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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

Instituto de Ciências Biológicas

Departamento de Nutrição

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO (POP) PARA ATENDIMENTO NA PEDIATRIA


DURANTE O PERÍODO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR

Discente: Lizandra de Oliveira Pinheiro

Juiz de Fora

2021
PROCEDIMENTO
OPERACIONAL PADRÃO

Número do POP:____ Elaborado em: 14/07/2021


PROCEDIMENTO PARA ATENDIMENTO
NA PEDIATRIA DURANTE INTERNAÇÃO
HOSPITALAR
Revisado em: __/__/____

Responsável pelo POP: Nº da revisão:____


Nutricionista

1. OBJETIVO
Garantir o bom estado nutricional de crianças e adolescentes durante o período de internação hospitalar.

2. UNIDADES ENVOLVIDAS
Unidade de Pediatria; Serviço de Alimentação e Nutrição.

3. ORIENTAÇÕES GERAIS
1. Atualizar o mapa de dietas de acordo com o censo diário dos pacientes internados;
2. Conferir a lista de pacientes em jejum para exames e/ou centro cirúrgico;
3. Verificar no prontuário, o diagnóstico médico, bem como comorbidades de cada paciente e a dieta
prescrita;
4. Repassar as alterações do mapa de dietas para a copeira do plantão;
5. Calcular as necessidades nutricionais do paciente conforme as recomendações para cada
patologia;
6. Checar os resultados de exames laboratoriais relacionados à avaliação do estado nutricional;
7. Atualizar o Mapa de Dietas no Sistema de Administração Hospitalar, conforme as mudanças
diárias.

4. TRIAGEM NUTRICIONAL
4.1 Risco Nutricional
 Ingestão alimentar insuficiente por ≥ 5 dias;
 Perda ponderal recente;
 Necessidades nutricionais aumentadas;
 Jejum prolongado;
 Condição clínica atual + utilização de medicamentos que compromentam a nutrição adequada.

4.2 Instrumento para triagem


Utilizar o formulário de triagem nutricional de pacientes crianças e adolescentes, de
denominado Screening
Tool for Risk of Impaired Nutritional
onal Status and Growth (STRONG kkids) (Anexo I)).

4.3 Avaliação quanto ao risco nutricional


 Baixo
aixo risco: Avaliar em 1 semana
semana;
 Risco moderado: Verificar peso 2 vezes por semana e risco nutricional semanalmente
semanalmente;
 Alto risco: Avaliação nutricional imediata e acompanhamento nutricional diário.

Observação: Independente do resultado da triagem nutricional, todos os pacientes devem ser assistidos
pela equipe de nutrição.

5. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
5.1 Avaliação Antropométrica
5.1.1 Recém-nascidos
nascidos (RN) e Lactentes

Quadro 1: Classificação do RN conforme o peso.

Quadro 2: Classificação do RN conforme peso e idade gestacional.

5.1.2 Recém-nascidos
nascidos (RN) a um ano
Para crianças recém nascidas e crianças de até um ano utilizar peso (P), estatura (E), perímetro cefálico
(PC) e perímetro torácico (PT).

Quadro 3: Valores adequados de PC e PT para crianças de até um ano de vida.


Quadro 4: Valores adequados de relação PT/PC para crianças de até um ano de vida.

5.1.3 Crianças de 1 a 2 anos


Para crianças de um a dois anos, utilizar o peso (P), a estatura (E) e a Circunferência
ircunferência do Braço (CB).
Adicionalmente utilizar os índices antropométricos: peso para idade (P/I); estatura para idade (E/I); e peso
para estatura (P/E) (Accioly; Padilha, 2007).

Quadro 5: Percentis da CB (cm) segundo idade e gênero para crianças menores de dois anos.

5.1.4 Pré-Escolares
Pré-escolares
escolares são crianças de dois a cinco anos de idade. Nesta faixa etária devem
devem-se utilizar as
medidas de peso (P) e estatura (E) em sua avaliação nutricional (SBP, 2009). Adicionalmente utilizar os
índices antropométricos peso/idade (P/I); estat
estatura/idade
ura/idade (E/I); e peso para estatura (P/E) (Accioly;
Padilha, 2007).
Se o paciente encontra-se
se impossibilitado de se locomover, deve
deve-se
se realizar a estimativa da estatura de
pré-escolares
escolares a adolescentes pela altura do joelho (AJ) medida a 90º e em centímetros (cm), levando-se
em consideração sua idade (I) em anos (Accioly; Padilha, 2007).
 Estimativa da altura de crianças: a fórmula para estimativa da altura de crianças por meio da
altura do joelho (AJ) (Stevenson, 1995).
ALTURA (cm): (2,69 x AJ) + 24,2

Em situações de risco, realizar medidas complementares para o diagnóstico nutricional, que


compreendem circunferência do braço (CB) por prega cutânea tricipital (PCT) e circunferência muscular
do braço (CMB = CB – (3,14 x PCT). Adicionalmente utilizar os índices antropométricos peso para idade
(P/I); estatura para idade (E/I) e peso para estatura (P/E).

Quadro 6: Percentis da CB (cm) segundo idade e gênero para crianças de dois a menores de seis anos.
Quadro 7: Percentis da PCT (cm) de lactentes e pré
pré-escolares
escolares do sexo masculino.

Quadro 8: Percentis da PCT (cm) de


e lactentes e pré
pré-escolares
escolares do sexo feminino.

Quadro 9: Percentis das CMB (cm) para crianças de um a menores de seis anos, segundo idade e
gênero.

5.1.5 Escolares
A classificação escolar compreende as crianças entre seis (06) e dez (10) anos de idade
idade. Nesta faixa
etária devem-se utilizar ass medidas de peso (P), estatura (E), circunferência do braço (CB), prega
cutânea triciptal (PCT) e circunferência muscular do braço (CMB) em sua avaliação nutricional (SBP,
2009). Adicionalmente utilizar os índices antropométricos peso para idade (P/I) por estatura para idade
(E/I) por peso para estatura (P/E); e índice de massa corporal para idade (IMC/I).
Quadro 10: Valores de referência para a avaliação do estado nutricional de crianças menores de 10 anos
de idade, de acordo com o escore
re Z, considerando
considerando-se os índices E/I e P/I.

Quadro 11: Valores de referência para avaliação do estado nutricional segundo IMC para idade de
crianças de 5 a 10 anos.

Observação: Na impossibilidade de verificar o peso e a altura, utiliza


utiliza-se
se a CB por se tratar de um
Indicador de Desnutrição Energético
nergético-Proteica
Proteica (DEP). A CB reflete a composição corpórea total, sem
distinguir tecido adiposo de massa magra.

5.1.6 Adolescentes
A adolescência corresponde cronologicamente ao período que vai dos 10 aos 19 anos completos (OMS,
1985). Nesta faixa etária devem-se
se utilizar as medidas de peso (P), estatura (E), circunferência do braço
(CB), dobra cutânea tricipital (DCT) e circunferência muscular do braço (CMB) em sua avaliação
nutricional (SBP, 2009). Adicionalmente, utilizar os índices antropométricos de estatura para idade (E/I) e
índice
e de massa corporal para idade (IMC/I).

Quadro 12: Valores


res de referência para a avaliação do estado nutricional de adolescentes de acordo com
o escore Z, considerando-se
se os índices E/I e IMC/I.
Observação: Todas as classificações de pré
pré-escolares,
escolares, escolares e adolescentes podem ser feitas por
meio do software WHO Anthro Plus.

5.2 Investigação Dietética


 Anamnese nutricional específica por faixa etária;
 Recordatório habitual (1ª avaliação do consumo alimentar);
 Recordatório de 24h (acompa
(acompanhamento diário).

5.2.1 Recém-nascido
nascido (RN) e Lactentes
Se em aleitamento
leitamento materno exclusivo, é importante questionar:
 Quantidade ao dia e tempo das mamadas;
 Se há o esvaziamento completo e revezamento das mamas;
 Quantidade de fraldas utilizadas ao dia;
 Características das evacuações e da diurese (quantidade e coloração).

Se fizer uso de fórmula


mula infantil perguntar sobre:
 Diluição utilizada e volume ofertado;
 Quantidade total ofertada no dia;
 Oferta hídrica;
 Associação com leite materno ou alimentação complementar;
 Modo de armazenamento da lata e condições higiênico
higiênico-sanitárias
sanitárias na manipulação;
 Possível adição de outros preparados (Ex: açúcar, farináceos, frutas, suplementos)
suplementos).

5.2.2 Pré-escolar,
escolar, escolar e adolescentes
Pimeira avaliação
 Anamnese nutricional
 Recordatório habitual: abrangendo a alimentação habitual, o tipo e o horário das refeições di
diárias
e avaliar alterações no padrão alimentar nos dias anteriores à internação e o motivo dessa
modificação. Questionar sobre alergias e/ou intolerâncias, preferências e aversões alimentares.
Contar sempre com a colaboração da mãe ou responsável para resp
responder
onder os questionamentos.

Tópicos importantes:
 Perguntar horário que acorda e dorme;
 Anotar horário das refeições, alimentos ingeridos, consistência d
daa dieta, modo de preparo e a
quantidade consumida;
 Ingestão de água;
 Consumo de líquidos nas refeições, adição de sal e açúcar nas preparações;
 Utensílios utilizados (Ex: faz uso de mamadeira ou copo);
 Hábito de beliscar e consumo de guloseimas (SB
(SBP, 2009).

5.2.3 Acompanhamento Intra-hospitalar


hospitalar
No Recordatório de 24h é importante observar a aceitação da dieta prescrita e necessidade de alteração
na conduta. Caso o paciente e o acompanhante apresentem dificuldade para lembrar, solicitar o
preenchimento de Registro Alimentar (SBP, 2009).

5.3 Exames Bioquímicos


Os exames bioquímicos são de extrema necessidade para o diagnóstico, acompanhamento e conduta a
ser tomada para o paciente. Dessa forma, é necessário verificar os valores de albumina, transferrina,
hemoglobina, hematócrito, VCM e ferritina para a indicação da conduta nutricional. (DUARTE, 2007).

5.4 Exame Físico


Quadro 13: Parâmetros nutricionais do exame físico de escolares e adolescentes.

6. NECESSIDADES NUTRICIONAIS
6.1 Crianças e Adolescentes
6.1.1 Energia
Quadro 14: Estimativa de necessidade
dade calórica em pacientes pediátricos (cálculo direto).

6.1.2 Macronutrientes
Quadro 15: Faixa de distribuição aceitável de macronutrientes em pediatria.

6.1.3 Proteínas
Quadro 16: Estimativa de necessidade proteica em pediatria.

6.1.4 Carboidratos
 40-50%
50% do valor energético total (VET) da dieta.
 Neonatos em Nutrição Parenteral Total (NPT): iniciar com aproximadamente 6
6-8 mg/kg/minuto de
glicose, com tolerância máxima de até 10
10-14 mg/kg/minuto
/kg/minuto para minimizar a hiperglicemia.

Quadro 17: Faixa de distribuição aceitáve


aceitável de carboidratos em pediatria.

6.1.5 Lipídeos
 De 2 a 6 anos: evoluir gradativamente para uma dieta com até 30% de lipídios do VET, sendo
ofertado no máximo 10% de gordura saturada.
 Ácidos graxos ômega-6
6 (linoléico) = 5 – 10% do VET da dieta.
 Ácidos graxos ômega-3
3 (linolênico) = 0,6 – 1,2% do VET da
a dieta, sendo que até 10% desse valor
pode ser consumido como ácido eicosapentaenóico (EPA) ou ácido docosahexaenóico (DHA).

Quadro 18: Recomendações nutricionais de lipídeos em pediatria.

6.2 Necessidades para


ra crianças em estado grave em T
Terapia
erapia Nutricional Enteral ou Parenteral
6.2.1 Energia
6.2.1.1 Recém-nascidos (RN)
As recomendações das necessidades nutricionais variam de acordo com os dias de vida, conform
conforme o
quadro 19.. Em casos de nutrição parenteral, recomenda
recomenda-se
se que a porcentagem de glicose seja maior em
relação aos lipídios e que tenha pelo menos 1 g de aminoácido para cada 25 calorias não proteicas.

Quadro 19: Recomendações das necessidades calóricas por via parenteral para RNPT.

6.2.1.2 Lactentes, pré-escolares,


escolares, escolares e adolescentes
Quadro 20: Fórmulas para o cálculo do gast
gasto energético basal (GEB)

Quadro 21: Fatores de correção do GEB para situações de estresse.

6.2.1.3 Pacientes graves em unidade de terapia intensiva (UTI)


 Se estiverem sob ventilação mecânica, sugere
sugere-se
se fórmula de GEB específica abaixo, exceto para
crianças
ças menores de 2 anos de idade e com queimaduras.
 Crianças desnutridas em recuperação, que necessitam de adicional energético devido ao déficit
em crescimento: utilizar o peso no percentil 50 para P/E no cálculo das equações.
 Utilizar a fórmula a seguirr para realizar o cálculo: GEB = [(17 x idade meses) + (48 x peso Kg) +
(292 x temperatura ºC) – 9677] x 0,239.

7. TERAPIA NUTRICIONAL
É semelhante aquele utilizado em pacientes adultos. Pode ser administrada de forma intermitente ou
contínua, com ou sem pausa
usa noturna. A forma de administração vai depender da tolerância do paciente,
do ambiente de administração (domicílio versus hospitalar) e da doença de base.

7.1 Menores de 1 ano


É necessário cuidado especial nos recém
recém-nascidos
nascidos com muito baixo peso quando administrada a nutrição
enteral de modo intermitente, pois já foi identificada instabilidade respiratória no momento de infusão.
Esse achado
hado está mais associado à velocidade de administração da alimentação do que ao modo de
administração.
Para crianças menores de 1 ano são utilizadas as fórmulas infantis sendo: partida (até 6 meses),
seguimento (6-12meses)
12meses) e primeira infância (12
(12-24 meses).
As fórmulas hidrolisadas ou hipoalergênicas são indicadas para crianças com história de alergia
(alimentar, dermatite atópica, asma ou rinite) na família (prevenção do desenvolvimento de doenças
alérgicas). As fórmulas extensamente hidrolisadas ou semi
semi-elementares
lementares são indicadas para em casos de
APLV e soja, condições de má absorção (doença gastrintestinal, hepatobiliar, fibrose cística, SIC,
colestase).
Anamnese alimentar, visita diária, aceitação alimentar, alterações, alterações gastr
gastrointestinais e urinários,
verificar plano dietético sempre que necessário, peso diário, avaliação nutricional do peso e estatura
(curvas de crescimento), necessidades nutricionais e proteicas.

7.1.1 Necessidades Energéticas

7.2 De 1 ano até 10 anos


Nessa faixa etária utilizam-se
se as dietas enterais pediátricas, sendo elas: dietas poliméricas padrão,
poliméricas com fibras, hipercalóricas,
as, extensamente hidrolisadas e elementares.

7.3 Maiores de 10 anos


Nessa faixa etária utilizam-se
se as dietas enterais padrão.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO NUTRICIONAL DO PACIENTE HOSPITALIZADO: Materno Infantil.


EBSERH/ HC – UFG Hospital das Clínicas. Volume 1 – Paciente Gestante, Nutriz, Criança e
Adolescente. Disponível em: <
http://www2.ebserh.gov.br/documents/222842/1252791/Gestante_Protocolo_Infantil.pdf/d3856e9e-59a4-
4a65-bcfb-617ae76b4462> Acesso em: 14 de julho de 2020

Procedimento Operacional Padrão POP/UNIDADE DE NUTRIÇÃO CLÍNICA/08/2019 Avaliação e


Intervenção Nutricional na Criança e Adolescente Versão 2.0. EBSERH – Hospitais Universitários
Federais. Disponível em: < http://www.hu.ufsc.br/pops/pop-externo/download?id=375> Acesso em: dia 14
de julho de 2021.

Accioly E; Padilha PC. Semiologia nutricional em pediatria. In: Duarte ACG. Avaliação Nutricional:
aspectos clínicos e laboratoriais. Cap. 13, p. 113 – 136. 607 p. 2007.

SBNPE; ASBRAN – Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Associação Brasileira de


Nutrologia. Recomendações nutricionais para crianças em terapia nutricional enteral e parenteral. São
Paulo: AMB; CFM (Projeto Diretrizes), 2011. 15p.

Vitolo MR. Práticas alimentares na infância. In: Vitolo MR. Nutrição da gestação ao envelhecimento. Cap.
23, p.215 – 242. 628 p. 2008.

Elaboração: Estagiária Lizandra de Oliveira Data: 14/07/2021


Pinheiro

Revisão e Validação: Data:__/__/____

Aprovação: Data:__/__/____
ANEXO I

STRONG KIDS (Screening Tool for Risk of Impaired Nutritional Status and Growth) TRIAGEM DE RISCO
NUTRICIONAL (em 24h) – crianças > 1 mês.

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