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Centro de Ayurveda

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Manual de Diagnóstico e Anamnese

Formador: David Ferreira

Lisboa 2018
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Formador: David Ferreira
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A – Objectivos
No final deste módulo os formandos devem ser capazes de:
 Conhecer as características que definem os doshas;
 Reconhecer sinais de desequilíbrio dóshico;
 Reconhecer sinais de patogenia e patologia de acordo com a Ayurveda;
 Usar o protocolo de atendimento como apoio ao diagnóstico pelo pulso, íris, unhas, língua,
fezes e urina, bem como marcas de linguagem psico-corporal.

B – Duração
10 Horas

C – Forma de Organização da Formação


Presencial

D – Público – Alvo
Público em geral

E – Data de Elaboração
16.12.2010

F – Data da Última Revisão


27.01.2014

G – Índice

Manual de Técnicas de Diagnóstico e Anamnese.................................................................p.1


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Índice
Patologia ....................................................................................................................................... 3
Etiologia – A Causa de Doenças .................................................................................................. 3
Tipos de doença ......................................................................................................................... 4
Kryia Kala – Patogenia................................................................................................................ 5
Doenças tendenciais .................................................................................................................. 7
Diagnóstico em Ayurveda .............................................................................................................. 9
Natureza da doença ................................................................................................................... 9
Diagnóstico .............................................................................................................................. 10
Diagnóstico pelo Pulso ................................................................................................................. 11
Diagnóstico pelas Unhas .............................................................................................................. 24
Diagnóstico pela Língua ............................................................................................................... 25
Diagnóstico pela Íris ..................................................................................................................... 28
Diagnóstico pela Urina ................................................................................................................. 33
Diagnóstico pelas Fezes ............................................................................................................... 34
Marcas de Linguagem Psico-Corporal........................................................................................... 35
Diagnóstico pela voz ................................................................................................................ 35
Aparência geral ........................................................................................................................ 35
Diagnóstico pelo rosto ............................................................................................................. 35
Diagnóstico pelos lábios ........................................................................................................... 36
Rastreio de Distúrbios no Sistema Energético Subtil ................................................................. 36
Ficha de Consulta ao Paciente ...................................................................................................... 41
Bibliografia .................................................................................................................................. 51

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Patologia
Ser saudável significa que todos os órgãos fisiológicos estão a funcionar em perfeito equilíbrio
(dhatu-samya), que a pessoa está contente e que todos os sentidos – inclusive a psique e o
espírito – formam um todo harmonioso (prasanna-atma-indriya-manaha).
Dizemos que alguém está doente quando sente dor ou mal-estar (dhatu-samyoga). Esse
sofrimento pode ser de natureza física ou psicológica. Os sintomas de uma doença são sinais de
que existe um desequilíbrio.

Etiologia – A Causa de Doenças


Todas as doenças são causadas pelo agravamento dos doshas. Este agravamento é causado pela
ingestão de uma dieta imprópria e por levar um estilo de vida inadequado à sua natureza (Mithya
Ahar Vihar). As três causas das doenças são o uso excessivo, insuficiente, ou impróprio dos
Sentidos, Acções e Factores Sazonais.
O diagnóstico procede-se em três etapas:
1. Determinar a constituição elementar (dosha ou prakrutti).
2. Compreender a causa elementar da doença (vikrutti).
3. Aplicar as recomendações terapêuticas para equilibrar os elementos causadores da doença,
sem causar desequilíbrio no dosha (constituição).

Prakrutti – É a constituição energética de cada pessoa, determinada no momento da fecundação,


os sete tipos básicos: V, P, K, KV, KP, PV, KPV.
Vikrutti – Os desequilíbrios que se podem manifestar como doenças externas nos aspectos físicos,
psíquicos e sociais da nossa vida.
Para propor um tratamento, primeiro deve-se determinar qual o aspecto em desequilíbrio mais
evidente – a queixa fundamental.Os desequilíbrios nos doshas vata, pitta e kapha dão-se por
diversas razões:
Factores causadores de doença
Asatmyendriyartha Samyoga
Asatmyendriyartha samyoga é a forma pela qual os órgãos dos sentidos reagem a um estímulo e é
de grande importância para a saúde. A capacidade que os doshas têm de se equilibrar diminui
quando os estímulos sensoriais são muito fracos, muito fortes ou impróprios. Para além de que os
estímulos causam desequilibrio dos doshas, os seus efeitos são duradouros.
Exemplos de estímulos insuficientes (hina yoga) são a observação de objectos muito pequenos, o
ouvir de sons quase imperceptíveis, o saborear sabores insuficientes, o privar o nariz de cheiros e
a pele de toque.
Os estímulos exagerados (ati-yoga) são experimentados pela exposição a música muito alta (tal
como num concerto de rock), luzes brilhantes e reluzentes, palavras ásperas, odores fortes e
gostos desagradáveis, bem como pressão excessiva sobre a pele.
Os estímulos impróprios (mithya-yoga) incluem a visão de objectos muito feios ou que causam
medo, ouvir impropérios ou ser insultado, ingerir comida contaminada ou estragada, respirar ar
poluído e tocar coisas que causam repulsa.

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Prajnaparadha
O segundo factor causador de doença é um comportamento anormal que leva a actividades
verbais, físicas e mentais impróprias. O uso apropriado da linguagem, do corpo e do espírito
contribui para a vida e protege da doença, da mesma forma que o comportamento impróprio
excessivo ou errado é considerado prejudicial e contribui para a doença. A escolha do que é certo
ou errado (ou melhor, do que apoia ou prejudica a vida saudável) varia de acordo com cada
indivíduo.
O comportamento verbal anormal é exemplificado pela mentira, pela discussão, pela calúnia, pela
imprecação (ati-yoga), pela falta de comunicação, pelo ar taciturno, pela incapacidade de
expressar os pensamentos (hina-yoga) e pela conversa imprópria, desnecessária e excessiva
(mithya-yoga).
Alguns exemplos de comportamento físico anormal incluem a repressão a impulsos corporais
naturais e posterior satisfacção desses impulsos de um modo severo ou radical, letargia, esforço
excessivo e movimentos intensos das extremidades, jejum desnecessário, alimentação excessiva
ou no momento errado, respiração insuficiente e excessiva e retenção do fôlego prolongada
desnecessariamente. Estes comportamentos físicos anormais depois manifestam-se através do
medo, aflição, raiva, ganância, vaidade, ciúme, egoísmo, preconceitos e indiferença.
Parinama Kala
O terceiro factor prende-se com os efeitos das mudanças climatéricas (frio, calor, chuva, etc.)
sobre os doshas.
A hiperactividade de um dohsa (ali-yoga) dá-se sempre que o tempo está extremamente quente,
frio ou chuvoso. A hipoactividade (hina-yoga) dá-se quando o inverno é moderado, o verão não é
muito quente e quando há falta de chuva. O mau funcionamento (mithya-yoga) surge quando o
tempo está quente no inverno ou frio no verão (Caraka-Samhita, Sutra-Sthanan e Astanga
Samgraha).

O tecidos do corpo (dhatus) vão morrendo constantemente, à medida que vão sendo usados nos
processos que contribuem para a vida. Estes são repostos por novos tecidos que se formam pela
ingestão e digestão de alimentos.
Assim, saúde e doença são directamente dependentes da alimentação e da digestão. Quando a
digestão (agni) não funcina correctamente, as substâncias tóxicas (ama) são formadas em lugar do
plasma (rasa). Ama bloqueia os canais do corpo, causa a acumulação de excreções (mala) e
impede-as de serem eliminadas tão depressa quanto o possível. Isto cria a primeira fase da
doença.
Os doshas em desequilíbrio também têm uma inlfuência negativa nos tecidos do corpo. Se forem
mais fortes que a capacidade de resisitir dos tecidos, a doença piorará rapidamente; mas, se os
tecidos forem mais fortes, as perturbações não serão tão sérias e a cura ocorrerá depressa.

Tipos de doença
De acordo com Susruta-Samhita (Sutra Sthana), há quatro tipos diferentes de doença.
Nija – Doenças Endógenas

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Estas são doenças internas, o resultado de perturbações dos doshas e dhatus. São tratadas com
medicamentos.
Agantuka – Doenças Exógenas
Estas doenças são o resultado de influências externas, como acidentes, picadelas de insectos,
lesões e outros acontecimentos violentos. São tratadas cirurgicamente.
Manasika – Doenças Psicológicas
Estas doenças resultam de emoções, tais como a raiva, medo, ansiedade, tristeza, crueldade, etc. e
são tratadas através de terapia psicológica.
Svabhavika – Doenças Naturais
Estas são doenças que resultam de processos naturais, como o nascimento, crescimento e
envelhecimento. Tratam-se de forma subtil.

Kryia Kala – Patogenia


Entende-se por patogenia o estudo das causas e do desenvolvimento das lesões e dos estados
patológicos, ou o mecanismo através do qual se produz um estado patológico ou uma doença.
Ao fazer um diagnóstico, é importante investigar todos os factores envolvidos na causa e
desenvolvimento da doença. Todas as doenças são causadas por doshas enfraquecidos. No início,
estes podem ser encontrados em partes específicas do corpo ou dos órgãos. Nas fases posteriores,
surgem mais sinais e sintomas. Finalmente, eles curam-se por si mesmos ou ficam mais agravados.
Cada fase leva certa quantidade de tempo a desenvolver-se (daí o nome Kala – unidade de
tempo). Kryia representa o meio pelo qual os doshas funcionam.
O curso de uma doença pode ser visto através dos seguintes passos:
Sancaya – Acumulação
Um dosha em particular pode acumular-se ou ficar bloqueado num local específico do corpo ou
num órgão, significando que esse mesmo dosha ficou hiperactivo ou começou a estagnar. Nesse
estado, os doshas não podem circular livremente pelo corpo. O período de incubação de uma
doença começa quando um dosha se aloja no corpo. A causa pode ser um alimento impróprio,
uma mudança súbita no tempo ou tensão. Verificam-se sintomas moderados como a sensação de
estar cheio (no caso de vata), temperatura ligeiramente elevada, coloração amarela da pele
(quando há acumulação de pitta), um sentimento de peso nas extremidades, dilatação local ou
letargia (se houver acumulação de kapha). Se o tratamento for aplicado nesta fase poderão ser
evitadas mais complicações no futuro.
Prakopa – Provocação
Se se acumularam bastantes doshas, e se não houve nenhuma intervenção para sanar a situação,
há uma tendência para que os sintomas piorem e as doenças se intensifiquem.
Dedicar-se a actividades físicas atléticas ou sexuais excessivas, carregar demasiados pesos, jejuar,
ter insónia ou reprimir as funções corporais naturais levam a uma provocação da acumulação de
vata. Este dosha é mais forte durante o tempo frio e invernoso, de manhã bem cedo e à noite.
O dosha pitta é provocado pela raiva, ciúme e jejum, por comidas muito picantes, ácidas e
salgadas, e é mais forte por volta do meio-dia e da meia-noite, principalmente durante o verão.

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Além disso, grandes refeições, principalmente se a última refeição não foi digerida por completo,
agravam este estado. Pitta leva automaticamente a um enfraquecimento do sangue.
Kapha aumenta pelo sono durante o dia, pela inactividade física e por comidas pesadas, doces,
oleosas e gordurosas, principalmente carne de vaca, porco e moluscos. Os sintomas são dor,
flatulência, azia em função de substâncias ácidas, sede, sensação de ardor, aversão à comida,
vómitos e vertigens.
Prasara – Difusão
O efeito de vata promove a movimentação dos doshas em desequilíbrio, que deixam os seus locais
e se espalham para áreas ocupadas normalmente por outros doshas, sozinhos ou em combinações
entre eles ou com rakta dhatu, os tecidos sanguíneos.
Quando vata é a causa principal do desequilíbrio ocorre uma dilatação do abdómen. No caso de
pitta, o calor excessivo pode aparecer em determinadas áreas ou por todo o corpo. Kapha em
desequilíbrio normalmente causa problemas digestivos, perda de apetite, pouca mobilidade das
extremidades e vómitos.
Sthanasamraya – Localização
Como os doshas em desequilíbrio circulam pelo corpo, alojam-se nos lugares mais satisfactórios
para eles. Esta fase sinaliza o começo de uma doença e justifica a divisão das doenças em grupos
clínicos específicos. Os sintomas apontam directamente para a doença que lhes segue (purva
rupa).
Se este acumular se der na área do abdómen, é provável que se desenvolvam abcessos internos.
Além disso, pode haver também uma redução da digestão, obstipação, diarreia, pedras nos rins,
constricção da uretra, micção incompleta, inflamação da uretra, tumores no tecido adiposo,
mudanças patológicas nas glândulas linfáticas, aneurismas (extensão patológica de uma artéria),
escrofula (tuberculose da pele e dos nódulos linfáticos) e elefantíase nas extremidades inferiores
(obstrução causada por congestão da linfa nos tecidos abaixo da pele). Se os doshas em
desequilíbrio se espalham pelo corpo, as doenças desenvolvem-se.
Vyakti – Manifestação
Os doshas anormais mostram agora sintomas clínicos inconfundíveis e idiossincrasias. Isto significa
que o paciente desenvolveu uma sensibilidade acrescida a substâncias que geralmente são
toleradas pelo seu organismo sem causar nenhum efeito nocivo. A doença começa com força total
e assume formas específicas (rupa); os tecidos envolvidos morrem, podendo dar origem a
gangrenas e necroses.
Bheda – Término
Na última fase da patogenia, o processo está suspenso e a cura começa, ou a doença chega ao seu
ponto máximo. Numa primeira hipótese, surgem abcessos, úlceras ou feridas, e o curso da doença
é interrompido: o próprio mecanismo de defesa do corpo supera o estado de doença. Numa
segunda possibilidade, essa condição causa debilidade ou leva à morte.
Nos primeiros três estados nos quais nenhum sintoma específico está presente, o tratamento não-
específico é iniciado. As terapias de purificação (como terapias de suor, jejum ou óleo) são usadas
para estimular o mecanismo de protecção do corpo. Estes tratamentos são simples e devem ser
usados como de costume, porque nas fases seguintes é sempre difícil conseguir-se a cura.

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Doenças tendenciais
A constituição individual determina a propensão a determinadas doenças. Por exemplo, pessoas
kapha têm uma tendência definida para doenças kapha. Podem ter diversos ataques de
amigdalites, sinusites, bronquites e congestões pulmonares. As doenças kapha têm origem no
estômago. No caso dos pitta, estes são susceptíveis a problemas na vesícula, fígado, hiperacidez,
úlceras pépticas, gastrites e doenças inflamatórias. Para além disto, os pitta também sofrem de
doenças de pele como urticária e erupções cutâneas. As doenças pitta têm origem no intestino
delgado. As pessoas vata têm uma maior tendência para problemas de acumulação de gás, dores
na região lombar, artrite, ciática, paralisia e neuralgia. As doenças vata têm origem no intestino
grosso.
Quando os doshas estão em desequilíbrio nas áreas onde são geradas as doenças, irão criar
determinados sinais e sintomas.
O desequilíbrio causador da doença pode ter origem na consciência, na forma de qualquer
percepção negativa, e pode depois manifestar-se na mente, onde a semente de doença poderá
ficar no mais profundo do subconsciente sob a forma de raiva, medo ou apego. Estas emoções vão
manifestar-se no corpo através da mente. Medo reprimido vai criar um desarranjo de vata; raiva
um excesso de pitta e; inveja, ganância e apego um agravamento de kapha. Estes desequilíbrios
afectam as defesas naturais do corpo (sistema imunitário - agni) e o corpo torna-se susceptível à
doença.
Às vezes o desequilíbrio causador do processo de doença pode manifestar-se primeiro no corpo e
só depois se manifestar na mente e consciência. A dieta, hábitos de vida e ambientes com
atributos similares aos dos doshas irão antagonizar os tecidos do corpo ao criar um desequilíbrio
que se manifesta primeiro no lado físico do corpo. Assim, vata em desequilíbrio cria medo,
depressão e nervosismo; excesso de pitta no corpo causa raiva, ódio e ciúme; kapha agravado gera
sentimento de posse, ganância e apego.

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Os danos causados nos doshas afectados criam toxinas que circulam pelo corpo, acumulando-se
em áreas mais fragilizadas do corpo, onde se manifestam como doenças.

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Diagnóstico em Ayurveda
A Ayurveda é um sistema de medicina tradicional
bastante popular, praticado em toda a região do
subcontinente indiano e zonas adjacentes, tanto de
forma tradicional e tribal como de forma académica,
chegando muitas vezes a zonas às quais a medicina
ocidental não consegue ainda chegar, tendo um
preponderante no que diz respeito a sanar as
necessidades de tratamento e saúde da maioria das
populações locais.
Em Ayurveda os cuidados de saúde são
maioritariamente virados para o equilíbrio dos doshas e
gunas. Tendo isto em mente, a gestão de uma doença é
feita de forma a diagnosticar quais os biomateriais e
componentes em excesso ou em falta, e como podem
ser equilibrados. A gestão do estado de doença
considera a eliminação das causas do desequilíbrio dos
doshas, a administração de diversas fórmulas herbais, a
intervenção a nível da dieta e estilo de vida para
reequilibrar os doshas, a eliminação de chinta
(preocupação séria) e o nutrir da alma para readquirir saúde espiritual (Samana). Na gestão de um
estado de doença considera-se primariamente 4 procedimentos: 1. Limpar; 2. Paliação; 3.
Rejuvenescimento; 4. Cura mental e espiritual. A gestão de uma doença começa com a limpeza e
inclui 5 procedimentos chamados Panchakarma, uma vez que a não eliminação de produtos
tóxicos contribui para a evolução do quadro de doença.
O Panchakarma é um dos mais importantes procedimentos terapêuticos em Ayurveda, conhecido
por ser útil no combate de todas as doenças de todos os órgãos e funções do corpo pois lida com a
eliminação de toxinas de todo o corpo, até aos níveis mais profundos dos tecidos.
Em vez de analisar e nomear milhões de partes do corpo e doenças Charak Samhita1 sustenta que
é a felicidade e a infelicidade que resultam na saúde e na doença, respectivamente. A pessoa
saudável ou holística é denominada Purusha, ou divindade eterna. As causas das doenças são
deha-manasa, ou razões psicossomáticas; a mente afecta o corpo e o corpo afecta a mente.
Portanto, a visão “parcial” não tem lugar.

Natureza da doença
A natureza de uma doença determina-se através de 5 métodos:
1. Causa – Nidana: A razão mais recente para uma doença
Todas as doenças são causadas pelo agravamento de doshas.O diagnóstico leva à
reconstrução da causa original responsável pela doença. Esta determinação deveria ser a
base para uma terapia eficiente.
2. Sinais premonitórios ou incubatórios – Purvarupa: Os sintomas de alerta
Os primeiros sinais manifestam-se cedo, mostrando que um determinado dosha está em
desequilíbrio e que pode ser o precursor de uma doença. Os sintomas ainda são muito
leves e não muito evidentes, não podendo ser atribuidos a nenhum doshas específico,

1
Charak Samhita: um dos 3 principais textos antigos de Ayurveda.

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devido à sua natureza subjectiva. Existem 2 formas: a) Os sintomas podem ocorrer devido
a um ou mais doshas agravados e desaparecem quando a doença se manifesta; ou b) Os
sintomas que se desenvolvem em doenças específicas.
3. Sinais e sintomas – Rupa: Sintomas evidentes
Estes são sinais inconfundíveis do estado da doença. Os sintomas são óbvios e mostram
claramente que uma doença específica se desenvolveu. Observam-se de perto todas as
manifestações da doença.
4. Testes diagnósticos – Upaahaya: Medidas terapêuticas para propósitos de diagnóstico
Medidas terapêuticas que são usadas quando a causa da doença não pode ser observada
claramente. O médico hábil tenta a terapia experimental, que pode incluir dieta, paliações
medicinais e físicas e hábitos. Estas terapias mostram se o dosha se agrava ou restabelece.
O terapeuta observa os efeitos dessa terapia a fim de determinar o dosha que causa a
doença.
5. Patologia ou estado de manifestação – Samprapti:
Aqui lida-se com o desenvolvimento da doença. Há 5 factores a ter em conta:
a) as variedades da doença
b) os diferentes aspectos do dosha que causa a doença
c) se a doença é de natureza primária ou secundária
d) grau da doença (elevado ou fraco, dependendo da idade, estado geral de saúde,
etc.)
e) hora da digestão, dia ou estação quando o dosha é predominante
Depois de determinar que um evento específico se encontra em curso, deve seguir-se uma
compreensão da natureza precisa e da gravidade dos doshas envolvidos. Isto tem de
incluir uma determinação da sua localização e do grau de expansão.
Se um médico começa a tratar um paciente sem um diagnóstico apropriado, qualquer
sucesso, mesmo que o médico seja muito competente a administrar o medicamento e a
terapia, será por mero acaso.

Diagnóstico
É o conhecimento ou juízo ao momento, feito pelo médico, acerca das características de uma
doença ou de um quadro clínico, que comumente suscita um prognóstico médico, com base nas
possibilidades terapêuticas, acerca da duração, da evolução e do eventual termo da doença ou do
quadro clínico sob o seu cuidado ou orientação.
Nos textos clássicos de Ayurveda, o capítulo que lida com a patologia chama-se Nidana-Sthana. A
palavra nidana tem 3 significados importantes: determinar a doença; investigar a situação;
determinar a causa da doença.
O processo de diagnóstico (Trividhya Pariksha) segue 3 procedimentos essenciais:
1. Darshana – Observar
O médico determina a gravidade e a extensão da doença e faz um prognóstico. A primeira
impressão que o médico tem quando apresentado ao paciente desempenha um papel
vital.
2. Sparshana – Tocar
Tocando o corpo do paciente, o médico pode avaliar a temperatura do corpo, a condição
dos tecidos e da pele, os reflexos do paciente e o grau de dor.
3. Preshna – Questionar

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Por meio de perguntas detalhadas, os diferentes aspectos da história do paciente são
estabelecidos, inclusive o seu estado físico e psicológico, que o médico não poderia
descobrir por si mesmo.

O diagnóstico de uma doença, usando métodos ayurvédicos, consiste de dois pilares principais que
lhe servem de base informativa: a história da doença e o exame do paciente.
1. A História da Doença
Debruça-se sobre:
a) Os detalhes dos sintomas, ou seja, como, onde e quando ocorrem, duração dos períodos
de medicação e que medicamentos tomados, factores de agravamento e de alívio, etc.
b) Historial de doença semelhante, medicamentos tomados, cirurgias efectuadas, etc.
c) Historial pessoal: casamento, vida sexual, família, percurso ocupacional, dieta e
alimentação, sono, movimento dos intestinos, fumar, beber álcool, condições de vida,
estatuto financeiro, vida social e estado mental.
d) Historial de família de doenças/sintomas semelhantes e tratamento efectuado.
2. Exame do Paciente
O exame do paciente é feito em 2 etapas. Primeiro é o exame geral e em seguida o exame dos
diferentes sistemas do corpo.
a) Exame geral ou Ashtavidha Pariksha: Faculta um bom panorama sobre a natureza da
doença e o estado do paciente. Os 8 parâmetros examinados são:
1. Exame físico geral do corpo todo (akruti)
2. Exame táctil, palpação (sparsha pariksha)
3. Observação da fala e da voz (shabda)
4. Exame do pulso - artéria radial (nadi pariksha)
5. Exame da língua (jihva pariksha)
6. Exame dos olhos - íris e esclera (druga pariksha)
7. Exame da urina (mutra)
8. Exame das fezes (mala)
b) Exame aos sistemas: Consiste na observação dos seguintes sistemas do corpo:
∗ Sistema digestivo
∗ Sistema respiratório
∗ Coração e sistema circulatório
∗ Sistema nervoso
∗ Sistema urinário e excretor
∗ Sistema músculo-esquelético
∗ Sistema reproductor
∗ Sistemas que regem a pele, cabelo e olhos

Diagnóstico pelo Pulso


Numa visita normal ao médico especificamos os males de que sofremos e as maleitas que nos
agastam. Com base nesta informação preliminar, o médico examina-nos e, se necessário,
recomenda que façamos alguns testes para corroborar o seu diagnóstico e rejeitar outras
hipóteses.

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O termo nadi literalmente quer dizer um tubo ou canal através do qual flui algo. No contexto do
diagnóstico ayurvédico, nadi refere-se às artérias. O diagnóstico pelo pulso, ou Nadi Pariksha, é
normalmente o primeiro que se costuma aplicar.
Durante o Nadi Pariksha o paciente não precisa de especificar o seu estado à partida. O terapeuta,
Nadi Vidwan, não fica a saber os sintomas de antemão, não sendo também influenciado por eles.
É um facto que os sintomas revelam o processo da doença, mas são os persistentes que têm mais
importância. Cada célula do nosso corpo contém a sua própria inteligência. A comunicação desta
inteligência sob a forma de vibrações é estudada em Nadi Pariksha, que compreende as
frequências vibratórias do pulso na artéria radial.
Estas vibrações subtis são lidas em 7 níveis de profundidade diferentes sobre o pulso, que ajudam
a verificar diversas funções do corpo. O pulso revela tanto características físicas como mentais,
interpretadas como sintomas numa fase prévia, e que ajudam a identificar a causa do problema.

A precisão do diagnóstico feito através da leitura do pulso depende da percepção intuititva do


terapeuta e também da capacidade de compreender e interpretar estas vibrações subtis. Esta
pecepção sensitiva determina o sucesso desta forma de diagnóstico.

Os rishis descreveram a maneira como cada pulso se move comparando-o com os movimentos de
alguns animais. A este movimento chamaram gati. Assim, a mobilidade de vata chama-se sarpa
gati (pulso de cobra), a de pitta é manduka gati (pulso de sapo) e a de kapha hamsa gati (pulso de
cisne).

O pulso vata é superficial, frio, leve, fino, fraco e vazio. Com mais pressão, desaparece. Move-se
rápido e pode tornar-se irregular. Sente-se melhor sob o dedo indicador. Com um pouco mais de
experiência, parece uma pequena cobra a mover-se debaixo do dedo, tente manter isto em mente
quando sente o pulso. O pulso vata é frio ao toque pois falta-lhe gordura subcutânea, razão pela
qual as pessoas vata perdem calor e não o apreciam.

O pulso pitta é cheio com um forte latejar. É quente e abrupto, com uma grande amplitude, bom
volume e força considerável. Sente-se melhor sob o dedo médio, como o saltar de uma rã. O pulso
pitta é quente ao toque porque as pessoas pitta têm um fogo digestivo forte e mais calor.

O pulso kapha é profundo, lento, aquoso, ondulado e frio ao toque. Move-se como um cisne a
nadar. As pessoas kapha retêm calor no corpo porque têm uma densa camada de gordura debaixo
da pele.

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PULSO VATA PULSO PITTA PULSO KAPHA
Características Rápido, fraco, frio, leve, Proeminente, forte, de Profundo, lento, amplo,
fino, desaparece sob grande amplitude, ondulado, espesso, frio
pressão; oscila vertical quente, levanta o dedo ou quente, regular;
e lateralmente que o sente; sobe e demora a subir e a
desce rápido descer
Localização Sente-se melhor sob o Sente-se melhor sob o Sente-se melhor sob o
dedo indicador dedo médio dedo anelar
Profundidade Superficial Média Profunda
Gati (movimento) Sarpa (cobra) Manduka (sapo Hamsa (cisne a nadar)
saltitante)
Vwga (frequência 80-95 65-80 50-65
cardíaca) 5 bat./resp. 4 bat./resp. 3 bat./resp.
Tala (ritmo) Irregular Regular Mais regular
Bala (força) Baixa + Alta +++ Moderada ++
Akruti (tensão e Baixa Alta Moderada
volume)
Tapamana Frio Quente Morno a frio
(temperatura)
Kathinya Áspera, dura Elástica, flexível Macia, que engrossa
(consistência da
parede dos vasos)

Técnica de auscultar o pulso


As primeiras horas da manhã são a melhor altura para tirar o pulso. A sua leitura pode ser
incorrecta se for feita após o paciente ter ingerido comida, ter feito exercício, tomado um banho,
consumido intoxicantes, ter tido sexo, ter dormido ou estar afligido com fome, sede, raiva, dor ou
preocupação.
O ponto mais comum que se usa para se sentir os batimentos cardíacos, por estar mais acessíveis
que os outros, é no pulso, sobre a artéria radial. O pulso radial revela as características dos
desequilíbrios dóshicos, a natureza das doenças e prognósticos esperados.

Quando sente o pulso, faça-o sempre do lado radial do braço e nunca do lado ulnar. Não amontoe
os dedos uns nos outros, deixe um pequeno espaço entre eles para conseguir diferenciar bem o
batimento debaixo de cada dedo.
O exame deve ser feito 3 vezes, com um intervalo de poucos segundos entre cada vez.
Como sabemos, os doshas estão sempre a mudar. Por isso é preciso ser sensível a uma série de
elementos que os podem fazer variar – idade, estação e hora do dia – e que farão toda a diferença
na leitura de pulso e na própria saúde. Por exemplo, de manhã o pulso chama-se kapha nadi, pois

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é lento, suave e estável. Durante a tarde é pitta nadi, pois é quente e instável. Ao fim do dia é vata
nadi, rápido e fraco. Durante a noite chama-se
chama se sarna nadi e é lento, estável e fraco
fraco.

Pulso e doshas
Ao dedo indicador (posição vata) também se chama dedo distal pois é o mais afastado do coração,
o dedo médio mantém o seu nome e é posição de pitta, e o dedo anelar (posição kapha) é o
proximal pois está mais próximo do coração.

Ainda que
ue o grosso das manifestações dos 3 doshas são sentidas geralmente debaixo do indicador,
médio e anelar, as suas qualidades subtis sentem-se
sentem se em zonas específicas de cada ponta dos
dedos: sob as curvas distal, média e proximal.
Este é o dosha mais subtil, leve, móvel e
expansivo. O fluxo sanguíneo pode ser bloqueado
até com a pressão mais ligeira. Mesmo que esteja
só parcialmente bloqueado a subtileza do seu
batimento irá fazer-se
se sentir na curvatura distal
dos dedos.

Devido às suas qualidades líquidas e leves o


batimento de pitta irá fazer-se
se sentir na curvatura
média de cada um dos 3 dedos.

Kapha é pesado, oleoso, estático e lento e por isso


mesmo pára na curvatura do dedo mais próxima
do coração e faz sentir o seu batimento no lado
proximal de cada dedo.
Prakruti e Vikruti
Prakruti é a constituição básica de cada um, estabelecida no momento da concepção e pode ser
lido no sétimo nível, ou o mais profundo. Alguns indivíduos têm um prakruti de V3P3K3, o que
significa que todos os doshas estão presentes eem m igual quantidade. Estas pessoas são sama
prakruti.. A maioria das pessoas tem uma combinação ou variação dos diferentes doshas, com pelo
menos um dosha predominante, V1P2K3 ou V2P1K3. Caso uma pessoa não tenha um nível 3 na sua

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“equação” isso indica que a pessoa nasceu com um dosha esgotado, chama-se a isso um dosha
kshaya. Kshaya significa diminuído, deteriorado ou deficiente.
Vikruti é o nosso estado actual e lê-se no primeiro nível ou superficial. Quando o nosso pulso
superficial corresponde ao mais profundo encontramo-nos equilibrados e saudáveis. O estado de
equilíbrio em cada indivíduo vai variar de acordo com a sua constituição.

Energia feminina e masculina


No início é mais fácil monitorizar o pulso do lado direito para os homens e o do lado esquerdo
para mulheres. Contudo, após alguma prática, já é aconselhável aprender a sentir o pulso radial
em ambos os lados do paciente em simultâneo. Quando um paciente respira melhor pela narina
direita, então o seu pulso direito vai estar mais acessível e proeminente que o esquerdo, e vice-
versa, pois depende de onde a energia prana se está a movimentar. Como um todo, quando a
pessoa tem mais energia masculina, o pulso do lado direito vai ser mais notório, o mesmo se passa
para a energia feminina e o pulso do lado esquerdo. Isto também se aplica durante a gravidez,
para determinar o sexo da criança. Este pulso indica a polaridade da energia feminina e masculina
no corpo. Quando a polaridade muda, a amplitude do pulso muda com ela, dependendo da
respiração.
O lado esquerdo do cérebro é masculino, governando toda a actividade do lado direito do corpo e
o lado direito do cérebro é feminino, que governa toda a actividade do lado esquerdo do corpo. O
prana circula livremente entre os dois hemisférios. Quando o lado esquerdo do cérebro se torna
activo, o pulso do lado direito torna-se mais evidente e o mesmo se passa para o lado direito do
cérebro e o pulso do lado esquerdo.

Leitura do pulso
Através da leitura do pulso é possível verificar as seguintes situações:
1. Todos os aspectos do organismo humano, o corpo, a mente, etc., são entendidos durante
o diagnóstico pelo pulso.
2. Além de perceber quais as causas das doenças actuais, o diagnóstico rastreia a doença até
à sua origem. Até mesmo níveis mais subtis de factores causais como questões emocionais
ou padrões de pensamento específicos do indivíduo, que se manifestam em doenças
físicas são entendidos.
Aplica-se o Nadi Pariksha, ou diagnóstico pelo pulso, para compreender os seguintes aspectos num
indivíduo:
1. Ajuda a determinar o prakruti, a constituição original de cada um. Esta informação é a
base para estabelecer a estrutura do processo de tratamento individualizado.
2. Ajuda a determinar o vikruti, a constituição actual. O diagnóstico determina quais os
desvios que o corpo e mente sofreram, em comparação com a constituição original.
Também permite perceber os prognósticos de doenças que entretanto surgiram durante
esta transição de pakruti-vikruti.
3. Este diagnóstico rastreia, com bastante sucesso, o estado de mente alterado. Isto é muito
importante no sentido em que a ciência da Ayurveda acredita que a maioria das doenças
humanas são psicossomáticas por natureza. Isto acontece pois a única forma que a Mente
tem de se exprimir é através do corpo. Assim, o corpo funciona em grande medida de
acordo com os ditâmes da mente.
4. Qualquer alteração nos doshas pode levar a um entendimento do processo de doença. Os
doshas e os seus subdoshas ajudam a compreender:

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O movimento das energias e o fucionamento do sistema nervoso, da circulação

definida pelo batimento cardíaco, e a movimentação de nutrientes aos vários tecidos
do corpo;
• O processo metabólico e o processo de bio-transformação no corpo, que governa as
actividades de digestão, absorção e assimilação de nutrientes;
• A assimilação e a coesão funcionam com a ajuda de fluidos corporais, que incluem
formação correcta e saudável dos músculos, ossos, ligamentos e tendões, etc.
5. O estudo do estado de saúde de vários tipos de tecidos no corpo como o plasma, sangue,
músculo, medula óssea, osso, nervo e reprodução.
6. A saúde dos chakras, ou rodas de energia subtis no corpo, que correspondem a glândulas
no corpo físico. Os chakras controlam e relacionam-se com certos processos fisiológicos no
corpo.

Variações radicais de pulso


Pulso anormalmente lento: existem certos distúrbios médicos que podem reduzir a pulsação
abaixo do normal e que, em consequência, podem causar palpitações:
• Medicação: a digitalis, a droga que é normalmente usada no controlo de pulsações
cardíacas irregulares, pode causar pulso lento. Também os bloqueadores beta – usados
normalmente no tratamento de pressão alta, anginas, ansiedade, enxaquecas e ritmos
anormais do batimento cardíaco – têm este efeito.
• Hipotiroidismo: níveis baixos de tiroxina, a hormona produzida pela tiróide, provoca uma
pulsação estável abaixo dos 60, e numa pessoa em forma pode chegar mesmo aos 40.
• Bloqueio cardíaco: quando a pulsação está abaixo de 60 e o esforço físico provoca
tonturas e insensibilidade, isto sugere um bloqueio cardíaco.
Pulso anormalmente acelerado: chá, café e bebidas gaseificadas contêm elevados níveis de
cafeína, que é um estimulante cardíaco. Por isso, beber mais que 3 ou 4 bebidas contendo cafeína
por dia, ou, da mesma forma, mais que 2 ou 3 medidas de álcool diariamente é o suficiente para
desenvolver um pulso acelerado, em particular se falamos de fumadores, pois a nicotina realça o
efeito. As causas mais comuns são:
• Anemia: a pulsação cardíaca aumenta significativamente num estado de anemia, uma
doença em que a capacidade de oxigénio do sangue é reduzida. Os anémicos
normalmente têm um aspecto pálido, falta de ar (em especial durante e após o exercício
físico) e podem sofrer de angina. Ainda que o sangue carrega menos oxigénio, os tecidos
do corpo continuam a precisar da mesma quantidade, o que provoca que o coração pulse
mais rápido para compensar a falta de qualidade do ar com o excesso de quantidade de
sangue.
• Hipertiroidismo: da mesma maneira que uma tiróide pouco activa desacelera o
metabolismo, uma glândula demasiado activa, produzindo um excesso de tiroxina, acelera
o metabolismo, o que resulta num pulso mais rápido. Outros sintomas são também
palpitações, diarréia, aumento do apetite e grandes níveis de energia).
• Febre: a maioria das infecções que produzem febre aumenta também a pulsação cardíaca.
A regra geral diz que se ganha mais 10 pulsações cardíacas por cada grau Fahrenheit que
aumenta a febre do paciente, com algumas excepções como a febre tifóide, em que o
pulso aumenta menos.
• Hipoglicémia (baixo nível de açúcar): a hipoglicémia é por vezes vista em diabéticos
devido ao excesso de insulina ou não fazerem uma refeição. Outros sintomas são suor,
mudanças comportamentais, desmaios e mesmo coma.

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• Broncodilatadores: algumas das drogas broncodilatadoras que se usam para relaxar as
vias respiratórias dos pacientes de asma podem acelerar a pulsação cardíaca,
especialmente se tomadas em doses excessivas. Também a adrenalina, antiespasmódicos
como a beladona e outras drogas usadas nestes tratamentos podem ter o mesmo efeito.
• Menopausa: a maioria das mulheres pode notar, quando chega à menopausa, os
afrontamentos e palpitações que se sentem juntamente com o pulso acelerado. Estes são
os resultados de alterações circulatórias causadas pelas flutuações hormonais.
• Problemas cardíacos: as doenças cardíacas são uma causa rara para o aumento da
pulsação cardíaca. Contudo,após ter excluído as outras causas gerais, problemas nas
válvulas, problemas circulatórios no coração e a eficiência do músculo cardíaco devem ser
tomados em conta. Nestes casos sente-se também dores no peito e dificuldade em
respirar, especialmente deitado, tonturas e perda de consciência, fraqueza ou formigueiro
nos membros.
• Problemas pulmonares: a pneumonia, com ou sem pleurisia2, ou um coágulo sanguíneo
numa das maiores veias podem produzir um pulso rápido, muitas vezes acompanhado de
dores no peito, febre e falta de ar.
• Choque: um pulso rápido e fraco é um sintoma geral de choque. Uma dor súbita e forte no
abdómen pode ser o primeiro sinal de uma úlcera péptica no estômago ou duodeno e está
associada ao pulso rápido.
• Problemas hepáticos e renais: o mau funcionamento destes sistemas pode facilmente
aumentar o número de pulsações cardíacas.

Pulso dos Órgãos

Nível do
Vata (1) Pitta (2) Kapha (3) Kapha (3) Pitta (2) Vata (1)
pulso
Intestino
Cólon Vesícula Pericárdio 1º nível Bexiga Estômago
Delgado
Circulação vata,
Pulmão Fígado 7º nível Rim Baço Coração
pitta, kapha

2
Pleurisia: Pleurisia ou pleurite é uma inflamação das pleuras pulmonares (parietal e visceral) que pode ser
seca ou com aumento do líquido pleural (derrame pleural).

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Estes pulsos encontram-se no 1º e 7º níveis. Os órgãos ocos localizam-se ao nível superficial e os
sólidos ou semi-sólidos no nível mais profundo. As imagens acima indicam os locais onde podem
ser sentidos.
Para sentir o pulso dos órgãos use um dedo de cada vez. Numa situação saudável a força sentida
no nível mais superficial deve ser igual à do nível mais profundo em cada dedo. Um pulsar forte
indica órgãos fortes e um fraco aponta para o contrário. Se um órgão estiver enfraquecido, o pulso
irá ser fraco. Se, por exemplo, o cólon se encontrar enfraquecido, sentir-se-á um pulsar mais fraco
no nível superficial, debaixo do indicador da mão direita do paciente, que no nível mais profundo.
Ao tirar anotações sobre o pulso indique qual é o que está mais fraco (-) e qual está mais forte (+),
sabendo que idealmente estarão iguais. Quando se procede à remoção cirúrgica de um órgão, o
seu pulso vai ser fraco, o mesmo acontecendo para órgãos transplantados (ou pode mesmo nem
se sentir o pulso nestes) uma vez que o órgão não faz parte do prakruti.

Os sete níveis do pulso


No pulso o nível superficial pode ser chamado de primeiro nível e no último, o mais profundo –
após o qual o pulso deixa de se sentir – sente-se o sétimo nível. Entre eles existem mais cinco
níveis. À medida que vai pressionando a artéria radial é possível sentir as mudanças no pulso.
Na medicina moderna o pulso só se relaciona com o sistema cardiovascular mas, em Ayurveda, o
pulso reflecte uma vasta amplitude de informação. Os sete níveis permitem explicar em grande

detalhe o paradigma prakruti-vikruti, o estado de cada subdosha, o nível de prana, tejas e ojas, e o
estado dos sete tecidos corporais.

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Níveis 1 (Vikruti) e 7 (Prakruti)
Pulsar em kapha Pulsar em pitta Pulsar em vata
• Excesso de pitta no
cólon
• Excesso de vata no
• Colite
Pulso fraco no Cólon • Muco no cólon cólon
• Diverticulite
• Parasitas • Gases
• Desintería
Nível superficial • Desinteria amébica • Obstipação
• Apendicite
• Tumor cístico • Diverticulose
Indicador direito • Hemorróidas
• Ameboma • Fissura
• Pólipos
• Fístula
• Síndrome do intestino
irritável
• Congestão pulmonar
• Febre do feno • Infecção bacterial • Pulmões frios e secos
Pulso fraco nos Pulmões • Congestão respiratória • Traqueíte • Pleurisia seca
superior • Bronquite • Alergia respiratória
Nível profundo • Pneumonia com • Inflamação • Sibilância
consolidação • Sangramento nos • Tosse seca
Indicador direito • Bronquite pulmões • Rouquidão
• Asma • Alveolite • Enfisema
• Pleurisia
• Colecistite
Pulso fraco naVesícula • Vesícula lenta • Excesso de secreção de
• Bílis insuficiente
• Excesso de kapha na bílis
• Remoção da vesícula
Nível superficial vesícula biliar • Indigestão ácida
• Espasmos da vesícula
• Cálculos biliares • Úlcera duodenal
Dedo médio direito • Vesícula deformada
• Icterícia obstrutiva • Náusea
• Vómito
• Alterações
• Hepatite A (hepatite
degenerativas
infecciosa) • Enzimas hepáticas
gordurosas
• Icterícia suprimidas
Pulso fraco no Fígado • Fígado aumentado
• Mononucleose • Encolhimento das
(hepatomegalia)
• Estado hemorrágico células do fígado
Nível profundo • Hepatite B
• Raiva profundamente • Mudanças cirróticas
• Lipomas múltiplos
enraizada, ódio • Hepatite C (pós-
Dedo médio direito • Colesterol alto
• Síndroma de fadiga transfusional)
• Obesidade
crónica • Hipertensão portal
• Hipertensão
• Intoxicação por cobre
• Baixa líbido
Pulso fraco no
• Pericardite • Ansiedade
Periocárdio • Sentimento de apego
• Raiva • Medo
• Ganância
• Ódio • Dor / Pesar
Nível superficial • Sentimento de posse
• Carência afectiva • Tristeza
• Derrame peiocardial
Anelar direito • Rejeição • Pericardite constritiva
Pulso fraco na Circulação • Circulação fraca de • Circulação fraca de
• Circulação fraca de
udana apana
samana
Nível profundo • Circulação fraca de • Pés frios
• Mãos frias
prana • Disfunção de apana
• Mãos suadas
Anelar direito • Escalpe frio, nariz frio vayu

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Pulsar em kapha Pulsar em pitta Pulsar em vata
Pulso fraco no Intestino • Excesso de muco
• Enterite • Hiperperistalse
Delgado • Digestão lenta
• Úlcera duodenal • Obstrução parcial
• Moléculas de gordura
Nível superficial • Síndrome celíaca • Parede intestinal fina
não digeridas
• Desinteria crónica • Má absorção
Indicador esquerdo • Diarreia gordurosa
• Depressão
Pulso fraco no Coração • Bradicardia • Endocardite
• Medo
• Bloqueio de ramo • Ambição
• Ansiedade
Nível profundo • Hipertrofia miocárdica • Competitividade
• Taquicardia
• Hipertensão maligna • Raiva
• Sístoles múltiplas extra
Indicador esquerdo • Colesterol alto • Hipertensão
• Arritmia sinusal
• Hiperactividade no
• Excesso de kledaka • Excesso de pachaka estômago
kapha no estômago pitta no estômago • Estômago nervoso
Pulso fraco no Estômago • Agni fraco (manda • Hiperacidez • Peristaltismo agravado
agni) • Grande apetite mas • Vishama agni (apetite
Nível superficial • Indigestão crónica fraca digestão devido a irregular)
• Ama no estômago agni fraco e pitta alto • Estenose pilórica
Dedo médio esquerdo • Hipocloridia (ácido • Gastrite • Estômago distendido
clorídrico baixo) • Indigestão ácida • Gás no fundo do
• Estado pré-diabético • Úlcera péptica estômago
• Estômago estreito
• Esplenite
• Leucemia mielóide
Pulso fraco no Baço • Baço dilatado • Problemas de • Anemia aplástica
• Anemia megaloblástica sangramento • Anemia microcítica
Nível profundo • Ascite • Baço dilatado • Dor esplénica (vago)
• Inchaço devido a • Distúrbios de ranjaka • Baixa imunidade
Dedo médio esquerdo obstrução linfática pitta • Malaria
• Hepatoesplenomagalia
• Ascite
• Cilindros hialinos(muco
• Cistite
na bexiga)
Pulso fraco naBexiga • Ardor ao urinar • Urina escassa
• Albuminúria
• Urina amarela escura • Urina fria
(proteinúria)
Nível superficial • Hepatite (bilirubinuria) • Rins debilitados
• Poliúria
• Urina com pH ácido • Insuficiência renal
• Diabetes
Anelar esquerdo • Hematúria (sangue na • Incontinência
• Urina turva
urina)
• Semenuria
• Insuficiência renal
• Rim pequeno
• Glomerulonefrite
• Diabetes congénito
Pulso fraco no Rim aguda
• Hipertensão • Oligúria
• Hipertensão
• Rins policísticos • Anúria
Nível profundo • Cristalúria de oxalato
• Hidronefrose • Fadiga extrema
• Dor com ardor nos rins
• Glicosúria • Dor nas costas
Anelar esquerdo • Demasiado calor nos
• Cristalúria cálcica • Rins frios
rins
• Ptose renal
• Fosfatúria

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Prognósticos pelo pulso


Os textos antigos contêm informação sobre como usar o pulso para determinar o que vai
acontecer ao paciente, e mesmo até quando o paciente vai viver ou que hipóteses de recuperação
tem de um quadro de doença.
Prognósticoa favoráveis:
Se o pulso radial apresenta 30 batimentos no seu local próprio, com ritmo regular e força
e volume consistentes, é uma garantia de longevidade para o paciente. A este pulso
chama-se dirghayushya(o pulso da longevidade)
Se o pulso não se desloca do seu local próprio e parece ser flexível, não há indicação de
morte e a doença será curada.
Se o pulso vikruti e prakruti apresentam as mesmas qualidades e picos dóshicos, o
prognóstico é bom.

Diagnósticos de pulso fraco:


O pulso pode tornar-se imperceptível em situações de choque, psicológico ou físico.
Outros sinais de choque são sudação, palidez e queda da pressão arterial. Outras
condições agravantes incluem sofrer uma queda, um susto ou desmaio.
O pulso pode tornar-se fraco devido à cólera, onde o pulso se torna impalpável devido à
desidratação.
Também quando se fractura um osso, pois a afluência de sangue à área torna o pulso
difícil de se sentir.
Em caso de diarreia e vómito intenso, pois o corpo também desidrata radicalmente.
Na gripe, quando uma pessoa transpira demasiado, o pulso torna-se fraco.

Os prognósticos desfavoráveis são:


Quando um paciente confinado a uma cama tem um pulso que debaixo do indicador só se
sente em 1/3 da curva distal, trata-se de uma doença séria.
Se o pulso debaixo de cada um dos dedos se deslocou do seu local habitual, isto indica
ojas deslocado (ojo visramsa).
Quando o pulso para e bate lentamente e depois para outra vez, é sinal de uma condição
fatal (bloqueio cardíaco total). Este pulso indica um défice de prana (esgotamento de
prana).
O pulso demasiado frio ao toque e quase imperceptível indica vyana fraco e geralmente
refere-se a uma doença fatal. Este pulso indica insuficiência do miocárdio e paralisia
vasomotora.
O pulso irregular, fraco, profundo e sentido só entre os dedos indica uma doença muito
séria e considerada sem remédio.
Se o pulso é frio, fraco e como um fio macio, isto indica morte. É um pulso característico
de doença devido a coração fraco e tensão cardiovascular.
Aumento da rapidez do pulso.
Se o bater do pulso se assemelha a um sapo, depois a um cisne e depois se torna rápido
como uma cobra, e se o paciente tem tido febre há um mês, isto indica um triplo
desarranjo dóshico e não há esperança de vida. Um exemplo deste estado é a toxemia
devido a febre tifóide ou peritonite.

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Se o pulso pitta debaixo do dedo médio se assemelha a uma cobra, o pulso kapha debaixo
do anelar se parece a uma espiral, e o pulso vata debaixo do indicador se torna num zig-
zag e é torto, isto significa morte próxima.
Dureza (indica que o pulso se consegue sentir também entre os batimentos, tal como na
arterioesclore).
Lentidão extrema do pulso (devido a bloqueio cardíaco).
Deslocação do pulso do seu local habitual.

Outros locais para se sentir


o pulso:

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Diagnóstico pelas Unhas


A Ayurveda acredita que as unhas são produtos residuais dos ossos. A forma, tamanho e estrutura
das unhas revela o tipo de constituição da pessoa. Por exemplo:
∗ As unhas de vata são secas, ásperas e quebradiças. Unhas pequenas com extremidades
irregulares (tipicamente roídas devido a ansiedade ou nervosismo) também indicam uma
pessoa vata.
∗ As unhas de pitta são ligeiramente maiores com uma ligeira curvatura no meio que lembra
um “D”, macias, tenras flexíveis e ligeiramente brilhantes. Estas unhas, quando
pressionadas na extremidade, revelam uma ligeira coloração amarelada no centro.
Apresentam linhas verticais (usual mas nem sempre) e além delas ainda pode ter linhas
avermelhadas que correm desde a base até à extremidade da unha.
∗ Uma unha kapha é normalmente grande e esbranquiçada, com uma ampla superfície,
grossas, fortes e brilhantes. Têm um contorno uniforme e podem ter uma curvatura maior
no centro devido à grande superfície que as caracteriza.

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Diagnóstico pela Língua


A língua é o órgão do paladar e da fala. Percebemos o gosto através da língua quando ela está
molhada; quando seca isso não é possível. A língua também é o órgão vital da fala, transmite
palavras, pensamentos, conceitos, ideias e sentimentos. O exame da língua revela a totalidade do
que está a acontecer no corpo.
A língua reflecte todos os órgãos do corpo com particular importância para os aspectos da
digestão e assimilação da comida. Mostra também o tipo de problema digestivo e qual dos 3
doshas é responsável por um estado de desequilíbrio, bem como o tipo de doença.Cada parte da
língua está relacionada com determinado órgão do corpo.

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Quando a língua se apresenta
escura, fissurada, e sente-se um
gosto agridoce na boca, isto indica
problemas de vata.

Quando está amarelada ou


avermelhada, com um gosto amargo
na boca, são problemas de pitta.
Quando está pálida, esbranquiçada,
saliva abundantemente, às vezes
baixa, indica problemas de kapha.
Para um terapeuta experiente e
atento, a língua também revela os
problema fisiológicos presentes
noutras partes do corpo.

Ao observar a língua observe o seu


tamanho, forma, contorno,
superfície, bordas e cor.

COR
Uma coloração escura/negra indica
problemas de vayu. Se estiver
amarelada, esverdeada ou
avermelhada estamos perante um
excesso de bílis na vesícula ou indica
uma desordem hepática ou na
vesícula, condições de pitta.Se
estiver pálida ou esbranquiçada,
existe uma condição anémica ou
falta de sangue no corpo.
Normalmente esta cor indica
problemas de kapha. Se estiver azul,
deve-se a algum problema no
coração, e o azul ou roxo podem
indicar estagnação ou problemas
hepáticos

TAMANHO

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Os vata têm línguas pequenas, longas, finas ou que tremem. A língua dos pitta é média, com uma
ponta afiada. Para os kapha a língua é grande, grossa, redonda com lábios grossos.

MARCAS
Marcas de dentes em volta do arco frontal da língua indicam que há uma má absorção de
nutrientes. Uma linha no meio da língua sugere problemas de imunidade. Quebras na língua
denotam desequilíbrios de vata.

LOCALIZAÇÃO
Quando a língua tem uma pequena camada, a
pessoa é geralmente saudável. Uma camada
espessa esbranquiçada indica a presença de
ama (kapha). Uma camada espessa,
gordurosa, amarelada ou língua inflamada
sugerem a existência de fermentação de ama
(pitta).
Se a camada se encontra no 1/3 frontal da
língua indica a presença de kaphaama, no
meio de pitta ama e no fundo vayuama. Se a
camada ocupar 2/3 da língua ou toda, então há
um excesso duodóshico ou tridóshico de ama

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Diagnóstico pela Íris


O diagnóstico pela íris é também conhecido como Iridologia. A forma dos olhos revela a
constituição original da pessoa. Um exame mais profundo revela também a natureza da doença e
o dosha responsável por ela.
A íris é como um mapa do corpo, as mudanças em determinados órgãos é reflectida em partes
específicas da íris. A íris direita mostra o estado do lado direito do corpo, enquanto a esquerda
está estreitamente relacionada com o lado esquerdo do corpo. Esta relação pode ser mais
facilmente vista na imagem a continuação.
Em saúde, a íris é composta de uma estrutura densa e fina de linhas direitas que vão desde a
pupila até à borda externa.
Uma maior aglomeração de granulação indica uma forte vitalidade herdada e um bom poder de
recuperação em caso de doença temporária. Se as fibras se encontram distribuidas
espaçadamente, o nível de saúde básica é fraco. Em casos de saúde fraca estas linhas separam-se
e tornam-se distorcidas, formando vários padrões a que se chamam marcas. Órgãos muito fracos
apresentam bastantes vezes marcas elípticas cinzentas – lesões que lembram os nós da madeira.
Em quadros de saúde fraca muitas destas lesões podem ser encontradas sobre a íris, indicando
áreas em que a circulação se encontra estagnada. Se as lesões não estiverem fechadas, mas com
abertura numa ou em ambas as extremidades, isto indica que, apesar da fraqueza, a circulação na
área é boa.
Os olhos de vata são pequenos e piscam frequentemente, demonstrando nervosismo, ansiedade
ou medo. Uma pálpebra superior caída indica sensação de insegurança, medo ou falta de
confiança, condições que indicam predominância de vata. Uma pessoa que sofre de uma doença
vata apresenta uma coloração acastanhada nos olhos, bem como secura.
Os olhos característicos de pitta são
resplandescentes e sensíveis à luz,
com a esclera3 avermelhada e com
tendência à miopia. De acordo com a
Ayurveda, os olhos extraem a sua
energia do elemento fogo. Por isso,
quando pitta está exacerbado,
desequilibra a visão e aumenta os
problemas dos olhos. Assim, numa
doença de pitta revela-se
vermelhidão ou amarelecimento do
olho, bem com fotossensibilidade.
Os olhos de kapha normalmente são
grandes, bonitos e atraentes. Numa
doença kapha os olhos mostram-se
densos, nublado ou lacrimejantes,
juntamente com marcas
esbranquiçadas nos olhos.

3
Esclera: parte branca do olho.

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Mudanças de Cor
Castanho
Geralmente uma descoloração castanha significa a ingestão de lacticíneos de vaca ou gorduras
saturadas. Nestes casos o uso de químicos e estimulantes deve ser evitado o mais possível.
As marcas são bastante mais fáceis de detectar em olhos claros do que em olhos escuros. É
comum encontrar descolorações acastanhadas em olhos azuis ou verdes, estendendo-se a partir
da pupila. Esta área corresponde aos intestinos e a descoloração acastanhada indica uma
deterioração do sistema digestivo, normalmente acompanhada de problemas no fígado e vesícula.
É normal a cor dos olhos dos bebés mudar de azul para acastanhado poucos dias ou semanas
depois do bebé ter começado a ingerir leite de vaca. Muitas vezes surgem também outros
sintomas como eczema, dificuldades respiratórias e digestivas. Isto também se pode verificar em
bebés que se alimentam de leite materno, caso a mãe esteja a ingerir leite de vaca ou derivados.
Os verdadeiros olhos castanhos devem a sua cor à melanina, enquanto o castanho patológico
deve-se a lipoproteínas oxidadas (como por exemplo a lipofuscina4) e possivelmente dos produtos
de decomposição dos agentes corantes do sangue (como por exemplo a bilirrubina5). A
descoloração também se pode ficar a dever à acumulação de drogas.
Às vezes há tanto castanho que é dificil detectar a cor original. Os órgãos que fazem fronteira com
o anel intestinal são propensos a sofrer de doenças reflectidas, nas zonas em que as marcas são
identificadas.
Branco
Branco na íris indica hiperactividade, irritação, acidez, infecção, inflamação ou catarro na parte do
corpo correspondente. Nalguns casos a íris toda é afectada, noutros encontra-se concentrado em
certas áreas.
Uma descoloração muito esbranquiçada indica congestionamento de muco, caso em que se deve
evitar alimentos que formam muco, tais como gluten, hidratos de carbono refinados, trigo,
lactose, laranjas e fungos.
Um órgão pode passar de um estado inflamatório para uma condição crónica de fraqueza. Da
mesma forma, o branco no olho passará para cinzento e, quanto mais escuro for, mais fraco estará
o órgão. Num quadro de recuperação também é possível assistir ao inverso, as zonas cinzentas
tornarem-se brancas e finalmente desaperecerem com a recuperação do estado de saúde do
paciente, processo que pode levar muitos anos.
De um modo geral, as marcas brancas indicam a necessidade de um tratamento sedante, anti-
inflamatório ao órgão associado, enquanto as áreas cinzentas ou castanhas pedem fortalecimento
e estímulo.6

4
Lipofuscina: pigmento fino, castanho-dourado, constituído por fosfolípides e proteínas, que resulta da
digestão incompleta dos restos celulares (lixo celular) É mais frequente nas células perenes ou envelhecidas.
5
Bilirrubina: pigmento vermelho-alaranjado que se forma no sistema retículo-endotelial a partir da
degradação da hemoglobina que se liberta por hematocatérese (destruição de células velhas).
6
ADREN.: Glândula suprarrenal (ou adrenal); AP.: Apêndice; G.B.: Vesícula; P.: Glândula pineal; PA.:
Pâncreas; PIT.: Glândula pituitária; S.P.: Plexo solar.

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Diagnósticos comuns
Reflexo pupilar
Se uma pupila não se contrai na presença de uma luz brilhante, isso indica reflexos atenuados dos
nervos, glândulas suprarrenais fracas ou um sistema nervoso simpático sobrestimulado, muitas
vezes devido ao medo ou uma condição crónica escondida. É aconselhável aplicar pressão na
glândula suprarrenal caso a pupila comece a expandir e contrair-se repetidamente após ter sido
exposta a uma luz brilhante durante 30 segundos.
Coroa nervosa
Uma linha exterior à área do intestino, forte, branca e quase circular indica o bom estado do
sistema nervoso autónomo. Se esta linha é fraca, irregular, descolorada ou se se estende
demasiado em direcção à periferia da pupila, é sinal indicativo de que o sistema nervoso
autónomo se encontra em fraca condição.
A posição nomal da coroa nervosa é a 1/3 da distância entre a pupila e a periferia: se o sistema
nervoso se encontra tenso e hiperactivo a coroa fica mais próxima da pupila e se o sistema se
encontra mais relaxado e subactivo a coroa situar-se-á mais próxima da periferia.
Anéis nervosos
São círculos ou arcos brancos localizados na parte exterior da íris. Indicam um sistema nervoso
tenso, irritado e exacerbado. As zonas mais exteriores representam os sistemas linfático e
circulatório e, circundando a esclera, a pele.
Zona do estômago descolorada
Em situações normais a zona do estômago não é muito visível mas se este estiver irritado a área
em volta da pupila ficará esbranquiçada e tornar-se-á distinta da zona intestinal. Uma
descoloração acastanhada nesta área indica uma fraqueza crónica.
Zona intestinal descolorada
Uma zona intestinal esbranquiçada é sinal de inflamação, irritação ou úlcera. Nestas situações
evite glúten, lactose, especiarias e comida ácida, consuma suplementos mucilaginosos (fenogrego,
confrei, linhaça), arroz integral e casca de batata. Caso haja congestionamento de muco na
cabeça, vê-se uma descoloração esbranquiçada ou acastanhada na área do cólon, estendendo-se
em direcção ao ouvido e cérebro. Em caso de fraqueza crónica esta zona tornar-se-á escura.
Linhas radiais pretas
Estas linhas pretas fortes (radi solaris) desenvolvem-se quando se dá uma deterioração grave dos
intestinos, começando na pupila e estendendo-se em direcção à periferia. Os órgãos atravessados
por estas linhas também serão enfraquecidos.
Marcas de cores pouco comuns
É comum o aparecimento de marcas castanhas, vermelhas ou amarelas. As cores pouco comuns
indicam depósitos de drogas ou outro químico que se aloje em órgãos enfraquecidos.
Círculo exterior branco
Um círculo branco grosso próximo da parte exterior indica depósitos de sal (sódio) e cálcio. Evite
ingerir sal e beba muita água; é possível que tenha de consumir suplementos de potássio,
magnésio e vitamina D natural; aumente a actividade renal.

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Película azul-esbranquiçada
Se começar a cobrir a íris a partir da parte exterior, indica má circulação na zona e estado
anémico. Muitas das vezes em que esta película se encontra na zona cerebral, é um indicador de
demência próxima (arcus senilis).
Círculo exterior escuro
Um anel escuro no círculo exterior mostra que a pele está inactiva com toxinas / malas
acumuladas e precisa de estímulo frequente, mais circulação e melhor funcionamento dos rins e
pulmões.
Rosário linfático
É uma série de pontos broncos próximos do círculo exterior que indica uma infecção crónica e
congestão do sistema linfático. É de evitar especialmente lactose e derivados do leite, com
excepção da manteiga.

Esclerologia
O diagnóstico à esclera, ou esclerologia, consiste na observação da localização e forma dos vasos
sanguíneos visíveis na esclera, a parte branca do olho. Normalmente só as áreas problemáticas
aparecem indicadas, não a natureza do problema. Um dos instrumentos normalmente usados é
uma lupa de boa qualidade e uma boa fonte de luz.
Para inspeccionar a parte inferior da esclera peça ao paciente para olhar para cima enquanto puxa
para baixo a pálpebra inferior. Repita o procedimento em sentido contrário ao examinar a parte
superior da esclera e as partes laterais.
Geralmente, quando um vaso sanguíneo aponta para um determinado órgão reflectido na íris,
quer dizer que há algo de errado com esse órgão ou parte do corpo. Quanto mais visível for o vaso
sanguíneo ou quantos mais se agruparem numa zona, pior é o problema. Uma coloração azulada
da esclera indica sob-actividade.

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Diagnóstico pela Urina


O exame à urina é uma ferramenta essencial de diagnóstico em Ayurveda. A cor, natureza e
conteúdo da urina revelam a natureza das doenças no corpo. A frequência e volume da urina
informam sobre a intensidade da doença.
Normalmente um adulto produz à volta de 1 litro de urina por dia. Uma vez que a urina é um
produto residual do corpo, deve-se proceder à sua eliminação pelo menos 6 vezes por dia.
Qualquer variação a esta norma indica um distúrbio. Se kapha estiver hiperactivo a quantidade de
urina produzida aumenta e o contrário se passa para pitta. Se as 3 bioenergias estiverem
envolvidas, a quantidade de urina diminui e os intervalos aumentam. Se o paciente tiver febre, a
produção de grandes quantidades de urina não é um bom sinal.
O processo de análise da urina é descrito em textos ancestrais ayurvédicos. Embora o método
fosse muito simples, poderia ser usado em qualquer lugar sem nenhum dispositivo técnico e, se
necessário, diariamente.
A amostra é colocada num recipiente limpo (preferencialmente vidro esterilizado) e bastante largo
(um prato ou taça), evitando as primeiras gotas de urina, e o exame deve ser efectuado na altura
da recolha. Usando um conta-gotas, deita-se cuidadosamente uma gota de óleo de sésamo no
centro da urina. Se o óleo se espalha, o estado do paciente não inspira cuidados, sendo fácil de
tratar. Se o óleo se mantém no mesmo lugar é uma indicação que o paciente está a lidar com uma
doença que implica um grande esforço para tratar. Se o óleo se afunda no prato, isto indica uma
doença séria. Também a forma como o óleo se movimenta na urina vai ser tida em consideração
no exame, para estabelecer que doshas se encontram desequilibrados. Assim, se a gota se
movimenta à superfície ou se assume a forma de uma cobra, isso indica um desequilírbrio de vata.
Quando o óleo se espalha em pequenas
gotas formando um guarda-chuva ou anel,
isso indica que pitta se encontra
desequilibrado. Se o óleo permanece onde
foi colocado e assemelha-se a uma pérola,
então kapha encontra-se em desequilíbrio.
Se a gota se afunda então os 3 doshas
encontram-se enfraquecidos.
Um distúrbio de vata vai apresentar um fluxo escasso ou pouco frequente. A urgência de urinar
não justifica a quantidade de urina expelida. O seu cheiro é adstringente. A perturbação vata é
indicada quando a quantidade de urina é pouca, mas o paciente urina com frequência. A sua cor é
amarelo claro, é fina e um pouco espumosa e fria ao toque.
Os distúrbios de pittas têm urina quente e mais volume: a quantidade não é pequena nem grande,
mas a urina é expelida frequentemente. Normalmente, quando este dosha está agravado, é
frequente o ardor a urinar. A urina é amarela escura, amarela ou avermelhada com um cheiro
forte e picante.
As perturbações de kapha apresentam um grande volume de urina, mas a eliminação é menos
frquente. A urina é esbranquiçada, gordurosa e densa, fria ao toque.
Antigamente colocava-se um prato com urina fora de casa para testar o elevado nível de açúcar na
urina. Caso as formigas demonstrassem interesse por ela, isso era sinal seguro de que o açúcar era
excessivo.

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Diagnóstico pelas Fezes


A forma e cor das fezes proporcionam informação sobre o estado dos tecidos dos doshas e das
comidas digeridas, tanto em casos saudáveis como em presença de doença. Daí que a Ayurveda
defende o exame das fezes como um instrumento básico de diagnóstico, especialmente em
doenças dos sistemas digestivo e excretor. Também se pondera neste diagnóstico o número de
evacuações, ou ausência das mesmas como em casos de obstipação, uma vez que fornece
informação tanto sobre o estado emocional do indivíduo como o funcionamento fisiológico do
corpo. Até mesmo o hálito indica o tipo de toxinas presentes no intestino grande e o dosha
desequilibrado predominante.
Se uma pessoa é saudável e come correctamente, o alimento é completamente digerido. As fezes
de uma pessoa saudável são sólidas, em quantidade suficiente, leves (flutuam na água),
amareladas, não muito viscosas, com mau cheiro e eliminadas sem esforço 2 vezes por dia.
Uma pessoa vata tem fezes de forma variável, tem propensão a acumulação de gás (meteorismo)
e a distensão do abdómen. Em caso de deficiência de vata, as fezes são duras, partidas aos
bocadinhos, e há uma tendência para a prisão de ventre (obstipação). A sua cor varia de castanho
escuro a preto-acizentado e as fezes bóiam. Com vata exacerbado o paciente tem frequentemente
vontade de evacuar.
Um pitta tem fezes soltas e bem formadas. A sua cor varia de castanho a castanho claro,
especialmente se o dosha se encontra agravado, altura em que as fezes se podem apresentar
amareladas e podem variar de semi-formadas a soltas. A vontade de evacuar aumenta e por vezes
acompanhada de uma sensação de ardor no recto na altura da passagem das fezes.
Ocasionalmente ocorre a formação de muco.
Os kapha têm um grande volume de fezes com a presença de muco. A sua cor varia de castanho a
amarelado. Em caso de distúrbio de kapha as fezes assumem uma cor esbranquiçada, estão
misturadas com muco e alimentos não digeridos, têm um odor menos forte e é frequente a
vontade de evacuar.
Se a digestão e absorção de comida é normal, as fezes serão bem formadase flutuarão na água, o
que indica que não existe ama no corpo. Se, pelo contrário, a digestão não é feita correctamente,
as fezes não flutuam, tornam-se viscosas, com várias cores, contendo bocados de comida por
digerir e um mau cheiro. Isto indica a presença de ama no organismo.
Também se aplica o diagnóstico às fezes para estabelecer a presença de sangue anormal ou
gordura, ou então a presença de parasitas.

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Marcas de Linguagem Psico-Corporal


Diagnóstico pela voz
A voz de uma pessoa revela muito sobre as suas forças e fraquezas e o dosha envolvido. Este
diagnóstico é particularmente importante nas doenças da cabeça, garganta e pulmões, que muitas
vezes danificam os órgãos vocais. Ao mesmo tempo, também a forma de falar (gesticular,
linguagem corporal e ênfase durante a comunicação) denunciam o dosha predominante na altura
do exame e também ajuda a revelar a natureza dos sintomas presentes no corpo e as causas.
Uma pessoa vata fala depressa e muda de assunto para outros sem relevância ou fora de
contexto. A sua respiração é irregular e predomina a gesticulação.
Uma pessoa pitta fala alto, com um tom forte que indica domínio, o que é muitas vezes
confundido com arrogância. A sua convicção de discurso é evidente.
Uma pessoa kapha é ligeira, suave e musical no seu discurso, é lenta nas suas expressões e não se
apressa no seu discurso.

Aparência geral
A aparência geral de um paciente revela muito sobre a sua condição, incluindo o lustro da pele ou
a postura da pessoa. Aqui também se examina os diferentes sistemas do corpo, que são vistos de
acordo com a sua função e aparência externa. Para muitos médicos ayurvédicos, este método é
mais importante que o diagnóstico pelo pulso. Cada sistema, com as suas funções e órgãos, é
examinado de várias formas, com referência particularmente ao dosha predominante e as
qualidades do tecido danificado ou saudável.

Diagnóstico pelo rosto


O rosto é o espelho da mente. As linhas e rugas na cara de cada um de nós são reveladoras. Se a
desordem e a doença estiverem presentes, isso será indicado no rosto.
Rugas horizontais na testa indicam a presença de preocupações e ansiedade profundas.
Uma linha vertical entre as sobrancelhas, do lado direito, aponta para emoções reprimidas no
fígado. Se a linha se verifica no lado esquerdo indica emoções reprimidas no baço.
Pálpebras inferiores cheias e inchadas, isso significa que os rins se encontram danificados.
Uma descoloração tipo borboleta no nariz ou bochechas, logo abaixo da zona dos rins (na
imagem), indica que o corpo não está a absorver ferro ou ácido fólico e que o sistema digestivo
não está a funcionar correctamente porque agni está fraco.
Geralmente uma pessoa vata não consegue ganhar peso. Daí que as suas bochechas se tornam
planas e afundadas.
Uma pessoa com um metabolismo lento – kapha – vai reter água e gordura e as suas bochechas
serão cheias.
Também o formato do nariz indica a constituição de cada um. Um nariz afilado pode denotar pitta,
um nariz direito, kapha e um nariz torto, vata.

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Diagnóstico pelos lábios


Tal como com outras partes do corpo (língua, olhos, unhas) também os lábios reflectem a saúde
ou doença dos diversos órgãos do corpo.
É preciso observar o tamanho, forma, superfície, cor e contorno dos lábios. Se estão secos e
ásperos, isto indica desidratação ou desarranjo vata.
Os lábios vata são finos e secos. Lábios secos, ásperos e gretados indicam desidratação e
um desarranjo de vata.
Os lábios pitta são vermelhos e cheios. Feridas ou úlceras causadas por herpes indicam um
desarranjo de pitta.
Os lábios kapha são grossos e oleosos.
Lábios pálidos são sintomáticos de anemia.
Nos fumadores os lábios apresentam-se acastanhados.
Pontos castanhos são um sinal de indigestão crónica e podem indicar a presença de
parasitas no cólon.
Os lábios ficam amarelos em caso de icterícia.
Em face de problemas cardíacos, os lábios tornam-se azulados devido à falta de oxigénio.
Tremor nos lábios é sinal de medo e ansiedade, que também podem provocar secura.
A descoloração de diferentes áreas nos lábios indica um problema no respectivo órgão.

Rastreio de Distúrbios no Sistema Energético Subtil


Formigueiro: Estasensação geralmente indica alguma inflamação.
Frio: Isto pode ser causado por um bloqueio de energia antigo que traz humidade ao organismo à
medida que é removido do fluxo de processos em curso.
Calor: É um sinal de que vitalidade é necessária e benvinda.
Forte atracção magnética: Esta sensação mostra que a energia Reiki é urgentemente necessitada
nesta área e será prontamente aceite.
Energia a Empurrar: Neste caso provavelmente temos um bloqueio antigo profundamente
enraizado que impede a vitalidade e a Energia Vital de que necessita. Verifique se o indivíduo está
preparado para embarcar num processo de aquisição de uma maior percepção e consiciencia.
Fluidez: Esta sensação nas mãos sugere que a Força Vital já está a fluir e que agradece os impulsos
vitais adicionais, resultando numa frequência vibracional mais elevada de todo o sistema.
Dor Aguda: Isto pode ser um sintoma de uma aglomeração de energia em processo de dissolução.

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Dor: Esta sensação pode chamar a nossa atenção para uma aglomeração de energia antiga que
ainda se encontra em estado pré-consciente e agora está pronta para ser libertada.
Dores:Uma aglomeração de energia pronta para ser libertada, mas ainda não integrada pelo
sistema energético circundante.
Tipos de Doenças
Doença Aguda é de curta duração. Casos agudos normalmente envolvem uma crise decura
imediata ou agravamento dos sintomas normalmente por volta do 8º ou 9º dias. Continue com o
Reiki até os sintomas desaparecerem.
Doença Crónica tem uma duração maior. Os casos crónicos experenciam crises de cura muito mais
tarde ou nem sequer passam por ela durante o tratamento. Para doenças crónicas o tempo
mínimo de tratamento é de 21 dias. Em caso de recaída, continuar a cura até os sintomas
desaparecerem.
Crisesde Cura, ou quimicalização física, ou libertação de toxinas que causam doenças, são um
desagradável embora favorável sintoma. Pode até haver um curto período de agravamento da
doença. Nesta altura explique o processo ao recipiente e aumente o número de tratamentos até a
crise de cura passar.
Sensações:
1) Formigueiro
2) Frio
3) Calor
4) Forte atracção magnética
5) Energia a empurrar
6) Fluidez
7) Dor

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Parte da Frente do Corpo Comentários


Olhos Esq.
Dto.
Têmporas Esq.
Dto.
Orelhas Esq.
Dto.
Chakra do Terceiro Olho
Parte de trás da Cabeça Esq.
Dto.
Chakra da Garganta
Timo tiroidal
Ponta dos pulmões Esq.
Dto.
Chakra do Coração
Chakra do Plexo Solar
Parte da Frente do Corpo Comentários
Fígado
Baço / Pâncreas
Chakra do Plexo Sacral
Ovários / Cordões espermáticos
Joelhos Esq.
Dto.
Solas dos pés Esq.
Dto.

Parte de Trás do Corpo Comentários


Ombros Esq.
Dto.
Timo tiroidal
Chakra do Coração
Chakra do Plexo Solar
Rins Esq.
Dto.
Chakra do Plexo Sacral
Chakra da Raíz
Posições para Tratamento

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Parte da Frente do Corpo Parte de Trás do Corpo


Olhos Ombros
Têmporas Glândula Tiróide e Timo
Orelhas Chakra do Coração
Testa / Nuca Plexo Solar
Ambas as mãos na nuca Rins
Garganta Hara
Glândula Tiróide e Timo Base da Espinha
Ponta dos Pulmões
Chakra do Coração
Plexo Solar
Parte da Frente do Corpo Parte de Trás do Corpo
Fígado
Baço, Pâncreas
Hara
Ovários / Cordões espermáticos
Joelhos
Tornozelos
Solas dos Pés

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Ficha de Consulta ao Paciente

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Recomendações gerais:

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Bibliografia
DASA, Ayurveda – Auto-Diagnose / Auto-cura.
LAD, Vasant Dr., A Complete Guide to Clinical Assessment, The Ayurvedic Press, Albuquerque,
New Mexico, 2006.

LAD, Vasant Dr., Ayurveda the Science of Self-Healing, Motilal Banarsidass Publishers.

LAD, Vasant Dr., Secrets of the Pulse, The Ayurvedic Press.


RHYNER, Hans H., Ayurveda – The Gentle Health System, Sterling Publishing Company, Inc.,
Motilal Banarsidass (Lotus Press), Índia, 1994.
SHIVATIRHA, Swami Sada, The Ayurveda Encyclopedia, Ayurveda Holistic Press.
SVOBODA, Robert E., Ayurveda – Medicina Milenária De La India, Editora Urano.

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