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Irrigação do Abdome

As artérias da parede abdominal situadas no plano superficial vão se distribuir à pele e à tela subcutânea. Estas
artérias são as a.a. epigástrica superficial e circunflexa superficial do ílio e os ramos cutâneos das artérias dos
outros planos
As artérias profundas compreendem as localizadas na maior parte do seu trajeto na espessura da musculatura da
parede, como as a.a. lombares, as quatro ou cinco últimas a.a. intercostais posteriores, a a. subcostal, a a.
musculofrênica e a a. circunflexa profunda do ílio, bem como as situadas na maior parte do seu trajeto
posteriormente ao m. reto do abdome, como as a.a. epigástricas superior e inferior.
A a. epigástrica superficial origina-se da a. femoral, a cerca de um centímetro abaixo do ligamento inguinal,
emerge pelo hiato safeno e segue um trajeto ascendente, passando superficial ao ligamento inguinal em direção
ao umbigo, sem, contudo alcançá-lo, correndo entre as camadas areolar e laminar da tela subcutânea. A este
nível se divide em uma série de ramos, progressivamente menores, que se perdem na tela ou na pele ou ainda se
anastomosam com ramos provenientes das a.a. torácica lateral, epigástricas superior e inferior e lombares.
A a. circunflexa superficial do ílio também nasce da a. femoral, muitas vezes de um tronco comum com a a.
epigástrica superficial. Após emergir de forma semelhante a esta pelo hiato safeno, segue uma trajetória de
sentido lateral, aproximadamente paralela ao ligamento inguinal, em direção à espinha ilíaca ântero-superior.
Termina a este nível emitindo diversos e finos ramos, alguns dos quais se anastomosam com ramos provenientes
das a.a. lombares e circunflexa profunda do ílio.
As a.a. lombares são o correspondente abdominal das a.a. intercostais posteriores. Tal como estas são
segmentares, sua distribuição é equivalente e emergem do dorso da aorta. Comumente as a.a. lombares são em
número de quatro de cada lado, podendo haver, ocasionalmente, um quinto e pequeno par que se origina da ou
em tronco com a a. sacral mediana.
A partir de suas origens, anteriores e correspondentes aos corpos das quatro vértebras lombares superiores, as
a.a. lombares correm em sentido lateral, sobre os corpos vertebrais, em direção aos intervalos entre processos
transversos adjacentes, onde emitem o ramo espinhal, que penetra no canal vertebral e o ramo dorsal, para a
musculatura e planos superficiais do dorso. A partir daí seguem em sua trajetória, ainda lateral, em direção à
parede abdominal passando posteriores a diversas estruturas, tais como o tronco simpático lombar (de ambos os
lados), a veia cava inferior (somente do lado direito), os pilares do diafragma (as duas a.a. lombares superiores
de cada lado). Em ambos os lados, as a.a. lombares passam sob os arcos tendíneos que dão origem ao m. psoas
maior e seguem posteriores a ele e ao plexo lombar, cruzando, a seguir, o m. quadrado lombar, sendo que as três
a.a. lombares superiores o fazem posteriormente, enquanto a quarta lombar o faz, em geral, anteriormente.
Comumente, a segunda e a terceira a.a. lombares se distribuem pela massa muscular lombo-sacral e ao m.
quadrado lombar. Já a primeira e a quarta a.a. lombares, mais volumosas que as outras, ao nível da borda lateral
do m. quadrado lombar perfuram a aponeurose de origem do m. transverso do abdome seguindo anteriormente,
entre ele e o m. oblíquo interno. Ao nível da linha axilar posterior, elas atravessam o m. oblíquo interno e se
distribuem para o m. oblíquo externo. Ao longo deste trajeto na parede abdominal póstero-lateral emitem ramos
não só para os músculos, mas também para os planos superficiais, a semelhança do que fazem as a.a. intercostais
posteriores. Todos estes ramos se anastomosam com ramos das a.a. subcostal, iliolombar, circunflexa profunda
do ílio, epigástrica inferior e intercostais posteriores.
As quatro ou cinco últimas artérias intercostais posteriores ao chegarem à extremidade anterior do seu respectivo
espaço intercostal se anastomosam com os ramos intercostais da a. musculofrênica. Estas anastomoses estão,
freqüentemente, presentes do sexto ao décimo espaço intercostal e emitem, cada uma, um ramo abdominal. Estes
ramos (no caso da décima-primeira a. intercostal posterior, toda ela) se posicionam entre os m.m. transverso do
abdome e oblíquo interno e após um trajeto de extensão variável e de sentido medial e inferior perfuram o m.
oblíquo interno para atingir a face profunda do m. oblíquo externo, onde terminam. Seus ramos se anastomosam
com ramos das a.a. subcostal, epigástrica superior e lombares.
As a.a. subcostais são bastante similares às a.a. intercostais posteriores. Elas correm ao longo da borda inferior
da última costela, posteriores ao rim e anteriores ao m. quadrado lombar correspondentes, sendo acompanhadas
pelo ramo ventral do décimo segundo nervo espinhal torácico (n. subcostal). Perfuram a aponeurose de origem
do m. transverso do abdome, passando a se situarem entre este e o m. oblíquo interno, onde se anastomosam com
ramos das a.a. lombares, epigástrica superior e intercostais posteriores mais inferiores.
A a. musculofrênica é o ramo lateral dos dois ramos terminais da torácica interna. Perfura o diafragma
posteriormente à oitava cartilagem costal, fornece ramos aos espaços intercostais mais inferiores (em geral, do
sétimo ao décimo), ao pericárdio, ao diafragma e aos músculos planos da parede ântero-lateral do abdome. Faz
anastomoses com a a. circunflexa profunda do ílio e com as últimas intercostais posteriores.
A a. circunflexa profunda do ílio nasce da a. ilíaca externa, próximo à origem da a. epigástrica inferior e dirige-
se lateralmente para correr, a seguir, ao longo da crista ilíaca. Perfura então o m. transverso e ramifica-se entre
este músculo e o oblíquo interno. Comumente, emite um ramo de trajeto ascendente, às vezes calibroso, que se
anastomosa com a a. musculofrênica.
A a. epigástrica superior é o ramo medial dos dois ramos terminais da a. torácica interna e é o que segue a
direção primitiva desta. Nasce no sexto espaço intercostal, desce posterior às cartilagens costais e, após passar
pelo trígono esternocostal (cujos limites são as partes esternal e costal do diafragma e o apêndice xifóide e o arco
costal) penetra na bainha do m. reto do abdome, inicialmente posterior a ele e, a seguir, após perfurá-lo, em sua
espessura, onde emite numerosos ramos, dos quais alguns suprem o m. reto do abdome enquanto outros
perfuram o folheto anterior da bainha do m. reto e irrigam os músculos e os planos superficiais da parede ântero-
lateral do abdome. Um pequeno ramo (ramo xifóide) passa anterior ao apêndice xifóide, se anastomosando com
seu correspondente contra-lateral. Da a. epigástrica superior partem também ramos para o diafragma e a a.
epigástrica superior direita emite, ainda, ramos para o ligamento falciforme do fígado, os quais se anastomosam
com ramos da a. hepática.
A a. epigástrica inferior origina-se da borda medial da a. ilíaca externa, acima do ligamento inguinal, em uma
distância variável (de alguns milímetros a seis centímetros) deste. Sempre situada no tecido extraperitonial,
emite a a. cremastérica e o ramo púbico, curva-se anteriormente, passa ao longo da borda medial do anel inguinal
profundo, onde o ducto deferente se posiciona em gancho ao redor de sua borda lateral e toma, a seguir, um
trajeto oblíquo, superior e medial, em direção a cicatriz umbilical. Perfura então a fáscia transversal, passa
anterior à linha arqueada e situa-se, inicialmente, entre o m. reto do abdome e o folheto posterior de sua bainha.
Após um curto trajeto nesta situação, penetra na substância do músculo, onde emite numerosos ramos que se
comportam como os da a. epigástrica superior.
Existem anastomoses efetivas entre as a.a. epigástricas. Pelo menos duas anastomoses entre ramos de diâmetro
maior que 0,5 milímetro, além de numerosas anastomoses entre ramos menos volumosos ocorrem senão em
todos os casos, pelo menos em uma ampla maioria. As anastomoses, independentemente dos diâmetros dos
vasos envolvidos, ocorrem, predominantemente, na região situada na metade da distância entre o processo
xifóide e o umbigo, o que indica uma maior participação da a. epigástrica inferior em relação à a. epigástrica
superior nesta rede arterial.
O suprimento arterial dos planos superficiais das regiões inguinais e do hipogástrio depende principalmente das
a.a. epigástrica superficial e circunflexa superficial do ílio. As demais regiões dos planos superficiais ântero-
laterais são supridas predominantemente por ramos perfurantes provenientes das a.a. lombares, intercostais
posteriores, subcostais, circunflexa profunda do ílio e principalmente das a.a. epigástricas inferior e superior. O
território cutâneo suprido pela a. epigástrica inferior atinge, superiormente, a meia distância entre o processo
xifóide e o umbigo, o que corresponde à área de anastomoses epigástrica superior – epigástrica inferior acima
referida, enquanto lateralmente estende-se até a linha axilar média, o que é explicado pela abundância de
anastomoses com as a.a. lombares, intercostais posteriores mais inferiores e subcostais. O território cutâneo da a.
epigástrica superior não ultrapassa inferiormente o umbigo e estende-se, lateralmente, às regiões paraxifóide e
subxifóide. A maioria dos ramos perfurantes atravessa a bainha do m. reto do abdome, enquanto uma minoria, o
faz através do m. oblíquo externo. Os ramos mais calibrosos (de diâmetro maior que 0,5 mm), menores em
número estão particularmente concentrados na região umbilical, enquanto os mais delgados têm uma distribuição
mais equilibrada, embora ocorram, também, em maior numero na região umbilical.
As veias da parede do abdome, em sua maioria, são satélites às respectivas artérias, com seu território de
drenagem correspondendo ao irrigado por estas.
Na drenagem dos planos superficiais, merecem destaque as v.v. epigástricas superficiais que se formam na
região em torno do umbigo, a partir de afluentes que recebem o sangue do epigástrio e das regiões umbilicais.
Seguem uma trajetória oblíqua, inferior e um pouco lateral, recebem outras tributárias, em especial da região
púbica e desembocam, habitualmente, na crossa da v. safena magna. Os planos superficiais das regiões inguinais
drenam tanto para as v.v. epigástricas superficiais quanto para as v.v. circunflexas superficiais do ílio, também
afluentes da crossa da v. safena magna.
Na espessura da musculatura da parede, correm as v.v. lombares, as três ou quatro últimas veias intercostais
posteriores, a v. subcostal, a v. musculofrênica e a v. circunflexa profunda do ílio. Destas, as principais são as
v.v. lombares que, em número de quatro de cada lado, coletam o sangue, por meio de tributárias dorsais, dos
músculos e planos superficiais da parede posterior e, por meio de tributárias abdominais, dos planos ântero-
laterais, em especial musculares, onde se anastomosam com as v.v. epigástricas superior e inferior. Próximo à
coluna vertebral recebem afluentes dos plexos venosos vertebrais, passam posteriormente ao m. psoas maior,
contornam as faces laterais dos corpos vertebrais, e desembocam na face posterior da v. cava inferior. As v.v.
lombares esquerdas são mais longas que as direitas e passam posteriormente à aorta. Além de desembocarem na
v. cava inferior, as v.v. lombares também se ligam à veia cava superior, através do sistema ázigos, pois,
comumente, as v.v. lombares, de cada lado, se anastomosam por uma veia longitudinal, a v. lombar ascendente,
que passa anteriormente aos processos transversos das vértebras lombares e que constitui, na maioria das vezes,
junto com a v. subcostal a origem da v. ázigos, a direita, ou da v. hemiázigos, a esquerda.
Situadas na espessura dos m.m. retos do abdome e depois posteriormente a eles as v.v. epigástricas superiores e
inferiores formam o plano mais profundo da drenagem venosa da parede abdominal. Elas são duplas e se
dispõem aos lados da artéria correspondente. As v.v. epigástricas inferiores, ao nível do canal inguinal, se unem
e o tronco assim resultante desemboca na face medial da v. ilíaca externa. As v.v. epigástricas superiores
desembocam nas respectivas v.v. torácicas internas (que também são duplas), após seguir um trajeto satélite à
artéria correspondente.
Todas estas veias estejam localizadas superficialmente, ou na espessura da musculatura ou ainda profundamente
a esta, não só se anastomosam amplamente entre si, como também mantêm anastomoses amplas com outros
territórios venosos.
Diversas e amplas anastomoses entre as tributárias das v.v. epigástrica superficial e circunflexa superficial do ílio
e as tributárias da v. torácica lateral ocorrem ao nível do umbigo, pois embora não esteja situada no abdome, a v.
torácica lateral recebe tributárias que nascem na região supra-umbilical. Como ela desemboca na v. axilar e esta
é afluente da v. cava superior e a v. safena magna da cava inferior, as anastomoses criam um canal venoso entre
as veias cavas superior e inferior, o canal tóraco-epigástrico, o qual permite a continuidade do fluxo venoso para
o coração na presença de obstruções tanto da v. cava inferior quanto da v. cava superior.
Também as anastomoses entre as v.v. epigástricas superiores e inferiores criam uma via de circulação colateral
entre as cavas. Por meio das v.v. intercostais posteriores mais inferiores, da v. subcostal e das v.v. lombares,
anastomoses entre as cavas também ocorrem, com a participação dos curtos-circuitos formados pelos sistemas
ázigos e venoso vertebral.
As veias da parede abdominal também participam da circulação colateral porto-sistêmica, pois as v.v.
paraumbilicais que correm no ligamento falciforme unem o ramo esquerdo da v. porta às veias superficiais da
região umbilical. Estas são partes do canal tóraco-epigástrico e, portanto têm conexões com a v. torácica lateral
(cava superior) e a v. epigástrica superficial (cava inferior).
Além disto, algumas porções do canal alimentar, tais como os colos ascendente e descendente, estão em contato
direto com a parede abdominal posterior, pois não são revertidos totalmente pelo peritônio. Nestes pontos de
contato estabelecem-se numerosas pequenas anastomoses entre tributárias da v. porta que drenam a face anterior,
peritonizada da víscera e tributárias das v.v. lombares, que drenam a superfície posterior, extra-peritonial.
Os linfáticos da pele e da tela subcutânea da parede abdominal, tanto anterior quanto posterior, situados
superiormente ao umbigo drenam para os linfonodos axilares, enquanto os situados inferiormente ao umbigo
drenam para os linfonodos inguinais superficiais. Os linfáticos dos músculos da parede abdominal, do tecido
extra-peritonial e do peritônio parietal drenam, ao longo das artérias que irrigam estas estruturas, para linfonodos
relacionados a estas (linfonodos aórticos laterais, paraesternais, ilíacos externos e inguinais profundos).
Linfáticos hepáticos, que correm pelo ligamento redondo do fígado se anastomosam com linfáticos da região
umbilical da parede abdominal, podendo ocorrer metástases de neoplasias hepáticas para linfonodos axilares ou
inguinais superficiais.

Irrigação Esofago
A vascularização do esôfago cervical é feita por vasos cervicais, principalmente ramos da artéria tireóidea
superior, ramos da artéria tireóidea inferior. No esôfago torácico, vamos ter ramos direito da aorta torácica,
ramos intercostais e artérias brônquicas. Entre o diafragma e o estômago, estão as artérias frênicas (do
diafragma) inferiores e artéria gástrica esquerda, que vem do tronco celíaco.
A drenagem venosa na parte cervical é feita por ramos da subclávia e hipofaringe; na parte torácica, pelas veias
ázigos, hemiázigos e intercostais; na parte abdominal, pelos ramos das veias gástricas, que são ramos da veia
porta.

Irrigação do Estomago
A irrigação do estômago e dada pelos ramos do tronco celíaco. A artéria gástrica esquerda, ramo direto do tronco
celíaco, anastomosa-se com a artéria gástrica direita, que pode ser um ramo proveniente tanto da artéria hepática
comum, da artéria hepática própria ou ainda da artéria gastroduodenal, na curvatura menor do estômago. Ambas
emitem ramos gástricos anteriores e posteriores para a irrigação do estômago. A artéria gástrica esquerda emite,
na sua porção mais alta, o tronco esôfago-cardio-tuberositário que dá ramos para o esôfago, para a cárdia, e para
o fundo do estômago. As artérias gastroomentais (ou gastroepíploicas) direita (ramo da gastroduodenal) e
esquerda (ramo da lienal) se anastomosam na curvatura maior do estômago. Também emitem ramos gástricos
anteriores e posteriores. Alem destes, a artéria lienal emite as artérias gástricas curtas, para a irrigação do fundo
do estômago.

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