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NEFROLOGIA Infecção do Trato Urinário (ITU) Estratégia
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SUMÁRIO
1.0 DEFINIÇÃO 4
1.1 SÍNDROMES CLÍNICAS 4
2.0 EPIDEMIOLOGIA 6
3.0 FISIOPATOLOGIA 7
3.1 AGENTES ETIOLÓGICOS 7
4.0 DIAGNÓSTICO 9
4.1 EXAME DE URINA 9
4.2 SINTOMATOLOGIA 10
CAPÍTULO
1.0 DEFINIÇÃO
A ITU, também conhecida como infecção urinária, é definida pela presença de patógenos, normalmente estéreis, no trato urinário. De
maneira geral, a apresentação da ITU pode ter diversas divisões, sendo a anatômica uma delas, isto é, classificar uma ITU em baixa ou alta.
Por meio dessa figura conseguimos diferenciar o trato urinário em duas partes:
- Baixo: compreende a bexiga e uretra.
- Alto: compreende os rins e ureteres.
Além da divisão anatômica, as principais síndromes clínicas recebem algumas nomenclaturas que merecem ser conhecidas:
• ITU não complicada: acomete indivíduos sem nenhum fator de risco, ou seja, é a infecção da mulher jovem,
hígida, na pré-menopausa, não gestante e sem anormalidade do trato urinário.
• ITU complicada: é todo o resto! Ou seja, é a infecção urinária que acomete indivíduos idosos, homens,
mulheres na pós-menopausa, gestantes, crianças, com presença de anormalidades anatômicas ou funcionais.
As síndromes clínicas propriamente ditas, que serão pormenorizadas mais adiante, são as seguintes:
Cistite aguda Infecção do trato urinário baixo – caracterizada pela infecção da bexiga
Pielonefrite aguda Infecção do trato urinário alto – caracterizada por infecção do rim
CAPÍTULO
2.0 EPIDEMIOLOGIA
Por razões anatômicas, as mulheres formam o principal grupo acometido pelas ITUs. Isso é verdade desde a infância (exceto nos
menores de um ano) até a menopausa. Em idosos, as infecções urinárias tornam-se tão comuns em homens quanto em mulheres.
Os fatores de risco para ITU complicada (tabela 2) são aqueles que podem propiciar resistência bacteriana, ou por formarem reservatórios
de bactérias ou por prolongarem a estase urinária, que pode aumentar a proliferação bacteriana.
Hiperplasia prostática
Litíase renal
Fatores obstrutivos Anormalidade anatômica: cistos, estenoses urológicas, divertículo, doença
renal policística
Malignidade do trato urinário
Refluxo vesicoureteral
Fatores anatômicos funcionais
Bexiga neurogênica
CAPÍTULO
3.0 FISIOPATOLOGIA
Em geral, a invasão do trato urinário por microrganismos ocorre quando patógenos da flora retal migram para a bexiga por meio
da uretra. A suscetibilidade maior no sexo feminino deve-se principalmente à proximidade uretral da região perianal, além do pequeno
comprimento uretral (tabela 3).
Em alguns casos, esses uropatógenos podem migrar através dos ureteres até o rim e causar a pielonefrite, que é a infecção do trato
urinário alto. Essa é a principal via de contaminação do trato urinário alto, ou seja, por via ascendente.
Não importa se estamos falando acerca de cistite, pielonefrite, ITU na gestante ou qualquer outra situação: a E. coli é sempre o
principal microrganismo responsável pela ITU.
Enterobactéricas
Staphylococcus coagulasenegativo
Proteus mirabilis
saprophyticus
Agentes etiológicos Klebsiella spp
Enterococos
Enterobacter spp
Enterobactéricas
Pseudomonas aeruginosa
“Professor, já vi situações em que há sintomas urinários baixos e urocultura negativa. O que pensar?”
Nesses casos, podemos pensar em um típico caso de PIÚRIA ESTÉRIL, em que as possibilidades etiológicas mudam um pouco.
CAPÍTULO
4.0 DIAGNÓSTICO
4.1 EXAME DE URINA
A urina é habitualmente estéril, ou seja, negativa para a presença de microrganismos, mas nem sempre a presença de microrganismo,
em qualquer quantidade, é sinônimo de infecção. Para confirmar, precisamos ter certeza de que houve uma coleta adequada para afastar
contaminação e devemos observar um crescimento mínimo de bactérias na urina.
Lembre-se de que há outro exame muito utilizado na prática bactérias, sobretudo em enterobactérias (bacilos Gram-negativos).
e cujas principais alterações podem cair na sua prova. Estou falando Gram: a coloração de Gram ajuda a diferenciar bactérias em
do sumário de urina, urinálise e urina tipo I. dois grupos: Gram-positivas e Gram-negativas. A presença desse
Leucocitúria/piúria: presença de leucócitos no exame de elemento no exame de urina ajuda a inferir a presença de bactérias
urina, principalmente neutrófilos. Os neutrófilos são células de e guiar o tratamento antibiótico.
defesa do organismo e sua presença pode significar infecção. Não
é, contudo, uma exclusividade da ITU – a leucocitúria pode ocorrer
em outras síndromes clínicas, como glomerulopatias, nefrite Análise urinária Valor de referência
intersticial aguda e rejeição ao transplante renal!
Cilindros leucocitários: cilindros formados por células Até 10.000/mm³ ou até 5/
Leucocitúria
leucocitárias polimorfonucleares. Estão presentes em situações de campo
infecção urinária, nefrite intersticial aguda e, mais raramente, em
glomerulopatias. Cilindros leucocitários Negativo
Esterase leucocitária: é uma enzima produzida pelos
leucócitos degradados, que reflete a presença destes no exame de
urina. Esse exame é realizado por intermédio de uma fita reagente, Esterase leucocitária Negativo
mesmo antes do processamento do exame de urina I, e possui
associação com a presença de ITU.
Nitrito Negativo
Nitrito: a presença de nitrito também é identificada por meio
de fita reagente e denota a presença de bactérias uropatogênicas
Gram Negativo
que são capazes de converter o nitrato, normalmente presente
na urina, em nitrito, por atividade enzimática específica dessas Tabela 5 – Valores de referência no sumário de urina.
4.2 SINTOMATOLOGIA
É importantíssimo reconhecermos os principais sinais e sintomas urinários, pois estes, aliados aos achados laboratoriais supracitados,
vão compor o diagnóstico de ITU.
Os principais sintomas urinários relacionados às infecções urinárias são disúria, estrangúria, dor suprapúbica, polaciúria e urgência
miccional. Outros sintomas sistêmicos podem estar presentes, como febre, dor lombar, calafrios, náuseas e vômitos – esses sinais são mais
relacionados à pielonefrite.
CAPÍTULO
A cistite, na maioria das vezes, possui diagnóstico clínico e é muito frequente na mulher jovem, sobretudo após o início de atividade
sexual. A presença de sintomas típicos ̶ disúria, polaciúria e desconforto suprapúbico ̶ é suficiente para estabelecer a conduta mais apropriada:
antibioticoterapia.
Na cistite não complicada, o tratamento é feito de forma empírica, sem obrigatoriedade de urocultura inicialmente. Lembre-se, por
exemplo, de que Proteus, Serratia e Pseudomonas são intrinsecamente resistentes à nitrofurantoína, por isso é importante a realização do
exame de cultura se, após terapêutica empírica inicial, houver persistência de sintomas!
NITROFURANTOÍNA e FOSFOMICINA constituem as primeiras opções para tratamento da cistite aguda não complicada.
Antes de qualquer coisa, você precisa saber definir o que é uma ITU de repetição.
Nos casos clássicos de cistite de repetição, sem evidências Definido o quadro de cistite de repetição, as primeiras
de complicação e sem sinais de alteração anatômica do trato medidas a serem tomadas são não antimicrobianas, a saber:
urinário, não há necessidade de exame de imagem complementar. • modificações comportamentais e de higiene
As indicações de avaliação específica você encontra na tabela adequada;
abaixo. • evitar espermicidas/diafragmas;
• uso de cranberry via oral (muito discutido em
Indicações de avaliação por imagem ou de especialista virtude da baixa evidência de melhora, porém
(urologia) apresenta baixo risco e reduzida incidência de
Relapso de infecção (quando há novo quadro infeccioso efeitos colaterais, o que o torna uma opção viável);
dentro de duas semanas) • terapia estrogênica vaginal em mulheres pós-
menopausa.
Isolamento de Proteus em culturas prévias (associado à
nefrolitíase) Um tópico importante é relacionado à profilaxia antibiótica
na cistite de repetição. Pode, sim, ser indicada com dose reduzida
Histórico de litíase urinária diária, por 3-6 meses, eventualmente prolongando-se até um ano.
Hematúria persistente Se os episódios forem relacionados à atividade sexual, o uso do
antibiótico deve ser administrado antes ou logo após o coito. Se
Mulheres com queixas miccionais persistentes, como for gestante, devemos também proceder à antibioticoprofilaxia,
incontinência, micção incompleta e prolapso, merecem investigação respeitando as opções antimicrobianas seguras do período
uroginecológica. gestacional, e estender até a segunda semana do puerpério.
Duas dúvidas assombram o aluno na hora de resolver alguma questão sobre pielonefrite. Por isso, fique atento:
No paciente em condições de tratamento ambulatorial, a escolha da antibioticoterapia deverá ser feita inicialmente a partir da
possibilidade de haver infecção por germe multirresistente (fluxograma 2). Se algum dos fatores estiver presente, devemos optar por uma
dose inicial de ertapenem, seguida de prescrição via oral de quinolona.
Se não há risco de resistência inicialmente, optamos pela prescrição via oral de quinolona ou antibiótico parenteral em dose única
(ceftriaxone ou ertapenem, por exemplo), seguida de quinolona via oral.
No paciente hospitalizado, temos algumas particularidades (fluxograma 3) e o principal divisor no manejo inicial refere-se à presença
de gravidade clínica à admissão. Se existir sepse (ou choque séptico), optamos por antibioticoterapia de amplo espectro, com cobertura
empírica para enterobactéria produtora de betalactamase de espectro estendido (ESBL) e Staphylococcus oxarresistente (MRSA). Além disso,
indica-se exame de imagem.
A duração do tratamento antibiótico varia entre 5 e 14 dias – a depender da escolha – e é algo que sempre gera dúvida. Por vezes, é
cobrada nas principais provas, portanto fique atento (tabela 8).
A terapia empírica deverá cobrir enterobactérias ou ser direcionada, conforme resultado da cultura de secreção na drenagem cirúrgica – veja
as indicações para tal procedimento abaixo. Quando há concomitância de estafilococcemia, direciona-se o tratamento para esse germe.
A pielonefrite enfisematosa é uma grave infecção causada por germes capazes de produzir gás, sendo E. coli (70% dos casos) e K.
pneumoniae (quase 30%) os principais agentes responsáveis. Até 90% dos casos ocorrem em paciente com diabetes.
O diagnóstico é confirmado por imagem (tomografia computadorizada, embora a própria radiografia de abdome possa encontrar sinais
de gás em topografia renal – figura 3).
A mortalidade por essa condição é alta. O tratamento cirúrgico, seja drenagem percutânea ou até mesmo nefrectomia (em casos
graves), associado à antibioticoterapia endovenosa é a escolha.
Relacionamos essa entidade àquele paciente que não apresenta sintomas compatíveis
com infecção do trato urinário e com urocultura positiva, com crescimento de, pelo menos,
105 UFC/mL (lembre-se desse valor!).
O que você precisa saber é a quem rastrear e, sem demora, tratar para bacteriúria
assintomática.
IMPORTANTE:
Fungúria é algo relativamente comum em pacientes A candidúria assintomática geralmente dispensa tratamento.
hospitalizados e com fatores de risco (quadro abaixo), raramente Este é indicado, contudo, em pacientes neutropênicos ou que serão
representa infecção invasiva grave, sendo as espécies de Candida submetidos à manipulação do trato urinário.
os patógenos mais encontrados.
A candidúria sintomática deve ser tratada. A escolha, na
FATORES DE RISCO PARA CANDIDÚRIA maioria das vezes, recai sobre o fluconazol, com duração de 14 dias
• Antibioticoterapia prévia (tanto para cistite como pielonefrite). Para Candida spp resistente
• Dispositivos urológicos a fluconazol, anfotericina deoxicolato, por 7 dias, é a escolha (não
• Diabetes se usam as formulações lipídicas de anfotericina na suspeita de
• Neoplasias pielonefrite por Candida devido à má penetração desse antifúngico
no parênquima renal).
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CAPÍTULO
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