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O DNA é formado por nucleotídeos que possuem uma forma padrão (fosfato-
pentose-base nitrogenada), que podem ser de DNA ou de RNA.
A pentose é o açúcar e pode ser de ribose (RNA) ou desoxirribose (DNA). O
fosfato é responsável pela carga negativa e pelo caráter ácido do DNA. Eles são
diferenciados pela presença de hidroxila na posição 2’ (lê-se ‘ como linha), indicando
que ele é um DNA em sua ausência.
As bases nitrogenadas são estruturas que apresentam átomos eletronegativos e
átomos eletropositivos (nitrogênio), gerando uma atração mais forte no elétron
(polaridade positiva e outra negativa). Quando outro átomo de carga oposta é atraído,
ele se liga fortemente, e assim vai. É graças a isso que o DNA consegue ser tão flexível,
além de determinar a codificação dos genes. Cada uma dessas bases nitrogenadas tem
combinações específicas para formar pontes de hidrogênio.
O nucleotídeo sempre tem uma hidroxila em sua
ponta, e existem denominações de posição da pentose
(1’, 2’, 3’, 4’ etc.) e das bases nitrogenadas (1, 2, 3, 4
etc.). Isso é importante pois tudo que ocorre no DNA é
visto por meio de testes de DNA que verificam
justamente essas posições.
Os ácidos nucleicos são formados por meio da união de dois nucleotídeos.
Assim, um nucleotídeo vai se polimerizar com a ligação do fosfato com a extremidade
3’ do outro. Então sempre tem uma ponta 5’ (com o fosfato na ponta) e uma outra ponta
que chamamos de 3’ ou OH livre. É importante saber isso pois tudo depende desse
sentido, chamado de sentido 5’3’. Assim, se tem fosfato a extremidade é 5’, e se tem
OH a extremidade é 3’. Sem a extremidade do OH-3’ não seria possível ligar um
nucleotídeo ao outro.
Além disso, a molécula de DNA tem uma lateral
formada sempre por fosfato e açúcar. As estruturas no
meio de cada segmento são as bases nitrogenadas, que
vão se ligar a outras bases nitrogenadas, a açucares e a
fosfatos, porém eles ficam de cabeça para baixo, pois as
fitas são sempre antiparalelas. Se elas fossem do mesmo
lado, as pontes não conseguiriam ser formadas, e não
existiria a flexibilidade que o DNA possui.
Uma das bases nitrogenadas tem 2 anéis
(púrica), enquanto a outra possui apenas 1
(pirimídica). A ligação sempre é feita entre uma
base de 2 anéis com uma base de 1 anel. As
bases púricas são a guanina e a adenina,
enquanto as bases pirimídicas são a citosina,
timina e a uracila (em caso do RNA –
diferenciado pela posição de um radical metil).
Caso se tentasse juntar a timina com a guanina, por exemplo, ocorreria uma repulsão
devido a extremidades de mesma carga.
As pentoses podem ser diferenciadas pela presença de uma hidroxila na posição
2’. Se houver uma hidroxila nessa posição, então o açúcar é de RNA. Caso contrário,
então o açúcar é de DNA. Essa diferença existe devido à diferença existente entre as
enzimas que montam o DNA e o RNA. Contudo, algumas vezes ocorrem erros de
montagem, nos quais uma estrutura do RNA é colocada no DNA, e vice-versa. Isso faz
com que ocorra uma maior instabilidade, pois permitem que algumas enzimas sejam
mais fortes.
Quando observamos as bases nitrogenadas, percebemos que quando ligamos
guanina com citosina e timina com adenina, observamos a formação de 3 pontes de
hidrogênio em um sentido específico em cada uma delas. Além disso, a timina possui
um ponto, chamado de ponto em potencial, no qual uma outra base pode se ligar.
Entretanto, isso não é possível devido à carga da molécula.
As pontes de hidrogênio são formadas em número diferente e sentido das pontas
de hidrogênio diferentes. Para formar pontes, é necessária uma estrutura que esteja
ligado ao hidrogênio, que não seja o carbono, como o nitrogênio que é negativo. Uma
vez que ele fique mais positivo, ele irá atrair o oxigênio, que possui carga negativa.
Desse modo, o DNA consegue mudar apenas alterando o número de pontes de
hidrogênio.
O DNA é uma molécula de fita dupla e longa, que possui desoxirribose. Ele
conta com uma vida útil extremamente longa, porém erros na codificação do DNA
podem reduzi-la. Já o RNA é uma molécula de fita simples e curta, que possui ribose
ao invés de desoxirribose e que possui uracila no lugar da timina. Ademais, o RNA, em
contrapartida, tem uma vida útil extremamente curta, pois ele não é necessário todas as
vezes, visto que o RNA normalmente é usado para a produção de proteínas no processo
de transdução. Por conta disso, existem endonucleases e exonucleases que atacam o
RNA para degradá-lo, tornando-o mais frágil que o DNA e impedindo que ele fique
produzindo proteína durante toda a vida.
Ps.: No DNA, que possui fita dupla, uma vez que o sentido de uma fita seja 5’3’,
a fita paralela que forma seu par é 3’5’, ou seja, elas são inversamente encaixadas uma à
outra.
O DNA tem uma abertura natural que deixa as bases nitrogenadas expostas
permitindo que as proteínas se acoplem e identifiquem esses pontos, transmitindo a
informação para outras proteínas. Enquanto isso, os genes são regiões do DNA que vão
produzir moléculas de RNA. Eles constituem os cromossomos, onde se encontram os
locus. É no locus que se encontra cada um dos genes que compõe o cromossomo, que
será lido e utilizado para a produção de diversas estruturas.
A herança mitocondrial tem um padrão que não obedece ao padrão de Mendel,
pois as mitocôndrias só vêm da mãe e possuem proliferação independente, ou seja,
alguns gametas podem possuir mais mitocôndrias selvagens (não mutantes) do que
mitocôndrias mutantes.
Replicação do DNA
O processo de duplicação ocorre na fase “S” e é a atividade celular na qual a célula
pega uma molécula de DNA e faz uma cópia perfeita dessa molécula. Para fazer isso, a
fita dupla se separa e novos nucleotídeos são adicionados em seu meio, duplicando a fita.
Contudo, esse processo precisa de vários aparatos para sua correta execução, como as
enzimas.
No procarioto, a replicação ocorre de forma diferente. Primeiramente, seu DNA é
circular e curto. Toda a replicação começa em um ponto, como se estivesse formando
uma bolha (duas forquilhas de replicação), que vai crescendo até sofrer o processo de
replicação.
Já no eucarioto, o DNA é maior e linear, implicando no surgimento de várias
bolhas de replicação. Além disso, as pontas do DNA, chamadas de telômeros, possuem
um processo especial de duplicação, que acaba encurtando os telômeros e reduzindo a sua
vida útil.
A replicação do DNA se inicia na fase “S” (intérfase). A DNA-girase (ou
topoisomerase 2) distorce a fita do DNA, enquanto a helicase separa a fita dupla de DNA
em duas fitas simples. A DNA-girase tem uma propriedade interessante que impede o
DNA de se embolar nas pontas: ela primeiro faz um corte em um dos lados, distorce e
depois liga de novo. Desse modo, ela vai abrindo aos poucos, evitando supertorções no
DNA.
Uma vez aberta, as pontes de hidrogênio são quebradas e proteínas de ligação
unifilamentar são enviadas em direção às fitas, mantendo-as separadas enquanto o
processo de replicação se mantém. Junto à helicase, existe uma enzima chamada de
primase, que vai sintetizar os primers. Os primers são extremamente importantes para a
replicação do DNA, pois, para que a DNA-polimerase III aja, é necessário que existam
nucleotídeos preexistentes, gerando um processo autossustentável.
Assim, os primers, ou sequências iniciadoras, são estruturas de RNA (podem
acontecer sem o 3’-OH livre). O primer fornece 3’-OH livre, permitindo que a DNA-
polimerase III utilize esse 3’-OH livre para quebrar as ligações de trifosfato e continue o
processo, alongando a fita a partir do prime e gerando fragmentos de Okasaki. Como as
fitas são antiparalelas, o sentido de leitura sempre será de 5’ ➔ 3’, ou seja, enquanto uma
fita possui uma das extremidades 3’, a extremidade da fita imediatamente paralela a ela
possui o 5’.
Nos testes genéticos feitos pela genética molecular, os primers são usados como
sondas que permitem chegar em algum ponto específico da molécula.
Os primers são reconhecidos como estruturas que tem que sair da fita, visto que
eles são estruturas de RNA em uma fita de DNA. Eles são retirados pela DNA-polimerase
I e II, que retiram não só os primers, mas todas as moléculas que podem causar
determinado erro ou dano ao DNA. Uma vez retirados, a fita fica com um “buraco”, uma
lacuna, visto que a fita paralela está no sentido 3’5’. Para contornar esse problema, existe
uma enzima chamada DNA-ligase, que vai ligar os fragmentos de Okasaki após a
remoção dos primers.
Obs.: Nos procariotos, nós temos as polimerases I, II e III. Já nos eucariotos
existem várias polimerases, pois além do DNA normal, ainda existem as mitocôndrias.
Procariotos
Operon = Sistema de operação de um conjunto de genes.
• Operon Lactose
Sistema que regula um conjunto de proteínas envolvidos no metabolismo da
lactose. A lactose é um dissacarídeo que, quando quebrada pela β-galactosidase, gera uma
molécula da galactose e outra de glicose. Contudo, para usar a galactose, é necessário que
ela seja convertida em glicose. Além da β-galactosidase, existe a permease (associada à
absorção da lactose) e a transacetilase (converte a galactose em glicose). Em todo esse
processo existe um conjunto de enzimas específicas que vai atuar em cada um desses
procedimentos.
Esse sistema só é ativado mediante 3 situações: presença de lactose, ausência de
energia ou de outro açúcar (como a glicose).
Existem regiões reguladoras (primeira parte) e regiões estruturais (segunda parte).
As regiões reguladoras são regiões que determinam a expressão de genes, mas não vão
necessariamente produzir RNA. Após as regiões reguladoras vêm as regiões estruturais,
que são aquelas regiões que vão produzir a proteína para realizar determinada função.
Na região reguladora existem 3 sítios: o sítio I (inibidor), sítio P (promotor) e sítio
O (operador). Quando a RNA-polimerase lê a fita de DNA (5’3’), ela lê,
obrigatoriamente, o sítio I, gerando um mRNA que dará origem a uma proteína inibidora.
Essa proteína é do tipo alostérica e vai se acoplar no sítio O, impedindo que ocorra o
mecanismo.
Quando ingerimos a lactose, ela se liga no outro sítio livre da proteína inibidora,
fazendo com que ela mude sua conformação e perca a afinidade pelo sítio O. Uma vez
desinibida, a RNA-polimerase conseguirá prosseguir seu caminho, chegando na região
estrutural.
A região estrutural vai produzir um único mRNA com vários genes diferentes,
cada um responsável por produzir determinada enzima no metabolismo da lactose.
Quando as concentrações de lactose caem, a proteína inibidora volta ao sítio O, impedindo
novamente o mecanismo até que as concentrações de lactose aumentem novamente.
A bactéria tem um sistema de proteína de ativação catabólica (CAP). Esse sistema
se encontra na região promotora (sítio P). Para se ligar nessa região, a CAP necessita de
um intermediário, chamado de AMP-cíclico (AMPc).
Quando existe muita glicose, o indivíduo tem energia (ATP), significando que
existe pouca quantidade de AMPc. Contudo, a medida que os níveis de glicose caem, os
níveis de AMPc aumentam. Uma vez aumentados, eles promoverão a intermediação entre
a CAP e o sítio P. Uma vez ligados, a região promotora ficará ativada, atraindo a RNA-
polimerase e iniciando o processo de metabolismo da galactose.
Quando esse complexo não é formado, ou seja, quando os níveis de glicose estão
altos, a RNA-polimerase não é atraída, fazendo com que não ocorra o processo catabólico
da glicose.
Em uma situação em que existe uma alta concentração de glicose e de lactose, a
CAP estará ativada, impedindo que a proteína aja. Todavia, como existe lactose no meio,
o gene será expressado. Em uma outra situação, dessa vez de ausência tanto de lactose
quanto de glicose, o AMPc estará em alta, porém não existirá lactose, fazendo com que a
enzima inibitória continue inibindo. Nessa situação, a célula recrutará outros sistemas de
energia para manter seu funcionamento.
• Operon Histidina (“His”)
O operon histidina é outro sistema de regulação, usado em testes com bactérias.
Para produzir a histidina existem as regiões estruturais e as regiões reguladoras. Ao
contrário do operon lactose, quando existe histidina no meio, a célula não precisa produzir
mais histidina. Isso faz com que ocorra a produção de uma proteína inibidora que se
acoplará na histidina em excesso, formando o complexo His-R. Uma vez formado, esse
complexo vai se ligar no sítio O, bloqueando a produção de novas histidinas.
Eucarioto
Como dito anteriormente, se uma fita de DNA está enovelada, é mais difícil que
ela seja lida. Assim, a regulação gênica no eucarioto começa pelo processo de
compactação. O núcleo das células possui uma região chamada de eucromatina (regiões
mais claras, estendidas) e outra chamada de heterocromatina (regiões mais escuras,
enoveladas).
O ambiente em que a célula se encontra é o que definirá qual região do gene será
ativada e qual será desativada. Quando uma célula-tronco se diferencia, o sistema de
regulação gênica impede que ela volta se indiferenciar. Além disso, quando as as células
se multiplicam, as regiões enoveladas e estendidas vão receber fatores epigenéticos que
vão marcar as regiões de fosfato, açúcar etc. com estruturas que levarão uma memória
durante o processo de replicação para as células-filhas.
Zinc Finger (Dedo de Zinco) ➔ Átomo de zinco que interage com a proteína,
fazendo com que ela se dobre e adquira um formato de dedo. Isso serve para ancorar no
DNA e impedir a passagem da DNA-polimerase ou até mesmo marcar uma região que
vai extraí-la. Também pode interagir com o DNA, acoplando-se nele e conseguindo inibir
a expressão de um gene (região promotora), ou até mesmo acoplar em outras regiões do
DNA para acoplar outros fatores de transcrição de modo a atrair proteínas para a fita.
Zíper de leucina ➔ Encaixa uma com a outra, prendendo-se ao DNA e ancorando
determinadas moléculas.
Hélice-volta-hélice (hélix-turn-hélix) ➔ É uma região helicoidal, seguida por
uma curva e novamente por uma região helicoidal. Quando em pares, elas também podem
ancorar e se acoplar ao DNA.
RNA de Interferência ➔ Molécula de RNA que vai até um RNAm, acopla-se a
ele e forma uma dupla hélice, impedindo a identificação da RNAm e cessando a síntese
proteica.
Organização do Material Genético – Ciclos Celulares
Quando falamos de organização ou compactação do DNA, estamos falando de um
momento em que a célula está se dividindo.
A cromatina é o material que, além de preencher o espaço nuclear, controla o material de
toda a célula.
Toda a função da célula ocorre no período da interfase.
1. Prófase →Início da compactação do DNA, preparação da célula para sua divisão.
2. As fibras do fuso alinham os centrômeros (constituição primária) dos
cromossomos, que estão ligados aos braços do cromossomo. A essa fase de
alinhamento, dá-se o nome de metáfase. Nessa fase, o DNA se encontra na sua
máxima compactação.
3. Após isso, as fibras do fuso realizam a separação das cromátides irmãos, fase
chamada de anáfase.
4. Na telófase, os núcleos ou cromossomos estarão nos polos da célula original.
A compactação do DNA serve para muitas funções, como a divisão. Essa compactação
possui vários níveis, que estão em associação com a regulação gênica.
O nucléolo é uma região densa (mais corada) do núcleo, devido a uma grande
quantidade de material biológico que não apresenta níveis de compactação, mas sim uma
alta atividade de síntese de rRNA. Em algumas regiões, chamadas de constrições
secundárias, a atividade de síntese é muito alta, e elas não podem parar sua atividade
rapidamente para iniciar a divisão, e assim começam a se compactar tardiamente, ficando
frouxas.
Se as células têm mais atividade gênica, seus núcleos são mais claros (eucromatina
– maior atividade e menor compactação). Já as células com menos atividade gênica
apresentam núcleos mais escuros (heterocromatina – menor atividade e maior
compactação). Além disso, quando realizamos o bandeamento, notamos bandas claras e
escuras no DNA. Os cromossomos com maior atividade gênica, costumam aparecer com
bandas mais claras, enquanto aqueles com menor atividade, apresentam bandas mais
escuras.
A eucromatina é a região na qual os genes estão sempre ativos, e são os mesmos
para todas as células do corpo. Já a heterocromatina pode se apresentar de duas formas:
constitutiva ou facultativa. No seu tipo constitutivo, a heterocromatina está sempre
compactada, e é puramente vestigial, funcionando como um grande acervo genético.
Além disso, assim como a eucromatina, a heterocromatina está presente em todas as
células do corpo. Já o tipo facultativo varia entre compactada e distendida conforme a
necessidade, e possui padrões que variam de célula em célula.
Compactação do DNA
Um conjunto de 8 unidades de histonas com cargas positivas (H2A, H2B, H3 e
H4 – 2x de cada) forma uma estrutura única chamada octâmero de histonas. As histonas
neutralizam as cargas negativas do DNA com suas cargas positivas, permitindo a
compactação. Assim, o primeiro nível de compactação acontece quando o DNA dá duas
voltas nesse octâmero (como um ioiô), formando o nucleossomo. Antes de entrar no
segundo nível de compactação, fatores epigenéticos (radicais) se ligam em locais
compactados e não compactados, e até mesmo nos prolongamentos das histonas,
definindo os genes que serão ativados ou desativados. Após isso, uma outra histona (H1)
chega no nucleossomo e fixa o DNA no octâmero, desencadeando o segundo nível de
compactação.
No início do segundo nível de compactação, a histona H1 que se ligou ao
nucleossomo vai promover sua aproximação com outros nucleossomos, por meio da
formação de ciclos concêntricos que culminam em uma estrutura em espiral, chamada de
solenoide, terminando o segundo nível de compactação. Apesar disso, algumas partes do
DNA estão soltas, permitindo uma maior facilidade no processo de descompactação.
Posteriormente, proteínas não histônicas se prendem a alguns pontos do solenoide.
Após isso, essas proteínas se alinham, formando alças de solenoide. Após a formação
dessas alças, as proteínas não histônicas irão se espiralizar, formando o braço do
cromossomo e, depois, o cromossomo, que é o terceiro nível de compactação.
Morfologia Cromossomal
Cromossomo metafásico ➔Cromossomo que está em divisão, apresentando seu
nível máximo de compactação.
As cromátides são unidas pelo centrômero (constrição primária). As cromátides
opostas (cromátides irmãs) são separadas pelas fibras do fuso durante a replicação.
Os cinetócoros são complexos de proteínas que ficam ao redor do centrômero, nos
quais as fibras do fuso se ligam.
As extremidades das cromátides possuem uma região chamada telômero, que
delimita a idade do cromossomo e seu tempo de vida. Além disso, as cromátides possuem
braços curtos (p) superiores e longos inferiores (q).
18q34.5
18 ➔ Cromossomo; q ➔ Braço em que o gene se encontra;
3 ➔ Região do braço; 4 ➔ Banda da região do braço;
5 ➔ Sub-banda da banda da região do braço.
O corante G permite a identificação dos cromossomos. Mesmo com a coloração,
a imagem tem que ser em preto e branco de modo a permitir a identificação de bandas.
Alterações Cromossômicas
• Numéricas
Quando falamos de alterações cromossômicas numéricas, podemos dividi-las em
euploidias e aneuploidias.
As euploidias (próprias) são variações no número de conjuntos cromossômicos,
enquanto as aneuploidias (não próprias) são cromossomos em falta ou em excesso, ou
seja, variações próprias do número “N”. As euploidias são mais fatais do que as
aneuploidias, de forma que quase não existem pessoas vivas que as apresentam.
• Estruturais
✓ Deleções ➔ Perda de um segmento cromossômico;
✓ Adições (duplicações) ➔ Aquisição de um segmento cromossômico extra;
✓ Inversões ➔ Alteração da sequência gênica. Ocorre a quebra de um
cromossomo em duas partes, voltando a se juntar no mesmo par cromossômico
de forma inadequada;
✓ Translocações ➔ Ocorre quando existe uma troca de pedaços entre
cromossomos que não sejam homólogos, ou seja, ocorre a troca de segmentos
entre cromossomos distintos.
Obs.: A maioria das doenças ocorre por deleções e adições, por meio do pareamento
desigual.
O grande problema das inversões e translocações é durante a formação dos gametas,
gerando uma possível infertilidade.
Efeitos Cromossômicos
• Efeito Aneugênico ➔ Origem de aneuploidias, ou seja, ocorrem alterações
numéricas.
• Efeito Clastogênico ➔ Origem de alterações estruturais, nas quais ocorre a
quebra de estruturas.
• Efeito Recombinogênico ➔ É um tipo de agente claustrogênico que, além de
quebrar, induz a recombinação em células somáticas
Obs.: As mulheres mais velhas têm mais chances de desenvolver doenças aneugênicas,
pois suas células germinativas não se renovam como as masculinas. O amadurecimento
das células germinativas femininas passa por uma divisão meiótica, fazendo com que
existam mais chances de ocorrer uma falha genética.
• Aneuploidias
✓ Nulissomia (2n – 2): Falta de 1 par de cromossomos;
✓ Monossomia (2n – 1): Falta 1 cromossomo em determinado par (a monossomia
do cromossomo X é a única viável na nossa espécie – Síndrome de Turner)
✓ Trissomia (2n + 1): Cromossomo excedente, ou seja, existe 1 cromossomo a
mais (Síndrome de Down → +21; de Patau → +13 e de Edwards → +18);
✓ Polissomia (2n + 2): Existem 2 ou mais cromossomos excedentes, e ocorrem
geralmente nos cromossomos sexuais.
Obs.: Triploidia é 3x o número N, enquanto trissomia é uma quantidade a mais de
cromossomos em determinado par.
Nomenclatura Citogenética
Normalmente existem 3 informações.
1. Número total de cromossomos;
2. Par sexual (já está contido no número total de cromossomos);
3. Alteração.
Exemplos:
• Monossomias:
✓ Síndrome de Turner (45, X0)
1. 45;
2. X;
3. 0.
• Trissomias
✓ Síndrome de Down (47, XY ou XX, +21)
1. 47;
2. XY ou XX;
3. +21.
✓ Síndrome de Edwards (47, XX ou XY +18)
1. 47;
2. XY ou XX;
3. +18.
✓ Síndrome de Patau (47, XY ou XX +13)
1. 47;
2. XY ou XX;
3. +13.
✓ Síndrome de Jacobs (47, XYY)
1. 47;
2. XYY.
✓ Síndrome de Klinefelter (47, XXY e variantes (Polissomias → 48, XXXY ou
48, XXYY)
1. 47;
2. XXY.
✓ Metafêmea (47, XXX)
4. 47;
5. XXX.
Alterações Estruturais
As alterações estruturais começam por uma quebra de cromossomo, que pode se
perder (deleção) ou se juntar a outro cromossomo (adição).
As deleções podem ser de 3 tipos:
✓ Deleção terminal do tipo “p” ➔ No final do braço curto;
✓ Deleção terminal do tipo “q” ➔ No final do braço longo;
✓ Deleção intrínseca ➔ “No meio” do cromossomo.
Já as duplicações (ou adições) acontecem quando um segmento de um
cromossomo se apresenta duplicado, geralmente procedendo uma deleção (ocorre a
quebra de um segmento de um cromossomo e, posteriormente, a junção desse pedaço em
outro cromossomo).
• Isocromossomos
São cromossomos que tem os dois braços iguais, pois ao invés de separar as
cromátides, ocorre a separação dos braços do cromossomo. Desse modo, criam-se os
cromossomos “iso (p)” e “iso (q)”, formado somente por braços curtos (p) ou longos (q),
respectivamente.
No caso do cromossomo +21, a célula que herda o cromossomo iso (p) acaba
morrendo, enquanto a outra célula permanece com o cromossomo iso (q), aumentando as
chances de ocorrer a Síndrome de Down.
• Cromossomo em Anel
Ocorre quando há perda dos telômeros e o cromossomo funde as extremidades
dos braços “p” e “q”. Esse tipo de cromossomo ainda é bem evidente em pacientes que
utilizam a quimioterapia.
Cariótipo Humano – Citogenética Humana e Clínica
O cariótipo humano, como encontrado na lâmina, não possui bandas, sendo
possível apenas definir seu tamanho. Ao fazermos a organização do cariótipo,
percebemos que existem cromossomos que não se enquadram com o seu par,
significando, possivelmente, alguma alteração genética (translocação, adição, deleção
etc.). Os cromossomos que não possuem compatibilidade formam gametas incompatíveis,
reduzindo assim a fertilidade do indivíduo. Assim, no cariótipo, cada grupo vai possuir
números, que serão respectivos aos cromossomos. Outra coisa: o cariótipo vem na prova,
não é preciso decorar sobre cada grupo e cromossomo.
Conceituação
• Citogenética ➔ Campo da genética que se dedica ao estudo microscópicos dos
cromossomos;
• Cromossomo ➔ Disposição linear de ponta-a-ponta do DNA, visível apenas
durante a metáfase (estado compactado durante a divisão celular);
• Cariótipo ➔ Conjunto cromossômico de um organismo ou célula, sendo
constante nos indivíduos;
• Citogenética Humana e Clínica ➔ Ferramenta para diagnóstico (além de
confirmar síndrome, serve também para confirmar outros tipos de doenças, como
as carcinogênicas) ou estudar as doenças causadas por alterações cromossômicas.
Autossomos
• Grupo A (1, 2 e 3) ➔ Mais heterogênicos
1. Maiores e metacêntricos;
2. Intermediários e submetacêntricos;
3. Menores e metacêntricos.
• Grupo B (4 e 5) ➔ Mais homogêneos, impossível separar sem o padrão de
bandas
✓ Ambos são grandes e submetacêntricos.
• Grupo C (6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12) ➔ O cromossomo X tem o mesmo tamanho
desse grupo
✓ Todos apresentam um tamanho médio e são submetacêntricos.
Cromossomos Sexuais
• “X” ➔ Tamanho médio e submetacêntrico, só diferenciado por técnica de
bandeamento, semelhante ao grupo C;
• “Y” ➔ Pequeno e acrocêntrico, semelhante ao grupo G. Não possui ROM ou
satélite.
Testes Diagnósticos
Esses testes só são possíveis se algumas exigências forem compridas:
18q34.5
18 ➔ Cromossomo; q ➔ Braço em que o gene se encontra;
3 ➔ Região do braço; 4 ➔ Banda da região do braço;
5 ➔ Sub-banda da banda da região do braço.
Cromossomo
Banda
Sub-banda
Região
Síndromes - Generalidades
A síndrome é um conjunto de sinais e sintomas associados a uma causa comum,
que não precisam aparecer em sua totalidade para declarar uma síndrome. Obviamente,
para conhecer cada síndrome, é preciso conhecer o cariótipo. Então, caso esteja com
alguma dúvida, dê uma lida rápida no resumo 7 desse material.
Bom, nosso sistema de expressão gênica funciona como uma orquestra, ou seja, é
necessário que exista um equilíbrio para o que o indivíduo fique estável. Assim, é
necessário que exista uma harmonia entre os genes para que tudo funcione corretamente.
Em virtude disso, percebemos que, entre as monossomias, a única viável é a do
X. Já em relação às trissomias, temos a trissomia do 13, do 18 e do 21. Para descobrir o
motivo dessas únicas somias serem viáveis, fez-se um experimento que organizou os
genes segundo sua expressão gênica, demonstrando que, literalmente, tamanho não é
documento, pois genes menores, como o 19, apresentaram a terceira maior atividade
gênica. Além disso, descobriu-se com esse teste que quanto maior for a diferença entre
bandas brancas e bandas pretas, maior seria a atividade gênica dos cromossomos. Com
isso, cromossomos que apresentam muitas bandas brancas, como o 1, possuem uma
atividade gênica extremamente alta, enquanto cromossomos com muitas bandas pretas,
como o Y, possuem uma atividade gênica baixa.
Assim, quando pegamos a tabela de atividade gênica, percebemos que os
cromossomos 13, 18 e 21 (os cromossomos envolvidos nas trissomias viáveis) possuem
praticamente as menores atividades gênicas, e é por isso que eles conseguem ser
compatíveis com a vida, pois quanto menor for a atividade gênica de um cromossomo,
maior será a vida de um indivíduo com determinada síndrome.
Síndromes
Síndrome de Down (47, XY, +21) – Trissomia do 21
Quando falamos de síndrome de Down, a causa etiológica mais comum (95%
dos casos) é a não disjunção meiótica (problema durante a meiose) do cromossomo 21
durante a formação dos gametas (47, XY, +21). Isso é possível principalmente no
cromossomo 21 devido a sua capacidade de gerar vida, diferente dos outros
cromossomos (incompatíveis com a vida). Mais abaixo é possível encontrar outras
etiologias responsáveis pela síndrome.
Vale ressaltar que existe uma chance maior da mulher sofrer a não disjunção
meiótica, devido à idade dos seus ovócitos armazenadas (lembre-se que a mulher,
diferente do homem, não produz novos gametas). Assim, quanto maior for a idade da
mulher, maior a chance do surgimento da doença. Já em negros, os traços da síndrome
de Down quase não aparecem, dificultando o diagnóstico. Além disso, devido à
precariedade do nosso sistema, muitas crianças negras que possuem a síndrome não são
diagnosticadas, e assim são tratadas como normais durante a vida toda.
• Características
✓ Face plana, achatada;
✓ Fenda palpebral oblíqua ➔ Olhos mais achatados e alongados, semelhantes
aos olhos orientais. Quando ligamos os dois cantos do olho e traçamos uma
linha, percebemos que as retas formam uma angulação voltada para baixo;
✓ Prega epicântica;
✓ Clinodactilia do 5º dedo ➔ Mindinho torto;
✓ Prega Simiesca/Única ➔ Apresenta apenas uma prega na face palmar,
dificultando os movimentos;
✓ Língua sulcada ➔ Presença de sulcos na língua;
✓ Superfície dentária lisa;
✓ Língua protrusa ➔ Maior que o normal:
o Problemas de respiração; Características sublinhadas são
o Problemas de deglutição; mais específicas para a doença.
o Problemas de dicção (fala).
✓ Dedos curtos (aspecto de mão inchada, gordinha);
✓ Pé curto;
✓ Distância maior entre o 1º e o 2º pododáctilo;
✓ Inserção baixa da orelha (característica geral) ➔ Ao traçar uma linha indo
dos olhos até a região das orelhas percebe-se que essa linha sempre irá de
encontro ao ramo da hélice:
o Má formação da orelha (característica geral).
✓ Problemas visuais;
✓ Hiperprodução de saliva:
o Baba;
o Digere menos amido (menos suscetível à cárie).
✓ Baixa Imunidade:
o Problemas periodontais → Machucados decorrentes da escovação
(deficiência motora) + bactérias.
✓ Padrões irregulares nas digitais;
✓ Baixa estatura;
✓ Problemas cardíacos congênitos;
✓ Obstruções intestinais;
✓ Leucemia;
✓ Retardo mental (com Supergo mal desenvolvido);
o Metódicos;
o Obesidade;
o Compulsivo (principalmente para aquilo que ele não vê);
o Atividade sexual mais nítida → Perigo com pedófilos;
✓ Retardo no desenvolvimento psicomotor;
o Reflexo;
o Estímulos;
o Engatinhar, andar etc.
✓ Hipotonia muscular ao nascimento (quase todas as doenças têm, menos a
síndrome de Edwards).
• Etiologias
O mosaico ocorre em 1-2% dos casos, sendo chamado também de não disjunção
mitótica, pois ocorre na fase de mitose (diferente da não disjunção meiótica). Assim, ele
ocorre quando dois gametas normais se fundem, porém durante a divisão dos gametas
acontece uma divisão anormal, alterada, provocando assim alterações em determinado
grupo de células. É importante frisar que doenças originadas a partir do mosaico
possuem menor nível de expressividade fenotípica, apresentando quadros mais leves.
O -14 significa que está faltando um dos cromossomos nessa posição, enquanto
o + t(14q21q) diz respeito à translocação que surgiu, que é formada pelo braço longo (q)
do cromossomo 14 e pelo braço longo do cromossomo 21.
• Características
✓ Hipertelorismo ➔ Aumento da distância interocular;
✓ Fenda palpebral oblíqua;
✓ Assimetria facial;
✓ Choro fraco ao nascimento ➔ Alteração na laringe:
o Barulho de miado de gato.
✓ Expectativa de 13 anos, em média;
✓ Inserção baixa da orelha:
o Má formação da orelha.
✓ Retardo mental mais acentuado que na síndrome de Down.
Síndrome de Wolf-Hirschhorn (46, XX, -4p)
A síndrome de Wolf-Hirshhorn ocorre por meio de uma deleção do braço curto (ou de
um pedaço dele) no cromossomo 4.
• Características
✓ Assimetria facial acentuada;
✓ Retardado mental ainda mais acentuado;
✓ Assimetria craniana;
✓ Má formação na coluna;
✓ Dentes fundidos;
✓ Microcefalia;
✓ Hipotonia muscular ao nascimento;
✓ Alterações na forma da boca;
✓ Estrabismo;
✓ Queixo pequeno;
✓ Problemas cardíacos congênitos;
✓ Baixa estatura;
✓ Anomalias renais.
Por conta dessa grande quantidade de repetições, a célula tenta anular o gene
para conter essa expressão exacerbada. Com isso, a célula tenta usar fatores
epigenéticos para eliminar os códons. Apesar disso, o alto grau de metilação gerado
pelos fatores epigenéticos, além de eliminar o gene, também vai dificultar a
compactação da região, deixando-a frouxa. É por esse motivo que essa região frouxa é
chamada de região frágil.
• Caracterírsticas
✓ Protuberância na fronte;
✓ Macroorquidismo (Alteração testicular – aumento do testículo);
✓ Alteração comportamental;
✓ Difícil percepção nos (3) primeiros anos de vida;
✓ Aspecto alongado da face;
✓ Orelhas grandes e salientes;
✓ Prognatismo leve;
✓ Causa comum de autismo;
✓ Retardo da linguagem;
✓ Déficit de atenção;
✓ Instabilidade e oscilação de conduta → Reagem a ameaças;
✓ Personalidade retraída;
✓ Mutismo (silêncio);
✓ Repetição de atos sem sentido;
✓ Olhar evasivo;
✓ Onicofagia → Ato de comer unhas;
✓ Hipotonia muscular;
✓ Retardo intelectual;
✓ Convulsões.
Triploidias
Como sabemos, as triploidias são inviáveis, apresentando 3 cromossomos em
cada par. Elas podem ser causadas por uma fertilização múltipla (fecundação por mais
de um espermatozoide), pela não divisão da meiose do ovócito ou até mesmo pelo não
fechamento da zona pelúcida
• Características
✓ Azoospermia ➔ Estéril com produção de esperma;
✓ Extremidades alongadas;
✓ Pouco desenvolvimento da vilosidade pubiana;
✓ Ginecomastia;
✓ Ausência de amadurecimento sexual;
✓ Problemas estruturais (principalmente na coluna);
✓ Retardo mental semelhante à síndrome de Down.
✓
Alterações na Cromatina Sexual
Todo indivíduo que apresentar mais de um cromossomo X, os cromossomos
extras serão compactados, gerando uma cromatina sexual. Com isso, a cromatina
sexual não é apresentada no caso de homens (exceto no caso da síndrome de
Klinefelter), porém aparece em mulheres (exceto na síndrome de Turner).
Existe uma regra que diz que toda vez que houver um X a mais, vai haver um
retardo mental, aumentando conforme a quantidade de cromossomos X. Já no caso do
Y, quanto mais cromossomos Y, maior vai ser o índice de agressividade do indivíduo.
• Características
o Má formação dos ovários ➔ Infertilidade;
o Estatura maior que a média;
o Retardo mental acentuado;
o Comprometimento da fala.
• Características
✓ Distração e hiperatividade;
✓ Comportamento agressivo;
✓ QI baixo ➔ Aprende se quiser;
✓ Hipospádia ➔ Abertura da uretra abaixo do normal;
✓ Criptorquidia ➔ Testículo não desce, ou seja, fica na cavidade abdominal;
✓ Estatura maior que a média.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Cariótipo Sexo Cromatina Retardo Agressividade
Sexual Mental
48, XXXX
48, XXXY
48, XXYY
47, XXY
46, XYY
46, XX
46, XY
45, X
RESPOSTA
Cromatina Retardo
Cariótipo Sexo Agressividade
Sexual Mental
Presente
48, XXXX Feminino Presente Ausente
(severo)
48, XXXY Masculino Presente Presente Ausente
48, XXYY Masculino Presente Presente Presente
47, XXY Masculino Presente Presente Ausente
46, XYY Masculino Ausente Ausente Presente
46, XX Feminino Presente Ausente Ausente
46, XY Masculino Ausente Ausente Ausente
45, X Feminino Ausente Presente (leve) Ausente
Desenvolvimento Sexual Normal e Anômalo
Percebe que eles estão assumindo uma forma de cruz? É isso mesmo. E os centrômeros não ficam todos juntos alinhados,
pois os cromossomos possuem tamanhos diferentes, então o alinhamento vai se dar pelos telômeros. Os telômeros dos
cromossomos vão ficar sempre um do lado do outro, entende?
Esse tipo de translocação só ocorre entre cromossomos acrocêntricos (13, 14, 15, 21, 22), sendo mais comum entre o 13 e
o 14 e entre o 14 e o 21. Nessa translocação, dois cromossomos acrocêntricos vão perder os seus braços curtos (braços
p) e vão fusionar os seus braços longos (braços q). Para descrever o cariótipo de um indivíduo com translocação
Robertsoniana fazemos:
Os braços p só possuem região organizadora de nucléolo e satélites, então não há perda significativa. Porém o problema
para formar os gametas é que é grande.
Primeiramente nós temos o portador da translocação Robertsoniana (vamos chamar só de translocação daqui pra frente
tá?) e sua célula 2n. Seus cromossomos vão se duplicar para realizar a meiose I (como mostra ali acima os cromossomos
pareados).
Há então três possibilidades de meiose I:
Meiose A – uma das células-filha fica com os dois cromossomos normais e a outra célula-filha fica só com o
translocado.
Meiose B – uma célula-filha fica com o 14 normal e a outra fica com o 21 normal e o translocado.
Meiose C – uma célula filha fica só com o 21 normal e a outra fica com o 14 normal e o translocado.
Dando continuidade à meiose, ocorrerá a meiose II, que vai dar origem aos seguintes tipos de gametas:
Agora, para saber quais as possibilidades de descendentes podem ser geradas, supomos um cruzamento entre esse
portados da translocação e um indivíduo normal.
Normal + A1 (cinza) – é gerado um indivíduo normal, sem portar a translocação
Normal + A2 (laranja) – forma um indivíduo saudável, porém portador da translocação
Normal + B.1 (vinho) – gera um descendente inviável, pois apresenta monossomia do 21
Normal + B.2 (amarelo) – forma um descendente com trissomias do 21 (Down)
Normal + C.1 (azul) – gera um indivíduo inviável, com monossomia do 14
Normal + C.2 (azul e roxo) – resultado incompatível com a vida, pois há uma trissomia no 14.
Basicamente é isso :D
Mutação (Alterações Genéticas Moleculares)
A mutação é a fonte de variabilidade genética, sendo a principal responsável pela
sobrevivência, adaptação e evolução das diversas espécies existentes. Além disso, quando
falamos de mutações, percebemos que existem diversos tipos de mutações, variando
conforme o mecanismo de causa da mutação etc.
Definições
• Mutação: Qualquer alteração, em diferentes níveis, que ocorra no material
genético e que seja passado para a geração seguinte (de indivíduos, células etc.),
ou seja, é toda aquela alteração que permanece no indivíduo;
• Mutação Gênica ou Mutação de Ponto: Alterações moleculares, modificação
de uma ou poucas bases nitrogenadas. Diferente das mutações já estudadas
(cromossômicas), essas mutações de ponto são mais específicas, não deixando
aspectos sindrômicos (várias características associadas a uma patologia);
• Índice de Mutação Espontânea: Indica quantos erros ocorrem durante a
replicação de bases (1 a cada 3 bilhões de bases).
• Quanto a Localização
✓ Somáticas: É um tipo de mutação que pode ocorrer em qualquer célula do
corpo, permanecendo naquele local/indivíduo, sem passar por gerações;
✓ Germinativas: É uma mutação que acomete as células germinativas, passando
através de gerações.
Doenças
• Doença de Gaucher (Gene BGA1 – 1q21)
Doença recessiva causada por um defeito no gene BGA, responsável pela enzima
glicocerebrosidase (degrada glicocerebrosídeos – um lipídio). Assim, ocorre um erro de
metabolismo devido à ausência dessa enzima, alterando a função da atividade dos
lisossomos e afetando a atividade dos macrófagos na medula óssea, fígado e baço
(hepatoesplenomegalia). Além disso, ocorrem mais de 300 mutações, dos mais variados
tipos (sentido trocado, sem sentido, inserções etc.).
• Anemia Falciforme (Drepanocitose)
A anemia falciforme é uma doença hereditária recessiva que causa a modificação
das hemácias. As pessoas com essa doença herdam genes para um tipo de hemoglobina
(hemoglobina S.), que quando submetida à hipóxia, deforma-se, tornando a hemácia
rígida e com aparência de foice (falciforme).
Sua causa é a substituição de um nucleotídeo por outro (timina por adenina,
transversão) no cromossomo 11, codificando o ácido valina ao invés do ácido glutâmico.
Além disso, sabe-se que essa doença atinge principalmente a população negra, mas
também pode afetar brancos.
Agentes Mutagênicos
Qualquer situação ambiental, produto químico ou físico etc., que consiga provocar
alterações no DNA
• Físicos: Radiação UV, radiação ionizante, raios X, raios G e raios cósmicos,
temperatura etc.;
• Químicos: Análogos de bases, agentes alquilantes, metilações, agentes
intercalantes, agentes clastogênicos etc.;
• Biológicos: Vírus, elementos transponíveis etc.
Genotoxicidade
É a promoção de danos ao material genético, podendo ser de vários tipos.
• Dímeros de Timina
São induzidos pela radiação UV. Esses dímeros são encontrados um ao lado do
outro, realizando pontes de hidrogênio com suas bases opostas correspondentes. A
radiação, ao atingir essas bases, provoca a perda das pontes de hidrogênio entre as bases
opostas. Isso não causa danos nessa célula, mas durante sua replicação, as novas bases
que irão se ligar à timina, por exemplo, não irão ser reconhecidas, podendo ser de outros
tipos de bases.
Ex.:
ACG CTG GTA ATT
TGC GAC CAT TAA
1ª Replicação
ACG CTG GTA ATT TGC GAC CAT TAA
TGC GAC CAT TCG ACG CTG GTA ATT
• Adutos de DNA
São moléculas orgânicas que vão possuir afinidade com alguma das extremidades
do DNA, “abraçando” a fita e impedindo a formação das pontes de hidrogênio. Assim,
pode ocorrer o pareamento de bases que não formariam pares naturalmente.
• Agentes Intercalantes
São 3 anéis semelhantes a um par de bases, entrando no meio dos pares de bases
e enrijecendo a fita de DNA. Uma vez mais duro, o DNA pode sofrer quebras. Além
disso, os agentes intercalantes ativam desnecessariamente o sistema de reparo de DNA,
que vai corrigir uma porção correta, deixando-a incorreta.
• Erros de Pareamento
É quando uma citocina pareia com uma adenina, ou seja, ocorre um pareamento
errado de bases nitrogenadas.
• Análogos de Base
São estruturas semelhantes às bases nitrogenadas, podendo entrar no lugar delas
na fita. Contudo, eles são extremamente instáveis, mudando facilmente sua conformação.
Assim, por exemplo, eles podem gerar várias pontes de hidrogênio em diferentes locais,
ligando-se a diferentes bases.
• Mudanças Tautoméricas
São alterações na estrutura química das bases, como uma alteração nas ligações
entre os elementos químicos (moléculas) das bases nitrogenadas, mudando seu sentido e
sua capacidade de ligação com outras bases.
• Agentes Alquilantes
Adição de grupos químicos às bases nitrogenadas, como radicais, fazendo com
que a base perca sua capacidade de se ligar com seu par.
Mecanismo de Reparo
1. Detecção dos erros na fita do DNA por enzimas;
2. Sinalização da enzima para proteínas;
3. Excisão (corte) da região do dano (uma região maior do que o dano causado);
4. Complementação do espaço retirado da fita pelas DNA-polimerase e ligase.
Doenças
• Xeroderma Pigmentoso
É uma doença genética de característica recessiva em que a mutação do gene
acontece no gene que conserta o DNA, mais especificamente aqueles que identificam
dímeros de timina. O indivíduo portador dessa doença nasce normal, mas manchas
começam a surgir em regiões expostas à luz solar. Ao ser exposto à luz solar, o indivíduo
é acometido pela formação de dímeros de timina. O XPA e o XPG, que deveriam corrigir
esses erros, estão mutantes, impedindo assim que ocorra o correto conserto do erro
genético.
✓ Genes envolvidos: XPA (9q22.3) e XPG;
✓ Tratamento: Diagnóstico precoce, evitar exposição à radiação, medicação
contínua e uso de máscaras de acrílico.
• Síndrome de Cockayne
É uma doença de herança autossômica recessiva em que a mutação ocorre no gene
que codifica a polimerase de reparo, envolvida na correção de todas as mutações. Assim,
todos os danos causados no gene serão acumulados, não podendo ser consertados. Desse
modo, um indivíduo com essa síndrome apresenta baixo crescimento, pouca musculatura,
retardo mental, fraqueza óssea, expectativa de vida curta (20 anos) etc.
✓ Genes envolvidos: CSA e CSB (cromossomo 5);
✓ Tratamento: Diagnóstico precoce, evitar exposição à radiação, medicação
contínua e uso de máscaras de acrílico.
Mecanismos de Herança de Doenças e Características
Genéticas Humanas
Os mecanismos de herança são formas que combinamos nossas características
para gerar descendentes.
Definições
Penetrância Incompleta: Vamos supor que, de 9 indivíduos, 6 apresentam o alelo
estudado. Contudo, desses 6, apenas 3 expressam a características, caracterizando uma
penetrância incompleta.
Penetrância Total: Agora vamos supor que, de 9 indivíduos, 6 apresentam o alelo
estudado. Contudo, desses 6, todos eles expressam a característica, caracterizando uma
penetrância completa.
Expressividade Variável/Variada: A expressividade variável é uma característica que
faz com que o modo como a característica se expresse possa mudar de indivíduo para
indivíduo.
Letais Recessivos: Não são encontrados indivíduos homozigotos recessivos na
população. Assim, não há diferença fenotípica para essa característica, ocorrendo apenas
a redução da fertilidade em casais heterozigotos, sendo mais comum em cruzamentos
consanguíneos.
Características Autossômicas
Heranças Autossômicas Recessivas
São características recessivas que só aparecem quando existem dois alelos
recessivos pareados, e podem ser mascarados por alelos dominantes. Além disso, esse
tipo de herança costuma ser mais recorrente em cruzamentos consanguíneos, pois os
indivíduos possuem genes semelhantes.
• Premissas
✓ A maioria dos afetados são filhos de pais normais, pois como a característica é
rara na população, dificilmente ela irá ocorrer. Além disso, normalmente a
patologia provoca redução da fertilidade, tornando-a ainda mais rara;
✓ Frequência esperada de ¼ dos descendentes afetados;
✓ Homens e mulheres tem a mesma possibilidade de serem afetados, visto que os
genes/alelos afetados são autossômicos, e não sexuais;
✓ Pessoas afetadas que têm relações com pessoas normais tendem a ter filhos
normais (mais probabilidade do parental normal ser heterozigoto);
✓ Alelos mais raros na população se manifestam com maior frequência em
cruzamentos consanguíneos;
✓ “Pais iguais, filhos diferentes”.
Ao pegarmos um gene, tanto o cromossomo paterno, quanto materno vão produzir
um mRNA. Vamos considerar que o gene paterno tenha alguma alteração. O mRNA sai,
vai para o citoplasma e é lido e produzido pelo ribossomo, gerando uma sequência
polipeptídica. Imagine agora que um desses aminoácidos da sequência polipeptídica
paterna está alterado e não forma pontes dissulfeto. Sem essas pontes, a sequência
polipeptídica adquire outro tipo de conformação, diferente daquela herdada pela mãe.
Assim, a proteína paterna não irá ser funcional, mas a materna sim. Uma vez que pelo
menos um dos lados funcione, nenhum problema existirá, definindo um indivíduo com
herança de caráter recessivo. Dessa forma, muitas das doenças recessivas são associadas
a proteínas, principalmente as enzimas.
• Polidactilia
É uma característica autossômica dominante, com expressividade variável, ou
seja, a característica pode se expressar em níveis diferentes, abrangendo um ou dois dedos
ou até mesmo a mão toda. A expressividade variável é influenciada por fatores associados
ao DNA, pelos fatores epigenéticos (característica que o ambiente imprime no DNA que
determina que os genes podem se ligados ou desligados) e pelos fatores ambientais
propriamente ditos. Quando um parental tem o gene dessa doença e o filho não nasce com
ela, significa que o filho é um homozigoto recessivo.
• Surdez Hereditária
Existem várias causas de surdez. A principal delas (80% dos casos) decorre de
mutações de caráter autossômico recessivo, mas cerca de 10-20% podem vir de uma
herança autossômica dominante.
No caso da surdez, é necessário que pelo menos uma proteína abaixo esteja
ausente:
Conexina 26 – Gene GJB2 ➔ Chamada de A no exemplo abaixo;
Conexina 30 – gene GJB6 ➔ Chamada de B no exemplo abaixo
Assim, um indivíduo normal possui as duas proteínas, enquanto um surdo pode
possuir a ausência de uma ou de ambas. A essa característica, dá-se o nome de epistasia,
na qual são necessários dois genes funcionais, ou seja, tem que existir um alelo dominante
tanto em um quanto outro, de modo a mascarar o gene defeituoso (no caso das doenças
recessivas).
Desse modo, ao pegarmos um casal de surdos, por exemplo, um deles pode ser
aaBB, enquanto o outro pode ser AAbb. Se o filho deles for AaBB, AABb, AaBb ou
AABB, ele possuirá a audição em perfeito estado, pois ambas as proteínas estarão
presentes.
Heranças Ligadas ao Sexo
Diferente das heranças autossômicas, ou seja, aquelas que afetam os cromossomos
que possuem um par (um homólogo), as heranças ligadas ao sexo não possuem, em
homens, genes homólogos.
O cromossomo X possui majoritariamente genes estruturais. Já o cromossomo Y
apresenta características masculinizantes, devido à presença do gene SRY. Devido a sua
impossibilidade de formar um par, grande parte do cromossomo Y jamais irá se
recombinar, visto que só existe uma pequena porção de homologia entre o cromossomo
Y e X, chamada de região pseudoautossômica ou região homológica do cromossomo X e
Y.
Assim, existem 4 tipos de herança ligadas ao sexo.
✓ Herança ligada ao sexo (X): Genes localizados na porção não homóloga do
cromossomo X;
✓ Já a herança restrita ao sexo (Y): É uma herança derivada de genes ligados
na porção não homóloga do Y;
✓ Herança Pseudoautossômica: Região de homologia entre X e Y;
✓ Herança Influenciada pelo Sexo: São heranças influenciadas pela dosagem
de testosterona. Contudo, elas são autossômicas, mas sofrem influência dos
cromossomos sexuais.
• Daltonismo
Existem vários tipos de daltonismo:
✓ Deuteranopia/Deuteranomalia (Xq28 – OPN1LW): “Enxerga” o vermelho
e o verde. Confunde o amarelo e o laranja;
✓ Protanopia/Protanomalia (Xq28 – OPN1MW): “Enxerga” o vermelho e o
verde. Confunde o amarelo e o verde;
✓ Tritanopia/Tritanomalia (7q32.1): “Enxerga” o azul e o amarelo
(autossômico dominante). Confunde o roxo e o azul;
✓ Total Color Blindness: O indivíduo só enxerga diferença entre o claro e o
escuro, como se fosse um filme em preto e branco ou escala de cinza;
✓ Outros.
“Um homem daltônico cruzando com uma mulher normal não terá filhos daltônicos”
“Um homem daltônico para ter uma filha daltônica precisa cruzar com uma mulher
portadora”
“Um homem normal para ter um filho daltônico precisa apenas de uma mulher
portadora/daltônica”
• Distrofia Muscular
✓ Distrofia Muscular de Duchene (DMD – Xp21.2)
A distrofia muscular de Duchene provoca a perda da massa muscular, sendo
provocada por alterações diversas no gene (deleção, inserção e substituição),
influenciando nas proteínas transmembrânicas de fixação do citoesqueleto (actina). Na
distrofia muscular de Duchene, que afeta somente homens, a criança nasce normal e, com
o tempo, começa a perder os movimentos. A primeira manifestação é na marcha, que
começa a apresentar deficiências de coordenação motora. Nela, a criança passa a andar
na ponta dos pés, realizando a protrusão do abdômen e jogando os braços para trás, de
modo a equilibrar.
✓ Distrofia Muscular de Becker (DMB)
Pessoas que apresentam essa doença possuem um caráter benigno, possuindo
alterações principalmente na marcha. Indivíduos com essa doença chegam à idade adulta
com incapacidade física moderada, não chegando a morrer. Assim como a DMD, esse
tipo de distrofia só afeta homens.
✓ Distrofia Muscular de Steinert (DMS) – Gene DMPK – 19q13.3
A distrofia muscular de Steinert, ou Distrofia Miotônica-Proteíno Kinase
(DMPK), é uma doença de herança autossômica dominante com penetrância
incompleta e expressividade variável. Ela é causada por repetições de trinca CTG na
porção terminal do gene, quando estas ultrapassam 50 repetições (entre 5-30 o indivíduo
é considerado normal).
Normalmente, usa-se um teste molecular para confirmação do diagnóstico clínico
e a identificação de portadores assintomáticos na família.
• Adrenoleucodistrofia – Doença de Lorenzo
É uma doença genética hereditária recessiva que afeta as fibras nervosas e suas
bainhas de mielina, bem como as glândulas adrenais (suprarrenais). Assim, indivíduos
com essa doença perdem a capacidade de realizar movimentos, falar e se alimentar, além
de problemas de visão, como o estrabismo.
Herança Pseudo-autossômica
Nas regiões de homologia do cromossomo Y existe uma quantidade pequena de
genes que estão no cromossomo sexual, mas que se encontram na região de homologia
do cromossomo Y com o X.
• Discondrosteose
Tipo de característica que está no cromossomo sexual, tanto o Y quanto o X, mas
está na região de homologia. Ela é caracterizada por uma baixa estatura e pela
desproporção de membros da extremidade em relação ao corpo, podendo acontecer tanto
em homens quanto em mulheres.
Herança Quantitativa
Herança quantitativa é aquela que possui
um amplo espectro de variação fenotípica,
mudando conforme a expressão de um alelo.
Assim, cada alelo dominante tem um efeito
aditivo no fenótipo, ou seja, quanto mais alelos
dominantes, maior a expressão fenotípica.
Com isso, a proporção fenotípica por
classe segue o modelo do triângulo de Pascal.
Grupos Sanguíneos
O grupo sanguíneo é determinado por fatores (sequências de açúcares com
pequenas variações) expressados na membrana das hemácias. Esses tipos sanguíneos
tiveram origens a partir de mutações nas enzimas que produzem os açúcares de
membrana.
A tipagem sanguínea é feita a partir de soro (com anticorpo), que pode encontrar
um antígeno e coagular. Existem dois tipos de soro: o anti-A (Azul) e o anti-B (amarelo).
Existem dois componentes no teste sanguíneo: ABO e Rh. O ABO é a tipagem
sanguínea, definida por grupos A, B, AB e O. Esses grupos podem ser definidos por IA,
IB, i. Já o fator Rh é um outro tipo, que pode ser negativo ou positivo, sendo definido por
“D” ou “d”.
No componente ABO, cada tipo de hemácia tem um tipo de sequência de açúcares
que a diferencia dos demais. Assim, hemácias tipo A apresentam uma galactosamina,
enquanto o tipo B apresenta uma galactose. Já o tipo AB possui tanto a galactosamina,
quanto a galactose, e o tipo O não possui nenhum desses tipos.
Com isso, percebemos que existem diversos alelos para um gene, fenômeno
chamado de alelos múltiplos. Nesse fenômeno ocorre a presença de vários alelos de um
gene para uma população, ou seja, apesar de cada indivíduo possuir apenas 2 alelos por
gene, existe uma grande gama de alelos disponíveis na população.
• Efeito Bombain (Falso “O”)
Ademais, existe uma rara exceção chamada de falso “O” (ou efeito Bombain). O
falso “O” é determinado por um fator precursor do fator ABO (expressado por um alelo
precursor H). Se você não tiver esse alelo precursor dominante, obrigatoriamente você é
do tipo “O”. Assim, o falso “O” é determinado principalmente pelos alelos “H” e “h”.
Para entender melhor, vamos supor que um pai do tipo “O”, ao cruzar com uma
mãe tipo “A”, tem uma filha do tipo “B”. Isso pode ser explicado se o pai possuir um
alelo “IB”, não possuindo o alelo precursor “H”, ou seja, ele é “IB” “hh”, pois uma vez
que ele possui um alelo para o tipo “B”, ele seria desse tipo sanguíneo. Já a mãe
provavelmente é “IA”. Para que a filha do tipo “B” expresse esse fenótipo, é necessário
que ela tenha herdado o “IB” do pai, porém ela não pode ter herdado dois “h”, pois, do
contrário, ela expressaria um fenótipo do tipo “O”, igual ao pai. Assim, isso significa que
o pai, que possuía “hh”, doou um dos “h” para a filha, enquanto a mãe provavelmente
doou um “H”, visto que dois “h” provocariam a não expressão do fator ABO, e ela seria
“O”. Contudo, uma vez que a filha seja do tipo “B”, então ela possui um “h” do pai e um
“H” da mãe, para expressar o fator ABO. Já o tipo sanguíneo foi herdado do pai “I B”,
enquanto a mãe doou o “i”, fazendo com que a filha fosse do tipo “B”.
Dessa forma, o pai, que era para ser do tipo “B”, é “O”, ou seja, ele é um falso
“O”, graças à existência de dois “h”. Para facilitar o estudo do falso “O”, use o
heredograma.
Quando colocamos o anti-A ou anti-B na amostra de sangue de um indivíduo falso
“O”, ela não aglutina.
• Fator Rh
O fator Rh só possui dois alelos: “D” (Rh+) e “d” (Rh-). O soro para verificar o
fator Rh é chamada de anti-D. Se o anti-D achar um antígeno, então o indivíduo é Rh +.
Do contrário, ele é Rh-. Indivíduos Rh+ só podem doar e receber de Rh+, a mesma regra
se aplica para indivíduos Rh-.
Herança Mitocondrial
São características herdadas tanto por homens, quanto por mulheres, mas apenas
a mãe transmite (lembrar da origem e evolução mitocondrial – organismos independentes
englobados por células, que adquiriram uma relação simbiótica). Além disso, as
mitocôndrias paternas ficam na cauda do espermatozoide, que não adentram o ovócito.
A herança mitocondrial não segue padrões mendelianos, ou seja, nem sempre a
mitocôndria mais apta será aquela que passará para a geração futura, pois as doenças
geradas pela herança mitocondrial dependem da quantidade de mitocôndrias defeituosas
herdadas.
✓ Causada por mutações no mDNA;
✓ Heteroplasmia;
✓ Replicação autônoma no citoplasma;
✓ Segregação independente de proporções mutantes com influência no
fenótipo.
• Neuropatia Óptica Hereditária de Leber (LHON)
✓ Mutação no gene ND4 → Reduz a produção de ATP
Transição A ➔ G (50% dos casos);
Transição G ➔ A;
Transição T ➔ C;
✓ Características Clínicas:
Degeneração progressiva do nervo óptico;
Pseudoedema do disco óptico;
Tortuosidade vascular;
Manifestação por volta dos 20 anos de idade (depende das mitocôndrias
herdadas).
Farmacogenética
Definições e Conceitos
• Farmacogenética: Estudo das reações a drogas geneticamente condicionadas, ou
seja, um medicamento que pode ter um efeito ou outro dependendo da condição
genética, etnia etc. de um indivíduo.
Em contrapartida, percebemos que a prescrição das doses, mundialmente, é
realizada com base no peso do indivíduo ➔ Padronização dos fatores não genéticos.
• Plasticidade Fenotípica: Associado com fenômenos semelhantes à
dessensibilização, ou seja, após o uso prolongado ou acentuado de determinada
substância, o organismo promove adaptações a ela, reduzindo seus efeitos.
Atuação do Medicamento
Baseando-se na curva de Gauss,
existem 3 níveis diferentes: efeito
ineficiente (quantidade insuficiente da
droga), efeito ótimo (quantidade certa da Insuficiente
droga) e efeito tóxico (quantidade muito
grande da droga). Assim, existem vários Excesso
indivíduos distribuídos entre esses níveis,
porém o fármaco objetiva atingir a
mediana dessa curva, ou seja, o máximo
de indivíduos possíveis para um efeito
ótimo.
Tipos de Indivíduos
Existem 3 tipos de indivíduos:
• Caso Clínico
✓ Succinilcolina (suxametônio): Relaxante muscular e anestésico para
eletrochoques.
Administrou-se 50mg a um paciente para intubação da traqueia durante cirurgia
abdominal. Após isso, observou-se uma reação anormal: apneia por 1 hora + paralização
muscular, ou seja, o paciente possuía fenótipo atípico.
Deficiência em α-1-antitripisina
Degradação de proteínas de células lesionadas por proteases. A α-1-antitripisina
impede essa degradação das células normais, sendo localizada no locus PI (protease
inhibitor) com cerca de 30 alelos.
A PI*Z, quando em homozigose, predispõe o indivíduo à enfisema pulmonar
(fumantes) e à cirrose hepática, devido à lesão e degradação das células.
• Drogas;
• Substâncias tóxicas;
• Agentes teratogênicos;
• Agentes mutagênicos;
• Agentes carcinogênicos.
Farmacogenômica
A farmacogenômica vai além da farmacogenética, realizando a caracterização
genotípica de um indivíduo para produzir medicamentos personalizados, ou seja,
adaptados para determinado indivíduo.
Erros Inatos de Metabolismo
Mapa de Vias Metabólicas Usado nas Doenças Descritas nesse Resumo
Fenilalanina
Fenilalanina Tirosina
Hidroxilase
p-
Tirosina Ácido p-
hidroxifenilpiruvico
Transaminase hidroxifenilpirúvico
oxidase
Ácido Ácido
Homogentinase
homogentísico maleilacetoacético
Ácido fumárico ou
CO2 + H2O
Ácido acetoacético
A Enzima A B Enzima B C
Ácido
Tirosina
Fenilacético
Galactosemia
Galactose-1-
Galactose-1-
Galactose Galactocinase fosfato-uridil-
fosfato
transferase
Hemoglobinopatias
• Mutações na Região Estrutural do Gene
✓ Hemoglobina S – Anemia Falciforme
Ocorre uma substituição (por transversão) do ácido glutâmico por valina (troca de
timina por adenina), fazendo com que a célula apresente defeitos em sua morfologia.
Esses defeitos fazem com que as hemoglobinas não consigam realizar um eficiente
transporte de oxigênio, além de gerarem um fluxo de sangue mais turbulento.
• Mutações na Região Reguladora do Gene
✓ Talassemias
Existem dois tipos de talassemia: talassemia α e talassemia β. A talassemia é a
deficiência na proporção de subunidades alfa e beta, fazendo com que as hemácias fiquem
impossibilidades de formar a estrutura quaternária, visto que elas formam pares.
O primeiro problema é que não irão ser geradas um número suficiente de
hemoglobina para o transporte de oxigênio
O segundo problema é a deposição dessas subunidades em excesso sobre a
superfície celular, prejudicando o processo de transporte.
• Mutações nos Genes que Vão Sintetizar o Grupo Heme e o Anel Porfírico
A via metabólica da molécula de porfirina e do grupo heme possui vários
processos mediados por enzimas, fazendo com que um defeito em alguma delas possa
acarretar em um mau funcionamento da hemoglobina. Vale ressaltar que os genes para
essas enzimas são de origem mitocondrial.
• Hemoglobinopatias Não-Hereditárias
“Não importa pra gente”
Diagnóstico Molecular
Existem mutações moleculares que ocorrem nos cromossomos que não pode ser
vista por meio do cariótipo. Dessa forma, faz-se necessário o uso de outras técnicas para
identificar a mutação. Para isso, são utilizadas ferramentas moleculares para identificar a
mutação.
Ferramentas Moleculares
• Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
De modo a observar as mutações moleculares no DNA, amplifica-se o gene a ser
estudado e se realizam cópias. Para isso, são utilizados os primers, associados à DNA-
Polimerase, que vai alongar a fita a partir do prime. Isso ocorre várias e várias vezes, em
uma sequência exponencial, gerando a reação em cadeira da polimerase (PCR). Esse
processo é feito juntamente à alternância de temperatura com o uso de um termociclador,
no qual cada temperatura vai auxiliar e induzir determinado processo da replicação do
gene do DNA.
✓ 25ºC ➔ Fitas juntas
✓ 95ºC ➔ Separação da fita dupla
✓ 55-70ºC ➔ Ação dos primers
✓ 72ºC ➔ Ação da DNA polimerase
Desse modo, coloca-se a amostra do DNA, junto de nucleotídeos, primer e
polimerase dentro do termociclador. O aparelho realizará o trabalho sozinho, gerando o
material amplificado. Posteriormente, coleta-se o material, submetendo-o em duas formas
de análise:
✓ Análise Quantitativa
Pega-se o material amplificado e o coloca em um espectrofotômetro, um espectro de
luz que passa por um tubo, desviando a luz para determinado ângulo dependendo da
concentração das moléculas dentro da solução. Assim, pela contagem das moléculas, é
possível saber se a doença está progredindo, regredindo ou sem alterações.
✓ Análise Qualitativa
Coloca-se o material amplificado em uma máquina de eletroforese, que vai analisar
o material, permitindo a distinção das moléculas em seu interior. Por meio dessa análise
é possível saber o tipo de patógeno que está no indivíduo, bem como suas possíveis
predisposições, como para o câncer.
• Enzimas de Restrição e a Eletroforese
Sabendo que o DNA tem cargas negativas, é possível utilizar a eletroforese para
realizar sua separação. Assim, coloca-se a amostra em um ponto da placa com gel.
Quando ligamos a máquina, as moléculas são deslocadas para o polo oposto à sua carga,
sendo que as moléculas mais pesadas vão ficando pelo caminho. Isso pode ser usado, por
exemplo, com o uso das enzimas de restrição, que conseguem identificar sequências
especificas dentro do gene amplificado, realizando um corte exatamente na sequência a
ser estudada. Contudo, caso tenha alguma mutação, ela não irá cortar a região, pois não
conseguirá identificar a sequência. Assim, ao submeter a amostra à eletroforese,
conseguimos verificar se houve ou não o corte na região.
✓ Testes de Paternidade e Investigação de Violência Sexual
Os testes de paternidade usam regiões sem genes encontradas na extremidade dos
cromossomos, que são regiões repetitivas extremamente variáveis entre indivíduos sem
um vínculo familiar. Apesar disso, os testes de paternidade têm que ser feitos com vários
marcadores, pois existem regiões relativamente comuns entre indivíduos. Assim, quando
comparamos as bandas do filho com os pais, todas as bandas encontradas no filho têm
que existir ou no pai, ou na mãe.
O mesmo pode ser feito em casos de investigação de violência sexual, onde
compara-se as bandas do material coletado com os suspeitos da agressão. Basta uma
banda diferente entre o material coletado e um suspeito para eliminá-lo como suspeito.
✓ Perguntas Passíveis de Surgir na Prova: