Você está na página 1de 9

Ácidos Nucleicos: Estrutura e função.

O DNA (ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido ribonucleico) são os dois principais


tipos de ácidos nucleicos. Os monômeros que compõem os ácidos nucléicos são chamados de
nucleotídeos. Um nucleotídeo individual consiste em três partes unidas entre si de forma
covalente: uma base nitrogenada, um açúcar e um resíduo de acido fosfórico. A ordem das
bases nos ácidos nucleicos do DNA contém as informações necessárias para produzir a
sequência correta de aminoácidos nas proteínas da célula.

As bases de ácido nucleico (também chamados de nucleobases) são de dois tipos:


pirimidínicas e purínicas. Estas bases são compostos aromáticos nitrogenados de um ou dois
anéis. É comum ocorrerem três bases pirimidínicas (compostos de um anel): Citosina, timina e
uracila. A citosina é encontrada tanto no RNA quanto no DNA. A uracila ocorre apenas no RNA.
No DNA a uracila é substituída pela timina; em poucos casos, a timina também é encontrada
em algumas formas de RNA. As bases purínicas comuns (compostos aromáticos de dois anéis)
são a adenina e a guanina, e ambas ocorrem no DNA e RNA. Além dessas cinco bases comuns,
há bases “incomuns” (em muitos casos a modificação é metilação), com estruturas um pouco
diferentes encontradas principalmente, não exclusivamente, em RNAs transportadores.

Nucleosídeo é um composto que consiste em uma base e um açúcar ligados de forma


covalente. Ele difere do nucleotídeo, pois não contem um grupo fosfato em sua estrutura. Em
um nucleosideo, a base forma uma ligação glicosídica com o açúcar. Quando o açúcar é uma β-
D-ribose (hidroxila na posição 2), o composto resultante é um ribonucleosídeo; quando o
açúcar é β-D-desoxirribose (hidrogênio na posição 2), o composto resultante é um
desoxirribunucleotídeo. A ligação glicosídica é feita pelo carbono C`1 do açúcar (os carbonos
do açúcar são numerados com aspas para evitar confusão com os carbonos das bases) ao
nitrogênio N-1 das pirimidinas ou ao nitrogênio N-9 das purinas. Nos dois casos o açúcar está
ligado a um nitrogênio (ligação N-glicosídica).

Quando o ácido fosfórico é esterificado com um dos grupos hidroxila da porção de


açúcar de um nucleosídeo, forma-se um nucleotídeo. Este recebe o nome do nucleosídeo do
qual é derivado, acrescido do prefixo monofosfato de. A posição do éster fosfato é especificada
pelo número do átomo de carbono no grupo hidroxila para os quais é esterificado – por
exemplo: 3`-monofosfato de adenosina ou 5´-monofosfato de desoxicitidina. Os nucleotídeos 5
´são encontrados com mais frequência na natureza. Se grupos adicionais de fosfato formam
ligações de anidrido com o primeiro fosfato, são gerados nucleosídeos difosfatados e
trifosfatados correspondentes.

A polimerização dos nucleotídeos da origem a ácidos nucleicos. A ligação entre


monômeros em ácidos nucleicos envolve a formação de duas ligações éster pelo ácido
fosfórico. Os grupos hidroxila para os quais o ácido fosfórico é esterificado são aqueles ligados
aos carbonos 3´e 5´ de resíduos adjacentes. A ligação repetida resultante é uma ligação 3´, 5-
fosfodiéster. Os resíduos de nucleotídeo dos ácidos nucleicos são numerados a partir da
extremidade 5´, que normalmente carrega um grupo fosfato, até a extremidade 3´, que em
geral possui um grupo hidroxila livre.

A característica mais importante da estrutura dos ácidos nucleicos é a identidade das


bases e é possível escrever formas abreviadas da estrutura para transmitir essa informação
essencial (A, G, C, U, T). Uma porção de uma cadeia de DNA difere da cadeia de RNA descrita
apenas pelo fato de que o açúcar é 2´desoxirribose, em vez de ribose; na notação abreviada é
usualmente utilizado um “d” para designar um desoxirribonucleotídeo (p.ex.: dG)
A determinação da estrutura de dupla-hélice baseou-se primeiro na construção de um
modelo e em padrões de difração de raios X. As informações de padrões de raios X foram
acrescentadas às das análises químicas, que demostraram que a quantidade de A era a mesma
de T, e que a quantidade de G era igual a de C. isto é conhecido como a regra de Chargaff. As
duas linhas de evidencias foram usadas para concluir que o DNA consiste em duas cadeias de
polinucleotídeos enroladas uma na outra para formar uma hélice. Ligações de hidrogênio entre
as bases em cadeias opostas determinam o alinhamento da hélice, com os pares de bases
posicionados em planos perpendiculares ao eixo da hélice. O esqueleto açúcar-fosfato á a
parte externa da hélice. As cadeias estendem-se em direções antiparalelas, uma de 3´para 5´e
outra de 5´para 3´.

O pareamento das bases é complementar, a adenina pareia com a timina e a guanina


com a citosina. Este pareamento complementar ocorre ao longo de toda a dupla-hélice de
DNA, portanto, as duas cadeias são chamadas de fitas-complementares. Um par de bases de
adenina-timina (A-T) tem duas ligações de hidrogênio entre as bases; um par de base entre
guanina e citosina (G-C) tem três. A distância entre os pontos de ligação das bases das duas
fitas dedo esqueleto açúcar-fosfato é o mesmo para os dois tipos de pares de bases (A-T e G-
C), o que possibilita uma dupla-hélice com um esqueleto regular sem protuberâncias
evidentes. O diâmetro externo da hélice é de 20 Å. A extensão de uma volta completa da
hélice ao longo do seu eixo é de 34 Å e contem 10 pares de bases. Há um grande sulco
principal e um pequeno sulco secundário na dupla-hélice; ambos podem ser sítios onde
medicamentos e polipeptídios se ligam ao DNA. Em pH fisiológico neutro, cada grupo fosfato
do esqueleto carrega uma carga negativa. Íons com carga positiva, como Na+ ou Mg2+, e
polipeptídios com cadeias laterais carregadas positivamente são frequentemente associados
ao DNA a fim de neutralizar as cargas negativas. O DNA eucariótico, por exemplo, forma um
complexo com histonas (proteínas com carga positiva) no núcleo da célula.

A forma do DNA descrita acima é chamada de DNA-B, que se acredita ser a principal
forma existente na natureza. Entretanto, outras estruturas secundarias podem ocorrer
dependendo das condições, como a natureza do íon positivo associado ao DNA e a sequencia
de bases especificas. Uma das outras formas é o DNA-A, que tem 11 pares de bases para cada
volta da hélice. Seus pares não são perpendiculares ao eixo da hélice, mas ficam posicionados
em um ângulo de cerca de 20˚ em relação ao eixo da hélice. Uma importante característica
compartilhada pelo DNA-A e DNA-B é que ambos possuem a hélice enrolada para a direita.
Importante salientar que híbridos de DNA:RNA podem adotar a formação A porque a 2`-
hidroxila na ribose impede que uma hélice de RNA adote a forma B; híbridos de RNA:RNA
também podem ser encontrados na forma A. Outra forma variante da dupla hélice é o DNA-Z,
que possui a hélice enrolada para a esquerda. Ocorre normalmente sob certas circunstâncias,
especialmente quando há uma sequência alternada de purina-pirimidina. É possível que os
DNA-Z desempenhem um papel na regulação do gene.

Além do pareamento de bases no DNA, outras características da estrutura do DNA são


da mesma forma importantes. As porções do anel das bases do DNA são bastante hidrofóbicas
e interagem entre si por meio da ligação hidrofóbica de seus elétrons da nuvem pi. Esse
processo é conhecido como empilhamento de bases, e ate mesmo o DNA de fita simples tem
tendencia a formar estrutura em que as bases podem se empilhar. No DNA-B padrão, cada par
de base é torcido 32˚ em relação ao anterior. Essa forma é perfeita para o pareamento
máximo das bases, porém não é ideal para a sua sobreposição máxima. Além disso, as
extremidades das bases que estão expostas ao sulco secundário devem ficar em contato com a
água nessa forma. Muitas bases enrolam-se de uma forma características, chamada torção da
hélice. Nessa forma, as distâncias entre os pares de bases não são as ideias, mas são ótimas
para o empilhamento, e a água é eliminada dos contatos do sulco secundário com as bases.
Além de torcer, as bases também deslizam lateralmente, o que permite que interajam melhor
com as bases acima e abaixo delas. A torção e o deslizamento dependem das bases que estão
presentes.

A molécula do DNA não está completamente imóvel e pode dobrar-se em si mesma,


formando suas estruturas terciarias. Estas torções extras, que vão além das supracitadas,
formam os superenrolamentos.

Superenrolamento em DNA procariótico: O DNA procariótico é circular e forma


superenrolamentos. Se as fitas estão subenroladas, formas superenrolamentos negativos. Se
estão sobre-enroladas, formam superenrolamenos positivos. O DNA duplo subenrolado tem
menos que o numero normal de voltas, enquanto o DNA sobre-enrolado tem mais.

O DNA circular que ocorre de modo natural é superenrolado negativamente, exceto


durante a replicação, que se torna superenrolado positivamente. É fundamental, para a célula,
regular esse processo. As enzimas que estão envolvidas na mudança do estado do
superenrolamento do DNA são chamadas topoisomerases, e são divididas em duas classes: As
topoisomerases de classe I dividem o esqueleto fosfodiester de uma fita de DNA, atravessam a
outra extremidade e unem o esqueleto novamente. As topoisomerases de classe II dividem as
duas fitas do DNA, atravessam algumas das hélices de DNA remanescentes entre as
extremidades divididas e então se unem novamente. Em ambos os casos, os
superenrolamentos podem ser acrescentados ou removidos. Essas enzimas desempenham um
papel importante na replicação e na transcrição, onde a separação das fitas da hélice causa o
superenrolamento. Um exemplo de topisomerase de classe II é a DNA girase, que é uma
topoisomerase bacteriana que introduz superenrolametos negativos no DNA.

Tips-Técnicas: a ultracentrifugação pode ser usada para detectar o DNA superenrolado,


uma vez que ele sedimenta mais rapidamente que a forma relaxada.

Superenrolamento em DNA eucariótico: O DNA eucariótico está envolvido em um


complexo de várias proteínas, especialmente com proteínas básicas que tem cadeias laterais
de carga positiva abundantes em pH fisiológico. A atração eletrostática entre os grupos fosfato
carregados negativamente do DNA e os grupos com carga positiva das proteínas favorece a
formação de complexos deste tipo. O material resultante é chamado de cromatina. Assim, as
alterações topológicas induzidas do superenrolamento da cromatina acomodam os
componentes histona-proteínas.

As principais proteínas da cromatina são as histonas, das quais existem cinco tipos
mais importantes, chamados H1, H2A, H2B, H3 e H4. Todas essas proteínas contem grandes
números de resíduos básicos, como lisina e arginina. Na estrutura da cromatina, o DNA está
firmemente ligado a todos os tipos de histonas, exceto H1. A proteína H1 é comparativamente
mais fácil de remover da cromatina, mas dissociar as outras histonas do complexo é mais
difícil. Outras proteínas além das histonas também formam complexo com o DNA dos
eucariotos.

Na micrografia eletrônica, a cromatina assemelha-se a um colar de contas ou a um


rosário/terço. Cada “conta” é um nucleossomo, que consiste em um núcleo de histona. Esse
núcleo de proteína é um octâmero, que inclui duas moléculas de cada tipo de histona, exceto a
H1. Assim, a composição do octâmero é (H2A) 2(H2B)2(H3)2(H4)2. Os espaços entre os
nucleossomos são chamados de régios espaçadores, que consistem em um complexo de DNA
e algumas histonas H1 e proteínas não histônicas. CCoo o DNA enrola envolta das histonas no
nuleossomo, cerca de 150 pares de bases estão em contato com as proteinas; a região
espaçadora tem uma extensão aproximada de 30 a 50 pares de bases.

As histonas podem ser modificadas por acetilação, fosforilação e ubiquitinilação. A


modificação das histonas altera p DNA e a características de ligação das proteínas, e como
essas alterações afetam a transcrição e a replicação é um assunto de pesquisa intensiva.

Desnaturação do DNA:

As ligações de hidrogênio entre os pares de base são um fator importante para manter
a estrutura do da dupla-hélice. A quantidade de energia de estabilização associada as ligações
de hidrogênio mantem as duas cadeias de polinucleotideos no alinhamento correto. Além
disso, o empilhamento das bases na conformação nativa do DNA contribui com a maior parte
de energia de estabilização. Assim, deve ser acrescentada uma energia suficiente a uma
amostra de DNA para romper as ligações de hidrogênio e as interações do empilhamento.
Normalmente, isso é feito por meio de aquecimento do DNA em solução.

Tips-técnicas: a desnaturação do DNa por calor, também chamada de fusão, pode ser
monitorada experimentalmente observando-se a absorção de luz no ultravioleta. As bases
absorvem luz em um comprimento de onde de 260 nm. Quando o DNA é aquecido as fitas se
separam, o comprimento de absorção não muda, mas a quantidade de luz absorvida aumenta.
Este efeito é chamado de hipercromicidade, e baseia-se no fato de que as bases, que estão
empilhadas umas sobre as outras no DNA nativo, desempilham-se quando o DNA é
desnaturado. Como as bases interagem de modo diferente nas orientações empilhadas e não
empilhadas, sua absorbância muda.

A desnaturação por aquecimento é uma maneira de se obter DNA de fita simples, que
tem muitos usos, como por exemplo, determinar a sequência do DNA.

Sob dado conjunto de condições, existe um ponto central característico da curva de


fusão (temperatura de transição, ou fusão, representada por Tm) para cada tipo de DNA de
fonte distinta. A razão básica para essa propriedade é que cada tipo de DNA tem uma
composição de bases bem definida. Um par de bases G-C possui três ligações de hidrogênio, e
um par de bases A-T possui apenas duas. Quanto maior a porcentagem de pares de bases G-C,
maior será a temperatura de fusão de uma molécula de DNA. Os pares G-C, além de terem três
ligações de hidrogênio, são mais hidrofóbicos e se empilham melhor, o que também afeta a
curva de fusão.

A renaturação do DNA desnaturado é possível com resfriamento lento. As fitas


separadas podem se recombinar e formar os mesmos pares de bases responsáveis pela
manutenção da dupla-hélice. A renaturação, também chamada de anelamento, é uma etapa
muito importante em muitas técnicas de biologia molecular, uma vez que as fitas separadas,
podem anelar com sua parceira original ou com outra molécula complementar. Esses
complementos são projetados pelos pesquisadores para permitir que seja estudado e
manipulado o DNA.

Principais tipos de RNA e suas estruturas:


Seis tipo de RNA:

RNA transportador (tRNA)

RNA ribossômico (rRNA)

RNA mensageiro (mRNA)

RNA nuclear pequeno (snRNA)

Micro RNA (miRNA)

RNA curto interferente (siRNA)

Os seis tipos de RNA acima desempenham um papel importante nos processos vitai da
célula. Os vários tipos de RNA participam da síntese de proteínas em uma serie de reações
controladas pela sequencia de bases do DNA da célula. As sequencias de bases de todos os
tipos de RNA são determinadas pelo DNA. O processo por meio do qual a ordem das bases
passa do DNA para o RNA é chamado transcrição.

Os ribossomos, nos quais o rRNA está associado às proteínas, são os sítios de


montagem da crescente cadeia polipeptídica durante a síntese de proteínas. Os aminoácidos
são trazidos para o sitio de montagem ligados ao tRNA de forma covalente, como o amioacil-
tRNAs. A ordem das bases no mRNA especifica a ordem dos aminoácidos na proteína em
crescimento, este processo é chamado tradução da mensagem genética. Uma sequência de
três bases no mRNA direciona a incorporação de um aminoácido especifico na cadeia
crescente da proteína. Os detalhes do processo vão diferir nos procariotos e nos eucariotos.
Nos procariotos, não há membrana nuclear, portanto, o mRNA pode direcionar a síntese de
proteínas enquanto ainda está no processo de transcrição. O mRNA eucariótico, por outro
lado, é submetido a um processamento considerável. Uma das partes mais importantes do
processo é o splicing das sequencias intervenientes (íntrons), de forma que as partes do mRNA
que serão expressas (éxons) são adjacentes uma à outra.

Os RNAS nucleares pequenos são encontrados apenas no núcleo das células


eucarióticas, e são diferentes dos outros três tipos de RNA. Eles estão envolvidos no
processamento dos produtos de transcrição iniciais do mRNA ate a forma madura, adequada
para ser exportada do núcleo ate o citoplasma para a tradução. Micro RNAs e RNAs curtos
interferentes são as descobertas mais recentes. SiRNAs são os pricipais participantes na
interferência de RNA (RNAi), um processo que foi percebido pela primeira vez em vegetais e
posteriormente em mamíferos. Descobriu-se que os micro RNAs são parte de uma das
relações evolucionarias mais antigas, aquela entre bactérias e bacteriófagos. As bactérias
produzem esses pequenos RNAs, os quais se ligam as sequências do DNA de fago, prevenindo
a infecção. Estes DNAs também são importantes no reparo de nervos danificados nos
músculos. A RNAi está sendo utilizada extensivamente pelos pesquisadores que desejam
eliminar o efeito de um gene para ajudar a descobrir as suas funções.

RNA de transferência: Tipos diferentes de tRNA podem ser encontrados em cada célula
viva porque pelo menos um tRNA se liga especificamente a cada aminoácido que ocorre nas
proteínas. Normalmente, há varias moléculas de tRNA para cada aminoácido. Um tRNA é uma
cadeia de polinucleotideos de fita simples, entre 73 e 94 resíduos de nucleotídeos (cerca de 25
KDa).
No tRNA ocorrem ligações de hidrogênio intramoleculares formando pares de bases A-
U e G-C similares aos que ocorrem no DNA, exceto pela substituição da timina pela uracila. As
duplas-hélices formadas tem a forma helicoidal A, em vez de B, que é a forma predominante
no DNA. A molécula pode ser desenhada como uma estrutura de folha em trevo, que pode ser
considerada a estrutura secundaria do RNA. As porções com ligações de hidrogênio e que
compõe as hélices são chamadas de hastes, e as porções ondes não ocorres essas ligações são
chamadas de alças. Algumas destas alças contem bases modificadas. Durante a síntese
proteica, tanto o tRNA quanto o mRNA são ligados ao ribossomo em um arranjo espacial
definido que, por fim, garante a ordem correta dos aminoácidos na cadeia polipeptídica de em
crescimento.

Uma estrutura terciaria especifica, no qual o tRNA dobra-se em formato de “L”, é


necessária para que o tRNA interaja com a enzima que liga covalentemente o aminoácido a
extremidade 2´ou 3´.

Após o RNAt ser transcrito a partir do DNA, uma enzima especifica, a ATP(CTP):tRNA
nucleotrasferase adiciona uma sequencia CCA à extremidade 3`. Esta etapa é necessária antes
da ligação do aminoácido correto ao tRNA. Esta enzima exerce um papel de controle de
qualidade do tRNA, se existe algum defeito no tRNA a enzima adiciona um CCACCA na
extremidade 3`ativando um caminho de decaimento rápido da molécula de tRNA.

Ao contrário do tRNA, as moléculas de rRNA tendem a ser bastante grandes, e apenas


alguns tipos de rNA estão presentes em uma célula. Nos ribossomos há uma intima ligação
entre o rRNA e determinadas proteínas que ocorrem nesta organela.

A porção do RNA de um ribossomo contribui com 60% a 65% da massa total da


organela, e a porção proteica constitui os restantes 35% a 40%. A função dos ribossomos é a
síntese proteica. Tanto nos procariotos quanto nos eucariotos, um ribossomo consiste em
duas subunidades, sendo uma maior do que a outro. Por sua vez, a subunidade menor consiste
em uma molécula de RNA grande e cerca de 20 proteínas diferentes; a subunidade maior
consiste em duas moléculas de RNA em procariotos (3 em eucariotos) e cerca de 35 proteínas
diferentes em procariotos (50 em eucariotos). Em laboratório, estas unidades são facilmente
dissociadas reduzindo-se a concentração de Mg2+ no meio. O processo pode ser revertido
elevando-se a concentração de Mg2+ até seu nível original, e os ribossomos ativos podem ser
reconstituídos por esse método.

A automontagem dos ribossomos ocorre na célula viva, mas o processo pode ser
reproduzido em laboratório.

O RNA ribossômico, e não a proteína, é a parte de um ribossomo que catalisa a


formação de ligações peptídicas nas bactérias.

Tips-técnica: A técnica de ultracentrifugação analítica é útil para monitorar a


dissociação e a reassociação dos ribossomos. O objetivo básico desta técnica é a observação
do movimento dos ribossomos, do RNA ou da proteína em um centrifuga. O movimento da
partícula é caracterizado por um coeficiente de sedimentação, expresso em unidade Svedberg
(S). O valor de S aumenta com a massa molecular da partícula em sedimentação, mas não é
diretamente proporcional a ela, porque o formato da partícula também afeta sua velocidade
de sedimentação.
O mRNA é o menos abundante dos principais tipos de RNA, geralmente não constitui
mais de 5% a 10% do RNA celular total. As sequencias de bases no mRNA especificam a ordem
dos aminoácidos nas proteínas. Em células que se multiplicam arpidamente, muitas proteínas
diferentes são necessárias em um curto espaço de tempo; uma reciclagem rápida na sintes
proteica é essencial. Assim, o mRNA é formado quando necessário, direciona a síntese
proteica, e é degradado para que os nucleotídeos possam ser reciclados. Dos principais tipos
de RNA, o mRNA é o que normalmente recicla mais rapidamente nas células. Tanto o tRNA
quanto o mRNA (bem como os próprios ribossomos) podem ser mantidos intactos por muitos
ciclos de síntese proteica.

A sequencia de bases do mRNA que direciona a síntese de uma proteína reflete a


sequencia de bases de DNA no gene que codifica essa proteína, embora essa sequencia de
mRNA seja frequentemente alterada após ser produzida a partir do DNA. As moléculas de RNA
mensageiro são de tamanhos heterogêneos, assim como as proteínas cujas sequencias elas
especificam. Não se sabe muito sobre um possível dobramento (enovelamento) intracadeias
no mRNA, com exceção do dobramento que ocorre durante o termino da transcrição. É
provável que vários ribossomos estejam associados a uma única molécula de mRNA em algum
momento durante o curso da síntese proteica. Nos eucariotos, o mRNA é inicialmente formado
como uma molécula precursora maior chamada RNA nuclear heterogêneo (hnRNA). Eles
contem longas partes de sequencias intervenientes chamadas íntrons, que não codificam uma
proteína. Esses íntrons são removidos por splicing pós-transcricional. Além disso, unidades
protetoras chamadas cap 5`e caudas de poliadenilato 3´ (poli A) são adicionados antes de o
mRNA estar completo.

O RNA nuclear pequeno (snRNA) é encontrado no núcleo de células eucariotas e tem


cerca de 100 a 200 nucleotídeos de extensão. Nas células, ele é combinado a proteínas
formando partículas de ribonucleoproteína nuclear pequenas (snRNPs; snurps). Essas
partículas tem um coeficiente de partição de 10S e sua função é ajudar no processamento do
mRNA incial transcrito a partir do DNA em uma forma madura, pronta para ser exportada para
fora do núcleo. Nos eucariotos, a transcrição ocorre no núcleo, mas como a maior parte da
síntese proteica ocorre no citosol, o mRNA tem de ser exportado primeiro.

O processo de interferência de RNA, realizado por trechos de RNA (20 a 30


nucleotídeos de comprimento) que exercem enorme controle sobre a expressão do gene, é
um mecanismo de proteção em muitas espécies, com os siRNAs sendo utilizados para eliminar
uma expressão de um gene não desejado, por exemplo, um que esteja causando um
crescimento descontrolado da célula ou um gene que veio de um vírus. Esses genes são muito
utilizados em pesquisas que estudam a expressão do gene e estão sendo muito explorados em
biotecnologia.

Resumo:

O DNA (ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido ribonucleico) são dois tipos de


ácidos nucleicos. O DNA contém o açúcar desoxirribose e o RNA a ribose. A diferença nos
açúcares dá origem a diferenças nas estruturas secundaria e terciaria. A estrutura dos ácidos
nucleicos é a ordem das bases na sequência polinucleotídica, e a estrutura secundaria é a
conformação tridimensional do esqueleto. A estrutura terciaria é especificamente o
superenrolamento da molécula.
Os monômeros dos ácidos nucleicos são os nucleotídeos. Um nucleotídeo individual
consiste em três partes -uma base nitrogenada, um açúcar e um resíduo de ácido fosfórico-,
todas unidas entre si de forma covalente. As bases são ligadas aos açúcares formando os
nucleosídeos. Os nucleosídeos são ligados por ligações do tipo éster ao acido fosfórico para
formar o esqueleto fosfodiéster.

A dupla-hélice originalmente proposta por Watson e Crick é a característica mais


surpreendente da estrutura do DNA. As duas fitas enroladas estendem-se em direções
antiparalelas com as ligações de hidrogênio entre as bases complementares. A adenina forma
par com a timina, e a guanina com a citosina.

Sabe-se que existem algumas variações na representação usual da dupla-hélice (DNA-


B). No DNA-A, os pares de bases localizam-se em um ângulo com o eixo da hélice e no DNA-Z, a
hélice é no sentido esquerdo, ao invés de ter a forma mais comum, com o sentido direito de
DNA-B. sabe-se também que estas formas variantes têm papeis fisiológicos.

O superenrolamento é uma característica da estrutura do DNA tanto de procariotos


quanto de eucariotos. O DNA procariótico é normalmente circular e torcido em uma forma
superenrolada antes de o circulo se fechar. A forma de superenrolamento tem um papel na
replicação do DNA. O DNA eucariótico é complexado com histonas e outras proteínas básicas.

Quando o DNA é desnaturado, a estrutura de dupla-helice é rompida; o progresso


desse fenômeno pode ser acompanhado pelo monitoramento da absorção da luz ultravioleta.
A temperatura na qual o DNA se desnatura pelo aquecimento depende da composição de sua
base; para desnaturar um DNA rico em pares de base G-C, soa necessárias temperaturas mais
altas.

Os seis tipos de RNA -RNA trasportador (tRNA), RNA ribossômico (rRNA), RNA
mensageiro (mRNA), RNA nuclear pequeno (snRNA), micro RNA (miRNA) e RNA curto
interferente (siRNA)- diferem em estrutura e função.

O RNA transportador é relativamente pequeno, com cerca de 80 nucleotideos de


extensão. Ele exibe extensos pareamentos intracadeia por ligações de hidrogênio,
representadas em duas dimensões pela estrutura de folha e trevo. Os aminoácidos são
trazidos para o sitio da síntese proteica ligados aos RNAs transportadores.

As moléculas de RNA ribossômico tendem a ser longas e são complexadas a proteínas


para formar subunidades ribossômicas. O RNA ribossômico também exibe extensos
pareamentos internos por ligações de hidrogênio.

A sequencia de bases de um dado RNA mensageiro determina a sequência de


aminoácidos em uma proteína especifica. O tamanho das moléculas de mRNA varia com o
tamanho da proteína.

O mRNA eucariótico é processado no núcleo por um quarto tipo de RNA, o RNA


nuclear pequeno, que é composto por proteínas para formar as partículas de proteína
ribonuclear pequena (snRNPs) O mRNA eucariótico é inicialmente produzido em uma
formaimatura que deve ser processada removendo-se os íntrons e adicionando-se as
proteções nas extremidades 3´e 5´.
O micro RNA e o RNA curto de interferente são bastante pequenos, com cerca de 20 a
30 pares de bases de comprimento. Eles atuam no controle da expressão genica e formam as
mais recentes descobertas na pesquisa do RNA.

Você também pode gostar