesterificação que não requer água nem energia, e que vai
ocorrer através de duas reações sequenciais:
a) Primeiro, o grupo 2’-OH do branch site/branch point específico (adenina, no
caso de intrões do tipo II) contido no intrão e definido aquando da
montagem do spliceossoma, realiza um ataque nucleofílico ao primeiro
nucleótido do intrão no terminal 5’ (5’ splice site), formando um
intermediário com alça.
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Além das sequências consenso nas extremidades 5’ e 3’ do intrão (GU e AG: motivos
prolongados com mais nucleótidos no meio), existem também:
- em leveduras, UACUAAC (invariavelmente)
- em eucariotas superiores são variáveis, Py80 N Py80 Py87 Pu75 A Py95
Para haver splicing, ocorre interação entre os
RNAs do complexo de spliceossoma e o mRNA. A
ligação dos snRNPs aos locais de splicing é feita
por emparelhamento de bases (Ex: U1 snRNA e U2
snRNA)
A montagem do spliceossoma ocorre em várias
etapas: os snRNPs entram numa ordem e saem na
ordem inversa. A remoção dos intrões é um processo enzimático complexo que não
garante que um exão 1 seja ligado necessariamente ao exão 2, podendo haver
desorganização/remoção de alguns exões.
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O rearranjo dos exões pode ser direto ou alternativo, gerando mais do que um mRNA
maduro. O rearranjo dos diferentes componentes do spliceossoma tem como principal
função a formação do local ativo catalítico. É o RNA que executa as funções catalíticas ,
e não as proteínas (snRNPs atuam como ribozimas).
A coordenação da transcrição com o mecanismo de splicing é importante para não
ocorrerem erros (embora sejam importantes outras proteínas/fatores de splicing que
não sejam snRNPs nem auxiliem a montagem do spliceossoma ao recrutar snRNPs) e
identificar os locais corretos de splicing da sequência de pré-mRNA.
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2. TRADUÇÃO
O mRNA, após traduzido, tem de ser eliminado para não haver formação errónea de
proteínas na célula.
Como já vimos anteriormente, o mRNA é produzido no núcleo e durante a sua
produção ocorre o splicing, o terminal 5’ (cap) é protegido e o terminal 3’ sofre poli-
adenilação. No final do processo de transcrição, existe também a necessidade de
proteger os terminais, que visa o correto transporte do núcleo para o citoplasma
(geração do mRNP) a fim de termos a informação codificante pronta para a tradução.
O mRNA eucariota necessita de ser processado e este processo exige a translocação do
ribossoma. Para que a tradução ocorra, é necessário:
- fator de iniciação;
- tRNA no início (transporta a metionina modificada);
- subunidade menor do ribossoma;
- sequência de reconhecimento entre o tRNA e a subunidade.
RIBOSSOMAS: estruturas
muito abundantes no nosso
organismo (cerca de 10
milhões por célula, 80% do
RNA total) com cerca de 25-
30nm de diâmetro. Tem duas
subunidades independentes,
mas funcionalmente aderentes
(80S), sendo que a pequena
subunidade (40S) é formada
por rRNA 18S e cerca de 30
proteínas diferentes, e a grande subunidade (60S) é composta por rRNA 28S, rRNA
5.8S, rRNA 5S e cerca de 40 proteínas diferentes.
São aderentes a cisteínas do retículo endoplasmático rugoso, e encontram-se na forma
livre pelo citoplasma. São constituídos por 1/3 proteico e 2/3 de rRNA, sendo que a
fração proteica está envolvida em processos catalíticos.
A subunidade mais pequena é a responsável por reconhecer o mRNA.
Em procariotas, os ribossomas estão todos espalhados pelo citoplasma (livres).
Existem vários locais de ligação de RNA ao ribossoma:
- local de ligação do mRNA;
- local P (peptidil -tRNA): recebe a molécula de tRNA que se liga à extremidade
da cadeia polipeptídica em crescimento e localiza-se entre os locais A e E. Lê o codão
de iniciação e é independente de fatores de iniciação. Estes fatores de iniciação vão ser
libertados após o posicionamento do mRNA;
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NOTA: Dois fatores de iniciação, eIF2 e eIF5 são proteínas de ligação a GTP, cujo GTP é
hidrolisado durante a iniciação da tradução, para a associação das subunidades 40S e
60S.
Os fatores das células podem regular a síntes e de proteínas por fosforilação de um
resíduo de serina, na eIF2 ligados ao PIC (complexo de pré-iniciação fosforilado não
consegue trocar GDP por GTP e não pode ligar Met-tRNAiMet), e inibindo a síntese
proteica.
Os aminoácidos ligam-se por ligação amida (R’-CO-NH-R’’).
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POLISSOMA: vários ribossomas unidos a uma única cadeia de mRNA (várias traduções
ocorrem em simultâneo).
CONTROLO DA TRADUÇÃO:
1. Todas as polimerases têm processos de controlo de tradução. A RNA
polimerase não faz esse controlo, apenas as aminoacil-tRNA sintetases o fazem.
A afinidade da enzima aminoacil-tRNA sintetase por tRNA, faz com que o tRNA
errado se ligue lentamente e se desligue rapidamente, atuando como um
mecanismo de controlo da tradução a nível do carregamento do tRNA.
2. O aminoácido deve encaixar-se no local sintético da tRNA-aminoacil sintetase,
e não no local de edição (mecanismo de peneira dupla).
3. (des)controlo: Não acontece a verificação do aminoácido na tradução. O
controlo é, portanto, feito apenas no momento da aminoacilação do tRNA. Ex:
transformação de L-Cisteína em L-Alanina, sem alteração do codão de
reconhecimento.
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Retículo
Endoplasmático
Complexo de
Golgi
Vesícula
Lisossoma
secretora
Membrana plasmática
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Em suma:
-A tradução é o processo de síntese proteica;
-A regulação ocorre principalmente na transcrição, mas as modificações pós -
traducionais são importantes para regular a função proteica;
-Diferentes tipos de RNA e proteínas atuam no processo de transcrição e tradução;
-A aminoacil-tRNA sintetase é a responsável pelo código genético.
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OPERÃO lac:
Regulado por diversos fatores, em particular pela disponibilidade de glicose e lactose
no meio extracelular. A lactose é um composto indutor natural do promotor do operão
lac. O operão é desreprimido por ação da lactose, sendo que a molécula efetora é a
allolactose.
Permite aos procariotas uma digestão eficiente da lactose: a célula pode utilizar a
lactose como fonte de energia ao produzir a enzima β-galactosidase, codificada pelo
gene lacZ, que digere lactose em glicose e galactose.
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Genes estruturais:
lacZ: codifica a enzima β-galactosidase, uma enzima intracelular que degrada o
dissacarídeo de lactose em monómeros de glicose e galactose;
lacY: codifica a β-galactosidase permease, uma permease da membrana
plasmática que bombeia a lactose para dentro da célular;
lacA: codifica a β-galactosidase transacetilase, que transfere um grupo acetil de
acetil-coA para β-galactosídeos.
Podemos ter dois mecanismos: (a) ausência da lactose; (b) presença de lactose.
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OPERÃO trp:
O triptofano (Trp) é um aminoácido essencial nos eucariotas. Porém, pode ser
sintetizado em procariotas se este não estiver disponível no meio. Se adicionarmos
triptofano ao meio, a bactéria rapidamente cessa a sua produção (em cerca de 10
minutos).
Ao contrário do operão lac, o operão trp possui cinco genes estruturais (trpE, trpD,
trpC, trpB e trpA).
Na presença de escasso triptofano, a proteína repressora liga-se a ele (de modo
semelhante ao da allolactose), ficando ativa e ligando o operador do operão trp.
Na ausência de triptofano (a), o repressor produzido pelo gene regulador está inativo.
O operão está livre, a RNA polimerase pode ligar-se ao promotor e a transcrição ocorre
normalmente, sintetizando-se cinco enzimas.
Na presença de triptofano (b), o aminoácido ativa o repressor ao ligar-se a ele. O
repressor ativado liga o operador que inibe a transcrição de genes estruturais.
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REMODELAÇÃO DA CROMATINA:
Um DNA muito compacto não é legível, daí ser necessário modelar o estado de
compactação do DNA, isto é, o grau de compactação do DNA à volta das histonas. Para
isso, são necessários blocos enzimáticos que relaxem os nucleossomas, desenrolando
o DNA à volta das histonas.
A acetilação das histonas (processo enzimático) faz com que haja mais espaço à volta
delas: a acetilação diminui a compactação da cromatina ao diminuir a interação do
core complex com o DNA. Com isto, os locais promotores e reguladores tornam-se
mais acessíveis para a ligação de fatores de transcrição.
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Isto tudo ocorre devido às cargas que as histonas e o DNA apresentam, permitindo
desta forma a transcrição e, posteriormente, a tradução. Para cada tecido, as zonas
acetiladas são diferentes.
Heterocromatina: regiões supercondensadas e, por isso, transcricionalmente inativas
da cromatina. Tipicamente equivale a 10% da cromatina.
Eucromatina: regiões mais relaxadas da cromatina, transcricionalmente ativas.
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ENGENHARIA GENÉTICA:
TECNOLOGIA DO DNA RECOMBINANTE: conjunto de técnicas que permite
a combinação de segmentos de DNA, com origem diferente, de modo a originar uma
nova molécula de DNA. É uma técnica usada na clonagem de genes, na modificação
genética de organismos e na biologia molecular, de um modo geral.
CLONAGEM GENÉTICA: obtenção de um grande número de cópias de um
gene com interesse.
Genes repórter são genes que produzem proteínas que podem ser detetadas e
quantificadas utilizando simples testes. São exemplos de genes repórteres o gene de
GFP (green fluorescente protein), o lacZ (ONPG é clivado pela enzima β-galactosidase,
adquirindo a cor amarela indicativa da presença da enzima codificada pelo gene lacZ) e
o gene de LUC (luciferase, uma enzima oxidativa produtora de bioluminescência).
Haverá baixa expressão proteica se o DNA clonado tiver codões pouco utilizados no
organismo hospedeiro (em E. coli, por exemplo). A solução é uma mutagénese sítio-
específica, que consiste na alteração de nucleótidos sem alteração do aminoácido
codificado.
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O tag é uma curta sequência de nucleótidos que codifica um péptido com poucos aminoácidos.
Pode ser adicionado à extremidade N ou C do produto do gene clonado e permite a deteção e
purificação de proteínas.
Péptidos de fusão específicos conferem vantagens à proteína alvo durante a expressão, tais
como o aumento da solubilidade, proteção de proteólise e melhoramento da sua conformação
e produção. São exemplos de tags:
-6 His (poli-histidina)
-GST (Glutationa-S-transferase)
-MBP (proteína de ligação a maltose)
-GFP (proteína verde fluorescente)
-Epítopos (determinantes antigénicos)
A proteína de fusão pode estar no N-terminal ou no C-terminal, sendo que é mais comum
encontrar-se no N-terminal.
Anterior à proteína de fusão, existe a sequência de reconhecimento dos ribossomas
(sequências de Shine-Dalgarno, em procariotas).
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expresso (um promotor pode ser forte ou fraco e é isso que determina a sua afinidade pelas
maquinarias de transcrição e tradução).
Este vetor requer que a RNA polimerase leia o gene que clonamos (o gene é clonado com o
material que queremos expressar), mas não queremos que a RNA polimerase transcreva todo
o gene: apenas a parte que nos interessa. Os vetores de expressão controlada dão resposta à
necessidade de superproduzir, de modo controlado, o produto de expressão de um gene (uma
proteína recombinante ou r-proteína).
Assim, para que a informação possa ser traduzida num vetor de expressão, é necessário:
-promotor para a RNA polimerase;
-sequências de terminação para a RNA polimerase;
-terminador de transcrição a jusante da sequência codificante para evitar a
formação de mRNA demasiado longo;
-codões STOP para os ribossomas (término da tradução);
-sequência indicadora da ancoragem ao ribossoma, designada por sequência de
Shine-Dalgarno, que garante uma ligação efetiva do mRNA ao ribossoma onde se dá a
tradução, garantindo que o processo se dê eficientemente e que a expressão do gene clonado
não fique limitada ao nível da tradução;
-codão de iniciação ATG que inicia a tradução da maioria dos genes procariotas.
Estes vetores têm uma origem de replicação e marcas genética de seleção (genes de
resistência a antibióticos, como a tetraciclina e a ampicilina)
No caso do vetor de expressão controlada para a expressão numa célula bacteriana ( E. coli), o
vetor deverá apresentar uma região promotora reconhecida no hospedeiro e que permita uma
transcrição eficiente do gene clonado a usar para a superprodução da r-proteína. É
conveniente que este promotor seja regulável de modo a que possa ser “ligado” e “desligado”
(daí o nome de vetores de expressão controlada).
O terminador da transcrição, a jusante da sequência clonada, impede a transcrição atravé s de
outro promotor, que pode inibir a sua função (fenómeno conhecido como oclusão do
promotor). Além disso, o terminador aumenta ainda a estabilidade do mRNA.
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Aquilo que clonamos tem de conter toda a informação necessária à transcrição e à tradução.
Nos vetores de fusão transcricional, o promotor e o gene constituem uma unidade
transcricional, ou seja, a transcrição iniciada a partir do promotor continua através do gene
clonado. O vetor fornece o promotor, e o inserto contém os sinais de tradução (RBS e codão
de iniciação de tradução). É produzida uma proteína nativa.
Nos vetores de fusão traducional, também se forma uma unidade transcricional. O vetor
fornece o promotor e os sinais de tradução, e é produzida uma proteína de fusão/híbri da e m
que parte do produto da tradução é derivado do insert e parte, do vetor.
As modificações pós-traducionais são necessárias para a atividade biológica da proteína.
Para a fusão traducional, é necessário conhecer a sequência de nucleótidos do insert e aval i ar
o resultado da clonagem num determinado local. O insert deve estar na mesma grelha de
leitura do ATG do vetor (codão de iniciação).
Pode ser necessário mudar de vetor ou modificar o vetor ou o insert, utilizando linkers ou
adaptadores. Alternativamente, o insert pode ser produzido por PCR.
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EUCARIOTAS:
A. LEVEDURAS (S. cerevisiae, P. pastoris, K. lactis)
-baixo custo e cultivo em altas densidades;
-bons secretores;
-sofrem modificações pós-traducionais;
-não são patogénicas nem apirogénicas;
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FIM DO PROGRAMA
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