Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O que é a adenomiose?....................................................................................................
A origem da doença..........................................................................................................
Quadro clínico...................................................................................................................
Exames.................................................................................................................................
Adenomiose e infertilidade.............................................................................................
Adenomiose e gestação....................................................................................................
Tratamentos.......................................................................................................................
Conclusão...........................................................................................................................
Referências bibliográficas................................................................................................
DR. ARNALDO SCHIZZI CAMBIAGHI CRM- 33.692
Medicina Reprodutiva – Ginecologista – Obstetra –
Videolaparoscopia / Videohisteroscopia
O sinal clínico mais evidente é o de um útero aumentado que pode ser identifi-
cado no exame de toque realizado na consulta de rotina pelo ginecologista.
Nos exames de imagem (ressonância magnética e ultrassonografia) identifica-se
um espessamento focal ou difuso da zona juncional (ZJ).
A adenomiose pode variar desde um simples espessamento da ZJ a alterações
nodulares ou difusas envolvendo toda a parede uterina. A apresentação mais co-
mum é a adenomiose difusa, que atinge toda a espessura do miométrio por focos
adenomióticos. A adenomiose focal, também denominada adenomioma, são lesões
semelhantes a miomas. A parede posterior do útero é geralmente mais atingida em
extensão do que as outras paredes uterinas.
Tabela 2
Figura 2 –
Desenhos originais cedidos pela Clínica Chamié Imagem da Mulher – Dra. Luciana Chamié
Tabela 3
EXAMES
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
A ressonância magnética pélvica (RM) é considerada “padrão ouro” no diagnósti-
co. Apresenta especificidade e sensibilidade superiores à ecografia transvaginal, tanto
Tabela 4
na adenomiose focal como na difusa. Considera-se que na adenomiose exista um
espessamento da zona juncional, porém não há consenso quanto ao valor a partir do
qual se deve suspeitar do diagnóstico. É necessário ter atenção ao fato de que vários
fatores podem fazer variar a espessura da zona juncional. Foi proposto como diagnós-
tico suspeito uma espessura superior a 12 mm e pouco provável quando esta espessu-
ra for abaixo de 8 mm, tendo uma área cinzenta entre os dois. A sensibilidade desta
técnica varia muito, entre os 46-89% e a especificidade entre os 65-98%.
ULTRASSONOGRAFIA TRANSVAGINAL
Na adenomiose os achados ecográficos podem ser divididos em sinais diretos e
indiretos do processo fisiopatológico, que estão enumerados no Quadro 4. Os cistos
subendometriais parecem ser o sinal ecográfico mais específico para o diagnóstico. Os
sinais indiretos de adenomiose resultam da hipertrofia do miométrio. Pelo menos 3
dos achados do Quadro 4 tornam o diagnóstico de adenomiose altamente sugestivo.
Atualmente o IPGO recomenda o exame de ultrassom com preparo intestinal
para que se avalie também a endometriose que, frequentemente, está associada à
adenomiose. Neste exame, a adenomiose é considerada grave quando compromete
mais do que 50% do miométrio.
OUTROS EXAMES
Tomografia computadorizada
O diagnóstico de adenomiose é sugerido perante um útero aumentado, um espes-
samento do miométrio interno e cistos miometriais. Contudo, não permite uma cor-
reta distinção entre adenomiose, miométrio normal e miomas uterinos, tendo pouca
utilidade quando usados isoladamente.
Histeroscopia
É uma ferramenta de diagnóstico e tratamento, sendo frequente na investigação
de casais inférteis e hemorragia uterina anormal. É um exame que permite a visua-
lização direta da cavidade uterina bem como a possibilidade de executar recolha de
material para biópsias endometriais. Como apenas as formas severas são visíveis, não
tem indicação primária para o diagnóstico de adenomiose, sendo solicitada quando
há necessidade de realizar coleta de material para biópsia. Não existem sinais caracte-
rísticos de adenomiose na histeroscopia, porém a presença de um endométrio irregu-
lar, com defeitos endometriais (aberturas superficiais), hipervascularização/ padrão
vascular alterado e cistos hemorrágicos, são sugestivos da doença (Figura 2).
Figura 3 – Sinais de Adenomiose na Histeroscopia
Histerossonografia
Permite a diferenciação entre a adenomiose focal ou superficial e os falsos espes-
samentos do endométrio visualizados na ecografia. Pela baixa sensibilidade e espe-
cificidade, não é um exame utilizado no diagnóstico de adenomiose. Os achados na
adenomiose são espículas com 1 a 4 mm de comprimento do endométrio ao mio-
métrio, e um corno uterino rígido ou dilatado com a imagem de “tuba tracionada
para cima”. Permite ainda a distinção entre adenomiose superficial e profunda. Na
adenomiose superficial, existe continuidade entre os espaços císticos subendome-
triais e a cavidade endometrial inexistente na profunda. A confirmação do diagnós-
tico por RNM é de 96% quando na histerossonografia há suspeita de adenomiose.
Exames laboratoriais
Em termos laboratoriais, ainda não existe nenhum marcador que permita o
diagnóstico. Existem algumas publicações sobre o uso do CA-125 na investigação,
revelando níveis aumentados em pacientes com adenomiose. Este marcador é li-
mitado, apresentando uma baixa especificidade, uma vez que também se encontra
aumentado em outras patologias.
A adenomiose surge muitas vezes associada a outras doenças pélvicas hormô-
nio-dependentes, coexistindo com outra patologia pélvica em aproximadamente
80% dos casos. As patologias que mais frequentemente entram no diagnóstico di-
ferencial são a endometriose e os miomas uterinos, apresentando um quadro clínico
semelhante. São também as patologias pélvicas que mais se associam à adenomiose.
Miomas afetam 35-55% das pacientes com adenomiose, enquanto a endometriose
surge associada em até 70% dos casos.
ADENOMIOSE E INFERTILIDADE
IMPORTANTE
A infertilidade é frequentemente observada em pacientes com adenomiose.
Evidências clínicas sugerem uma correlação positiva entre adenomiose e infertilidade.
Com base em relatórios publicados, a adenomiose afeta o transporte do óvulo pelas
tubas até o útero além da receptividade do endométrio, o que causaria a infertilidade.
ADENOMIOSE E GESTAÇÃO
OUTROS
• Anti-inflamatórios
• Antioxidantes
• Carbegolina
• Inibidores da angiogenese (Avastin®)
• Fulvestrant® (Inibidor do estrogênio)
COMPLEMENTARES
• Puerarina
• Quercetina
• Curcumina
• Ácido Valproico
• Antiplaquetários
• Andrographolide
CIRÚRGICO
• Radical (Histerectomia)
• Conservador (Remoção dos cistos de adenomiose)
• Embolização da artéria uterina
• Cirurgia por ultrassom guiada pela Ressonância Magnética (Magnetic
Resonance – Guided Focused Ultrasound Surgery)
OS MAIS IMPORTANTES
DIU de levonorgestrel (Mirena®)
É um endoceptivo, ou seja, um sistema intrauterino (SIU) com liberação de
levonorgestrel, cuja taxa inicial de liberação é de 20 mcg/ 24 horas. O tratamen-
to com DIU de levonorgestrel (Mirena®) tem mostrado eficácia e boa tolerância,
principalmente em doentes que desejam engravidar após o tratamento. Dois a três
meses após a sua inserção espera-se uma melhoria sintomática, entretanto reco-
mendamos que se complete seis meses. Além da ação sobre o endométrio, pensa-se
ainda que atue diretamente sobre os focos adenomióticos, diminuindo os recepto-
res de estrogênios, com diminuição do seu tamanho e do volume uterino. Há uma
melhora da contratilidade uterina, diminuição da perda sanguínea e ainda redução
da cólica, podendo ainda induzir amenorreia. Mirena® reduz sangramento uterino
anormal secundário à disfunção do endométrio.
Danazol
Induz também a uma atrofia endometrial, em consequência da sua ação direta
sobre os receptores endometriais de progesterona e androgênios. Em virtude da
conexão direta do tecido adenomiótico no miométrio com a superfície do endo-
métrio, a administração de Danazol na vagina, próximo à cavidade uterina, permi-
te que seja transportado até às lesões de adenomiose, evitando-se, assim, os efei-
tos colaterais da administração oral, com resultados satisfatórios na dismenorreia
e fertilidade após o término do tratamento. O Danazol não é adequado para uso
prolongado, por causa de seus efeitos colaterais androgênicos, incluindo seborreia,
hipertricose, aumento do peso corporal e risco de síndrome metabólica.
Moduladores Seletivos da Progesterona
(SPRMs – selective progesterone receptor modulator)
São substâncias sintéticas derivadas dos esteroides que têm a capacidade de ocu-
par os receptores da progesterona e passam a ter ação como antagonistas, agonis-
tas-antagonistas ou agonistas desse hormônio, dependendo do tecido-alvo. Essas
variedades de ações favorecem a utilização dessas substâncias para o tratamento da
miomatose uterina e endometriose, entre outras, tendo também importante aplica-
ção na anticoncepção e na reprodução assistida. O mecanismo de ação dos SPRM
não está completamente elucidado, uma vez que intercalam efeitos sinérgicos e an-
tagônicos aos da progesterona. Entretanto, sabe-se que têm efeito antiproliferativo,
antiangiogênico, aumentam os índices de apoptose (morte celular) e promovem
uma diminuição do aporte sanguíneo das artérias uterinas e dos vasos espiralados
do endométrio. Estão entre eles: Vilaprisan Isoforms, Ulipristal (“Ella”). Asoprisnil,
Telapristone, Proellex, Progenta, Lonaprisan e Chloroindazole (CLI) e Sulfonato
de Oxabicycloheptene – NAO DISPONÍVEIS NO BRASIL.
Pílula anticoncepcional
O uso de anticoncepcionais orais combinados (ACO) diminui a menstruação
retrógrada e os sintomas relacionados a ela, induzindo um estado de pseudogesta-
ção, o que provoca atrofia do endométrio. O uso contínuo é sugerido, com o obje-
tivo de abolir fluxo menstrual. A terapia com ACO permite o controle satisfatório
da dor a longo prazo em dois terços das mulheres com Adenomiose sintomática.
Inibidores da aromatase
O Letrozole, Anastrazole e o Exemestane (esse último não está disponível no
Brasil) são inibidores da aromatase (enzima responsável pela produção de estra-
diol), baixando os níveis de estrogênio e, assim, têm se mostrado efetivos no trata-
mento da adenomiose, minimizando o quadro doloroso e melhorando o quadro
por até seis meses após o término do tratamento.
Quadro 5
OUTROS TRATAMENTOS
Anti-inflamatórios
Os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) podem ser utilizados principal-
mente para controle sintomático. A melatonina tem sido citada como um analgési-
co importante, antioxidante e agente anti-inflamatório. Estudos demonstram que
a melatonina em 10 mg / dia, reduz a dor pélvica crônica.
Carbegolina (Dostinex®)
Alguns cientistas identificaram que na Zona Juncional em mulheres com
Adenomiose podem crescer vasos sanguíneos em maior quantidade que em mulhe-
res sem a doença. Isto é chamado de angiogênese. A angiogênese é complexa, mas
um elemento que dirige o crescimento de novos vasos sanguíneos é um hormônio
chamado VEGF. Portanto, um possível tratamento para melhorar a fertilidade em
Adenomiose poderia ser a redução da ação de VEGF no útero. Um medicamento
que faz isso é chamado de Cabergolina, mais comumente usado para tratar mulhe-
res com níveis elevados de prolactina. Outro medicamento que pode bloquear a
ação do VEGF é chamado Pentoxifilina que é comumente usado para melhorar o
fluxo sanguíneo em pacientes com problemas de circulação. Pentoxifilina foi estu-
dada como um tratamento para a endometriose, mas até agora não conseguiu ser
comprovado seu benefício.
Inibidores de Angiogênese
O termo angiogênese se refere à formação de novos vasos sanguíneos. Muitas
doenças atraem novos vasos para o seu interior, o que lhes permite crescer e se espa-
lhar. Os inibidores da angiogênese possuem o potencial de diminuir e/ou prevenir
a formação de novos vasos tumorais. Um exemplo de inibidor da angiogênese é a
medicação chamada Bevacizumab (Avastin®). Outros medicamentos dessa classe
utilizados no Brasil são o pegaptanibe e ranibizumabe.
TRATAMENTOS COMPLEMENTARES
Acido Valproico
O Ácido Valproico é um anticonvulsivante (benzodiazepínico) que bloqueia a
condução neural e diminui a condutância dos canais de sódio dependentes, como
efeito secundário é utilizado para tratamento de neuralgias e parece ter efeito na
diminuição da dor da adenomiose. O tratamento com o Ácido Valproico melhora
a dismenorreia e reduz o tamanho do útero em até 26% após 6 meses de tratamen-
to. Além disso, a quantidade de menstruação diminuiu significativamente.
Curcumina
A Curcumina é um corante alimentar encontrado no açafrão. Na dieta, apre-
senta baixa absorção e má disponibilidade. É um agente anti-inflamatório podero-
so e impede a proliferação de células tumorais.
Quercetina
A Quercetina está em grandes quantidades na maçã, cebola, chá, brócolis e vi-
nho tinto. Tem propriedade anti-inflamatória e anticancerígena, além de parecer
diminuir a expressão de receptores de estradiol e com isso impedir a proliferação da
endometriose e adenomiose.
Puerarina
A Puerarina é uma Isoflavona com propriedades antioxidantes, anti-inflamató-
rias e parece suprimir a proliferação de células estromais da endometriose e adeno-
miose. Puerarina foi capaz de suprimir eficazmente o crescimento e desenvolvimen-
to do endométrio ectópico em ratos com endometriose, mesmo em baixas doses,
sugerindo que pode ser um tratamento eficaz para a adenomiose e endometriose.
Epigalocatequina 3-galato
É um polifenol abundante no chá branco e no chá preto. É um antioxidante que inibe
fatores de crescimento e tem propriedades anti-inflamatórias. Tem demonstrado ainda
melhora da dor na endometriose e supressão da infiltração miometrial na adenomiose.
Cirurgia citorredutora
Recentemente, Huang et al. (2012), num pequeno estudo, avaliaram o papel
da terapia combinada de cirurgia citorredutora e agonistas do GnRH em mulheres
com Adenomiose e infertilidade. Possivelmente, a remoção do tecido adenomió-
tico e o aumento da função imune do hospedeiro em resposta à agressão cirúrgica
aumenta a resposta do tecido remanescente ao tratamento clínico. Obtiveram uma
melhora sintomática na maioria dos casos, com resultados menos animadores na
fertilidade. O uso de agonistas da GnRH previamente à cirurgia não é recomenda-
do, uma vez que dificulta a distinção dos focos de Adenomiose durante a cirurgia,
dificultando a sua remoção, além de aumentar o risco de perfuração uterina. As
doentes inférteis para as quais a cirurgia conservadora é uma opção são aquelas em
que idealmente as trompas estão funcionantes, permitindo a concepção natural,
a cavidade uterina está intacta para permitir a implantação do embrião e, por fim,
possibilidade de reconstruir adequadamente, e com segurança, a parede uterina.
É necessário ter atenção ao fato de que a cirurgia conservadora dificilmente
eliminará toda a doença e não está livre de riscos, principalmente a longo prazo,
com aderências pélvicas e intrauterinas, deformidades uterinas e capacidade ute-
rina reduzida. As cicatrizes uterinas podem ainda condicionar uma nova invasão
endometrial com recorrência da doença, ou uma diminuição da força tensional
uterina. Caso estas doentes consigam engravidar, é esperado um maior risco de ro-
tura uterina.
Vídeo 2
Cirurgia de Adenomiose realizada pela técnica de Osada.
Electrocoagulação miometrial
(Magnetic Resonance – Guided Focused Ultrasound Surgery)
A eletrocoagulação miometrial laparoscópica é outra opção terapêutica que per-
mite conservar a fertilidade, no entanto não existem estudos que suportem a sua uti-
lização. É menos precisa que a exérese focal, podendo a destruição do tecido ser in-
completa. Também a sua segurança numa futura gravidez é questionável, uma vez que
as cicatrizes uterinas podem aumentar o risco de rotura uterina durante a gestação.
Radiofrequência
O uso da tecnologia de Radiofrequência no tratamento da Adenomiose é uma
técnica minimamente invasiva com o objetivo de causar a necrose coagulativa, cau-
sando uma diminuição significativa de seu volume e melhora dos sintomas.
Atualmente é uma alternativa à cirurgia sendo indicada em casos selecionados,
com intuito de preservação do útero. O procedimento é rápido, indolor e o pacien-
te retorna as atividades normais em poucos dias.
ETAPA 1:
Estimulação dos ovários, fertilização e vitrificação dos oócitos ou embriões
ETAPA 2:
Tratamento da adenomiose
ETAPA 3:
Transferência dos embriões