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Powerpoint 1

I. VISÃO GERAL DO SISTEMA IMUNE

Estamos constantemente expostos a agentes infecciosos e mesmo assim, na maioria dos casos
somos capazes de resistir a essas infecções. É o nosso sistema imune que nos permite resistir
a infecções. O sistema imune é composto de duas subdivisões principais: O sistema inato ou
não específico e o sistema imune adaptativo ou específico (Figura 1). O sistema inato é nossa
primeira linha de defesa contra organismos invasores enquanto que o sistema imune adaptativo
age como uma segunda linha de defesa e também protege contra re-exposição ao mesmo
patógeno. Cada uma dessas subdivisões principais do sistema imune tem tanto componentes
celulares como humorais, através dos quais elas executam suas funções de proteção (Figura 1).
Além disso, o sistema imune inato também tem aspectos anatômicos que funcionam como
barreiras à infecção. Embora esses dois ramos do sistema imune tenham funções distintas, há
interconexão entre eles (isto é, componentes do sistema imune inato influenciam o sistema imune
adaptativo e vice-versa).

Embora ambos os sistemas imunes inato e adaptativo funcionem na proteção de organismos


invasores, eles diferem de várias maneiras. O sistema imune adaptativo requer algum tempo
para reagir contra um organismo invasor, enquanto que o sistema imune inato inclui sistemas de
defesa que, em sua maior parte, estão constitutivamente presentes e prontos para serem
mobilizados em uma infecção. Segundo, o sistema imune adaptativo é específico para um
antígeno e reage somente contra o organismo que induz a resposta. Em contraposição, o sistema
imune inato não é específico para um antígeno e reage da mesma maneira para uma variedade
de organismos. Finalmente, o sistema adaptativo possui memória imunológica. Ele “lembra” que
já encontrou um organismo invasor e reage mais rapidamente à exposição subseqüente do
mesmo organismo. Ao contrário, o sistema imune inato não possui memória imunológica.
Todas as células do sistema imune têm sua origem na medula óssea e elas incluem células
mielóides (neutrófilos, basófilos, eosinófilos, macrófagos e células dendríticas) e linfóides
(linfócitos B, linfócitos T e células assassinas naturais ou células NK [ do Inglês Natural Killer])
(Figura 2), que se diferenciam segundo etapas diferentes (Figura 3). A célula mielóide progenitora
(tronco) na medula óssea produz eritrócitos, plaquetas, neutrófilos, monócitos/macrófagos e
células dendríticas enquanto que células linfóides progenitoras (tronco) produzem células NK, T
e B. Para o desenvolvimento das células T as células precursoras de células T devem migrar para
o timo onde sofrem diferenciação em dois tipos distintos de células T, as células T auxiliares
CD4+ e as células T pré-citotóxicas CD8+. Dois tipos de células T auxiliares são produzidos no
timo: As células TH1, que ajudam as células pré-citotóxicas CD8+ a se diferenciarem em
células T e as TH2, que ajudam as células B a se diferenciarem em plasmócitos, que
secretam anticorpos.

A principal função do sistema imune é a discriminação do próprio/não próprio. Esta habilidade


de distinguir entre o próprio e não próprio é necessária para proteger o organismo contra
invasores patogênicos e para eliminar células modificadas ou alteradas (ex. células malignas).
Uma vez que patógenos podem replicar intracelularmente (vírus e algumas bactérias e parasitas)
ou extracelularmente (a maioria das bactérias, fungos e parasitas), diferentes componentes do
sistema imune evoluíram para proteger contra esses diferentes tipos de patógenos. É important e
lembrar que a infecção por um organismo não necessariamente significa doença, uma vez que
o sistema imune na maioria dos casos será capaz de eliminar a infecção antes que a doenç a
ocorra. Doença ocorre quando o nível de infecção é elevado, quando a virulênc ia do organismo
invasor é grande ou quando a imunidade está comprometida. Embora o sistema imune, em sua
maior parte, tenha efeitos benéficos, podem ocorrer efeitos detrimentais também. Durante a
inflamação, que é a resposta a um organismo invasor, pode ha ver desconforto local e
danos colaterais a tecidos sadios como resultado dos produtos tóxicos da resposta
imune. Além disso, em alguns casos a resposta imune pode ser dirigida a tecidos próprios
resultando em doença autoimune .

Tabela 1

Imunidade Não Específica Imunidade Específica


A resposta é independente de A resposta é dependente de
antígeno antígeno

Há resposta imediata e máxima Há período de latência entre a


exposição e a resposta máxima
Não específica a antígeno Específica a antígeno

Exposição não resulta em memória Exposição resulta em memória


imunológica imunológica

II. IMUNIDADE INATA (NÃO-ESPECÍFICA)

Os elementos do sistema imune inato (não específico (Tabela 2) incluem barreiras anatômicas,
moléculas de secreção e componentes celulares. Entre as barreiras mecânicas anatômicas
estão a pele e camadas epiteliais internas, o movimento dos intestinos e a oscilação dos cílios
bronco-pulmonares. Associados a essas superfícies protetoras estão agentes químicos e
biológicos.

A. Barreiras anatômicas a infecções

1. Fatores mecânicos

As superfícies epiteliais formam uma barreira física que é muito impermeável à maioria
dos agentes infecciosos. Dessa forma, a pele age como nossa primeira linha de defes a
contra organismos invasores. A descamação do epitélio da pele também ajuda a remover
bactéria e outros agentes infecciosos que aderiram às superfícies epiteliais. Moviment os
devido aos cílios e à peristalse ajuda a manter as vias aéreas e o trato gastrointestinal
livres de organismos. O fluir das lágrimas e saliva ajuda a prevenir infecção nos olhos e
na boca. O efeito pegajoso do muco que cobre o trato respiratório e gastrointestinal ajuda
a proteger os pulmões e o sistema digestivo contra as infecções.

2. Fatores químicos

Os ácidos graxos no suor inibem o crescimento de bactéria. Lisozima e fosfolipas e


encontrados na lágrima, saliva e secreção nasal podem destruir a parede celular da
bactéria e desestabilizar as membranas bacterianas. O baixo pH do suor e da secreção
gástrica previnem o crescimento de bactéria. Defensinas (proteínas de baixo peso
molecular) encontradas nos pulmões e no trato gastrointestinal têm atividade
antimicrobiana. Agentes surfactantes nos pulmões agem como opsoninas (substâncias
que promovem fagocitose de partículas pelas células fagocitárias).

3. Fatores biológicos

A flora normal da pele e no trato gastrointestinal pode prevenir a colonização de bactéria


patogênica pela secreção de substâncias tóxicas ou pela competição com bactéria

Tabela 2. Barreiras físico-químicas a infecções


Sistema/Órgão Componente Mecanismo efetor
ativo

Pele Células de Descamação; fluxo secretor, ácidos


descamação; orgânicos
Suor
Trato GI Células Peristalse, baixo pH, ácidos biliares,
colunares fluxo secretor, tiocianato
Pulmão Cílios Elevador mucociliar, surfactante
traqueais
Nasofaringe e Muco, saliva, Fluxo secretor, lisozima
olhos lágrima

Circulação e Células Fagocitose e morte intracelular


órgãos linfóides fagocitárias
Citólise direta e dependente de citólise
Células NK e
K Citólise ativada por IL2

LAK

Soro Lactoferrina Ligação ao ferro


e Transferrina
Interferons Proteínas antivirais

TNF-alpha Antiviral, ativação fagocitária


Lisozima Hidrólise de peptidoglicano
Fibronectina Opsonização e fagocitose

Complemento Opsonização, fagocitose aumentada,


inflamação
patogênica por nutrientes ou pela ligação à superfície da célula.

B. Barreiras humorais à infecção


As barreiras anatômicas são muito eficientes na prevenção da colonização de tecidos por
microrganismos. Entretanto, quando há lesão em tecidos as barreiras anatômicas são rompidas
e a infecção pode ocorrer. Uma vez penetrados nos tecidos os agentes infecciosos, outro
mecanismo de defesa inato entra em ação, o qual chamamos de inflamação aguda. Fatores
humorais têm um papel importante na inflamação, que se caracteriza por edema e o
recrutamento de células fagocitárias.
Esses fatores humorais são encontrados no soro ou são formados no local da infecção.

1. Sistema complemento – O sistema complemento é o principal mecanismo de defes a


humoral não específico (ver capítulo sobre complemento). Uma vez ativado o
complemento pode levar ao aumento da permeabilidade vascular, recrutamento de
células fagocitárias, e lise e opsonização de bactéria.

2. Sistema de coagulação – Dependendo da severidade da lesão no tecido, o sistema


de coagulação poderá ou não ser ativado. Alguns produtos do sistema de coagulação
podem contribuir para a defesa específica devido a sua habilidade de aumentar a
permeabilidade vascular e agir como agente quimiotáctico para células fagocitárias .
Além disso, alguns dos produtos do sistema de coagulação são antimicrobianos por si
só. Por exemplo, a beta-lisina, uma proteína produzida pelos plaquetas durante a
coagulação pode lisar muitas bactérias Gram positivas ao agir como detergentes
catiônicos.

3. Lactoferrina e transferrina – Ao se ligarem com o ferro, um nutriente essencial para


bactéria, essas proteínas limitam o crescimento bacteriano

4. Interferons – Interferons são proteínas que podem limitar a replicação de vírus nas
células.

5. Lisozima – Lisozima degrada a parede celular da bactéria.

6. Interleucina-1 – Il-1 induz febre e a produção de proteínas de fase aguda, algumas


das quais são antimicrobianos porque elas podem opsonizar bactéria.

C. Barreiras celulares à infecção

Parte da resposta inflamatória é o recrutamento de eosinófilos polimorfonucleares e macrófagos


ao local da infecção. Essas células são a principal linha de defesa no sistema imune não
específico.

1. Neutrófilos – Células polimorfonucleares (PMNs, figura 4) são recrutadas ao local da


infecção onde fagocitam organismos invasores e os mata intracelularmente. Além disso,
PMNs contribuem para lesões colaterais no tecido que ocorrem durante a inflamação.

2. Macrófagos – Macrófagos tissulares (figura 5, 6, 7) e monócitos recentement e


recrutados (figura 4 e 8), que se diferenciam em macrófagos, também funcionam na
fagocitose e na morte intracelular de microrganismos. Além disso, macrófagos
contribuem para o reparo de tecidos e agem como células apresentadoras de antígenos ,
que são requeridas para a indução de respostas imunes específicas.

3. Células assassinas naturais (NK) e células assassinas ativadas por linfocina (LAK) –
Células NK e LAK podem matar células tumorais infectadas por vírus de maneira não
específica. Essas células não são parte da resposta inflamatória, mas são importantes
na imunidade não específica a infecções virais e na prevenção de tumores.

4. Eosinófilos – Eosinófilos (figura 6a e b) têm proteínas em grânulos que são eficientes


na destruição de certos parasitas.

II. FAGOCITOSE E MORTE INTRACELULAR

A. Células fagocitárias

1. Neutrófilos/Células polimorfonucleares

PMNs são células fagocitárias móveis com núcleo lobulado. Elas podem ser identificadas
pelas características do núcleo ou pela presença de um antígeno na superfície da célula
chamado CD66. Elas contêm dois tipos de grânulos cujos conteúdos estão envolvid os
nas propriedades antimicrobianas dessas células. Os grânulos primários ou azurófilos ,
que são abundantes em PMNs recém formados, contêm proteínas catiônicas
e defensinas que podem matar bactéria, enzimas proteolíticas como elastase, e
catepsina G para degradar proteínas, lisozima para degradar paredes celulares, e
caracteristicamente, mieloperoxidase, que está envolvida na geração de compostos
bactericidas. O segundo tipo de grânulo encontrado em PMNs mais maduros é o grânulo
secundário ou específico. Estes contêm lisozima, componentes da NADPH oxidase, que
está envolvido na geração de produtos tóxicos de oxigênio, e caracteristicamente
lactoferrina, uma proteína queladora de ferro e proteína ligadora a B12.

2. Monócitos/Macrófagos – Macrófagos são células fagocitárias que têm como


característica o núcleo na forma de rim. Elas podem ser identificadas morfologicament e
ou pela presença do marcador de superfície CD14. Ao contrário dos PMNs elas não
contêm grânulos, mas têm numerosos lisossomos com conteúdos similares aos dos
grânulos do PMNs.

B. Resposta de fagócitos a infecção

PMN circulantes e monócitos respondem ao perigo (sinais SOS) gerado no local da infecção. Os
sinais SOS incluem peptídeos contento N-formil-metionina liberados pela bactéria, peptídeos do
sistema de coagulação, produtos do complemento e citocinas liberadas dos macrófagos
tissulares que encontraram bactéria no tecido. Alguns dos sinais SOS estimulam células
endoteliais próximas do local da infecção que passam a expressar moléculas de adesão tais
como ICAM-1 e selectinas que ligam a componentes da superfície das células fagocitárias
provocando a aderência dos fagócitos ao endotélio. Vasodilatadores produzidos no local da
infecção provocam o afrouxamento das junções entre as células endoteliais e os fagócitos então
atravessam a barreira endotelial “espremendo-se” entre as células endoteliais através de um
processo chamado diapedese(Figura 9). Uma vez formados espaços no tecido alguns dos sinais
SOS atraem fagócitos ao local da infecção por quimiotaxia (movimento em direção a um
gradiente químico). Os sinais SOS também ativam os fagócitos, o que resulta em um aument o
da fagocitose e morte intracelular dos organismos invasores.

C. Iniciação da Fagocitose (Figura 10)

Células fagocitárias têm uma variedade de receptores em suas membranas através dos quais
agentes infecciosos se ligam às células. Eles incluem:

1. Receptores Fc – Bactérias com anticorpo IgG em sua superfície têm a região Fc exposta e
esta parte da molécula de Ig se liga ao receptor nos fagócitos. A ligação ao receptor Fc requer
interação prévia do anticorpo com o antígeno. A ligação de bactéria coberta com IgG aos
receptores Fc levam ao aumento da fagocitose e da atividade metabólica dos fagócitos (queima
respiratória).

2. Receptores do complemento– Células fagocitárias têm um receptor para o terceiro


componente do complemento: C3b. A ligação de bactéria coberta com C3b a este receptor
também leva ao aumento da fagocitose e à queima respiratória.

3. Receptores scavenger – Receptores scavenger (do Inglês scavenger = removedor) ligam-se


a uma variedade de poliânions na superfície bacteriana levando à sua fagocitose.
4. Receptores tipo Toll - Células fagocitárias têm uma variedade de receptores tipo Toll ou PRRs
(do Inglês Pattern Recognition Receptors) que reconhecem classes de padrões moleculares
chamados PAMPs (do Inglês Pathogen Associated Molecular Patterns) em agentes infecciosos.
A ligação de um agente infeccioso via receptores tipo Toll resulta na fagocitose e na l iberação
de citocinas inflamatórias (IL-1, TNF-alfa e IL-6) pelas células fagocitárias.

D. Fagocitose

Após a ligação a uma bactéria, a célula fagocitária começa a estender pseudópodos próximo à
bactéria. Estes eventualmente envolvem a bactéria e a engolfam, sendo a mesma enclausurada
em um fagossomo. Durante a fagocitose os grânulos ou lisossomos da célula fagocitária se
fusionam como o fagossomo e esvaziam seus conteúdos. O resultado é uma bactéria engolfada
em um fagolisossomo que contém os conteúdos dos grânulos ou lisossomos.

E. Queima respiratória e morte intracelular

Durante a fagocitose há um aumento no consumo de glicose e oxigênio, o que é referido como


queima respiratória. A conseqüência da queima respiratória é a produção de uma quantidade de
compostos de oxigênio, que matam a bactéria fagocitada. Esta é a chamada morte intracelular
dependente de oxigênio. Além disso, a bactéria pode ser destruída por substâncias previament e
produzidas e liberadas dos grânulos ou lisossomas quando estes fusionam com o fagossomo.
Esta é a chamada morte intracelular independente de oxigênio.

1. Morte intracelular dependente de oxigênio e independente de mieloperoxidas e


(Figura11A)

Durante a fagocitose a glicose é metabolizada pela via da pentose monofosfato e o


NADPH é formado. O citocromo B, que faz parte do grânulo específico, combina com a
NADPH oxidase da membrana plasmática, ativando-a. A NADPH oxidase ativada usa
oxigênio para oxidar o NADPH. O resultado é a produção de ânion superóxido. Alguns
dos ânions superóxidos são convertidos a H2O2 e oxigênio singleto pela superóxido
dismutase. Além disso, o ânion superóxido pode reagir com H2O2 resultando na
formação de radical hidroxílico e mais oxigênio singleto. O resultado de todas essas
reações é a produção dos compostos de oxigênio tóxicos: Ânion superóxido (O 2-), H2O2,
oxigênio singleto (1O2) e radical hidroxila (OH•).

2. Morte intracelular dependente de oxigênio e dependente de mieloperoxidase (Fi gura


11B)

À medida que os grânulos azurófilos se fusionam com o fagossomo, mieloperoxidase é liberada


no fagolisossomo. Mieloperoxidase utiliza H2O2 e íons haletos (normalmente Cl-) para produzir
hipoclorito, uma substância muito tóxica. Alguns dos hipocloritos podem se decompor
espontaneamente para produzir oxigênio singleto. O resultado dessas reações é a produção de
hipoclorito tóxico (OCl-) e oxigênio singleto (1O2).

3. Reações de detoxificação (Tabela 3)

PMNs e macrófagos têm maneiras de se proteger contra os intermediários de oxigênio. Essas


reações envolvem a dismutação do ânion superóxido a peróxido de hidrogênio pela superóxido
dismutase e a conversão de peróxido de hidrogênio em água pela catalase.

Tabela 3

Reação Enzima
H2O2 + Cl- --> OCl- + H2O Mieloperoxidase
OCl- + H2O --> 1O2 +Cl- + H2O
2O2 + 2H+ --> O2- + H2O2 Superóxido dismutase

H2O2 --> H2O + O2 Catalase

4. Morte intracelular independente de oxigênio (tabela 4)

Além do mecanismo de morte dependente de oxigênio há também o mecanismo de morte


independente de oxigênio em fagócitos: Proteínas catiônicas (catepsinas) liberadas no
fagolisossomo podem danificar membranas bacterianas; lisozima degrada paredes c elulares
bacterianas; lactoferrina quela ferro, que impede a bactéria de utilizar este nutriente necessário;
enzimas hidrolíticas degradam proteínas bacterianas. Dessa forma, mesmo pacientes que têm
defeitos nas etapas de morte dependente de oxigênio são capazes de matar bactéria. Entretanto,
como os mecanismos dependentes de oxigênio são muito mais eficientes em matar, pacientes
com defeitos nesses mecanismos são mais susceptíveis e têm infecções mais sérias.

Tabela 4. Mecanismos de morte intracelular independentes de oxigênio

Molécula efetora Função


Proteínas catiônicas (incluindo Danificam membranas microbianas
catepsinas)
Lisozima Separa mucopeptídeos em parede
celular bacteriana

Lactoferrina Priva de ferro bactérias em


proliferação

Enzimas proteolíticas e hidrolíticas Digestão de organismos mortos

V. MORTE DEPENDENTE DE ÓXIDO NÍTRICO

A ligação de bactéria a macrófagos, particularmente ligação via receptores tipo Toll, resulta na
produção de TNF-alfa, que age de maneira autócrina para induzir a expressão do gene induzível
da óxido nítrico sintetase (i-nos ) resultando na produção de óxido nítrico (NO) (figura 12). Se a
célula é também exposta ao gama interferon (IFN-gama) é produzido óxido nítrico adicional
(figura 12). O óxido nítrico liberado pela célula é tóxico e pode matar microrganismos na
vizinhança do macrófago.

V. CÉLULAS ASSASSINAS NÃO ESPECÍFICAS

Algumas células incluindo NK e LAK, células K, macrófagos ativados e eosi nófilos são capazes
de matar células-alvo próprias alteradas de maneira não específica. Essas células têm papel
importante no sistema imune inato.

A. Células NK e LAK
Células assassinas naturais ou células NK são também conhecidas como grandes linfócitos
granulares ou células LGL (do Inglês Large Granular Lymphocytes) porque se assemelham com
linfócitos em sua morfologia, exceto pelo fato de serem um pouco maiores e terem numerosos
grânulos. Células NK podem ser identificadas pela presença dos marcadores de superfície CD56
e CD16 e pela falta de CD3. Células NK são capazes de matar células -alvo infectadas por vírus
ou malignas, mas são relativamente ineficientes nessa tarefa. Entretanto, ao serem expostas a
IL-2 e IFN-gama, células NK tornam-se células assassinas ativadas por linfocina ou LAK (do
Inglês Lymphok ine-Activated Killer), que são capazes de matar células malignas. Exposição
continuada a IL-2 e IFN-gama habilita células LAK a matar células transformadas e malignas.
Terapia com células LAK é uma abordagem para o tratamento de malignidades .

Como células NK e LAK distinguem uma célula normal de uma célula infectada por vírus ou
maligna? Células NK e LAK têm dois tipos de receptores em sua superfície – um receptor
ativador de função assassina ou receptor KAR (do Inglês Killer Activacting Receptor) e um
receptor inibidor de função assassina ou receptor KIR (do Inglês Killer Inhibiting Receptor).
Quando KAR encontra o seu ligante, um ligante ativador de função assassina (KAL) na célula-
alvo a célula NK ou LAK, é capaz de matar o alvo. Entretanto, se o KIR também se liga a este
ligante então a morte é inibida mesmo que KAR se ligue a KAL. Os ligantes para KIR são
moléculas de MHC classe I. Assim, se uma célula-alvo expressa moléculas de MHC classe I esta
não vai ser morta por células NK ou LAK mesmo que o alvo também tenha um KAL que não
pode se ligar a KAR.Células normais constitutivamente expressam moléculas de MHC classe I
na sua superfície, entretanto, células infectadas por vírus e células malignas têm diminuída a
expressão de MHC classe I. Dessa forma, células NK e LAK matam seletivamente células
infectadas por vírus e células malignas, deixando livres as células normais.

B. Células K (Figura 14)

Células assassinas (K) não são um tipo de célula morfologicamente distinto. Pelo contrário, uma
célula K é qualquer célula que media a citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC).
Em ADCC o anticorpo age como um conector que aproxima a célula K e a célula-alvo para que
a morte ocorra. Células K têm em sua superfície um receptor Fc para anticorpo e assim elas
podem reconhecer, ligar e matar células-alvo cobertas com anticorpo. Células assassinas que
têm receptores Fc incluem NK, LAK, e macrófagos que têm um receptor Fc para anticorpos IgG
e eosinófilos que têm um receptor Fc para anticorpos IgE.

Todos os componentes do sistema imune não específico estão modulados por produtos do
sistema imune específico, tais como interleucinas,gama interferon, anticorpos, etc
Tabela 5. Características das células envolvidas na resistência não
específica
Marcador identificador e/ou função

Célula efetora CD3 Ig Fc CD Fagocitose

Neutrófilo - - IgG CD67 +

Macrófago - - IgG CD14 +

Célula NK - - IgG CD56 & 16 -

Células K - - IgG ? -

Célula LAK - - ? ? ?

Eosinófilo - - IgE CD67 -

CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE

Todas as células do sistema imune se originam de uma célula tronco hematopoiética que
origina duas linhagens principais, uma de células mielóides progenitoras e uma de células
linfóides progenitoras (Figura 4). Esses dois progenitores originam células mielóides
(monócitos, macrófagos, células dendríticas, megacariócitos e granulócitos) e células
linfóides (células T, células B e células assassinas naturais (NK),
respectivamente. Essas células constituemos componentes celulares dos sistem a s
imunes inato(não específico) e adaptativo (específico).

Todas as células hematopoiéticas são derivadas de células-tronco pluripotentes que originam duas linhagens
principais: uma para células linfóides e uma para células mielóides. A progenitora linfóide comum tem a
capacidade de se diferenciar tanto em células T como em células B, dependendo do microambiente onde elas
estão. Em mamíferos, células T se desenvolvem no timo enquanto que células B se desenvolvem no fígado fetal
e na medula óssea. Uma AFC é uma célula formadora de anticorpos, sendo o plasmócito a AFC mais
diferenciada. Células NK também se derivam de célula progenitora linfóide comum. As células mielóides se
diferenciam em células iniciadas à esquerda. O termo coletivo “granulócito” é usado para eosinófilos, neutrófilos
e basófilos.

Células do sistema imune inato


Células do sistema imune inato (monócito-macrófagos e PMNs), células NK, basófilos,
eosinófilos e plaquetas. O papel dessas células foi discutido anteriorment e
(veja imunidade não específica, aula 1). Os receptores dessas células são receptores
de padrões de reconhecimento (PRRs) que reconhecem padrões moleculares gerais
encontrados nos patógenos (padrões moleculares associados a patógenos PAMPS).

Células que conectam os sistemas imunes inato e adaptativo


Uma sub-divisão especializada de células chamadas células apresentadoras de
antígenos (APCs) são uma população heterogênea de leucócitos que têm papel
importante na imunidade ina ta e também age como um conector para o sistema
imune adaptativo ao participar na ativação de células T auxiliares (células
Th). Essas células incluem células dendríticas e macrófagos. Um aspecto
característico das APCs é a expressão de uma molécula de superfície codificada por
genes do complexo maior de histocompatibilidade, referidas como moléculas de MHC
classe II. Linfócitos B também expressam moléculas de MHC classe II e eles também
funcionam como APCs, embora eles não sejam considerados parte do sist ema imune
inato. Além disso, algumas outras células ( e.g., células epiteliais do timo) podem
expressar moléculas de MHC classe II e podem funcionar como APCs.

Células do sistema imune adaptativo

Células que constituem o sistema imune adaptativo (específico) incluem os linfócitos B e T. Após
exposição ao antígeno, células B diferenciam em plasmócitos cuja função primária é a produção
de anticorpos. Similarmente, células T podem se diferenciar em células T citotóxicas (Tc) ou
células auxiliares (Th) das quais existem dois tipos: Células Th1 e Th2.

Existem vários marcadores de superfície celular que são usados em laboratórios clínicos para
distinguir entre células B, T e suas sub-populações. Estes estão sumarizados na
Tabela 1.

Tabela 1. Principais marcadores para


reconhecimento de células T e B
Marcador células B Tc Th
CD3 - + +
CD4 - - +
CD8 - + -
CD19
+ - -
e/ou CD20
CD40 + - -
Receptor de BCR (Ig de
TCR TCR
Ag superfície)

IMUNIDADE: CONTRASTES ENTRE NÃO-ESPECÍFICO E


ESPECÍFICO

Não-específica (natural, nativa, inata)

 Sistema existente antes da exposição ao antígeno


 Não há discriminação entre antígenos
 Pode ser aumentada após exposição ao antígeno por meio do efeito de
citocinas

Específica (adquirida, adaptativa)

 Induzida pelo antígeno


 Aumentada pelo antígeno
 Demonstra discriminação refinada
As características identificadoras do sistema imune específico são a memória e a
especificidade.

 O sistema imune específico "lembra" cada encontro com um micróbio


ou antígeno estranho, de forma que encontros subsequentes estimulam
o aumento progressivo de mecanismos eficientes de defesa.

 A resposta imune específica amplifica os mecanismos de proteção da


imunidade não-específica, dirige ou concentra esses mecanismos no
local de entrada do antígeno, e assim torna-os mais capazes de eliminar
antígenos estranhos.

Powerpoint 2

DEFINIÇÕES

Imunogénio
Uma substância que induz uma resposta imune específica. Antigénios que induzem a produção
de anticorpos.

Antigénio (Ag)
Uma substância que reage com os produtos de uma resposta imune específica. Molécula capaz
de ativar os linfócitos B (resposta humural), encontrando-se na forma nativa ou os linfócitos T
(resposta celular), encontrando-se sob a forma de fragmentos apresentados por moléculas MHC.

Hapteno
Uma substância que não é imunogênica, mas que pode reagir com os produtos de uma resposta
imune específica. Haptenos são pequenas moléculas que jamais poderiam induzir uma resposta
imune quando administradas sozinhas, mas que podem quando acopladas a uma molécula
carreadora. Haptenos livres, entretanto, podem reagir com produtos da resposta imune depois
que tais produtos são lançados. Haptenos têm a propriedade de antigenicidade, mas não
imunogenicidade. Antigénios que não induzem a produção de anticorpos. Aumentam a
imunogenicidade (ex: adjuvante das vacinas).

Epitopo ou Determinante Antigênico


Aquela porção de um antígeno que combina com os produtos de uma resposta imune específica.
Estrutura do antigénio que se liga ao sítio da Imunoglobulina.

Anticorpo (Ab)
Uma proteína específica que é produzida em resposta a um imunógeno e que reage com um
antígeno. Proteínas segregadas pelos plasmócitos (linfócitos B diferenciados) que viajam pelo
sangue e tecidos à procura de antigénios especificos aos quais se ligam para desencandearem
uma série de respostas imunológicas com vista à destruição do agente transportador do
antigénio.

FATORES QUE INFLUENCIAM A IMUNOGENICIDADE


Contribuição do Imunógeno

Estranheza
O sistema imune normalmente discrimina entre o próprio e não próprio de modo que somente
moléculas estranhas são imunogênicas.

Tamanho
Não há um tamanho absoluto acima do qual uma substância será imunogênica. Entretanto, em
geral, quanto maior a molécula mais imunogênica ela poderá ser.

Composição Química~

Em geral, quanto mais complexa quimicamente a substância for mais imunogênica ela
será. Os determinantes antigênicos são criados pela sequência primária dos resíduos no
polímero e/ou pela estrutura secundária, terciária ou quaternária da molécula. As proteínas são
os compostos mais imunogénicos.

Forma física

Em geral antígenos particulados são mais imunogênicos do que os solúveis e antígenos


desnaturados mais imunogênicos do que a forma nativa.

Degradabilidade
Antígenos que são facilmente fagocitados são geralmente m ais imunogênicos. Isso é
porque para a maioria dos antígenos (antígenos T-dependentes, ver abaixo) o desenvolvim ent o
de uma resposta imune exige que o antígeno seja fagocitado, processado e apresentado a
células T auxiliares por uma célula apresentadora de antígeno (APC).

Contribuição do Sistema Biológico


Fatores Genéticos
Algumas substância são imunogênicas em uma espécie, mas não em outra. Similarmente,
algumas substâncias são imunogênicas em um indivíduo, mas não em outros (isto é, responsivos
e não responsivos). As espécies ou indivíduos podem ser desprovidos ou terem alterados genes
que codificam para os receptores de antígeno nas células B e T ou eles podem não ter os genes
apropriados necessários para a APC apresentar o antígeno às células T auxiliares.

Idade
Idade também influencia a imunogenicidade. Usualmente os muito jovens e os muito idosos têm
diminuída a habilidade de montar uma resposta imune em resposta a um imunógeno. Os recém
nascidos respondem com dificuldade aos antigénios glicosilados.

Método de Administração

Dose
A dose de administração de um imunógeno pode influenciar sua imunogenicidade. Há uma dose
de antígeno acima ou abaixo da qual a resposta imune não será ótima.

Via
Geralmente a via subcutânea é melhor que a via intravenosa ou int ragástrica. A via de
administração do antígeno também pode alterar a natureza da resposta.

Adjuvantes
Substâncias que podem aumentar a resposta imune a um antígeno são chamadas
adjuvantes. O uso de adjuvantes, entretanto, é freqüentemente prejudicado pelos efeitos
colaterais como febre e inflamação.

NATUREZA QUÍMICA DOS IMUNÓGENOS

Proteínas
A grande maioria dos imunógenos são proteínas. Estas podem ser proteínas puras ou elas
podem ser glicoproteínas ou lipoproteínas. Em geral, proteínas são usualmente muito bons
imunógenos.

Polissacarídeos
Polissacarídeos puros e lipopolissacarídeos são bons imunógenos.

Ácidos Nucleicos
Ácidos nucleicos são usualmente pobremente imunogênicos . Entretanto, eles podem se tornar
imunogênicos quando em fita simples ou quando complexado com proteínas.

Lipídios
Em geram lipídios são não-imunogênicos, embora eles possam ser haptenos.

TIPOS DE ANTÍGENIOS

Antígenos T-independentes

Antígenos T-independentes são antígenos que podem estimular


diretamente as células B a produzirem anticorpos sem a necessidade
da célula T auxiliar. Em geral, polissacarídeos são antígenos T-
independentes. As respostas a esses antígenos diferem das respostas
a outros antígenos

Propriedades dos antígenos T-independentes


Estrutura polimérica

Esses antígenos são caracterizados pelo mesmo determinante antigênico repetido muitas vezes
como ilustrado na Figura 1.

Ativação policlonal de células B

Muitos desses antígenos pode ativar clones de células B específicos para outros antígenos
(ativação policlonal). Antígenos T-independentes podem ser subdivididos em Tipo 1 e Tipo 2
baseado nas suas habilidades de ativar policlonalmente células B. Antígenos T-independentes
Tipo 1 são ativadores policlonais enquanto Tipo 2 não é.

Resistência a degradação

Antígenos T-independentes são geralmente mais resistentes a degradação e assim eles


persistem por períodos de tempo mais prolongados e continuam a estimular o sistema
imune.

Antígenos T-dependentes

Antígenos T-dependentes são aqueles que não estimulam diretamente a produção de anticorpos
sem a ajuda das células T. Proteínas são antígenos T-dependentes. Estruturalmente esses
antígenos são caracterizados por algumas cópias de determinantes antigênicos muito diferentes
como ilustrado na Figura 2.

CONJUGADOS CARREADOR-HAPTENOS

Definição
Conjugados carreador-haptenos são moléculas imunogênicas às quais haptenos se acoplam
covalentemente. A molécula imunogênica é chamada carreador

Estrutura
Estruturalmente esses conjugados são caracterizados por possuir determinantes anti gênicos do
carreador nativos, assim como novos determinantes criados pelo hapteno (determinant es
haptênicos) como ilustrado na Figura 3. O determinante então criados pelo hapteno consiste no
hapteno e alguns dos resíduos adjacentes, embora o anticorpo produzido ao determinante irá
reagir também com o hapteno livre. Em tais conjugados o tipo de carreador determina se a
resposta será T-independente ou T-dependente.
DETERMINANTES ANTIGÊNICOS

Determinantes reconhecidos pelas células B (T independentes)


Composição
Determinantes antigênicos reconhecidos pelas células B e os anticorpos secretados pelas
células B são criados pela seqüência primária de resíduos no polímero (linear ou determinantes
de seqüência) e/ou pela estrutura da molécula secundária, terciária ou quaternária
(determinantes conformacionais).

Tamanho
Em geral determinantes antigênicos são pequenos e são limitados a aproximadamente 4-8
resíduos (aminoácidos ou açúcares). O sítio de combinação do anticorpo acomoda um
determinante antigênico de aproximadamente 4-8 resíduos.

Número
Embora, em teoria, cada 4-8 resíduos possa constituir um determinante antigênico em separado,
na prática, o número de determinantes antigênicos por antígeno é muito menor do que o
teoricamente possível. Usualmente os determinantes antigênicos são limitados àquelas
porções do antígeno que são acessíveis a anticorpos como ilustrado na Figura 4
(determinantes antigênicos estão indicados em preto).

Determinantes reconhecidos por células T (T-dependentes)


Composição
Determinantes antigênicos reconhecidos por células T são criados pela seqüência primária de
aminoácidos em proteínas. Células T não reconhecem antígenos de polissacarídeos ou
de ácidos nucleicos. É por essa ração que polissacarídeos são geralmente antígenos T-
independentes e proteínas são geralmente antígenos T-dependentes. Os determinantes não
devem estar localizados na superfície exposta do antígeno uma vez que o reconhecimento do
determinante pelas células T requer que o antígeno seja degradado proteoliticamente e m
peptídeos menores. Peptídeos livres não são reconhecidos pelas células T, ao invés disso
os peptídeos se associam com moléculas codificadas pelo complexo maior de
histocompatibilidade (MHC) e é o complexo de moléculas do MHC + peptídeo que é
reconhecido pelas células T.

Tamanho
Em geral determinantes antigênicos são pequenos e são limitados a aproximadamente 8-15
aminoácidos.

Número
Embora, em teoria, cada 8-15 resíduos possa constituir um determinante antigênico em
separado, na prática, o número de determinantes antigênicos por antígeno é muito menor do que
é teoricamente possível. Os determinantes antigênicos são limitados àquelas porções do
antígeno que pode ligar a moléculas MHC. É por isso que há diferenças nas respostas de
indivíduos diferentes.

SUPERANTÍGENIOS

Quando o sistema imune encontra um antígeno T-dependente convencional, somente uma


pequena fração (1 em 104 -105) da população de célula T é capaz de reconhecer o antígeno e
se tornar (resposta monoclonal/oligoclonal). Entretanto, há alguns antígenos que ativam
policlonalmente uma grande fração de células T (até 25%). Esses antígenos são
chamados superantígenos (Figura 5). (resposta mais rápida mas menos direcionada)

Exemplos de superantígenos incluem: Endotoxinas estafilocócicas (intoxicação alimentar),


toxina de choque tóxico estafilocócico (síndrome de choque tóxico), toxinas de esfoliação
estafilocócica (síndrome da pele escaldada) e exotoxinas pirogênicas estreptocócicas (choque).
Embora superantígenos bacterianos são os mais bem estudados há superantígenos associados
com vírus e outros microrganismos também.

As doenças associadas com a exposição a superantígenos são, em parte, devidas à hiper


ativação do sistema imune e subseqüente liberação de citocinas biologicamente ativas
pelas células T ativadas.

DETERMINANTES RECONHECIDOS PELO SISTEMA IMUNE INATO

Determinantes reconhecidos pelos componentes do sistema imune inato (não específico) difere
daqueles reconhecidos pelo sistema imune adaptativo (específico). Anticorpos, e receptores
de células B e T reconhecem determinantes separados e demonstram um elevado grau de
especificidade, permitindo o sistema imune adaptativo reconhecer e reagir a um patógeno
particular. Contrariamente, componentes do sistema imune inato reconhecem padrões
moleculares variados encontrados em patógenos, mas não no hospedeiro. Dessa forma,
eles são desprovidos do elevado grau de especificidade vista no sistema imune adaptativo. Os
padrões moleculares variados reconhecidos pelo sistema imune inato é chamado PAMPS
(padrões moleculares associados a patógenos) e os receptores de PAMPS são chamados
PRRs (padrões de reconhecimento de receptores). Um PRR particular pode reconhecer um
padrão molecular que deve estar presente em uma quantidade de patógenos diferentes
permitindo o receptor a reconhecer uma variedade de patógenos diferentes. Exemplos de alguns
PAMPs e PRRs estão ilustrados na Tabela 1.

Tabela 1 Exemplos de padrões moleculares associados a patógenos e


seus receptores
Consequências
PAMP PRR
Biológicas da Interação
Componentes da parede Opsonização, Ativação
Complemento
celular microbiana do complemento
Carboidratos contento Proteínas ligadoras de Opsonização Ativação
manose manose do complemento
Poliânions Receptores scavenger Fagocitose
Lipoproteínas de
Ativação de macrófago,
bactéria Gram+ TLR-2 (Receptor tipo
secreção de citocinas
Componentes de parede toll-2)
inflamatórias
celular de leveduras
Produção de
RNA de fita dupla TLR-3
interferon (antiviral)
LPS (lipopolissacarídeo Ativação de macrófago,
de bactéria Gram TLR-4 secreção de citocinas
negativa) inflamatórias
Ativação de macrófago,
Flagelina (flagelo
TLR-5 secreção de citocinas
bacteriano)
inflamatórias
RNA viral de fita simples Produção de interferon
TLR-7
rico em U (antiviral)
Ativação de macrófago,
DNA contendo CpG TLR-9 secreção de citocinas
inflamatórias

Drift antigénico
-pequenas mutações que ocorrem continuamente;
-pequenas variações na estrutura antigénica do vírus dentro do mesmo
subtipo;
-responsáveis pelo aparecimento de novas estirpes todos os anos (as
pessoas são vacinadas);
-população parcialmente imunizada mas pode ser reinfetada;

Shift antigénico

-mutações genéticas profundas e recombinação genética de vírus de diferentes


origens;
-novo subtipo, novo vírus com patogenicidade imprevisível;
-TODOS indivíduos estão suscetíveis (Pandemia);
Ex: gripe das aves- novo vírus, sem controlo

Powerpoint 3

Imunoglobulinas (Ig)
Moléculas de glicoproteína que são produzidas pelos plasmócitos em resposta a um imunógeno
e que funcionam como anticorpos. As imunoglobulinas derivam seu nome da descoberta de que
elas migram com as proteínas globulares quando soro contendo anticorpos é colocado em um
campo elétrico (Figura 1).

FUNÇÕES GERAIS DAS IMUNOGLOBULINAS

Ligação a antigénio (Fab)


Imunoglobulinas se ligam especificamente a um ou a alguns antígenos proximament e
relacionados. Cada imunoglobulina na verdade liga-se a um determinante antigênico específico.
Ligação a antígeno pelos anticorpos é a função primária dos anticorpos e pode resultar em
proteção do hospedeiro. A valência do anticorpo refere-se ao número de determinantes
antigênicos que uma molécula individual de anticorpo se pode ligar. A valência de todos os
anticorpos é pelo menos duas e em alguns casos mais.

Funções Efetoras (Fc)


Freqüentemente a ligação de um anticorpo a um antígeno não tem efeito biológico direto. Ao
invés disso, os efeitos biológicos significantes são uma conseqüência de “funções efetoras ”
secundárias de anticorpos. As imunoglobulinas mediam uma variedade dessas funções efetoras .
Usualmente a habilidade de carrear uma função efetora particular requer que o anticorpo se ligue
a seu antígenio. Nem todas as imunoglobulinas irão mediar todas as funções efetoras. Tais
funções efetoras incluem:
 Fixação ao complemento – Isso resulta na lise de células e liberação
de moléculas biologicamente ativas

 Ligação a vários tipos celulares – Células fagocitárias, linfócitos,


plaquetas, células master, e basófilos têm receptores que se ligam a
imunoglobulinas. Essa ligação pode ativar as células que passam a
realizar algumas funções. Algumas imunoglobulinas também se ligam a
receptores em trofoblastos placentários, o que resulta na transferênc ia
da imunoglobulina através da placenta. Como resultado, os anticorpos
maternos transferidos provêem imunidade ao feto e ao recém-nascido.

ESTRUTURA BÁSICA DAS IMUNOGLOBULINAS


A estrutura básica das imunoglobulinas é ilustrada na Figura 2. Embora diferentes
imunoglobulinas possam diferir estruturalmente elas são todas construidas a partir das m esmas
unidades básicas.

Cadeias leves e Pesadas


Todas as imunoglobulinas têm uma estrutura de quatro cadeias como unidade básica . Elas
são compostas de duas cadeias leves idênticas (23kD) e duas cadeias pesadas idênticas
(50-70kD).

Pontes dissulfeto

 Pontes dissulfeto intercadeia – As cadeias pesada e leve e as duas


cadeias pesadas são mantidas juntas por pontes dissulfeto intercadeia
e por interações não covalentes. O número de pontes dissulfeto varia
entre as diferentes moléculas de imunoglobulinas .

 Pontes dissulfeto intracadeia – Dentro de cada uma das cadeias


polipeptídicas há também pontes dissulfeto intracadeia.

Regiões Variáveis (V) e Constantes (C)


Depois que as sequências de aminoácidos de muitas cadeias pesadas e leves diferentes foram
comparadas, ficou claro que ambas as cadeias pesadas e leves poderiam ser divididas em duas
regiões baseando-se na variabilidade da seqüência de aminoácidos. Elas são:

1. Cadeia leve - VL (110 aminoácidos) e CL (110 aminoácidos)

2. Cadeia Pesada - VH (110 aminoácidos) e CH (330-440 aminoácidos)

Região da dobradiça (charneira)


Esta é a região com a qual os braços da molécula de anticorpo formam um Y. É chamada de
região da dobradiça porque há uma flexibilidade na molécula nesse ponto.

Domínios
Imagens tridimensionais da molécula de imunoglobulina mostram que ela não é reta como
mostrado na Figura 2A. Ao contrário, ela é dobrada em regiões globulares, cada uma das quais
contém uma ponte dissulfeto intracadeia (figura 2B-D). Essas regiões são chamadas domínios.

 Domínios de Cadeia Leve - VL e CL

 Domínios de Cadeia Pesada - VH , CH1 - CH3 (ou CH4)

Oligossacarídeos

Carboidratos são acoplados ao domínio C H2 na maioria das imunoglobulinas. Entretanto,


em alguns casos carboidratos podem também serem acoplados em outros locai s.

ESTRUTURA DA REGIÃO VARIÁVEL

Regiões hipervariáveis (HVR) ou regiões determinadoras de


complementaridade (CDR)

Comparações entre as seqüências de aminoácidos das regiões variáveis das imunoglobulinas


mostram que a maioria das variações reside em três regiões chamadas de regiões
hipervariáveis ou regiões determinadoras de complementaridade , como ilustrado na Figura
3. Anticorpos com especificidades diferentes (i.e. diferentes sítios de combinação) têm diferentes
regiões determinadoras de complementariedade, enquanto que anticorpos de exatamente
mesma especificidade têm regiões determinadoras de complementariedade idênticas (i.e. CDR
é o sítio de combinação do anticorpo). Regiões determinadoras de complementariedade são
encontradas em ambas as cadeias H e L.

Regiões framework
As regiões entre as regiões determinadoras de complementariedade na região variável são
chamadas regiões framework (Figura 3). Com base nas similaridades e diferenças nas regiões
framework as regiões variáveis da cadeia pesada e leve da imunoglobulina podem ser divididas
em grupos e subgrupos. Estes representam os produtos de diferentes genes de região variável.

Cada região variável contém 3 sub regiões particularmente variáveis (regiões hipervariáveis) que
correspondem às ansas da proteína que contactam com o antigénio, também chamadas regiões
determinantes de complementaridade (CDR).
FRAGMENTOS DE IMUNOGLOBULINA: RELAÇÕES
ESTRUTURA/FUNÇÃO

Fragmentos de imunoglobulinas produzidos por digestão proteolítica têm -se mostrado úteis na
elucidação das relações de estrutura e função em imunoglobulinas.

Fab
Digestão com papaína quebra a molécula de imunoglobulina na região da dobradiça antes da
ponte dissulfeto intercadeia Figura 4. Isso resulta na formação de dois fragmentos idênticos que
contém a cadeia leve e os domínios V H e CH1 da cadeia pesada.

Ligação a antígenio – Esses fragmentos foram chamados de fragmentos Fab porque eles
continham o sítio de ligação a antígenos do anticorpo. Cada fragmento Fab é monovalent e
enquanto que a molécula original era divalente. O sítio de combinação do anticorpo é criado tanto
por V H e VL. Um anticorpo é capaz de se ligar a um determinante antigênico particular porque ele
tem uma combinação particular de V H e VL. Combinações diferentes de V H e VL resultam em
anticorpos capazes de se ligar a determinantes antigênicos diferentes.

Fc

Digestão com papaína também produz um fragmento que contém o restante das duas cadeias
pesadas, cada uma contendo um domínio CH2 e CH3. Esse fragmento foi chamado Fc porque é
facilmente cristalizado

Funções efetoras – As funções efetoras das imunoglobulinas são mediadas por esta
parte da molécula. Diferentes funções são mediadas por diferentes domínios nesse
fragmento (Figura 5). Normalmente a habilidade de um anticorpo exercer uma função
efetora requer a ligação prévia a um antígeno; entretanto, há exceções a essa regra.
F(ab')2
Tratamento de imunoglobulinas com pepsina resulta na clivagem da cadeia pesada depois das
pontes dissulfeto H-H intercadeia, resultando em um fagmento que contém ambos os sítios de
ligação a antígenos (Figure 6). Esse fragmento foi chamado F(ab') 2 porque é divalente. A região
Fc da molécula é digerida a pequenos peptídeos pela pepsina. O F(ab')2 liga-se a antígeno mas
não media as funções efetoras dos anticorpos.

CLASSES DE IMUNOGLOBULINAS HUMANAS, SUBCLASSES,


TIPOS E SUBTIPOS

Classes de imunoglobulinas
As imunoglobulinas podem ser divididas em cinco classes diferentes, com base nas
diferenças em seqüências de aminoácidos na região constante das cadeia s pesadas.
Todas a imunoglobulinas de uma mesma classe tem regiões constantes de cadeia pesada muito
similares. Essas diferenças podem ser detectadas por estudos de seqüências ou mais
comumente por meios sorológicos (i.e. pelo uso de anticorpos dirigidos a essas diferenças).
 IgG – Cadeias pesadas gama

 IgM - Cadeias pesadas mu

 IgA - Cadeias pesadas alfa

 IgD - Cadeias pesadas delta

 IgE - Cadeias pesadas épsilon

Subclasses de imunoglobulinas
As classes de imunoglobulinas podem ser divididas em subclas ses baseadas em pequenas
diferenças nas seqüências de aminoácidos na região constante das cadeias pesadas.
Todas as imunoglobulinas de uma subclasse têm seqüências de aminoácidos de região
constante de cadeia pesada muito similares. Novamente essas diferenças são mais comumente
detectadas por meios sorológicos.

 Subclasses de IgG

IgG1 – Cadeias pesadas gama 1

IgG2 - Cadeias pesadas gama 2

IgG3 - Cadeias pesadas gama 3

IgG4 - Cadeias pesadas gama 4

 Subclasses de IgA

IgA1 - Cadeias pesadas alfa 1

IgA2 - Cadeias pesadas alfa 2

Tipos de imunoglobulinas
Imunoglogulinas podem ser também classificadas pelo tipo de cadeia leve que possuem. Tipos
de cadeia leve são baseados na diferença de sequência de aminoácidos na região
constante da cadeia leve. Essas diferenças são detectadas por meios sorológicos.

 Cadeias leves kappa


 Cadeias leves lambda

Subtipos de imunoglobulina

As cadeias leves podem ser também divididas em subtipos baseados nas diferenças de
sequência de aminoácidos da região constante de cadeia leve .

 Subtipos de lambda

Lambda 1

Lambda 2

Lambda 3
Lambda 4

Nomenclatura

Imunoglobulinas são nomeadas com base na classe, ou na cubclasse de cadeia pesada e tipo
ou subtipo de cadeia leve. A menos que seja precisamente declarado você deve assumir que
todas as subclasses, tipos e subtipos estão presentes. IgG significa que todas as subcla sse s
e tipos estão presentes.

Heterogeneidade
Imunoglobulinas consideradas como uma população de moléculas são normalmente muito
heterogêneas porque elas são compostas de diferentes classes e subclasses cada uma com
diferentes tipos e subtipos de cadeias leves. Além disso, diferentes moléculas de
imunoglobulinas podem ter diferentes propriedades de ligação a antígenios devido às
diferentes regiões V H e VL .

ESTRUTURA E ALGUMAS PROPRIEDADES DE CLASSES E


SUBCLASSES DE IG

IgG

Estrutura
As estruturas de subclasses de IgG estão apresentadas na Figura 7. Todas IgG's são
monômeros (imunoglobulina 7S). As subclasses diferem no número de pontes dissulfe to
e comprimento da região da dobradiça.

Propriedades
A mais versátil imunoglobulina porque é capaz de realizar todas as funções das moléculas
de imunoglobulinas.

a) IgG é a principal Ig no soro - 75% das Ig do soro são IgG

b) IgG é a principal Ig em espaços extra vasculares

c) Transferência placentária - IgG é a única classe de Ig que atravessa a placenta . A


transferência é mediada pelo receptor da região Fc do IgG nas células placentárias. Nem todas
as subclasses atravessam com a mesma eficiência; IgG2 não atravessa bem.

d) Fixação do complemento – Nem todas as subclasses fixam com a mesma eficiência; IgG4
não fixa complemento.
e) Ligação a células – Macrófagos, monócitos, PMN's e alguns linfócitos têm receptores para a
região Fc da IgG. Nem todas as subclasses se ligam com a mesma eficiência; IgG2 e IgG4 não
se ligam a receptores de Fc. Uma consequência da ligação a receptores de Fc em PMN's,
monócitos e macrófagos é que a célula pode então internalizar o antígeno melhor. O anticorpo
preparou o antígeno para ser comido pelas células fagocitárias. O termo opsonina é usado
para descrever substâncias que aumentam a fagocitose. IgG é uma boa opsonina . Ligação
de IgG a receptores de Fc em outros tipos de células resulta na ativação de outras funções.

IgM

Estrutura
A estrutura da IgM está apresentada na Figura 8. IgM normalmente existe como um pentâmero
(imunoglobulina 19S) mas ela pode também existir como um monômero. Na forma pentaméric a
todas as cadeias pesadas são idênticas e todas as cadeias leves são idênticas. Assim, a valênc ia
é teoricamente 10. IgM tem um domínio extra na cadeia mu (CH4) e ela tem outra proteína
covalentemente ligada via uma ponde S-S chamada cadeia J. Esta cadeia funciona em
polimerização da molécula a um pentâmero.

Propiedades

a) IgM é a terceira Ig mais comum no soro.

b) IgM é a primeira Ig a ser feita pelo feto e a primeira Ig a ser feita por uma célula B virgem
quando é estimulada pelo antígeno.

c) Como consequência da sua estrutura pentamérica, IgM é uma boa Ig fixadora do


complemento. Assim, anticorpos IgM são muito eficientes em levar à lise de microrganismos.

d) Como consequência da sua estrutura, IgM também é uma boa Ig aglutinadora. Assim,
anticorpos IgM são muito boas em agregar microrganismos para eliminação eventual para fora
do corpo.

e) IgM liga-se a algumas células via receptores de Fc.

f) Ig de superfície de célula B

IgM de superfície existe como um monômero e não tem cadeia J mas tem 20 aminoácidos
extras na região C-terminal para se ancorar na membrana (Figura 9). IgM de superfície
celular funcionam como um receptor para antígeno ou células B. IgM de superfície é
associada não covalentemente com duas proteínas adicionais na membrana da célula B
chamadas Ig-alfa e Ig-beta como indicado na Figura 10. Essas proteínas adicionais agem
como moléculas de transdução de sinal uma vez que a cauda citoplasmática da molécula
de Ig por si mesma é muito curta para transduzir um sinal. O contato entre a superfície da
imunoglobulina e um antígeno é necessário antes de um sinal ser transduzido pelas cadeias Ig-
alfa e Ig-beta. No caso dos antígenios T-independentes, contacto entre o antígeno e a superfíc ie
da imunoglobulina é suficiente para ativar as células B a se diferenciarem em plasmócitos
secretores de anticorpos. Entretanto, para antígenos T-dependentes, um segundo sinal fornecido
pelas células T auxiliares é necessário para ativar as células B.

IgA

Estrutura
A IgA do soro é um monômero mas a IgA encontrada em secreções é um dímero como
apresentado na Figura 11. Quando IgA sai do dímero, uma cadeia J se associa a ela.

Quando IgA é encontrada em secreções também tem outra proteína associada a ela chamada
de peça secretora T; sIgA é às vezes referida como imunoglobulina 11S. Ao contrário do resto
da IgA que é feito no plasmócito, a peça secretora é feita nas células epiteliais e é adicionada à
IgA à medida que esta passa através das secreções (Figura 12). A peça secretora ajuda a IgA a
ser transportada através da mucosa e também a protege da degradação nas secreções.
Propriedades

a) IgA é a 2a Ig mais comum no soro.

b) IgA é a principal classe de Ig em secreções – lágrimas, saliva, colostro, muco. Uma vez que é
encontrada em secreções IgA secretora é importante na imunidade local (de mucosa).

c) Normalmente IgA não fixa complemento, a menos que esteja agregada.

d) IgA pode se ligar a algumas células - PMN's e alguns linfócitos.

IgD

Estrutura
A estrutura da IgD está apresentada na Figura 13. IgD existe somente como um monômero.

Propriedades

a) IgD é encontrada em baixos níveis no soro; seu papel no soro é duvidos o.

b) IgD primariamente encontrada em superfícies de célula B onde funciona como um receptor


para antígeno. IgD na superfície de células B tem aminoácidos extras na região C-terminal para
ancoramento à membrana. Ela também se associa com as cadeias beta de Ig-alfa e Ig-beta.

c) IgD liga complemento.


IgE

Estrutura
A estrutura do IgE está apresentada na Figura 14. IgE existe como um monômero e tem um
domínio extra na região constante.

Propriedades

a) IgE é a Ig sérica menos comum uma vez que se liga fortemente com receptores de Fc em
basófilos e mastócitos mesmo antes da interação com o antígeno.

b) Envolvida em reações alérgicas – Como consequência da sua ligação a basófilos e


mastócitos, IgE é envolvida em reações alérgicas. Ligação do alergeno à IGe nas c élulas resulta
na liberação de vários mediadores farmacológicos que resulta em sintomas alérgicos.

c) IgE também participa em doenças parasitárias por helmintos. Uma vez que os níveis
sorológicos de IgE aumentam em doenças parasitárias, a quantificação dos níveis de IgE auxilia
no diagnóstico de infecções parasitárias. Eosinófilos têm receptores de Fc para IgE e a ligação
de eosinófilos a helmintos cobertos por IgE resulta na morte do parasita.

d) IgE não fixa complemento.

IMPLICAÇÕES CLÍNICAS DAS CLASSES DE IMUNOGLOBULINAS


HUMANAS
Adaptado de:F.T. Fischbach in "A Manual of Laboratory Diagnostic Tests," 2nd Ed., J.B.
Lippincott Co., Philadelphia, PA, 1984.

IgG

Aumenta em:
a) Infecções granulomatosas crônicas
b) Infecções de todos os tipos
c) Hiperimunização
d) Doenças hepáticas
e) Desnutrição (severa)
f) Disproteinemia
g) Doenças associadas com hipersensibilidade granulomas, desordens dermatológicas, e
mieloma de IgG.
h) Artrite reumatóide

Diminui em:
a) Agamaglobulinemia
b) Aplasia linfóide
c) Deficiência seletiva IgG, IgA
d) Mieloma de IgA
e) Proteinemia de Bence Jones
f) Leucemia linfoblástica crônica

IgM

Aumenta (em adultos) em:


a) Macroglobulinemia de Waldenström
b) Tripanosomíase
c) Actinomicose
d) Doença de Carrión (bartonelose)
e) Malária
f) Mononucleose infecciosa
g) Lúpus eritematoso
h) Artrite reumatóide
I) Disgamaglobulinemia (certos casos)

Nota: No recém nascido, um nível de IgM superior a 20 ng./dl é uma indicação de


estimulação do sistema imune in utero e estimulação pelo vírus da rubéola, citomegalovírus,
sífilis, ou toxoplasmose.

Diminui em:
a) Agamaglobulinemia
b) Desordens linfoproliferativas (certos casos)
c) Aplasia linfóide
d) Mieloma de IgG e IgA
e) Disgamaglobulinemia
f) Leucemia linfoblástica crônica

IgA

Aumenta em:
a) Síndrome de Wiskott-Aldrich
b) Cirrose hepática (na maioria dos casos)
c) Certos estágios de desordens autoimunes do colágeno e outras, tais como artrite reumatóide
e lúpus eritematoso
d) Infecções crônicas não baseadas em deficiências imunológicas
e) Mieloma de IgA

Diminui em:
a) Ataxia telangiectasia hereditária
b) Estados de deficiência imunológica (ex. disgamaglobulinemia, agamaglobulinemia congênita
e adquirida, e hipogamaglobulinemia)
c) Síndromes de mal absorção
d) Aplasia linfóide
e) Mieloma de IgG
f) Leucemia linfoblástica aguda
g) Leucemia linfoblástica crônica

IgD

Aumenta em:

a) Infecções crônicas
b) Mielomas de IgD

IgE

Aumenta em:

a) Doenças de pele atópicas tais como eczema


b) Febre do feno
c) Asthma
d) Choque anafilático
e) Mieloma de IgE

Diminui em:
a) Agamaglobulinemia congênita
b) Hipogamaglobulinemia por defeito no metabolismo ou na síntese de imunoglobulinas

Powerpoint 4
ISOTIPOS

Definição
Isotipos são determinantes antigênicos que caracterizam classes e subclasses de cadeias
pesadas e tipos e subtipos de cadeias leves.

Se a IgM humana é injetada em um coelho o coelho irá reconhecer determinantes antigênicos


na cadeira pesada e cadeia leve e produzir anticorpos contra eles. Se esse anti -soro é adsorvido
com IgG humana os anticorpos para os determinantes de cadeia leve e quaisquer determinantes
em comum entre IgM e IgG humanas serão removidos e o anti-soro resultante irá reagir somente
com a IgM humana. Na verdade, os anticorpos somente reagirão com a região constante da
cadeia μ. Anticorpos para a região variável são raros talvez porque apenas alguns poucas cópias
de cada região variável diferente estão representadas na IgM e por consequinte a imunização
não ocorre. Os determinantes que são reconhecidos por tais anticorpos são
chamados determinantes isotípicos e os anticorpos para esses determinantes são
chamados anticorpos anti-isotipos. Cada classe, subclasse, tipo e subtipo de imunoglobulina tem
seu próprio conjunto de determinantes isotípicos.

Localização
Isotipos de cadeia pesadas são encontrados na porção Fc da região constante da
molécula enquanto que isotipos de cadeia leve são encontrados na região constante . A
localização de determinantes isotípicos está ilustrada na Figura 1.

Ocorrência
Isotipos são encontrados em todos os indivíduos NORMAIS na espécie. O prefixo Iso quer
dizer o mesmo em todos os membros da espécie. Alguns indivíduos com imunodeficiências
podem não ter um ou mais isotipos mas indivíduos normais têm todos os isotipos.

Importância
Anticorpos são usados para a quantificação de classes e subclasses de Ig em várias doenças,
na caracterização de leucemia de células B e no diagnóstico de várias doenças de
imunodeficiência

HALOTIPOS

Definição
Alotipos são determinantes antigênicos especificados por formas alélicas dos gene de Ig.
Diferenças alélicas existentes na porção constante das cadeias pesadas ou leves.

Alotipos representam poucas diferenças nas sequências de aminoácidos de cadeias pesadas e


leves de diferentes indivíduos. Mesmo a diferença de um único aminoácido pode levar a um
determinante alotípico, embora em muitos casos o que tem ocorrido é a substituição de vários
aminoácidos.

Diferenças alotípicas são detectadas pelo uso de anticorpos dirigidos contra determinantes
alotípicos. Esses anticorpos podem ser preparados pela injeção de Ig de uma pessoa para outra.
Na prática entretanto, nós obtemos anti-soro anti-alotipo de mulher que tenha tido gravidez
multipla ou de pessoas que receberam transfusão ou de alguns pacientes com artrite reumatóide.
Localização
No Homem diferenças alotípicas são localizadas na região constante das cadeias pesada e leve
como ilustrado na Figura 2.

Ocorrência
Alotipos individuais são encontrados em indivíduos membros de uma mesma espécie. Todos os
alotipos não são encontrados em todos os membros da espécie. O prefixo Alo quer dizer
diferente em indivíduos de uma espécie.

Alotipos de Ig humanos
Nomenclatura – Alotipos de Ig humanos são denominados com base na cadeia pesada ou
leve na qual está localizado. Assim, um alotipo de uma cadeia pesada Gamma 1 é
denominado: G1m(3). Um alotipo em uma cadeia leve Kappa é denominado: Km(1). Tabela
1 lista alguns alotipos humanos.

Tabela 1 Alotipos Humanos

Cadeia Domínio Alotipo Aminoácido Posição

CH1 G1m(f) = (3) Arg 214

CH1 G1m(z) = (17) Lys


IgG1
Arg, Asp,
G1m(a) = (1) 355-358
Glu, Leu
CH1
CL Km(1) Val, Leu 153, 191
κ light chain
CL Km(3) Ala, Val 153,191

Adaptado de Stites et al., Basic and Clin. Immunol., 3rd Ed., Tabela 7-8

Genética
Genes autossômicos codominantes

Alotipos que representam substituições de aminoácidos na mesma posição e a cadeia pesada


ou leve (ex. G1m(3) e G1m(17) ou Km(1) e Km(3) são herdados como genes autossômicos
codominantes. e.x.

Km(1)/Km(3) X Km(1)/Km(1)

Km(1)/Km(1) and Km(1)/Km(3)

Exclusão Alélica

Embora em um heterozigoto ambos os alelos são expressados, qualquer molécula individual de


IG terá somente um alotipo. Isso porque uma célula B individual so pode expressar um alelo.
Isso é chamado exclusão alélica. Alotipos que representam substituições de aminoácidos e
locais diferentes em uma molécula (ex. G1m(1) e G1m(17)) podem ser encontrados na mesma
molécula.

ex. Em um indivíduo G1m(1,17) ambos os alotipos podem estar na mesma cadeia pesada

GM1(1) G1m(17)

_____________|______________________________________|______________

214 355-358

Importância
Monitoração de enxêrtos de medula óssea

Enxêrtos de medula óssea que produz um alotipo diferente do do recipiente pode ser usado para
monitorar o enxêrto.

Medicina forense
Alotipos Km e Gm são detectáveis em manchas de sangue e sêmem e são usados em medicina
forense.

Teste de paternidade

Os alotipos de imunoglobulina são uma das características usadas em casos legais envolven do
paternidade.

IDIOTIPOS (Id)

Definição
Determinantes antigênicos únicos presentes em moléculas de anticorpo individuais ou em
moléculas de idêntica especificidade.

Idêntica especificidade quer dizer que todas a moléculas de anticorpo têm exatamente as
mesmas regiões hipervariáveis.

Determinantes antigênicos criados pelo sítio de combinação de um anticorpo são chamados


idiotipos e os anticorpos produzidos para os idiotipos são chamados anticorpos anti-Id. Idiotipos
são os determinantes antigênicos criados pelas regiões hipervariáveis de um anticorpo e
os anticorpos anti-idiotipos são aqueles dirigidos contra as regiões hipervariávei s de um
anticorpo.

Para compreender o que são idiotipos, é útil compreender como eles são detectados.

DNP-BSA Linhagem A anti-DNP Ab

Anticorpo
contra o sítio
de anti-DNP
Linhagem A
combinação Ab purificado
de anti-DNP
Ab
Um antígenio, neste caso o hapteno dinitrofenol, é injetado em um camundongo e
anticorpos (contra DNP) são produzidos. Este anticorpo pode ser purificado até a
homogeneidade e injetado em outro camundongo da mesma linhagem. A maioria
dos epitopos do anticorpo será encontrado no sistema imune do segundo
camundongo como “próprios”; entretanto, os epitopos que formam o sítio de ligação
a DNP (idiotopos – este é um termo que muitas vezes não é usado e é
frequentemente usado como alternativa para idiotipo) serão encontrados como
estranhos, uma vez que o segundo camundongo não foi injetado com DNP -BSA. O
segundo camundongo desenvolverá anticorpos somente contra os idiotipos do
anticorpo purificado anti-DNP. Esses são portanto anticorpos anti-idiotípicos
Determinantes antigênicos criados pela região hipervariável de um anticorpo
são idiotipos.

Localização
Idiotipos sãos localizados no fragmento Fab de moléculas de Ig como ilustrado na Figura
3. Especificamente, eles são localizados no ou próximo das regiões hipervariáveis das
cadeias pesada e leve. Muitas vezes o verdadeiro determinante antigênico (i.e. idiotipo) inclui
alguns dos resíduos framework próximo da região hipervariável. Idiotipos são usualment e
determinantes criados por ambas as cadeias pesada e leve HVR's, embora às vezes cadeias
pesadas e leves isoladas expressem o idiotipo.

Importância
Marcador de região V

Idiotipos são marcadores úteis para uma região variável em particular.

Regulação das respostas imunes

Há evidência de que respostas imunes sejam reguladas por anticorpos anti-Id dirigidos contra
nossos próprios Id's.

Vacinas
Em alguns casos anticorpos anti-idiotípicos na verdade estimulam células B a fazerem anticorpos
e assim elas podem ser usadas como uma vacina. Essa abordagem está sendo experimentada
para imunizar contra patógenos altamente perigosos que não podem ser utilizados com
segurança para uma vacina.

Vacinas anti-
idiotipo
Tratamento de tumores de célula B

Anticorpos anti-idiotípicos dirigidos contra um idiotipo em células B malígnas podem ser usados
para matar as células. A morte ocorre por causa da fixação do complemento ou porque moléculas
tóxicas estão acopladas aos anticorpos.

HISTÓRIA
Dados de sequenciamento de aminoácidos revelaram que uma única região C pode estar
associada com muitas regiões V diferentes. Também foi demonstrado que um único idiotipo pode
estar associado com diferentes regiões C (ex. IgM e IgG). Para explicar estes dados foi sugerido
que talvez as duas regiões da molécula de imunoglobulina fossem codificadas por genes
separados e que as regiões gênicas de V e C fossem de alguma forma ligadas antes que uma
molécula de imunoglobulina fosse feita (ou seja, haveria dois genes para um polipeptídeo). Esta
foi uma idéia revolucionária mas com o advento da tecnologia do DNA recombinante, foi provado
ser a correta. As cadeias pesadas e leves das imunoglobulinas são codi ficadas por três
famílias de genes diferentes cada uma situada em um cromossomo diferente – uma para
a cadeia pesada e uma para cada um dos tipos de cadeia leve. Cada uma dessas famílias
de genes tem algumas regiões gênicas V e uma ou mais regiões gênicas C. As regiões
gênicas V e C não são entretanto imediatamente adjascentes uma em relação à outra .

FAMÍLIAS DE GENES DE CADEIAS LEVES

Organização de genes da linhagem germinativa


A organização dos genes de cadeia leve k appa e lambda na linhagem germinativa ou em células
indiferenciadas é mostrado na Figura 1.

Cadeias leves lambda

A família de genes lambda é composta de 4 regiões gênicas C, uma para cada subtipo de cadeia
lambda, e aproximadamente 30 regiões gênicas V. Cada região gênica V está composta de
dois exons, um (L) que codifica para um peptídeo sinal e o outro (V) que codifica para a maior
parte da região variável. A montante (lado 5’) de cada um dos genes C há um exon adicional
chamado J (junção). Os exons L, V, J e C estão separados por íntrons (sequências intervenient es
não codificadoras).

Cadeias leves Kappa


A família de genes de cadeia leve k appa contém apenas um gene de região C, uma vez que há
apenas um tipo de cadeia leve k appa. Há muitos genes de região V (aproximadamente 250) cada
um deles tem um exon para o peptídeo sinal e um exon V. Na família de genes κ há vários exons
J localizados entre os genes V e C. Todos os exons estão separados por íntrons.

Rearranjo Gênico e Expressão

À medida que uma célula se diferencia em uma célula B madura que irá fazer uma cadeia leve,
ocorre um rearranjo dos vários genes (exons) e o gene começa a ser expressado como mostrado
na Figura 2.

Quando a célula se compromete a tornar-se em uma célula B fazendo uma cadeia leve, há o
rearranjo dos genes ao nível de DNA de forma que um dos genes V é levado para próximo de
uma das regiões J. Isso ocorre através de um evento recombinacional que remove o íntron entre
as regiões V e J. A seleção de qual gene V é usado não é totalmente aleatória; há uma certa
preferência pelo uso de genes V mais próximos das regiões J. Entretanto, com o tempo todos os
genes V podem ser usados de forma que todas as combinações de genes V e regiões J podem
ser geradas.

Como consequência deste rearranjo de DNA é que o gene se torna transcricionalmente ativo
porque um promotor(P), que é associado com o gene V, é levado para perto de um ativador ou
enhancer (E), que está localizado no íntron entre as regiões J e C. Quando a transcrição se inicia
a partir do promotor um pré-RNAm é feito que contém sequências das regiões L, V J e C, assim
como sequências para os íntrons entre L e V e entre J e C (Veja Figura 2). Este pré-RNAm é
processado (splicing) no núcleo e os íntrons remanescentes são removidos. O RNAm resultante
tem os exons contíguos L, V J e C.

O RNAm é traduzido no citoplasma e o peptídeo sinal é removido quando a proteína é


transportada pelo lúmen do retículo endoplasmático. A cadeia leve é montada com uma cadeia
pesada no retículo endoplasmático e a imunoglobulina é secretada via rota normal das proteínas
secretoras. A região V da cadeia leve madura é codificada por sequências na região dos genes
V e J e a região J e a região C por sequências no gene C.

FAMÍLIA DE GENES DE CADEIA PESADA

Organização gênica na linhagem germinativa


A organização dos genes de cadeia pesada é mostrada na Figura 3.
Na família de genes de cadeia pesada há muitos genes C, um para cada classe e subclasse de
imunoglobulina. Cada um dos genes C é na verdade composto por alguns exons, um para cada
domínio e outro para a região de dobradiça. Na família de genes de cadeia pesada há muitos
genes de região V, cada um composto de uma sequência para o peptídio sinal e exon V. Além
dos vários exons J, a família de genes de cadeia pesada também contém alguns exons adi cionais
chamados de exons D (diversidade). Todos os exons são separados por íntrons como mostrado
na Figura 3.

Rearranjos gênicos e expressão


Quando uma célula se diferencia em uma célula B madura que irá fazer uma cadeia pesada,
ocorre o rearranjo de vários segmentos gênicos (exons) e o gene começa a ser expressado
como mostrado nas Figuras 4 e 5.
Quando uma célula se compromete a tornar-se uma célula B fazendo uma cadeia pesada, há
dois rearranjos ao nível do DNA. Primeiro, uma das regiões D é levada para perto de uma das
regiões J e depois um dos genes V é levado para perto da região DJ rearranjada. Isso ocorre
através de dois eventos recombinacionais que removem os íntrons entre as regiões V, D e J.

Assim como ocorre com as cadeias leves a seleção do gene V de cadeia pesada não é totalmente
aleatória mas eventualmente todos os genes V podem ser usados.

Uma consequência destes rearranjos de DNA é que o gene se torna transcricionalmente ativo
porque um promotor (P), que está associado com o gene V, é levado para perto de um ativador
(E), que está localizado no íntron entre as regiões J e C mu. Quando a transcrição se inicia a partir
do promor um pré-RNAm é feito que contém sequências das regiões L, V, D, J C mu e Cdelta , assim
como sequências para os íntrons entre L e V, entre J e Cmu, e entre Cmue Cdelta (Figura 4).

O pré-RNAm é processado (splicing) no núcleo e os íntrons remanescentes, incluindo aqueles


entre os exons nos genes C, são removidos (Veja Figura 5). O pré-mRNA pode ser processado
de duas maneiras, uma para levar VDJ para perto do gene Cmu e a outra para levar o VDJ para
perto do gene Cdelta. Os RNAm resultantes têm os exons L, V, D, J e C mu ou Cdelta contíguos e
irão codificar para uma cadeia mu e uma delta, respectivamente.

Os RNAm são traduzidos no citoplasma e o peptídeo sinal é removido à medida que a proteína
é transportada pelo lúmen do retículo endoplasmático. A cadeia pesada é montada com uma
cadeia leve no retículo endoplasmático e a imunoglobulina é secretada via rota normal das
proteínas secretoras. A região V da cadeia pesada madura é codificada por sequências no gene
V, região D e região J e a região C por sequências no gene C.

MECANISMOS DOS REARRANJOS DE DNA


De cada lado dos exons V, J e D há sequências especiais referidas como sequências sinais de
recombinação (RSS), que funcionam na recombinação. Cada RSS consiste de um nonâmero
conservado e um heptâmero conservado que são separados ou por 12 ou por 23 pares de bases
(bp) como ilustrado na Figura 6. Os espaços de 12bp e 23 bp correspondem a uma ou duas
voltas da hélice de DNA.

A recombinação só ocorre entre um sinal de 1 volta e um sinal de 2 voltas. No caso das cadeias
leves λ existe um sinal de 1 volta a montante (lado 5’) do exon J e um sinal de 2 voltas a jusante
(lado 3’) de V lambda. No caso das cadeias leves κ há um sinal de 1 volta a jusante (lado 3’) do
gene V kappa e um sinal de 2 voltas a montante do exon J. No caso das cadeias pesadas há sinais
de 1 volta em cada lado do exon D e um sinal de 2 voltas a jusante do gene V e um sinal de 2
voltas a montante do exon J. Assim, isso garante que os eventos corretos de recombinação irão
ocorrer.

Os eventos de recombinação resultam na remoção dos íntrons entre V e J e no caso das


cadeias leves ou entre V, D, e J no caso das cadeias pesadas. O evento de recombinação
é catalizado por duas proteínas, Rag-1 e Rag-2. Mutações nos genes para essas proteínas
resultam em uma severa doença, a Imunodeficiência Combinada Grave (ambos os tipos
de células T e B são deficientes), já que essas proteínas e as RSS estão envolvidas na
geração de receptores para antígenos de células B e T.

ORDEM DA EXPRESSÃO DOS GENES NAS FAMÍLIAS DE GENES


DE IG
Uma célula B individual só produz um tipo de cadeia leve e uma classe de cadeia pesada.(Obs .
A única exceção é que uma célula B madura não produz ambas as cadeias pesadas μ e δ mas
a especificidade do anticorpo é a mesma uma vez que a mesma região VDJ é encontrada nas
cadeias μ e δ). Uma vez que qualquer célula B tem os cromossomos maternos e paternos que
codificam para os genes da imunoglobulina, deve haver uma maneira ordenada pela qual uma
célula expresse seus genes de imunoglobulina de tal forma que garanta que só um tipo
de cadeia leve e uma classe de cadeia pesada seja produzida.

A ordem pela qual os genes de imunoglobulina são expressos em uma célula B é mostrada na
Figura 7 e 8.
Cadeia pesada (Figura 7)
Uma célula primeiro tenta rearranjar um dos genes de cadeia pesada; em algumas células o
cromossomo materno é selecionado e em outras o cromossomo paterno é selecionado. Se o
rearranjo é bem sucedido de forma que uma cadeia pesada é feita, então nenhum rearranjo
posterior ocorre nos genes de cadeia pesada. Se, por outro lado, a primeira tentativa de
rearranjar os genes de cadeia pesada é mal sucedido (isto é, nenhuma cadeia pesada é feita),
então a célula tenta rearranjar os genes de cadeia pesada no seu outro cromossomo. Se a célula
não for bem sucedida ao rearranjar os genes de cadeia pesada pela segunda vez, seu destino é
ser eliminada.
Cadeia leve kappa (Figura 8)

Quando uma célula rearranja com sucesso um gene de cadeia pesada, ela começa então a
rearranjar um dos seus genes de cadeia leve k appa. É um evento aleatório, quer sejam
selecionados genes de cadeia leve maternos ou paternos. Se o rearranjo for mal sucedido (isto
é, não produz uma cadeia leve k appa funcional), então ela tenta rearranjar os genes k appa do
outro cromossomo. Se uma célula rearranja um gene de cadeia leve k appa com sucesso, ela
será uma célula B que faz uma imunoglobulina com uma cadeia leve k appa.

Cadeia leve lambda (Figura 8)

Se uma célula é mal sucedida ao rearranjar ambos os seus genes de cadeia leve k appa, ela
então tenta fazer uma cadeia leve lambda. É um evento aleatório, quer sejam selecionados
genes de cadeia leve lambda maternos ou paternos. Se o rearranjo é mal sucedido (isto é, não
produz uma cadeia leve lambda funcional), então ela tenta rearranjar os genes lambda no outro
cromossomo. Se uma célula rearranja com sucesso um gene de cadeia leve lambda, ela será
uma célula B que faz uma imunoglobulina com uma cadeia leve lambda.

A sequência ordenada dos rearranjos nos genes de imunoglobulina explica:

 Porque uma célula B individual só pode produzir um tipo de imunoglobulina com


um tipo de cadeia pesada e um tipo de cadeia leve.

 Porque uma célula B individual só pode fazer anticorpos de uma especificidade.

 Porque há exclusão alélica em alotipos de imunoglobulina a nível de uma


molécula de imunoglobulina individual mas há expressão co-dominante de
alotipos no organismo como um todo.

ORIGEM DA DIVERSIDADE DE ANTICORPOS

Generalidades
Diversidade de anticorpos se refere à soma total de todas as especificidades de anticorpos que
um organismo pode fazer. É estimado que podemos fazer 107 - 108 moléculas diferentes de
anticorpos. Uma das mais importantes questões em imunologia tem sido como podemos fazer
tantas moléculas de anticorpos diferentes. As teorias que têm tentado explicar a origem da
diversidade de anticorpos caem em duas categorias principais.

 Teoria da linhagem germinativa : Esta teoria afirma que nós temos um


gene de região V diferente para cada anticorpo que podemos fazer.

 Teoria da mutação somática : Esta teoria afirma que nós temos um ou


poucos genes de região V e a diversidade é gerada por mutações
somáticas que ocorrem nesses genes.

Ideias Atuais
Nosso pensamento atual é de que tanto a teoria da linhagem germinativa como a teoria da
mutação somática têm algum mérito. Acredita-se que a diversidade de anticorpos seja gerada
pelos seguintes mecanismos.

1. Um grande número de genes V

Existem:
a) 30 genes V de lambda
b) 300 genes V de k appa
c) c) 1000 genes V de cadeia pesada
2. Junção V-J e V-D-J

A região onde o gene V de cadeia leve e a região J ou o gene V de cadeia pesada


e as regiões D e J se unem é na terceira região hipervariável. Uma vez que é
imprevisível qual região V e quais regiões J ou D irão se juntar, há muita diversitade
que pode ser gerada pela junção V-J e V-D-J.

3. Diversidade juncional (Inacurácias na recombinação V-J e V-D e D-J) - (Figura 9)

A recombinação entre V-J e V-D-J nem sempre é perfeita e diversidade adicional pode existir
devido a erros que ocorrem no evento de recombinação que leva a vegião V para perto das
regiões J ou D ou a região D para perto da região J. É estimado que essas inacurácias possam
triplicar a diversidade gerada pela junção V-J e V-D-J. A diversidade gerada por esses
mecanismos ocorrem na terceira região hipervariável e portanto, afetam diretamente o sítio de
recombinação do anticorpo.

4. Inserção na região N

Na junção entre os segmentos D e J há frequentemente uma inserção de uma série de


nucleotídeos que é catalizada pela enzima transferase terminal. A transferase terminal cataliza
a polimerização aleatória de nucleotídeos no DNA sem a necessidade de uma fita molde. Isso
leva a mais diversidade na terceira região hipervariá vel.

5. Mutação somática

Há evidência de que mutações somáticas ocorrem no gene V, particularmente no local que


codifica para a segunda região hipervariável. Assim, mutação somática provavelmente contribui
para a diversidade de anticorpos até certo ponto.

6. Associação combinatorial

Qualquer célula B individual tem o potencial de fazer qualquer uma das possíveis cadeias
pesadas e qualquer uma das possíveis cadeias leves. Assim, diferentes combinações de cadeias
pesadas e leves em uma célula B individual adiciona mais diversidade.

7.Multi-especificidade
Devido a reações cruzadas entre determinantes antigênicos de estrutura similar um anticorpo
pode frequentemente reagir com mais de um determinante antigênico. Isso se chama multi -
especificidade. Multi-especificidade também contribui para a diversidade de anticorpos.

Um exemplo de como estes mecanismos podem gerar uma grande quantidade de diversidade é
ilustrado abaixo:

Receptor de Célula B (Imunoglobulina)


Pesada Kappa

Segmentos de gene V 1000 300


Segmentos de gene D 15 -
Segmentos de gene J 4 4
Inserção na região N ++ -
Diversidade juncional +++ +
Mutação somática + +
Vx DxJ Vx J
Associação combinatorial
1000 X 15 X 4 300 x 4
Total 6 x 104 1.2 x 103

Associação combinatorial 7.2 x 107

Estes cálculos não levam em consideração as contribuições das cadeias leves lambda, mutação
somática, diversidade juncional, inserções na região N ou multi-especificidade.

O processo de rearranjo gênico das cadeias pesadas e leves e a associação combinatorial


dessas cadeias ocorre durante o desenvolvimento da célula B e é independente de antígeno.
Clones de células B expressando todas as possíveis especificidades de anticorpos são
produzidos durante o desenvolvimento e antígeno simplesmente seleciona aqueles clones
que têm o receptor apropriado. Os clones selecionados são então ativados, proliferam e
se diferenciam em plasmócitos secretores de anticorpos.

RECEPTOR DE CÉLULA T PARA ANTÍGENIO


Células T também têm um receptor para antígeno em suas superfícies. Este receptor não é
uma molécula de imunoglobulina mas é composto de duas cadeias polipeptídicas
diferentes que têm regiões contantes e variáveis análogas às das imunoglobulinas. A
diversidade no receptor de célula T também é gerada da mesma maneira como foi descrita
para a diversidade de anticorpos (ex. por junção VJ e VDJ dos segmentos de genes e
associação combinatorial). Entretanto, nenhuma mutação somática tem sido observada em
células T.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA RESPOSTA POR ANTICORPO

Discriminação entre o próprio/não próprio


Um aspecto característico do sistema imune específico é que ele normalmente distingue
entre o próprio e o não próprio e reage apenas contra o não próprio.

Memória
Um segundo aspecto da resposta imune específica é que ele demonst ra memória. O sistema
imune “se lembra” de que já viu um antígeno antes e reage a uma segunda exposição do
antígeno de maneira diferente da primeira exposição. Geralmente apenas uma exposição ao
mesmo antígeno irá iniciar a resposta por memória.

Especificidade
Um terceiro aspecto característico do sistema imune específico é que há um elevado grau de
especificidade em suas reações. A resposta a um antígeno particular é específica para aquele
antígeno ou para alguns antígenos estreitamente relacionados.

N.B. Estas são características de todas as respostas imunes específicas.

FORMAÇÃO DO ANTICORPO

Destino do imunógeno
Eliminação após injeção primária

A cinética de eliminação do antígeno do corpo após a primeira administração é mostrada na

Figura 1.

 Fase de equilíbrio
A primeira fase é chamada de fase de equíbrio ou equilibração.
Durante este tempo o antígeno se equilibra entre os
compartimentos vasculares e extravasculares por difusão. Este
é normalmente um processo rápido. Uma vez que antígenos
particulados não difundem, eles não têm esta fase.

 Fase de decaimento catabólico


Nesta fase as células hospedeiras e enzimas metabolizam o
antígeno. A maioria dos antígenos é englobada por macrófagos
e outras células fagocíticas. A duração vai depender do
imunógenio e do hospedeiro.
 Fase de eliminação imune

Nesta fase os anticorpos recém sintetizados se combinam com o antígeno produzindo complexos
antígeno/anticorpo que são fagocitados e degradados. Os anticorpos aparecem no soro somente
após concluida a fase de eliminação imune.

Eliminação após injeção secundária


Se há anticorpo circulando no soro a injeção de um antígeno pela segunda vez resulta em uma
eliminação imune rápida. Se não há anticorpo circulando então a injeção do antígeno pela
segunda vez resulta em todas as três fases, mas o ataque da fase de eliminação é acelerado.

Cinética de respostas de anticorpos a um antígeno T-dependente


Resposta primária (1ria) de anticorpos

A cinética de uma resposta primária de anticorpos a um antígeno é ilustrada na Figura 2.

 Fase indutiva e latente ou lag – Nesta fase o antígeno é reconhecido


como estranho e as células começam a proliferar e a se diferenciar em
resposta ao antígeno. A duração desta fase irá variar dependendo do
antígeno mas é normalmente de 5-7 dias.

 Fase log ou Exponencial – Nesta fase a concentração do anticorpo


aumenta exponencialmente pois as células B que foram estimuladas
pelo antígeno se diferenciam em plasmócitos que secretam anticorpos.

 Fase de plateau ou de equiliíbrio estacionário – Nesta fase a síntese de


anticorpos é equilibrada com o decaimento de anticorpos, de forma que
não há incremento na concentração de anticorpos.

 Fase de declínio ou de decaimento – Nesta fase a taxa de degradaç ão


de anticorpos excede a taxa de síntese e o nível de anticorpos cai.
Eventualmente o nível atinge os níveis constitutivos.

Resposta secundária (2ria), de memória ou anamnésica (Figura 3)


 Fase lag
Em uma resposta secundária há uma fase lag mas é normalmente mais curta do
que a observada na resposta primária.

 Fase log – A fase log em uma resposta secundária é mais rápida e atinge níveis
mais elevados de anticorpos.

 Fase de equilibrio estacionário

 Fase de declínio – A fase de declínio não é tão rápida e o anticorpo pode


persistir durante meses, anos ou mesmo durante a vida toda.

Especificidade das respostas 1ria e 2ria

 O anticorpo produzido em resposta a um antígeno é específico para aquele antígeno,


embora possa também fazer reação cruzada com outros antígenos que sejam
estruturalmente semelhantes ao antígeno que o originou. Em geral respostas
secundárias são emitidas pelo mesmo antígeno usado na resposta primária. Entretanto,
em algumas situações um antígeno estreitamente relacionado pode produzir uma
resposta secundária, mas esta é uma rara exceção.

Mudanças qualitativas no anticorpo durante as respostas 1 ria e 2ria


Variação de classe de Ig

Na resposta primária a classe principal de anticorpo produzido é a IgM, enquanto que na resposta
secundária é IgG (ou IgA ou IgE) (Figura 4). Os anticorpos que persistem na resposta secundária
são os anticorpos IgG.

Afinidade

A afinidade de Ac IgG produzidos aumenta progressivamente durante a resposta ,


particularmente após doses pequenas do antígenio (Figura 5). Isso é chamado de
maturação por afinidade. Maturação por afinidade é mais pronunciada após uma segunda
provocação pelo antígeno.

Uma explicação para a maturação por afinidade é a seleção clonal ilustrada na


Figura 6. Uma segunda explicação para a maturação por afinidade é que após
ocorrida a mudança de classe na resposta imune, mutações somáticas ocorrem,
o que aprimora os anticorpos para se tornarem de afinidade mais elevada. Há
evidência experimental para este mecanismo, embora não se saiba como o
mecanismo de mutação somática é ativado após exposição ao antígeno.

Avidez
Como consequência do aumento de afinidade, a avidez dos anticorpos aumenta durante a
resposta.

Reatividade-cruzada
Como resultado da afinidade tardia aumentada na resposta, também ocorre um aumento na
reatividade cruzada detectável. Uma explicação para o porquê do aumento da afinidade levando
a um aumento da reatividade cruzada detectável está ilustrado no seguinte exemplo.
Afinidade do Ac pelo Ag
Inicial Tardia
Ag Imunizante 10-6 10-9
+ ++

Ag de reação
10-3 10-6
cruzada
- +

Se um mínimo de afinidade de 10-6 é necessária para detectar a reação, inicialmente em uma


resposta imune a reação de um antígeno de reação cruzada com uma afinidade de 10 -3 não será
detectada. Entretanto, mais tarde na resposta, quando a afinidade aumentar 1000 vezes, a
reação com ambos os antígenos imunizante e de reação cruzada será detectada.

Eventos celulares durante as respostas 1 rias e 2rias a antígenos T-


dependentes
Resposta primária (Figura 7)

 Fase lag
Clones de células T e B com os receptores apropriados de antígenos ,
tornam´se ativados e começam a proliferar. Os clones expandidos de
células B se diferenciam em plasmócitos que começam a secretar
anticorpos.

 Fase log
Os plasmócitos inicialmente secretam anticorpo IgM uma vez que o
gene de cadeia pesada Cμ está mais perto do gene VDJ rearranjado.
Eventualmente algumas células B trocam a produção de IgM pela
produção de IgG, IgA ou IgE. À medida que mais células B proliferam e
se diferenciam em células secretoras de anticorpos a concentração de
anticorpos aumenta exponencialment e.

 Fase estacionária
À medida que o antígeno é esgotado, as células T e B não são mais
ativadas. Em adição a isso, mecanismos que regulam negativamente a
resposta imune começam a participar. Além do mais, plasmócitos
começam a morrer. Quando a taxa de síntese de anticorpo se iguala à
taxa de decaimento, a fase estacionária é atingida.

 Fase de declínio
Quando nenhum anticorpo novo é produzido porque o antígeno não está
mais presente para ativar células T e B e o anticorpo residual é
paulatinamente degradado, a fase de decaimento é atingida.

Resposta secundária (Figura 8)

Nem todas as células T e B que são estimuladas pelo antígeno durante a primeira ameaça do
antígeno morrem. Algumas delas são células de vida longa e constituem o que referimos como
pool de células de memória. Tanto células de memória T como células de memória B são
produzidas e células de memónia T sobrevivem mais tempo do que células de memória B. Numa
ameaça secundária pelo antígeno não somente células virgens T e B são ativadas, como também
células de memória e porisso há um tempo de latência menor na resposta secundária. Uma vez
que há um clone expandido de células sendo estimuladas a taxa de produção de anticorpos
também é aumentada durante a fase log da produção de anticorpos e níveis mais elevados são
atingidos. Igualmente, visto que muitas senão todas as células de memória B terão mudado para
a produção de IgG (IgA ou IgE), IgG é produzido mais cedo na resposta secundária. Além disso,
uma vez que há um clone expandido de células de memória T que podem ajudar as células B a
mudarem para a produção de IgG (IgA ou IgE), a classe predominante de Ig produzida após a
segunda ameaça é IgG (IgA ou IgE).

Resposta de Ac a antígenos T-independentes


Respostas a antígenos T-independentes são caracterizadas pela produção de quase que
exclusivamente anticorpos IgM e pela ausência de resposta secundária. Uma exposição
secundária ao antígeno resulta em outra resposta primária ao antígeno como ilustrado na Figura
9.

Mudança de classe

Durante uma resposta por anticorpos a um antígeno T-dependente ocorre uma mudança na
classe de Ig produzida de IgM para algumas outras classes (exceto IgD). Nossa compreens ão
da estrutura dos genes de imunoglobulina ajuda a explicar como ocorre a mudança de classe
(Figura 10).

Durante a mudança de classe ocorre outro rearranjo de DNA entre um sítio de mudança (S μ) no
íntron entre as regiões VDJ rearranjadas e o gene Cμ e outro sítio de mudança antes de um dos
outros genes de regiões constantes, permitindo dessa forma a expressão de uma nova classe
de cadeia pesada. Uma vez que o mesmo gene VDJ é colocado junto de um gene C diferente
e uma vez que a especificidade do anticorpo é determinada pelas regiões hipervariáveis
dentro da região V, o anticorpo produzido após a ocorrência da mudança, terá a mesma
especificidade de antes.

Citocinas secretadas pelas células T auxiliares podem causar a mudança para certos isotipos.
Imunoglobulinas de membrana e secretoras

A especificidade de imunoglobulina de membrana em uma célula B e a Ig secretada pela


progênie de plasmócitos de uma célula B é a mesma. Uma compreensão de com o a
especificidade de Ig de membrana e de Ig secretadas por uma célula B individual podem ser a
mesma parte de uma compreensão dos genes de imunoglobulina (Figura 11).

Há dois sítios poli-A potenciais no gene da imunoglobulina. Um após o exon para o último
domínio de cadeia pesada e o outro após os exons que codificam para os domínios trans -
membrana. Se o primeiro sítio poli-A é usado, o pré-RNAm é processado para produzir uma
proteína secretora. Se o segundo sítio poli-A é usado, o pré-RNAm é processado para produzir
uma forma membranar de imunoglobulina. Entretanto, em todos os casos a mesma região
VDJ é usada e porisso a especificidade do anticorpo permanece a mesma . Todos os genes
de região C têm essas partes adicionais de membrana associadas a eles e assim, após a
mudança de classe outras classes de imunoglobulinas podem ser secretadas ou expressas na
superfície das células B.

FUNÇÕES DO COMPLEMENTO

Historicamente, o termo complemento (C) era usado para se referir a um componente termo lábil
do soro que era capaz de lisar bactéria (atividade destruída (inativada) pelo aquecimento do soro
a 56 graus C por 30 minutos). Entretanto, o complemento é hoje conhecido por contribuir para as
defesas do hospedeiro também de outras maneiras. O complemento pode opsonizar bactéria para
uma melhor fagocitose; pode recrutar e ativar várias células incluindo células polimorfonucleares
(PMNs) e macrófagos; pode participar na regulação de respostas de anticorpos e pode auxiliar na
eliminação de complexos imunológicos e células apoptóticas. Complemento também tem efeitos
detrimentais para o hospedeiro; contribui para inflamação e danos tissulares e pode disparar
anafilaxia.

O complemento compreende mais de 20 proteínas séricas diferentes (ver Tabela 1) que são
produzidas por uma variedade de células incluindo, hepatócitos, macrófagos e células epiteliais
do intestino. Algumas proteínas do complemento ligam-se a imunoglobulinas ou a componentes
de membrana das células. Outras são proenzimas que, quando ativadas, clivam uma ou mais
outras proteínas do complemento. Com a clivagem algumas das proteínas do complemento
liberam fragmentos que ativam células, aumentam a permeabilidade vascular ou opsonizam
bactéria.

abela 1. Proteínas do sistema Complemento


Via Clássica Via da Lectina Via Alternativa Via Lítica
Proteínas de C3, Fatores B & D* ,
ativação: Properdina (P)
Proteína de
C1qrs, C2, C3, C4
ligação à C5, C6, C7,
manana (MBP), C8, C9
Fatores I* & H, fator
protease
acelerador de
manana-
Proteínas de decaimento (DAF),
associada a
Controle: Receptor de
serina (MASP,
complemento
MASP2)
C1-INH, C4-BP 1(CR1), etc.
Proteína S

Componentes sublinhados adquirem atividade enzimática quando ativados.

Componentes marcados com um asterisco têm atividade enzimática na sua


forma inativa.

VIAS DE ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO

A ativação do complemento pode ser dividida em quatro vias (figura 1): a via clássica,
a via da lectina, a via alternativa e a via do ataque à membrana (ou via lítica). Ambas
as vias clássica e alternativa levam à ativação da C5 convertase e resulta na produção
de C5b que é essencial para a ativação da via do ataque à membrana.

VIA CLÁSSICA (Figura 2)


Ativação de C1

C1, uma proteína multi-subunitária contendo três proteínas diferentes (C1q,


C1r e C1s), liga à região Fc das moléculas de anticorpo IgG e IgM que
interagiram com antígeno. A ligação de C1 não ocorre a anticorpos que não
se complexaram com antígeno e a ligação requer íons cálcio e
magnésio. (N.B. Em alguns casos C1 pode ligar a imunoglobulinas
agregadas [ex. agregados de IgG] ou a certas superfícies em patógenos na
ausência de anticorpo). A ligação de C1 a anticorpo é via C1q e esta proteína
deve realizar ligação cruzada com pelo menos duas moléculas de anticorpo
para ser firmemente fixada. A ligação de C1q leva à ativação de C1r que
por sua vez ativa C1s. O resultado é a formação de uma “C1qrs” ativada,
que é uma enzima que cliva C4 em dois fragmentos C4a e C4b.

Ativação de C4 e C2 (geração de C3 convertase)


O fragmento C4b liga-se à membrana e o fragmento C4a é liberado no
microambiente. “C1qrs” ativada também cliva C2 em C2a e C2b. C2a liga-
se à membrana em associação com C4b, e C2b é liberada no
microambiente. O complexo resultante C4bC2a é uma C3 convertase, que
cliva C3 em C3a e C3b.

Ativação de C3 (geração de C5 convertase)


C3b liga-se à membrana em associação com C4b e C2a, e C3a é liberada
no microambiente. O C4bC2aC3b resultante é uma C5 convertase. A
geração de C5 convertase é o fim da via clássica.

Alguns dos produtos da via clássica têm atividades biológicas potentes que
contribuem para as defesas do hospedeiro. Alguns desses produtos também
têm efeitos detrimentais se produzidos de maneira não regulada. Tabela 2
sumariza as atividades biológicas dos componentes da via clássica.

Tabela 2. Atividade Biológica dos produtos da via clássica


Componente Atividade Biológica
Procinina; clivada pela plasmina para liberar
C2b
cinina, que resulta em edema
Anafilotoxina; pode ativar basófilos e
mastócitos induzindo sua degranulação
C3a resultando no aumento da permeabilidade
vascular e contração das células da musculatura
lisa, levando à anafilaxia
Opsonina; promove fagocitose pela ligação a
receptores do complemento
C3b
Ativação de células fagocitárias
C4a Anafilotoxina (mais fraca que C3a)
Opsonina; promove fagocitose pela ligação a
C4b
receptores do complemento

Se a via clássica não for regulada poderá haver produção contínua de C2b, C3a, e C4a.
Desse forma, deve haver uma maneira de regular a atividade da via clássica. Tabela
3 sumariza as maneiras pelas quais a via clássica é regulada.

Tabela 3. Regulação da Via Clássica


Componente Regulação
Todos C1-INH; dissocia C1r e C1s de C1q
CInativador C3a (C3a-
C3a
INA; Carboxipeptidase B); inactiva C3a
Fatores H e I; Fator H facilita a degradação
C3b
de C3b pelo Fator I
C4a C3-INA
Proteína ligadora de C4 (C4-BP) e Fator
I; C4-BP facilita a degradação de C4b pelo
C4b Fator I; C4-BP também previne a
associação de C2a com C4b bloqueando
assim a formação da C3 convertase
A importância de C1-INH na regulação da via clássica é demonstrada pelo resultado de
uma deficiência neste inibidor. Deficiências de C1-INH estão associadas com o
desenvolvimento de angioedema hereditário.

VIA ALTERNATIVA

A via alternativa começa com a ativação de C3 e requer Fatores B e D e cátions Mg++ ,


todos presentes no soro normal.

Circuito de amplificação da formação de C3b (Figura 4)


No soro há um baixo nível de hidrólise espontânea de C3 para produzir C3i. O fator B liga-se a C3i
e se torna susceptível ao Fator D, que cliva o Fator B em Bb. O complexo C3iBb age como uma
C3 convertase e cliva C3 em C3a e C3b. Uma vez formado C3b, o Fator B ligar-se-á a ele e tornar-
se-á susceptível à clivagem pelo Fator D. O complexo C3bBb resultante é uma C3 convertase que
continuará a gerar mais C3b, amplificando assim a produção de C3b. Se este processo continuar
sem parar, o resultado seria o consumo de todo o C3 do soro. Dessa forma, a produção
espontânea de C3b está estreitamente controlada.
Controle do circuito de amplificação (Figuras 5 e 6)

Como C3b espontaneamente produzida liga-se a membranas hospedeiras autólogas,


este interage com DAF (fator de aceleração de decaimento), que bloqueia a
associação do Fator B com C3b prevenindo dessa maneira a formação de C3
convertase adicional. Além disso, DAF acelera a dissociação de Bb de C3b na C3
convertase que foi formada, parando dessa maneira a produção de C3b adicional.
Algumas células possuem o receptor de complemento 1 (CR1). A ligação de C3b a
CR1 facilita a degradação enzimática de C3b pelo Fator I. Além disso, a ligação da
C3 convertase (C3bBb) a CR1 também dissocia Bb do complexo. Dessa maneira,
em células possuidoras de recetores do complemento, CR1 também exerce papel no
controle do circuito de amplificação. Finalmente, Fator H pode ligar a C3b ligado a
uma célula ou na fase fluida e facilita a degradação enzimática de C3b pelo Fator
I. Dessa forma, o circuito de amplificação é controlado pelo bloqueio da formação da
C3 convertase, dissociação da C3 convertase, ou pela digestão enzimática de C3b. A
importância do controle desse circuito de amplificação é ilustrada em pacientes com
deficiências genéticas do Fator H ou I. Esses pacientes têm uma deficiência de C3 e
elevada susceptibilidade a certas infecções.

Estabilização da C convertase por superfícies ativadoras (protetoras) (Figura 7)


Quando ligado ao ativador apropriado da via alternativa, C3b liga-se ao Fator B, que é
clivado enzimaticamente pelo Fator D para produzir C3 convertase (C3bBb). Entretanto,
C3b é resistente à degradação pelo Fator I e a C3 convertase não é rapidamente
degradada, uma vez que é estabilizada pela superfície ativadora. O complexo é
subseqüentemente estabilizado pela ligação da properdina a C3bBb. Ativadores da via
alternativa são componentes na superfície de patógenos e incluem: LPS de bactéria
Gram-negativa e as paredes celulares de algumas bactérias e leveduras. Dessa forma,
quando C3b liga-se a uma superfície ativadora, a C3 convertase formada torna-se
estável e continua a gerar mais C3a e C3b pela clivagem de C3.

Geração da C5 convertase (Figura 10)

Algumas das C3b geradas pela C3 convertase estabilizada na superfície ativadora se


associam com o complexo C3bBb para formar um complexo C3bBbC3b. Este é a C5
convertase da via alternativa. A geração de C5 convertase é o fim da via alternativa.
A via alternativa pode ser ativada por muitas bactérias Gram-negativas (sendo as mais
significativas a Neisseria meningitidis e N. gonorrhoea), algumas Gram-positivas e
certos vírus e parasitas, e resulta na lise desses organismos. Dessa forma, a via
alternativa de ativação do C proporciona outro meio de proteção contra certos
patógenos antes da montagem de uma resposta por anticorpo. A deficiência de C3
resulta em uma susceptibilidade aumentada a esses organismos. A via alternativa deve
ser uma via mais primitiva e as vias clássica e da lectina provavelmente teriam se
desenvolvido a partir da via alternativa.

Lembrem-se de que a via alternativa proporciona um meio de resistência não


específica contra infecção sem a participação de anticorpos e, portanto fornece
a primeira linha de defesa contra uma variedade de agentes infecciosos.

Muitas bactérias gram negativas e algumas gram positivas, certos vírus, parasitas,
células vermelhas heterólogas, agregados de imunoglobulinas (particularmente IgA) e
algumas outras proteínas (ex. proteases, produtos da via de coagulação) pode ativar a
via alternativa. Uma proteína, o fator do veneno da cobra (CVF), tem sido
extensivamente estudada pela sua habilidade de ativar esta via.

VIA DA LECTINA

A via da lectina (figura 3) é muito similar à via clássica. Ela é iniciada pela ligação da
lectina ligadora a manose (MBL) a superfícies bacterianas com polissacarídeos
(mananas) contendo manose. A ligação de MBL a um patógeno resulta na associação
de duas proteases de serina, MASP-1 e MASP-2 (MBL-proteases associadas a serina).
MASP-1 e MASP-2 são similares a C1r e C1s, respectivamente e MBL é similar a C1q.
A formação do complexo tri-molecular MBL/MASP-1/MASP-2 resulta na ativação das
MASPs e subseqüente clivagem de C4 em C4a e C4b. O fragmento C4b liga à
membrana e o fragmento C4a é liberado no microambiente. MASPs ativadas também
clivam C2 em C2a e C2b. C2a liga à membrana em associação com C4b e C2b é
liberada no microambiente. O complexo C4bC2a resultante é a C3 convertase, que cliva
C3 em C3a e C3b. C3b liga-se à membrana em associação com C4b e C2a e C3a é
liberada no microambiente. O C4bC2aC3b resultante é a C5 convertase. A geração da
C5 convertase é o fim da via da lectina.

As atividades biológicas e proteínas reguladoras da via da lectina são as mesmas da


via clássica.

VIA DO ATAQUE À MEMBRANA (LÍTICA) (figura 9)


A C5 convertase das vias clássica (C4b2a3b), da lectina (C4b2a3b) ou alternativa (C3bBb3b) cliva
C5 em C5a e C5b. C5a permanece na fase fluida e C5b se associa rapidamente com C6 e C7 e
se insere na membrana. Subsequentemente C8 liga-se, seguido por algumas moléculas a C9. As
moléculas C9 formam um poro na membrana através do qual os conteúdos celulares vazam e
ocorre a lise. A lise não é um processo enzimático; acredita-se que seja devido ao dano físico à
membrana. O complexo consistindo em C5bC6C7C8C9 é referido como complexo de ataque à
membrana (MAC).

C5a gerado na via lítica tem várias e potentes atividades biológicas. É a mais potente anafilotoxina.
Além disso, é um fator quimiotáctico para neutrófilos e estimula a queima respiratória neles e
estimula a produção de citocina inflamatória pelos macrófagos. Sua atividade é controlada pela
inativação pela carboxipeptidase B (C3-INA).

Alguns dos complexos C5b67 formados podem se dissociar da membrana e entrar na fase fluida.
Se for isso o que acontece então ele pode se ligar a outras células vizinhas e provocar sua lise. A
lesão a células das vizinhanças é impedida pela Proteína S (vitronectina). Proteína S liga-se ao
C5b67 solúvel e impede sua ligação a outras células

PRODUTOS BIOLOGICAMENTE ATIVOS DA ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO

Ativação do complemento resulta na produção de várias moléculas biologicamente


ativas que contribuem para a resistência, anafilaxia e inflamação.

Produção de Cinina

C2b gerada durante a via clássica da ativação do C é uma procinina que torna-se biologicamente
ativa após alteração enzimática pela plasmina. A produção excessiva de C2b é imped ida pela
ativação limitada de C2 pelo inibidor C1 (C1-INH) também conhecido como serpina que desacopla
C1rs do complexo C1qrs (Figura 10). Uma deficiência genética de C1-INH leva à superprodução
de C2b e é a causa do edema angioneurótico. Esta condição pode ser tratada com Danazol que
promove a produção de C1-INH ou com ácido ε-amino capróico que diminui a atividade da
plasmina.
Anafilotoxinas
C4a, C3a e C5a (em ordem crescente de atividade) são todas as anafilotoxinas que
causam degranulação celular de basófilos/mastócitos e contração de células da
musculatura lisa. Efeitos indesejáveis desses peptídios são controlados pela
carboxipeptidase B (C3a-INA).

Fatores Quimiotácticos

C5a e MAC (C5b67) são ambos quimiotácticos. C5a é também um potente ativador de
neutrófilos, basófilos e macrófagos e causam indução de moléculas de adesão nas
células endoteliais vasculares.

Opsoninas
C3b e C4b na superfície de microrganismos se encaixam no receptor do C (CR1) em
células fagocitárias e promovem fagocitose.

Outros produtos biologicamente ativos da ativação do C

Os produtos de degradação de C3 (iC3b, C3d e C3e) também se ligam a células


diferentes através de receptores distintos e modulam suas funções.

Em resumo, o sistema do complemento toma parte na resistência específica e não


específica e gera uma variedade de produtos de significância biológica e patofisiológica
(Tabela 4).

Há deficiências genéticas conhecidas para a maioria dos componentes individuais do


complemento, mas a deficiência de C3 é mais séria e fatal. Deficiências do
complemento podem ocorrer em doenças imunes complexas como o lúpus eritematoso
sistêmico (SLE) e infecções bacterianas, virais e parasitárias agudas e crônicas.

Tabela 4. Atividades dos Produtos de Ativação do Compleme nto


e seus Fatores de Controle
Fator (ES) de
Fragmento Atividade Efeito
Controle
Procinina, acúmulo de
C2a Edema C1-INH
fluidos
Degranulação de basófilos
e mastócitos; aumento da
C3a permeabilidade vascular, Anafilaxia C3a-INA
contração da musculatura
lisa
Opsonina, ativação de Factores H e
C3b Fagocitose
célula fagocitária I
Degranulação de basófilo
Anafilaxia
e mastócito; aumento da
C4a permeabilidade vascular, C3a-INA
(menos
contração da musculatura
potente)
lisa
C4-BP e
C4b Opsonina Fagocitose
Fator I
Degranulação de basófilo
Anaphylaxis
e mastócito; aumento da
permeabilidade vascular,
(most
contração da musculatura
potent)
lisa
C5a C3a-INA
Quimiotaxia, estimula ção
da queima respiratória,
ativação de células Inflamação
fagocitárias, estimula ção
de citocinas inflamatórias
Quimiotaxia Inflamação
Proteína S
C5bC6C7 Liga-se a outras Danos de (vitronectina)
membranas tecido

Tabela 5. Deficiências do complemento e doença


Via/Componente Doença Mecanismo
Via Clássica
Angioedema
C1INH Superprodução de C2b (procinina)
hereditário
Opsonização de complexos imunes
Predisposição ajuda a mantê-los solúveis, a
C1, C2, C4
ao SLE deficiência resulta no aumento da
precipitação em tecidos e inflamação
Via da Lectina
Susceptibilidade
a infecções
MBL bacterianas em Inabilidade de iniciar a via da lectina
bebês ou
imunodeprimidos
Via Alternativa
Susceptibilidade
a infecções Insuficiência de opsonização da
Fatores B ou D
bacterianas bactéria
piogênicas
(formadoras de
pus)
Susceptibilidade
Ausência de opsonização e inabilidade
C3 a infecções
de utilizar a via do ataque à membrana
bacterianas
Susceptibilidade
C5, C6, C7 C8, Incapacidade de atacar a membrana
a infecções
e C9 externa de bactéria Gram-negativa
Gram-negativas
Susceptibilidade
Properdina
a meningite Ausência de opsonização da bactéria
(ligada ao X)
meningocócica
Deficiência de
C3 e
Ativação descontrolada de C3 pela via
Fatores H ou I susceptibilidade
alternativa em depleção de C3
a infecções
bacterianas

Powerpoint 8

VISÃO GERAL

O sistema imune se desenvolveu para proteger o hospedeiro contra patógenos e outras


substâncias estranhas. A discriminação do próprio e não próprio é um dos marcos do sistema
imune. Há dois locais principais onde os patógenos residem: Extra-celularmente, nos espaços
dos tecidos ou intra-celularmente, dentro de uma célula hospedeira e o sistema imune tem
maneiras diferentes de lidar com patógenos nesses locais.

Patógenos extra-celulares
Anticorpos são a defesa primária contra patógenos extra-celulares e eles funcionam de três
maneiras principais:

Neutralização (Figura 1a)


Ao se ligarem com o patógeno ou à substância estranha os anticorpos podem
bloquear a associação do patógeno com seus alvos. Por exemplo, anticorpos contra
toxinas bacterianas podem impeder a ligação da toxina às células hospedeiras
próximas ao tornar a toxina inócua. Similarmente, anticorpos que se ligam a
patógenos virais ou bacterianos podem impeder a ligação do patógeno ao seu alvo
nas proximidades impedindo a infecção ou colonização.

Opsonização (Figura 1b)

O anticorpo ao se ligar ao patógeno ou à substãncia estranha pode opsonizar o


material e facilitar sua captação e destruição pelas células fagocíticas. A região Fc
do anticorpo interage com os receptores Fc nas células fagocíticas tornando o
patógeno mais facilmente fagocitável.

Ativação do complemento (Figura 1c)

A cascata de ativação do complemento pelo anticorpo pode levar à lise de certas


bactérias e virus. Além disso, alguns componentes da cascata do complement o
(ex. C3b) opsoniza patógenos e facilita sua captação via receptores do complement o
nas células fagocíticas.

Patógenos intracelulares

Como anticorpos não penetram nas células hospedeiras, eles são ineficazes contra patógenos
intracelulares. O sistema imune usa uma abordagem diferente para lidar com esses
tipos de patógenos. Respostas mediadas por células são a defesa primária contra
patógenos intracelulares e a abordagem é diferente dependendo de onde está o
patógeno na célula hospedeira (i.e., no citosol ou no interior de vesículas). Por exemplo,
a maioria dos virus e algumas bactérias residem no citoplasma da célula hospedeira.
Entretanto, algumas bactérias e parasitas na verdade vivem no interior de endossomas
na célula hospedeira infectada. A defesa primária contra patógenos no citosol é o linfócito
T citotóxico (Tc ou TCL). Contrariamente, a defesa primária contra um patógeno no
interior de vesículas é uma sub-divisão de linfócitos T auxiliares (Th1).

Linfócitos T citotóxicos (Figura 2)


TCLs são uma sub-divisão de linfócitos T que expressam um tipo especial de antígeno nas suas
superfícies chamado CD8. Essas células reconhecem antígenos do patógeno que são exibidos
na superfície da célula infectada e matam a célula impedindo portanto que a infecção se espalhe
pelas células vizinhas. TCLs matam pela indução de apoptose na célula infectada.

Células T Auxiliares Th1 (Figura 3)

Células Th são uma sub-divisão de células T que expressam um tipo especial de antígeno nas
suas superfícies chamado CD4. Uma sub-população de células Th, células Th1, é a defes a
primária contra patógenos intracelulares que vivem no interior de vesículas. Células Th1
reconhecem antígenos de patógenos que são expressados na superfície das células infect adas
e liberam citocinas que ativam a célula infectada. Uma vez ativada, a célula infectada pode então
matar o patógeno. Por exemplo, Mycobacterium tuberculosis, o agente causador da tuberculose,
infecta macrófagos mas não é morto porque ele bloqueia a fus ão dos lisossomos com os
endossomos nos quais ele reside. Células Th1 que reconhecem antígenos de M. tuberculosis na
superfície de um macrófago infectado podem secretar citocinas que ativam macrófagos. Uma
vez ativado o macrófago, os lisossomos se fusionam com os endossomos e as bactérias de M.
tuberculosis são mortas.

Embora respostas imunes sejam dirigidas ao patógeno e para o local onde o patógeno reside,
a maioria dos patógenos pode emitir uma resposta mediada tanto por anticorpos como por
células, ambas as quais podem contribuir para que o hospedeiro se livre do patógeno.
Entretanto, para um patógeno em particular, um anticorpo ou uma resposta mediada por
célula pode ser mais importante para a defesa contra o patógeno.

ESPECIFICIDADE DA RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA

A especificidade na resposta imune adaptativa reside nos receptores de antígenos nas células T
e B, os receptores TCR e BCR, respectivamente. TCR e BCR são semelhantes no fato de que
cada receptor é específico para um determinante antigênico mas eles diferem no fato de que
BCRs são divalentes enquanto que TCRs são monovalentes (Figura 5). Uma consequência
dessa diferença é que enquanto células B podem ter seus receptores de antígenos em ligação
cruzada com um antígeno, TCR não podem. Isso tem implicações sobre como as células B e T
podem se tornar ativadas.

Cada célula B e T tem um receptor que é especifico para um determinante antigênico particular e
existe uma grande variedade de receptores diferentes em ambas as células B e T. A ques tão sobre
como esses receptores são gerados foi o principal assunto para imunologistas por muitos anos. Duas
hipóteses básicas foram propostas para explicar a geração dos receptores: a hipótese instrucionista
(original) e a hipótese da seleção clonal.

RECIRCULAÇÃO DE LINFÓCITOS
Como existem relativamente poucos linfócitos T ou B com um receptor para um antígeno
particular (1/10.000 – 1/100.000), as chances de um encontro bem sucedido entre o
antígeno e o linfócito apropriado são mínimas. Entretanto, as chances de um encontro
bem sucedido são muito aumentadas pela recirculação dos linfócitos através dos órgãos
linfóides secundários. Linfócitos no sangue entram nos nódulos linfáticos e se infiltram
através dos nódulos linfáticos (Figura 6). Se eles não encontram um antígeno no nódulo
linfático, eles saem via vasos linfáticos e voltam ao sangue via ducto torácico. É estimado
que 1-2% dos linfócitos recirculam a cada hora. Se os linfócitos nos nódulos linfáticos
encontram um antígeno, que tenha sito transportado para o nódulo linfático via vasos
linfáticos, as células se tornam ativadas, dividem-se e diferenciam-se para se
transformarem em plasmócitos, Th ou célula Tc. Após alguns dias as células efetoras
podem sair dos nódulos linfáticos via vasos linfáticos e retornam ao sangue via ducto
torácico e daí encontram seus caminhos para o local do tecido infectado.

Linfócitos não instruídos (virgens) entram nos nódulos linfáticos deixando o sangue via
vênulas endoteliais altas (HEVs). Receptores-guias nos linfócitos dirigem as células para
os HEVs. Nos linfonodos, linfócitos com o receptor de antígeno apropriado encontram o
antígeno, que foi transportado aos linfonodos pelas células dendríticas ou macrófagos .
Após a ativação os linfócitos expressam novos receptores que permitem as células sairem
do linfonodo e se re-introduzirem na circulação. Receptores nos linfócitos ativados
reconhecem moléculas de adesão celular expressas nas células endoteliais próximo ao
local de uma infecção e quimiocinas produzidas no local da infecção ajudam a atrair as
células ativadas (Figura 7).
Linfócitos virgens dos tecidos linfóides primários tais como medula óssea migram para tecidos linfóides secundários,
i.e. o baço e os linfonodos. Células apresentadoras de antígenos (APCs), incluindo células dendríticas e fagócitos
(monócitos) mononucleares, também derivam de células-tronco da medula óssea. Essas APCs penetram nos tecidos,
englobam o antígeno e o transportam para os tecidos linfóides para serem apresentados às células T e B. Linfócitos
iniciados então migram dos tecidos linfóides e se acumulam preferencialmente nos locais de infecção e inflamação

MHC

Estudos subsequentes mostraram que existiam dois tipos de moléculas codificadas pelo MHC:
Moléculas de classe I e de classe II. Moléculas de classe I foram encontradas em todas a células
nucleadas (não em células vermelhas do sangue) enquanto que moléculas de classe II foram
encontradas somente nas células apresentadoras de antígenos (APCs), que incluem células
dendríticas, macrófagos, células B e alguns outros tipos (Figura 1).

Somente após a descoberta de como o receptor de célula T (TCR) reconhece o antígeno é que
o papel dos genes de MHC na resposta imune foi compreendido. Foi demonstrado que o TCR
reconhece peptídios antigênicos em associação com moléculas de MHC. Células T reconhecem
porções de proteínas antigênicas que são ligadas covalentemente a produtos dos genes de
MHC. Células T citotóxicas (Tc) reconhecem peptídios ligados a moléculas de MHC classe I e
células T auxiliares (Th) reconhecem peptídios ligados a moléculas de MHC classe II. As
estruturas tridimencionais das moléculas de MHC e TCR foram determinadas por cristalografia
de raios X de forma que pudemos ter uma visão clara de como os produtos de genes de TCR,
MHC e antígeno interagem

ESTRUTURA DE MOLÉCULAS DE MHC CLASSE I

A molécula de MHC classe 1 tem três domínios globulares: alfa 1 (amarelo), alfa 2 (verde) e alfa 3
(azul). O domínio alfa 3 é estreitamente associado com com a molécula não codificada pelo MHC
beta 2 microglobulina (rosa). Esta última é estabilizada pela ponte dissulfeto (vermelha) e é
semelhante a um domínio de imunoglobulina na estrutura tridimensional. Os sítios aloantigênicos
que carreiam determinantes específicos para cada indivíduo estão nos domínios alfa 1 e 2. O último
também tem uma cadeia de carboidrato (azul, CHO). Existe um fosfato no domínio citoplasmático.
Papaína cliva próximo da superfície externa da membrana plasmática.
As moléculas de MHC classe I são compostas de duas cadeias polipeptídicas: Uma longa
cadeia α e uma curta cadeia β chamada β2-microglobulina (figura 2). A cadeia α tem
quatro regiões: Primeiro, uma região citoplasmática, contendo sítios de fosforilação e de
ligação a elementos do citoesqueleto. Segundo, uma região transmembrana contendo
aminoácidos hidrofóbicos pelos quais a molécula é ancorada na membrana celular.
Terceiro, um domínio altamente conservado tipo imunoglobulina α3 ao qual se liga
CD8. Quarto, uma região de ligação a peptídio altamente polimórfica formada a partir dos
domínios α1 e α2. A β2- microglobulina se associa com a cadeia α e auxilia a manter a
conformação apropriada da molécula.

. Uma análise de qual parte das moléculas de MHC classe I é mais variável demonstra que
a variabilidade é mais pronunciada nos domínios α1e α2, que compreende a região de
ligação ao peptídio (Figura 3). A estrutura da fenda de ligação, revelada pela cristalografia
de raios X, mostra que é composta de duas α helices formando uma parede de cada lado
e oito lâminas de folha-beta formando um assoalho. O peptídio é ligado no interior da fenda
e os resíduos que a cobrem fazem contato com o peptídio (Figura 4). Esses são os
resíduos que são mais polimórficos. A fenda irá acomodar peptídios com comprimento de
aproximadamente 8-10 aminoácidos. Se um peptídio em particular vai ligar ou não à fenda
vai depender dos aminoácidos que cobrem a fenda. Devido ao fato de moléculas de classe
I serem polimórficas, moléculas de classe I diferentes se ligarão a peptídios diferentes .
Cada molécula de classe I irá se ligar somente a certos peptídios e haverá um conjunto de
requisitos que o peptídio deve cumprir para se ligar à fenda. Por exemplo, Figura 5 mostra
que uma molécula de classe I irá se ligar a peptídios que tenham uma leucina (L) como
aminoácido no terminal carboxílico e tirosina (Y) ou fenilalanina (F) como 4º aminoácido a
partir do terminal carboxílico. Se essas duas condições são cumpridas um peptídio irá se
ligar, independentemente de quaisquer que sejam os outros aminoácidos. Similarment e
uma molécula de classe I diferente irá se ligar a qualquer peptídio que tenha uma tirosina
(Y) como segundo aminoácido a partir do terminal amínico e uma valina (V), isoleucina (I)
ou leucina (L) no terminal carboxílico (Figura 5). Assim, para cada molécula de classe I há
certos aminoácidos que precisam estar em locais determinados no peptídio para se ligar à
molécula de MHC. Essas regiões no peptídio são chamadas de “regiões de ancoragem”.

No MHC há 6 genes que codificam moléculas de classe I: HLA-A, HLA –B, HLA-C, HLA-E,
HLA-F e HLA-G. Entre estas HLA-A, HLA –B e HLA-C são as mais importantes e são as
mais polimórficas. A tabela 1 mostra o grau de polimorfismo em cada um desses loci.

Tabela 1. Polimorfismo de genes de MHC classe I


Número of alelos
Locus
(alotipos)
HLA-A 218
HLA-B 439
HLA-C 96
Relativamente poucos
HLA-E, HLA-F e HLA-G
alelos

ESTRUTURA DE MOLÉCULAS DE MHC CLASSE II


Moléculas de MHC classe II compreendem dois peptídios não idênticos (alfa e beta) que são associados
não covalentemente e atravessam a membrana plasmática com o terminal N para fora da célula. Os
domínios mais próximos da membrana em cada cadeia estão relacionados estruturalmente com
imunoglobulinas. Com a exceção do domínio alfa 1, todos os domínios são estabilizados po r pontes de
sulfeto (vermelho). Ambas as cadeias alfa e beta são glicosiladas. A cadeia beta é mais curta do que a
cadeia alfa (MW de beta = 28,000) e contém os sítios aloantigênicos. Há algum polimorfismo na cadeia alfa
de algumas moléculas de MHC II

Moléculas de MHC classe II são compostas de duas cadeias polipeptídicas uma α e uma β de
tamanho aproximadamene igual (Figura 6). Ambas as cadeias têm quatro regiões: primeiro, uma
região citoplasmática contendo regiões de fosforilação e elementos de ligação ao citoesqueleto;
segundo, uma região transmenbrana contendo aminoácidos hidrofóbicos pelos quais a molécula
é ancorada na membrana celular, terceiro, um domínio α2 altamente conservado e um
domínio β2 altamente conservado ao qual se liga CD4, e uma região de ligação a peptídio
altamente polimórfica formada pelos domínios α1 e β1.

Assim como no caso das moléculas de MHC Classe I, uma análise de qual parte das
moléculas de MHC classe II é mais variável demonstra que a variabilidade é mais pronunciada
nos domínios α1 e β1, que compreende a região de ligação ao peptídio (Figura 7). A estrutura
da fenda de ligação ao peptídio, revelada por cristalografia de raios X, mostra que, como nas
moléculas de MHC classe I, a fenda é composta de duas α helices formando uma parede de
cada lado e oito oito lâminas de folha-beta formando um assoalho. Ambas as cadeias α1 e β1
contribuem para a estrutura da fenda de ligação ao peptídio. O peptídio se liga à fenda e os
resíduos que cobrem a fenda fazem contato com o peptídio. Esses são os resíduos que são mais
polimórficos. A fenda de moléculas de Classe II é aberta em um dos lados de forma que esta
pode acomodar peptídios mais longos de aproximadamente 13-25 aminoácidos com alguns dos
aminoácidos localizados do lado de fora da fenda. Se um peptídio particular irá ligar à fenda ou
não vai depender dos aminoácidos que cobrem a fenda. Devido ao fato de que moléculas de
classe I são polimórficas, diferentes moléculas de classe II irão ligar diferentes peptídios. Assim
como no caso das moléculas de classe I, cada molécula de classe II irá ligar somente certos
peptídios e haverá um conjunto de critérios que um peptídio deve cumprir para se ligar à fenda (
(i.e. “regiões de ancoragem”).

No MHC há 5 loci que codificam moléculas de classe II, cada um deles contendo um gene para
uma cadeia α e pelo menos um gene para uma cadeia β. Os loci são designados como HLA-DP,
HLA –DQ, HLA-DR, HLA-DM, e HLA-DO. Dentre esses, HLA-DP, HLA –DQ, e HLA-DR são os
mais importantes e os mais polimórficos. Tabela 2 mostra o grau de polimorfirmo de cada um
desses loci.

Tabela 2. Polimorfismo de genes de MHC classe II


Número de alelos
Locus (alotipos)

HLA-DPA 12
HLA-DPB 88
HLA-DQA 17
HLA-DQB 42
HLA-DRA 2
HLA-DRB1 269
HLA-DRB3 30
HLA-DRB4 7
HLA-DRB5 12
Relativamente poucos
HLA-DM e HLA-DO
alelos

ESTRUTURA DO RECEPTOR DE CÉLULA T (TCR)

O heterodímero receptor de célula T compreende duas glicoproteínas transmembrana e as cadeias alfa e beta.
Há dois domínios na parte externa de cada cadeia e estas se parecem com as regiões variáveis e constantes
da imunoglobulina. Há cadeias de açúcares em cada domínio. Há uma pequena sequência semelhante à
região de dobradiça que conecta os domínios tipo domínio de imunoglobulina à sequência transmembrana.
Esta contém cisteínas que formam uma ponte dissulfeto. As estruturas helicoidais hidrofóbicas transmembrana
são peculiares por conterem aminoácidos carregados positivamente (aminoácidos básicos). A cadeia alfa tem
dois resíduos carregados positivamente enquanto a cadeia beta tem um.
O TCR é um heterodímero composto de uma cadeia α e uma β de aproximadamente igual
tamanho (Figura 8). Cada cadeia tem uma cauda citoplasmática curta mas de tamanho
suficiente para transduzir um sinal de ativação para a célula. Ambas as cadeias têm uma
região transmembrana que compreende os aminoácidos hidrofóbicos pelos quais a
molécula é ancorada na membrana celular. Ambas as cadeias têm uma região constante
e uma região variável semelhante às cadeias de imunoglobulina. A região variável de
ambas as cadeias contêm regiões hipervariáveis que determinam a especificidade para o
antígeno. Cada célula T carrega um TCR de uma única especificidade (i.e. há exclusão
alélica).

A base genética para a geração da grande variedade de receptores de antígenos nas


células B foi discutida anteriormente (veja aula sobre genética das Ig). A geração da
grande variedade de TCRs é conseguida por mecanismos similares. Os genes da linhagem
germinativa para os genes β de TCR são compostos de segmentos gênicos V, D e J que
se rearranjam durante o desenvolvimento da célula T para produzir muitas cadeias β de
TCR diferentes (Figura 9). Os genes α da linhagem germinativa para cadeia α de TCR são
compostos de segmentos V e J que se rearranjam para produzir as cadeias α. A
especificidade do TCR é determinada pela combinação de cadeias α e β.

Há uma pequena população de células T que expressam TCRs que têm cadeias γ e δ ao
invés de cadeias α e β. Essas células gama/delta predominam no epitélio de mucosas e
têm um repertório tendencioso para antígenos bacterianos e virais. Os genes para
cadeias δ têm segmentos gênicos V, D e J enquanto que genes para cadeias γ têm apenas
segmentos V e J mas o repertório é consideravelmente menor do que o das células
alfa/beta. As células gama/delta reconhecem antígenos de maneira MHC-independent e,
ao contrário das células T alfa/beta.

TABELA 3

COMPARAÇÃO ENTRE AS PROPRIEDADES PRINCIPAIS DOS GENES E


PROTEÍNAS DA IMUNOGLOBULINA (Ig) E DOS RECEPTORES DE CÉLULAS
T (TCR)

GENES

Propriedades Ig TCR
Muitas VDJs, Poucas C's Sim Sim

Rearranjo VDJ Sim Sim

Pares V formam região de


Sim Sim
reconhecimento antigênico

Hipermutação somática Sim Não

PROTEÍNAS

Formas transmembrana Sim Sim

Formas secretoras Sim Não

Isotipos com funções distintas Sim Não

Valência 2 1

COMPLEXO TCR E CD3

O receptor de antígenos de superfície de célula T compreende oito proteínas.


(a) Duas cadeias do receptor de célula T ligadas por pontes dissulfeto que formam um heterodímero. Estas
reconhecem peptídios associados com moléculas de MHC.
(b) Quatro cadeias coletivamente denominadas de CD3, que se associam com o dímero receptor de célula
T e participam no seu transporte à superfície da célula. O complexo CD3 junto com as cadeias zeta, que
formam um heterodímero, tranduzem o sinal depois que o antígeno é ligado

O TCR está íntimamente associado com um grupo de 5 proteínas coletivamente chamadas de


complexo CD3 (Figura 10). O complexo CD3 é composto de uma cadeia γ, uma δ, duas ε e
2 ξ. Todas as proteínas do complexo CD3 são invariantes e elas não contribuem para a
especificidade de jeito nenhum. O complexo CD3 é necessário para a expressão na superfíc ie
celular do TCR durante o desenvolvimento da célula T. Além disso, o complexo CD3 transduz
sinais de ativação para a célula após a interação do antígeno com o TCR.
A “SINAPSE IMUNOLÓGICA”

A interação entre o TCR e moléculas de MHC não é muito forte. Moléculas acessórias são
necessárias para ajudar a estabilizar a interação (Figura 11). Estas incluem: 1) CD4 ligando-s e
a MHC de Classe II, que assegura que células Th somente interajam com APCs; 2) CD8 ligando -
se a MHC classe I, que assegura que células Tc possam interagir com células alvo; 3) CD2
ligando-se a LFA-3 e 4) LFA-1 ligando-se a ICAM-1. As moléculas acessórias são invariantes e
não contribuem para a especificidade da interação, que é apenas determinada pelo TCR. A
expressão de moléculas acessórias pode ser aumentada em resposta a citocina, que é uma
maneira pela qual citocinas modulam as respostas imunes.

Além das moléculas acessórias que ajudam a estabilizar a interação entre o TCR e antígeno em
associação com moléculas de MHC, outras moléculas são também necessárias para a ativação
de células T. Dois sinais são necessários para a ativação de células T – um é a união do
TCR com Ag/MHC e o outro sinal vem da união de moléculas co-estimulatórias com seus
ligantes. Uma das mais importantes (mas não a única) molécula co-estimulatória é CD28 em
células T que precisam interagir com B7-1 (CD80) ou B7-2 (CD86) em APCs . Assim como nas
moléculas acessórias, as moléculas co-estimulatórias são invariantes e não contribuem para a
especificidade da interação. As interações múltiplas do TCR com Ag/MHC e as moléculas
acessórias e co-estimulatórias com seus ligantes têm sido denominadas de “sinapse
imunológica”.
A co-estimulação não é somente necessária para a ativação das células T. Uma falta de co-
estimulação pode resultar em anergia (i.e., inabilidade de responder a antígeno) ou regulação
negativa da resposta. Figura 12 mostra os possíveis resultados de uma célula T recebendo um
ou ambos os sinais necessários para a sua ativação. A união do TCR com Ag/MHC em condições
de não co-estimulação leva à anergia. A união somente da molécula co-estimulatória não tem
efeito. A união do TCR com Ag/MHC e as moléculas co-estimulatória com seus ligantes leva à
ativação. A união do TCR com Ag/MHC e a união do ligante B7 com CTLA -4, moléculas similares
a CD28, levam à regulação negativa da resposta. A interação CTLA -4/B7 envia um sinal inibidor
à célula T ao invés de um sinal ativador. Esta é uma das maneiras pelas quais as respostas
imunes são reguladas. CTLA-4 é expressa nas células T mais tarde em uma resposta imune e
isso ajuda a desligar a resposta.
ETAPAS CHAVE DA ATIVAÇÃO DE CÉLULAS T

 APC deve processar e apresentar peptídios às células T


 Células T devem receber um sinal co-estimulador – usualmente vindo de
CD28/B7
 Moléculas acessórias de adesão devem auxiliar a estabilizar a ligação de células
T e APC (CD4/MHC classe II, CD8/MHC classse I, LFA-1/ICAM-1 e CD2/LFA-3)
 Sinais de superfície celular devem ser transmitidos para o núcleo via
mensageiros secundários.
 Citocinas, incluindo IL-2, ajudam a dirigir a divisão celular

TABELA 4
MOLÉCULAS ACESSÓRIAS IMPORTANTES

Molécula de célula T Ligante na segunda célula

CD4 em células T auxiliares Moléculas de MHC classe II

CD8 em células T citotóxicas Moléculas de MHC classe I

LFA-2 (CD2) LFA-3

LFA-1 ICAM-1, ICAM-2

LFA = Antígeno associado a função leucocitária

ICAM = Molécula de adesão intercelular

Powerpoint 10

COMPARAÇÃO ENTRE BCR E TCR

Células B e células T reconhecem diferentes substâncias como antígenos e


reconhecem de uma forma diferente. A célula B usa a imunoglobulina ligada à
superfície da célula como um receptor e a especificidade deste receptor é a mesma
da imunoglobulina que ela é capaz de secretar após a ativação. Células B
reconhecem os seguintes antígenos na forma solúvel: 1)

 proteínas (ambos determinantes conformacionais e determinantes


expostos pela denaturação ou proteólise)
 ácidos nuclêicos
 polissacarídeos
 alguns lipídios
 pequenos agentes químicos (haptenos)

Contrariamente, a esmagadora maioria dos antígenos de células T são proteínas, e


estas precisam ser fragmentadas e reconhecidas em associação com produtos do
MHC expressos na superfície de células nucleadas, não em forma solúvel. Células T
estão agrupadas funcionalmente de acordo com a classe de moléculas de MHC que
se associa com os fragmentos peptídicos da proteína: células T auxiliares
reconhecem apenas aqueles peptídios associados com moléculas de MHC
classe II, e células T citotóxicas reconhecem apenas aqueles peptídios
associados com moléculas de MHC classe I.

PROCESSAMENTO E APRESENTAÇÃO DO ANTÍGENO

Processamento e apresentação do antígeno são processos que ocorrem no interior


da célula e que resultam na fragmentação de proteínas (proteólise), associação dos
fragmentos com moléculas do MHC, e expressão das moléculas “peptidio-MHC” na
superfície onde elas poderão ser reconhecidas pelo receptor de célula T na célula T.
Entretanto, a etapa que leva à associação de fragmentos de proteína com moléculas
de MHC diferem no MHC classe I e classe II. Moléculas de MHC classe I
apresentam produtos de degradação derivados de proteínas intracelulares
(endógenas) no citosol. Moléculas de MHC classe II apresentam fragmentos
derivados de proteínas extracelulares (exógenas) que estão localizadas em um
compartimento intracelular.

Processamento e apresentação do antígeno em células


expressando MHC classe I
Todas as células nucleadas expressam MHC classe I. Como mostrado na Figura 1, proteínas
são fragmentadas no citosol por proteossomos (um complexo de proteínas com atividade
proteolítica) ou por outras proteases. Os fragmentos são então transportados através da
membrana do retículo endoplasmático por proteínas de transporte. (As proteínas de transporte e
alguns componentes do proteossomo tem seus genes no complexo MHC). A síntese e
organização das cadeias pesada e beta2 microglobulina ocorre no retículo endoplasmático. No
interior do retículo endoplasmático, a cadeia pesada do MHC classe I, a beta2microglobulina e o
peptídio formam um complexo estável que é transportado à superfície da célula.

Processamento e apresentação do antígeno em células


expressando MHC classe II
Enquanto todas as células nucleadas expressam MHC classe I, apenas um
limitado grupo de células expressam MHC classe II, que inclui as células
apresentadoras de antígenos (APC). As principais APCs são macrófagos,
células dendríticas (células de Langerhans), e células B, e a expressão de
moléculas de MHC classe II é tanto constitutiva como induzível, especialmente pelo
interferon-gama no caso dos macrófagos.

Como mostrado na Figura 2, proteínas exógenas incorporadas por endocitose são fragmentadas
por proteases em um endossomo. As cadeias alfa e be ta do MHC classe II, junto com uma
cadeia invariante, são sintetizadas, montadas no retículo endoplasmático e transportadas
através do aparelho de Golgi e trans-Golgi para chegar no endossomo, onde a cadeia invariante
é digerida, e os fragmentos de peptídios da proteína exógena são capazes de se associar com
moléculas de MHC classe II, que finalmente são transportadas para a superfície da célula.

Outras informações sobre o processamento e apresentação de


antígenos

a. Uma maneira de entender o desenvolvimento de duas vias diferentes é que cada


uma delas finalmente estimula a população de células T que é mais eficiente na
eliminação do antígeno.

Virus se replicam no interior de células nucleadas no citosol e produzem antígenos


endógenos que podem se associar com MHC classe I. Ao matar essas células
infectadas, células T citolíticas ajudam a controlar a propagação do virus.
Bacteria reside e se replica principalmente no ambiente extracelular. Ao ser
incorporada e fragmentada no interior de células como antígenos exógenos que
podem se associar com moléculas de MHC classe II, células auxiliares Th2 podem
ser ativadas para ajudar células B a fazerem anticorpos contra bactéria, o que limita o
crescimento desses organismos.

Algumas bactérias crescem intracelularmente no interior de vesículas de células como


macrófagos. Células T Th1 inflamatórias ajudam a ativar macrófagos para matar a
bactéria intracelular.

b. Fragmentos de proteínas próprias, assim como de não-próprias se associam com


moléculas de ambas as classes de MHC e são expressas na superfície da célula.

c. Quais fragmentos se ligam é uma função da natureza química da fenda para aquela molécula
de MHC específica

PAPEL DO TIMO

Tanto células Th como Tc tem restrição do MHC ao próprio. Além disso, células T
normalmente não reconhecem antígenos próprios. Como são geradas células T com
restrição do MHC ao próprio e por que não são produzidas células T autorreativas?
Rearranjos aleatórios VDJ nas células T poderiam gerar algumas células T que
poderiam reconhecer antígenos próprios. É papel do timo se certificar de que
somente células T que chegam à periferia tenham restrição do MHC ao próprio e
que sejam incapazes de reagir com antígeno próprio. Células T funcionais na
periferia têm que reconhecer antígenos estranhos associados com MHC próprio,
porque células APC ou células alvo apresentam antígenos estranhos associados com
MHC próprio. Entretanto, um indivíduo não precisa de células T funcionais na periferia
que reconheçam antígenos (próprios ou estranhos) associados com MHC não-
próprio. Um indivíduo especialmente não deseja células T funcionais na periferia que
possam reconhecer antígenos próprios associados com MHC próprio porque eles
poderiam levar a danos em tecidos sadios, normais.
Como resultado de eventos de recombinação aleatória VDJ que ocorrem em células T
imaturas no interior do timo, TCRs de todas as especificidades são produzidos.
Processos no timo determinam quais as especificidades de TCR que serão mantidas.
Há duas etapas sequenciais mostradas na Figura 6. Primeira, células T com a
habilidade de se ligar a moléculas de MHC próprias expressadas pelas células
epitelias corticais do timo são mantidas. Isso é conhecido como seleção positiva.
Aqueles que não se ligam, entram em apoptose. Assim, células T com a
habilidade de se ligar a moléculas de MHC próprias associadas com moléculas
próprias expressadas pelas células epiteliais do timo, células dendríticas e
macrófagos são mortas. Isso é conhecido como seleção negativa. Aqueles que
não se ligam são mantidos. Como resultado dessas duas etapas, células T tendo
um TCR que reconhece MHC próprio e antígeno estranho sobrevivem. Cada
célua T que sobrevive a seleção positiva e negativa no timo e é liberada na periferia
mantém seu receptor de célula T (TCR) específico.

Enquanto a seleção positiva e negativa está ocorrendo no timo as células T imaturas


estão também expressando antígenos CD4 ou CD8 nas suas superfícies. Inicialmente
a célula pré-T que entra no timo é CD4-CD8-. No timo ela se torna CD4+CD8+ e à
medida que a seleção positiva e negativa se processa a célula se torna ou uma célula
CD4+ ou CD8+. O compromisso de se tornar células CD4+ ou CD8+ depende de qual
seja a classe de molécula de MHC que a célula encontra. Se uma célula CD4+CD8+
é apresentada com uma molécula de classe I ela irá regular negativamente CD4
e se tornará uma célula CD8+. Se a célula é apresentada com uma molécula de
MHC de classe II ela irá regular negativamente CD8 e se tornará uma célula
CD4+ (Figura 7).

SELEÇÃO NEGATIVA NA PERIFERIA

A seleção positiva e negativa no timo não é um processo 100% eficiente. Além disso, nem todos
os antígenos próprios são expressados no timo. Assim, algumas células T autorreativas podem
chegar à periferia. Assim, existem mecanismos adicionais elaborados para eliminar
células T autorreativas na periferia. Esses serão discutidos na aula de tolerância.

Uma vez que células B não têm restrição ao MHC não há necessidade de seleção positiva de
células B. Entretanto, seleção negativa (i.e., eliminação de clones autorreativos) de células B é
necessária. Isso ocorre durante o desenvolvimento de célula B na medula óssea. Entretanto,
seleção negativa de células B não é crítica como no caso das células T uma vez que, na
maioria das vezes, células B requerem a ajuda de célula T para se tornarem ativadas.
Assim, se uma célula B autorreativa chega à periferia ela não será ativada devido à falta
da ajuda da célula T.

CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS

Os três tipos principais de células apresentadoras de antígenos são células


dendríticas, macrófagos e células B, embora outras células, que expressem
moléculas de MHC classe II, (e.g., células epiteliais do timo) possam agir como
células apresentadoras de antígenos em alguns casos. Células dendríticas, que são
encontradas na pele e outros tecidos, ingerem antígenos por pinocitose e transportam
antígenos para os linfonodos e baço. Nos linfonodos e baço elas são encontrados
predominantementemente nas áreas de células T. Células dendríticas são as células
apresentadoras de antígenos mais eficientes e podem apresentar antígenos a células
não iniciadas (virgens). Além disso, elas podem apresentar antígenos internalizados
em associação com moléculas de MHC classe I ou classe II (apresentação cruzada),
embora a via predominante para antígenos internalizados é a via de classe II. O
segundo tipo de célula apresentadora de antígeno é o macrófago. Essas células
ingerem antígenos por fagocitose ou pinocitose. Macrófagos não são tão eficientes na
apresentação de antígenos a células T não iniciadas mas eles são muito bons na
ativação de células T de memória. O terceito tipo de célula apresentadora de antígeno
é a célula B. Essas células se ligam ao antígeno via sua Ig de superfície e ingere
antígenos por pinocitose. Assim como macrófagos essas célula não são tão eficientes
como as células dendríticas na apresentação de antígeno a células T não iniciadas.
Células B são muito eficientes na apresentação de antígeno a células T de memória,
especialmente quando a concentração de antígeno é baixa devido às Ig de superfície
nas células B se ligarem a antígenos com alta afinidade.

APRESENTAÇÃO DE SUPERANTÍGENIOS

Superantígenos são antígenos que ativam células T policlonalmente (ver aula


sobre antígenos) para produzir grandes quantidades de citocinas que podem ter
efeitos patológicos. Esses antígenos devem ser apresentados às células T em
associação com moléculas de MHC classe II mas o antígeno não precisa ser
processado. A figura 5 compara como antígenos convencionais e superantígenos são
apresentados a células T. No caso de um superantígeno a proteína intata se liga a
moléculas do MHC classe II e a uma ou mais regiões Vβ do TCR. O antígeno não é
ligado à fenda de ligação ao peptídio da molécula de MHC ou à região de ligação ao
antígeno do TCR. Assim, qualquer célula T que usa uma Vβ particular no seu TCR
será ativada por um superantígeno, resultando na ativação de um grande número de
células T. Cada superantígeno se ligará a um conjunto diferentes de regiões Vβ.
Diferenças entre antígeno e superantígeno. Peptídios antigênicos são processados no interior da célula e
apresentados na superfície da célula em associação com moléculas do MHC classe II. Eles então estimulam o
receptor de célula T em um linfócito. Superantígenos não são processados mas eles se ligam à proteína de
MHC classe II e à cadeia beta V do receptor de célula T. Um dado superantígeno ativa uma classe di stinta de
células T que expressam uma certa cadeia beta V.

Obs.: No caso da interação MHC II-TCR com um peptídio normalmente processado, o reconhecimento do peptídio
na molécula de MHC requer os segmentos do TCR V alfa, J alfa, V beta, D beta e J beta. Tal interação ocorre em
baixa frequência. No caso da interação MHC II -TCR com um superantígeno não processado, apenas uma
dada região V beta é reconhecida. Isso de fato ocorre com uma frequência muito maior

INTERAÇÕES CÉLULA-CÉLULA EM RESPOSTAS POR


ANTICORPOS A ANTÍGENOS EXÓGENOS DEPENDENTES DE
CÉLULAS T

Modêlo do carreador-hapteno

Historicamente, uma das mais importantes descobertas em imunologia foi que células T e
células B eram necessárias para a produção de anticorpos para uma proteína complexa. Uma
grande contribuição para a nossa compreensão deste processo veio de estudos de formação
de anticorpos anti-hapteno. Estudos com conjugados carreador-hapteno estabeleceram que: 1)
Células Th2 reconheceram os determinantes em carreadores e células B reconheceram os
determinantes em haptenos; 2) interações entre células B hapteno-específicas e células Th
carreador-específicas apresentavam restrição ao MHC; e 3) Células B podem atuar tanto no
reconhecimento como na apresentação do antígeno.
Antígeno é processado pela célula B. Co-estimuladores são expressos. O peptídio antigênico processado é
apresentado em associação com antígenos de MHC classe II. A célula T reconhece o peptídio juntamente com o
antígeno de MHC e os co-estimuladores. A célula T expressa o ligante CD40. Este último se liga ao antígeno CD40
na célula B e as células B se dividem e se diferenciam. Anticorpos são produzidos pela célula B

Células B ocupam uma posição especial nas respostas imunes porque elas expressam
imunoglobulina (Ig) e moléculas de MHC classe II na sua superfície. Elas são portanto capazes
de produzir anticorpos que têm a mesma especificidade que é expressa pelos seus receptores
de imunoglobulina; além disso elas podem funcionar como uma célula apresentadora de
antígeno. Em termos do modêlo conjugado carreador-hapteno, acredita-se que o mecanismo
seja o seguinte: o hapteno é reconhecido pelo receptor de Ig, o carreador-hapteno é trazido
para o interior da célula B, processado, e os fragmentos peptídicos da proteína carreadora são
apresentados à célula T auxiliar. A ativação da célula T leva à produção de citocinas que fazem
com que as células B hapteno-específicas se tornem ativadas para produzir anticorpos solúveis
anti-hapteno. A figura 4 sumariza as interações que ocorrem entre célula B e célula T.

Observe que há sinais múltiplos emitidos às células B neste modelo de interação de células
Th2-célula B. Como no caso da ativação de células T onde o sinal derivado do reconhecimento
pelo TCR de uma molécula peptídio-MHC que foi por si só insuficiente para a ativação da
célula T, o mesmo acontece para a célula B. A ligação de um antígeno ao receptor de
imunoglobulina libera um sinal para a célula B, mas este é insuficiente. Sinais secundários
liberados pelas moléculas co-estimulatórias são necessários; o mais importante destes é
CD40L na célula T que liga a CD40 na célula B para iniciar a liberação de um segundo sinal.

Respostas humorais primárias


Células B não são as melhores células apresentadoras de antígenos em uma resposta humoral
primária; células dendríticas ou macrófagos são mais eficientes. Entretanto, com algumas
poucas modificações o modelo carreador-hapteno de interações célula-célula descrito acima
também se aplica para interações em uma resposta humoral primária (Figura 5). Em uma
resposta primária a célula Th2 encontra primeiro o antígeno apresentado pelas células
dendríticas ou macrófagos. A célula Th2 “iniciada” pode então interagir com células B que
encontraram antígeno e estão apresentando peptídios em associaç ão com moléculas de MHC
classe II. As células B ainda requerem dois sinais para a ativação – um sinal é a ligação do
antígeno à Ig de superfície e o segundo sinal vem do acoplamento CD40/ligante CD40 durante
a interação célula-célula de Th2/B. Além disso, citocinas produzidas pelas células Th2 ajudam
as células B a proliferarem e se diferenciarem em plasmócitos secretores de anticorpos.

Respostas humorais secundárias

Como consequência da resposta primária, muitas células de memória T e células B são


produzidas. Células B de memória têm um receptor de Ig de alta afinidade (devido à maturação
de afinidade), que os permite ligar e apresentar antígeno em concentrações muito menores do
que é necessário para macrófagos ou células dendríticas. Além disso, células T de memória
são mais facilmente ativadas do que células T não iniciadas. Assim, interações celulares B/Th
são suficientes para gerar respostas humorais secundárias. Não é necessário (embora possa
ocorrer) “iniciar” células Th de memória com antígenos apresentados pelas células dendríticas
ou macrófagos.

INTERAÇÕES CÉLULA-CÉLULA EM RESPOSTAS HUMORAIS A


ANTÍGENOS EXÓGENOS INDEPENDENTES DE CÉLULAS T
Respostas humorais a antígenos independentes de células T (T-independentes) não
requerem interações célula-célula. A natureza polimérica desses antígenos permite a
ligação cruzada de receptores de antígenos em células B resultando na ativação. Não
ocorre resposta secundária, maturação de afinidade ou mudança de classe. Respostas a
antígenos T-independentes são devidas à ativação de uma subpopulação de células B
chamada células CD5+ B (também chamadas células B1), que as distinguem das células
B convencionais que são CD5- (também chamadas células B2).

Células CD5+ (B1)

Células CD5+ são as primeiras células B a aparecerem na ontogenia. Elas expressam IgM
de superfície mas muito pouco ou nenhum IgD e elas produzem primariamente
anticorpos IgM de genes da linhagem germinativa minimamente e somaticamente mutados.
Anticorpos produzidos por essas células são de baixa afi nidade e são frequentemente
poli-reativos (ligam múltiplos antígenos). A maioria das IgM no soro é derivada de células B
CD5+. Células B CD5+ não produzem células de memória . Uma característica importante
dessas células é que elas se auto-renovam, contrariamente às células B convencionais que
precisam ser substituidas na medula óssea. Células B CD5+ são encontradas em tecidos
periféricos e são a célula B predominante na cavidade peritoneal . Células B1 são uma
defesa importante contra muitos patógenos bacterianos que caracteristicamente têm
polissacarídeos nas suas paredes celulares. A importância dessas células na imunidade é
ilustrada pelo fato de que muitos indivíduos com defeitos em células T ainda são capazes de
resistir a muitos patógenos bacterianos.

CITOQUINAS
Citocinas são um grupo diversificado de proteínas não humorais que agem como mediadoras
entre células. Elas foram inicialmente identificadas como produtos das células imunes que
agem como mediadoras e reguladores dos processos imunes mas agora se sabe que muitas
citocinas são produzidas por células que não são do sistema imune e que têm efeito no
sistema não-imune também. Citocinas estão sendo usadas clinicamente como modificadores
de resposta biológica para o tratamento de várias doenças. O termo citocina é um termo geral
usado para descrever um grande grupo de proteínas mas há outros termos que são
comumente usados para descrever tipos particulares de citocinas. Estes incluem:

 Monocinas, citocinas produzidas pelas células mononucleares fagocíticas (monócitos)


 Linfocinas, citocinas produzidas por linfócitos ativados, especialmente células Th
 Interleucinas, citocinas que agem como mediadores entre leucócitos

Citocinas não são tipicamente armazenadas como proteínas pré-formadas. Ao invés disso a
sua síntese é iniciada por transcrição gênica e seus RNAm têm vida curta. Eles são produzidos
à medida que é são necessitados para as respostas imunes. Muitas citocinas individuais são
produzidas por muitos tipos de células e agem em muitos tipos celulares (isto é, elas são
pleiotrópicas) e em muitos casos citocinas têm ações similares (isto é, elas são
redundantes). A redundância é devida à natureza dos receptores de citocina. Receptores
para citocinas são heterodímeros (às vezes heterotrímeros) que podem ser agrupados
em famílias em que uma subunidade é comum a todos os membros de uma dada família .
Alguns exemplos são mostrados na Figura 1. Uma vez que a subunidade comum a todos os
membros da família funciona na ligação da citocina e na transdução de sinal, um receptor para
uma citocina pode responder a outra citocina da mesma família. Assim, um indivíduo que não
tem IL-2, por exemplo, não é severamente afetado porque outras citocinas (IL-15, IL-7, IL-9,
etc.) assumem a sua função. Similarmente, uma mutação em uma subunidade de receptor de
citocina que não seja a comum tem muito pouco efeito. Por exemplo, uma mutação no gene
para a subunidade gama da IL-2R causa imunodeficiência combinada severa ligada ao X
(XSCID) caracterizada por defeitos celulares de células T e B completos ou quase completos.
Uma citocina frequentemente influencia a síntese de outras citocinas. Elas podem produzir
cascatas, ou aumentam ou suprimem a produção de outras citocinas. Além disso, elas podem
frequentemente influenciar a ação de outras citocinas. Os efeitos podem ser:

 Antagonistico
 Aditivo
 Sinergístico

Citocinas se ligam a receptores específicos em células-alvo com grande afinidade e as


células que respondem a citocinas são: 1) a mesma célula que secretou a citocina (autocrina);
2) uma célula próxima (parácrina) ou 3) uma célula distante atingida por meio da circulação
(endócrina). Respostas celulares a citocinas são geralmente lentas (horas) porque elas
requerem síntese de novo RNAm e de proteínas

CATEGORIAS DE CITOCINAS
Citocinas podem ser agrupadas em diferentes categorias baseadas nas suas funções ou
suas origens mas é importante lembrar que devido ao fato de elas poderem ser
produzidas por muitos tipos diferentes de células e agirem em muitos tipos diferentes de
células, qualquer tentativa de categorizá-las será sujeita a limitações.

Mediadores da imunidade natural


Citocinas que têm papel importante no sistema imune inato incluem: TNF-α, IL-1, IL-10, IL-12,
interferons tipo I (IFN-α e IFN-β), IFN-γ, e quimiocinas.

TNF-α
Fator de necrose tumoral alfa é produzido por macrófagos ativados em resposta a micróbios,
especialmente ao lipopolissacarídeo (LPS) de bactéria Gram negativa. É um mediador
importante em inflamação aguda. Ele media o recrutamento de neutrófilos e macrófagos para
os locais da infecção através da estimulação das células endoteliais que produzem moléc ulas
de adesão e pela produção de quimiocinas que são citocinas quimiotácticas. TNF - α também
age no hipotálamo para produzir febre e promove a produção de proteínas de fase aguda.

IL-1
Interleucina 1 é uma outra citocina inflamatória produzida pelos macrófagos ativados. Seu
efeito é similar ao do TNF-α e também ajuda a ativar células T.

IL-10
Interleucina 10 é produzida pelos macrófagos ativados e células Th2. É predominantemente
uma citocina inibidora. Ela inibe a produção do IFN-γ pelas células Th1, que muda as respostas
imunes para um tipo Th2. Ela também inibe a produção de citocina por macrófagos ativados e
a expressão de moléculas de MHC classe II e moléculas co-estimulatórias em macrófagos,
resultando no bloqueio das respostas imunes.

IL-12
Interleucina 12 é produzida pelos macrófagos ativados e células dendríticas. Ela estimula a
produção de IFN-γ e induz a diferenciação de células Th para se tornarem células Th1. Além
disso, ela aumenta as funções citolíticas de Tc em células NK.

Interferons tipo I
Interferons tipo I (IFN-α e IFN-β) são produzidos por muitos tipos de células e eles funcionam
inibindo a replicação viral nas células. Eles também aumentam a expressão de moléculas de
MHC classe I em células tornando-as mais susceptíveis à morte pelas CTLs. Interferons tipo I
também ativam células NK.
INF-γ
Interferon gama é uma citocina importante produzida primariamente pelas células Th1, embora
ela possa também ser produzida pelas células Tc e NK em uma extensão menor. Ela tem
numerosas funções tanto no sistema imune inato como no adaptativo como mostrado na Figura
2.

Quimiocinas
Quimiocinas são citocinas quimiotácticas produzidas por muitos tipos de leucócitos e
outros tipos celulares. Elas representam uma grande família de moléculas que
funcionam no recrutamento de leucócitos para os locais da infecção e participam no
tráfico de linfócitos

Mediadores da imunidade adaptativa


Citocinas que têm uma participação importante no sistema imune adptativo incluem: IL-2, IL-4,
IL-5, TGF-β, IL-10 e IFN-γ.

IL-2
Interleucina 2 é produzida pelas células Th, embora ela possa também ser produzida pelas
células Tc em menor extensão. Ela é o mais importante fator de crescimento para as
células T. Ela promove o crescimento de células B e pode ativar células NK e monócitos como
mostrado na Figura 3. IL-2 age em células T de forma autócrina. A ativação de células T resulta
na expressão de IL-2R e na produção de IL-2. A IL-2 se liga à IL-R e promove a divisão celular.
Quando as células T não estão mais sendo estimuladas pelo antígeno, a IL-2R irá
eventualmente decair e a fase proliferativa termina. Figura 4.
Proliferação de célula T e citocinas. Quando células T estão em repouso elas não fazem citocinas tais
como as interleucinas 2, 4 ou 7. Nem expressam grandes quantidades de seus receptores. Não há
receptores para IL-2. A ativação de células T leva à formação de receptores de IL-2 de alta afinidade e à
indução da síntese e secreção de IL-2 e IL-4. Estes se ligam aos seus receptores e as células proliferam.
Quando a estimulação por interleucinas diminui (ex. Quanto a estimulação do antígeno diminui), os
receptores diminuem e a fase proliferativa está terminada. Obs.: estimulação pelas citocinas pode ser
parácrina e autócrina.

IL-4
Interleucina 4 é produzida pelos macrófagos e células Th2. Ela estimula o desenvolviment o de
células Th2 a partir de células Th virgens e promove o crescimento de células Th2
diferenciadas resultando na produção de uma resposta humoral. Ela também estimula a
mudança de classe de Ig para o isotipo IgE.

IL-5
Interleucina 5 é produzida pelas células Th2 e funciona na promoção do crescimento e
diferenciação de células B e eosinófilos. Ela também ativa eosinófilos maduros.

TGF-β
Fator de transformação de crescimento beta é produzido pelas células T e muitos outros tipos
celulares. Ela é primariamente uma citocina inibidora. Ela inibe a proliferação de células T e a
ativação de macrófagos. Ela também age nos PMNs e nas células endoteliais bloqueando os
efeitos de citocinas pró-inflamatórias.

Estimuladores da hematopoiese
Algumas citocinas estimulam a diferenciação de células hematopoiéticas. Elas incluem GM -
CSF que promove a diferenciação de progenitores de medula óssea, M-CSF, que promove
crescimento e diferenciação de progenitores em monócitos e macrófagos e G-CSF, que
promove produção de PMNs

REDE DE CITOCINAS
Embora tenhamos focalizado a produção e ação de citocinas nas células do sistema imune, é
importante lembrar que muitas delas têm efeitos em outras células e sistemas de órgãos. Um
diagrama esquemático mostrando algumas das interações na rede de citocinas é apresentada
na Figura 5a, b e c.
CITOCINAS E IMUNORREGULAÇÃO
PAPEL CENTRAL DAS CÉLULAS TH NAS RESPOSTAS IMUNES
Como mostrado na Figura 1, depois que as células Th reconhecem um antígeno específico
apresentado por uma APC, elas podem iniciar vários processos imunes centrais. Eles incluem:
1) seleção dos mecanismos efetores apropriados (ex. Ativação de células B ou geração de Tc);
2) indução da proliferação das células efetoras apropriadas e 3) aumento da atividade funcional
de outras células (ex. Granulócitos, macrófagos, células NK).

Há três subpopulações de células Th: Células Th0, Th1 e Th2. Quando células não iniciadas
Th0 encontram um antígeno em tecidos linfóides secundários, elas são capazes de se
diferenciar em células inflamatórias Th1 ou em células auxiliares Th2, que podem ser
distinguidas pelas citocinas que elas produzem (Figura 2).

Se uma célula Th0 se torna uma Th1 ou uma Th2 depende das citocinas no meio, que são
influenciadas pelo antígeno. Por exemplo, alguns antígenos estimulam a produção de IL-4 o
que favorece a geração de células Th2 enquanto que outros antígenos estimulam a produção
de IL-12, que favorece a geração de células Th1. Células Th1 e Th2 afetam células diferentes e
influenciam o tipo da resposta imune, como mostrado na Figura 3.
Citocinas produzidas pelas células Th1 ativam macrófagos e participam na geração de células
Tc, resultando em uma resposta imune mediada por células. Contrariamente, citocinas
produzidas pelas células Th2 ajudam a ativar células B, resultando na produção de anticorpos.
Além disso, citocinas Th2 também ativam granulócitos. Igualmente importante, cada
subpopulação pode exercer influências inibitórias uma em relação à outra. IFN-γ produzido
pelas células Th1 inibem a proliferação de células Th2 e Il-10 produzida pelas células Th2 inibe
a produção de IFN-γ pelas células Th1. Além disso, embora não mostrado, IL-4 inibe a
produção de células Th1. Assim, a resposta imune é dirigida ao tipo de resposta que é
requerida para lidar com o patógeno encontrado – respostas mediadas por células para
patógenos intracelulares ou respostas humorais contra patógenos extracelulares.

Mudança de classe

Citocinas produzidas por células Th2 ativadas não apenas estimulam a proliferação e
diferenciação de células B, elas ajudam a regular a classe do anticorpo produzido. Diferentes
citocinas influenciam a mudança para classes diferentes de anticorpos com diferentes funções.
Dessa forma a resposta humoral é desenhada para se ajustar ao tipo de patógeno encontrado
(ex. Anticorpos IgE para infecções parasitárias por vermes ). A Tabela 1 mostra os efeitos de
diferentes citocinas na classe de anticorpo produzido.

Citocina IgG1 IgG2a IgG2b IgG3 IgA IgE IgM

IL-4 Induz Inibe Inibe Induz Inibe


Aumenta
IL-5 a
produção

IFN-
Inibe Induz Induz Inibe Inibe
gamma

TGF-
Induz Inibe Induz Inibe
beta

Regulação isotípica por citocinas de células T murinas.


Certas citocinas induzem (verde) ou inibem (rosa) a produção
de certos isotipos de anticorpos. Inibição em sua maioria
resulta de mudança para um isotipo diferente.

Tabla 1

INTERAÇÕES CÉLULA-CÉLULA NA IMUNIDADE MEDIADA POR


CÉLULAS (ATIVAÇÃO DE MACRÓFAGOS EM RESPOSTA A
ANTÍGENOS ENDÓGENOS EM VESÍCULAS)
Macrófagos têm um papel central no sistema imune. Como mostrado na Figura 9, macrófagos
estão envolvidos em:

 Defesa inicial como parte do sistema imune inato


 Apresentação de antígeno a células Th
 Várias funções efetoras (ex. produção de citocina, atividade bactericida e
tumoricida). De fato macrófagos têm um papel importante não somente na
imunidade mas também na reorganização dos tecidos. Entretanto, devido à
sua potente atividade, macrófago pode também danificar tecidos. A Tabela 2
sumariza as várias funções dos macrófagos na imunidade e na inflamação.
Inflamação - Febre Dano em tecidos

Produção de: Hidrolases


IL-6, TNF alfa, IL-1 – age como Produção de peróxido de
pirogênico hidrogênio
C3a do complemento
Produção de TNF alfa

Imunidade Ação antimicrobiana

Seleção de linfócitos a serem Produção oxigênio-dependente


ativados: de:
IL-12 resulta na ativação de Th1 peróxido de hidrogênio
IL-10 resulta na ativação de Th2 superóxido
radical hidroxílico
Ativação de linfócitos: ácido hipocloroso
Produção de IL-1
Processamento e apresentação Produção oxigênio-
de antígeno independente de:
hidrolases ácidas
proteínas catiônicas
lisozima

Reorganização de tecidos Atividade anti-tumoral

Secreção de uma variedade de Fatores tóxicos


fatores: Peróxido de hidrogênio
Enzimas degradativas (elastase, C3a do complemento
hialuronidase,colagenase) Proteases
Fatores de estimulação de Arginase
fibroblastos Óxido nítrico
Estimulação de angiogênese TNF alfa

Tabela 2

Muitas destas funções dos macrófagos podem ser realizadas apenas por macrófagos ativados.
A ativação de macrófagos pode ser definida como alterações quantitativas na expressão de
vários produtos gênicos que permitem o macrófago ativado executar algumas funções que não
podem ser realizadas por macrófagos não ativados.

A ativação de macrófagos é uma função importante das células Th1. Quando as células Th1
são ativadas por uma APC tal como um macrófago, elas liberam IFN-γ, que é um dos dois
sinais necessários para ativar um macrófago. Lipopolissacarídios (LPS) de bactéria ou TNF -α
produzido por macrófagos expostos a produtos bacterianos liberam o segundo sinal (Figura
10).
Mecanismos efetores empregados pelos macrófagos incluem a produção de:

 TNF-α, que pode induzir a apoptose


 Óxido nítrico e outros intermediários reativos de nitrogênio
 Intermediários reativos de oxigênio
 Proteínas catiônicas e enzimas hidrofóbicas; citotoxicidade celulas dependente de
anticorpo (ADCC)

Ativação de macrófago por células Th1 é muito importante na proteção contra muitos
patógenos diferentes. Por exemplo, Pneumocystis carinii, um patógeno extracelular, é
controlado em indivíduos normais por macrófagos ativados; é, entretanto, uma causa de morte
comum em pacientes de SIDA porque eles são deficientes em células Th1. Similarmente,
Mycobacterium tuberculosis, um patógeno intracelular que reside em vesíc ulas, não é
eficientemente morto por macrófagos a menos que eles sejam ativados; consequentemente
esta infecção é um problema em pacientes de SIDA

INTERAÇÕES CÉLULA-CÉLULA EM IMUNIDADE MEDIADA POR


CÉLULAS (GERAÇÃO DE CÉLULAS TC EM RESPOSTA A
ANTÍGENOS ENDÓGENOS NO CITOSOL)

Linfócitos T citotóxicos não estão totalmente maduros quando eles deixam o timo. Eles
têm um TCR funcional que reconhece antígeno, mas eles não lisam uma célula -alvo. Eles
precisam diferenciar-se em células efetoras totalmente funcionais. Células citotóxicas
diferenciam-se a partir de uma "pré-LTC" em resposta a dois sinais:

Antígeno específico associado com MHC classe I, em uma célula estimuladora


Citocinas produzidas por células Th1, especialmente IL-2, e IFN-gama. Isto é mostrado
na Figura 6.
Células LTC se diferenciam em resposta ao antígeno. Para se diferenciarem em linfócitos T citotóxicos funcionais,
pre-CD8+ LTCs devem receber dois sinais diferentes. Primeiro, eles devem reconhecer o antígeno apresentado por
células expressando MHC-I (as células estimuladoras) e, segundo, eles devem ser estimulados por citocinas. IL-2,
interferon-gama e outros são feitos pelas células T auxiliares CD4+como resultado da interação destas com células
apresentadoras de antígeno expressando MHC classe II. Como resultado desses dois sinais, as pré LTC se
diferenciam em uma LTC ativa que vai lisar as células-alvos que carreiam o mesmo

Aspectos da lise mediada por LTC

 A morte por LTC é antígeno-específica. Para ser morta por uma LTC, a célula -alvo
deve carregar o mesmo antígeno associado a MHC classe I que disparou a
diferenciação do pré-LTC.

 A morte por LTC requer contato celular. LTCs são estimuladas a


matar quando elas reconhecem o antígeno alvo associado com uma
molécula de MHC de superfície. Células adjascentes desprovidas do
alvo apropriado antígeno-MHC não são afetadas.
 LTCs não são destruidas quando elas lisam as células-alvos.
Cada LTC é capaz de matar sequencialmente inúmeras células -alvos.

Mecanismos de morte mediada por LTC


LTCs utilizam vários mecanismos para matar células-alvos, alguns dos quais requerem contato
direto célula-célula e outros resultam da produção de certas citocinas. Em todos os casos a
morte das células-alvos é resultado de apoptose.
 Morte mediada por Fas- e TNF (Figura 7)

Assim que são produzidas as LTCs expressam o ligante Fas na sua


superfície, que se liga aos receptores Fas nas células -alvos. Além
disso, TNF-α secretado pelas LTCs podem se ligar aos receptores de
TNF nas células-alvos. Os receptores de Fas e TNF são famílias de
receptores estreitamente relacionadas, quando encontram seus
ligantes, pois encurtam os receptores. Esses receptores também
contém domínios de morte na porção citoplasmática do receptor, que
após o encurtamento pode ativar caspases que induzem apoptose na
célula-alvo.

 Morte mediada por grânulos (Figura 8)


LTCSs totalmente diferenciadas têm numerosos grânulos que contém
perforina e granzimas. Por ocasião do contato com células -alvos,
perforina é liberada e polimeriza a formação de canais na membrana
da célula-alvo. Granzimas, que são proteases de serina, penetram na
célula-alvo através dos canais e ativam caspases e nucleases na
célula-alvo resultando em apoptose.
1. LTC degranula e libera monômeros de perforina nas redondezas. Enzimas que
polimerizam perforina para formar canais de perforinas também são liberadas e estas
juntamente com Ca++ catalizam a formação de canal na membrana da célula-alvo.

3. O LTC também podem liberar enzimas degradadoras e toxinas que viajam através dos canais de
perforina e danificam a célula-alvo
4. Citocinas tais como TNF alfa e TNF beta são liberadas do LTC ou de macrófagos próximos.
Interferon gama também podem ser liberadas dos LTCs ou de outras células linfóides
próximas. Eles se ligam a receptores na célula-alvo e dispara apoptose

INTERAÇÕES CÉLULA-CÉLULA EM IMUNIDADE MEDIADA POR


CÉLULAS (ATIVAÇÃO DE CÉLULAS NK)

Citocinas produzidas por células Th1 ativadas, particularmente Il-2 e IFN-γ, também ativam
células NK para se tornarem células assassinas ativadas por linfocina (células LAK). Células
LAK são capazes de matar células infectadas por virus ou células tumorais de maneira não
restrita ao MHC. De fato, a susceptibilidade de células-alvos à morte por células NK e LAK é
inversamente proporcional à expressão de moléculas de MHC de classe I (ver aula sobre
imunidade inata). Os mecanismos efetores usados pelas células NK e LAK para matar células -
alvos é similar ao usado pelas LTCs (ex., perforina e granzimas). Células NK e LAK são
também capazes de matar células cobertas por anticorpos por ADCC.

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