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www.terapiayurveda.com
Lisboa 2018
Centro de Ayurveda
Formador: David Ferreira
www.terapiayurveda.com
A – Objectivos
No final deste módulo os formandos devem ser capazes de:
Conhecer as características que definem os doshas;
Reconhecer sinais de desequilíbrio dóshico;
Reconhecer sinais de patogenia e patologia de acordo com a Ayurveda;
Usar o protocolo de atendimento como apoio ao diagnóstico pelo pulso, íris, unhas, língua,
fezes e urina, bem como marcas de linguagem psico-corporal.
B – Duração
10 Horas
D – Público – Alvo
Público em geral
E – Data de Elaboração
16.12.2010
G – Índice
Índice
Patologia ....................................................................................................................................... 3
Etiologia – A Causa de Doenças .................................................................................................. 3
Tipos de doença ......................................................................................................................... 4
Kryia Kala – Patogenia................................................................................................................ 5
Doenças tendenciais .................................................................................................................. 7
Diagnóstico em Ayurveda .............................................................................................................. 9
Natureza da doença ................................................................................................................... 9
Diagnóstico .............................................................................................................................. 10
Diagnóstico pelo Pulso ................................................................................................................. 11
Diagnóstico pelas Unhas .............................................................................................................. 24
Diagnóstico pela Língua ............................................................................................................... 25
Diagnóstico pela Íris ..................................................................................................................... 28
Diagnóstico pela Urina ................................................................................................................. 33
Diagnóstico pelas Fezes ............................................................................................................... 34
Marcas de Linguagem Psico-Corporal........................................................................................... 35
Diagnóstico pela voz ................................................................................................................ 35
Aparência geral ........................................................................................................................ 35
Diagnóstico pelo rosto ............................................................................................................. 35
Diagnóstico pelos lábios ........................................................................................................... 36
Rastreio de Distúrbios no Sistema Energético Subtil ................................................................. 36
Ficha de Consulta ao Paciente ...................................................................................................... 41
Bibliografia .................................................................................................................................. 51
Patologia
Ser saudável significa que todos os órgãos fisiológicos estão a funcionar em perfeito equilíbrio
(dhatu-samya), que a pessoa está contente e que todos os sentidos – inclusive a psique e o
espírito – formam um todo harmonioso (prasanna-atma-indriya-manaha).
Dizemos que alguém está doente quando sente dor ou mal-estar (dhatu-samyoga). Esse
sofrimento pode ser de natureza física ou psicológica. Os sintomas de uma doença são sinais de
que existe um desequilíbrio.
O tecidos do corpo (dhatus) vão morrendo constantemente, à medida que vão sendo usados nos
processos que contribuem para a vida. Estes são repostos por novos tecidos que se formam pela
ingestão e digestão de alimentos.
Assim, saúde e doença são directamente dependentes da alimentação e da digestão. Quando a
digestão (agni) não funcina correctamente, as substâncias tóxicas (ama) são formadas em lugar do
plasma (rasa). Ama bloqueia os canais do corpo, causa a acumulação de excreções (mala) e
impede-as de serem eliminadas tão depressa quanto o possível. Isto cria a primeira fase da
doença.
Os doshas em desequilíbrio também têm uma inlfuência negativa nos tecidos do corpo. Se forem
mais fortes que a capacidade de resisitir dos tecidos, a doença piorará rapidamente; mas, se os
tecidos forem mais fortes, as perturbações não serão tão sérias e a cura ocorrerá depressa.
Tipos de doença
De acordo com Susruta-Samhita (Sutra Sthana), há quatro tipos diferentes de doença.
Nija – Doenças Endógenas
Doenças tendenciais
A constituição individual determina a propensão a determinadas doenças. Por exemplo, pessoas
kapha têm uma tendência definida para doenças kapha. Podem ter diversos ataques de
amigdalites, sinusites, bronquites e congestões pulmonares. As doenças kapha têm origem no
estômago. No caso dos pitta, estes são susceptíveis a problemas na vesícula, fígado, hiperacidez,
úlceras pépticas, gastrites e doenças inflamatórias. Para além disto, os pitta também sofrem de
doenças de pele como urticária e erupções cutâneas. As doenças pitta têm origem no intestino
delgado. As pessoas vata têm uma maior tendência para problemas de acumulação de gás, dores
na região lombar, artrite, ciática, paralisia e neuralgia. As doenças vata têm origem no intestino
grosso.
Quando os doshas estão em desequilíbrio nas áreas onde são geradas as doenças, irão criar
determinados sinais e sintomas.
O desequilíbrio causador da doença pode ter origem na consciência, na forma de qualquer
percepção negativa, e pode depois manifestar-se na mente, onde a semente de doença poderá
ficar no mais profundo do subconsciente sob a forma de raiva, medo ou apego. Estas emoções vão
manifestar-se no corpo através da mente. Medo reprimido vai criar um desarranjo de vata; raiva
um excesso de pitta e; inveja, ganância e apego um agravamento de kapha. Estes desequilíbrios
afectam as defesas naturais do corpo (sistema imunitário - agni) e o corpo torna-se susceptível à
doença.
Às vezes o desequilíbrio causador do processo de doença pode manifestar-se primeiro no corpo e
só depois se manifestar na mente e consciência. A dieta, hábitos de vida e ambientes com
atributos similares aos dos doshas irão antagonizar os tecidos do corpo ao criar um desequilíbrio
que se manifesta primeiro no lado físico do corpo. Assim, vata em desequilíbrio cria medo,
depressão e nervosismo; excesso de pitta no corpo causa raiva, ódio e ciúme; kapha agravado gera
sentimento de posse, ganância e apego.
Diagnóstico em Ayurveda
A Ayurveda é um sistema de medicina tradicional
bastante popular, praticado em toda a região do
subcontinente indiano e zonas adjacentes, tanto de
forma tradicional e tribal como de forma académica,
chegando muitas vezes a zonas às quais a medicina
ocidental não consegue ainda chegar, tendo um
preponderante no que diz respeito a sanar as
necessidades de tratamento e saúde da maioria das
populações locais.
Em Ayurveda os cuidados de saúde são
maioritariamente virados para o equilíbrio dos doshas e
gunas. Tendo isto em mente, a gestão de uma doença é
feita de forma a diagnosticar quais os biomateriais e
componentes em excesso ou em falta, e como podem
ser equilibrados. A gestão do estado de doença
considera a eliminação das causas do desequilíbrio dos
doshas, a administração de diversas fórmulas herbais, a
intervenção a nível da dieta e estilo de vida para
reequilibrar os doshas, a eliminação de chinta
(preocupação séria) e o nutrir da alma para readquirir saúde espiritual (Samana). Na gestão de um
estado de doença considera-se primariamente 4 procedimentos: 1. Limpar; 2. Paliação; 3.
Rejuvenescimento; 4. Cura mental e espiritual. A gestão de uma doença começa com a limpeza e
inclui 5 procedimentos chamados Panchakarma, uma vez que a não eliminação de produtos
tóxicos contribui para a evolução do quadro de doença.
O Panchakarma é um dos mais importantes procedimentos terapêuticos em Ayurveda, conhecido
por ser útil no combate de todas as doenças de todos os órgãos e funções do corpo pois lida com a
eliminação de toxinas de todo o corpo, até aos níveis mais profundos dos tecidos.
Em vez de analisar e nomear milhões de partes do corpo e doenças Charak Samhita1 sustenta que
é a felicidade e a infelicidade que resultam na saúde e na doença, respectivamente. A pessoa
saudável ou holística é denominada Purusha, ou divindade eterna. As causas das doenças são
deha-manasa, ou razões psicossomáticas; a mente afecta o corpo e o corpo afecta a mente.
Portanto, a visão “parcial” não tem lugar.
Natureza da doença
A natureza de uma doença determina-se através de 5 métodos:
1. Causa – Nidana: A razão mais recente para uma doença
Todas as doenças são causadas pelo agravamento de doshas.O diagnóstico leva à
reconstrução da causa original responsável pela doença. Esta determinação deveria ser a
base para uma terapia eficiente.
2. Sinais premonitórios ou incubatórios – Purvarupa: Os sintomas de alerta
Os primeiros sinais manifestam-se cedo, mostrando que um determinado dosha está em
desequilíbrio e que pode ser o precursor de uma doença. Os sintomas ainda são muito
leves e não muito evidentes, não podendo ser atribuidos a nenhum doshas específico,
1
Charak Samhita: um dos 3 principais textos antigos de Ayurveda.
Diagnóstico
É o conhecimento ou juízo ao momento, feito pelo médico, acerca das características de uma
doença ou de um quadro clínico, que comumente suscita um prognóstico médico, com base nas
possibilidades terapêuticas, acerca da duração, da evolução e do eventual termo da doença ou do
quadro clínico sob o seu cuidado ou orientação.
Nos textos clássicos de Ayurveda, o capítulo que lida com a patologia chama-se Nidana-Sthana. A
palavra nidana tem 3 significados importantes: determinar a doença; investigar a situação;
determinar a causa da doença.
O processo de diagnóstico (Trividhya Pariksha) segue 3 procedimentos essenciais:
1. Darshana – Observar
O médico determina a gravidade e a extensão da doença e faz um prognóstico. A primeira
impressão que o médico tem quando apresentado ao paciente desempenha um papel
vital.
2. Sparshana – Tocar
Tocando o corpo do paciente, o médico pode avaliar a temperatura do corpo, a condição
dos tecidos e da pele, os reflexos do paciente e o grau de dor.
3. Preshna – Questionar
O diagnóstico de uma doença, usando métodos ayurvédicos, consiste de dois pilares principais que
lhe servem de base informativa: a história da doença e o exame do paciente.
1. A História da Doença
Debruça-se sobre:
a) Os detalhes dos sintomas, ou seja, como, onde e quando ocorrem, duração dos períodos
de medicação e que medicamentos tomados, factores de agravamento e de alívio, etc.
b) Historial de doença semelhante, medicamentos tomados, cirurgias efectuadas, etc.
c) Historial pessoal: casamento, vida sexual, família, percurso ocupacional, dieta e
alimentação, sono, movimento dos intestinos, fumar, beber álcool, condições de vida,
estatuto financeiro, vida social e estado mental.
d) Historial de família de doenças/sintomas semelhantes e tratamento efectuado.
2. Exame do Paciente
O exame do paciente é feito em 2 etapas. Primeiro é o exame geral e em seguida o exame dos
diferentes sistemas do corpo.
a) Exame geral ou Ashtavidha Pariksha: Faculta um bom panorama sobre a natureza da
doença e o estado do paciente. Os 8 parâmetros examinados são:
1. Exame físico geral do corpo todo (akruti)
2. Exame táctil, palpação (sparsha pariksha)
3. Observação da fala e da voz (shabda)
4. Exame do pulso - artéria radial (nadi pariksha)
5. Exame da língua (jihva pariksha)
6. Exame dos olhos - íris e esclera (druga pariksha)
7. Exame da urina (mutra)
8. Exame das fezes (mala)
b) Exame aos sistemas: Consiste na observação dos seguintes sistemas do corpo:
∗ Sistema digestivo
∗ Sistema respiratório
∗ Coração e sistema circulatório
∗ Sistema nervoso
∗ Sistema urinário e excretor
∗ Sistema músculo-esquelético
∗ Sistema reproductor
∗ Sistemas que regem a pele, cabelo e olhos
Os rishis descreveram a maneira como cada pulso se move comparando-o com os movimentos de
alguns animais. A este movimento chamaram gati. Assim, a mobilidade de vata chama-se sarpa
gati (pulso de cobra), a de pitta é manduka gati (pulso de sapo) e a de kapha hamsa gati (pulso de
cisne).
O pulso vata é superficial, frio, leve, fino, fraco e vazio. Com mais pressão, desaparece. Move-se
rápido e pode tornar-se irregular. Sente-se melhor sob o dedo indicador. Com um pouco mais de
experiência, parece uma pequena cobra a mover-se debaixo do dedo, tente manter isto em mente
quando sente o pulso. O pulso vata é frio ao toque pois falta-lhe gordura subcutânea, razão pela
qual as pessoas vata perdem calor e não o apreciam.
O pulso pitta é cheio com um forte latejar. É quente e abrupto, com uma grande amplitude, bom
volume e força considerável. Sente-se melhor sob o dedo médio, como o saltar de uma rã. O pulso
pitta é quente ao toque porque as pessoas pitta têm um fogo digestivo forte e mais calor.
O pulso kapha é profundo, lento, aquoso, ondulado e frio ao toque. Move-se como um cisne a
nadar. As pessoas kapha retêm calor no corpo porque têm uma densa camada de gordura debaixo
da pele.
Quando sente o pulso, faça-o sempre do lado radial do braço e nunca do lado ulnar. Não amontoe
os dedos uns nos outros, deixe um pequeno espaço entre eles para conseguir diferenciar bem o
batimento debaixo de cada dedo.
O exame deve ser feito 3 vezes, com um intervalo de poucos segundos entre cada vez.
Como sabemos, os doshas estão sempre a mudar. Por isso é preciso ser sensível a uma série de
elementos que os podem fazer variar – idade, estação e hora do dia – e que farão toda a diferença
na leitura de pulso e na própria saúde. Por exemplo, de manhã o pulso chama-se kapha nadi, pois
Pulso e doshas
Ao dedo indicador (posição vata) também se chama dedo distal pois é o mais afastado do coração,
o dedo médio mantém o seu nome e é posição de pitta, e o dedo anelar (posição kapha) é o
proximal pois está mais próximo do coração.
Ainda que
ue o grosso das manifestações dos 3 doshas são sentidas geralmente debaixo do indicador,
médio e anelar, as suas qualidades subtis sentem-se
sentem se em zonas específicas de cada ponta dos
dedos: sob as curvas distal, média e proximal.
Este é o dosha mais subtil, leve, móvel e
expansivo. O fluxo sanguíneo pode ser bloqueado
até com a pressão mais ligeira. Mesmo que esteja
só parcialmente bloqueado a subtileza do seu
batimento irá fazer-se
se sentir na curvatura distal
dos dedos.
Leitura do pulso
Através da leitura do pulso é possível verificar as seguintes situações:
1. Todos os aspectos do organismo humano, o corpo, a mente, etc., são entendidos durante
o diagnóstico pelo pulso.
2. Além de perceber quais as causas das doenças actuais, o diagnóstico rastreia a doença até
à sua origem. Até mesmo níveis mais subtis de factores causais como questões emocionais
ou padrões de pensamento específicos do indivíduo, que se manifestam em doenças
físicas são entendidos.
Aplica-se o Nadi Pariksha, ou diagnóstico pelo pulso, para compreender os seguintes aspectos num
indivíduo:
1. Ajuda a determinar o prakruti, a constituição original de cada um. Esta informação é a
base para estabelecer a estrutura do processo de tratamento individualizado.
2. Ajuda a determinar o vikruti, a constituição actual. O diagnóstico determina quais os
desvios que o corpo e mente sofreram, em comparação com a constituição original.
Também permite perceber os prognósticos de doenças que entretanto surgiram durante
esta transição de pakruti-vikruti.
3. Este diagnóstico rastreia, com bastante sucesso, o estado de mente alterado. Isto é muito
importante no sentido em que a ciência da Ayurveda acredita que a maioria das doenças
humanas são psicossomáticas por natureza. Isto acontece pois a única forma que a Mente
tem de se exprimir é através do corpo. Assim, o corpo funciona em grande medida de
acordo com os ditâmes da mente.
4. Qualquer alteração nos doshas pode levar a um entendimento do processo de doença. Os
doshas e os seus subdoshas ajudam a compreender:
Nível do
Vata (1) Pitta (2) Kapha (3) Kapha (3) Pitta (2) Vata (1)
pulso
Intestino
Cólon Vesícula Pericárdio 1º nível Bexiga Estômago
Delgado
Circulação vata,
Pulmão Fígado 7º nível Rim Baço Coração
pitta, kapha
2
Pleurisia: Pleurisia ou pleurite é uma inflamação das pleuras pulmonares (parietal e visceral) que pode ser
seca ou com aumento do líquido pleural (derrame pleural).
detalhe o paradigma prakruti-vikruti, o estado de cada subdosha, o nível de prana, tejas e ojas, e o
estado dos sete tecidos corporais.
COR
Uma coloração escura/negra indica
problemas de vayu. Se estiver
amarelada, esverdeada ou
avermelhada estamos perante um
excesso de bílis na vesícula ou indica
uma desordem hepática ou na
vesícula, condições de pitta.Se
estiver pálida ou esbranquiçada,
existe uma condição anémica ou
falta de sangue no corpo.
Normalmente esta cor indica
problemas de kapha. Se estiver azul,
deve-se a algum problema no
coração, e o azul ou roxo podem
indicar estagnação ou problemas
hepáticos
TAMANHO
MARCAS
Marcas de dentes em volta do arco frontal da língua indicam que há uma má absorção de
nutrientes. Uma linha no meio da língua sugere problemas de imunidade. Quebras na língua
denotam desequilíbrios de vata.
LOCALIZAÇÃO
Quando a língua tem uma pequena camada, a
pessoa é geralmente saudável. Uma camada
espessa esbranquiçada indica a presença de
ama (kapha). Uma camada espessa,
gordurosa, amarelada ou língua inflamada
sugerem a existência de fermentação de ama
(pitta).
Se a camada se encontra no 1/3 frontal da
língua indica a presença de kaphaama, no
meio de pitta ama e no fundo vayuama. Se a
camada ocupar 2/3 da língua ou toda, então há
um excesso duodóshico ou tridóshico de ama
3
Esclera: parte branca do olho.
Mudanças de Cor
Castanho
Geralmente uma descoloração castanha significa a ingestão de lacticíneos de vaca ou gorduras
saturadas. Nestes casos o uso de químicos e estimulantes deve ser evitado o mais possível.
As marcas são bastante mais fáceis de detectar em olhos claros do que em olhos escuros. É
comum encontrar descolorações acastanhadas em olhos azuis ou verdes, estendendo-se a partir
da pupila. Esta área corresponde aos intestinos e a descoloração acastanhada indica uma
deterioração do sistema digestivo, normalmente acompanhada de problemas no fígado e vesícula.
É normal a cor dos olhos dos bebés mudar de azul para acastanhado poucos dias ou semanas
depois do bebé ter começado a ingerir leite de vaca. Muitas vezes surgem também outros
sintomas como eczema, dificuldades respiratórias e digestivas. Isto também se pode verificar em
bebés que se alimentam de leite materno, caso a mãe esteja a ingerir leite de vaca ou derivados.
Os verdadeiros olhos castanhos devem a sua cor à melanina, enquanto o castanho patológico
deve-se a lipoproteínas oxidadas (como por exemplo a lipofuscina4) e possivelmente dos produtos
de decomposição dos agentes corantes do sangue (como por exemplo a bilirrubina5). A
descoloração também se pode ficar a dever à acumulação de drogas.
Às vezes há tanto castanho que é dificil detectar a cor original. Os órgãos que fazem fronteira com
o anel intestinal são propensos a sofrer de doenças reflectidas, nas zonas em que as marcas são
identificadas.
Branco
Branco na íris indica hiperactividade, irritação, acidez, infecção, inflamação ou catarro na parte do
corpo correspondente. Nalguns casos a íris toda é afectada, noutros encontra-se concentrado em
certas áreas.
Uma descoloração muito esbranquiçada indica congestionamento de muco, caso em que se deve
evitar alimentos que formam muco, tais como gluten, hidratos de carbono refinados, trigo,
lactose, laranjas e fungos.
Um órgão pode passar de um estado inflamatório para uma condição crónica de fraqueza. Da
mesma forma, o branco no olho passará para cinzento e, quanto mais escuro for, mais fraco estará
o órgão. Num quadro de recuperação também é possível assistir ao inverso, as zonas cinzentas
tornarem-se brancas e finalmente desaperecerem com a recuperação do estado de saúde do
paciente, processo que pode levar muitos anos.
De um modo geral, as marcas brancas indicam a necessidade de um tratamento sedante, anti-
inflamatório ao órgão associado, enquanto as áreas cinzentas ou castanhas pedem fortalecimento
e estímulo.6
4
Lipofuscina: pigmento fino, castanho-dourado, constituído por fosfolípides e proteínas, que resulta da
digestão incompleta dos restos celulares (lixo celular) É mais frequente nas células perenes ou envelhecidas.
5
Bilirrubina: pigmento vermelho-alaranjado que se forma no sistema retículo-endotelial a partir da
degradação da hemoglobina que se liberta por hematocatérese (destruição de células velhas).
6
ADREN.: Glândula suprarrenal (ou adrenal); AP.: Apêndice; G.B.: Vesícula; P.: Glândula pineal; PA.:
Pâncreas; PIT.: Glândula pituitária; S.P.: Plexo solar.
Diagnósticos comuns
Reflexo pupilar
Se uma pupila não se contrai na presença de uma luz brilhante, isso indica reflexos atenuados dos
nervos, glândulas suprarrenais fracas ou um sistema nervoso simpático sobrestimulado, muitas
vezes devido ao medo ou uma condição crónica escondida. É aconselhável aplicar pressão na
glândula suprarrenal caso a pupila comece a expandir e contrair-se repetidamente após ter sido
exposta a uma luz brilhante durante 30 segundos.
Coroa nervosa
Uma linha exterior à área do intestino, forte, branca e quase circular indica o bom estado do
sistema nervoso autónomo. Se esta linha é fraca, irregular, descolorada ou se se estende
demasiado em direcção à periferia da pupila, é sinal indicativo de que o sistema nervoso
autónomo se encontra em fraca condição.
A posição nomal da coroa nervosa é a 1/3 da distância entre a pupila e a periferia: se o sistema
nervoso se encontra tenso e hiperactivo a coroa fica mais próxima da pupila e se o sistema se
encontra mais relaxado e subactivo a coroa situar-se-á mais próxima da periferia.
Anéis nervosos
São círculos ou arcos brancos localizados na parte exterior da íris. Indicam um sistema nervoso
tenso, irritado e exacerbado. As zonas mais exteriores representam os sistemas linfático e
circulatório e, circundando a esclera, a pele.
Zona do estômago descolorada
Em situações normais a zona do estômago não é muito visível mas se este estiver irritado a área
em volta da pupila ficará esbranquiçada e tornar-se-á distinta da zona intestinal. Uma
descoloração acastanhada nesta área indica uma fraqueza crónica.
Zona intestinal descolorada
Uma zona intestinal esbranquiçada é sinal de inflamação, irritação ou úlcera. Nestas situações
evite glúten, lactose, especiarias e comida ácida, consuma suplementos mucilaginosos (fenogrego,
confrei, linhaça), arroz integral e casca de batata. Caso haja congestionamento de muco na
cabeça, vê-se uma descoloração esbranquiçada ou acastanhada na área do cólon, estendendo-se
em direcção ao ouvido e cérebro. Em caso de fraqueza crónica esta zona tornar-se-á escura.
Linhas radiais pretas
Estas linhas pretas fortes (radi solaris) desenvolvem-se quando se dá uma deterioração grave dos
intestinos, começando na pupila e estendendo-se em direcção à periferia. Os órgãos atravessados
por estas linhas também serão enfraquecidos.
Marcas de cores pouco comuns
É comum o aparecimento de marcas castanhas, vermelhas ou amarelas. As cores pouco comuns
indicam depósitos de drogas ou outro químico que se aloje em órgãos enfraquecidos.
Círculo exterior branco
Um círculo branco grosso próximo da parte exterior indica depósitos de sal (sódio) e cálcio. Evite
ingerir sal e beba muita água; é possível que tenha de consumir suplementos de potássio,
magnésio e vitamina D natural; aumente a actividade renal.
Esclerologia
O diagnóstico à esclera, ou esclerologia, consiste na observação da localização e forma dos vasos
sanguíneos visíveis na esclera, a parte branca do olho. Normalmente só as áreas problemáticas
aparecem indicadas, não a natureza do problema. Um dos instrumentos normalmente usados é
uma lupa de boa qualidade e uma boa fonte de luz.
Para inspeccionar a parte inferior da esclera peça ao paciente para olhar para cima enquanto puxa
para baixo a pálpebra inferior. Repita o procedimento em sentido contrário ao examinar a parte
superior da esclera e as partes laterais.
Geralmente, quando um vaso sanguíneo aponta para um determinado órgão reflectido na íris,
quer dizer que há algo de errado com esse órgão ou parte do corpo. Quanto mais visível for o vaso
sanguíneo ou quantos mais se agruparem numa zona, pior é o problema. Uma coloração azulada
da esclera indica sob-actividade.
Aparência geral
A aparência geral de um paciente revela muito sobre a sua condição, incluindo o lustro da pele ou
a postura da pessoa. Aqui também se examina os diferentes sistemas do corpo, que são vistos de
acordo com a sua função e aparência externa. Para muitos médicos ayurvédicos, este método é
mais importante que o diagnóstico pelo pulso. Cada sistema, com as suas funções e órgãos, é
examinado de várias formas, com referência particularmente ao dosha predominante e as
qualidades do tecido danificado ou saudável.
Recomendações gerais:
Bibliografia
DASA, Ayurveda – Auto-Diagnose / Auto-cura.
LAD, Vasant Dr., A Complete Guide to Clinical Assessment, The Ayurvedic Press, Albuquerque,
New Mexico, 2006.
LAD, Vasant Dr., Ayurveda the Science of Self-Healing, Motilal Banarsidass Publishers.