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MED
APRESENTAÇÃO:
PROF. MONALISA
CARVALHO
Olá, aluno Estratégia! Sou a professora Monalisa Carvalho, da
equipe de Ginecologia do Estratégia MED. Sou piauiense, formada
pela Universidade Federal do Piauí, com residência em Ginecologia
e Obstetrícia na mesma instituição. Durante todo o último ano de
faculdade, estudei muito, fazia simulados e vários resumos. Prestei
prova em três instituições e passei nas duas últimas: Universidade
de São Paulo (USP), Universidade Federal do Piauí (UFPI) e SUS- SP.
Um ano após o término da residência me mudei para São
Paulo para cursar Pós Graduação em Patologia do Trato Genital
Inferior na Escola Paulista de Medicina (Unifesp- EPM) e hoje
tenho título de especialista nessa área pela Associação Brasileira
de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC).
Atualmente sou Médica preceptora da Patologia do Trato Genital
Inferior da Unifesp, faço mestrado na mesma instituição e atuo no
setor privado como Colposcopista.
Nossa missão no Estratégia MED é que, através dos nossos
recursos e da sua dedicação, você acerte as questões de qualquer
instituição e atinja sua tão sonhada vaga na residência médica!
@dra.monalisacarvalho
@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
MED
GINECOLOGIA Amenorreia Estratégia
MED
SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO 6
2.0 CONCEITOS INICIAIS 8
3.0 AMENORREIA PRIMÁRIA 11
3.1 DEFINIÇÃO 11
3.2 ETIOLOGIAS 12
CONGÊNITO 28
3.8.1 ANAMNESE 29
3.9 TRATAMENTO 36
3.10 RESUMO 39
4.2 ETIOLOGIAS 41
4.4.4 TUMORES 48
4.5.1 HIPERPROLACTINEMIA 48
4.6.2 PSEUDOCIESE 56
4.8.1 ANAMNESE 60
4.9 TRATAMENTO 69
4.10 RESUMO 70
CAPÍTULO
1.0 INTRODUÇÃO
A amenorreia é um sintoma caracterizado pela ausência de menstruação. Tem prevalência entre 3-4% das mulheres em idade
reprodutiva.
É considerada fisiológica na infância, pós-menopausa, gestação e lactação. Assim, para considerarmos a amenorreia patológica,
temos que excluir todas as causas fisiológicas!
Muitas podem ser as causas desse sintoma, incluindo alterações genéticas, endócrinas, anatômicas, neurológicas e psicológicas. Pode
ser classificada em primária ou secundária, com base na ocorrência ou não da menarca:
Para sua prova, saiba que esse assunto corresponde a pouco mais de 5% das questões de ginecologia e é o terceiro tema mais frequente
nas provas! Abaixo, segue um gráfico com os dez temas mais frequentes nas provas de ginecologia:
VULVOVAGINITES
ENDOMETRIOSE
Neste livro, veremos as causas patológicas da amenorreia. Antes de começá-lo, revise os principais conceitos do ciclo menstrual. Eles
serão muito úteis para que você racionalize a investigação. Além disso, como a amenorreia é um sintoma e não uma doença, você verá
que várias patologias aqui citadas possuem livro digital específico. Sempre que isso acontecer, colocaremos, neste livro, a fisiopatologia da
amenorreia nessa doença, porém os detalhes sobre ela estarão em livro específico.
CAPÍTULO
Outro conceito importantíssimo para este livro é entender o 2. Se não há produção ovariana adequada de
padrão das gonadotrofinas nas diversas patologias que cursam com esteroides, está claro que também não haverá menstruação.
amenorreia (se você já entendeu tudo sobre neuroendocrinologia Chamamos a essa situação de hipogonadismo. Ele pode ocorrer
do ciclo menstrual, essa parte será muito fácil). por duas situações:
Para a paciente menstruar normalmente, todo o eixo HHO a. o sistema nervoso central (SNC) não está liberando
deve estar produzindo estrogênio e progesterona adequados, e gonadotrofinas para estimular o ovário. Nesse caso, temos o
útero e vagina devem estar pérvios para a menstruação, não é hipogonadismo HIPOgonadotrófico.
mesmo? Vamos então analisar algumas situações: b. o ovário é insuficiente para produzir os esteroides.
1. Existindo algum problema no útero e na vagina, Consequentemente, como o SNC está funcionando normalmente,
mesmo com o eixo funcionando normalmente, ou seja, com níveis por mecanismo de feedback, há estímulo para a liberação de mais
hormonais normais, a paciente não menstruará. Esse é um dos gonadotrofinas. Temos o hipogonadismo HIPERgonadotrófico.
casos de eugonadismo ou normogonadismo. Outras patologias não A tabela abaixo resume a classificação das amenorreias com
associadas ao compartimento I também cursam com eugonadismo, base nos níveis de gonadotrofinas e estrogênio, correlacionando-as
como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) (veremos detalhes com os compartimentos descritos acima:
adiante).
GONADOTROFINAS
ESTROGÊNIO COMPARTIMENTO
(FSH e LH)
Hipogonadismo
Baixas Baixo III ou IV
hipogonadotrófico
Hipogonadismo
Altas Baixo II
hipergonadotrófico
Eugonadismo ou
Normal Normal Vários
normogonadismo
Por último, a classificação que divide as amenorreias em distúrbios anatômicos e hormonais (com subdivisão em distúrbios herdados
e adquiridos) é útil para termos uma visão geral de todas as patologias. Segue abaixo a tabela com essa classificação:
HERDADAS ADQUIRIDAS
HIPOGONADISMO
HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO AMENORREIA EUGONADOTRÓFICA
HIPERGONADOTRÓFICO
DISTÚRBIOS DO HIPOTÁLAMO:
HERDADOS:
Síndrome de Kallmann
HERDADAS:
HERDADAS: Hipogonadismo hipogonadotrófico
Síndrome dos ovários policísticos
Cromossômicas idiopático
Hiperplasia adrenal congênita forma
(disgenesia gonadal) ADQUIRIDOS:
tardia
Distúrbios de genes Funcional (transtornos alimentares, excesso
Tumores ovarianos (produtores de
isolados de exercícios, estresse)
esteroides)
Processos destrutivos (tumor, radiação,
trauma, infecção, doença infiltrativa)
Pseudociese
DISTÚRBIOS HIPOFISÁRIOS:
HERDADOS:
Hipoplasia da hipófise
ADQUIRIDAS:
ADQUIRIDOS: ADQUIRIDAS:
Infecção
Adenoma Hiperprolactinemia
Autoimune
Processos destrutivos (macroadenoma, Doença tireoidiana
Iatrogênica
metástases, radiação, trauma, síndrome de Síndrome de Cushing
Ambiental
Sheehan, doença infiltrativa) Acromegalia
Idiopática
Doenças crônicas (doença renal em estágio
terminal, doença hepática, malignidade,
síndromes de má-absorção, AIDS)
Na prática, a distinção entre amenorreia primária e secundária deve ser evitada, pois pode induzir a erros diagnósticos. Entretanto,
nas provas, você verá que as questões direcionam sempre para um dos tipos de amenorreia. Por isso, nosso livro abordará as amenorreias
primária e secundária de forma separada.
CAPÍTULO
3.1 DEFINIÇÃO
A amenorreia primária é definida como ausência de menstruação (menarca) aos 14 anos associada à falha no desenvolvimento de
caracteres sexuais ou aos 16 anos, mesmo com desenvolvimento de caracteres sexuais (mamas e pelos). A média de idade da menarca é de
12 anos. Ela ocorre quando há o amadurecimento do eixo HHO.
WW
DIVERGÊNCIAS NA DEFINIÇÃO DE AMENORREIA PRIMÁRIA
A definição acima é adotada pelo Tratado de Ginecologia do Williams. Já o Tratado de Ginecologia da Febrasgo
(Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e o livro de Berek e Novak consideram a amenorreia
primária como ausência de menstruação aos 13 anos, quando não há caracteres sexuais secundários, ou aos 15 anos,
mesmo na presença de caracteres sexuais secundários.
O Tratado da Febrasgo também acrescenta algumas outras situações que merecem investigação:
1. a menarca não ocorreu até cinco anos após o início do desenvolvimento das mamas, se isso se deu antes dos dez anos de
idade;
2. meninas com idade inferior a 15 anos e com caracteres sexuais secundários presentes que não apresentaram a menarca e
apresentam dor pélvica cíclica (risco de obstrução do trato genital);
3. meninas com estigmas de síndrome de Turner devem ser investigadas em qualquer idade (veremos detalhes sobre essa
síndrome adiante).
O assunto de puberdade está detalhado em livro digital específico, mas só para relembrarmos alguns conceitos que podem
ser cobrados em questões sobre amenorreia, a puberdade normal nas meninas ocorre por volta de 8-13 anos.
A primeira característica sexual secundária mais detectável no exame físico, na maioria das meninas, é o desenvolvimento
mamário/areolar (telarca), embora cerca de 15% possua pelos pubianos como manifestação inicial (pubarca). Logo após vem
a aceleração do crescimento e, por último, a menarca . A menarca ocorre, em média, dois a dois anos e meio após o início da
puberdade.
SEQUÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO PUBERAL NORMAL:
Telarca → Pubarca → Estirão do crescimento → Menarca
3.2 ETIOLOGIAS
COMPARTIMENTO CAUSAS
Hiperprolactinemia*
HIPÓFISE Tumor
Síndrome da sela vazia
*Quando associada a tumores, a hiperprolactinemia tem causa hipofisária. Quando associada a medicações ou patologias que interferem no
metabolismo da dopamina, a hiperprolactinemia tem causa hipotalâmica.
Para entender as principais causas de amenorreia primária, precisamos relembrar conceitos básicos de embriologia do sistema
reprodutor feminino. Para detalhes sobre esse tema, veja o livro digital específico.
RESUMINDO:
A presença do cromossomo Y é a condição que determina a diferenciação da gônada primária em testículo, por meio do gene
SRY. As células de Sertoli do testículo fetal produzem o hormônio antimülleriano (HAM), que inibe o desenvolvimento dos ductos
de Müller. Já as células de Leydig produzem testosterona para diferenciar os ductos de Wolff em genitália interna masculina e a di-
hidrotestosterona (DHT- forma ativa da testosterona) transforma o seio urogenital na genitália externa masculina.
Na mulher, a ausência do cromossomo Y provoca o desenvolvimento passivo dos ovários e dos ductos de Müller, que dão
origem ao útero, às trompas e aos 2/3 superiores da vagina. Já o terço inferior da vagina e a genitália externa têm origem do seio
urogenital (figura 2).
Embrião XY Embrião XX
SEXO GENÉTICO
AUSÊNCIA DO Y
SRY (+) Ovários:
desenvolvimento dos desenvolvimento
testículos passivo
D. Wolff regride
passivamente
HAM (inibe ductos de
SEXO GONADAL D. Muller: evolui
Muller) e testosterona
passivamente
(estimula Ductos de
Wolff)
GENITÁLIA INTERNA:
D. Muller: útero,
GENITÁLIA INTERNA: trompas e 2/3
D. Wolff: epidídimo, superiores da vagina
ducto deferente,
vesículo seminal
GENITÁLIA EXTERNA:
Seio urogenital: 1/3
GENITÁLIA EXTERNA: inferior da vagina,
Desenvolvimento por SEXO FENOTÍPICO clitóris, pequenos e
ação da DHT grandes lábios
Ocorre defeito no desenvolvimento dos ductos de ovário não se origina nos ductos de Müller). A paciente apresenta
Müller (ductos paramesonéfricos). Na prova, é mais comum o vagina curta e a genitália externa é feminina (lembre-se: o
aparecimento da forma clássica, em que ocorre agenesia total dos terço inferior da vagina e a genitália externa têm origem no seio
ductos. Dessa forma, não ocorre formação do útero, das trompas urogenital, que é normal nesses casos). Ocorrem malformações
e dos 2/3 superiores da vagina. Em 7-10% das mulheres, há útero renais em 1/3 dos casos e malformações esqueléticas também
obstruído ou rudimentar. Como o defeito é apenas nos ductos, o podem estar presentes, especialmente na coluna lombar. Por isso,
cariótipo é 46XX e os ovários estão presentes e funcionantes, ou tão logo seja feito o diagnóstico dessa doença, devem ser rastreadas
seja, os caracteres sexuais secundários estão normais (lembre-se: o essas malformações.
O diagnóstico diferencial da síndrome de Rokitansky inclui insensibilidade androgênica (principal para as provas), septo vaginal
transverso e hímen imperfurado. O tratamento consiste na criação de neovagina a fim de melhorar a atividade sexual, mas discutiremos
detalhes sobre as técnicas adiante.
É um distúrbio recessivo ligado ao X em que há um defeito dos testículos e a produção de HAM, ou seja, não há útero, trompas
no receptor de androgênios, provocando resistência a ação da e 2/3 superiores da vagina. Como existe o defeito no receptor
testosterona. Assim, o sexo genético é masculino (cariótipo 46XY), de androgênios, não há ação da testosterona e desenvolve-se
mas o fenótipo é feminino. Para que você não esqueça: tudo que genitália externa feminina. Também devido à ausência da ação da
depender da testosterona não se desenvolve, ou seja, a genitália testosterona, não ocorre o desenvolvimento dos ductos de Wolff,
externa e os ductos de Wolff! ou seja, não há formação de epidídimo, vesículas seminais e
A presença do cromossomo Y provoca o desenvolvimento ductos deferentes.
46 XY TESTÍCULO
AUSÊNCIA DE ÚTERO,
COM PRODUÇÃO
TROMPAS E 2/3
DO HAM SUPERIORES DA VAGINA
As pacientes geralmente são magras, altas e com quadril aumentada para o sexo feminino, porém os valores estão normais
estreito. Na puberdade, ocorre o desenvolvimento das mamas considerando os valores-padrão para o sexo masculino!
devido à conversão periférica da testosterona, mas são de pequeno O tratamento consiste em reposição hormonal estrogênica,
volume, com aréolas pálidas. Como o desenvolvimento adequado para o término do desenvolvimento dos caracteres secundários e
dos pelos depende da ação periférica da testosterona, os pelos prevenção de osteoporose e, da mesma forma que na síndrome
pubianos e axilares são ausentes ou escassos (figura 4). de Rokitansky, a criação de neovagina. Além disso, os testículos
O diagnóstico baseia-se no exame físico e na ultrassonografia, devem ser excisados cirurgicamente após a puberdade, por causa
que mostram a ausência dos derivados müllerianos e a presença de do risco aumentado (2-5%) de malignização após os 25 anos de
testículos, no cariótipo masculino (46XY) e nos valores séricos de idade. Como existe discordância entre o sexo genético e fenotípico,
testosterona. Com relação a esses últimos, você deve dar especial é importante o seguimento psicológico.
atenção às questões: a testosterona na síndrome de Morris está
CAI NA PROVA
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUNDIAÍ - FMJ 2018) Paciente de 23 anos com Tanner M4P1, vagina em
fundo cego e ausência de útero, e pelos axilares ausentes. É correto afirmar sobre o seu quadro o conteúdo
apenas das alternativas:
I - é compatível com Anomalia de Diferenciação sexual 46 XY;
II - tem etiologia genética ligada ao cromossomo Y;
III - apresenta níveis de testosterona elevados;
IV - apresentará o crescimento dos pelos pubianos e axilares com uso de testosterona
Estão corretas:
A) I, II e III
B) I e III
C) II e IV
D) IV
Comentários:
Vamos analisar cada assertiva:
I: CORRETA: na síndrome de Morris, o cariótipo é 46XY e ocorre diferenciação sexual inadequada, devido ao defeito no receptor de
testosterona.
II: INCORRETA: a síndrome de Morris tem etiologia genética ligada ao cromossomo X.
III: CORRETA: na síndrome de Morris, os níveis de testosterona estão elevados, considerando os padrões do sexo feminino.
IV: INCORRETA: como há um defeito no receptor de testosterona, o uso de testosterona exógena não resultará em crescimento de pelos.
A tabela abaixo traz as principais diferenças entre a síndrome de Rokitansky e a síndrome de Morris. Fique atento, pois esses detalhes
“despencam nas provas”!
CARACTERÍSTICA
AMENORREIA PRIMÁRIA + VAGINA CURTA
COMUM
CARIÓTIPO 46 XX 46 XY
DESENVOLVIMENTO
Sim Sim (mamas pequenas)
DOS SEIOS
PELOS AXILARES E
Sim Escassos ou ausentes
PUBIANOS
ÚTERO, TROMPAS E
2/3 SUPERIORES DA Não Não
VAGINA
ANOMALIAS
Renais e esqueléticas Não
ASSOCIADAS
CAI NA PROVA
(FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - FAMERP 2016) J.R.S., 18 anos, com amenorreia
primária, exibindo desenvolvimento normal das mamas, altura igual à envergadura com pubo-pé e pubo-
vértice simétricos, distribuição dos pelos púbicos ginecoide e ausência do canal vaginal. Tendo em vista tais
achados clínicos, qual a alternativa correta?
Comentários:
Nesse caso, temos uma paciente de 18 anos com caracteres sexuais secundários, que nunca menstruou, portanto deve ser investigada. A
presença de caracteres sexuais secundários indica que a paciente já teve estímulo estrogênico. Nesses casos, as principais etiologias estão
relacionadas a desordens no trato de saída (útero e vagina). Ficamos então entre a síndrome de Morris e a síndrome de Rokitansky. Reveja
a tabela acima para diferenciá-las. A distribuição normal de pelos fala a favor de síndrome de Rokitansky. Vamos analisar as alternativas:
Incorreta alternativa A: na agenesia ovariana não haveria desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.
Incorreta alternativa B: na síndrome de Rokitansky ocorrem malformações renais em 1/3 dos casos, assim como malformações esqueléticas
também podem estar presentes, especialmente na coluna lombar.
Incorreta alternativa C: a síndrome de Rokitansky ocorre devido a um defeito no desenvolvimento dos ductos de Müller.
Correta alternativa “D” a síndrome de Rokitansky é uma malformação congênita que ocorre devido a um defeito no desenvolvi-
mento dos ductos de Müller (ductos paramesonéfricos).
É outro defeito congênito de herança autossômica recessiva ausência de DHT, a genitália externa é feminina ou ambígua.
que pode resultar em amenorreia primária em um indivíduo Na puberdade, como ocorre aumento da secreção de
46XY. A enzima 5-alfa-redutase é responsável pela conversão de testosterona, surgem sinais de virilização (aumento de pelos
testosterona em sua forma mais potente, a di-hidrotestosterona de distribuição masculina, aumento de massa muscular,
(DHT), que é responsável pelo desenvolvimento da genitália externa engrossamento da voz). A diferença da síndrome de Morris para
masculina. a deficiência de 5-alfa-redutase é que esta possui os derivados do
As pacientes possuem cariótipo 46 XY, logo possuem ducto de Wolff (epidídimo, vesículas seminais e ductos deferentes)
testículos, genitália interna masculina e não apresentam e não há desenvolvimento de mamas na puberdade.
estruturas müllerianas, por isso ocorre a amenorreia e, devido à
DEFICIÊNCIA DE 5-ALFA-REDUTASE
DEFEITO: não converte testosterona em DHT
CARIÓTIPO: 46XY
GENITÁLIA INTERNA: masculina → testículo, epidídimo, ducto deferente, vesícula seminal
GENITÁLIA EXTERNA: feminina ou ambígua
OUTRAS CARACTERÍSTICAS: virilização na puberdade
Pacientes com hímen imperfurado, septo vaginal transverso, urogenital. A membrana himenal oclui o introito vaginal por
fusão labial e atresia de vagina podem apresentar amenorreia (os completo (figura 5). Ocorre em 1:1000-1:10000 meninas. O
dois primeiros são mais comuns nas provas). Nesses casos, como o quadro clínico é variável, podendo ser apenas um mero achado
defeito é obstrutivo, o sexo genético é feminino (cariótipo 46 XX), de exame físico em uma consulta de puericultura, porém, em sua
a função ovariana está normal e também os caracteres sexuais forma clássica, a paciente apresenta amenorreia primária, com
secundários são femininos. Como há represamento do sangue dor pélvica crônica cíclica (devido ao represamento do conteúdo
menstrual, pode ocorrer menstruação retrógrada e resultar no menstrual - criptomenorreia), abdome doloroso à palpação,
desenvolvimento de endometriose e suas complicações, como dor com a possibilidade de presença de massa pélvica dolorosa. O
crônica e infertilidade. tratamento consiste na abertura cirúrgica da membrana himenal.
1. Hímen imperfurado
Decorre da persistência da porção central da membrana
CAI NA PROVA
(ASSOCIAÇÃO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE OURINHOS - SCO 2019) Adolescente de 17 anos com
desenvolvimento de caracteres sexuais secundários desde os 13 anos, com queixa de amenorréia primária,
cólicas cíclicas mensais de forte intensidade e aumento do volume abdominal. O provável diagnóstico é:
A) Hímen imperfurado.
B) Síndrome de Rokitansky.
C) Síndrome de Sheehan.
D) Cisto de ovário.
Comentários:
A questão dá-nos a dica de que a paciente tem cólicas sempre no mesmo período do mês e aumento de volume abdominal nessa fase,
sugerindo que ela tenha ciclo menstrual normal, mas que essa menstruação fique “presa”. Vamos analisar as alternativas:
Correta alternativa “A” como vimos acima, a persistência da membrana himenal “aprisiona” a menstruação, gerando o quadro
clínico da questão.
Incorreta alternativa B: na síndrome de Rokitansky, apesar de ocorrer um defeito no trato de saída devido à ausência de útero, trompas e
2/3 superiores da vagina, não ocorrem as cólicas e a dor abdominal, já que não há endométrio para sofrer alterações hormonais.
Incorreta alternativa C: a síndrome de Sheehan é uma causa de amenorreia secundária (veremos detalhes sobre ela adiante).
Incorreta alternativa D: os cistos de ovário geralmente não cursam com amenorreia.
Como vimos, as causas ovarianas correspondem a 50% de todos os casos de amenorreia primária e são as amenorreias
hipergonadotróficas, já que o defeito ovariano em produzir esteroides estimula a hipófise a produzir mais gonadotrofinas. Preste muita
atenção neste tópico, pois as disgenesias gonadais são a principal causa de amenorreia primária.
O diagnóstico é feito por meio do cariótipo e, após sua confirmação, devem-se rastrear e tratar anormalidades cardíacas (presentes em
55% dos casos e a principal causa de óbito), renais (em 33% dos casos - rim em ferradura, agenesia renal, rim pélvico, obstrução da junção
uretrovesical), autoimunes (principalmente tireoidite de Hashimoto, doença celíaca, doença inflamatória intestinal e vitiligo), diabetes,
obesidade e perda auditiva.
O tratamento da síndrome de Turner consiste na reposição hormonal, para amadurecer e manter os caracteres sexuais secundários.
Como as pacientes têm estatura baixa, não devem ser utilizadas doses altas de estrogênio, para evitar o fechamento prematuro das epífises
ósseas. A reposição de estrogênio também ajuda na prevenção de osteoporose.
CAI NA PROVA
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - IAMSPE 2020) Paciente grávida de 20
semanas realizou diagnóstico pré-natal cromossômico e foi informada de que se tratava de feto com Síndrome
de Turner. Sobre o diagnóstico, recomenda-se a essa paciente:
Comentário:
Incorreta alternativa A: a indicação de interrupção de gravidez em caso de malformação fetal, no Brasil, é permitida apenas nos casos de
anencefalia.
Incorreta alternativa B: em geral, a síndrome de Turner é uma condição considerada esporádica. A recorrência em gravidezes subsequentes
é rara, mas pode acontecer. O risco é similar ao da população em geral, ou seja, não há aumento de risco para casais que já tiveram um
feto com essa doença.
Correta alternativa “C” como há disgenesia gonadal, os ovários não são funcionantes e a gravidez só é possível por meio de
fertilização in vitro com ovodoação.
Incorreta alternativa D: os fenótipos mais leves da doença são mais comuns em meninas com mosaicismo do que na forma clássica 45X0.
Incorreta alternativa E: a síndrome de Turner é uma disgenesia gonadal, logo, como o problema está nos ovários, por mecanismo de
feedback, as gonadotrofinas estão aumentadas. A terapia hormonal deve ser feita praticamente para todas as pacientes com síndrome de
Turner. O objetivo é imitar a progressão normal da puberdade, maximizando o potencial de crescimento e minimizando os riscos.
CAI NA PROVA
(SES DF 2016) Situação hipotética: Uma paciente de dezoito anos de idade chegou ao ambulatório de
ginecologia apresentando o seguinte quadro: fenótipo feminino, estatura normal, história de amenorreia
primária, ausência de anormalidade cromossômica, gônadas disgenéticas e genitália interna normal.
Assertiva: Nesse caso, o diagnóstico mais provável é disgenesia gonadal mista.
A) CERTO
B) ERRADO
Comentário:
Correta Alternativa “B”
A afirmativa está errada, porque, nesse caso, o diagnóstico mais provável é disgenesia gonadal pura
46XX, já que não há estigmas somáticos. A disgenesia gonadal mista é causa de genitália ambígua e é discutida no bloco de Pediatria.
Em 20-30% dos casos de DGP, o cariótipo é 46XY e a doença é chamada de síndrome de Swyer.
SÍNDROME DE SWYER
Nessa síndrome, as pacientes têm cariótipo 46XY e ocorrem mutações no gene SRY (gene da região determinante do sexo do
cromossomo Y), resultando em mulheres XY sem desenvolvimento gonadal apropriado, devido aos testículos disgenéticos.
As pacientes com essa síndrome apresentam amenorreia primária (por não possuírem ovários), genitália interna feminina pré-púbere,
estatura normal ou elevada e desenvolvimento mamário escasso ou ausente. O tratamento é semelhante ao da síndrome de Turner, porém
a gônada disgenética deve ser retirada, pelo risco de malignização.
LEMBRETE:
Em todo hipogonadismo hipergonadotrófico é obrigatória a realização de cariótipo, pois é necessário descar-
tar a presença do cromossomo Y (lembrar que, na presença do Y, formam-se testículos, que têm chance de
malignização!).
As causas hipofisárias correspondem a aproximadamente 2-5% das amenorreias primárias. A adeno-hipófise é formada pelos
gonadotrofos (produtores de LH e FSH), lactotrofos (prolactina), tireotrofos (TSH), corticotrofos (ACTH) e somatotofros (GH). Embora vários
distúrbios possam afetar, especificamente, os gonadotrofos, algumas causas de amenorreia hipofisária também podem ter origem nos outros
tipos celulares, que, por sua vez, alteram a função gonadotrófica. Como a maioria dos distúrbios hipofisários que cursam com amenorreia
primária são mais frequentemente associados com amenorreia secundária, discutiremos esse assunto com mais detalhes no próximo tópico.
As causas hipotalâmicas são responsáveis por, aproximadamente, 20% das amenorreias primárias. Como vimos, causam hipogonadismo
hipogonadotrófico. Entre as principais causas temos: atraso puberal constitucional, deficiência isolada de GnRH, tumores e lesões infiltrativas
e causas funcionais (estresse, exercícios físicos extenuantes etc.).
Constitui a principal causa de amenorreia primária não muito conhecidos? Pois bem, no atraso puberal fisiológico,
hipotalâmica, correspondendo a 14% dos casos de amenorreia a amenorreia é causada pela ativação tardia desse gerador de
primária. Aqui estão incluídos tanto o atraso puberal constitucional pulsos. Ocorre retardo global no desenvolvimento, atingindo altura
(atraso puberal primário) quanto os atrasos puberais secundários e idade óssea. O desenvolvimento puberal é normal, porém tardio.
às doenças crônicas, como desnutrição. O atraso puberal primário é Na investigação, a dosagem de gonadotrofinas está baixa para a
mais frequente em meninos, sendo causa incomum de puberdade idade cronológica, mas os níveis estão normais para a infância.
tardia em meninas (para detalhes sobre puberdade tardia, veja no Como o atraso puberal primário é incomum em meninas,
livro digital de puberdade da pediatria). deve ser considerado um diagnóstico de exclusão. Como se trata
Você lembra-se de que, para que ocorra a puberdade, de um atraso fisiológico, nenhum tratamento é necessário, apenas
o gerador de pulsos de GnRH é ativado por mecanismos ainda a tranquilização da paciente e dos pais.
Causa rara de amenorreia hipotalâmica, ocorrendo em 1:50000 meninas. Pode ser uma herança com padrão esporádico, autossômico
dominante, recessivo ou ligado ao X, em que ocorre um defeito na produção ou na secreção hipotalâmica de GnRH ou resistência a sua ação
na hipófise.
Ocorrem baixas concentrações de esteroides sexuais (em especial estradiol) e baixos valores de gonadotrofinas. Um detalhe importante
sobre essa patologia é que a ressonância magnética de hipotálamo e hipófise está normal, mostrando que não há causa anatômica. Esse
distúrbio costuma ser difícil de distinguir clinicamente do atraso constitucional da puberdade.
Em 50-60% dos casos, a deficiência de GnRH está associada com alterações olfatórias como anosmia (incapacidade de perceber odores)
ou hiposmia, caracterizando a síndrome de Kallmann, a segunda causa hipotalâmica mais comum de amenorreia primária. As alterações
olfatórias ocorrem pois as células do bulbo olfatório têm a mesma origem embriológica dos neurônios produtores de GnRH. O tratamento
consiste em reposição hormonal. Essa síndrome também está associada a anomalias na linha média da face, como fenda palatina, agenesia
renal unilateral, ataxia cerebelar, epilepsia, perda auditiva neurossensorial e sincinesia (movimentos espelhados nas mãos).
SÍNDROME DE KALLMANN
PADRÃO DE HERANÇA: autossômico dominante, recessivo ou ligado ao X
Hipogonadismo hipogonadotrófico → amenorreia primária sem caracteres sexuais secundários
Anosmia
Anomalias na linha média da face
Tumores hipotalâmicos (craniofaringiomas, disgerminomas cerebrais, glioblastomas), doenças infiltrativas (histiocitose de células de
Langerhans, sarcoidose, hemocromatose) e processos inflamatórios ou vasculares podem cursar com amenorreia primária, por alterar a
produção/liberação de GnRH.
Os tumores do sistema nervoso central (SNC) causadores de amenorreia primária, geralmente, são massas extracelulares que
interferem na produção de GnRH ou gonadotrofinas. O mais comum deles é o craniofaringioma.
LEMBRETE:
Deve-se sempre realizar exames de imagem para exclusão de doenças estruturais do SNC, nos casos de hipogo-
nadismo hipogonadotrófico.
Nesse grupo estão incluídos transtornos alimentares, exercícios físicos extenuantes e estresse. A secreção anormal de GnRH, nesses
casos, é considerada um mecanismo de prevenção para que não ocorra gravidez em situações subótimas.
Como causa de amenorreia primária, as causas funcionais são um diagnóstico de exclusão, devendo-se sempre excluir causas
anatômicas primeiro. Como, geralmente, manifestam-se como amenorreia secundária e, mais raramente, como amenorreia primária, essas
causas serão mais bem discutidas no próximo tópico.
Diante da queixa de amenorreia, devemos estabelecer uma rotina de investigação a fim de identificar sua causa. Uma anamnese
detalhada e exames físico e ginecológico atentos são essenciais para elucidação diagnóstica.
3.8.1 ANAMNESE
Apesar de algumas patologias estarem relacionadas 2. Há histórico familiar de puberdade atrasada? O atraso
unicamente com amenorreia primária, como já vimos, todas puberal constitucional geralmente ocorre em pacientes com
as causas de amenorreia secundária também podem estar história familiar de puberdade atrasada;
3. Doenças: como vimos, doenças agudas ou crônicas podem
relacionadas com amenorreia primária, por isso a anamnese deve
estar relacionadas a déficit de liberação dos pulsos de GnRH e
ser completa.
atraso puberal;
Estes são os principais pontos que devem ser investigados:
4. Uso de medicações: algumas medicações podem alterar
1. Houve desenvolvimento dos outros caracteres sexuais
os níveis de prolactina (esse assunto será mais bem discutido no
secundários (mamas e pelos)?
tópico das amenorreias secundárias);
Atenção: esse é o ponto-chave do nosso roteiro investigativo! 5. Outros sintomas associados: poliúria, polidipsia, fadiga,
Vamos pensar juntos: para a paciente menstruar, o eixo HHO cefaleia, convulsões, defeitos no campo visual (sugestivos de
deve estar funcionante e o trato de saída pérvio. Caso a paciente lesões do sistema nervoso central), galactorreia (pensar em
tenha mamas e pelos, quer dizer que ela já foi exposta ao estradiol, hiperprolactinemia); e
portanto o eixo HHO está funcionante. Nesse caso, já direcionamos 6. Estresse, alterações de peso, hábitos alimentares e
atividade física: como vimos, essas são causas de amenorreia
nossa investigação para causas anatômicas!
funcional.
Caso contrário, se não houve desenvolvimento de caracteres
secundários, há deficiência de estradiol. Nesse caso, já imaginamos
que o defeito esteja no eixo hipotálamo-hipófise-ovariano.
A ausência de vagina, hímen imperfurado, estigmas de síndrome de Turner e ausência de caracteres sexuais secundários são facilmente
percebidos e conseguem nortear-nos para o diagnóstico etiológico.
Estes são os principais pontos que devem ser investigados:
1. Peso, altura, índice de massa corpórea (IMC) e curva de primárias, por isso você deve ter uma breve noção aqui. O
crescimento: o retardo de crescimento pode estar associado à estadiamento puberal de Tanner consiste em um instrumento
síndrome de Turner ou, menos frequentemente, à deficiência de da prática clínica que classifica o desenvolvimento das mamas e
hormônio do crescimento (GH); e dos pelos pubianos em estágios de um a cinco (figura 8). Algumas
2. Estadiamento puberal de Tanner: você verá os detalhes questões de amenorreia apresentam esse estadiamento para
do estadiamento de Tanner no livro digital sobre puberdade, você saber se houve ou não o desenvolvimento dos caracteres
mas, como vimos, o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.
secundários é a chave para o diagnóstico das amenorreias
Guarde esta informação: a telarca (broto mamário) corresponde ao Tanner M2 e a menarca, em geral, ocorre no M3 ou M4.
A presença de pelos pubianos em meninas sem desenvolvimento mamário sugere distúrbio adrenal ou exposição a andrógenos.
3. Sinais de hiperandrogenismo (acne e hirsutismo): devem são abordados pela pediatria, pois geralmente têm diagnóstico
ser pesquisadas patologias adrenais e ovarianas, além de mais precoce.
pensar na hipótese de SOP (síndrome dos ovários policísticos) 4. Exame da vulva e vagina: o exame da região genital sempre
manifestando-se como amenorreia primária. Neste livro digital, o deve ser realizado, pois encontra-se alterado em 15% dos casos
enfoque são as patologias que cursam com amenorreia primária e de amenorreia primária. O diagnóstico de hímen imperfurado, por
genitália feminina. Os casos que cursam com ambiguidade genital exemplo, é feito somente pelo exame físico.
1. Exames laboratoriais: todas as pacientes com amenorreia primária devem realizar dosagem de FSH e prolactina. A dosagem de
estradiol é indicada por alguns autores, mas só deve ser interpretada em conjunto com o FSH. Quando há suspeita clínica de disfunção
tireoidiana, pode ser incluída a dosagem de hormônio tireoestimulante (TSH) e T4 livre (a subunidade alfa do TSH é idêntica à subunidade
alfa do FSH, de forma que as patologias da tireoide podem causar alterações no ciclo menstrual, mais comumente amenorreia secundária).
2. Cariótipo: está indicado em todas as amenorreias 6. Ressonância magnética (RM) de pelve: deve ser realizada
hipergonadotróficas (FSH elevado) e também em pacientes em casos particulares, na avaliação de malformações müllerianas.
sem útero, para diferenciar síndrome de Rokitansky e síndrome 7. Ressonância magnética (RM) de crânio ou sela túrcica:
de Morris. Neste último caso, também deve ser acrescentada a deve ser realizada em todos os casos de hipogonadismo
dosagem de testosterona. hipogonadotrófico e em pacientes com queixas que sugerem
3. Idade óssea: consiste no exame radiográfico da mão e do alterações no SNC, como alterações de campo visual.
punho não dominante da paciente. A idade óssea é considerada 8. Teste do GnRH: útil na diferenciação de amenorreias
atrasada quando há uma diferença maior que dois desvios- hipotalâmicas das hipofisárias. Administra-se 100 mg de GnRH
padrões em relação à idade cronológica. intravenoso. Se ocorrer aumento dos níveis de gonadotrofinas
4. Ultrassonografia pélvica (transvaginal ou abdominal): em, no mínimo, 200%, o teste é considerado positivo.
deve ser realizada em todos os casos de amenorreia primária em Agora vamos pensar juntos: se, após administração de
que não for possível identificar útero e vagina normais ao exame GnRH, a hipófise responde produzindo gonadotrofinas, a hipófise
físico. Esse exame também pode ser útil na procura de obstruções
é funcionante! Sendo assim, o teste é positivo em casos de
do trato de saída da menstruação.
amenorreia hipotalâmica e negativo em amenorreias hipofisárias.
5. Ultrassonografia ou tomografia de abdome: deve ser
solicitada em casos de suspeita de tumores adrenais.
EXAME INDICAÇÃO
FSH alto
Cariótipo OU
Ausência de útero
Como vimos que o ponto-chave para o raciocínio das amenorreias primárias é a presença ou não de caracteres secundários, nosso
fluxograma de investigação parte dessa característica. Atenção: esse fluxograma permite que você responda a 90% das questões de amenorreia
primária! Não passe para o próximo tópico, se não estiver com todo o raciocínio dele na cabeça!
2. Se não há desenvolvimento mamário, as etiologias mais prováveis são atraso funcional do desenvolvimento
puberal (FSH baixo ou normal) e disgenesia gonadal (FSH elevado);
4. Se há desenvolvimento mamário e o útero é presente, as etiologias devem ser as mesmas das amenorreias
secundárias.
Síndrome de
45 X0
Turner
SEM Síndrome de
46 XY
caracteres Dosagem Swyer
sexuais de FSH
secundários
Teste Hipófise
Teste do
negativo
FSH GnRH +
BAIXO imagem do
SNC Teste Hipotálamo
Amenorreia positivo
primária
Malformações
46 XX mullerianas
SEM Ultrassonografia
útero/vagina pélvica + cariótipo
COM
46 XY Síndrome de
caracteres
Morris
sexuais
secundários Investigar como
COM
útero/vagina amenorreia
secundária
TESTE DO GnRH
Administração de 100mg de GnRH
Positivo: aumento nos níveis de FSH/LH em, no mínimo, 200%.
CAI NA PROVA
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - IAMSPE 2015) Mãe leva a filha de
17 anos ao ginecologista por nunca ter menstruado. Não tem nenhuma outra queixa clínica. Ao exame físico, as
mamas são pouco desenvolvidas para a idade, praticamente não há pelos pubianos e a genitália é de aspecto
infantil. O ginecologista a medicou com anticoncepcional hormonal oral combinado por 21 dias e, após 5 dias
de pausa, a paciente menstruou. Considerando esses dados, assinale a alternativa correta.
Comentário:
Incorreta alternativa A: a paciente precisa ser investigada em virtude da ausência de caracteres sexuais secundários em idade superior a
14 anos.
Incorreta alternativa B: na síndrome de Rokitansky, o cariótipo é XX e não ocorre a formação de útero, trompas e 2/3 superiores da vagina.
Assim, a presença de sangramento genital após estímulo hormonal atesta patência no trato genital e afasta esse diagnóstico.
Incorreta alternativa C: na síndrome de Morris, o cariótipo é XY e a paciente possui testículo e produz hormônio antimülleriano, não
produzindo a genitália interna feminina (agenesia de útero, trompas e 2/3 superiores da vagina). Assim, a presença de sangramento
genital após estímulo hormonal atesta patência no trato genital e afasta esse diagnóstico.
Correta alternativa “E” a paciente apresenta amenorreia primária sem desenvolvimento de caracteres sexuais secundários, sen-
do importante o cariótipo na investigação de síndrome de Turner ou outras alterações cromossômicas.
Incorreta alternativa E: a síndrome de Asherman é causa de amenorreia secundária (você verá detalhes adiante).
(PROCESSO SELETIVO UNIFICADO - MG - PSU - MG 2017) Em relação às causas de amenorreia em mulheres com caracteres sexuais secundários
presentes e/ou anormalidades da anatomia pélvica, listadas abaixo, assinale a alternativa ERRADA:
A) Agenesia vaginal com anormalidades variáveis do ducto de Muller.
B) Bloqueio transversal do sistema mulleriano.
C) Digenesia gonadal pura.
D) Insensibilidade androgênica congênita completa.
Comentário:
Atenção: a banca pede a alternativa errada!
Correta alternativa A: as anormalidades do ducto de Müller causam alterações na formação de útero, trompas e 2/3 superiores da vagina,
logo há amenorreia primária por defeito no trato de saída da menstruação. As pacientes têm cariótipo 46XX, possuem ovário e estímulo
estrogênio normal, por isso possuem caracteres sexuais secundários normais.
Correta alternativa B: se existe um bloqueio transversal do sistema mülleriano, seja em útero ou vagina, devido a septos ou sinéquias,
ocorre bloqueio na via de saída da menstruação.
Incorreta alternativa “C “ nas disgenesias gonadais, as gônadas disgenéticas não têm desenvolvimento folicular adequado, de
forma que não há desenvolvimento de caracteres sexuais secundários.
Correta alternativa D: na insensibilidade androgênica completa, ou síndrome de Morris, a paciente tem defeito no receptor de testosterona.
O desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários acontece devido à conversão periférica dos androgênios em estrógenos.
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - IAMSPE 2018) Mãe leva filha de 16 anos ao ginecologista com
história de a filha nunca ter menstruado. Ao exame físico, o desenvolvimento mamário é classificado como M1, os pelos pubianos como P1.
A dosagem plasmática revela estradiol baixo e FSH e LH elevados. A ultrassonografia pélvica revela útero presente com 15 cc e ovários não
visualizados. O cariótipo solicitado foi XX. O provável diagnóstico nesse caso é:
A) Disgenesia gonadal pura.
B) Síndrome de Turner.
C) Síndrome de Morris.
D) Síndrome de Savage.
E) E) Síndrome de Stein-Leventhal.
Comentário:
Correta alternativa A: a presença de FSH/LH elevados com baixo estradiol indica disgenesia gonadal como causa da amenor-
reia. A principal causa de disgenesia gonadal é a síndrome de Turner, porém o cariótipo dessa síndrome não corresponde ao da paciente
da questão. Acontece que um terço dos pacientes com disgenesia gonadal apresenta cariótipo normal (46 XX ou 46 XY), o que indica
disgenesia gonadal “pura”. Caso a paciente tivesse cariótipo 46XY e disgenesia gonadal, teríamos a síndrome de Swyer.
Incorreta alternativa B: o cariótipo, na síndrome de Turner, é X0.
Incorreta alternativa C: o cariótipo na síndrome de Morris é XY.
Incorreta alternativa D: a síndrome de Savage é causa de amenorreia secundária (você verá detalhes adiante).
Incorreta alternativa E: a síndrome de Stein-Leventhal (ou síndrome de ovários policísticos) é causa comum de amenorreia secundária em
pacientes de maior faixa etária com caracteres sexuais desenvolvidos (você verá detalhes adiante).
3.9 TRATAMENTO
A amenorreia é um diagnóstico sindrômico, portanto o tratamento está vinculado a sua etiologia e anseios da paciente. Em cada uma
das etiologias, deve ser avaliada a necessidade e/ou desejo de:
1. tratamento específico (clínico e/ou cirúrgico);
2. correção de hipoestrogenismo; e
3. restauração de fertilidade.
Algumas causas de amenorreia primária têm tratamento 2. Se cariótipo XY, remover testículos, pelo risco de
definitivo e outras, apenas sintomático. Além do tratamento malignização.
cirúrgico e medicamentoso, também deve ser avaliada a necessidade 3. Seguimento psicológico com as pacientes em que o fenótipo
difere do genótipo (por exemplo: síndrome de Morris).
de seguimento multiprofissional, já que algumas patologias têm
4. Tanto na síndrome de Rokitansky como na síndrome de
sexo genético diferente do sexo fenotípico.
Morris, o tratamento consiste na criação cirúrgica de neovagina
Alguns dos principais detalhes:
ou no uso clínico de dilatadores vaginais (técnica de Frank - figura
1. Os tumores com possibilidade de cirurgia devem ser
9). Atualmente, o uso dos dilatadores tem sido a primeira escolha,
ressecados (os craniofaringiomas podem ser ressecados por via
mas geralmente, nas provas, o tratamento ainda é a criação
transesfenoidal ou por craniotomia; já nos disgerminomas, o
cirúrgica de neovagina.
tratamento geralmente é a radioterapia).
5. Caso o diagnóstico seja atraso puberal constitucional, o único tratamento necessário é a tranquilização da paciente e dos familiares.
A deficiência estrogênica pode levar, em curto prazo, a sintomas climatéricos, como ondas de calor e atrofia urogenital e, em longo
prazo, ao aumento do risco cardiovascular e de fraturas osteoporóticas.
Assim, as pacientes com amenorreia primária associada a todos os tipos de hipogonadismo necessitam de terapia hormonal. Essa
terapia deve ser feita, inicialmente, apenas com estrogênio (estrogênio conjugado 1,25 mg/dia ou valerato de estradiol 2 mg/dia) e, após a
menstruação, com estrogênio e progesterona, para evitar a proliferação e hiperplasia de endométrio.
1. Em pacientes com síndrome de Rokitansky, como os ovários estão intactos, é possível a gravidez em útero de substituição (“barriga
de aluguel”).
2. Como vimos, as pacientes com síndrome de Turner têm pequena chance de gravidez espontânea. Entretanto, na maioria dos
casos, é necessária a fertilização in vitro com doação de óvulos, devido à presença de ovários em fita.
3. Nas amenorreias centrais (hipotalâmicas e hipofisárias), pode considerar-se a indução de ovulação, caso exista desejo reprodutivo
(para entender um pouco mais sobre indução de ovulação, veja o livro digital sobre infertilidade conjugal).
CAI NA PROVA
(FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - FAMERP 2016 (ADAPTADA) Qual a orientação a ser
dada às pacientes com Síndrome de Rokitansky quanto ao desejo de gestação?
Comentário:
Correta alternativa B: na síndrome de Rokitansky, não ocorre a formação de útero, trompas e 2/3 superiores da vagina e a
orientação quanto à gestação é a utilização de útero substitutivo com esperma de parceiro ou terceiros, podendo ser utilizados óvulos
da própria paciente.
Incorreta alternativa C: na síndrome de Rokitansky, mesmo após reconstrução da vagina, não pode haver inseminação intrauterina, pois
também não há formação de útero e trompas.
Incorreta alternativa D: não há possibilidade de preparo endometrial estroprogestativo, pela ausência de útero.
3.10 RESUMO
14 ANOS
SEM CARACTERES
SEXUAIS SECUNDÁRIOS
AMENORREIA PRIMÁRIA
QUANDO
INVESTIGAR?
16 ANOS
COM CARACTERES
SEXUAIS SECUNDÁRIOS
46 XX
GÔNADA: OVÁRIO
AMENORREIA + VAGINA CURTA
CAUSA: FALHA NO DESENVOLVIMENTO DOS DUCTOS DE MULLER
AUSÊNCIA DE ÚTERO, TROMPAS E 2/3 SUPERIORES DA VAGINA
GENITÁLIA EXTERNA: FEMININA
MALFORMAÇÕES RENAIS E ESQUELÉTICAS
TRATAMENTO: NEOVAGINA
GESTAÇÃO: ÚTERO DE SUBSTITUIÇÃO
SÍNDROME DE
ROKITANSKY 46XY
GÔNADA: TESTÍCULO
AMENORREIA + VAGINA CURTA
CAUSA: FALHA DA CANALIZAÇÃO DA
CAUSA: FALHA NO RECEPTOR DE
PLACA VAGINAL
AMENORREIA TESTOSTERONA
SINTOMAS: AMENORREIA + DOR
SEPTO PRIMÁRIA COM AUSÊNCIA DE ÚTERO, TROMPAS E 2/3
PÉLVICA CÍCLICA + HEMATOCOLPO SÍNDROME
VAGINAL CARACTERES SUPERIORES DA VAGINA
ASSOCIAÇÃO COM MALFORMAÇÕES DE MORRIS MAMAS PEQUENAS + PELOS ESCASSOS
TRANSVERSO SEXUAIS
GENITOURINÁRIAS
SECUNDÁRIOS OU AUSENTES
TRATAMENTO: RESSECÇÃO
GENITÁLIA EXTERNA: FEMININA
HISTEROSCÓPICA DO SEPTO
TESTOSTERONA EM NÍVEIS
MASCULINOS
HÍMEN TRATAMENTO: NEOVAGINA + GONADECTOMIA
IMPERFURADO
HIPOTÁLAMO
HIPÓFISE
SÍNDROME DE SWYER
46 XY
MUTAÇÕES NO GENE SRY
HIPERPROLACTINEMIA TESTÍCULOS DISGENÉTICOS
TUMORES TEM ÚTERO, TROMPAS E 2/3 SUPERIORES DA VAGINA
GENITÁLIA EXTERNA: FEMININA
SÍNDROME DA SELA VAZIA TRATAMENTO: REPOSIÇÃO HORMONAL + GONADECTOMIA
CAPÍTULO
A amenorreia secundária corresponde à ausência de menstruação por um período equivalente a três ciclos menstruais (se regulares)
ou pelo menos seis meses (se ciclos irregulares), em mulheres em que a menarca já ocorreu. A ausência de menstruação em um período de
tempo inferior aos descritos é classificada como atraso menstrual.
4.2 ETIOLOGIAS
Já vimos que a amenorreia é considerada fisiológica na infância, pós-menopausa, gestação e lactação. A gravidez é a principal causa
de amenorreia secundária, por isso ela sempre deve ser excluída!
CAI NA PROVA
(SES DF 2018) Mulher de 36 anos de idade, G1P1, refere atraso menstrual de 5 meses sem outras queixas
associadas. Faz uso de camisinha como método contraceptivo. Nega doenças crônicas e uso de medicações. É
tabagista há 10 anos e apresenta um índice de massa corporal de 28,5 kg/m². Considerando essa situação e os
conhecimentos médicos a ela relacionados, julgue o item a seguir. Inicialmente, é essencial descartar gravidez,
pois é a causa mais comum de amenorreia secundária.
A) CERTO
B) ERRADO
Comentário:
A amenorreia secundária não fisiológica é bem mais comum que a primária, com prevalência de 3-4% na população, enquanto a
primária tem prevalência de 0,3%.
Considerando-se a classificação das amenorreias em compartimentos, as etiologias para a amenorreia secundária, em ordem de
frequência, são: ovarianas (40%), hipotalâmicas (35%), hipofisárias (17%) e uterinas (7%).
COMPARTIMENTO CAUSAS
Aderência/síndrome de Asherman
I - ÚTERO E VAGINA
Estenose cervical
Hiperprolactinemia (13%)
Síndrome da sela vazia (1,5%)
Síndrome de Sheehan (1,5%)
III - HIPÓFISE
Tumores
Doença de Cushing
Doença inflamatória ou infiltrativa
Causas funcionais
Pseudociese
Doença inflamatória, infiltrativa, tumoral ou traumática
IV - HIPOTÁLAMO Radioterapia craniana
Hiperprolactinemia
Doenças crônicas (diabetes mellitus, insuficiência hepática, doença renal
crônica)
As causas uterinas são a segunda principal causa de amenorreia primária. Já nas secundárias, correspondem a apenas 7% dos casos! A
síndrome de Asherman corresponde à quase totalidade dos casos e é muito frequente nas provas!
A história clássica que você encontrará nas provas é a de paciente que apresentou amenorreia após um
procedimento intrauterino, especialmente após abortamento seguido de curetagem!
Figura 12: histerossalpingografia normal (à esquerda) e mostrando falha de enchimento da cavidade uterina (à direita). Observe a tortuosidade da
cavidade
Nessa síndrome, o tratamento consiste na lise histeroscópica das aderências, podendo ser seguida da inserção de dispositivo intrauterino
(DIU) para evitar a formação de novas sinéquias.
CAI NA PROVA
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI 2015) Paciente de 23 anos, 3G3Ab com curetagens uterinas após os
abortamentos, todos com 8 semanas de idade gestacional, com amenorreia secundária há 8 meses, desde a
última curetagem. Ciclos menstruais prévios regulares, menarca aos 13 anos, exame ginecológico e ultrassom
transvaginal recente normais. Considerando a sua principal hipótese diagnóstica para este caso, o cariótipo
esperado para esta paciente é:
A) 46 XY.
B) 46 X0.
C) 46 XX.
D) Mosaico 46 XX/46 XY.
E) 47 XXY.
Comentário:
Correta alternativa “C”
Paciente com quadro sugestivo de síndrome de Asherman, uma das causas de amenorreia secundária.
Tendo em vista que a causa da amenorreia foram procedimentos cirúrgicos sucessivos, a paciente tem cariótipo normal, 46 XX.
Essa é a principal causa das amenorreias secundárias, correspondendo a 40% dos casos, sendo a maioria deles devido à síndrome
dos ovários policísticos (SOP). Neste tópico, além da SOP, dê especial atenção também à insuficiência ovariana prematura, muito comum nas
provas.
AMENORREIA NA SOP
Caro aluno, este é o “resumo do resumo” da fisiopatologia da SOP. Caso você já tenha estudado o assunto, aproveite para
revisar. Caso o tema esteja um pouco mais à frente no seu cronograma de estudos e esse resumo seja insuficiente, leia o livro digital
de SOP para detalhes.
Na SOP, ocorre o aumento da secreção do LH e a diminuição da secreção do FSH. Essa é uma das principais características
da doença. O aumento do LH causa aumento da produção de androgênios, mas o FSH deficiente não possibilita o desenvolvimento
folicular adequado.
Para a ovulação ocorrer normalmente, é necessário haver um folículo dominante, o qual produz o pico de estradiol e estimula o
pico de LH. No ovário policístico, vários folículos proliferam, mas nenhum torna-se dominante, por isso não ocorre o pico de estradiol
nem o pico de LH; portanto, não ocorre a ovulação. Se não há ovulação, não há corpo lúteo e produção de progesterona.
Você lembra que a progesterona é responsável por estabilizar o endométrio e prepará-lo para a implantação e que a
menstruação é resultado da queda hormonal após a luteólise? Pois bem, na SOP, sem a ovulação e, consequentemente, sem o corpo
lúteo, o endométrio sofre apenas proliferação, o que reflete na amenorreia. A paciente só volta a menstruar quando o endométrio
prolifera tanto que as artérias não conseguem suprir a irrigação e esse endométrio descama. Esse é o chamado sangramento de
privação estrogênica, comum em pacientes anovuladoras crônicas.
Os critérios diagnósticos mais aceitos para a SOP são os critérios de Rotterdam (a paciente deve ter dois dos três critérios): ciclos
menstruais longos ou amenorreia, hiperandrogenismo (clínico ou laboratorial) e identificação ultrassonográfica de policísticos e/ou ovário
aumentado.
A SOP faz diagnóstico diferencial com várias patologias que também podem cursar com amenorreia, como hiperplasia suprarrenal
congênita na forma tardia e tumores de androgênio (veremos alguns detalhes dessas patologias adiante).
O tratamento da SOP envolve muitas vertentes, por isso é discutido em livro digital específico.
FISIOPATOLOGIA
Raciocinando mais uma vez com os mecanismos de feedback, a perda dos oócitos reduz a função ovariana (hipogonadismo)
e, por mecanismo de feedback positivo, as gonadotrofinas (LH e FSH) elevam-se. Logo, a IOP é uma causa de hipogonadismo
hipergonadotrófico. O hipogonadismo leva à deficiência de estrogênio e, consequentemente, não há mais proliferação endometrial
nem menstruação.
A IOP é responsável por 10% dos casos de amenorreia reduzem a reserva ovariana; doenças autoimunes (tireoidite
secundária. Também pode ser responsável por amenorreia primária de Hashimoto, vitiligo, lúpus eritematoso sistêmico, púrpura
(p.ex., disgenesias gonadais), se a lesão aos oócitos ocorrer antes trombocitopênica idiopática, doença de Addison, miastenia gravis,
da puberdade. artrite reumatoide, anemia hemolítica autoimune etc.) e radio/
É um distúrbio heterogêneo, com muitas causas possíveis, quimioterapia. Na maioria dos casos, a causa é desconhecida.
algumas genéticas (mais relacionadas com amenorreia primária) O diagnóstico é feito por duas dosagens de FSH acima de 25
e outras adquiridas, como infecções (p.ex., HIV); cirurgias que mUI/mL, obtidas com o intervalo mínimo de um mês.
Em algumas referências, como o Tratado de Ginecologia do Williams, você ainda pode encontrar o valor antigo de FSH para o
diagnóstico de IOP (>40 mUI/mL). Portanto, fique atento, pois esse valor também pode aparecer nas questões.
O tratamento é a realização de terapia hormonal (se não houver contraindicações ao uso). A gravidez espontânea em pacientes com
IOP é difícil, ocorrendo em 5-10% dos casos.
CAI NA PROVA
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ 2020 (ADAPTADA) Paciente com 35 anos, usou
contraceptivos orais combinados dos 25 aos 30 anos. Na consulta refere quadro de irregularidade menstrual
que se iniciou há 2 anos. FSH= 82,5mUI/mL. A hipótese diagnóstica mais provável, para esta paciente, é:
Comentário:
Vamos analisar cada uma das alternativas:
Incorreta alternativa A: pacientes com síndrome dos ovários policísticos apresentam irregularidade menstrual, alternando longos períodos
de amenorreia com períodos de sangramento uterino aumentado, porém a dosagem das gonadotrofinas, nesses casos, está normal.
Incorreta alternativa B: a síndrome de Swyer é causa de amenorreia primária.
Correta alternativa “C” O conceito de falência ovariana prematura é a presença de irregularidade menstrual com aumento dos
níveis de FSH em mulheres abaixo de 40 anos.
Incorreta alternativa D: a amenorreia funcional após contraceptivo ocorre nos casos dos anticoncepcionais que são capazes de inibir o
eixo hipotálamo-hipófise-ovariano por longos períodos, como injetável trimestral e implante subdérmico de etonogestrel. Nesses casos, a
dosagem de gonadotrofinas estará baixa. No caso das pílulas mais recentes, com baixa dosagem hormonal, tão logo ocorra seu término,
retornam os ciclos anovulatórios.
de hipogonadismo hipergonadotrófico. O cariótipo é 46XX. Os sintomas são os mesmos da falência ovariana prematura e a diferenciação
só é possível por meio da biópsia de ovário. Na síndrome de Savage, a biópsia mostra os folículos, confirmando que eles existem, mas são
resistentes às gonadotrofinas. Já na IOP, os folículos estão destruídos e há um infiltrado linfocitário no ovário.
Na prática, a biópsia do ovário não é recomendada, pois o tratamento das duas patologias é o mesmo: a realização de terapia hormonal.
4.4.4 TUMORES
Cerca de 5% dos tumores ovarianos têm atividade endócrina, Os tumores ovarianos que secretam androgênios cursam
produzindo androgênios, estrogênios ou, mais raramente, com amenorreia e virilização. Entre entres, destacam-se o tumor de
inibina. Os tumores que secretam estrogênios são os que mais células de Sertoli-Leydig e o luteoma estromal. Raramente, alguns
frequentemente levam à amenorreia. Entre eles, o mais comum é o tumores ovarianos podem secretar inibina, causando redução das
tumor de células da granulosa, que representa 2-5% das neoplasias concentrações de FSH e estradiol e, consequentemente, amenorreia
de ovário. Você verá no livro digital sobre sangramento uterino secundária.
anormal que, em geral, esses tumores cursam com sangramento Para mais detalhes sobre os tumores de ovário, consulte o
excessivo, mas também podem cursar com amenorreia secundária. livro digital sobre tumores anexiais e câncer de ovário.
As amenorreias hipofisárias correspondem a 17-20% de adenomas produtores de prolactina (prolactinomas), hormônio que
todas as amenorreias secundárias. São causa de hipogonadismo provoca supressão direta ao GnRH. Os demais casos são decorrentes
hipogonadotrófico, com níveis de FSH e LH< 5 mUI/mL. A maioria de outros tumores hipofisários (adenomas não funcionantes,
das disfunções hipofisárias são adquiridas, por isso essas patologias meningiomas, cistos, metástases, tumores linfocíticos); cirurgia
estão mais envolvidas na amenorreia secundária. ou irradiação local; síndrome da sela vazia e infarto hipofisário
Cerca de 90% dos casos desse subgrupo são decorrentes de (síndrome de Sheehan).
4.5.1 HIPERPROLACTINEMIA
A prolactina (PRL) é um hormônio sintetizado, na sua se com importantes sintomas sistêmicos, como a amenorreia.
maioria, pela adeno-hipófise (existem fontes extra‐hipofisárias Diferentemente dos outros hormônios hipofisários, a
de prolactina, incluindo linfócitos, fibroblastos cutâneos, cérebro, liberação de prolactina é controlada por inibição da dopamina, um
glândula mamária, decídua e tecido adiposo) e tem como função neurotransmissor hipotalâmico. Esse assunto também tem livro
estimular a glândula mamária a produzir leite. Entretanto, devido a digital específico. Aqui, revisaremos os mecanismos que levam à
seus mecanismos de regulação, esse hormônio também relaciona- amenorreia e o que devemos investigar nessas pacientes.
Para tentar reduzir os níveis de prolactina aumentados, há aumento dos níveis de dopamina. Você lembra-se dos mecanismos
regulatórios do ciclo menstrual? Pois bem, a dopamina é um dos neurotransmissores que regula negativamente o hipotálamo, reduzindo
os pulsos de GnRH e, consequentemente, reduzindo a produção de gonadotrofinas hipofisárias.
DOPAMINA GnRH
FSH/LH
PROLACTINA
HIPOGONADISMO AMENORREIA
De forma didática, as causas de secreção excessiva de prolactina podem envolver mecanismos que interferem com a inibição da
prolactina, mecanismos que estimulam ou aumentam sua secreção e mecanismos que reduzem a eliminação da prolactina. Entre as causas
que estimulam, fisiologicamente, a secreção da PRL, temos a gestação e a lactação.
O QUE EU PRECISO SABER SOBRE HIPERPROLACTINEMIA PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES SOBRE AMENORREIA?
1. Caro aluno, como pode ser visto na figura acima, são inúmeras as condições que estão relacionadas com hiperprolactinemia.
Sendo assim, a dosagem de prolactina deve ser feita em todas as pacientes com amenorreia secundária!
2. A causa mais comum de hiperprolactinemia são os fármacos. Eles são capazes de aumentar os níveis de prolactina por interferir no
mecanismo da dopamina, seja por ação antagonista ou por causar depleção dos níveis de dopamina. Uma lista dos principais fármacos
causadores de hiperprolactinemia está na tabela abaixo:
3. Os tumores produtores de prolactina (prolactinomas) correspondem a 50% dos adenomas hipofisários e estão associados a
níveis de prolactina superiores a 100 ng/mL. Sendo assim, níveis de prolactina acima desse valor indicam exame de imagem do SNC
(ressonância de sela túrcica).
CAI NA PROVA
(ASSOCIAÇÃO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE OURINHOS - SCO 2018) Em relação à prolactina, assinale
a alternativa INCORRETA.
A) Não há relação entre hiperprolactinemia e infertilidade.
B) Os níveis de prolactina podem estar aumentados em pacientes portadoras de insuficiência renal crônica.
C) A gordura visceral de mulheres obesas tem relação direta com a maior produção de prolactina.
D) A dopamina é potente inibidor da liberação de prolactina.
Comentário:
Atenção: a banca pede a alternativa incorreta!
Incorreta alternativa A: o aumento dos níveis de prolactina causa amenorreia, pois inibe a liberação de gonadotrofinas
hipofisárias, causando infertilidade.
Correta alternativa B: em pacientes com insuficiência renal crônica, os níveis de prolactina podem estar aumentados devido à redução de
sua excreção renal e, ainda, a um estímulo para sua secreção pela uremia.
Correta alternativa C: apesar de ser maioritariamente segregada pelos lactotrofos hipofisários, encontram‐se identificadas muitas fontes
extra‐hipofisárias de prolactina, incluindo linfócitos, fibroblastos cutâneos, cérebro, glândula mamária, decídua e tecido adiposo. Logo,
mulheres com aumento de gordura visceral podem ter níveis aumentados de prolactina.
Correta alternativa D: a secreção de prolactina está sob controle inibitório tônico pela secreção hipotalâmica de dopamina.
Geralmente, os adenomas são benignos, porém são potenciais causadores de desordens, devido a sua expansão e compressão do
quiasma óptico, podendo causar cefaleia e alterações de campo visual. Além da possibilidade de amenorreia, outros sintomas associados
são dependentes do hormônio envolvido: acromegalia (tumor secretor de hormônio do crescimento); doença de Cushing (tumor secretor de
ACTH); hipertireoidismo secundário (tumor secretor de TSH) e prolactinoma (tumor secretor de prolactina).
Corresponde ao pan-hipopituitarismo devido à necrose hipofisária relacionada à hemorragia pós-parto. A hipotensão abrupta e grave
leva à isquemia e necrose da hipófise. Consequentemente, há perda da atividade gonadotrófica, resultando em anovulação e amenorreia.
Como podem ocorrer danos em todas as células hipofisárias, a paciente também pode apresentar agalactia (não produzir leite, devido
à queda da produção de prolactina), perda de pelos pubianos e axilares, pele fria e ganho de peso. Os tipos celulares da hipófise têm
sensibilidade distinta a danos. Por isso, a deficiência de produção de prolactina é mais comum, seguida das gonadotrofinas e GH, ACTH e,
mais raramente, TSH.
Na sua forma mais grave, ocorre apoplexia hipofisária, caracterizando-se por choque e instalação súbita de cefaleia, náusea, déficit
visual e a disfunção hormonal característica da síndrome.
CAI NA PROVA
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUNDIAÍ - FMJ 2018) Paciente de 28 anos queixa-se de amenorréia desde o último
parto realizado há 4 anos. Refere que fora um parto vaginal complicado com sangramento abundante e que
necessitou de transfusão sanguínea. Em relação ao diagnóstico mais provável, é correto afirmar que:
I - o FSH, o LH e o GH estarão diminuídos;
II - trata-se de Síndrome de Sheehan;
III - trata-se de hiperplasia de glândula pituitária;
IV - ocorre queda de pêlos pubianos e axilares;
V - ocorre aumento da quantidade de leite durante a amamentação
Estão corretas:
A) todas são corretas
B) I, II e IV são corretas
C) IV e V são corretas
D) I, II e V são corretas
Comentário:
Vamos analisar cada assertiva:
I: CORRETA: devido à necrose hipofisária, todos os hormônios produzidos pela hipófise anterior estarão reduzidos.
II: CORRETA: paciente com quadro clássico de síndrome de Sheehan! Ocorre pan-hipopituitarismo devido à necrose hipofisária relacionada
à hemorragia pós-parto.
III: INCORRETA: não ocorre hiperplasia da glândula pituitária (hipófise) e sim sua necrose.
IV: CORRETA: devido à necrose hipofisária, todos os hormônios produzidos pela hipófise anterior estarão reduzidos, de forma que a
paciente apresentará amenorreia, ausência de produção de leite, queda de pelos, pele fria.
V: INCORRETA: ocorre redução da produção de leite devido à redução da prolactina.
Correta alternativa “B”
As amenorreias hipotalâmicas são a segunda maior causa de amenorreia secundária, com 35% dos casos. São causa de hipogonadismo
hipogonadotrófico, com níveis de FSH e LH< 5 mUI/mL.
Neste tópico, dê especial atenção às causas funcionais, muito comuns nas provas!
Como a alteração do ciclo menstrual por essas três categorias pode envolver mecanismos sobrepostos, abaixo resumiremos a
fisiopatologia:
EXERCÍCIOS
ANOREXIA NERVOSA E BULIMIA ESTRESSE
INTENSOS
GnRH AMENORREIA
Você pode estar se perguntando: por que nem todas as pacientes com estresse ou que praticam exercícios físicos extenuantes
sofrem de amenorreia?
Aparentemente, cada mulher tem seu próprio “ponto de regulagem” hipotalâmico. Além disso, parece haver predisposição
genética em algumas pacientes, deixando-as mais suscetíveis.
O tratamento basicamente consiste na retirada do fator desencadeante, o que muitas vezes não é fácil, mas resolve, na maior parte dos
casos. No entanto, em algumas mulheres não se identifica nenhum fator de risco evidente, o que confere a esses casos prognóstico menos
favorável quanto à recuperação.
CAI NA PROVA
(FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - FAMERP 2016) Paciente de 27 anos de idade
procura o ambulatório de ginecologia por estar há 6 meses sem menstruar. Antes estava apresentando
ciclos menstruais com intervalos longos. Ao examiná-la você constata uma altura de 1,72 m e peso de 42 Kg.
Comentário:
Qual o dado oferecido pela questão que chama nossa atenção para um provável diagnóstico? O peso! Importante lembrar que tanto o
baixo peso como a obesidade podem alterar a ovulação.
1,72 m e peso de 42 Kg configuram IMC = 14,19 kg/m2 (baixo peso)
Vamos analisar as alternativas:
Incorreta alternativa A: anovulação por retrocontrole impróprio é mais comum nos primeiros dois anos após a menarca, pela imaturidade
do eixo hipotálamo-hipófise-ovário.
Incorreta alternativa B: o conceito de falência ovariana prematura é a presença de irregularidade menstrual com aumento dos níveis de
FSH antes dos 40 anos. A questão nada menciona sobre níveis de FSH.
Incorreta alternativa C: na hiperprolactinemia, além de irregularidade menstrual e infertilidade, esperam-se outros comemorativos, como
galactorreia. A questão não menciona patologias ou fármacos que possam cursar com hiperprolactinemia.
Correta alternativa “D” A paciente tem amenorreia de ordem funcional, em decorrência de baixo peso. Nesse caso, há uma
redução hipotalâmica da produção de GnRH que afeta diretamente os pulsos de gonadotrofinas, ocasionando alterações menstruais e
infertilidade.
4.6.2 PSEUDOCIESE
A pseudociese, ou gravidez psicológica, é um exemplo de como a mente é capaz de controlar processos fisiológicos. A paciente
apresenta amenorreia e todos os sintomas de gravidez, mas não está grávida. Mecanismos que podem estar envolvidos com a amenorreia
são alterações nos pulsos de LH e aumento dos níveis de prolactina. A maioria das pacientes tem algum sofrimento associado, como aborto
ou morte de um filho.
Vários distúrbios que causam amenorreia têm níveis de gonadotrofinas normais, ou seja, eugonadismo. Nesses distúrbios, o que está
alterado são os eixos de retroalimentação, que impedem a maturação normal dos oócitos e a ovulação.
Como vimos no tópico de síndrome dos ovários policísticos (SOP), essa patologia também poderia estar classificada nesse
grupo, já que não se trata simplesmente de um distúrbio ovariano e cursa com eugonadismo.
A prevalência de doenças da tireoide em mulheres é alta e aumenta com a idade. As alterações menstruais são comuns em
pacientes portadoras de tireoidopatias. A associação de amenorreia com hipotireoidismo (até 35% dos casos) é mais frequente do que com
hipertireoidismo (até 5% dos casos).
FISIOPATOLOGIA
Todos os mecanismos envolvidos na gênese da amenorreia nos distúrbios tireoidianos não estão bem estabelecidos. Sabe-
se que, no hipotireoidismo, a redução dos níveis de hormônios tireoidianos aumenta os níveis de TRH e TSH. O TRH liga-se aos
lactotrofos hipofisários e aumenta a prolactina.
O restante do processo, nós já vimos: a prolactina aumentada estimula o aumento de dopamina, que tem função inibitória no
hipotálamo.
HORMÔNIO DA
TIREOIDE
TSH GnRH
FSH/LH
AMENORREIA
Levando em conta essa associação de doenças da tireoide com a prolactina e que todas as pacientes com amenorreia
secundária devem dosar a prolactina, está claro que todas essas pacientes também devem dosar TSH (valores de referência 0,5-5
mUI/mL)!
Para todos os detalhes sobre doenças de tireoide, veja e livro digital específico, no bloco de endocrinologia.
A HAC é causada pela deficiência da enzima 21-hidroxilase, tem diagnóstico ao nascimento. As formas não clássicas são mais
que converte a 17-OH-progesterona em 11-desoxicortisol (precursor comuns que as formas clássicas e, normalmente, são diagnosticadas
do cortisol) e progesterona em desoxicorticosterona (precursor mais tardiamente. Manifestam-se por sinais de hiperandrogenismo,
da aldosterona) (figura 15). Consequentemente, há aumento da como pubarca precoce, aceleração do crescimento, acne resistente
produção de 17-OH-progesterona e androgênios suprarrenais. Essa à terapêutica, oligomenorreia e/ou amenorreia e hirsutismo. Como
patologia apresenta a forma clássica e a não clássica. Para mais o quadro clínico é muito parecido com o da SOP, toda paciente na
detalhes sobre esse assunto, veja o livro digital sobre distúrbios de suspeita clínica de ovários policísticos deve ter dosagem de 17-OH-
Para nosso livro sobre amenorreia a forma não clássica é mais tratamento é realizado por meio da reposição de corticoides.
Tumores ovarianos e tumores suprarrenais podem produzir com a realização de um exame ultrassonográfico pélvico. Já para
androgênios, que podem levar a sinais clínicos de hiperandrogenismo o diagnóstico diferencial com os tumores de suprarrenal, fazemos
(acne, hirsutismo e alopecia) e amenorreia. Essa última ocorre, pois a dosagem de sulfato de desidroepiandrosterona (SHEA), pois
os androgênios em altas doses atrofiam o endométrio e reduzem trata-se de um androgênio produzido quase exclusivamente pela
os pulsos de GnRH. suprarrenal. Sendo assim, a dosagem de SDHEA acima de 700
Essas duas patologias também são diagnóstico diferencial de mg/dL sugere a presença de neoplasias suprarrenais e indica a
SOP e, para isso, são realizadas dosagens de androgênios. Valores necessidade de exames de imagem (tomografia computadorizada
de testosterona total > 200 ng/mL são suspeitos para esses tumores ou ressonância magnética).
de ovário e indicam a necessidade de prosseguir a investigação
Deve-se obter história clínica detalhada em virtude da miscelânea de etiologias. Os antecedentes médicos, fatores de risco ou sintomas/
sinais do exame clínico podem direcionar a investigação complementar.
4.8.1 ANAMNESE
A maioria dos pontos que iremos investigar aqui são similares à investigação da amenorreia primária.
Fique bem atento às características da paciente no enunciado da questão, pois muitas vezes só isso já lhe permite
gabaritar!
1. Antecedentes pessoais: como vimos, doenças agudas ou crônicas podem estar relacionadas a déficit de liberação dos pulsos de
GnRH.
2. Uso de medicações: algumas medicações podem alterar os níveis de prolactina.
3. Outros sintomas associados: poliúria, polidipsia, fadiga, cefaleia, convulsões, defeitos no campo visual (sugestivos de lesões do
Sistema Nervoso Central); galactorreia (pensar em hiperprolactinemia), sintomas de disfunção tireoidiana; fogachos, atrofia vaginal,
O exame físico na amenorreia secundária não é tão “rico” 3. Exame da vagina e vulva: buscar sinais de hipoestrogenismo
como na amenorreia primária, mas alguns achados podem nortear (atrofia vaginal, apagamento de pequenos lábios, encapuzamento
a solicitação de exames complementares: de clitóris).
1. Peso, altura e IMC: em pacientes com IMC inferior a 18,5 kg/ 4. Índice de Ferriman-Gallwey (figura 16): esse índice é
m² deve-se pensar em disfunção hipotalâmica de causa funcional uma escala para quantificação de pelos em áreas dependentes
ou em doenças crônicas. Já em pacientes com IMC superior a 30 de androgênios, com nove áreas avaliadas, sendo que cada
kg/m² (obesidade), são maiores os índices de SOP. localização pode somar até quatro pontos. Valores acima de 8
2. Exame das mamas: pesquisa galactorreica (sinal de são positivos para hirsutismo.
hiperprolactinemia).
Como vimos, o primeiro passo na amenorreia secundária é a exclusão de gestação! O segundo passo é a realização de TSH (valores de
referência 0,5-5 mUI/mL) e prolactina (valor de referência: < 20 ng/mL). Seguem todos os testes que podem ser solicitados:
1. FSH: útil na diferenciação entre amenorreias hipergonadotróficas e amenorreias hipogonadotróficas. A falência ovariana precoce
cursa com níveis elevados de FSH, enquanto as disfunções hipotalâmicas e hipofisárias cursam com valores reduzidos ou pré-púberes de
gonadotrofinas.
2. Teste da progesterona: a finalidade desse teste é avaliar o status do estrogênio da paciente e a patência do trato genital. Administra-
se acetato de medroxiprogesterona (AMP) via oral 10 mg/dia (ou progesterona similar), por 10-14 dias. O teste é considerado positivo se
ocorrer sangramento em 7-10 dias após o término da medicação.
3. Teste do estrogênio (ou teste do estrogênio + progesterona): esse teste mimetiza um ciclo menstrual normal, com a finalidade de
avaliar a patência do trato genital. Um dos esquemas propostos é a administração de estrogênios conjugados (0,625-1,25 mg/dia por 21
dias) + acetato de medroxiprogesterona (10mg/dia) nos últimos 5 dias.
Caro aluno, você não realizará teste de progesterona e/ou teste de estrogênio em todas as
pacientes, somente naquelas com FSH e prolactina normais!
Se o FSH estiver elevado, já sabemos que a amenorreia é ovariana e se estiver suprimido, já
sabemos que a causa é central!
4. Teste do GnRH: já mencionado no tópico das amenorreias primárias. Útil na diferenciação de amenorreias hipotalâmicas e hipofisárias.
5. Evidência clínica de hiperandrogenismo: caro aluno, tanto na prática clínica como nas questões de provas, a maioria desses
casos será resultado da síndrome dos ovários policísticos. Entretanto, são necessárias dosagens de testosterona, de SDHEA e 17-OH-
progesterona, para realizar diagnóstico diferencial com tumores produtores de androgênios e hiperplasia adrenal congênita (forma
tardia/não clássica).
17-OH-progesterona > 200 pg/mL = pensar em hiperplasia adrenal congênita de início tardio.
SDHEA > 700 mcg/dL = pensar em tumores de adrenal → solicitar exames de imagem.
Testosterona total > 200 ng/dL = pensar em tumores ovarianos secretores de androgênios →solicitar exames de imagem.
6. Ultrassonografia pélvica/transvaginal: avaliar ovários (presença de lesão anexial) e espessura do endométrio (EE). A EE <4 mm é
sugestiva de hipoestrogenismo.
7. Ultrassonografia ou tomografia de abdome: deve ser solicitada nos casos de suspeita de tumores adrenais.
8. Histerossalpingografia ou histeroscopia: devem ser solicitados na suspeita de sinéquias intrauterinas.
9. Ressonância magnética (RM) de crânio ou sela túrcica: deve ser realizada em todos os casos de hipogonadismo hipogonadotrófico
e nas pacientes com queixas que sugerem alterações no SNC, como alterações de campo visual.
CAI NA PROVA
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUNDIAÍ - FMJ 2020) Paciente de 26 anos, G1P1N, procurou serviço de ginecologia
referindo estar 6 meses sem menstruar. Faz parte da propedêutica inicial:
A) BHCG, RNM de hipófise e ultrassonografia transvaginal.
B) FSH, prolactina e testosterona total.
C) BHCG, ultrassonografia transvaginal e estrogênio.
D) BHCG, TSH e prolactina.
E) TSH, estrogênio e RNM de hipófise.
Comentários:
Qual a principal causa de amenorreia secundária? Gestação! Por isso, em todos os casos de amenorreia secundária, o beta hCG deve ser
realizado.
Além da gestação, devem ser descartadas tireoidopatias e hiperprolactinemia. Vamos analisar as alternativas:
Incorreta alternativa A: a RNM de hipófise é importante quando já existe suspeita de causa hipofisária para amenorreia e também nos
casos em que a dosagem de prolactina é superior a 100 ng/mL, pois há suspeita de prolactinoma. Ultrassonografia transvaginal: não faz
parte da propedêutica inicial, mas é importante na avaliação da espessura endometrial.
Incorreta alternativa B: testosterona total é útil no diagnóstico diferencial de SOP e tumores ovarianos produtores de androgênios.
Incorretas alternativas C e E: a dosagem de estrogênio não é útil na investigação da amenorreia secundária, porém o teste do estrogênio
+ progesterona é útil para exclusão de anormalidades no trato de saída. A RNM de hipófise é importante quando já existe suspeita de
causa hipofisária para amenorreia e também nos casos em que a dosagem de prolactina é superior a 100 ng/mL, pois há suspeita de
prolactinoma.
Correta alternativa “D” Como exposto acima, esses são os exames iniciais na investigação da amenorreia secundária.
Amenorreia
secundária
Afastar
gravidez
Anamnese + Dosagem de
exame físico FSH/PRL/TSH
Anovulação Teste do
Neuroimagem
crônica estrogênio
Estrutural Teste do
do SNC GnRH (-) causa
úterovaginal
(+) (-)
Hipotalâmica Hipofisária
Legenda: FSH- hormônio folículo estimulante/ TSH- hormônio tireoestimulante/PRL- prolactina/ SNC- sistema nervoso central.
CAI NA PROVA
UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO - UNAERP 2015) Paciente de 25 anos com amenorreia secundária há 6
meses. Teve abortamento espontâneo há 7 meses seguido de curetagem uterina. Teste da progesterona negativo
e teste do estrogênio + progesterona positivo. Diante deste quadro podemos afirmar que:
A) A causa da amenorreia são sinéquias uterinas pós-curetagem.
B) A paciente tem SOP o que explica a amenorreia e o aborto.
C) O sistema canalicular da paciente encontra-se intacto e a investigação deve prosseguir.
D) Deve-se realizar teste do GnRH para excluir causa ovariana.
E) A paciente tem falência ovariana o que explica a amenorreia e o aborto.
Comentário:
Essa é uma questão sobre amenorreia secundária em que a banca se esqueceu de mencionar a exclusão da principal causa dessa patologia:
a gestação!
Vamos analisar cada uma das alternativas.
Incorreta alternativa A: o teste do estrogênio + progesterona é realizado justamente para avaliar o trato de saída da menstruação. Nesse
caso, o teste foi positivo, ou seja, não há sinéquias uterinas para obstruir a saída da menstruação.
Incorreta alternativa B: as pacientes com SOP são anovulatórias. Sendo assim, elas possuem estímulo estrogênico normal, mas não
produzem progesterona, pois não ovulam. No caso da questão, o teste da progesterona foi negativo, o que indica que a paciente não está
sob estímulo estrogênico.
Correta alternativa “C” Como exposto acima, teste de estrogênio + progesterona positivo indica sistema canalicular intacto.
Incorreta alternativa D: a exclusão de causas ovarianas é feita por meio da dosagem de FSH. FSH elevado indica causa ovariana, FSH baixo
indica causa central.
Incorreta alternativa E: o diagnóstico de falência ovariana só pode ser feito após a dosagem de FSH. Nessa patologia, o FSH está aumentado.
(Associação Médica do Paraná - 2018) Sobre os testes de progesterona e estrogênio na investigação da amenorreia não estaria correto
afirmar que:
I. O teste de progesterona só é positivo se o endométrio foi previamente proliferado pelo estrogênio;
II. Na menopausa o teste de estrogênio é negativo;
III. No septo vaginal longitudinal o teste de progesterona é negativo;
IV. Na disgenesia gonadal total XO o teste de progesterona poderá ser positivo;
V. O teste de progesterona e estrogênio negativos impõem as dosagens de FSH, LH, estradiol, prolactina e TSH.
A seguinte alternativa contempla o solicitado no enunciado:
A) I, III e V apenas.
B) I, III e IV apenas.
C) II, IV e V apenas.
D) II, III e V apenas.
E) III, IV e V apenas.
Comentário:
A questão quer as afirmativas INCORRETAS!
Vamos analisar as assertivas:
I: CORRETA - o teste de progesterona positivo indica estímulo estrogênico prévio.
II: INCORRETA - o teste de estrogênio simula um ciclo menstrual. Ele só é negativo nos casos de patologias do trato de saída.
III: INCORRETA - o septo vaginal longitudinal não interfere na saída da menstruação, por isso o teste da progesterona é positivo.
IV: CORRETA - nas disgenesias gonadais pode haver algum estímulo estrogênico, por isso o teste da progesterona é positivo.
(SES RJ 2016) Paciente de 32 anos com amenorreia secundária, fez uso de acetato de medroxiprogesterona 10 mg por cinco dias. Após três
dias do término da medicação, não ocorreu sangramento vaginal. Realizou então, ciclo de 21 dias de estrogênios conjugados, seguido de mais
dez dias de acetato de medroxiprogesterona, ao fim do qual ocorreu sangramento vaginal moderado por cinco dias. Diante desse quadro,
a principal hipótese diagnóstica é:
A) Gestação inicial.
B) Síndrome de Asherman.
C) Falência ovariana precoce.
D) Síndrome dos ovários policísticos.
Comentário:
Incorreta a alternativa A: diante de quadro de gestação não ocorreria sangramento vaginal após o teste hormonal com estrógeno e
progesterona.
Incorreta a alternativa B: na síndrome de Asherman, não ocorreria o sangramento após o teste terapêutico com estrógeno e progesterona,
em função das sinéquias uterinas que estariam obstruindo o fluxo menstrual.
Correta a alternativa “C” �e todas as alternativas, é a única que apresenta teste de progesterona negativo e teste de estrogênio
positivo.
Incorreta a alternativa D: na síndrome dos ovários policísticos ocorreria sangramento após o teste da progesterona.
4.9 TRATAMENTO
Assim como na amenorreia primária, o tratamento está vinculado a sua etiologia e aos anseios da paciente. Em cada uma das etiologias,
deve ser avaliado se há necessidade e/ou desejo de:
1. tratamento específico (clínico e/ou cirúrgico);
2. correção de hipoestrogenismo;
3. correção do hiperandrogenismo;
4. restauração de fertilidade.
Como vimos, há inúmeras causas de amenorreia secundária. No tópico de etiologias, já sumarizamos o tratamento das causas e, no
geral, as questões sobre esse assunto pedem o raciocínio diagnóstico e não o tratamento. Apenas vamos lembrar alguns pontos:
1. os tumores com possibilidade de cirurgia devem ser ressecados (hipofisários, hipotalâmicos, ovarianos produtores de estrogênio e
androgênios e adrenais produtores de androgênios);
2. a base do tratamento da hiperprolactinemia são os agonistas dopaminérgicos (para detalhes sobre esse assunto, veja o livro digital
específico sobre hiperprolactinemia) e a retirada de drogas que podem estar relacionadas ao seu aumento;
3. o tratamento da síndrome de Asherman é realizado por meio de lise histeroscópica das sinéquias;
4. na síndrome dos ovários policísticos (SOP) é muito importante a proteção endometrial, devido ao risco de hiperplasia/câncer de
endométrio (para detalhes sobre o tratamento de SOP, veja o livro digital específico).
4.10 RESUMO
Ausência de
menstruação por 3 ciclos
menstruais (se regulares)
OU
QUANDO INVESTIGAR?
Ausência de
menstruação por 6
meses (se ciclos
irregulares)
AMENORREIA
SECUNDÁRIA
Gestação
O QUE DESCARTAR
Hiperprolactinemia
PRIMEIRO?
Tireoidopatias
SÍNDROME DE ASHERMAN
O QUE SÃO: SINÉQUIAS INTRAUTERINAS
CAUSAS: CURETAGENS EXCESSIVAS, TUBERCULOSE PÉLVICA,
DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA CICATRIZAÇÃO
ANORMAL DO ENDOMÉTRIO
SINTOMAS: AMENORREIA, DOR PÉLVICA CÍCLICA
OUTRAS CONSEQUÊNCIAS: ABORTAMENTOS DE REPETIÇÃO,
INFERTILIDADE
DIAGNÓSTICO: ULTRASSONOGRAFIA, HISTEROSSAPINGOGRAFIA,
HISTEROSCOPIA (PADRÃO-OURO)
TRATAMENTO: LISE HISTEROSCÓPICA DAS SINÉQUIAS
FSH/PRL NORMAIS
AMENORREIA TESTE DA
SECUNDÁRIA DE PROGESTERONA
CAUSA NEGATIVO
ÚTEROVAGINAL TESTE DO ESTROGÊNIO
NEGATIVO
SÍNDROME DE SAVAGE
FALÊNCIA OVARIANA PREMATURA 46XX
DEFINIÇÃO: PERDA DE OÓCITOS < 40 ANOS CAUSA: RESISTÊNCIA À AÇÃO DAS
10% DOS CAUSAS DE AMENORREIA SECUNDÁRIA GONADOTROFINAS
CAUSAS: GENÉTICAS, AUTOIMUNES, PRIMÁRIA OU ADQUIRIDA
RADI/QUIMIOTERAPIA, IDIOPÁTICAS (MAIORIA) SINTOMAS: SIMILARES À FALÊNCIA
SINTOMAS: OVARIANA PREMATURA
OLIGO/AMENORREIA + SINTOMAS CLIMATÉRICOS DIAGNÓSTICO: BIÓPSIA DE GÔNADA
TRATAMENTO: TERAPIA HORMONAL (NÃO REALIZAR NA PRÁTICA)
TRATAMENTO: TERAPIA HORMONAL
FSH AUMENTADO
AMENORREIA
SECUNDÁRIA DE
CAUSA OVARIANA
PSEUDOCIESE
CAUSAS ESTRUTURAIS
AMENORREIA + SINTOMAS DE GRAVIDEZ
TUMORES, DOENÇAS INFILTRATIVAS, CAUSAS
MECANISMO: DESCONHECIDO (TALVEZ
INFECCIOSAS, TRAUMA, IRRADIAÇÃO ALTERAÇÃO
ALTERAÇÕES NOS PULSOS DE LH E AUMENTO DE PRL)
DOS PULSOS DE GnRH AMENORREIA
ASSOCIADO A ALGUM GRAU DE SOFRIMENTO PSÍQUICO
FSH SUPRIMIDO
PRL NORMAL
AMENORREIA
TESTE DA PROGESTERONA
SECUNDÁRIA DE
NEGATIVO
CAUSA
TESTE DO ESTROGÊNIO
HIPOTALÂMICA
POSITIVO
TESTE DO GnRH POSITIVO
CAUSAS FUNCIONAIS
TRANSTORNOS ALIMENTARES, ESTRESSE, EXERCÍCIOS
EXTENUANTES REDUZ LEPTINA, AUMENTO DE CORTISOL
E ENDORFINAS ALTERAÇÃO DOS PULSOS DE GnRH
AMENORREIA
TRATAMENTO: RETIRAR FATOR DESENCADEANTE
https://estr.at/2Mzrgb4
CAPÍTULO
4. WELT, Corrine; BARBIERI, Robert. UpToDate. Causes of primary amenorrhea. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/causes-
of-primary-amenorrhea?search=amenorreia%20prim%C3%A1ria&source=search_result&selectedTitle=2~45&usage_type=default&display_
rank=2>. Acesso em: 4 jun. 2020.
5. WELT, Corrine; BARBIERI, Robert. UpToDate. Epidemiology and causes of secondary amenorrhea. Disponível em: <https://www.
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6. WELT, Corrine; BARBIERI, Robert. UpToDate. Evaluation and management of secondary amenorrhea. Disponível em: < https://www.
uptodate.com/contents/evaluation-and-management-of-secondary-amenorrhea?search=amenorreia%20secundaria&source=search_
result&selectedTitle=1~61&usage_type=default&display_rank=1#H1489618729>. Acesso em: 4 jun. 2020.
7. WELT, Corrine; BARBIERI, Robert. UpToDate. Evaluation and management of primary amenorrhea. Disponível em: < https://www.
uptodate.com/contents/evaluation-and-management-of-primary-amenorrhea?search=amenorreia%20prim%C3%A1ria&source=search_
result&selectedTitle=1~45&usage_type=default&display_rank=1>. Acesso em: 4 jun. 2020.
CAPÍTULO
Fique bem atento a esse tema, pois ele está no top 10 das provas!
E lembre-se: estamos aqui por você. Se surgirem quaisquer dúvidas, não hesite em entrar no Fórum de Dúvidas e enviar sua questão.
Responderemos o mais breve possível.
Vejo você nas videoaulas ou no próximo livro digital.
Abraços,
Profa. Monalisa Carvalho