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Afecções do
trato urinário
TRADICIONAL
Olá, aluno Aristo!
Neste guia, cuidadosamente elaborado, você terá acesso a um conteúdo de
extrema qualidade seguindo a nossa metodologia, baseada no Princípio de
Pareto. Isso significa que você estudará especialmente o que mais cai em
provas.
Mapa da Mina
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Questões 09 08 07 07 06 06 06 06 05 05
Legenda da Aristo
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Exemplo
TOP 5
O nosso TOP 5 CCQ reúne os conteúdos-chave mais relevantes nos últimos cinco anos.
2.3 Diagnóstico 15
Questão 01 15
2.4 Tratamento 17
Questão 02 17
2.5 Prevenção 19
3. Nefrolitíase 20
Questão 03 23
3.4 Tratamento 25
Questão 04 26
3.4.2.3 Ureterolitotripsia 28
4.1.2 Tratamento 31
Questão 05 32
4.2.2 Tratamento 33
Afecções do trato urinário
Anatomia renal
Fonte: adaptado de Netter, 6.ª edição, 2015.
• As obstruções por cálculos podem acontecer em diversos níveis (o ureter, cálices e pelve
renal, por exemplo), isso impactará nos sintomas e tratamento da doença.
• Da mesma forma, as infecções do trato urinário podem ser baixas, como nos casos de
cistites (na bexiga); ou altas, acometendo os rins.
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Afecções do trato urinário
Com isso em mente, iniciaremos nossa conversa pelas infecções do trato urinário, tema tão
frequente nas provas e também na prática clínica.
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Afecções do trato urinário
Devido a esse mecanismo, as principais bactérias responsáveis pelo desenvolvimento de ITU são
as Gram-negativas, principalmente a Escherichia coli (70 a 85% dos casos). Outros tipos, como
o Staphylococcus saprophyticus (sobretudo em “cistite de lua de mel”), espécies de Proteus e
de Klebsiella e o Enterococcus faecalis também podem levar ao desenvolvimento da doença.
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Afecções do trato urinário
Outros fatores para o desenvolvimento de ITU são explicados pela tabela a seguir. Vale
destacar que a microbiota comensal da vagina, da região periuretral e da uretra funcionam
como barreira protetora contra a colonização de microrganismos uropatogênicos.
Obstrução do trato urinário Gera estase urinária que promove proliferação de microrganismos
Refluxo vesicoureteral (RVU) Resulta em volume residual, propício para a proliferação de microrganismos
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Afecções do trato urinário
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Afecções do trato urinário
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Afecções do trato urinário
Outro aspecto importante do quadro clínico do paciente com ITU é a presença de complicações.
Uma série de fatores de risco associam-se ao desenvolvimento de ITU complicada, como mostrado
no box abaixo. Esses pacientes estão mais sujeitos ao desenvolvimento de complicações, sendo
as principais: sepse, choque séptico, injúria renal aguda, necrose da papila renal, abscesso
perinefrético, trombose de veia renal e desenvolvimento de pielonefrite enfisematosa.
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Afecções do trato urinário
Sexo masculino
Gravidez
Idade avançada
Diabetes
Imunossupressão
ITU na infância
Cateterização vesical
Infecções hospitalares
Por fim, podemos classificar o episódio de ITU vigente em relação a outras infecções como
isolado, no primeiro caso da doença ou em pacientes com infecções prévias muito antigas;
ou como recorrente, quando ocorre um novo caso após a resolução de uma infecção anterior.
Nessa última classe, podemos ter a reintrodução de microrganismo no trato urinário ou então
a mesma bactéria emergindo de um foco infeccioso não resolvido fora do trato urinário, como
da próstata ou de um cálculo infectado.
O exame físico deve focar nas regiões abdominais e pélvicas. Pode-se observar dor suprapúbica
e no flanco. A presença de distensão da bexiga pode indicar um volume pós-miccional
importante. Durante o exame, deve ser realizada a punho-percussão na região da 11-12.ª costela,
por vezes, com a outra mão de amortecimento. Em caso de dor importante, temos sinal de
Giordano positivo, frequentemente presente em casos de pielonefrite e litíase renal.
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Afecções do trato urinário
Por vezes, o diagnóstico de ITU pode ser confundido com o quadro de prostatite
no sexo masculino. Essa doença consiste em anormalidades infecciosas (ou não)
da próstata. Em casos de infecções agudas, pode manifestar-se com disúria,
aumento da frequência urinária, dor pélvica ou no períneo. Febre e calafrios podem
estar presentes, assim como sintomas de obstrução urinária. Nos casos crônicos, o
acometimento é mais insidioso, com episódios recorrentes de cistite e dor pélvica
e perineal. Por isso, homens com ITU de repetição devem ter a próstata avaliada,
assim como a retenção de urina.
Vamos focar nos casos agudos, que aparecem mais frequentemente como diagnóstico
diferencial de ITU e são geralmente causados pela migração de microorganismos da
uretra e da bexiga para os ductos prostáticos, com refluxo intraprostático de urina.
Assim, os principais microrganismos são os uropatógenos, como E.coli (58-88% dos
casos), espécie de Proteus, outras enterobactérias e Pseudomonas aeruginosa.
No exame físico, a próstata frequentemente encontra-se firme, edemaciada e com
toque doloroso. Leucocitose, piúria, bacteriúria e ocasionalmente hemoculturas
positivas são encontradas. Na maioria dos casos, há elevação dos marcadores
inflamatórios. O diagnóstico é clínico, mas exames de urina como Gram de gota
e urocultura podem guiar a terapia. O tratamento é clínico e consiste em medidas
suportivas e antibioticoterapia. Intervenções mais invasivas podem ser necessárias
em caso de complicações, como abscessos.
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Afecções do trato urinário
Questão 01
Responder na plataforma
2.3 Diagnóstico
O diagnóstico de ITU pode ser presumido em mulheres na idade fértil com pelo menos
um sintoma urinário, com ausência de corrimento vaginal e de fatores de risco para
complicações da doença, sem a necessidade de solicitação de exames diagnósticos. Isso
porque a probabilidade de infecção nesses casos é de 90%. A combinação de disúria com
polaciúria, na ausência de corrimentos, aumenta a probabilidade de ITU para 96%.
Vale lembrar que mulheres sexualmente ativas e com o uso inconsistente de preservativos
possuem risco aumentado para o desenvolvimento de ITU e infecções sexualmente
transmissíveis, duas condições em que não é possível diferenciar apenas pelos sintomas.
Outro ponto importante é que, por mais que a paciente já tenha apresentado episódios
prévios de ITU, não há indicação para rastreio de bacteriúria assintomática, exceto em
pacientes gestantes.
Para os demais casos sintomáticos compatíveis com ITU, podemos solicitar exames para
avaliação, diagnóstico e exclusão de outras causas. Dentre os exames, destacam-se:
• Exame de urina I com sedimento urinário (conhecido também como “urina rotina” ou
“elementos anormais e sedimentoscopia” - EAS): presença de piúria, hematúria e bacteriúria.
• Gram de gota (bacterioscopia) da urina: visualização de bactérias e seu tipo (Gram-
positivas ou negativas).
• Urocultura: definição do agente causador da infecção e possibilidade de realização de
antibiograma para conduta terapêutica. É o exame padrão-ouro para o diagnóstico da
doença e o único que confirma o diagnóstico de ITU.
• Hemograma: pode haver leucocitose, sobretudo em casos de pielonefrite, em que se
visualiza leucocitose importante (> 15.000 leucócitos).
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Afecções do trato urinário
Características físicas
pH 7,0
Elementos anormais
Sedimentoscopia
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Afecções do trato urinário
É importante destacar que a urina para realização de exames deve ser colhida no jato médio,
evitando-se contaminação. O método de coleta via punção suprapúbica é o mais estéril e
pode estar indicado para realização do exame, como em crianças muito novas.
Além disso, a urocultura na prática médica não é rotineiramente solicitada para casos não
complicados, sobretudo de cistites, devido à demora exigida para obtenção do resultado.
No entanto, algumas provas podem cobrar a necessidade de sua coleta para confirmação
diagnóstica, sobretudo em casos de pielonefrite. Devemos lembrar de coletar o exame antes
de iniciar a terapia antibiótica empírica.
Outro aspecto importante que merece destaque é em relação à presença de nitrito no EAS.
A grande maioria das bactérias Gram-negativas metabolizam nitrato em nitrito, que pode
ser evidenciado nos exames laboratoriais. É o aspecto mais específico para ITUs quando
analisamos o EAS.
Nas situações em que há suspeita de complicações e a terapia empírica não resolve,
principalmente em casos de infecções hospitalares ou quando há suspeita de alterações
estruturais e/ou funcionais do trato urinário, a realização de outros exames se torna útil, tais como
hemocultura, radiografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Nas infecções em homens, é recomendada a realização de investigação complementar. É
importante ressaltar que, na fase aguda da doença, os exames de imagem são solicitados
apenas se houver suspeita de bloqueio do fluxo urinário.
Questão 02
Responder na plataforma
2.4 Tratamento
Todos os tipos de ITUs sintomáticas devem ser tratadas para reduzir o risco de progressão
para pielonefrite. Já nos casos de pielonefrite, o tratamento precoce reduz a duração dos
sintomas, elimina os microrganismos do parênquima renal e, sobretudo, reduz o risco de
disseminação da infecção para o sangue.
No caso de bacteriúria assintomática, o tratamento é realizado nas seguintes condições:
• Gestantes.
• Transplantados renais recentes.
• Pré-operatório de cirurgias urológicas ou cirurgias com colocação de prótese.
O primeiro passo para o tratamento das ITUs é a identificação de pacientes com critérios
de internação hospitalar. Devemos considerar a hospitalização de pacientes com quadros
complicados, suspeita de sepse, portadores de uropatia obstrutiva ou nefrolitíase, incapazes
de tolerar hidratação oral ou comorbidades significativas. Desses pacientes, aqueles com
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Afecções do trato urinário
Ficou na dúvida entre as duas apresentações clínicas principais da ITU e seu tratamento?
Fique de olho nesse quadro comparativo que trouxemos para você!
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Afecções do trato urinário
Cistite Pielonefrite
Sinais e Sintomas
Febre Não Sim
Diagnóstico
Tratamento
Oral: fluoroquinolona por 07 dias
Injetável: cefalosporina,
Primeira linha Terapia oral empírica
fluoroquinolona ou
aminoglicosídeo por 7 a 14 dias
Cefalosporina injetável até estar
Fluoroquinolona por 03 dias afebril, passando para oral e
Segunda linha
ou cefalosporina por 07 dias completando duas semanas de
tratamento
Cefalosporina injetável até estar
Nitrofurantoína ou
Gestantes afebril, na sequência mais duas
cefalosporina por 5-7 dias
semanas de cefalosporina oral
Comparação entre cistite aguda e pielonefrite aguda
Fonte: adaptado de Cecil, 26.ª edição, 2020.
2.5 Prevenção
Alguns métodos amplamente reconhecidos reduzem o risco de recorrência das infecções do
trato urinário. Entre eles, destaca-se a recomendação para mulheres sexualmente ativas de
urinarem após as relações sexuais, a fim de eliminar as bactérias presentes na uretra distal.
Outra sugestão é a prática de dupla ou tripla micção em pacientes com ITU recorrente, com o
objetivo de reduzir o volume de urina residual. Aumentar a ingestão hídrica para 1,5 litros por
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Afecções do trato urinário
dia e evitar o uso de espermicidas são medidas benéficas para mulheres na pré-menopausa
com histórico de ITU recorrente.
A profilaxia antimicrobiana está restrita a grupos específicos de pacientes e pode ser
realizada com uma dose diária de nitrofurantoína 50 a 100 mg ou trimetoprima 150 a 200 mg,
ao deitar. Dentre esses grupos, destacam-se mulheres com ITUs de repetição (dois episódios
em 6 meses ou três em um ano), que se manifestam como cistite ou pielonefrite. Nesses
casos, a profilaxia a longo prazo ou após as relações sexuais pode ser benéfica.
Outro grupo que se beneficia da profilaxia antimicrobiana são as gestantes. Como sabemos,
o rastreamento para bacteriúria assintomática é recomendado apenas durante o pré-natal, e
ela deve ser tratada caso esteja presente. Em caso de colonização assintomática ou infecções
de repetição, as gestantes devem fazer profilaxia com cefalexina ou nitrofurantoína durante a
gestação para diminuir o risco de pielonefrite até o parto.
Não devemos utilizar profilaxia antimicrobiana em pacientes cateterizados, pois aumenta a
resistência bacteriana. Nesses casos, as recomendações são para evitar o uso de cateteres
sempre que possível e, quando indicados corretamente, devem ser usados pela menor
quantidade de tempo possível.
Também não se recomenda o uso de produtos de cranberry para profilaxia, por ausência
de benefícios nos estudos. Em mulheres na pós-menopausa, o uso de terapia de reposição
com estriol oral ou vaginal deve ser considerada a fim de restabelecer a microbiota normal e
reduzir a incidência de ITUs sintomáticas.
Um ponto polêmico e que pode aparecer em suas provas é o rastreio e profilaxia para ITU
em pacientes diabéticos. Apesar de já ter sido uma recomendação e ainda estar presente em
materiais mais antigos (podendo aparecer nas provas médicas), atualmente não é considerado
uma indicação para avaliação de bacteriúria assintomática e profilaxia antimicrobiana.
3. Nefrolitíase
A nefrolitíase é uma condição bastante comum na prática médica e também nas provas. Essa
condição refere-se à presença de cálculos no sistema urinário, afetando aproximadamente 10%
a 15% da população global. Sua ocorrência está associada a fatores genéticos e ambientais.
Para ocorrência do quadro, o primeiro passo é a supersaturação da urina. Após formado,
o cálculo pode se alojar no rim ou percorrer todo o trato urinário, podendo impactar algum
ponto ou ser expulso, causando (ou não) sintomas clínicos.
Você pode estar se perguntando: por que não são todas as pessoas que desenvolvem
cálculos? Nosso organismo consegue “inibir” esses processos até certo ponto. A diluição da
urina, o citrato e o magnésio são alguns destes inibidores.
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Afecções do trato urinário
Cálculos urinários
Fonte: não identificada.
Isso não ocorre com os cálculos compostos de ácido úrico (radiotransparentes), que
correspondem a 10-15% dos casos e se formam quando a urina está ácida. Algo que você
deve ter em mente é que a hiperuricemia não é um fator obrigatório para formação de
cálculos de ácido úrico. Apesar de o aumento sérico de ácido úrico ser um fator de risco para
a formação desses cálculos, a maioria desses pacientes não apresenta gota ou hiperuricemia.
O que ocorre é um aumento idiopático da reabsorção renal dessa substância, propiciando,
assim, a sua concentração na urina e a formação da litíase.
Outro tipo de cálculo é o de estruvita, que se diferencia dos demais por estar associado à
infecção por germes produtores de urease, sendo o principal deles o Proteus mirabilis. Essa
substância cliva a ureia em CO₂ e amônia, que é, posteriormente, hidrolisada em amônio,
tornando a urina alcalina (pH ≥ 7), com baixa solubilidade para a estruvita.
Em pacientes com infecções urinárias de repetição, esse processo ocorre tantas vezes
que a concentração aumentada de estruvita na urina propicia a formação de cálculos. Os
cálculos de estruvita são formados predominantemente no sistema coletor, podendo ocupar
praticamente toda a pelve renal, dando origem aos chamados cálculos coraliformes, que se
estendem para além de um único cálice renal, ocupando quase toda a pelve renal.
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Afecções do trato urinário
Cálculo coraliforme
Fonte: https://pt.slideshare.net/RobertojesusPerezdel1/imagenologia-del-sistema-renal-2022pptx.
Por fim, temos os cálculos de cistina, também formados em urina ácida. São decorrentes de
um erro inato no metabolismo da metionina, que acarreta homocistinúria. Apesar de cobrados
em algumas provas, representam apenas 1% do total de cálculos. Existe, ainda, um tipo de
cálculo com uma característica bastante peculiar: os inibidores da protease (indinavir e
ritonavir), que não são visíveis à tomografia sem contraste.
Como já citado, a manifestação radiográfica dos cálculos pode ser classificada em
radiotransparente (mais escuro) ou radiopaco (mais claro), conforme a sua composição.
Fica fácil compreender, então, que o raio-x é um exame eficiente quando o cálculo é
composto por material radiopaco (oxalato de cálcio), pois é melhor visualizado. Em cálculos
radiotransparentes (ácido úrico), deve-se escolher outros métodos diagnósticos, já que eles
não podem ser visualizados na radiografia.
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Afecções do trato urinário
Para você recordar, guarde as principais características dos cálculos conforme a tabela abaixo:
Redondo
Oxalato de cálcio 70-75% Tipo mais comum
Muito radiopaco
Redondo
Hiperuricemia não é um fator obrigatório
Ácido úrico 10-15%
para formação
Radiotransparente
Coraliforme
Estruvita 10% Presença de ITU complicada
Pouco radiopaco
Oval, dendrítico
Cistina 1% Erro inato no metabolismo da metionina
Pouco radiopaco
Questão 03
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Afecções do trato urinário
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Afecções do trato urinário
3.4 Tratamento
O tratamento da nefrolitíase pode ser dividido em duas etapas: uma abordagem inicial, de
fase aguda, em que medidas iniciais são tomadas e verifica-se a necessidade de intervenção
cirúrgica de urgência; e a abordagem resolutiva.
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Afecções do trato urinário
Cateter duplo J
Fonte: não identificada.
Questão 04
Responder na plataforma
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Afecções do trato urinário
Assim, em cálculos < 10 mm, preconiza-se iniciar a intervenção clínica (terapia expulsiva)
baseada em uma hidratação parcimoniosa, analgesia efetiva e uso de um antagonista
dos receptores alfa-1 adrenérgicos, como a tansulosina. Essa medicação atua relaxando
a musculatura do ureter, permitindo a expulsão do cálculo, ao longo de um período de 4
a 6 semanas. Em cálculos de até 5 mm, alguns profissionais optam por não fazer uso de
medicações expulsivas, pela chance de 70% de resolução espontânea do quadro. Nesse
período, há acompanhamento semanal ou a cada duas semanas para avaliação do quadro.
Naqueles casos em que a composição do cálculo é conhecida, soma-se o uso de agentes de
acidificação – em cálculos formados em pH alcalino (como estruvita), ou de alcalinização da
urina – nos cálculos formados em pH ácido (como ácido úrico e cistina).
Os pacientes com cálculos de oxalato de cálcio devem ser orientados a aumentar a ingestão
hídrica e diminuir o consumo de sódio e proteína animal. Nos pacientes com cálculos de ácido
úrico, mesmo aqueles sem hipercalciúria, o uso do alopurinol e do citrato de potássio (visando
alcalinizar a urina – alvo de pH urinário 6,5-7,0) é benéfico.
Nos cálculos grandes, > 10 mm (1 cm), é necessário abordar o cálculo, indireta ou
diretamente. Vamos conferir, a seguir, as opções terapêuticas mais utilizadas.
LEOC
Fonte: adaptado de Kidney Stones, e European Association of Urology (EAU), 2022 - PI_Kidney-Stones_2023.pdf (uroweb.org).
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Afecções do trato urinário
Nefrolitotomia percutânea
Fonte: adaptado de Kidney Stones, e European Association of Urology (EAU), 2022 - PI_Kidney-Stones_2023.pdf (uroweb.org).
3.4.2.3 Ureterolitotripsia
É utilizada nos cálculos ureterais que não podem ser tratados com a LEOC. A ureterolitotripsia
usa o princípio de fragmentação por via endoscópica.
Ureterolitotripsia
Fonte: adaptado de Kidney Stones, e European Association of Urology (EAU), 2022 - PI_Kidney-Stones_2023.pdf (uroweb.org).
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Afecções do trato urinário
Controle da dor
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Afecções do trato urinário
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Afecções do trato urinário
4.1.2 Tratamento
Como em qualquer neoplasia, é necessário realizar o estadiamento de acordo com o sistema
TNM para definir o tratamento. Os tumores localizados são de categorias T1a (tumor de 4 cm
limitado ao rim) e T1b (tumor de 4-7 cm limitado ao rim). Nesses casos, a nefrectomia parcial
é o tratamento de escolha, principalmente nas lesões superficiais e exofíticas ou naquelas
com ressecção R0. Nos demais pacientes, a nefrectomia total, com ressecção em bloco do
rim, gordura perirrenal, fáscia de Gerota e adrenal é mais indicada.
Atualmente, é possível adotar uma modalidade de vigilância ativa a cada 6-12 meses nos
pacientes com pequenas lesões (< 2 cm) ou naqueles que não tolerariam a cirurgia. Nas
lesões localmente avançadas, com comprometimento vascular ou linfático, ou metastáticas,
a imunoterapia e a terapia-alvo são opções. A sobrevida nos casos avançados é < 20% em
cinco anos. As principais complicações que podem aparecer na sua prova são a varicocele à
esquerda, a trombose na veia renal e a síndrome de Budd-Chiari.
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Afecções do trato urinário
Questão 05
Responder na plataforma
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Afecções do trato urinário
TC em fase de enchimento com contraste: a seta azul indica presença de tumor vesical
Fonte: Pharmaceutical Technology. https://www.pharmaceutical-technology.com/news/newsuk-mhra-
recommends-roches-new-immunotherapy-atezolizumab-for-bladder-cancer-5726804/.
4.2.2 Tratamento
O tratamento do carcinoma de bexiga é classicamente dividido de acordo com o grau de
invasão do tumor. Toda vez que o tumor atingir a camada muscular, estaremos diante de uma
lesão (no mínimo) T2, e poderemos afirmar que se trata de uma neoplasia invasiva. Agora
fica fácil entender que os tumores com estadiamento in situ (Tis), Ta ou T1, nos quais não há
invasão do músculo detrusor, são considerados neoplasias não invasivas.
33
Afecções do trato urinário
Cerca de 70% dos casos de neoplasia da bexiga são não invasivos, então, vamos gravar bem
que o tratamento nesses casos é a ressecção transuretral (RTU), na qual é possível realizar
a exérese do tumor e analisar o risco de recidiva da lesão. Logo após a cirurgia (cerca de
seis a 24 horas), o paciente com carcinoma não invasivo tratado com RTU deverá receber
quimioterapia intravesical com mitomicina C.
Nos pacientes com tumores invasivos, a abordagem terapêutica deve ser mais agressiva.
Na maioria das vezes, a cistectomia radical é indicada. Neste procedimento, são retiradas a
bexiga e a gordura perivesical, além da próstata, vesículas seminais e linfonodos pélvicos (nos
homens), útero, trompas e ovários (nas mulheres). Devido à alta taxa de extensão extravesical
no momento da cistectomia radical, está indicada a quimioterapia neoadjuvante, com melhora
da sobrevida em 5-7%. Os pacientes devem manter vigilância obrigatória com cistoscopia em
função das taxas de recorrência em 60-80% dos casos.
Risco baixo Tumor solitário, inicial, baixo grau, < 3 cm, ausência de carcinoma in situ (CIS)
Risco
Tumores não definidos nas categorias adjacentes (baixo ou alto riscos)
intermediário
Aqueles que apresentam qualquer uma das seguintes situações:
• Tumor T1
Risco alto • Alto grau
• CIS
• Múltiplos tumores de baixo grau Ta recorrentes e grandes (> 3 cm)
Fonte: não identificada.
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Referências bibliográficas
1. TOWNSEND, Courtney M. Sabiston. Textbook of surgery: The biological basis of modern surgical practice.
21. ed. St. Louis, Missouri: Elsevier, 2022.
2. GOLDMAN, Lee; et al. Cecil Medicina. 26 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2020.
3. BARBOSA, J. A. B. A., & ARAP, M. A. Acute scrotum: differential diagnosis and treatment. Revista de
Medicina. 2018.
4. Wein, Campbell Walsh. Campbell Walsh Wein Urology. 12 ed. Elsevier, 2020.
5. KASPER, Dennis L. Medicina interna de Harrison. 21 ed. McGraw Hill, 2022.
6. LOPES, H. V., & TAVARES, W. Diagnóstico das infecções do trato urinário. Revista Da Associação Médica
Brasileira, 51 (Rev. Assoc. Med. Bras.), 2005, 306–308.
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UpToDate, 2023.
8. MEYRIER, Alain. Xanthogranulomatous pyelonephritis, UpToDate, 2023.
9. MEYRIER, Alain; FEKETE, Thomas. Acute bacterial prostatitis, UpToDate, 2023.
10. MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan S.A., 2014.
11. BRUNICARDI, F. C. ANDERSEN, D. K.; BILLIAR, T. R. Schwartz’s principles of surgery. 10th ed. New York,
NY: McGraw-Hill; 2015.
Afecções do trato urinário
Questão 01
(UFPA-PA - 2023) Marcela Costa, 20 anos, em bom estado geral, comparece à consulta referindo
disúria, polaciúria e dor pélvica há 2 dias, com cessação dos sintomas no momento da consulta.
É sexualmente ativa, com parceiro fixo há 2 anos. Teve 2 episódios de cistite na vida, um há 2
anos, e outro há 5 anos. O seguimento adequado para o caso de Marcela é:
Estudante Aristo, você concordará que essa questão é um pouco esquisita. A paciente
apresentou queixas típicas da ITU baixa ou cistite, com disúria, polaciúria e dor pélvica.
Porém, nesse momento, ela não apresenta nenhuma queixa.
Sabemos que o diagnóstico de ITU pode ser presumido em mulheres na idade fértil com pelo
menos um sintoma urinário, na ausência de corrimento vaginal e de fatores de risco para
complicações da doença, sem a necessidade de solicitar exames diagnósticos. Por isso, caso
a paciente se apresentasse para nós há 2 dias, poderíamos presumir o diagnóstico de cistite e
instituir antibioticoterapia. Mas, novamente, agora ela está assintomática. Portanto, não há nada
para fazer, já que não tratamos bacteriúria assintomática em paciente não gestante, concorda?
Vamos às alternativas.
Alternativa A – Incorreta: Não vamos instituir tratamento se a paciente não apresenta sinais
e sintomas de infecção.
Alternativa B – Incorreta: A ingestão de água é sempre bem-vinda, mas não resulta em
seguimento para o quadro apresentado.
36
Afecções do trato urinário
Alternativa C – Correta: A paciente não tem queixas nesse momento, por isso, não há
indicação de tratamento. Lembremos sempre da prevenção quaternária nesses casos.
Alternativa D – Incorreta: A profilaxia para ITU de repetição não está indicada para essa paciente.
Alternativa E – Incorreta: O pedido de exame só seria indicado na vigência de sinais ou sintomas.
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Afecções do trato urinário
Questão 02
(AMS-APUCARANA-PR -2022) Mulher de 35 anos, vai a uma consulta, por causa de uma
disúria e polaciúria há 2 dias. Ela nega corrimento, febre ou outros sintomas. Ao exame físico,
verifica-se dor leve à palpação de hipogastro e o teste de Giordano é negativo. Sobre o caso
descrito, assinale a alternativa que contém o tratamento mais indicado.
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Afecções do trato urinário
Sobre as alternativas.
Alternativa A - Incorreta: Em mulheres sem complicações e diagnóstico de ITU, o tratamento
é empírico.
Alternativa B - Incorreta: A paciente tem infecção bacteriana e há indicação de uso de
antibióticos.
Alternativa C - Incorreta: Apesar de eficientes, ficam reservados a outras infecções que não
seja cistite aguda, como a pielonefrite.
Alternativa D - Correta: Exato! O tratamento da ITU não complicada pode ser realizado de forma
empírica, e a nitrofurantoína é um dos antibióticos utilizados e disponíveis no SUS para isso!
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Afecções do trato urinário
Questão 03
a) Raio-x de abdome.
c) Urografia excretora.
Mais uma pedra no caminho com essa questão! Um assunto que devemos ter na ponta
da língua, tanto na vida quanto para as provas é a litíase renal! Então, fique atento para as
próximas dicas.
Primeiro, temos que ter em mente que os cálculos renais podem ser de diferentes substâncias
- a mais comum é o oxalato de cálcio, visível no raio-x. Apesar disso, o melhor exame é
a tomografia computadorizada, por conseguir visualizar todos os principais cálculos que
podem causar problemas. Podemos pedir a ultrassonografia quando não temos acesso a
tomografia, sobretudo em gestantes, identificando a presença de cálculos e complicações
como a hidronefrose.
Mas quando pedimos exames? Quando existir um quadro de litíase renal: dor em flanco (pode
variar o local) em cólica que pode irradiar para dorso ou genitais associados à hematúria.
Devido à dor, também pode causar náuseas e vômitos. Lembra o caso do nosso paciente,
não? Com tanta dor, pensamos logo em analgésicos e AINEs - exatamente o tratamento
inicial. Além disso, devemos hidratar a paciente para facilitar a saída do cálculo.
Geralmente pedras menores de 5 mm saem sozinhas, mas os de 5 a 10 mm precisam de um
empurrão composto pelo tratamento inicial somado à tansulosina, que relaxa a musculatura,
facilitando a saída. Caso não saiam ou sejam maiores de 10 mm, podemos realizar alguns
procedimentos: a litotripsia extracorpórea com ondas de choque - LEOC (cálculos < 2 mm),
nefrolitotomia percutânea (cálculos maiores, entre 2 e 2,5 cm), ureterolitotripsia (segunda
escolha depois de LEOC), cateter duplo J ou uma nefrostomia (em caso de emergência).
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Alternativa A - Incorreta: O raio-x de abdome e pelve pode ser pedido para cálculos
radiopacos, como de oxalato de cálcio, e para verificar a colocação do duplo J. Entretanto,
como não sabemos que tipo de cálculo é o do paciente, não seria a melhor opção; uma pedra
de ácido úrico, por exemplo, não seria visualizada.
Alternativa B - Incorreta: Normalmente, o ultrassom de rins é o exame de escolha para
cálculos grandes ou que apresentam complicações como hidronefrose ou, ainda, em mulheres
em grávidas, além de ser um exame mais barato e rápido. Entretanto, não é o melhor para
uma avaliação inicial.
Alternativa C - Incorreta: Apesar de a urografia excretora ser um bom exame para avaliação
do sistema urinário, não é um exame utilizado na emergência, pois necessita de jejum. Além
disso, há outros exames melhores, logo, não será a nossa resposta.
Alternativa D - Correta: A tomografia computadorizada é o melhor exame, pois pode
visualizar quase todos os tipos de cálculos e complicações. Por isso, é o melhor exame para
se pedir nesses casos.
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Questão 04
(HEDA-PI - 2022) Antônio, 35 anos, chega ao pronto-socorro com queixa de dor lombar
esquerda de intensidade 10/10 iniciada há 9 horas, que vem apresentando piora progressiva,
e irradiou-se para região escrotal e face interna das coxas ipsilaterais. Apresentou dois
episódios de vômitos e hematúria macroscópica. Nega febre. А dor permanece apesar do uso
de analgesia opioide. Ao exame, apresenta temperatura 36,4 °C, P.A. 130 x 75 mmHg, pulso
90 bpm, FR 14 irpm, abdômen plano, flácido, indolor e Giordano negativo. Realizou exames
laboratoriais: hemograma normal, creatinina 0,8 mg/dL, PCR 31 mg/L, sumário de urina com
incontáveis hemácias. Realizou tomografia computadorizada de abdômen que mostrou cálculo
ureteral à esquerda medindo 0,4 cm, causando moderada uretero hidronefrose amontante.
Diante deste quadro, qual a melhor conduta:
A nefrolitíase, conhecida como litíase renal, é um problema comum. Alguns pacientes podem
manifestar os sintomas clássicos de cólica renal e hematúria, enquanto outros podem ser
assintomáticos ou apresentar sintomas atípicos, tais como dor abdominal vaga, dor aguda no
flanco ou abdominal, náuseas, urgência ou frequência urinária, dificuldade para urinar, além
de dor peniana ou testicular.
O diagnóstico de nefrolitíase deve ser cogitado em qualquer paciente que apresente cólica
renal ou dor no flanco, com ou sem hematúria - particularmente se o paciente apresentar
história prévia de litíase. Esses pacientes devem ser submetidos a exames laboratoriais e de
imagem dos rins, ureteres e bexiga para confirmar a presença de um cálculo e avaliar sinais
de obstrução urinária.
A TC de abdome e pelve sem contraste é o exame preferido para a maioria dos adultos com
suspeita de nefrolitíase. Se a tecnologia de TC não estiver disponível, a ultrassonografia dos
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Questão 05
a) Câncer de próstata.
b) Litíase urinária.
d) Câncer de bexiga.
e) Infecção urinária.
A hematúria pode ser um sintoma de uma doença subjacente - algumas são fatais e outras
são tratáveis. As causas variam com a idade, sendo as mais comuns: inflamação ou infecção
da bexiga, cálculos e, em pacientes mais velhos, malignidade do rim ou do trato urinário, ou
hiperplasia benigna da próstata (HBP).
• Hematúria, microscópica ou macroscópica, indolor e intermitente é o sintoma e o sinal
mais comum em câncer de bexiga, ocorrendo na grande maioria dos pacientes.
• Cerca de 10% dos indivíduos com hematúria microscópica e 25% daqueles com hematúria
macroscópica apresentam neoplasia geniturinária - o câncer de bexiga é o mais comum.
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