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Não-cirúrgico 1
Capítulo 2 Procedimentos
Ressectivos 21
Capítulo 3 Gengivectomia e
Gengivoplastia 33
Capítulo 4 Retalho
Muco eriosteal 57
Capítulo 6 Cirurgia
Muco en ival 149
Capítulo 7 Procedimentos
Regenerativos 239
Capítulo
9 Cirurgia Periodontal
Estética 341
Capítulo 10 Manutenção
Periodontal 407
,,
lndice 419
Capítulo 1 Tratamento Cirúrgico e
Não-cirúrgico
INTRODUÇÃO
Há muito se discute as formas de tratamento das doenças pe-
riodontais. A discussão é alicerçada na necessidade ou não de se
realizar cirurgias periodontais. A "cura" ou o controle de toda e
qualquer doença se baseia no conhecimento de sua etiologia: eli-
minada completamente a causa, obtém-se o desaparecimento da
doença. Algumas doenças são conseqüência de um único fator
etiológico, outras têm vários fatores associados, quase sempre de
origem exógena. Fato concreto é também que fatores endógenos,
representados em especial pelo sistema imunológico, são respon-
sáveis pela resposta exacerbada ou atenuada do organismo dian-
te dos fatores etiológicos. É o caso das doenças periodontais: es-
tas são conseqüência da reação orgânica aos fatores etiológicos
locais. Tal reação se inicia como um mecanismo de defesa caracte-
rizado, no entanto, por modificações clínicas teciduais, restritas à
mucosa gengival. Há alterações de cor, forma, consistência, poden-
do até haver sangramento, é a gengivite, que nada mais é do que a
tentativa do organismo de reprimir a agressão dos fatores
etiológicos locais. O organismo faz com que tanto células de defe-
sas fagocitárias (neutrófilos) quanto do sistema imunológico (lin-
fócitos) cheguem à região agredida (sulco gengival),. Caso não se
eliminem esses fatores locais, o processo de agressão progride, as
células encaminhadas à área podem não ser suficientes para a
reação de defesa, e o tecido gengival, via epitélio juncional, mi-
gra da área agredida, surgindo uma nova situação patológica - é
a periodontite. Esta se caracteriza basicamente pela perda óssea e
um aprofundamento do sulco gengival, agora denominado ''bol-
sa". Essa bolsa se torna então fator anatômico retentivo impor-
tante - aumentam os riscos de progressão da doença. Essa nova
condição permite-nos catalogar a bolsa como fator anatômico pre-
disponente da doença periodontal, pelo fato de servir de reserva-
tório natural para a proliferação bacteriana. Então, como toda pro-
posta de tratamento de qualquer doença se fundamenta na elimi-
nação dos fatores etiológicos, se houver a interceptação da doen-
ça na fase inicial (gengivite) é plausível afirmar que o tratamento
seja simplesmente não-cirúrgico. Outrossim, a rigor, tendo havi-
do o aparecimento de uma nova condição anatômica, agora enten-
dida como fator etiológico, há que se cogitar a hipótese de haver
necessidade de um procedimento cirúrgico, visando à remoção
2 CIRURGIA PERJOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
HISTÓRICO
O primeiro relaton de que pudesse haver alguma relação en-
tre microrganismo, o dente e a gengiva foram feitos por Leeu-
wenhoek em 1683, idealizador do primeiro microscópio. Dizia
ele "não limpei meus dentes (de propósito) por três dias e, então,
retirei grande quantidade de material alojado nas gengivas abai-
xo dos dentes... encontrei poucos animálculos vivos". Além dis-
so, relatou que o sangramento de sua gengiva desaparecia quan-
do a esfregava com sal, e que depois não observava mais os ani-
málculos; na verdade, ele admitia que os destruía, e podemos in-
terpretar que os removia por atrito. Arnim4 homenageou-o deno-
minando "o primeiro periodontista".
Três séculos se passaram e os pesquisadores passaram a ad-
mitir que toda doença tivesse uma etiologia microbiana. Inician-
do suas pesquisas em 1883, Miller49 correlacionou a presença de
microrganismos sobre a superfície dentária com a formação de
ácidos e conseqüente início da desmineralização dos dentes, emi-
tindo a teoria químico-parasitária da cárie dentária. Em 1888,
Miller48 especulou a respeito da possibilidade de as bactérias pro-
vocarem as várias doenças da boca, inclusive "piorréia alveolar",
bem como sobre a probabilidade de bactérias específicas atuarem
diferentemente para cada doença. Em 1895, Black6 fez referências
aos trabalhos de MillerlB.49, frisando que os microrganismos ca-
riogênicos se tornam impotentes na ausência total de açúcares ou
outras substâncias facilmente degradáveis em açúcar; especulou,
ainda, sobre as hipóteses a respeito da presença universal de mi-
crorganismos na cavidade bucal e o desenvolvimento ou não de
cárie dentária. Citou, também, como válidas as diferenças pes-
soais de higiene bucal, além de outros fatores inerentes ao dente
e ao indivíduo. Em 1897, Williams85 se referiu à presença de "massa
orgânica de microrganismos" na superfície dentária e relaciona-
da ao desenvolvimento de processo carioso. Em 1898, Black7 utili-
zou a terminologia "placa" para se referir à massa microbiana
gelatinosa descrita anteriormente.85
Em 1902, Miller49 utilizou a terminologia "placa bacteriana"
referindo-se ao fato de que dificilmente podia observar dente sem
a presença de bactéria aderida. Descreveu a presença de bactérias
em cavidades de cárie, bem como no interior de túbulos dentiná-
rios, correlacionando uma vez mais à formação de ácidos pelas
bactérias e à presença de cárie dentária. Em 1914, Coolidge13 fez
uma revisão da literatura a respeito da etiologia da cárie dentá-
ria, mostrando o consenso geral dos diversos autores, aceitando
a importância da "placa gelatinosa de microrganismos". Afirma-
va, então, que "os microrganismos e os carboidratos provavelmen-
te nunca serão eliminados da cavidade bucal". O mesmo autor12
chamou a atenção para o fato de haver presença de associação de
microrganismos fusiformes e espiroquetas nos casos de gengivite
CAPÍTULO 1- TRATAMENTO CfRúRGICO E NÃO-CIRÚRGICO 3
> não existe recurso clínico capaz de, adequadamente, controlar ou prevenir a
transmissibilidade da microbiota bucal entre humanos;
> é possível admitir que animais domésticos sejam focos ou veículos transmis-
sores de microrganismos patogênicos para a cavidade bucal de humanos;
> o fato de microrganismos da cavidade bucal não desencadearem necessaria-
mente cárie ou doença periodontal, implica não se alardear os riscos da transmis-
sibilidade para a população leiga;
> os pais portadores de rnicrobiota bucal evidentemente patogênica devem re-
ceber aconselhamento em relação à transmissibilidade desta aos seus descen-
dentes (filhos/netos), estimulando-os a um controle clínico daqueles microrga-
nismos.
8 CrRURGIA PERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E E STÉTTCA
ETIOLOGIA: CLASSIFICAÇÃO
Já em 1904, Frey e Lemerle24 descreviam sobre a etiologia das
doenças periodontais, classificando-as em: "causas predisponen-
tes gerais", destacando o diabetes; "causas predisponentes locais",
destacando o fator anatômico "articulação alveolodentária" e fi-
nalmente "causas determinantes", destacando os "micróbios". Em
1919, Sturridge73 apresenta a etiologia da doença periodontal ba-
seada na presença de microrganismos, cálculo subgengival e pro-
tozoários, alertando sobre os riscos dos efeitos "toxêmicos" dos
microrganismos, os quais poderiam ser absorvidos pela corrente
sangüínea. Merritt47 apresenta uma classificação dividida em três
grupos: de origem sistêmica, local e de ambas, alegando que era
difícil clinicamente reconhecer as origens, porém, afirmava que a
eliminação do fator local resolvia a maioria dos casos de doença
periodontal.
Em 1965, Prichard58 apresenta a mais clássica das classifica-
ções da etiologia das doenças periodontais simbolizada pelos fato-
res locais, predisponentes e modificadores; relata detalhadamente
todos os possíveis agentes causais da doença. Desta data em dian-
te, com pequenas variações, a classificação da etiologia das doen-
ças periodontais é baseada em fatores: locais, extrínsecos, primá-
CAPÍTULO 1 -TRATAMENTO ClRúRGICO E N ÃO-CIRÚRGICO 9
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico das doenças periodontais é classicamente feito
por meio de exames clínicos e radiográficos, embora nas últimas
três décadas tem sido possível a confirmação destes exames com
recursos microbiológicos. A atual classificação das doenças pe-
riodontais3 permite que se faça clinicamente o diagnóstico das
gengivites e se confirme radiograficamente o envolvimento do
periodonto de sustentação caracterizando as periodontites. A
maior prevalência das doenças periodontais continua sendo da-
quelas ocasionadas pelos microrganismos da placa bacteriana, ou
seja, a gengivite e a periodontite crônica, cujo diagnóstico é facil-
mente realizado por meio dos exames clínico e radiográfico, cujas
características são: mudança no padrão de cor da gengiva (aver-
melhada), sangrarnento, alteração de forma e contorno da gengi-
va marginal (edema), retração da gengiva marginal e papilar, per-
da óssea, mobilidade dentária e diastemas. Estas são característi-
cas opostas às condições ideais do periodonto de proteção e sus-
Determinantes Iatrogênicos
Microrganismos Adaptação e acabamento cervical de restaurações
(placa bacteriana) Nível do término cervical de preparos cavitários
Contorno das restaurações
Predisponentes Superfícies das restaurações
Cálculo dentário Excesso oclusal das restaurações
Anatomia dentária e forma do arco Aparelhos ortodônticos
Anatomia do periodonto de proteção
Respiração bucal Outros Fatores
Dentes decíduos em exfoliação Matéria alba
Impacção alimentar
Modificadores Higiene bucal traumática
Fatores traumatizantes Irritações térmicas e químicas
Hábitos parafuncionais Sobremordida
Drogas (fumo, álcool etc.)
FATORES S1srtMJcos
Doenças Estados sistêmicos
Diabetes Puberdade
Discrasias sangüíneas Menstruação
AIDS Gravidez e anticoncepcionais
Osteoporose Medicamentosos
Hereditariedade Nutrição e deficência vitamínica
Distúrbios psicoemocionais
Fumo
10 CIRURGIA PERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E EsrtrICA
Fig. 1.la Periodonto de proteção clinicamente normal; (1) gengiva marginal, (2) gengjva inserida, (3)
gengiva papilar e (4) mucosa alveolar.
Fig. l.lb Representação esquemática do periodonto de sustentação; (5) crista óssea alveolar, (6) osso alveolar e
(7) cemento radicular.
12 CIRURGIA P ERJODONTAL - P RÉ-PROTÉTTCA E ESTÉTICA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
Retalho mucoperiosteal
É o retalho mais comumente empregado em cirurgia perio
dontal. A gengiva, mas quase sempre gengiva e mucosa alveolar
são rebatidas das superfícies ósseas e radiculares. É indicado quan
do necessitamos de acesso ao osso (Fig. 2.3). O retalho mucope
riosteal, por sua vez, se classifica quanto à sutura final em reposi
cionado (Fig. 2.4), deslocado apicalmente (Fig. 2.5) e deslocadc
coronariamente (Fig. 2.6). Nesta classificação, inclui-se também<
retalho de Widman modificado. 14
Retalho mucogengival
Neste tipo de retalho, o periósteo da área é preservado. A inci
são inclui o tecido gengival, parte do tecido conjuntivo subjacent
e a mucosa alveolar, de forma que o osso permaneça coberto po
uma camada de tecido conjuntivo e pelo periósteo (Fig. 2.7). 1
indicado quando:
CAJ>fTULO 2- PROCEDrMENTOS REssECTIVOS 23
>- Não se deseja uma exposição óssea (por ex.: áreas de possíveis deiscências e/
ou fenestrações, como região ântero-inferior, regiões de dentes com raízes
volumosas ou muito vestibularizadas). Foi demonstrado que, quando o teci-
do ósseo é exposto, ocorre alguma perda óssea, muito embora não seja clini-
camente significativa.3,4
>- Quando é necessário um posicionamento apical d.o retalho com a finalidade
de aumentar a faixa de gengiva inserida. Nesta classificação, têm-se os reta-
lhos divididos e aqueles com finalidade de preparo de leito para enxertos
gengivais e conjuntivos.
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS
Mandíbula
Na face vestibular, a profundidade do veshbulo na região an-
terior pode estar reduzida pela tuberosidade mentoniana e/ou
inserção alta do músculo mental. Na região de molares, uma ex-
tensão da linha oblíqua externa pode limitar o tratamento cirúr-
gico de bolsas intra-ósseas ou dificultar o posicionamento apical
de retalhos. Proeminências dos ramos mandibulares podem li-
mitar os tratamentos nas faces distais de molares inferiores. Trau-
ma de ramos nervosos também podem ocorrer como, por exem-
plo, lesão do nervo mentoniano durante incisão, rebatimento de
retalho e preparo de leito receptor para enxertos gengivais ou
conjuntivos, resultando em parestesia labial. Na face lingual, a
presença de um tubérculo geniano volumoso e, sobretudo, de
exostose e tórus mandibular, podem impedir recontamos ósseos
adequados nesta área (Fig. 2.8). Os tecidos da face lingual preci-
sam ser manipulados cuidadosamente para evitar danos ao ner-
vo e artéria linguais. Lesões do nervo lingual durante incisões
verticais e rebatimentos de retalho resultam em parestesia da lín-
gua. Por isto, incisões verticais devem ser evitadas e, quando ne-
cessárias, não devem estender-se muito à área de mucosa, res-
tringindo-se quase que totalmente à porção gengival.
CAPÍTULO 2 - PROCEDIMENTOS REssECTIVOS 27
Maxila
A proximidade do seio maxilar com as raízes dos molares e
pré-molares deve ser observada radiograficamente (Fig. 2.9) quan-
do estiverem presentes bolsas profundas ou houver indicação para
recontornes ósseos extensos, procedimentos regenerativos ou
colocação de implante. Na face palatina, um cuidado especial deve
ser tomado em relação à artéria palatina maior para não ser lesa-
da durante o rebatimento do retalho ou a remoção de tecidos para
enxertos; por este motivo, também, incisões verticais são contra-
indicadas nesta face. 11 Exostoses e tórus palatino, em especial, po-
dem dificultar os procedimentos ressectivos.
Na maioria dos casos, somente incisões horizontais são sufi-
cientes. Incisões verticais (relaxantes) tem uso restrito, porém em
algumas situações são indispensáveis, em especial quando há
interesse em melhor coaptação das bordas cruentas na papila
gengival.
Nos procedimentos em que houver necessidade do uso de
instrumentos rotatórios, os tecidos moles devem estar protegi-
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS
Periodonto de Proteção
Como conseqüência da inflamação gengival (gengivite), é co-
mum o desenvolvimento de hiperplasia, como resposta fisiológica
(fibrose) às agressões da placa bacteriana. Em algumas circuns-
tâncias, o controle do fator etiológico permite uma reversibilidade
desta alteração, contudo, persistindo tais fatores, existe tendên-
cia de crescimento constante deste tecido. A partir de um determi-
nado momento, tal morfologia toma-se um fator favorável a uma
impacção alimentar constante, fazendo-se então necessária a cor-
reção cirúrgka.
Além da resposta inflamatória, outros processos hiperplásicos
total ou parcialmente reversíveis devem ser lembrados: a fibro-
matose gengival hereditária e a chamada hiperplasia gengival me-
dicamentosa, representada classicamente como resposta a três
medicamentos: difenil-hidantoinato de sódio, nifedipina e ciclos-
porina A. Todas estas condições podem exigir correção cirúrgica,
por estas terem potencialidade recidivante (Figs. 2.10 A a 2.12 B).
Periodonto de Sustentação
O processo de perda óssea periodontal pode ocorrer no senti-
do horizontal (bolsa supra-óssea) ou no vertical (bolsa intra-ós-
sea). A perda óssea vertical leva a alterações morfológicas deno-
minadas por Goldman e Cohenó corno defeitos ósseos, que foram
classificados de acordo com as paredes remanescentes em: 1, 2 e 3
paredes. A esta classificação Prichard13 acrescentou o defeito ós-
seo chamado de 4 paredes ou conforme a Academia Americana
de Periodontologia,18 defeito circunferencial (Figs. 2.13 A a D).
Em determinadas circunstâncias, tais defeitos, quando não-pas-
síveis de serem recompostos por regeneração, podem necessitar
de osteoplastia e/ou osteotornia, com a finalidade de se conse-
guir uma forma anatômica fisiologicamente compatível. Quando
as perdas ósseas atingem as áreas das bifurcações, é possível de
maneira semelhante optar ora por conduta cirúrgica regenerativa,
ora ressectiva.
FATORES CLÍNICOS
Fig. 2.10 A Paciente portador de hiperplasia gengival Fig. 2.10 B Gengivoplastia visando a recomposição
dilantínica. anatômica.
Fig. 2.11 A Paciente portador de hiperplasia gengival Fig. 2.11 B Resolução cirúrgica e ortodôntica.
devida ao uso de nifedipina.
Fig. 2.12 A Paciente sob medicação com ciclosporina. Fig. 2.12 B Três meses após a correção cirúrgica, já
com sinais de recidiva.
30 CiRURGLA PERIOOONTAL - P RÉ-PROTÉTlCA E E STÉTICA
A B
2 2
e D
Figs. 2.13 A - Defeito de uma parede. B - Defeito de duas paredes. C - Defeito de três paredes. D - Defeito dE
quatro paredes.
CAPÍTULO 2- PROCEDIMENTOS REsSECTNOS 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
O termo gengivectomia é conceituado pela AAP, 40 como "a
excisão da parte da gengiva, geralmente realizada para reduzir a
parede do tecido mole de uma bolsa periodontal." Até o final do
século XIX, o tratamento periodontal, em virtude da crença de
que o cálculo dentário, era o fator principal da doença periodontal,
se resumia em cuidados de raspagem e utilização paralela de subs-
tâncias químicas, ervas e cuidados com a higiene bucal, via de
regra utilizando palitos e até escovação. Em 1884 Robicsek (Stern
et al.) 38 descreveu um procedimento cirúrgico, mais tarde deno-
minado gengivectomia, que consistia na excisão do tecido gengival
e a remoção, por meio de curetas, do tecido de granulação e parte
do osso marginal. Porém, a técnica denominada "gengivectomia",
proposta por Robicsek38nada tem a ver com a empregada hoje. O
primeiro a utilizar o termo gengivectomia foi Pickerill,31 em 1912.
Em 1915, Black3 recomendava o uso de brocas diamantadas, vi-
sando a melhora do contorno gengival. A curetagem da parede
mole da bolsa foi sugerida por Box,6 em 1928, supondo que ali
residia a causa da periodontopatia. Também neste ano, Gottlieb 18
utiliza o termo bolsa periodontal para justificar que a cementopatia
gerava o aprofundamento da "aderência epitelial", conceito dis-
cutido e alterado posteriormente por diversos autores. 29-36Al No
entanto, em 1935, Kronfeld2º afirmava que, na "gengivectomia",
não poderia se expor o tecido ósseo, alertando para as complica-
ções desta situação. Evidentemente, que a partir de resultados
clínicos mais fav oráv eis, a técnica tomou-se ampla e universal- .
mente utilizada em Odontologia.
O conceito moderno da técnica de gengivectomia foi bem es-
clarecido apenas a partir de 1946, quando Goldman,15 introduziu
os termos preparo inicial e concomitantemente descreveu a técni-
ca cirúrgica hoje aceita. Nesta mesma época, surgiram preocupa-
ções quanto à necessidade de preservação da gengiva inserida,
fato este negligenciado na técnica original de Robicsek.38 Desta
maneira, Nabers,25•26 Oschembein30 e Friedman1º·11 introduziram
técnicas de cirurgia mucogengival salvaguardando, assim, apre-
sença mínima de gengiva inserida. A propósito, os livros textos
conceituam gengiva inserida como parte da mucosa mastigatória
que circunda os dentes, cuja função é a de, principalmente, resis-
tir aos impactos da mastigação.
34 ÜRURGlA PERfOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
PRINCÍPIOS DA INDICAÇÃO
TÉCNICA CIRÚRGICA
Fig. 3.8 Incisão secundária (gengivótomo de Orban) Fig. 3.8 A Gengivótomos da coleção Goldman-Fox.
lado vestibular.
Fig. 3.9 Incisão secundária (gengivótomo de Orban) Fig. 3.10 Tecido gengival excisado.
lado lingual.
Fig. 3.11 Remoção do tecido de granulação. Fig. 3.12 Utilização do alicate de cutícula.
CAPITULO 3 - GENGJVECTOMIA E G ENCIVOPLASTIA 41
Fig. 3.14 Aspecto após a remodelação gengival. Fig. 3.15 Eliminação de resquícios de tecido gengival
interdentário.
Fig. 3.16 Colocação de cimento cirúrgico. Fig. 3.17 Reparação e aparência clínica após 11 meses.
42 CCRURGIA P ERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
REPARAÇÃO DA GENGIVECTOMIA
Praticamente não há necessidade de se preocupar com cuida-
dos pós-operatório: não ocorre edema, o sangramento é diminu-
to e não costuma haver processos dolorosos. A reparação é por
segunda intenção: ou seja, não há aproximação das bordas da fe-
rida. A epitelização pode ser indiretamente comprovada8 por meio
do uso de azul de toluidina a 1%, o qual impregna apenas o teci-
do conjuntivo (Figs. 3.18 a 3.24).
Inicialmente, o coágulo sangüíneo com uma grande concen-
tração de leucócitos polimorfonucleares cobre a ferida (Figs. 3.25
e 3.26), protegendo o tecido conjuntivo e, de acordo com Engler,9
somente após 24 a 36 horas as células da camada basal iniciam
sua caminhada em direção ao dente. A velocidade varia de 0,5 a
lmm/ dia (Fig. 3.27), significando que a reepitelização da ferida
ocorrida pela gengivectomia depende da área exposta. A média é
de 5 mm de área exposta; isto implica em cerca de 7 a 10 dias para
a reepitelização total da ferida (Fig. 3.28). A restauração do epité-
lio juncional estará concluída por volta da segunda semana, e o
tecido conjuntivo subjacente se recompõe aproximadamente na
terceira semana da cirurgia. O completo restabelecimento da nor-
malidade clínica gengival, inclusive com o aparecimento já do
sulco gengival, se dá ao final de 30 a 45 dias (Fig. 3.29). No tecido
ósseo, urna resposta, também, é observada na crista do osso alveo-
lar indicando que ocorreu reparação após a gengivectomia. Inicial-
mente, o tecido ósseo sofre reabsorção (primeiras 12 horas) com
posterior novo depósito e remodelação (após o quarto dia) do
contorno da margem óssea.28
CONTRA-INDICAÇÕES DA TÉCNICA
As contra-indicações superam em muito as indicações, de acor-
do com alguns autores23, 24·25•26·27; as principais são:
GENGIVOPLASTIA
Fig. 3.18 A Aspecto clínico após 24 horas da gengi- Fig. 3.18 B Evidenciação do tecido conjuntivo pelo
vectomia. azul de toluidina (após 24 horas).
Fig. 3.19 A Aspecto clínico após 48 horas da gengi- Fig. 3.19 B Evidenciação do tecido conjuntivo pelo
vectomia. azul de toluidina (após 48 horas).
Fig. 3.20 A Aspecto clínico após 3 dias da gengivec- Fig. 3.20 B Evidenciação do tecido conjuntivo pelo
tomia. azul de toluidina (após 3 dias).
44 CIRURGIA PERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 3.21 Evidenciação do tecido conjuntivo pelo azul Fig. 3.22 Evidenciação do tecido conjuntivo pelo azul
de toluidina (após 5 dias). de toluidina (após 7 dias).
Fig. 3.23 Evidenciação do tecido conjuntivo pelo azul Fig. 3.24 Reparação completa verificada após 3 sema-
de toluidina (após 10 dias). nas.
VARIAÇÕES DA GENGIVE~OMIA
As variações da gengivectomia são as cunhas interproximais,
os procedimentos de cunha mesial e distal e a gengivectomia de
bisel interno. Todos estes procedimentos cirúrgicos não expõem
periósteo, desta maneira não estão classificados como cirurgia
m ucoperiosteal e participam deste capítulo como variações da
gengivectomia.
C APÍTULO 3- GENG!YECl'OMIA E GENGIVOPLASTIA 45
Fig. 3.26
Fig. 3.27
Fig. 3.28
Fig. 3.29
46 CtRURGlA PERlOOONTAL - PRÉ-PROTÊflCA E ESTÉTICA
Fig. 3.30
Fig. 3.31
Fig. 3.32
Fig. 3.33
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Fig. 3.34
CAPÍTULO 3- GENGIVECTOM]A E GENC IVOPLASTIA 47
Cunhas interproximais
Procedimento cirúrgico, utilizado em espaços protéticos, res-
trito ao tecido gengival. Este assunto será discutido no capítulo 8:
Cirurgia Periodontal Pré-Protética.
TÉCNICA CIRÚRGICA
e D
Fig. 3.35 A Representação esquemática da delimitação da área (cunha distal); B Incisões convergentes; C Libe-
ração do tecido incisado; D Sutura simples.
CAPÍTULO 3- GENGIVECTOMIA E GENGIVOPLASTIA 49
Fig. 3.36 Cunha distal: incisões convergentes. Fig. 3.37 Cunha distal: sutura simples.
1 2
Fig. 3.38 Representação esquemática da delimitação Fig. 3.39 Representação esquemática de remoção adi-
da área (cunha distal): 1 e 2: incisões divergentes; 3: cional de tecido conjuntivo.
incisão horizontal.
Fig. 3.40 Paciente portadora de bolsa periodontal e Fig. 3.41 A anestesia local no rebordo permite a ava-
hiperplasia gengival na distal do dente 17. liação indireta da quantidade de tecido fibrótico.
50 CrRURGIA P ERlODONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
TÉCNICA CIRÚRGICA
Pode se descrita (Figs. 3.51 a 3.57) da seguinte maneira:
Fig. 3.55 Eliminação total da hiperplasia gengival. Fig. 3.56 Suturas do tipo colchoeiro horizontal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gengivectomia e suas variáveis técnicas pelo fato de ter ma-
nipulação restrita à gengiva se constituem em cirurgias com pou-
ca repercussão no pós-operatório. O paciente relata, quase sem-
pre, não ter sido vítima de edema ou dor; às vezes, pequeno san-
gramento. São técnicas com indicações muito p recisas e, portan-
to, não correspondem rotina no d ia-a-dia. Os princípios para sua
indicação estão atrelados en tre si, o que faz sua aplicação muito
restrita. Em linhas gerais, pode-se dizer que, na dúvida, quanto à
sua indicação a gengivectomia deve ser descartada, já que outras
técnicas (retalho mucoperiosteal ou m ucogengival) podem ga-
rantir resultados m elhores e mais seguros.
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56 CIRURGIA PERJOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Capítulo 4 Retalho
~ ~~M~u~c~o~p~e~ri~o~st=ea~ l~~~ ~t::: ~'-~ ~~~ -
Capítulo 4 Retalho
Mucoperiosteal
INTRODUÇÃO
O retalho mucoperiosteal clássico foi descrito como o desco-
lamento cirúrgico da gengiva e do periósteo, expondo, assim, o
colo dos dentes e o osso alveolar. Os princípios básicos desta téc-
nica foram descritos no início do século XX.15•40,62•65 Como as comu-
nicações científicas eram limitadas durante este período, é prati-
camente impossível determinar qual foi o primeiro a descrever o
retalho periodontal. Newmann40 introduziu o retalho mucope-
riosteal no início de 1911. Nesta técnica, uma incisão horizontal
era feita apicalmente à bolsa periodontal, em direção à crista al-
veolar, estendendo-se pela papila interdentária em direção me-
siodistal. Incluía, também, incisões relaxantes verticais em um
ou outro lado da área afetada, atingindo a mucosa bucal. Estas
incisões representavam os limites do futuro retalho. Este proce-
dimento era recomendado quando a perda óssea atingia mais que
um terço da raiz. O retalho mucoperiosteal era, então, separado
dos dentes e do osso até o nível dos ápices dos dentes, permi-
tindo a remoção total do tecido de granulação da porção superfi-
cial do osso infectado, bem como a obtenção de superfícies radi-
culares lisas, o que era tido como de importância fundamental.
Em bolsas profundas, eram removidos cerca de 2 mm de margem
gengival. Já em bolsas pouco profundas, apenas a "curetagem"
era defendida. Newmann40 descreveu o procedimento para bol-
sas profundas como "o tratamento radical da piorréia alveolar" .
Um controle rigoroso da higiene bucal era preconizado como de
suma importância para se evitar reinfecção. Uma modificação no
retalho de Newmann foi publicada por Widman,62 em 1918. Ele já
havia apresentado sua técnica para o retalho periodontal em 1916
na Scandinavian Dental Association, mas reivindicava estar execu-
tando esta técnica desde 1911. Descreveu um retalho trapezoidal
com duas incisões relaxantes verticais e outra incisão em bisei
invertido feita paralelamente à superfície do dente, 1 mm aquém
da margem gengival livre e estendendo-se em direção à crista
óssea alveolar e passando nas papilas interdentárias pelo seu
ponto mais coronal. Assim, as incisões envolveriam, supostamen-
te, apenas tecidos periodontais saudáveis. Os retalhos eram reba-
tidos por vestibular e lingual para o nível mais apical dos dentes,
e o "tecido gengival doente" aderido ao dente e osso era removi-
do. Widman62 defendia o alisamento total das raízes e não consi-
58 CIRURGIA PER!ODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Técnica
Há necessidade da execução de incisões em três direções (Fig.
4.1): (1) bisel interno, da borda gengival em direção à crista óssea
alveolar (Figs. 4.3 a 4.6); (2) horizontal, da base da última incisão
até a superfície dentária (Figs. 4.7 e 4.8) e (3) intrasukular, para
remover em bloco do tecido excisado (Figs. 4.9 e 4.10). Tem, so-
bretudo, boa aplicabilidade nos casos em que há envolvimento
estético e, na prática, corresponde ao retalho reposicionado (Figs.
4.2 a 4.16). Após o afastamento discreto do retalho para acesso e
inspeção dos eventuais defeitos ósseos, procede-se à curetagem
(Fig. 4.10), se necessário osteoplastia, e executam-se as suturas
(Figs. 4.11 a 4.14) que podem ser do tipo colchoeiro e contínuas.
No retalho de Widman modificado, a reparação permite óti-
mos resultados e, a longo prazo, pode haver reparo ósseo e ganho
de inserção.32,s3 Segundo Rosling,53 o ganho de inserção foi maior
nos pacientes tratados com retalho de Widman modificado e "cure-
tagem", do que nos pacientes tratados com retalho de Widman
modificado e recontorno ósseo.
Fig. 4.1 Representação esquemática das incisões para o retalho de Widman modificado.
60 CIRURGIA PERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E E STÉTICA
Fig. 4.13
Fig. 4.14
Fig. 4.15
Fig. 4.16
62 CIRURGIA P ERJOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
RETALHO REPOSICIONADO
Os termos "reposicionados" ou "reposto" significam que
os tecidos moles (gengiva e mucosa alveolar) podem ser,
após a eliminação ou diminuição cirúrgica da bolsa e do
defeito ósseo, suturados na altura do remanescente ósseo
alveolar. O parâmetro clínico para se decidir da possibilidade
ou não do reposicionamento do retalho é a faixa de gengiva
inserida em relação ao osso alveolar (Figs. 4.17 e 4.18).
O planejamento do retalho será orientado pelo julgamento do ci-
rurgião e dependerá:
TÉCNICA
Será apresentado um caso clássi-
co de indicação de retalho de es-
pessura total reposicionado (Figs.
4.27 a 4.67) em área com discretas per-
das ósseas horizontal e vertical, alterna-
damente de dente para dente.
Uma incisão em bisel interno (primeira inci-
são) é feita, introduzindo-se a lâmina de bisturi
3 na gengiva marginal livre, dividindo a sua espes-
sura em duas partes no sentido vestibulolingual. A
distância entre a lâmina e o sulco gengival poderá vari-
ar de acordo com a espessura do tecido, porém deverá si-
tuar-se entre 0,5 e 1,0 mm (Figs. 4.41, 4.42 e 4.44). A incisão
deve ser ligeiramente oblíqua em relação ao longo eixo do den-
te, tocar a crista óssea, seguir o contorno da gengiva marginal
livre (festonado) e penetrar o máximo possível no espaço inter-
proximal para minimizar a quantidade de tecido interden-
tário a ser removido. Permanecerá, então, um colar de teci-
do frouxo, constituído do epitélio ulcerado da bolsa e
tecido conjuntivo inflamado, que estará limitado pela
incisão e pelo dente (Fig. 4.45). Há trabalhos57.59 mos-
trando que a incisão sulcular, sem a remoção do
epitélio, proporciona resultados semelhantes
quanto à redução de profundidade de son-
dagem e quantidade de mucosa inserida.
Fig. 4.19 Representação esquemática de incisão em bisei interno Outra incisão em bisel interno é
visando remoção adequada da parede de tecido mole da bolsa feita do lado lingual ou palatino,
periodontal para diferentes profundidades. com três importantes finalidades:
64 CIRURGIA PERJOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E E STÉTICA
Fig. 4.20 B A mucosa alveolar deve ser incluída na incisão para facilitar o afastamento do retalho.
CAPÍTULO 4 - RETALHO MuCOPERIOSTEAL 65
Fig. 4.21 Aspecto cicatricial de incisão relaxante er- Fig. 4.22 Incisão relaxante visando a abordagem ci-
roneamente realizada na face vestibular do dente 12. rúrgica no paciente da figura 4.21.
Fig. 4.23 Suturas visando a coaptação das incisões Fig. 4.24 Paciente portador de bolsa periodontal intra-
relaxantes. óssea restrita ao dente 14 (bifurcação mesial).
Fig. 4.25 Colocação de membrana bioabsorvível: no- Fig. 4.26 Coaptação do retalho por meio de sutura
tar a incisão relaxante horizontal. contínua.
66 CIRURGIA P ERIOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 4.44
68 CIRURGIA PERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig.4.54 Fig.4.54A
Fig.4.57 Fig.4.58
Fig. 4.61 Sutura contínua (do tipo colchoeiro vertical) na região vestibular.
Fig. 4.62 Aspecto final após sutura (região vestibular).
Fig. 4.63 Aspecto final após sutura (região palatina).
Fig. 4.64 Aspecto clínico após uma semana.
Fig. 4.65 Aspecto clínico após dois meses.
Fig. 4.66 Eliminação da bolsa periodontal do dente 16.
Fig. 4.67 Aspecto final da área palatina (comparar com a Fig. 4.44).
CAPÍTULO 4- RETALHO MucOPERIOSTEAL 71
SUTURAS
A finalidade básica é a de coaptar as bordas da ferida cirúrgi-
ca, levando-as, o mais próximo possível, de uma reparação por
primeira intenção.35 Em Periodontia, as linhas de sutura mais uti-
lizadas são as não-reabsorvíveis, embora, ultimamente, com a evo-
lução das cirurgias mucogengivais, também as reabsorvíveis têm
tido o seu lugar.
Para as cirurgias mucoperiosteais, pode-se utilizar preferen-
cialmente e na ordem: as de poliéster, politetrafluoretileno, algo-
dão, seda e nylon, todas não-reabsorvíveis. Quanto à espessura,
a melhor é a de calibre 3.0 para a maioria dos retalhos, podendo-
se optar ora pela 2.0 ora pela 4.0, respectivamente para tecidos
mais fibróticos ou mais flácidos.
TÉCNICA
Opcionalmente, as suturas podem ser contínuas e descontí-
nuas. No primeiro caso, a sugestão é para a coaptação das bordas
de retalhos longos, em geral naquelas cirurgias de herniarco. Nes-
tes casos, pode-se lançar mão das práticas suturas de poliéster,
embalagens descartáveis com 2 agulhas (Fig. 4.68): umas delas
traciona o lado vestibular, cruzando com a outra de palatino ou
lingual para vestibular. Pode-se, também, executar suturas contí-
nuas utilizando linhas com uma única agulha (Figs. 4.69 a 4.77).
As suturas descontínuas são aplicáveis aos casos de menor área
Fig. 4.68 Linha de sutura não-reab- cirúrgica ou mesmo em áreas mais amplas onde não haja unifor-
sorvível. midade na arquitetura óssea e gengival de dente para dente. 14•39
72 CIRURGIA PERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 4.69 Extremidade livre da linha de sutura perma- Fig. 4.70 A agulha transfixa a mucosa palatina ou gen-
nece na face vestibular. giva (lingual).
Fig. 4.71 A agulha retoma para vestibular circunscre- Fig. 4.72 Sucessivamente repete-se o trajeto até a
ve o dente no sentido mesial e retorna ao palato ou aproximação do retalho palatino ou lingual.
lingual.
Fig. 4.73 A agulha transfixa o retalho vestibular (col- Fig. 4.74 Repete a operação de mesial para distal.
choeiro vertical).
CAPíTmo 4 - RETALHO M ucorERIOSTEAL 73
Fig. 4.78 A agulha transfixa (colchoeiro vertical) a pa- Fig. 4.79 Atravessa a área de contato e transfixa de
pila vestibular. maneira semelhante o lado oposto.
Fig. 4.80 Retoma à face vestibular onde é dado o nó. Fig. 4.80A Retalho mucoperiosteal com sutura des-
contínua.
76 CIRURGIA PERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 4.85 Aproxima o retalho e segue em direção à Fig. 4.86 A extremidade agulhada (distal) se aprqci-
face vestibular. ma da extremidade livre (mesial).
Fig. 4.87 Aspecto final de sutura descontínua. Fig. 4.88 Paciente portadora de hiperplasia papilar
entre os dentes 13 e 12.
Fig. 4.89 Incisão em bisel interno para desenho da Fig. 4.90 Aproximação da papila palatina.
papila gengival.
78 CIRURGIA P ERJOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
-
Fig. 4.93 O n ó fin al é dado n a vestibular do dente 12.
Técnica
No desenho deste retalho, incisões oblíquas relaxantes são rea-
lizadas nas extremidades da incisão horizontal para aumentar a
flexibilidade do retalho e facilitar o deslocamento para apical (Figs.
4.95 a 4.99). Um fato importante a ser mencionado é que as tenta-
tivas de deslocamento do retalho, sobretudo se este for de peque-
na extensão, sem a realização de uma incisão relaxante, pode ocor-
rer o rompimento do retalho, culminando com uma reparação
retardada ou antiestética. Em algumas circunstâncias clínicas
pode-se fazer apenas uma incisão relaxante, ou, às vezes uma
mais extensa que a outra, dependendo da necessidade de maior
ou menor deslocamento do retalho (Figs. 4.100 a 4.104). Observe
que a aproximação das bordas correspondentes à incisão relaxante
pode ser feita utilizando-se de sutura simples (Figs. 4.98 e 4.98A,
4.103). Como proposto por Ciezynski16 e Friedman,21 uma incisão
horizontal é feita paralela ao longo eixo do dente, percorrendo a
margem gengival, tocando a crista alveolar e estendendo-se ao
máximo para dentro dos espaços interproximais para preservar
as papilas interdentárias. A incisão é feita a uma distância variá-
vel do sulco gengival, pois depende da quantidade e espessura
da gengiva inserida. Nos casos de gengiva inserida pouco espes-
sa e estreita, a incisão deve ser feita mais próxima do sulco gengi-
val; para gengiva inserida ampla, a incisão é feita mais afastada
do sulco gengival. Para retalho de espessura total, abrangendo
grande extensão, este pode ser deslocado apicalmente sem ne-
cessidade obrigatória da incisão relaxante (Figs. 4.105 a 4.109).
No lado palatino, deve-se utilizar gengivectomia clássica ou bisel
interno, quando for necessário remover maior quantidade de te-
cido conjuntivo. O retalho é rebatido com o auxílio de um afastador
periosteal, e o tecido mole aderido ao osso é removido com curetas
e tesouras; a superfície radicular é, então, tratada, procurando
80 ClRURGLA P ERIOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 4.101 Lâmina BP-15 aplicada em angulação obli- Fig. 4.102 Deslocamento do retalho visando a expo-
qua apicaJ à linha mucogengival. sição de trepanação subgengival.
Fig. 4.103 Sutura apicaJ do retalho mucoperiosteal. Fig. 4.104 Reparação final podendo se observar a ex-
posição da trepanação e preservação da gengiva in-
serida.
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Fig. 4.105 Planejamento cirúrgico visando exposição Fig. 4.106 Incisão em bisei interno com excisão da
de coroa clínica. margem gengival.
C APÍTULO 4- RETALHO MucoPERJOSTEAL 83
Fig. 4.110 Aplicação de lâmina BP-15 para frenulo- Fig. 4.111 Frenulotomia concomitante à cirurgia pe-
tomia. riodontal.
Fig. 4.112 Remoção de tecido conjuntivo visando me- Fig. 4.113 Sutura referente ao caso da figura 4.112.
lhor coaptação interproximal.
Fig. 4.114 Detalhe de incisão acessória visando me- Fig. 4.115 Paciente portadora de bolsa periodontal
lhor coaptação interproximal. entre os dentes 33 e 34 (vista vestibular).
86 CIRURGIA P ERJOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 4.116 Paciente portadora de bolsa periodontal Fig. 4.117 Incisão acessória e sutura (vista vestibu-
entre os dentes 33 e 34 (vista lingual). lar): melhor coaptação.
Fig. 4.120 Incisão relaxante e preparo ouento nas papilas. Fig. 4.121 Afastamento mucoperiosteal.
Fig. 4.122 Teste de estabilidade do retalho. Fig. 4.123 Incisão suave no periósteo deslocado vi-
sando melhor afrouxamento do retalho.
88 CIRURGIA PERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 4.124 Suturas e teste de imobilidade do retalho. Fig. 4.125 Reparação após duas semanas.
>
Fig. 4. 126 Reparação após 2 meses (participação clí-
nica dos CDs. Gilberto Veríssimo e Danielle Dias Fer-
reira).
CAPÍTULO 4- RETALHO MucOPERIOSTEAL 89
CIRURGIA ÓSSEA
Nada mais é que uma cirurgia a retalho executada para
tratamento ósseo, a qual pode ser baseada em osteotomia/
osteoplastia e regeneração tecidual guiada (RTG). Para
Schluger,54 a borda óssea em torno do dente deve apresentar
a aparência de lâmina de faca; e o principal objetivo da cirur-
gia óssea é criar uma arquitetura óssea compatível com a ma-
nutenção de uma arquitetura gengival fisiológica (Fig. 4.127).
Em 1976, Selipsky55 afirmou que a quantidade de osso removi-
da durante a cirurgia óssea ressectiva deve ser mínima e consi-
derada, clinicamente, insignificante e que uma osteoplastia ade-
quada facilita a adaptação do retalho. Em 1988, Kaldahl et al. 29
concluíram que a cirurgia óssea ressectiva reduz a profundidade
de sondagem, porém, é acompanhada de perda de inserção. A
raspagem, alisamento e polimento das superfícies radiculares e
retalho de Widman modificado, resultam em ganho de inserção
clínica. Entretanto, não reduzem a profundidade de sondagem
tão efetivamente quanto a cirurgia óssea ressectiva (Figs. 4.128 a
4.132).
De acordo com a AAP, 61 a cirurgia óssea está baseada em dois
conceitos básicos: osteoplastia, quando a intervenção se proces-
sa única e exclusivamente no processo alveolar, sem remoção do
osso de suporte, ou seja, não-eliminação de ligamento periodontal,
A
com a finalidade de obter forma mais fisiológica (Figs. 4.133 a
4.137); e osteotomia, quando a intervenção exige a excisão de osso
de suporte (osso alveolar ou lâmina cribiforme). Neste caso, o
ligamento periodontal é removido concomitantemente e,
portanto, uma decisão criteriosa deve envolver tal con-
duta. Em especial nas áreas interproximais dos mola-
res, podem se desenvolver defeitos ósseos denomina-
dos crateras, onde, por vezes, a eliminação da deformi-
dade implica em perda do suporte ósseo. Assim, no en-
tender de Ochsenbein,41 é interessante preservar a crista
óssea vestibular e fazer osteotomia palatina, obtendo-se
um plano inclinado (rampa palatina). Isto permite a higie-
nização da área com escovas interproximais, além de pre-
servar a anatomia vestibular, propiciando melhor condição
estética (Fig. 4.138).
Muitos autores11•12, 13, 24A1 A2,4s,54 sugerem as seguintes indi-
cações para a ressecção óssea na cirurgia periodontal:
Técnica
É feito um retalho do tipo mucoperiosteal preservando o máxi-
mo de gengiva inserida. Após rebatimento do retalho, remoção do
tecido mole presente e raspagem radicular, o osso será retirado com
cinzéis ou brocas sob refrigeração, procurando evitar danos às raízes
(Figs. 4.139 a 4.147). A remoção óssea deve expor uma área radicular
íntegra com cerca de 3,0 mm acima da crista óssea, o que permitirá
uma área adequada para inserções gengival, epitelial e conjuntiva,
propiciando, assim, a formação de um espaço biológico saudável
(Figs. 4.145 e 4.147), conforme preconizado por Gargiulo et al. 23
Após o procedimento cirúrgico, os retalhos serão fixados com su-
turas, podendo ser aplicada uma cobertura de cimento cirúrgico,
como utilizada em outras técnicas (Fig. 4.146).
De acordo com Barrington4, a cirurgia óssea é indicada nos
seguintes casos:
> rebordo ósseo espesso, tórus ou exostose (Fig. 4.130);
> defeitos ósseos nas áreas de bifurcação (Fig. 4.54);
> crateras ósseas rasas (Figs. 4.148 a 4.151);
> defeitos angulares pequenos (Figs. 4.152 a 4.158).
De acordo com Wilson et al., 63 as contra-indicações principais
da cirurgia óssea são:
.. f
1A
1
.. ,
..
Fig. 4.138 Representação esquemática de diversas possibilidades de osteotomia. l, lA: osteotomia vestibular e
palatina; 2, 2A: osteotomia vestibular; 3, 3A: osteotomia palatina.
94 CIRURGIA PERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 4.152 Defeito ósseo de uma parede (vestibular). Fig. 4.153 Aplicação de cinzel visando osteoplastia.
Fig. 4.156 Aspecto obtido após a regularização óssea. Fig. 4.157 Reparo após 30 dias utilizando-se de higie-
nização interp roximal.
CAPÍTULO 4- RETALHO MucorERIOSTEAL 97
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os cuidados fundamentais para cirurgia a retalho são:
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15. CIESZYNSKI, A. Bemerkungen zur Radikal-Chirurgischen Behan-
100 CIRURGlA PERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
~
Capítulo 5 Tratamento das
Lesões na Furca
INTRODUÇÃO
A doença periodontal é considerada de interesse primordial
dentro da Odontologia moderna, pois, atualmente, ela atinge qua-
se toda a população mundial, independentemente de raça, cor,
sexo ou classe social.
Vários trabalhos foram, ou estão sendo, desenvolvidos visan-
do inverter o atual estágio que se encontra a doença periodontal.
As pesquisas científicas visam não só a terapêutica a ser adotada,
mas também a prevenção, evitando a instalação e o desenvolvi-
mento desta doença. Isto propicia ao indivíduo um alto nível de
saúde, em que a dentição natural restabelece as integridades bu-
cal e geral do paciente, devolvendo ou mantendo a função e tam-
bém a estética.
O periodonto é a estrutura que determina a função e a longe-
vidade da dentição. Os fatores que determinam um tratamento
restaurador/ protético incluem estética, função e saúde periodon-
tal. São estes os três pilares sobre os quais se deve basear para se
realizar qualquer tratamento dentário. Desta maneira, para o diag-
nóstico e conseqüente tratamento da doença periodontal, depen-
de-se, sobretudo, dos conhecimentos básicos da estrutura ana-
tomofisiológica do periodonto e dos diferentes dentes. A par dis-
to, é fundamental considerar que o fator local determinante da
doença periodontal está representado pelos microrganismos. Es-
tes microrganismos, sobretudo quando sob a forma de placa bac-
teri'ana, buscam sua melhor sobrevida em áreas anatomicamente
retentivas. Embora a placa bacteriana seja formada até em superfí-
cies lisas, as áreas de retenção, em especial as furcas expostas,
tornam-se pontos de difícil remoção desta placa. Assim, concei-
tualmente, as forcas podem ser entendidas como áreas que facili-
tam o depósito de microrganismos e, por outro lado, dificultam a
remoção destes, sendo bem caracterizados como fa tor etiológico
predisponente anatômico.
Devido a esta anatomia predisponente, os molares (Fig. 5.1)
são os dentes mais freqüentemente perdidos.28•4º Sem dúvida al-
guma, as furcas dificultam o tratamento periodontal e as medi-
das de controle da placa bacteriana. O conhecimento da anatomia
radicular faz-se necessário para se realizar um prognóstico preci-
so e, conseqüentemente, um p lano de tratamento eficaz para den-
104 CIRURGIA P ERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
tes com lesão na furca. Vale lembrar, ainda, que a maioria das
perdas de molares ocorre por doença cárie, porém, quando existe
doença periodontal severa, as perdas entre dentes uni e multirra-
diculares são muito semelhantes.46
A presença de um dente molar na cavidade bucal é de impor-
tância ímpar. pois significa a diferença entre a indicação de uma
prótese parcial fixa ou removível. Pode haver interferência na lon-
gevidade da dentição, se por venhtra ocorrer a perda dos mola-
res, devido ao envolvimento dos dentes anteriores no restabele-
cimento protético.
O tratamento de lesões na furca tem sido um dos maiores de-
safios da terapêutica periodontal. Num acompanhamento de 15
anos, a superioridade do tratamento por meio de cirurgias ósseas
ficou evidente, mostrando a perda de 10% dos dentes, comparan-
do com o grupo controle, em que esta perda foi superior a 25%.40
Diferenças nos resultados dos tratamentos podem ser observa-
dos entre os molares e os demais dentes da cavidade bucal; furcas
de molares respondem menos favoravelmente à raspagem e ali-
samenlo radicular e propiciam um risco maior para a progressão
da doença periodontal. A resposta limitada das furcas dos mola-
res à raspagem e alisamento radicular pode estar relacionada à
anatomia da área. Em geral, parece que bolsas adjacentes às furcas
possuem maior probabilidade de fracasso ao tratamento com o
passar do tempo, e isto está fortemente relacionado ao acesso li-
mitado.37·43 Segundo Lindhe,36 a eliminação de bolsa periodontal
e obtenção de uma morfologia, nas áreas de furca, que facilite as
medidas de autocontrole da placa bacteriana, requerem medjdas
terapêuticas elaboradas, pois a perda progressiva da inserção e a
reabsorção óssea nestas áreas, avançam tanto em direção apical,
como também em direção horizontal entre as raízes.
Dada a importância estratégica dos molares, tanto os superio-
res quanto os inferiores, e tendo em conta que a perda destes reflete
na recomposição protética, é importante a interceptação, o mais
precoce possível, das lesões nas turcas. Assim, é objetivo deste
capítulo discutir o diagnóstico e as diversas possibilidades tera-
pêuticas para a recuperação do dente e seu respectivo periodonto.
ANATOMIA
Radicular
O conhecimento detalhado da morfologia das raízes dos den-
tes multirradiculares toma-se um pré-requisito básico para inter-
pretar os dados obtidos pela sondagem clínica e pelo exame ra-
diográfico.
O termo interfurca é usado para descrever a área entre três ou
mais raízes anatomicamente divididas na sua base (Fig. 5.2). O
termo bifurcação significa a área de encontro de duas ou mais raí-
zes, ocorre geralmente em molares inferiores (vestibular e lingual)
e pré-molares superiores (mesial e distal). Trifurcação refere-se à
CAPÍTULO 5- TRATAMENTO DAS LESÕES NA FURCA 105
Fig. 5.3
Fig. 5.4
Fig. 5.5
Fig. 5.9
Fig. 5.10
Fig. 5.lOA
Endodôntica
Em algumas situações, há um descompasso: a radiografia acu-
sa presença de lesão na furca por meio de imagem radiolúcída,
porém clinicamente é impossível detectar qualquer tipo de lesão
periodor:ltaJ. O fato se explica pela possibilidade de haver uma
intercomunicação endodôntica-periodontal por meio da presen-
ça dos chamados forames pulpares, ou canais acessórios como
querem alguns (Fig. 5.13). Cahn14 foi um dos primeiros a descre-
ver a presença de canais acessórios, demonstrando, histologica-
mente, áreas de inflamação crônica na polpa adjacente aos canais
acessórios de raízes dentárias com periodontite. Além do proble-
ma com os canais laterais, têm-se, ainda, os túbulos dentinários
que, expostos após a raspagem dentária, podem levar produtos
tóxicos bacterianos da cavidade bucal para a polpa dentária. Em
sua pesquisa, o autor concluiu que a presença de concavidades
radiculares bem como a remoção parcial do cemento, que absor-
ve e contém toxinas bacterianas, facilitam a retenção de produ-
tos. Substâncias radiopacas injetadas sob pressão em dentes re-
movidos demonstraram canais acessórios na região de furca em
CAPÍTULO 5 -TRATAMENTO DAS L ESÕES NA FURCA 109
DIAGNÓSTICO
De origem periodontal
A periodontite envolve os tecidos periodontais de suporte. A
perda de inserção por placa bacteriana na região de furca, quan-
do ocorre concomitantemente à bolsa periodontal, caracteriza a
chamada lesão na furca. Como as bolsas periodontais não tratadas
tendem a sofrer um processo de evolução, também as lesões nas
CAPÍTULO 5- TRATAMENTO DAS LESôES NA FVRCA 111
De origem endodôntica
Doenças pulpares em dentes multirradiculares podem levar à
invasão na furca. Canais acessórios muito freqüentemente se es-
tend~m para a região, propiciando o acesso de produtos de necrose
pulpar a esta área, causando lesão inflamatória no osso inter-ra-
dicular, com ou sem envolvimento peria pica l. Clinicamente, pode-
se relacionar uma lesão na furca com uma origem endodôntica
por meio do teste de vitalidade pulpar negativo, combinado com
sensibilidade à percussão e aumento da mobilidade dentária. Es-
tudos clínicos e experimentos com animais têm mostrado que a
destruição dos ossos inter-radicular e proximal causada por doen-
ça pulp-lr é reversível após o tratamento endodôntico. A destrui-
ção óssea de origem endodôntica pode ocorrer no osso marginal
pelos canais laterais situados na área de furca, sem nenhuma doen-
ça periapical.48,so,s9 Se, após o tratamento endodôntico, a lesão per-
sistir, está indicado o tratamento periodontal. Provavelmente,
neste caso, trata-se de urna lesão endodôntica-periodontal verda-
deira., caracterizada por lesão endodôntica e periodontal conjun-
ta. Neste caso, não há desaparecimento clínico da bolsa perio-
dontal, exigindo-se, portanto, algum tipo de tratamento, inclusi-
ve cirúrgico.
De origem oclusal
Dentru da área inter-radicular de denk multirradicular, u trau-
ma oclusal é caracterizado, histologicamente, por mudanças vas-
culares que levam a remodelação do espaço do ligamento perio-
dontal e desmineralização óssea. A radioluscência no espaço inter-
radicular e o aumento da mobilidade dentária sem sondagem da
fu rca são sinais típicos. A força oclusal excessiva aplicada aos den-
tes bi ou tri-radiculares é o agente etiológico. Forças oclusais ex-
cessivas em de~tes com bolsas que chegam até bi ou trifurcações
112 CIRURGIA PER1000NTAL - PRÉ-PROTÉTICA E EsrÉT1CA
De origem combinada
A doenças periodontais e pulpares podem ocorrer indepen-
dente ou simultaneamente no mesmo dente. A lesão endodôntica
pode progredir para estabelecer uma comunicação com a cavida-
de bucal por sua extensão coronária ao longo do ligamento pe-
riodontal e por meio do sulco gengival ou bolsa periodontal na
área inter-radkular. A união das lesões endodôntica e periodontal
pode ser clinicamente indistinguível. O prognóstico de um ele-
mento dentário em que a furca apresenta-se com lesão pulpar e
periodontal combinada depende da extensão do componente pe-
riodontal no envolvimento. A terapêutica endodôntica deverá,
então, ser realizada prioritariamente, aguardando-se sua total re-
solução. O defeito periodontal deve ser reexaminado para se de-
terminar a severidade e o grau do envolvimento, quando, então,
a real terapêutica da lesão na furca será realizada.
CAPÍTULO 5- TRATAMENTO DAS LESÕES NA FURCA 113
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Fig. 5.14 Representação esquemática das lesões nas furcas dos molares inferiores: A. N ormal; B. Grau I; C. Grau
II; D. Grau III.
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Fig. 5.15 Representação esquemática das lesões nas furcas dos molares superiores: A. Normal; B. Grau I; C.
Grau II; D. Grau m.
Cirurgia periodontal
Na maioria dos casos, a decisão por procedimentos cirúrgicos
é a atitude mais segura para a preservação total ou parcial dos
dentes portadores de lesão na furca. Com o advento da regenera-
ção tecidual guiada, o prognóstico para as lesões na furca Grau II
e mesmo Grau III se tornou bem melhor. Resguardadas as contra-
indicações para estes procedimentos regenerativos, outras alterna-
tivas são classicamente descritas sob a denominação de cirurgia
ressectiva. Estão incluídas neste tópico diversas condutas, de mais
conservadoras a mais radicais: cirurgias periodontais a retalho,
seguidas ou não de osteotomia/ osteoplastia e odontoplastia; tune-
lização; hemissecções (pré-molarização); radilectomia associada
ou não a tunelização e até mesmo a exodontia.
118 CrRURClA PERJOOONTAL - PRÉ-PROTÊTICA E ESTÉTICA
Tunelização
Não resta dúvida de que, na impossibilidade clínica, biológi-
ca ou econômica de se realizar a regeneração tecidual guiada, a
opção mais conservadora é a tunelização, sobretudo quando a
integridade da coroa dentária se faz presente, mesmo havendo
algum tipo de restauração. A tunelização pode ser indicada para
casos de Grau II avançado e Grau III, em particular para os mola-
res inferiores. Nos molares superiores, a tunelização quase sem-
pre está associada à radilectomia concomitante. Raramente ocor-
re possibilidade de tunelização nas três furcas, ocorrendo apenas
quando o dente está isolado por mesial e distal. É um procedi-
mento que envolve toda a área da furca; em outras palavras, é a
exposição clínica da região para que o paciente consiga uma cor-
reta higienização desta área.
Técnica
Afastam-se os tecidos moles com retalho de espessura total
(Figs. 5.16 a 5.27), tanto pela face vestibular quanto pela lingual
do dente em questão; raspagem e alisamento das superfícies
radiculares são indicados, e um recontorno da crista óssea pode
ser necessário (osteotomia e osteoplastia). O planejamento incor-
reto de uma tunelização leva a uma reparação cuja anatomia im-
pede ou dificulta (Figs. 5.28 e 5.29) a higienização na área. Isto é
fundamental, já que é importante criar espaço suficiente para o
livre trânsito de uma escova interdentária. O retalho é repo-
sicionado no nível da crista óssea alveolar e imobilizado por meio
de suhtras interdentárias e inter-radiculares. Durante o período
de reparação, pode-se indicar o uso do cimento cirúrgico, evitan-
do, assim, o excesso de tecido de granulação entre as raízes. Deve-
se conscientizar o paciente, motivando-o a realizar um controle
de placa bacteriana rigoroso, pois após a exposição clínica da furca,
há um risco muito alto de surgimento de um processo carioso. A
escova interdentária é o instrumento de eleição para se realizar
uma higienização correta. A indicação de bochechos com fluoretos
é tambéi:n uma medida preventiva contra a cárie dentária. A reco-
mendação clássica é a utilização diária noturna de solução aquo-
sa de fluoreto de sódio a 0,05%, sob forma de bochechos. A cria-
ção de túneis em dentes vitalizados é uma ameaça, pois favore-
cem o surgimento de lesões de cáries nas furcas expostas, poden-
do haver pulpopatia subseqüente, e retenção de placa bacteriana
nas concavidades das furcas ou nas suas irregularidades, o que
leva a uma perda óssea periodontal progressiva. 25•26•27.5 1 Este trata-
mento é, portanto, restrito aos casos em que as raízes apresen-
tam-se divergentes para favorecer um bom controle de placa bac-
teriana por meio de escovas interproximais, fios próprios ou esco-
vas unitufo. 23 Isto ocorre com mais freqüência nos primeiros mola-
res inferiores; nos segundo molares, há maior dificuldade em se
obter o controle da placa bacteriana, porém ainda é a melhor op-
ção (Figs. 5.30 a 5.38).
CAPÍTULO 5 - TRATAMENTO DAS L ESÕES NA fURCA 119
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Fig. 5.20 Fig. 5.21
Fig. 5.22 Sutura vestibular.
Fig. 5.23 Sutura lingual.
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~~·. ..·•... · . . Procedimentos ressectivos
•• · ·f ., --~'~-·_
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-. Em todo o tratamento de furca deve-se realizar raspagem
-·~ e alisamento dentário. A osteoplastia, e por vezes a osteoto-
,. ·. .
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·... rnia, pode ser necessária nos casos de envolvimento na furca
Grau I avançado e Grau II em estágio inicial. Consiste na re-
alização de um retalho de espessura total para obter acesso
-- ,./,1' I •· ,i_ , • .~.• adequado à área da lesão para que se proceda ao preparo
,,.,· . __..;" radicular adequado. Em seguida, pode-se realizar o tratamento
ósseo (osteotornia/osteoplastia) e dentário (odontoplastia).
Fig. 5.26 Robinson53 foi quem realizou as primeiras tentativas de trata-
mento de defeitos ósseos por meio de osteoplastia e osteoto-
rnia. O glossário de termos da AAP63 sugere as seguintes defi-
nições: osteotomia - remoção do osso alveolar de suporte, ou
seja, da lâmina cribiforme, que recebe as fibras do ligamento
periodontal; osteoplastia - remoção do osso alveolar, sem o
osso de suporte; odontoplastia - remoção de estrutura dentá-
ria, em especial do esmalte irregular (pérola de esmalte).
Na invasão de furca Grau I, realizam-se osteotornia e os-
teoplastia (Figs. 5.39 a 5.41), na tentativa de facilitar a higieni-
zação local. Esta terapêutica é usada quando o defeito ósseo
Fig. 5.27
é mínimo ou inexistente. Em caso de bolsa intra-óssea profun-
da em furca de difícil acesso, realiza-se osteoplastia na pare-
de alveolar, facilitando o acesso à área e permitindo o tra-
tamento radicular. É viável também a realização de enxerto
ósseo autógeno (de fonte intrabucal), em casos bem seleciona-
dos, que preenche, em média, 50% do defeito. Após um ano,
pode haver a necessidade de um novo remodelamento ós-
seo na região para melhorar a anatomia, a fim de que a higiene
bucal seja ainda mais eficaz.54
Osteoplastia, odontoplastia e deslocamento apical do reta-
Fig. 5.28 lho foram os meios utilizados por Prichard49 para os casos
de invasão de Grau I mais avançada (Figs. 5.42 a 5.45). A
osteoplastia foi preferida por melhorar o contorno ósseo ao
redor da furca. Isto foi necessário, já que o osso reabsorvido
na região de furca tornou-se um defeito permanente. O osso
inter-radicular não deve ser removido para não diminuir o
suporte ósseo do dente. Grant et al. 23 relataram que é neces-
sário trabalhar o osso da região da furca para melhorar o
acesso para o controle de p laca bacteriana. Destacaram que
a osteoplastia melhora o acesso à lesão na furca, da seguinte
maneira:
Fig. 5.29
> criando rampas ósseas que se adentrem a região de furcas,
deixando que a gengiva prenda-se às cavidades do dente;
Fig. 5.26 Reparação após duas semanas > removendo a borda do defeito ósseo, reduzindo a profun-
(face vestibular). didade horizontal do comprometimento;
Fig. 5.27 Utilização da escova interpro-
ximal. >- diminuindo a profundidade da bolsa, permitindo uma
Fig. 5.28 Tunelização incorreta no dente adaptação apical do retalho.
46 (ver Fig. 5.29).
Fig . 5.29 Dente 46 Grau III favorável à tu-
ne]ização.
CAPÍTULO 5- TRATAMENTO DAS LESÕES NA FURCA 121
Fig. 5.38
122 CtRURGIA PERJOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 5.42
Fig. 5.43
Fig. 5.44
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Fig. 5.71
Fig. 5.95
CAPÍTULO 5 -TRATAMENTO DAS LESÕES NA FURCA 131
FRESAS DIAMANTAI
PONT ~ ~ló ~ NTAI
ISO aot.311.111.524.0 11
RPM MAX.: 450.000
F11b. 08/00 Vai :08/03
Lote 10(00
MS 1043457002
(€ ~
Fig. 5.123 Fig. 5.124
Fig. 5.125
Fig. 5.U6
Fig. 5.127
Dentes unirradiculares
Embora não hajam furcas, podem ser objeto de radi-
lectomia, quando fizerem parte de uma prótese fixa ou,
em situação de mobilidade extrema, tiverem sido conde-
nados. Uma ferulização prévia, seguida da radilectomia,
poderá permitir resultado com prognóstico excelen-
te, evitando-se assim atitudes protéticas mais muti-
B ladoras, mantendo assim as características coroná-
rias próprias do paciente (Figs. 5.166 a 5.176).
Prognóstico
e
138 CrRVRGIA PERIOOONTAL- PRÉ-PROTÉHCA E E STÉTICA
.• 1
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,. . C'. '·!
Fig. 5.158
CAPÍTULO 5- TRATAMENTO DAS LESóES NA FURCA 141
Fig. 5.165
142 CIRURGIA P ERIOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Procedimentos regenerativos
A regeneração tecidual guiada tem sua indicação especialmen-
te no tratamento das lesões na furca Grau Il.5,12.39,66,69 Em Grau III,
os resultados não são previsíveis.13,33 Maiores detalhes são discu-
tidos no capítulo 7.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fig. 5.177 Perda de dente com raiz
amputada. Esforços para melhorar o prognóstico do dente com lesão na
furca têm sido realizados usando diferentes modalidades de pro-
cedimentos reconstrutivos. História dentária e médica comple-
tas, avaliações radiográficas e clínicas minuciosas, incluindo ra-
diografias periapicais e modelos de estudo, devem conduzir ao
diagnóstico e ao prognóstico para os dentes. O sucesso do trata-
mento depende de vários aspectos, que devem ser cuidadosa-
mente observados e considerados, tais como:
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Capítulo 6 Cirurgia
Mucogengival
INTRODUÇÃO
O termo cirurgia mucogengival foi introduzido na literatura
periodontal nos anos 50, e definido como sendo procedimentos
cirúrgicos destinados a preservar gengiva, remover frênulos ou
inserções musculares anômalas e aumentar a profundidade do
veshbulo. 34 A Academia Americana de Periodontologia (AAP)99
define cirurgia mucogengival como "procedimentos periodontais
cirúrgicos destinados a corrigir defeitos na morfologia, posição
e/ou quantidade de gengiva ao redor do dente." AAAP98 sugere
ainda que o termo cirurgia plástica periodontal pode ser mais apro-
priado, pois a cirurgia mucogengival tem ido além dos tratamentos
tradicionais de problemas associados à quantidade de gengiva e
tipos de retração para, também, incluir correções da forma do re-
bordo e da estética dos tecidos moles assim como correções do cha-
mado sorriso gengival, assimetria gengival e pigmentações ou des-
colorações da gengiva. No mesmo trabalho faz as seguintes defi-
nições:
RETRAÇÕES GENGIVAIS
Fig. 6.1 A
Fig. 6.1 A Periodonto de proteção: gengivas marginal, inserida, papilar, e mucosa alveolar.
Fig. 6.1 B Detalhe anatômico das gengivas marginal e inserida.
Fig. 6.1 C Imagem radiográfica do periodonto de sustentação.
Etiologia
Antes de se procurar recursos cirúrgicos para a cobertura da
raiz exposta, é importante determinar a causa desta ocorrência.
De acordo com Joshipura et al.,49 as retrações gengivais em den-
tes anteriores são quase sempre devidas à escovação dentária exa-
gerada. É fato comprovado que pacientes destros têm mais
retração no hemiarco superior esquerdo.30 Há outros aspectos a
serem pesquisados como presença de frênulos, inserções muscu-
lares, utilização anterior de aparelho ortodôntico e há até quem
acredite em interferências oclusais (abfração). O tratamento deve
ser cirúrgico, quando a previsibilidade de bom resultado assim o
permitir. A classificação de Miller,61 em 1985, baseada em seus
resultados de recobrimento radicular, permite antever resultados
melhores ou piores. A técnica cirúrgica de melhores resultados
estéticos é a do deslocamento lateral, cujos fundamentos técnicos
foram descritos por Grupe e Warren,39 em 1956. O tecido gengival
"doador" é exatamente igual ao da área receptora, o que dá tona-
lidade de cor precisa, além da uniformidade anatômica. Na ordem
de outras opções, têm-se enxertos de tecido conjuntivo subepitelial,
enxertos gengivais livres, regeneração tecidual guiada e, mais re-
centemente, enxerto alodérmico que pode ser utilizado em substi-
tuição à área doadora, geralmente obtida do palato duro. As re-
trações gengivais são uma característica comum em populações
com um alto padrão de higiene bucal, assim como em popula-
ções com higiene bucal deficiente.80•92
Allen6 e a AAP98 dividem os fatores etiológicos das retrações
gengivais em determinantes e predisponentes: fatores determinan-
tes - relacionam-se com a higiene bucal, quer pela sua ausência (o
que provoca a doença periodontal inflamatória), quer pelo seu
excesso e vigor (o chamado trauma de escovação); fatores predis-
CAPÍTULO 6 - CIRURGIA M UCOCENGIVAL 153
Fig. 6.3 A Exostose em área de gengiva inserida. Fig. 6.3 B Detalhe de exostose próxnna do frênulo
labial inferior.
Fig. 6.4 A Linha mucogengival em vestíbulo raso. Fig. 6.4 B Linha mucogengival em vesbbulo amplo.
154 CIRURGIA P ERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Classificação
Várias classificações de retrações gengivais têm sido propos-
tas; entre elas a de Sullivan e Atkins,95 que fazem uma divisão das
retrações em quatro categorias morfológicas:
Figs. 6.5 Retrações gen givais - A. Classes I e II; B. Classe ill; C. Classe IV.
156 C IRURGIA P ERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
FRÊNULOS E BRIDAS
Os frênulos desempenham um papel importante no desenca-
deamento das retrações gengivais. Na verdade, não exercem in-
fluência direta. Podem ser considerados fatores predisponentes,
já que a sua presença próxima da gengiva marginal ou com inser-
ção profunda na papila gengival permite a persistência da infla-
mação gengival por dificultar a higiene bucal (Figs. 6.10 A e B).
Os frênulos são três: os labiais superior e inferior e o lingual. As
bridas são estruturas semelhantes que se situam lateralmente aos
frênulos e se localizam em qualquer dente, em especial nas pro-
ximidades de incisivos, caninos e pré-molares, que, juntamente
com os frênulos, podem ser responsáveis por alterações nas mar-
gens gengivais55 (Figs. 6.11 A e B). Quanto ao aspecto histológico,
os frênulos e bridas são constituídos basicamente por três planos:
> simples;
> simples com apêndice;
> simples com nódulo;
> bífido;
> com nicho;
> tetolabial persistente;
> duplo e
> coincidência de duas ou mais variações (Figs. 6.13 A a H).
Fig. 6.lOA
..
1 ..
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V -
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1
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Fig. 6.ltA
Fig. 6.UA
Fig. 6.l3E
Fig. 6.13F
Fig. 6.13G
Fig. 6.14 Frênulo com inserção mucosa. Fig. 6.15 Frênulo com inserção gengival.
Fig. 6.16 Frênulo com inserção papilar. Fig. 6.17 Frênulo com inserção penetrante na papila.
A B e
Fig. 6.18 Representação esquemática do retalho de espessura parcial.
A B e
Fig. 6.19 Representação esquemática da sutura visando o deslocamento para apical do retalho de espessura par-
cial.
162 CIRURGIA P ERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Indicações
> Melhora das condições estéticas.
> Recomposição da gengiva inserida.
> Redução da sensibilidade radicular.
Contra-indicações
>- Tratamento de retrações múltiplas.
>- Limitações anatômicas, como, por exemplo, veshbulo raso.
>- Dimensões inadequadas de gengiva lateral à retração.
>- Má higiene bucal e não-retomo para terapêutica de manutenção.
> Retrações muito largas com proeminência radicular.
CAPfTULO 6- CIRURGIA M ucOCENGJVAL 163
Técnica
Para melhor entender a técnica clássica do deslocamento late-
ral do retalho, visando o recobrimento radicular ou como conse-
qüência, aumentando ou criando gengiva inserida, será descrita
passo a passo (Figs. 6.25 A a D e 6.26 a 6.38) como segue:
Reparação
Wilderrnan e Wentz 1º7
afirmaram que, após 3 meses de
reparação, cerca de 50% da inserção
das raízes cobertas cirurgicamente era
Fig. 6.25 D. Sutura do retalho deslocado lateralmente. formada por epitélio juncional longo e os ou-
tros 50% eram de nova inserção conjuntiva produzi-
da por células oriundas do ligamento periodontal apical à retração.
No mesmo trabalho,1 07 notaram não haver diferença estatistica-
mente significativa no recobrimento de raízes expostas com o uso
de condicionamento com ácido cítrico. Em direção oposta,
Woodyard et al. 108 mostraram que, apesar de a aplicação do ácido
cítrico não resultar em maior recobrimento da raiz condicionada,
ocorre aumento significativo de nova inserção conjuntiva.
i •. . ·"/ \ ~ .
Fig. 6.28 Fig. 6.29
Fig. 6.48
Fig. 6.49
Fig. 6.50
Fig. 6.51
CAPITULO 6- CIRURGIA MucOGENGIVAL 171
Uma cobertura rad icular total foi obtida em 84% dos casos,
com uma média de cobertura igual a 3,18 mm.
172 0RURG1A P ER1000NTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
J
CAPÍTULO 6- CIRURGIA MucOGENGIVAL 173
Fig. 6.56
Fig. 6.57
Fig. 6.58
Fig. 6.59
Fig. 6.60
Fig. 6.61
174 CIRURGIA P ERJOOONTAL - PRÉ-PROTÉTlCA E ESfÉTICA
Retalho semilunar
Torna-se uma alternativa viável quando somente retrações ra-
sas estão presentes (Figs. 6.65 a 6.70). Descrito originalmente por
Harlan,42 em 1907, reapareceu na literatura em 1980 com Tarnow,96
que descreveu a seguinte técnica:
Indicações
> impossibilidade clínica de um deslocamento lateral de retalho;
> retrações gengivais isoladas e largas;
> retrações múltiplas;
> abrasão radicular pequena;
> sensibilidade dentinária;
> comprometimento estético.
Vantagens
> melhor cobertura radicular;
> a cor do enxerto toma-se semelhante à dos tecidos adjacentes;
> melhor padrão de reparação, tanto na área doadora quanto na área receptora;
> melhor nutrição sangüínea do enxerto - tanto do tecido conjuntivo-periósteo
subjacente quanto do retalho que o cobre.
CAPÍTULO 6- ClRURG!A M uCOGENGIVAL 175
Contra-indicações
> área doadora com pouca espessura: a alternativa, neste caso, é a substituição
por matriz dérmica acelular, que se tem mostrado eficiente para cobertura
radicular44 e
> má higiene bucal e não colaboração do paciente ao tratamento.
Técnica
Tendo em vista diferentes maneiras de se executar, tanto o
preparo do leito receptor como a obtenção na área doadora do
enxerto de tecido conjuntivo a ser adaptado no nível subepitelial,
apresentamos um caso clássico da técnica (Figs. 6.78 a 6.87).
Preparo da área receptora: retalho dividido com duas incisões
oblíquas (relaxantes), cuja distância à retração deve ser de Vz a 1
vez a mais que a dimensão mesiodistal da coroa. A margem coro-
nária do retalho é iniciada com uma incisão sulcular para preser-
var toda a gengiva existente. Esta deve continuar horizontalmen-
te até as incisões verticais, preservando a papila, distando mais
ou menos 2 mm do seu vértice. Um cuidado especial deve ser
tomado para não haver perfuração do retalho, a fim de não com-
prometer o suprimento sangüíneo. Deixa-se, portanto, o tecido
conjuntivo e o periósteo cobrindo o osso. Pode haver a necessida-
de de se reduzir a convexidade da raiz com instrumento rotató-
rio. Raetzke74 propôs o retalho em envelope, que consta de reta-
lho dividido para deslocamento coronário onde não ulilizamos
relaxantes (Figs. 6.88 a 6.91).
Obtenção do enxerto: a melhor área doadora é a região palatina
entre os pré-molares e molares, sendo a ideal aquela entre os pré-
molares, por ser mais espessa. O tamanho do enxerto é determina-
do pela largura do dente a ser coberto.
Fig. 6.78 Retrações múltiplas no hemiarco inferior Fig. 6.79 Detalhe de retrações (Classe II) nos dentes
direito. 43, 44, 45 e 46.
Fig. 6.80 Radiografia da área. Fig. 6.81 Incisão horizontal visando o preparo do lei-
to receptor.
Fig. 6.82 Retalho dividido. Fig. 6.83 Obtenção do enxerto de tecido conjuntivo.
CAPÍTULO 6 - CIRURGIA MucOGENGfVAL 179
Reparação
Pode haver espessamento gengival na área, inclusive com for-
mação de uma depressão entre o enxerto e o leito, que pode dimi-
nuir com o tempo ou por meio da gengivoplastia, procedimento
este que normalmente o paciente rejeita, pois pre-
fere o espessamento à retração. Harris43 relata que
enxertos mais finos (de mais ou menos 1,0 mm)
podem reduzir o problema. Do ponto de vista
histológico, a reparação do tecido sobre a superfí-
cie radicular desnuda resulta em epitélio juncional lon-
go, até o limite da instrumentação da raiz. 71•100 Guiha et al.4
observam a reparação do enxerto subepitelial de tecido con-
juntivo dentro da seguinte seqüência: aos 7 dias, a revas-
cularização era abundante no ligamento periodontal e osso,
porém, nos locais onde o enxerto estava coberto pelo reta-
lho, a vascularização era total, o que não ocorria do lado ves-
tibular nas áreas descobertas; aos 14 dias, o enxerto se apre-
sentava totalmente vascularizado, sendo que em alguma área
hav ia coágulo remanescente, sugerindo falta de adaptação do
B
enxerto à superfície de periósteo; aos 28 dias, os plexos vascula-
res subepitelial, sulcular e supraperiosteal estavam completos;
Fig. 6.84 A. Representação es- aos 60 dias, a maturação vascular se completou com mínima
quemática do enxerto conjunti- formação óssea e cementária.
vo/epitélio e B. do conjuntivo/
periósteo / epitélio.
Estabilidade a longo prazo
Há um igual ganho de inserção clínica e recobrimento radicular
com este procedimento, após 12 meses de acompanhamento. É
necessário, no entanto, acompanhamento longitudinal para ava-
liar a estabilidade a longo prazo. 100 Diferentemente do desloca-
mento lateral do retalho, o resultado clínico está na dependência
do tempo. Há uma tendência de o resultado melhorar a longo
prazo; o recobrimento radicular pode não ser total, porém o ganho
de gengiva inserida é de previsibilidade excelente, podendo ha-
ver, eventualmente, até necessidade de gengivoplastia, já que por
vezes ocorre reparação com aspecto de hiperplasia. É nítida a
180 C IRURGIA P ERJOOONTAL - P RÉ- PROTÉTICA E E STÉTICA
to.
Fig. 6.95 Diferentes prof und idad es do pala
ora.
Fig. 6.96 Sutu ra reabsorvível na área doad
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rto de te-
Fig. 6.97 Posicionamento e sutu ra do enxe
cido conjuntivo.
vo par-
Fig. 6.98 Sutu ra de enxerto de tecido conj unti
cialmente exposto.
182 CIRURGIA P ERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Indicações
Contra-indicações
Técnica
:,
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-,~ -~ 4t .,
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'
Fig. 6.127 Fig. 6.128
Reparação
Os procedimentos de RTG podem: promover um recobrimento
radicular satisfatório, aumentar um pouco a quantidade de gen-
giva inserida, estender coronariamente uma nova inserção con-
juntiva com formação de novos cemento, osso e ligamento.69 Ama-
rante et al.8 compararam os resultados clínicos após o tratamento
de retrações gengivais localizadas com retalho deslocado corona-
riamente somente ou combinado com membrana bioabsorvível.
Os resultados demonstraram que a primeira técnica oferecia uma
abordagem simples, conveniente e previsível para o recobrimento
radicular em retrações Classes I e II de Miller. No entanto, a combi-
nação desta técnica com a colocação de membrana bioabsorvível
não demonstrou melhora clínica nos resultados após o tratamen-
to cirúrgico. Já Tatakis e Trombelli97 avaliaram o efeito dos procedi-
mentos de RTG em comparação com o enxerto subepitelial de
tecido conjuntivo para tratar retrações gengivais. Ambos os trata-
mentos reduziram significativamente os defeitos. O enxerto sub-
epitelial de tecido conjuntivo teve um resultado um pouco mais
favorável que a regeneração tecidual guiada, mas as diferenças
nas mensurações não foram estatisticamente significativas. Num
outro estudo semelhante, Rosetti et al.78 concluíram que as retra-
ções tratadas com enxerto subepitelial de tecido conjuntivo obtive-
ram mais cobertura radicular e maior aumento na quantidade de
tecido queratinizado, enquanto aquelas tratadas com regeneração
tecidual guiada demonstraram melhor redução de profundidade
de sondagem. Parece, portanto, que outras alternativas possam
substituir com vantagem a regeneração tecidual gtúada no campo
da cirurgia mucogengival, levando-se em consideração aspectos
econômicos e técnicos, já que no caso de membranas não-reab-
sorvíveis há necessidade de duas intervenções cirúrgicas.
Indicações
>- situações em que uma alteração na morfologia do complexo mucogengival
possa facilitar controle adequado de placa bacteriana e melhorar o conforto
do paciente (Figs. 6.129 e 6.132);
>- em reabilitações com prótese parcial fixa, quando há dimensões insuficientes
de gengiva e a margem do preparo precisa ser colocada próxima da borda
gengival (Figs. 6.136 a 6.139);
C APÍTULO 6- CIRURGIA M UCOGENGfVAL 189
Contra-indicações
>- condições estéticas e
>- má higiene bucal e não colaboração do paciente.
Considerações especiais
A quantidade de gengiva inserida não deve ser o único parâ-
metro para indicar um enxerto gengival livre. Alguns trabalhos58•64
baseavam-se na impressão clínica de que uma certa largura apico-
coronária de gengiva inserida era requerida para a manutenção
da saúde periodontal. No entanto, outros estudos28•29 mostraram
que faixas mínimas de gengiva ou até mesmo a própria mucosa
podem ser mantidas periodontalmente saudáveis e sem retração,
desde que a inflamação gengival e a escovação traumática este-
jam sob controle. Assim sendo, devemos, em nossa prática clíni-
ca diária, realizar um exame clínico rigoroso, marcando a exten-
são das retrações em milímetros e acompanhando-as (Figs. 6.141
e 6.142). Somente se houver uma progressão delas é que deve-
mos realizar a cirurgia. Em crianças em fase de crescimento, os
defeitos mucogengivais podem desaparecer espontaneamente,
desde que um controle adequado de placa bacteriana possa ser
estabelecido e mantido.10 Isto se dá pelo fato de que a faixa de
gengiva queratinizada tende a aumentar devido à idade e ao cres-
cimento do processo alveolar (Figs. 6.143 e 6.144). Desta maneira,
em alguns casos, estes defeitos mucogengivais devem ser acom-
panhados periodicamente. Outros estudos clínicos1 •11 dão supor-
te para o conceito de que uma mucosa mastigatória inexistente
ou estreita ao redor de implantes osseointegrados pode colocar
em risco a manutenção da saúde dos tecidos de suporte do im-
plante.
Técnica
Preparo do leito receptor - pode ser feito tanto a partir da linha
mucogengival (Figs. 6.130 e 6.133) quanto da margem gengival,
sendo que esta deve ter duas incisões relaxantes. O objetivo deste
passo é expor o tecido conjuntivo e o periósteo para a posterior
colocação do enxerto (Pigs. 6.145 A a C). Deve-se tomar cuidado
com estruturas anatômicas adjacentes - em especial o forame
mentoniano - e fazer a desinserção total de fibras elásticas e mus-
culares.23 Esta é a seqüência da técnica, e muito pouca mudança
houve desde a original.68 Há a opção de utilizar instrumentos ro-
tatórios abrasivos para auxiliar no preparo do leito receptor, nes-
tes casos exigindo sempre irrigação intensa com soro fisiológico
(Figs. 6.146 a 6.148).
192 ÜRURGIA P'ERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
e
194 ÜRURGIA PERIODONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
~
,,
,,
,,
Reparação
1ª dia - o enxerto é nutrido por difusão de fluidos, oriundos de
vasos do leito receptor, gengiva e mucosa alveolar adjacentes, que
promovem nutrição e hidratação essenciais ao enxerto recém-
transplantado: Há degeneração de alguns elementos do tecido
conjuntivo e substituição destes por um novo tecido de granu-
lação.36
2ª e 3ª dias - já ocorre o início da revascularização. Capilares do
leito receptor proliferam em direção ao interior do enxerto, for-
mando uma nova rede de capilares ou anastomosando-se com os
já existentes.18,48
4ª dia - ocorre degeneração gradativa do epitélio com necrose em
algumas áreas. Uma fina camada de novo epitélio, originado das
bordas do sítio receptor, substitui o tecido necrótico.67
Reparação total - os enxertos de espessura menor cicatrizam total-
mente em 10,5 semanas, enquanto os de espessura maior em 16
semanas ou mais.67
.'ff•...\,
·~- ... ' , , . ; !··
~
Fig. 6.163 Diminuta quantidade de
gengiva inserida.
Fig. 6.164 Pré-sutura na área
receptora.
Fig. 6.185 Reparação d a área receptora após uma se- Fig. 6.186 Reparação da área receptora após 12 dias.
mana.
Fig. 6.187 Reparação da área receptora após 45 dias. Fig. 6.188 Reparação da área receptora após 6 meses.
200 CIRURGIA P ERJOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Técnica
Segue passos semelhantes do preparo da área receptora para
o enxerto subepitelial de tecido conjuntivo (Figs. 6.199 a 6.213); o
enxerto gengival é aposto sobre a parede de tecido conjuntivo-
periósteo; a sutura deve ser reabsorvível e o retalho, suturado
coronariamente, recobrindo todo o enxerto. Parece-nos que este
procedimento permite melhor estabilização do enxerto, facilitan-
do seu processo de vascularização e reparação. O aspecto final é
o de enxerto gengival Livre, porém em áreas onde a técnica clás-
sica costuma ser de difícil aplicação, temos obtido melhores resul-
tados (Figs. 6.214 a 6.227).
Indicações
> problemas associados à restrição dos movimentos de lábio e língua;
> possibilitar o fechamento de diastemas entre os incisivos centrais superiores
por meio de tratamento ortodôntico;
CAPÍTULO 6- CrRURGIA MucOGENGIVAL 201
Fig. 6.190
Fig. 6.191
Fig. 6.192
Fig. 6.193
202 CIRURGIA P ERIODONTAL - P RÉ-PROTÉTTCA E ESTÉTICA
Fig. 6.195
Fig. 6.196
Fig. 6.197
Fig. 6.198
CAPÍTULO 6- CIRURGIA M ucOGENGIVAL 203
Fig. 6.200
Fig. 6.201
Fig. 6.202
Fig. 6.203
204 CIRURG1A P ERIODONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E Esrr::TrCA
Fig. 6.205
Fig. 6.206
Fig. 6.207
Fig. 6.208
CAPÍTULO 6- C rRURGIA M uCOCENGIYAL 205
~
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Fig.6.223
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Fig. 6.224
Fig.6.227
CAPÍTULO 6- CIRURGIA MuCOGENGNAL 207
Técnica
Frenulotomia (bridotomia) - é clássica a técnica para o deslocamen-
to apical dos frênulos e bridas. Podemos assim resumidamente
descrevê-la na seguinte seqüência:24
· ~·e· a..
\
.
Fig. 6.234
•• •
Fig. 6.235
Fig. 6.254
CAPÍTULO 6 - CIRURGIA MucOGENGfVAL 211
CORREÇÃO DE DEFORMIDADE
ALVEOLAR
Etiologia: de acordo com Seibert,86-88 a etiologia das
deformidades alveolares está relacionada a perdas
traumáticas ou acidentais do dente, perda óssea
periodontal e complicações dos implantes dentários.
Tratamento
O ideal é o preventivo, que inclui o controle de doenças perio-
dontais (evitando perda óssea avançada), a prevenção de aciden-
tes e principalmente os cuidados durante as exodontias. Após
uma exodontia sem problemas, inicialmente é formado um coá-
. gulo que preenche todo alvéolo residual e, após 7 dias, é substi-
tuído por tecido de granulação; a epitelização e a formação de
tecido conjuntivo jovem ocorrem por volta do quarto dia e o teci-
do osteóide é formado na base no sétimo dia; após 28 dias, dois
terços do alvéolo está preenchido por osso.9 Nos locais em que as
exodontias estão indicadas, várias opções de biomateriais para
preenchimento de alvéolo e rebordo têm sido recomendadas12•19•20
em conjunto com membranas. Estes estudos mostram que todos
os materiais utilizados podem proporcionar tanto o preen-
chimento de alvéolo com finalidade protética, como também a
colocação de implantes sem problemas. Schwartz-arad e Chau-
shu85 apresentaram um trabalho de 7 anos de observação de im-
plantes colocados logo após exodontias utilizando osso autógeno
212 CIRURGIA P ERJODONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 6.258 Término da aplicação do raio laser. Fig. 6.259 Reparação após 15 dias.
C APÍTULO 6- CIRURGIA M UCOGENGIVAL 213
Fig. 6.261
Fig. 6.262
Fig. 6.263
Fig. 6.264
214 CIRURGIA P ERIOOONTAL- P RÉ-PROTÉTICA E E STÉTICA
Fig. 6.266
Fig. 6.267
Fig. 6.268
Fig. 6.269
CAPÍTULO 6- ÜRVRGlA MucOCENGlVAL 215
Fig. 6.270
Fig. 6.271
Fig. 6.272
Fig. 6.273
Fig. 6.270
Fig. 6.271
Fig. 6.272
Fig. 6.273
Fig. 6.288
Fig. 6.299
ASSOCIAÇÃO DE TÉCNICAS
Fig. 6.300
Fig. 6.301
Fig. 6.319
Fig. 6.320
Fig. 6.321 1
... ... /
( ~~ .,,.. ~
"
Fig. 6.322
226 CrRURGlA PERJOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 6.324
Fig. 6.325
Fig. 6.326
Fig. 6.327
C A PÍTULO 6- CrRURGLA MuCOGENGIVAL 227
Fig. 6.334
Fig. 6.337
Fig. 6.338
Fig. 6.353
Fig. 6.359
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fig. 6.361
Fig. 6.360
Fig. 6.362
Fig. 6.360 Necrose superficial em área doadora de enxerto.
Fig. 6.361 Área de enxerto gengival livre.
Fig. 6.362 Hemorragia intensa após uma sem ana.
Fig. 6. 363 Coágulo removido (tecido de granulação?).
Fig. 6.364 Sutura de retenção para o cimen to cirúrgico.
Fig. 6.365 Colocação de cimento cirúrgico.
Fig. 6.366 Reparação após 30 d ias.
Fig. 6.363
Fig. 6.364
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234 CIRURGIA PERlODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
INTRODUÇÃO
A doença periodontal, à medida que evolui, leva à chamada
perda óssea, característica maior das periodontites. O termo perda
define bem, algo irrecuperável. Tradicionalmente se sabe que as
perdas ósseas horizontais de fato se mostram renitentes às tentati-
vas de neoformação óssea e não existe no momento perspectiva
de reversão de tal assertiva. Contudo, as perdas ósseas do tipo
vertical foram sempre objeto de melhores resultados, conseguin-
do-se, neste particular, alguma recuperação graças aos tratamen-
tos de enxertos ósseos ou congêneres. Mesmo assim, a literatura
tem demonstrado que para alguns tipos de perda óssea onde a
morfologia resultante é caracterizada como defeitos ósseos d.e uma.
parede, o prognóstico de neoformação é pobre, exigindo procedi-
mentos cirúrgicos ressectivos (vide Cap. 4). O prognóstico rege-
nerativo aumenta a partir dos defeitos ósseos de duas paredes.
Não resta dúvida que o grande sonho de recuperação perio-
dontal se assenta na neoformação in totum do tecido ósseo per-
dido. A grande interrogação era a de como seria possível indu-
zir os componentes do periodonto de sustentação a estimula-
rem a neoformação óssea. Tal fato começou a apresentar as
primeiras esperanças quando Bjõrn et aF. e Melcher48 e prin-
cipalmente Nyman et al. 50 propuseram à Periodontologia um
novo conceito: o da regeneração tecidual guiada. Por este, se
mecanicamente isolarmos o epitélio do ligamento perio-
dorttal, este se autoprolifera e dá origem a células proge-
nitoras do periodonto de sustentação. Este princípio per-
mitiu a criação de barreiras mecânicas denominadas
filtros ou m embranas. Esta barreira impede o teci-
do gengival de entrar em contato com a raiz du-
rante o período de reparação, dando preferên-
cia às células originadas do espaço do liga-
mento periodontal remanescente para
repopular o defeito ósseo. É o princí-
pio também chamado exclusão do epi-
télio,50 onde ocorre o processo bio-
lógico pelo qual a arquitetura
A e função das partes perdidas
podem ser restabelecidas
Fig. 7.1 A Representação esquemática de bolsa intra-óssea. (Figs. 7.1 A a C). Nessa
240 CIRURGIA l'ERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 7.3
Fig. 7.4
Fig. 7.5
Fig. 7.6
242 CrRURGIA P ERJOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
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Fig. 7.9 Tratamento endodôntico
(realizado pelo Prof. Dr. Reynaldo
R Collesi).
Fig. 7.10 Abordagem cirúrgica.
MEMBRANAS NÃO-ABSORVÍVEIS
As membranas não-absorvíveis foram as primeiras comercial-
mente desenvolvidas para a regeneração tecidual guiada. A mais
conhecida delas é constituída de politetrafluoretileno expandi-
do, sendo composta de duas partes: um colar, parcialmente oclu-
sivo, e uma base totalmente oclusiva. O colar facilita a adaptação
ao dente e é constituído de microfibras suaves, as quais propiciam
espaço para a formação de coágulo e penetração precoce de fi-
bras colágenas durante o período de reparação, impedindo assim
a proliferação epitelial sobre a superfície radicular. Já a base im-
pede qualquer contato entre as células gengivais e superfície ra-
CAPÍTULO 7- P ROCEDIMENTOS R EGENERATIVOS 245
MEMBRANAS ABSORVÍVEIS
Uma variedade de membranas absorvíveis é constantemente
usada em testes para segurança e eficácia quando lançamos mão
da regeneração tecidual guiada em Periodontia, tal como colágeno,
ácido poliglicólico, ácido polilático ou copolímeros destes mate-
riais.12,14·15·26·32·37·38·44.54-""9·63·67·68 A vantagem destas membranas é que
elas são absorvíveis e, conseqüentemente, não requerem um se-
gundo ato cirúrgico para a sua remoção. Evitando este passo, temos
não só um benefício para o paciente, mas também eliminamos qual-
quer tipo de trauma que possa ocorrer com o imaturo e recém-
regenerado tecido periodontal durante a remoção da membrana.
Dois fatores biológicos fundamentais precisam ser considera-
dos quando avaliamos a membrana absorvível ideal:
> efetiva exclusão do epitélio gengival e tecido conjuntivo para permitir a
repopulação da superfície radicular e áreas adjacentes ao alvéolo pelo liga-
mento periodontal e/ ou células do osso alveolar;
> resolução sem efeitos adversos no processo de reparação ao repor o tecido
conjuntivo.9
BIOMATERIAIS
Alguns autores estudaram a capacidade de vários materiais
de enxerto de melhorar os resultados clínicos com a regeneração
tecidual guiada. 2•4º.42,55•65•69 Vários biomateriais foram utilizados,
corno hidroxiapatita,40 osso liofilizado desrnineralizado,2•6 1 vidro
bioativo,7° sulfato de cálcio,52•57 fibronectina, 1•64 fatores de cresci-
mento e, mais recentemente, proteínas derivadas da matriz do
esmalte, tendo a amelogenina como a principal delas, constituin-
do 90% da matriz.27 Apesar de trabalhos recentes mostrarem o
potencial de formação óssea da amelogenina,27•34 ainda se tem co-
mo mais acertada a conclusão de que todos são materiais para
preenchimento, que permitem espaço para regeneração dos teci-
dos sob a membrana, podendo ser substituídos por membranas
com reforço de titânio. Wallace et al. 66 demonstraram que foi indi-
ferente o preenchimento ou não de osso homógeno associado à
membrana não-absorvível em observação feita até 6 meses de pós-
opera tório. Por outro lado, Lekovic et al. 40 demonstram que o
preenchimento de grau II de furca em molares inferiores, utili-
zando a hidroxiapatita, permitiu melhores resultados clínicos em
comparação apenas com o uso da membrana. É válido ressaltar
que estas duas pesquisas utilizaram membrana de politetrafluo-
retileno expandido, porém, sem reforço de titânio, o qual surgiu
posteriormente. Passanezi et al. 53 demonstraram clinica e histolo-
gicamente a potencialidade regenerativa de osso autógeno obti-
do de alvéolos, preconizando que, após 25 a 30 dias, estes se apre-
sentam preenchidos com material osteogênico em sua maior po-
tencialidade. Demonstram que o preenchimento dos defeitos ós-
seos periodontais ocorreu sem anquilose ou reabsorção radicular
e que estes impediram a migração do epitélio gengival. Desta
maneira, parece-nos que, clinicamente, podemos nos valer de tais
propriedades, associando o enxerto ósseo autógeno obtido de al-
véolos de extração indicadas com a aplicação dos princípios da
regeneração tecidual guiada (Figs. 7.104 a 7.105). Lekovic et al. 41
recomendam os diversos recursos de regeneração: osso bovino,
matriz de proteína de esmalte, condicionamento com ácido (EDTA
em carboximetilcelulose a 24%) e uso de membrana absorvível
par~ a melhor resolução dos defeitos intra-ósseos. Yukna et al. 70
demonstram resultados semelhantes quando utilizam osso
bioativo em comparação com membrana nas lesões na furca grau
II. É possível que, em alguns casos, possamos ter êxito com a uti-
lização pura e simples de material de preenchimento (Figs. 7.267
e 7.268).
TÉCNICA CIRÚRGICA
É necessário tratamento periodontal pré-cirúrgico, onde se
controle rigorosamente os fatores etiológicos da doença periodon-
tal. Raspagem e alisamento radicular devem ser executados an-
tes da cirurgia e o paciente deve atingir um ótimo nível de higie-
ne bucal, a fim de que todos os sinais clínicos de inflamação gen-
gival sejam controlados.
CAPITULO 7- PROCEDIMENTOS REGENERATIVOS 251
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Fig. 7.135 Fig. 7.136
Fig. 7.137 Múltiplas perdas ósseas
verticais.
Fig. 7.138 Enxerto ósseo liofilizado
desmineralizad o (homógeno).
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meses.
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Fig. 7.151 Fig. 7.152
CAPÍTULO 7- PROCEDIMENTOS REGENERATIVOS 265
Fig. 7.153 Drenagem de abs cesso periodontal agu- Fig. 7.154 Radiografia denunciando lesão periapical.
do.
Fig. 7.156 Aspecto clínico após 12 dias: membrana Fig. 7.157 Reparação após 9 meses.
em reabsorção.
Fig. 7.158 Recidiva de fístula de origem endodôntica Fig. 7.159 Reparação óssea após 5 anos.
após 5 anos.
Considerações cirúrgicas
> Mantenha o campo esterilizado durante todo o processo.
> Prepare retalhos com espessura total.
> Conserve as papilas interdentais.
> Proceda à excisão do epitélio da bolsa.
> Remova totalmente o cálculo dentário, alise bem a superfície da raiz e retire o
tecido de granulação do defeito ósseo.
> Minimize a contaminação salivar para o material e local cirúrgico.
> Cubra totalmente a área do defeito com o material. Corte o material, se for
necessário, de forma a cobrir completamente o defeito.
> O material deve ultrapassar 2 a 3 mm além das margens do defeito.
> Preserve um espaço sob o material.
> Para as membranas não-absorvíveis com reforço de titânio, recorte-a para
melhor adaptação ao defeito, mantendo a lâmina de titânio distante pelo
menos 1 mm da borda da m embrana.
> Adapte as margens do material ao osso alveolar.
> Estabilize o material
> Faça todos os esforços para obter uma aproximação do tecido mole sobre o
material.
Pós-operatório
> Tal como ocorre em qualquer procedimento cirúrgico bucal, é importante um
plano cuidadoso para um bom pós-operatório e uma boa reparação, devendo
incluir:
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Fig. 7.163 Fig. 7.164
Fig. 7.165 Membrana XTI-1 (Gore-
Tex®).
Fig. 7.166 Estabilização da
membrana.
Fig. 7.170
Fig. 7.176
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Fig. 7.207 Fig. 7.208 Fig. 7.209
Fig. 7.243
Fig. 7.244
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Fig. 7.257 Reparação após 100
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dias.
Fig. 7.258 Observar neoformação
óssea após 16 meses.
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282 CrRURGTA P ERJODONTAL - PRÉ-PROTÉTJCA E ESTÉTICA
Fig. 7.263
Fig. 7.271
a) Reparação RÁPIDA
e) Reparação RETARDADA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os procedimentos básicos continuam como fase fundamental
do tratamento periodontal, não devendo o paciente ser subme-
tido a tratamento cirúrgico sem a remissão dos sinais clínicos de
inflamação. Fica implícito o princípio de motivação rígida para o
controle de placa bacteriana: esta se comporta como a principal
inimiga da regeneração tecidual guiada, podendo precocemente
infectar a membrana e o tecido em neoformação.
De acordo com a literatura, a regeneração tecidual guiada é
bem indicada em lesões na furca de grau II e defeitos ósseos de
três e duas paredes. Fatores outros devem ser considerados para
o êxito da cirurgia: o paciente deve estar em boas condições sis-
têmicas; a nicotina tem um papel prejudicial já que, induzindo à
vasoconstrição, prejudica sobremaneira o processo de reparação
(Figs. 7.272 a 7.288). Além disso, não deve haver nenhum tipo de
infecção endodôntica no dente alvo; não deve haver interferên-
cia oclusal nem tampouco mobilidade acentuada, sendo que, nesta
circunstância, pode ser indicada uma contenção provisória.
Para finalizar, poderíamos assegurar pela nossa experiência
clínica, considerando a casuística de mais de 50 casos, 35 destes
sob constante acompanhamento, serem válidos os princípios téc-
nicos e biológicos da regeneração tecidual guiada. É possível que
a busca de outros recursos visando a recomposição do suporte
periodontal venha suplantar os que ora temos utilizado. Mate-
riais para preenchimento para os defeitos ósseos, além de fatores
de crescimento que venham melhor induzir a regeneração, pare-
cem ser o sustentáculo de novas pesquisas. Estas, no entanto, ainda
não obtiveram suficiente respaldo clínico capaz de nos motivar
mudança em nossa conduta. O paciente necessita de soluções clí-
nicas com resultados mais previsíveis, o que ternos conseguido
com a regeneração tecidual guiada. Seus princípios são aplicá-
veis também na regeneração óssea e vem sendo considerado pre-
ventivamente úteis na preservação de alvéolos, impedindo as-
sim o colapso da tábua óssea vestibular após exodontia, que ca-
racterizam as deformidades alveolares, assunto a ser discutido
no capítulo 9.
286 CIRURGIA PERJOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
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Fig. 7.274 Fig. 7.275
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visando a tunelização.
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Fig. 7.284 Fig. 7.285
Fig. 7.286 Tunelização obtida.
Fig. 7.287 Higienização inter-radi-
cular.
Fig. 7.288
288 CIRURGIA P ERlODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
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1
"
Capítulo 8 Cirurgia Periodontal
Pré-protética
INTRODUÇÃO
Quando houver necessidade de restabelecimento das condi-
ções anatômicas ideais do órgão dentário, isto deverá ser realiza-
do de modo planejado e, dentro desse plano de tratamento, os
recursos da Periodontia, na maioria dos casos, empregados no
início do tratamento. A cirurgia de aumento de coroa clínica é um
dos procedimentos cirúrgicos periodontais mais utilizados den-
tro da prática periodontal. Quando utilizadas em dentes que per-
deram extensas porções de coroa por cáries ou fraturas, tais pro-
cedimentos simplificam o tratamento restaurador, à medida que
promovem a exposição de estrutura dentária suficiente para a
retenção e forma do dente, sem agredir os tecidos periodontais.
Embora necessária para muitos casos, é por vezes negligenciada
na Odontologia restauradora, com o propósito de diminuir os
custos e o tempo para a execução do tratamento reabilitador. Ou-
tras vezes, isto ocorre por puro desconhecimento dos conceitos
biológicos existentes entre a Periodontia e a Prótese. Indepen-
dentemente de qual seja o motivo, falhas na indicação do proce-
dimento de aumento de coroa clínica em locais em que são neces-
sários leva o profissional a forçar a colocação de uma restauração
onde não existe uma estrutura dentária mínima para a sua re-
construção. Isto toma todos os procedimentos clínicos e labo-
ratoriais mais difíceis, levando a resultados pouco compatíveis
com a saúde periodontal. Diante desses fatos, acreditamos ser ne-
cessário o conhecimento das estruturas periodontais e mais es-
pecificamente as estruturas dentogengivais para que possamos
obter, ao final do tratamento, condições de longevidade para as
restaurações, assim corno saúde para os tecidos periodontais.
O ESPAÇO BIOLÓGICO
)- reabsorções radiculares;
)- dentes curtos devido à erupção parcial da coroa anatômica.
Fig. 8.5
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
"'l""IIli""''1111111
12 13 14
Fig. 8.45 Representação esquemática de cirurgia (cunha interproximal). A. delimitação da área; B. angulação
das incisões convergen~es; C. angulação das incisões mesial e distal; D. tecido excisado; E. suturas simples.
308 CIRURGIA PERIODONTAL - P RÉ- PROTÉTICA E ESTÉTICA
.......,. ....,.
Fig. 8.69 Verificação do ponto de
fratura.
Fig. 8.70 Retalho sem incisão re- .,.,.._ ~
laxante.
Fig. 8.71 Osteotomia para obter
espaço biológico. . ,.. '
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Fig. 8.75
312 CIRURGIA PERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E EsrtnCA
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CAPÍTULO 8- CIRURGIA PERIODONTAL P RÉ-PROTÉTICA 315
Fig. 8.81
Fig. 8.85
Fig. 8.86
Fig. 8.82
Fig. 8.99
Fig. 8.100 Retalho dividido com
deslocamento apical.
Fig. 8.100
318 CIRURGIA PERIOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 8.101 Deformidade alveolar no dente 11. Fig. 8.102 Deformidade alveolar no 11dente (vista
odusal).
Fig. 8.103 Áreas doadoras suturadas. Fig. 8.104 Área receptora suturada.
CAPÍTULO 8- CrRURGIA P ERIOOONTAL PRÉ-PROTÉTICA 319
Fig. 8.105 Reparação após 10 dias. Fig. 8.106 Reparação após 10 dias (vista oclusal).
Fig. 8.107 Reparação após 2 meses (prótese realizada pela Dra. Lindalva Guittiérrez).
320 CLRURGIA P ERJOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E E STÉTICA
Fig. 8.108 Paciente portadora de periodontite (visão Fig. 8.109 Área de deformidade alveolar após o con-
indireta). trole dos fatores etiológicos e a substituição provisó-
ria da prótese.
CAPÍTULO 8- CIRURGIA PERJODONTAL P RÉ-PROTÉTICA 321
Fig. 8.132 Remoção das raízes: trepanação na raiz Fig. 8.133 Implante realizado pelos Drs. Edson Sinncs
mesial (2000). e Karina O.K.K. Gaieski (2001).
324 CIRURGIA PERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 8.146 Abscesso periodontal agudo no dente 47. Fig. 8.147 Radiografia sem lesão aparente.
Fig. 8.148 Abordagem cirúrgica: fratura vertical na Fig. 8.149 Hemissecção radicular.
raiz mesial.
326 ÜRURGlA P ERIODONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
EXTRUSÃO ORTODÔNTICA
Fig. 8.184
Fig. 8.186
Fig. 8.185
Fig. 8.188
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A indicação para o aumento ou exposição da coroa clínica do
dente depende de exigências protéticas, ortodônticas, estéticas e,
às vezes, endodônticas. O ideal, como foi discutido, é que o espa-
ço biológico seja, em média, de 3 mm; no entanto, há que se con-
siderar que, em determinadas circunstâncias clínicas, este valor
deva ser revisto. Assim, nos casos em que haja necessidade de
mais exposição da coroa clínica com finalidade estética (sorriso
gengival), este número pode ser aumentado. Por outro lado, em
áreas em que o envolvimento na furca possa se tornar um risco,
ele pode ser ligeiramente menor (Figs. 8.200 a 8.206).
Não resta dúvida que o tratamento cirúrgico visando o au-
mento de coroa clínica é prioritário ao tratamento protético. Há
exceções, contudo, quando há envolvimento estético (Fig. 8.207);
inverte-se o plano: prótese provisórias são feitas em um primeiro
estágio, visando melhor alinhamento dentário (Fig. 8.208). Proce-
de-se à cirurgia estética e funcional (aumento ou exposição da co-
roa clínica), buscando um sorriso cuja correlação lábio-gengiva-
dente (Fig. 8.209) esteja próxima da concepção estética ditada pela
moda e cultura vigentes, conforme discutiremos no capítulo 9.
334 CIRURGIA PERIODONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
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Fig. 8.199
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veneer crowns. Part IV. Postoperative patient attitudes. /. Prost.
Dent., v.53, p.165-67, 1985.
20. DRAGOO, M. P. Resin-ionomer and hybrid-ionomer cements: Part
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specific periodontal lesions. fnt. / . Period. Rest. Dent., v.17, p.75-
87, 1997.
21. DRAGOO, M. R.; WILLIAMS, G. B. Periodontal tissue reactions to
'
CAPíTuLO 8 - CIRURGIA PERJOOONTAL P'RÉ-PROTÉTICA 337
I
Capítulo 9 Cirurgia Periodontal
Estética
INTRODUÇÃO
O conceito de estética é amplo. Pode ser filosoficamente en-
1
tendido como ' estudo racional do belo, quer quanto à possibilidade de
sua conceituação, quer quanto à diversidade de emoções que ela suscita
no homem". 16 Etcoffl4 em seu livro "A lei do mais belo" chega a de-
fender a tese de que em competições, tão necessárias para a evo-
lução do ser humano, a beleza é um fator decisivo, quando o mais
feio é comumente preterido e o mais bonito o preferido.
O conceito de beleza é extremamente vulnerável: há um pro-
vérbio de aplicação universal e de domínio público que diz -
"quem ao feio ama, bonito lhe parece". Desse modo, a rigor, de-
veríamos, como profissionais preparados para ·intervir na estéti-
ca, em primeira instância ouvir a queixa do paciente antes de in-
sinuar qualquer modificação. Há pessoas que colocam em plano
secundário as condições estéticas, até que, por alguma razão de
foro íntimo, passam a valorizá-las. Não nos esqueçamos de cultu-
ras em que o sorriso é considerado até falta de respeito para com
o próximo. No Japão, esta era a conduta social mais em voga no
passado, em especial quando se tratava da mulher. O sorriso, além
de discreto, deveria ser escondido pela mão espalmada. E o que
dizer dos países do Oriente Médio, em que sequer o rosto da
mulher poderia ser exposto? Felizmente tudo isso vem sofrendo
grandes rnudanças. 9
O sorriso envolve movimentos musculares, exposição de den-
tes e gengiva e faz uma combinação fria entre lábios, face e até o
olhar. Pode, dentro de condições emocionais, representar desde
uma atitude nervosa até uma atitude de extrema alegria e conten-
tamento. Corno variáveis do sorriso, temos o riso - atitude mais
discreta, expressão às vezes de contentamento, às vezes sem-gra-
ça (sorriso amarelo); há também risada, podendo significar um
riso mais franco e expressivo; há ainda a gargalhada - uma risada
mais ruidosa e prolongada.
Em todas estas situações é sempre comum o aparecimento de
estruturas dentárias e periodontais, a menos que o sorriso se ex-
presse apenas pela mímica dos músculos; há o conhecido sorriso
irônico em que os movimentos dos lábios são mais restritos. Um
dos sorrisos mais famosos é o de Mona Lisa, de Leonardo da Vinci,
cuja expressão a todos intriga: enigmático, é apenas o resultado
de contrações musculares e olhar expressivo, porém distante.
342 Cm.URGIA PERJODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
SEXO
Na espécie humana, levando-se em consideração as diferen-
ças sexuais, sabe-se que o homem tem compleição muscular mais
avantajada que a mulher. Em decorrência talvez desta condição,
que vem se perpetuando ao longo de milhões de anos, podemos
afirmar que o sorriso masculino é diferente do feminino. Assim,
no primeiro caso, o mais comum é que durante o sorriso não haja
tanta exposição do limite dente-gengiva, ocorrendo o contrário
para o sexo feminino, em que ocorre a maior prevalência do cha-
mado "sorriso gengival". Tudo leva a crer, portanto, que tal variá-
vel esteja relacionada, em maior ou menor grau, à tonicidade mus-
cular. Por esta mesma razão, em geral, o sorriso feminino mostra
além dos pré-molares (Figs. 9.1 e 9.2).
IDADE
A idade é um dos fatores mais importantes a serem analisa-
dos. A alteração da tonicidade muscular, que sofre com a idade
CAPÍTULO 9- CrRURGIA P ER1000NTAL ESTÉTICA 343
RAÇA
O que mais chama a atenção é o contraste entre gengiva rósea,
mais comum na raça branca e a pigmentada de escuro na raça
negra, embora ambas as raças possam ser exceção à regra (Figs.
9.7 a 9.11). Há várias tonalidades intermediárias que poderão ou
não ser consideradas ou tidas corno antiestéticas. Ainda corno ca-
racterística racial, a raça negra costuma mostrar menos os dentes
e a gengiva superiores, provavelmente devido à forma e ao volu-
me dos músculos labiais. 1
ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
Trata-se naturalmente de condutas individuais, às vezes ape-
nas reflexo momentâneo ou não, de um estado de espírito. É inte-
ressante associar padrões culturais e até religiosos, em que a con-
duta social impede ou abomina manifestações mais exuberantes
das emoções. De maneira geral, a educação oriental contrasta com
a ocidental. A primeira transmite mais reservadamente suas emo-
ções pelo sorriso, além de o biótipo facial também contribuir para
menor exposição dentária.
A SIMETRIA E O SORRISO
De acordo com Rufenacht,36 a simetria pode ser de dois tipos:
Jwrizontal ou corrente, quando um desenho contém elementos simi-
lares da esquerda para a direita em uma seqüência regular; era-
dial, que é o resultado do desenho dos objetos que se estendem a
partir de um ponto central, em que os lados esquerdo e direito
são imagens em espelho. A simetria deve ser introduzida na com-
posição dentofacial para criar uma resposta psicológica positiva.
A simetria horizontal é repetitiva e pode se tornar monótona. Peck;
Peck35 fizeram um estudo interessante com biótipos faciais de be-
CAPÍTULO 9- CrRURGIA PERIODONTAL ESTÉTICA 345
;,,la· 'n· . ~
~-
Fig. 9.10 Gengiva parcialmente
pigmentada (raça negra).
xrl!7,· v·
?
.. .
'\..:..:..' '.>''
Fig. 9.15
346 CIRURGIA PERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Linha do lábio
A linha labial ideal (Fig. 9.28) parece ser aquela obtida quan-
do o lábio superior alcança, durante o sorriso, a margem gengival
interdentária dos incisivos superiores.36 Esta é uma condição inter-
mediária entre os pacientes que chegam a não mostrar sequer os
incisivos superiores e outros cujas características dentofaciais re-
lacionadas às condições musculares e esqueléticas podem expor
dente e gengiva em demasia (Fig. 9.29), dentro de critérios tidos
como antiestéticos.
CAPÍTULO 9- CIRURGIA P ERIOOONTAL ESTÉTICA 347
Fig. 9.18
Fig. 9.21
Fig. 9.22
Fig. 9.23B
Fig. 9.23E
Linha do sorriso
O sorriso ideal leva em consideração lábios, gengiva, mucosa
alveolar e alinhamento dentário. De acordo com Rufenacht, 36 deve
haver, durante o sorriso, um paralelismo na curvatura entre as
linhas incisai, a que passa pela área de contato dos dentes, e a labial
inferior, as quais geram forças coesivas para a composição dentofa-
cial; este grau de curvatura introduz, também, forças segregativas
na composição (Fig. 9.32). Entende-se como força coesiva elemen-
tos que tendem unificar uma composição e, opostamente, como
força segregativa, quando se proporciona variedade à unidade.
Ahmad1 descreve que a exposição da gengiva vestibular em tor-
no de 3 mm (Fig. 9.33), durante o sorriso, pode ser considerada
estética e que a partir desta dimensão poder-se-ia se admitir a
presença do chamado "sorriso gengival"; além disso, outra medi-
da interessante é a de que, na maioria dos pacientes, pode ocorrer
no contorno gengival uma coincidência na linha horizontal entre
RELAÇÃO DENTOPERIODONTAL
Os aspectos anatômicos do periodonto de proteção e susten-
tação foram amplamente estudados em outros capítulos. É de fun-
damental importância, contudo, que a análise de outros compo-
nentes que figuram nos parâmetros de estética sejam agora con-
siderados.
Contorno gengival
O contorno do tecido gengival normal, sem inflamação ou hi-
perplasia, tem detalhes interessantes a serem evidenciados. As-
sim, o ponto da curvatura máxima do contorno gengival é variá-
vel, em especial para os dentes anteriores; este ponto, descrito
como zênite, pode ou não coincidir com a linha mediana do den-
te. De acordo com Rufenacht,36 nos incisivos laterais superiores,
tal coincidência ocorre e, assim, a curvatura neles é simétrica, po-
rém nos incisivos centrais e caninos, a curvatura se desloca ligei-
ramente para distal (Fig. 9.37). Em condições ideais, portanto, é
conveniente associar esta relação à simetria entre incisivos cen-
trais, laterais e caninos, além da condição já descrita, de maior
largwa de gengiva na face vestibular dos laterais em relação aos
centrais. Para Mcguire,29 esta dimensão é igual a 1 mm (Fig. 9.34).
Mtútas vezes, para se atingir este padrão descrito, há neces-
sidade de algum tratamento ortodôntico, indicado sobretudo na-
queles casos de apinhamento dentário (Figs. 9.38 A e B), em que
todas estas características ficam prejudicadas. Nestes casos, so-
mente depois de se configurar um melhor posicionamento den-
tário, poder-se-á propor correção cirúrgica periodontal. Neste par-
ticular, o contorno gengival pode ser avaliado36 sob dois aspectos:
Fig. 9.32
<3mm
Fig. 9.34
Fig. 9.36
;-~ "'8, .. .
' . ~·. . \J
..
~t
·t
"""'- ..... -· ,. -
União dentogengival
Após a erupção total dos dentes e tendo estes atingido o seu
respectivo antagonista, considera-se que houve estabilização das
dimensões anatômicas e histológicas do periodonto. Isto nos faz
reportar às dimensões do chamado espaço biológico referido no
capítulo 8. Em condições ideais, portanto, durante o sorriso, os
dentes terão sua exposição clínica final nesta fase. Contudo, situa-
ções pouco comuns existem, em que o dente ou encontra seu anta-
gonista precocemente e o tecido ósseo pode permanecer no limi-
te esmalte-cemento, ou o tecido gengival não sofre adequado re-
posicionamento apical fisiológico. Em ambas situações, é possí-
vel haver influência na estética do sorriso, já que tais dentes com-
portar-se-ão como se tivessem dimensão vertical menor, levando
o paciente a queixar-se de "dentes pequenos". A erupção passiva
alterada é considerada quando o nível apical da curvahua da co-
roa não se toma aparente durante a erupção dentária,17 é a relação
dentogengival onde a margem gengival, em pessoas com mais de
18 anos, está posicionada coronariamente à jtmção cemento-esmalte
a uma distância significativa e ocorre em 12,1% dos pacientes.44
Kois24 classifica a inter-relação da crista óssea em relação ao
limite amelocementário em cristas baixa, normal e alta, deixan-
do-nos a possibilidade de concluir que estas dimensões sejam res-
pectivamente menor, igual ou maior que 1 mm (Figs. 9. 41 A a C).
CAPÍTULO 9- CIRURGIA P ER10DONTAL ESTÉTICA 353
A B e
Fig. 9.41 A Crista óssea normal; B Crista óssea alta; C Crista óssea baixa.
354 ÜRURGLA P ERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E E STÉTICA
<2mm
A B
e D
Papila gengival
Deve ocupar totalmente o chamado espaço inter-
proximal, que corresponde às ameias, ou seja, aquele
espaço limitado pela área de contato dos dentes e a
crista óssea interdentária. Tanto a hiperplasia quan-
to a retração da papila gengival alteram dramati-
camente a estética do sorriso (Figs. 9.52 e 9.53).
Fig. 9.51 "Proporção dourada" em dentes anteriores
Ambas as situações costumam ocorrer como seqüe-
superiores.
la de doença periodontal. No caso de retração da
papila gengival, ocorre o que se conhece como espaços ou buracos
negros (Figs. 9.54 e 9.55), que dão desagradável aspecto antiestético,
simulando até presença de cárie interdentária, além de outras
queixas por parte do paciente, em especial o afluxo de saliva por
estes espaços.
Gengiva pigmentada
A estética depende do anseio do paciente; assim, portadores
de alterações de cor do tecido gengival, especialmente na região
vestibulomaxilar anterior, podem ter como prioridade a correção
destas variações. 11
As pigmentações que envolvem a mucosa bucal são causadas
por:
Fig. 9.588
Fig. 9.598
CI)
o
' -,
Fig. 9.60 Corte histológico de gengiva em paciente com pele branca (au-
mento de 10 X): impregnação argêntica po~ Rio Hortega (argentófila nega-
tiva).
Fig. 9.61 Corte histológico de gengiva em paciente com pele branca (au-
mento de 10 X): impregnação argêntica por Rio Hortega (argentófila +).
Fig. 9.62 Corte histológico de gengiva em paciente com pele parda (au-
mento de 10 X): impregnação argêntica por Rio Hortega (argentófila ++).
Fig. 9.63 Corte histológico de gengiva por paciente com pele negra (au-
mento de 10 X): impregnação argêntica por Rio Hortega (argentófila +++).
Fig. 9.64 Melanoblastos: DOPA reação positiva. (Os cortes histológicos das
figuras 9.60 a 9.64 foram gentilmente cedidos pelo Prof. Titular Dr. Juarez
Corrêa da Silveira.)
Fig. 9.65 Ilustração didática da presença dos melanoblastos na camada
basal do epitélio gengival.
Figs. 9.66 A - Ilustração didática de indsão com eliminação parcial do epi-
télio gengival; B • Eliminação totaJ do epitélio gengival.
362 CIRURGIA P ERJOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 9.81
Caso 2
Fig. 9.82 Gengiva com acen tuada
presença de melanina.
Fig. 9.83 Aspecto geral da presen-
ça de melanina na gengiva.
~·~-_·,~_1,·1·-·..
•
:,-._, ,
JD ' ·...
r
Figs. 9.96 e 97 Reparação após 1 ano. Detalhe de discreta recidiva de melanina após 1 ano.
Fig. 9.98 Reparação após 2 anos.
Fig. 9.99 Detalhe de discreta recidiva de melanina após 2 anos.
Fig. 9.100 Aplicação tópica de anestésico.
Fig. 9.101 Aplicação de raios laser Nd-YAG.
Fig. 9.102 Paciente da raça negra portador de presença acentuada de melanina.
Fig. 9.103 Aplicação inicial de raios laser N d-YAG.
Fig. 9.104 Reparação após 1 semana.
Fig. 9.105 Aplicação complementar de raios laser Nd-YAG.
Fig. 9.106 Reparação após 2 semanas e nova aplicação.
Fig. 9.107 Reparação após 45 dias. (Os casos clínicos das Figs. 9.100 a 9.107 foram cedidas pelo Prof.
Dr.KotoNakae.)
366 CIRURGIA PERJOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Sorriso gengival
Antes de nos concentrarmos nos aspectos periodontais do sor-
riso gengival, convém relembrar as influências musculares e es-
queléticas. De acordo com Willmar,45 o sorriso gengival pode ser
o resultado do crescimento excessivo da maxila e ocorre em pa-
cientes com alturas faciais maiores que a normal, lábios superio-
res mais curtos que o normal e erupção anormal de dentes supe-
riores. Nestes casos, é interessante lembrar que o tratamento in-
clui a combinação de cirurgia ortognática, ortodontia, e, eventual-
mente, cirurgia periodontal. Kokich25•26 lembra ainda que a Orto-
dontia tem recursos terapêuticos baseados na intrusão de dentes
superirrompidos, o que poderia reposicioná-los apicalmente jun-
to com a margem gengival. Isto é verdadeiro para pacientes adul-
tos com sobremordida profunda ou para pacientes com malposi-
cionamento dentário. É oportuno lembrar que a avaliação do sor-
riso gengival só deve ser considerado após a erupção de todos os
dentes permanentes e, p referencialmente, após o final do perío-
do de crescimento do complexo maxilomandibular. Da dentição
decídua à permanente, modificações morfológicas ocorrem no
periodonto, sendo impossível prever a ocorrência de sorriso gen-
gival (Figs. 9.108 a 9.114).
Quanto às possibilidades clínicas periodontais de interven-
ção cirúrgica, podemos, didaticamente, referir-nos aos procedi-
mentos diretrizados ao periodonto de proteção e de sustentação.
No periodonto de proteção
Para que ocorra esta interferência estética, o que ocorre fisio-
logicamente é a possibilidade de o tecido gengival não sofrer ade-
quado deslocamento apical, simulando assim a presença de den-
te curto ou "sorriso gengival". Por outro lado, agora com caracte-
rísticas patológicas, uma gengivite de longa duração pode caracte-
rizar-se como hiperplasia gengival inflamatória. Este tecido sofre
um processo de migração coronária (falsa bolsa), dando clinica-
mente a ilusão óptica de dente curto ou até de "sorriso gengival".
A solução nestes casos é a indicação de gengivoplastia, respeita-
dos os princípios técnicos, conforme discutido no capítulo 3. Apre-
sentamos dois casos clínicos onde a gengivoplastia foi suficiente
para solucionar a queixa de pacientes quanto à aparência do sor-
riso.
Fig. 9.114
368 CIRURGIA P ERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Caso .1
Caso 4
C11so >
Caso 7
Fig. 9.148 Sorriso demonstrando
m enor cumprimento do dente 12.
Fig. 9.149 Assimetria entre os den-
tes 12 e 14 com os homólogos.
Fig. 9.150 Gengivectomia de bisel
interno.
Fig. 9.151 Reparação após 5 meses
(prótese realizad a pela Dra. Lin-
Fig. 9.148 Fig. 9.149 dalva Guttiérrez).
Fig. 9.152 Sorriso perfeitamente si-
métrico.
Fig. 9.173
No periodonto de sustentação
Ainda nesta linha d e raciocínio, uma outra hipótese é a de
qué não ocorra erupção passiva total e haja a caracterização da
necessidade de intervenção cirúrgica em tecido ósseo para se com-
patibilizar o espaço biológico por meio da osteotomia.23
CAPÍTULO 9- CTRURG!A P ERIOOONTAL E STÉTICA 375
Caso 8
.•-_', &,
- •' ttl·'· :-··'
se de limas.
. . . . .... ' . • ,/,! . .... Fig. 9.179 Resultado da osteotomia
·-·. , ~
preservando o espaço biológico.
• .
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•
C,,-.o 9
C11so /IJ
( '"'" 11
Caso 12
'
384 CIRURGIA P ERIOOONTAL - P RÉ-PROTÉTICA E E STÉTICA
(·,,.,o 1 l
Fig. 9.243 Assimetria em paciente
com periodontite crônica leve loca-
lizada.
Fig. 9.244 Radiografia demonstran-
do discreta perda óssea horizontal.
Fig. 9.243
Fig. 9.244
.. .
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,.,1,.,,,~\,· .
primária) .
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Fig. 9.259
386 CIRURGIA PERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
Retrações gengivais
Embora este assunto tenha sido amplamente discutido no capí-
tulo 6, agora mais especificamente relacionando-o à correção esté-
tica, devemos lembrar que nem sempre o paciente toma conhe-
cimento de tal situação. Ou, às vezes, erroneamente interpreta uma
abrasão dentária como sendo retração gengival. De fato, por uma
questão de ilusão óptica, em especial quando a abrasão é uni-
lateral, devido ao contraste visual, é possível tal interpretação. O
que ressalta aos olhos na verdade é o contraste assimétrico; as-
sim, quanto mais próxima do plano sagital, maior a aparência
antiestética.
Às vezes, as retrações são generalizadas unilateralmente e o
sorriso será apresentado totalmente assimétrico; pode ocorrer tam-
bém de as retrações serem generalizadas em ambas os hemiarcos,
o que transparecerá um sorriso simétrico, a despeito das retrações;
nestes casos, os dentes serão apresentados mais longos, podendo
gerar queixas por parte do paciente. Existem diversos recursos
cirúrgicos periodontais para se corrigir ou atenuar os efeitos anti-
estéticos das retrações gengivais. Sem discutir profundamente as
técnicas mais comumente utilizadas, apresentaremos didatica-
mente casos clínicos dentro de uma seqüência ideal de conduta.
C11 so I .J
, ••..
Fig. 9.265 Incisão no local receptor.
,,,,, ,
Fig. 9.266 Fig. 9.267
' ~·,à
._ JiiL......
Fig. 9.268
..
Fig. 9.269
388 ÜRURGIA P ERIODONTAL - P RÉ- PROTÉTICA E E STÉTICA
1\1.•,J .'
trando eliminação da retração no
dente 13 e melhora nos dentes 23,
24e25.
~-··
Papila gengival
Um dos maiores desafios para o pei:iodontista tem sido o prog-
nóstico para a correção da papila gengival. Esta pode ter sido per-
dida pela doença periodontal, no processo de retração gengival
devido à perda óssea ou após a cirurgia periodontal ressectiva.
A classificação proposta por Nordland; Tarnow34 mostra:
Ct1:-.o 16
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após 5 meses. :J\
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Fig. 9.304 Sutura coronária do re-
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talho recobrindo o enxerto gengi-
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Fig. 9.305 Reparação após 3 sema-
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gival após 2 anos.
Fig. 9.313 As papilas gengivais se
neoformaram após 3 meses da fa-
se aguda.
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Deformidades alveolares
Várias são as causas de deformidades alveolares localizadas
ou generalizadas. Independentemente da causa, é necessário lem-
brar que a recomposição cirúrgica deve visar a complementação
por implantes (Figs. 9.346 a 9.358) ou próteses. Na primeira con-
dição, o planejamento deve envolver a regeneração óssea guiada
e posterior ou concomitante colocação de implante osseointegra-
do. Na segunda condição, é viável uma cirurgia mais conserva-
dora, em que um enxerto de tecido conjuntivo autógeno costuma
corrigir esteticamente o problema10 (Figs. 9.360 a 9.368).
A classificação, etiologia e tratamento das deformidades
alveolares estão amplamente discutidas no capítulo 6.
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Fig. 9.352 Fig. 9.353
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Fig. 9.356 Colocação de implante
osseointegrado (realizado pelo
Prof. Dr. Wilson R. Sendyk).
Fig. 9.357 Recomposição protética
final obtida.
~,
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. ·• ' . . . \, : .
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Fig. 9.357
Fig. 9.356
398 CIRURGIA P ERlODONTAL - P RÉ- PROTÉTICA E ESTÉTICA
Fig. 9.369
Fig. 9.370
Fig. 9.371 Angulação de incisão em
bise! interno.
Fig. 9.372 Incisão relaxante hori-
zontal em direção aos dentes 12 e
21.
Fig. 9.384
Fig. 9.383
CAPÍTULO 9- CIRURGIA P ERIODONTAL E STÉTICA 403
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É interessante lembrar da importância de se avaliar a real pos-
sibilidade periodontal de soluções cirúrgicas estéticas. Há situa-
ções em que a busca da estética está totalmente limitada do ponto
de vista cirúrgico. Resta-nos, então, sugerir ao paciente a alternativa
protética (Figs. 9.385 a 9.388). Em outras condições, mesmo não
havendo comprometimento estético, ao paciente incomoda ver-se
ao espelho. É o que ocorreu com uma paciente, que, no afã de elimi-
nar melanina de sua gengiva, tentou removê-la com abrasivos do-
mésticos, próprios para polir panelas. A melhor solução psicológi-
ca foi satisfazer a queixa da paciente (Figs. 9.389 a 9.393). Às vezes,
o tratamento cirúrgico periodontal concorre para a solução de um
problema originado de um hábito adquirido. Apresentamos um
caso onde a frenulectomia foi necessária para eliminar hiperplasia
labial gerada pelo hábito de sucção (Figs. 9.394 a 9.400). Enfim, o
importante é que sejamos ponderados na busca de soluções para
melhorar o sorriso de nossos pacientes, não tentando aleatoriamente
soluções miraculosas, as quais poderão deixá-los mais frustrados.
Existem soluções e limitações!
• •••
Fig. 9.395 Fig. 9.396
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406 CJRURGIA P ERlODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
INTRODUÇÃO
A inflamação do periodonto pode estar associada a muitas
causas, porém, a maioria das formas de gengivite e periodontite
resulta do crescimento e acúmulo de microrganismos aderidos
aos dentes.1•2º·22,24 Assim, o biofilme bacteriano é indiscutivelmen-
te o fator etiológico determinante das doenças periodontais. Fa-
tores de risco de periodontopatias incluem a presença de bacté-
rias subgengivais específicas,1.2o,n,24 uso do fumo,28•29 diabetes,7.S,9,io
aumento da idade,8•9 sexo masculino8•9 e, atualmente, se con-
sideram os fa tores genéticos. 1.31
As doenças periodontais classicamente se dividem em gengi-
vite e periodontite, sendo a gengivite uma doença reversível, cujo
tratamento consiste primariamente na redução dos fatores etio-
lógicos, permitindo que os processos reparadores intrínsecos pos-
sam responder, deixando que os tecidos gengivais restabeleçam
sua integridade. As periodontites já mostram alterações muitas
vezes irreversíveis, com perda de tecidos que suportam os den-
tes. Seu tratamento, após o diagnóstico correto, basicamente en-
tram em duas categorias principais: inicialmente deter a progres-
são da perda de inserção periodontal e, quando possível, promo-
ver regeneração tecidual. A manutenção periodontal, incluindo
cuidado pessoal e profissional, previne a reinstalação da doença,
sendo de importância fundamental em qualquer que seja o trata-
mento implementado nas doenças periodontais, pois é essencial
para prevenir recidivas. 26,27
PORQU E REALIZAR
Esta é a parte da terapêutica periodontal na qual doenças perio-
dontais e condições clínicas sã.o monitoradas e os fatores etiológi-
cos, reduzidos ou eliminados. São procedimentos em que o den-
tista revê e atualiza história, médica e dentária, quando necessá-
rio solicita revisão radiográfica e exames complementares; obser-
va os tecidos moles, verifica condições tanto extra quanto intrabu-
cal, faz exame dentário, sondagem periodontal, revisão do controle
de placa bacteriana do paciente, remoção da placa bacteriana e
cálculo supra e subgengivais por meio de raspagem, alisamento
e polimento dentário.23.26.27.30,32
Esta fase é distinta, porém integrada à terapêutica periodontal
ativa. O paciente com doença periodontal sempre passa da tera-
pêutica ativa, seja cirúrgica ou não-cirúrgica, para manutenção
periodontal; desta retoma para terapêutica ativa somente nos
casos em que a doença periodontal se reinstala.5, 14,26•27
Fica claro que em um tempo variado, dependendo de diver-
sos fatores, o paciente não-mantido se torna semelhante a um não-
tratado3·6·12·13·26·27 (Figs. 10.1 a 10.4).
A Academia Americana de Periodontologia26,27 determinou os
seguintes objetivos terapêuticos da manutenção periodontal:
>- a revisão e atualização das histórias médica e dentária são sempre necessári-
as e oportunas;4•19
>- o exame clínico deve ser comparado com os dados anteriormente anotados e
constar de: avaliação extrabucal, exame dentário (cáries, restaurações);26
>- exame periodontal avaliando e também comparando: profundidade e
sangramento à sondagem; índices de placa e cálculo; avaliação de lesões nas
furcas; presença de exsudato purulento; retração gengival; exame oclusal e
mobilidade dentária; outros sinais e sintomas de atividade de doença;2•15•27
>- observar nos implantes dentários e tecidos periimplantares a profundjdade e
o sangramento à sondagem; exame dos componentes protéticos e abutments;
avaliação da estabilidade dos implantes; exame oclusal; outros sinais e sinto-
mas de atividade de doença. 21•27
O TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO
Diversos trabalhos2·17•21•23•26,27,33.34 sugerem uma seqüência de tra-
tamento para uma correta terapêutica de manutenção periodontal
que consta de:
CASU ÍSTICA
Seria desnecessário demonstrar casos cünicos que elucidassem
as vantagens da terapêutica de manutenção a longo prazo, já que
tal fato ficou caracterizado ao longo de todos os capítulos. Nem
todos os casos clínicos descritos puderam receber acompanha-
mento a longo prazo, mas aqueles pacientes assíduos e motiva-
dos ao controle não tiveram, em geral, a recidiva da doença, o
retomo dos problemas mucogengivais nem tampouco perderam
dentes. Em especial, no caso dos problemas mucogengivais e na
regeneração tecidual guiada, ao contrário, houve crescente ganho
de inserção, desaparecimento ou estabilização da mobilidade den-
tária e aumento da gengiva inserida. Mesmo assim, apresentare-
mos casos a longo prazo que permitem garantir que o sucesso do
tratamento cirúrgico depende da terapêutica de manutenção pe-
riodontal.
CAPÍTULO 10-MANUTENÇÃO PERlOOONTAL 411
, ,l)â ~
' / 'q
Fig. 10.6 Tratamento periodontal
concluído.
...
.
~ '
•
Fig. 10.5 Fig. 10.6
Fig . 10.25
Fig. 10.29
Fig. 10.28
Fig. 10.30
Fig. 10.32
Fig. 10.31
Fig. 10.33
Fig. 10.35
Fig. 10.34
416 CIRURGIA P ERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E E STÉTICA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O resultado desejado na manutenção periodontal é a preserva-
ção do estado de saúde obtido pela terapêutica aplicada ao caso.
U1na manutenção inadequada ou inexistente pode resultar no
retorno ou na progressão da doença. Desta maneira, é oportuno
lembrar que devem ser dadas ao paciente desde o primeiro aten-
dimento (exame inicial) informações seguras sobre a natureza da
doença periodontal. Em especial, alertá-lo de que a doença é sem-
pre recidivante, e de que esta tem a potencialidade de se reinstalar,
a menos que constantemente se controle a placa bacteriana, se
eliminem os fatores predisponentes da doença e se atenuem os
fatores sistémicos.
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418 CIRURGIA PERIOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
A
Abrasão, 174, 386
Abscesso(s) periodontal(is), 112, 260, 262, 264, 265, 299, 325
Ácido cítrico, 84, 163, 166, 167, 171, 251, 270, 274, 387
Amelogenina, 250
Amoxicilina,97,283
Amputação radicular, 123
Analgésico(s), 54, 165, 192
Antibioticoterapia, 13, 97, 231, 283, 325
Anticoagulantes, 31, 97
Anti.inflamatórios, 97, 165, 231, 251, 283
Antiinicrobianos, 13,34,110,410
Aparelho(s)
ortodôntico(s), 9, 125, 152, 207, 225, 301, 332, 368
ultra-sônico(s), 10, 251
Área doadora, 152, 163-165, 167, 171, 174, 177, 179, 181-182, 188, 192, 194, 195, 197-198,
203-204,206,217-218,224,232,317,397
Assimetria, 142, 149, 330, 344, 351, 354-356, 368, 371, 372, 379, 380, 383-385
gengival, 149
Aumento de coroa clínica, 21, 79, 293, 295, 297, 298, 300, 301, 305, 309, 313, 314, 327, 330,
333,356
B
Biofilme,8,407
Bisei
interno, 44, 47, 51-53, 59, 60, 62, 63, 67, 71, 77, 79, 82, 84, 160, 209, 301, 304, 368-373,
375, 397, 401
invertido,57,58, 79, 177
Bochechos,3,12,54, 118, 143, 165, 192,231,251,260
Bolsa(s), 1, 5-7, 12-15, 33, 35; 36, 42, 47, 51, 57, 58, 62, 63, 66, 70, 74, 79, 85, 86, 90, 94, 104,
108,110-113,116, 120, 122,129,131,132, 139,140, 160,216,239,241-243,247,257,260,
265,267,270,274,278,280,286,299,301,302,306,320,321,324,328,366,383,397
inativa, 12
Bridas,84, 152, 157,200,207, 189,205
Bridectomia, 84, 200, 207
Bridotomia, 84, 190, 200, 207, 213
Broca(s), 33, 90-92, 94, 126, 131, 135, 136, 139, 140, 141, 163, 305, 328, 395, 401
Buracos negros, 357, 396, 398
e
Cálculo dentário, 3, 9, 10, 12, 14, 21, 33, 34, 47, 51, 84, 117, 137, 139, 205, 267, 268, 283, 375,
411, 413
Canais laterais, 108, 109, 111
Cardiopatas, 31, 42
420 CIRURGIA P ERlOOONTAL - PRÊ-PROTÉTICA E EsrÉTICA
D
Defeitos ósseos, 28, 59, 89, 92, 111, 112, 120, 239, 240, 250, 251, 274, 280, 283, 285
Deforrnidade(s)
alveolar(es), 211, 217, 219, 285, 316, 318, 320, 395, 400
do rebordo, 211
Dentes
multirradiculares, 104, 110, 111, 116, 123
unirradiculares, 137
Deslocamento apical do retalho, 120, 379
Diabetes, 8-10, 13, 31, 42, 407, 410
Dieta, 3-5
Distância biológica, 295
Doença
periodontal, 1-11, 14, 15, 21, 33, 34, 103, 104, 110, 116, 131, 136, 151, 152, 239, 240, 250,
296,312,314,357,386,390,392,408,416,417
pulpar, 111
Dor, 51, 54, 55, 97
E
Edema,9,42,51,55,97, 231,283
Endocardite bacteriana, 97
Endotoxinas, 4, 5, 84
Enxerto(s)
gengivallivre,34,84,166,173,182, 188,189, 191, 195,200,201,221,224,226,229,232,
244,301,416
subepitelial, 174, 179, 180, 182, 188, 200, 216, 221, 223, 231, 318
gengivais,26, 152,360
Epitélio juncional, 1, 4, 13, 35, 36, 42, 45, 71, 84, 108, 150, 152, 166, 179, 240, 293-296, 330, 354
Longo, 13,84, 108, 166, 179,240
Epitelização, 42, 211
Erupção passiva, 301, 352, 353, 369, 374
Escovação dentária, 15, 152, 297, 332
Espaço biológico, 21, 92, 294-297, 301, 305, 310-314, 316, 327, 333, 352, 374, 376, 379, 382,
384
Estética(s), 15, 34, 35, 42, 44, 62, 79, 84, 89, 92, 103, 116, 131, 133, 136, 142, 149, 150, 162,
166, 174, 191, 221, 297, 314, 318, 333, 341-343, 346, 349, 350, 352, 356-358, 360, 366-369,
371,375,379,382,384,386,392,398,403
Exame radiográfico, 104, 254, 298
ÍNDICE REMISSTVO 421
Exodontia, 116, 117, 131, 134, 143, 211, 257, 285, 395
Exostoses, 27, 94, 151, 305, 375, 377
Extrusão ortodôntica, 330
F
Faixadegengiva,26,62, 151, 153, 186, 189, 191,224,230,300,301,303,317, 332,379
Fator(es)
etiológico(s), 1, 2, 9, 10, 12-15, 28, 58, 103, 108, 116, 152, 166, 250, 283, 313, 320, 375,
383,392,407,408,411,413
de crescimento, 244, 250, 285
iatrogênicos, 111, 154, 413
predisponentes, 152, 157, 312, 417
sistêmicos, 9, 51, 97, 417
Ferulização, 124, 125, 137
Fibras gengivais, 330
Fibromatose gengival hereditária, 28
Fibronectina, 250
Fibrotomia, 330, 331
Fluorterapia, 143
Forame(s) pulpar(es}, 108, 109, 320
Fratura(s), 112, 136, 293, 297, 298, 301, 305, 311, 325, 331
Frenulectomia, 84, 157, 200, 207, 210, 369, 370, 403, 404
Frênulos,84, 149, 152, 157, 158,200,207,211,231,358
Frenulotomia,34,84,85, 167,200,207,208,210,212,224,231
Fumante, 184,283,287,360,411,413
Furno,8,9,407,410
Furcas, 14, 103-118, 120, 129, 131, 137, 143, 244, 248, 268, 284, 320, 409
G
Gengiva
inserida,10,22,26,33,34,35,36,42,62,63,74,79,81,82,92,99,l50,l51,l53,l54,157,
160,162, 163,179, 184, 186, 188, 189, 191, 192, 195, 196,222,224,227,230,231,244,
247,274,300,301,302,303,305,317,332,334,350,351,379,410
marginal, 9, 10, 63, 150, 152, 157, 174, 211, 296, 350, 360, 362, 364, 375
papilar, 152, 165, 392, 396
Gengivectomia,22,23,33,34,35,36,42,43,44,45,47,51,55,79,97,ll7,194,300,301,303,
314, 315, 360, 369, 371, 372, 373, 384, 385
de bisel interno, 44, 47, 51, 301, 368, 369, 371, 372
Gengivite, 1-4, 6, 9-10, 35, 44, 46, 158, 301, 354, 358, 366, 375, 392, 393, 407, 408, 413, 415
Gengivoplastia, 22, 23, 29, 33, 34, 35, 42, 46, 171, 179, 300, 301, 303, 305, 354, 360, 362, 366,
368,369,375,379,380
H
Hemissecção, 116, 123, 124, 125, 127, 133-136, 138-140, 142, 322, 324, 325, 327, 328, 329
Hemorragia(s), 28, 31, 97, 231, 232
Hidroxiapatita, 250, 254, 255, 282
Higiene bucal, 2, 3, 9, 15, 33, 34, 51, 54, 57, 117, 120, 126, 143, 152, 157, 162, 166, 177, 179,
191,250,267,410,411
Hiperplasia, 10, 14,21,28,29,35,37,44,46,47,49,52,53,54,66,77,91, 179,182,301,304,
305,308,320,330,350,354,357,358,366,368,369,370,374,377,385,392,403,404
1
Incisão(ões), 22-24, 26, 27, 31, 35, 36, 38-40, 47-49, 51-53, 57-60, 62-65, 67, 69, 71, 77, 79, 80,
82, 84-87, 99, 119, 121, 132, 160, 163, 164, 169, 171, 172, 175-177, 180, 191-193, 197, 198,
202, 208-210, 213, 215, 217, 219, 220, 226, 228, 251, 257, 269, 270, 278, 302-304, 306-309,
312,314,316,327,330-332,361,362,364,370,373,375-379,381,382,384,385,387,388,
395, 397, 401
422 CIRURGIA PERIODONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
relaxante(s), 47, 57, 58, 63, 64, 65, 79, 80, 87, 99, 119, 121, 132, 165, 169, 171, 172, 176,
191, 202, 219, 220, 221, 226, 251, 257, 269, 270, 309, 311, 312, 314, 332, 375, 378, 381,
397, 401
Incisivos superiores, 343, 346, 349, 352, 356, 358
Inserção conjuntiva, 84, 166, 188, 240, 294, 295, 354
Instrumento(s) rotatório(s), 27, 163, 177, 191, 194, 305, 328, 360
Interferências oclusais, 152, 283, 285
L
Lábio(s), 151, 157, 192, 200, 207, 222, 333, 341-346, 349, 353, 358, 359, 366
superior(es), 343, 346, 349, 353, 358, 366
Lâmina(s), 10, 36, 47, 51, 60, 62, 63, 67, 82, 85, 89, 112, 120, 157, 177, 180, 207, 216, 251, 260,
267,330,387,397
Largura biológica, 295
Leito receptor, 26, 163, 164, 176-178, 182, 185, 186, 190-194, 197, 201, 203, 205, 223, 225-
229, 316, 391, 395
Lesões endodôntica-periodontais, 109, 111
Ligamento periodontal, 89, 111, 112, 120, 166, 239, 240, 244, 249, 296
Linha
dolábio,222,342,346
do sorriso, 346, 349
mucogengival, 63, 79, 82, 83, 97, 151, 152, 153, 191, 207, 332
de sutura, 71, 248
M
Manutenção periodontal, 14, 15, 116, 144, 254, 257, 323, 407-412, 414-417
Matriz
dérmica acelular, 177, 182, 185, 216, 390
do esmalte, 250
Medicação profilática, 231
Melanina, 360, 362-366, 403, 404
Melanoblastos, 358, 361
Melanose, 360
Membrana(s), 65, 182, 184, 188, 228, 240-255, 257, 258, 260-281, 283-286, 322, 323, 402
absorvível(is), 249, 250, 262, 264, 265, 268, 283, 284, 395, 402
não-absorvível(is), 244, 248, 249, 250, 251, 257, 260, 267, 270, 278, 280, 283, 284, 285
Microbiota, 6, 7, 8, 12, 13, 296,
Microrganismo(s), 2-10, 14, 22, 34, 103, 110, 296, 312, 407
Mucosa
alveolar, 10, 22, 26, 62, 63, 64, 84, 149, 151, 152, 157, 160, 165, 171, 195, 254, 349
queratinizada, 34, 151, 166, 171, 182, 221, 310
N
Neoformação óssea, 239, 270, 277, 281, 308
Neutrófilos, 1, 5, 7
o
Odontoplastia, 117, 120
Odontossecção, 112
Osso
alveolar, 42, 57, 62, 79, 89, 112, 120, 177, 216, 240, 249, 267, 312, 330
bovino, 250
hornógeno, 250
liofilizado,250,258,395
Osteoplastia, 28, 59, 68, 69, 89, 90, 94, 95, 96, 117, 118, 119, 120, 121, 122, 305, 309, 375
Osteotomia, 28, 68, 89, 92, 93, 96, 117, 118, 120, 305, 309, 311, 312, 314, 316, 332, 354, 374,
375,376,377,379,381,382,384
ÍNDICE REMissrvo 423
p
Papila
gengival, 10,27, 74, 77,99, 157, 167,209,228,357,373,390,392,393,394,397
interdentária, 57, 63
Perda
de inserção, 35, 89, 110, 112, 116, 297, 407
óssea, 1,9,14,26,28,57,90,105, 111,113,114,118,125, 126, 130, 131, 136,154, 165,211,
231,239,241, 254,262,282,299,301,314,315,322,328,384,390,392,409
óssea horizontal, 113, 114, 130, 282, 315, 384
óssea vertical, 28, 90, 114,. 241, 262, 299, 322, 328
Periodontite, 1, 6-10, 12, 35, 66, 90, 108, 110, 112, 162, 230, 239, 240, 270, 274, 280, 285, 312,
320,348,375,377,379,380,384,392,394,407-410,411,413
Periodonto
de proteção, 9, 28, 150, 151, 190, 350, 366
de sustentação, 9, 28, 151, 239, 374, 409
Periósteo,22,44,47,51,57,67,87, 160,174, 177,179,185,191,200,206,208,210,216,251,373
Pigmentações, 149,345,358,359,360
Placa bacteriana, 2, 3, 4, 5, 6-10, 12, 14, 15, 21, 28, 31, 36, 42, 97, 103, 104, 110, 111, 112, 115,
116,117,118,120,131,137,143,165,l66,l73,188,l91,244,248,257,267,268,274,280,
283,295,296,300,322,332,375,408,410,411,413,417
inespecífica, 3
subgengival, 4, 5, 6, 7, 12, 21
supragengival, 3-7, 12
Pós-operatório, 13, 26, 36, 42, 51, 54, 55, 58, 61, 97, 129, 143, 165, 192, 231, 245, 250, 267,
283, 360
Pré-furca, 105, 106, 126, 131, 135, 136, 138, 141, 143, 328
Pré-molarização, 92, 117, 125, 322
Pré-operatório, 51, 97, 231, 283
Preparo irúcial, 33
Preservação dos alvéolos, 395
Pré-sutura, 192, 196-198
P rimeiros molares, 105, 118, 126, 136, 379
P rimeiros pré-molares superiores, 136, 141
Problemas psicológicos, 411
Proporções douradas, 356, 357
Pulpopatia(s), 110, 118
Pulpotomia, 137
R ·
Radilectomias, 112, 116, 117, 118, 123, 124, 125, 126, 127, 131, 136, 137, 141, 142, 320, 322,
321,324,325,327,329
Radiografia(s), 27, 90, 108, 11~, 123, 124, 127, 142, 143, 178, 228, 260, 265, 268, 269, 270,
273,282,284,296,308,324,325,359,384,409
Raios laser, 207, 212, 360, 365
Raiz(ízes)
distal, 105, 124, 139, 140, 322, 324
distovestibular, 105, 125, 126, 129, 130, 134, 327
mesial, 105, 133, 136, 140, 323, 325, 326, 329
mesiovestibular, 105, 110, 124, 126, 132, 265
palatina(s), 105, 125-129, 131, 133-135, 136, 321
Raspagem, alisamento e polimento d entário, 10, 13, 14, 408
Raspagern, 10, 12, 13, 14,33,34,47,58,62,71,89,92, 104, 108, 110, 116, 117, 118, 120,163,
250, 268, 387, 408
Raspagem e alisamento radicular, 12, 34, 47, 62, 104, 116, 117, 250
Reabilitação protética, 231, 378, 380, 381, 403, 413
Reabsorção óssea, 5, 104, 113, 296
Regeneração
óssea,84,240,284,285,322,395
424 CIRURGIA PERJOOONTAL - PRÉ-PROTÉTICA E ESTÉTICA
tecidual guiada (RTG), 21, 34, 89, 116, 117, 118, 143, 152, 174, 182, 188, 222, 239, 240,
244,248, 249,250,254,260,262, 268,270,274,278,280,283, 284,285,410
Reparação, 12, 13, 34, 36, 41, 42, 44, 45, 51, 59, 71, 74, 79, 81-84, 88, 91, 94, 98, 117-122, 128,
130, 132,136,138, 139, 160, 162,165, 166, 168-171, 173, 174-176, 179, 180,185-190,192,
195,197-200,202,205,206-208,210,212,213,214,218,220,221,224,225,227,229,230,
232, 239, 240, 242-244, 246, 247, 249, 251, 254, 255-259, 263, 266-269, 271-273, 276-279,
281-287,302,308,363-365,369-372,374-376,378,380,381,383,385,388-391,396,399,
400, 402, 404, 416
Ressecção radicular, 123, 125
Retalho
de Widman, 22, 47, 58, 59, 89, 117, 375
de espessura parcial, 22, 160, 164, 169, 183, 230, 316, 354, 386, 387, 388, 395, 397
de espessura total, 22, 62, 63, 79, 118-120, 122, 124, 130, 132, 184, 216, 222, 230, 251,
305,310,315,325,330, 335,354,375,395
deslocado apicalmente, 74, 79, 84
deslocado coronariamente, 84, 166, 175, 188, 244
deslocado lateralmente, 162, 165, 166, 231
semilunar, 174
Retração gengival, 86, 149, 150, 152, 188, 190, 192, 197, 205, 213, 231, 296, 333, 386, 389,
390,409
s
Sangramento, 1,2,6,9, 12,31,34,42,54,55,58, 116, 143, 165,409,414
Segundos molares, 105, 123, 126, 136, 207, 231
Simetria,344,345,346,347,350, 351,356,368, 369,372,379,380,382,383,385,386,400
Sonda
de Nabers, 105, 110, 126, 132
milimetrada, 110
periodontal, 13, 35, 36, 105, 136, 139, 278, 296, 298
Sondagem,13,37,58,63,66,67,89, 104,110, 111,115,116, 125, 128, 150, 188,221,242,248,
256,259,261,264,268,276,277,278,284,295,298,299,300,301,302,322,396,408,409
Sorriso, 15, 149, 297, 333, 335, 341-358, 360, 362, 363, 364, 366, 367, 369, 371, 372, 374, 375,
376,378-382,385,386,389,400,403
gengival, 149,333,342,342,344,345,347,349,353,366,367,375,376,379,380,381,382
Sulco gengival, 1, 4, 5, 14, 42, 45, 62, 63, 79, 112, 149-151, 194, 293, 294, 295, 298, 332
Suturas, 31, 54, 59, 62, 65, 71, 74, 80, 84, 88, 92, 97, 118, 180, 192, 196, 210, 216, 230, 251, 260,
267,274,276,305,307, 320,332-333,369,374,379
T
Tatuagem, 136,358
Tecido de granulação, 33, 36, 40, 47, 51, 57, 58, 62, 68, 71, 74, 118, 195, 211, 232, 251, 267, 373
Tecido ósseo, 10, 22, 26, 33, 34, 35, 42, 58, 62, 63, 64, 68, 84, 89, 97, 154, 171, 174, 221, 239,
240,257,274,296,300,303, 305,330,332,352,374,375,377
Tórus, 26, 27, 92
Tratamento
cirúrgico e não-cirúrgico, 1, 14
de manutenção, 13, 14, 116, 117, 254, 257, 280, 392, 408, 410,
endodôntico,109,111,119,123, 134, 137,138,242,243,270,274,277,280,281,297,300,
305,308,413
ortodôntico,92,200,222,301,332,333,334,350,392,399
Trauma
de escovação, 152, 166, 332
odusal, 111, 112, 154
Túbulos dentinários, 2, 108, 109, 110
Tunelização, 117, 118, 120, 121, 123, 125, 126, 131, 133, 134,287,322
z
Zênite, 350, 351, 379, 381, 382