alteração ela é iniciada e mantida por

micro-organismos.
Diante disso é muito importante que
endodontistas, profissionais responsáveis
por tratar essa alteração tenham
conhecimento com relação a microbiota
endodôntica, a forma de organização
Importância de compreender desses seres dentro do canal para que

sobre microbiologia na Endodontia possam estabelecer estratégias adequadas

e selecionar protocolos de tratamento
A microbiologia é um ramo da biologia que
adequados para combater essa infecção.
estuda os seres microscópios, como:
protozoários, fungos, bactérias, vírus,
algumas algas, dentre outros seres
microscópicos. É a disciplina voltada para o controle e
prevenção da periodontite apical.
O endodontista busca sair da situação de
doença, de lesão, de infecção.
Atua fornecendo condições para o próprio
organismo do paciente reestabelecer a
cura.
Nos casos de uma polpa vital a intervenção
é feita para prevenir que a periodontite
Esse ramo da microbiologia estuda a
apical aconteça.
interação desses seres com os seres
humanos, a reprodução, a genética e vários
outros fatores relacionados a esses
pequenos seres.

Mas afinal o que esse ramo tão específico

da biologia tem a ver com a endodontia?
O que os endodontistas curam ?
Qual a doença que os endodontistas atuam
para a cura ? Os micro-organismos desempenham um
A doença periodontite apical e essa papel central na etiopatogenia das
alterações pulpares e alterações
perirradiculares, seja atuando como um
agente primário causador dessa alteração
ou um agente secundário complicador da
cicatrização.
Devemos levar em consideração esse
protagonismo desses micro-organismos.
Podemos considerar que a endodontia é
uma disciplina voltada para prevenção,
controle, e eliminação dos micro-
organismos do sistema de canais
radiculares.
1965 - Para que tenhamos o
desenvolvimento da lesão, para que tenha
alteração pulpar e necrose pulpar, é
preciso que se tenha a presença de micro-
organismos no meio.
(Kakehashi - Confirmação da atuação dos
microorganismos)
1976- principais micro-organismos
envolvidos na necrose são aqueles que em
contato com o oxigênio eles morrem, são
os anaeróbios estritos.
(Sundqvist - 100% dos casos de necrose
pulpar = envolvimento de micro-
organismos.
Além disso, 94% das cepas =
microorganismos anaeróbios estritos).
Observação: É por isso que em alguns
casos o paciente chega ao consultório com
muita dor e só em realizar a abertura
coronária, essa dor já é aliviada, porque ali
há presença dessas bactérias que morrem
somente pelo contato com o oxigênio.
Acredita-se que temos uma quantidade de
bactérias 10x maior que a quantidade de
células em nosso organismo. Embora
tenhamos uma quantidade tão grande de
bactérias em nosso corpo, conseguimos
conviver com esses micro-organismos de
uma forma harmônica, inclusive muitas
delas são extremamente importantes para
a nossa saúde principalmente as que estão
alojadas no nosso intestino. O problema
está quando esses micro-organismos se
acumulam e isso acaba gerando um
desequilíbrio.
Embora o dente esteja alojado numa
cavidade totalmente contaminada, o
espaço pulpar é isento de micro-
organismos por conta das estruturas que
revestem o dente.
Em condições normais, os envoltórios
naturais do dente, como: esmalte e
cemento, isolam e protegem a dentina e a
polpa contra os micro-organismos.
No entanto por algum motivo quando
acontece a perda desses envoltórios
naturais seja por cárie, trauma ou
procedimentos restauradores, nesse
momento cria-se um potencial para
invasão de micro-organismos no espaço
pulpar.
Com relação às vias de acesso dos micro-
organismos ao espaço pulpar a gente pode
citar, a cárie, a presença de doença
periodontal, o traumatismo...
Dentre as vias de acesso a cárie dental é a
principal delas.
Trauma
Dentro das formas de acesso desses micro-
organismos ao tecido pulpar a gente pode
citar a presença de micro ou macro fissuras
no esmalte em decorrência de trauma.
Muitas vezes essas fissuras elas são ate
clinicamente imperceptíveis, mas são
suficientes para expor o tecido dentinário.
Acontece que a dentina como a gente
sabe, é um tecido que apresenta túbulos
dentinários, e esses túbulos vão percorrer
a dentina em toda a sua extensão e a
medida que a gente aproxima ao tecido
pulpar a permeabilidade dentinária acaba
por aumentar.
Um fato muito importante é que o
diâmetro desses túbulos é inteiramente
compatível com o diâmetro da maior
bactéria que possa vir a existir.
Então podemos afirmar que quando temos
uma exposição dentinária, ali vai ter uma
via franca de acesso dos micro-organismos
até a polpa.
Cárie
Além das micro e macro fissuras de
esmalte, uma das principais causas de
alterações pulpares é através da cárie.
A cárie se inicia devido a formação de placa
bacteriana na superfície dentinária.
A medida que esse processo vai evoluindo
os produtos metabólicos liberados por
esses micro-organismos acabam por gerar
uma desmineralização no esmalte e na
dentina.
Inicialmente os túbulos dentinários se
tornam obliterados com o objetivo de
conter o avanço desses micro-organismos e
dos seus produtos tóxicos ao tecido pulpar.
Mas a medida que esse processo não é
paralisado há a formação de uma dentina
reacional, como uma segunda defesa
contra esses micro-organismos, se ainda
assim esse processo continuar sem
interrupção ele vai evoluir mais e mais em
direção ao tecido pulpar, e essa barreira
que é formada através dessa dentina
reacional que se forma em direção para
conter o avanço desse agressor, ela pode
ser facilmente transposta, os micro-
organismos mesmo à distância liberam
produtos tóxicos e essa liberação de
produtos tóxicos já acabam por iniciar um
processo inflamatório no tecido pulpar.
Com esse tecido inflamado, vamos ter ali
uma circulação de retorno aumentada, um
aumento de células de defesa e uma
dificuldade de drenagem desse tecido,
porque a gente tem que lembrar que esse
tecido conjuntivo (polpa), esta dentro de
um tecido bem rígido, o que acaba gerando
um colapso desse tecido, porque ele
precisa reagir, aumenta a vascularidade,
então, o tecido conjuntivo (polpa) em
contato com os micro-organismos e seus
produtos tóxicos, ele acaba necrosando e a
medida que esses micro-organismos vão
avançando, vai acontecendo uma necrose
gradual dessa polpa, então podemos
pressupor que essa invasão bacteriana, O ligamento periapical com o objetivo de

inflamação da polpa, necrose pulpar e se defender desses micro-organismos que

avanço desses micro-organismos é gradual, estão lá dentro do dente mas que

é literalmente um processo. É por isso que continuam liberando produtos tóxicos,

muitas vezes a gente abre o dente e acha começam a recrutar células de defesa.

um tecido pulpar necrosado no terço Então vamos ter na saída de canais laterais

cervical e médio, mas no terço apical essa e do forame, uma região povoada por

polpa ainda esta vital, porque é um muitas células de defesa.

processo. Continuando o processo infeccioso, cada

A medida que os micro-organismos vez mais células serão recrutadas.

ocupam o lugar da polpa , eles encontram Vamos ter nesse local células cujo objetivo

ali condições ideais para proliferar e se é reabsorção óssea, além disso vamos ter

multiplicar, porque dentro do dente eles macrófagos, liberação de interleucinas

vão encontrar temperatura favorável, fator tumoral de necrose que estão

nutrientes, superfície para se alojar. relacionadas com a reabsorção óssea com

o objetivo de que mais e mais células

Eles se organizam de forma cheguem para paralisar esse processo.

livre(planctônica), mas a medida que esse Sempre na saída de canais laterais e

processo vai avançando e essa doença vai forame, vamos ter um tecido povoado por

se tornando mais ‘’velha’’, esses micro- células inflamatórias, ou seja, a

organismos começam a se associar periodontite apical.

formando comunidades, chamadas de Quando olhamos uma radiografia e vemos

biofilme e com o tempo começam a ocupar uma lesão periapical, podemos inferir que

todo o sistema de canais radiculares ali tem um tecido com muitas células

( túbulos dentinários, istmos, deltas inflamatórias, cujo objetivo é barrar essa

apicais), passando a irritar os tecidos infecção, essa invasão bacteriana.

periapicais. Vamos ter uma reabsorção tanto óssea

quanto radicular porque vamos ter ali
muitas células de defesa que começam a se
defender dessa invasão.
É importante considerar que o tamanho da
lesão esta relacionado com a quantidade
da invasão bacteriana.
Periodonto
A medida que uma doença periodontal ela
vai avançando, os micro-organismos
presentes na bolsa periodontal ganha
acesso ao canal através de canais laterais e
até mesmo através do próprio forame.
Há indícios de que temos um processo de
doença periodontal tão avançado que os
micro-organismos presentes na bolsa,
podem atingir o forame e acabar gerando
uma agressão ao feixe vasculonervoso e
com isso acabar gerando necrose do tecido
pulpar dentro do dente.
Anacorese = atração de micro-
organismos para tecidos debilitados.
Ex: Endocardite bacteriana - onde
bactérias presentes na cavidade bucal, tem
uma atração por essas regiões em que
apresentam debilidade ( válvula cardíaca
que tem ali uma inflamação ou alteração
no curso natural do coração).
A Anacorese hematogênica é uma
ocorrência bem rara.
Estrutura e morfologia
São um dos micro-organismos mais
frequentemente encontrados no sistema
de canais radiculares quando temos uma
infecção.
De uma maneira geral são seres
procariontes (não tem organelas
organizadas), ela consegue sozinha ter uma
vida, não precisa de hospedeiro.
Apresentam parede celular, por isso que as
vezes é importante selecionarmos
antibióticos que atinjam a parede celular,
por isso eles não nos fazem mal, porque
nossas células não possuem parede celular
e o antibiótico só vai atingir aquilo que tem
parede celular.
As bactérias possuem diferentes
morfologias, uma delas é a forma coco que
são ‘’bolinhas’’ que se organizam de
diferentes formas ( estreptococos,
estafilococos...).
Podem ter formas de bacilo também
(diplobacilos, estreptobacilos...).
Essas duas formas são encontradas no
sistema de canais radículas. Coloração de Gram
Existe uma forma chamada de vibrião
Porque saber ?
(parecida com uma virgula), podemos
As bactérias são seres transparentes, por
encontrar também espirilo e espiroqueta.
isso utilizamos corantes para diferenciá-las.
Existem dois grandes números de
bactérias, as bactérias gram-positivas e
gram-negativas.
A técnica de Gram consiste no emprego de
diferentes corantes.
1°- Aplicação de corantes da cor púrpura
(cristal de violeta):
os dois tipos de bactérias vão absorver
igualmente esse cristal de violeta, ficando
roxas.
2° - Aplicação de álcool (solvente):
as bactérias Gram +(positivas), apresentam
parede celular, então o álcool entra e não

Respiração bacteriana consegue remover o corante, assim essas

bactérias vão continuar arroxeadas.
Vamos ter bactérias que são:
Já nas Gram – (negativas) não tem parede
Anaeróbias estritas - não pode ter contato
celular, o álcool entra e remove o corante,
com oxigênio (morte).
voltando a ficar transparente.
Anaeróbias facultativas - sobrevivem na
3° - Aplicação de corante rosa : as que não
presença de oxigênio ou não.
ficaram roxas, vão ficar rosa, assim
Anaeróbias obrigatórias - precisam do
conseguimos ver no microscópio quais são
oxigênio obrigatoriamente para crescer.
Gram + e Gram -.
A maioria das bactérias presentes numa
infecção primária no canal radicular, são
bactérias anaeróbias estritas, ou seja,
quando um paciente chega no consultório
com muita dor e a gente faz uma abertura
O que isso tem a ver com endodontia ?
coronária, só por este fato as bactérias
No sistema de canais radiculares, vamos
entram em contato com o oxigênio e
ter a presença desses dois tipos de
morrem, aliviando a dor do paciente.
bactérias, mas em diferentes momentos do
tratamento endodôntico, vamos ter mais a complexas que as gram +, embora sua
prevalência de uma que de outra. parede celular apresente uma camada bem
Então é muito importante sabermos como mais fina de peptidoglicano, ela apresenta
essas bactérias se comportam, quais os uma região chamada de espaço
fatores de virulência, o que ela causa no periplasmático.
nosso paciente, para que possamos Nessa região ficam muitas enzimas, essas
solucionar de uma maneira mais efetiva. enzimas são consideradas os fatores de
virulência desses micro-organismos.
Fatores de virulência bacteriano Podemos citar dentre essas enzimas a
betalactamase, essa enzima em especifico
Bactérias Gram +, apresentam parede
tem a capacidade de inativar a ação de
celular muito expeça ( quase 90% da
antibióticos a base de Penicilina.
parede é formada por peptidoglicano), por
Além disso, essas bactérias apresentam em
isso que o corante quando entra na célula,
sua estrutura o lipopolissacarídeo (LPS),
ele tem dificuldade para sair.
essa estrutura fica bem na superfície da
Além dessa parede, essas bactérias
bactéria e ela, o lipídeo A, é responsável
apresentam algumas proteínas como ácido
pelos efeitos tóxicos dessa endotoxina.
lipoteicóico e ácido teicóico.
O LPS é liberado quando a bactéria Gram-
Essas estruturas são responsáveis pela
esta se dividindo ou quando ela morre.
entrada e saída de algumas substâncias
Então, não mais importante que matar a
dentro da célula.
bactéria, é a gente se preocupar com a
Além disso, fazem parte do fator de
inativação do LPS.
virulência dessa célula.
Pois mesmo sem bactéria o LPS pode
O que é fator de virulência?
continuar estimulando e causando uma
É o que torna o micro-organismo
lesão, por conta que ele é extremamente
patógeno, é o que faz com que ele possa
tóxico.
burlar nosso sistema de defesa.
Quando essa endotoxina é liberada, ela
Fatores que fazem com que elas consigam
ativa macrófagos e monócitos e com isso
desenvolver uma doença no nosso
há liberação de citocina pró-inflamatória,
organismo.
que esta relacionada com reabsorção, dor,
As bactérias gram +, se aderem através dos
edema e ocorre a ativação do sistema
ácidos lipoteicóico e teicóico, conseguindo
complemento, que aumenta a
assim se proliferar e liberar enzimas,
permeabilidade vascular do local.
iniciando um processo inflamatório.
Nos casos em que o paciente esta com
As bactérias gram –, são um pouco mais
muita dor, lesão grande, podemos ter em
mente que ali temos a presença de
bactérias Gram - (negativas) e que
provavelmente vão ter endotoxinas LPS
presente.
Precisamos nos preocupar em inativar esse
LPS.
Estudos mostram que as soluções
usualmente empregadas como hipoclorito
e clorexidina não são capazes de inativar o
Então se temos micro-organismos nesses
últimos milímetros apicais,
consequentemente vamos ter reabsorção,
processo inflamatório intenso, com o
objetivo de tentar barrar essa invasão
bacteriana.
Organização no sistema de
canais radiculares

LPS, apenas tem efeito sobre a morte Vamos ter dois tipos de organização:
bacteriana. 1ª - Planctônica: quando a bactéria esta
vivendo livre no fluido do canal, sem estar
Dano direto e indireto
associada a nenhuma outra.
Quando temos micro-organismos nos 5mm
No entanto vamos ter as associações entre
do terço apical do dente, seja ele sem
as bactérias quando elas se unem
tratamento endodôntico ou em casos que
formando uma comunidade chamada
teve tratamento.
biofilme.
Nessa região de complexidade anatômica
O biofilme inicialmente vai aderir à
esses micro-organismos ainda estão lá
superfície sendo um processo reversível,
viáveis, vamos ter :
mas a medida que esse processo de adesão
Dano direto: as bactérias vão liberar
aumenta e mais bactérias chegam, esse
enzimas, endotoxinas, produtos
processo vai se tornando irreversível, elas
metabólicos, que vão gerar uma
vão ficando cada vez mais fixas naquela
destruição, além disso temos alguns dos
superfície, pois liberam uma matriz que é
aspectos das características dessas
um tipo de proteção como se fosse uma
bactérias, como LPS, ác. Lipoteicóico,
cola que as protegem de células do sistema
peptidoglicano (parede bacteriana que
de defesa (micro-organismos, soluções,
muitas vezes impede que substâncias
medicações).
entrem nessas bactérias e as inativem),
Quanto maior for a lesão, maior é a
lipoproteínas, proteínas de membrana,
probabilidade de se ter biofilme e um
DNA.
biofilme muito organizado (isso esta
relacionado ao tempo).
Dano indireto: por parte do nosso próprio
Esses micro-organismos podem também
corpo querendo conter esse avanço
colonizar os túbulos dentinários em
bacteriano.
profundidade e complexidade.
Vamos ter a presença de bactérias
anaeróbias facultativas (crescem com ou
sem oxigênio) a medida que vamos
aprofundando no canal radicular a
quantidade de oxigênio e nutrientes vão
diminuindo e isso vai gerando uma
transição dos tipos de bactérias que
estavam na cervical para as que estão na
região apical predominando as bactérias
anaeróbias estritas ( morrem ao contato
com oxigênio).
Além das bactérias os fungos também são
causadores de muito insucesso nos
tratamentos, eles também estão presentes
no canal e também se aderem às bactérias
na formação de biofilme.
Podem ser observados na forma de
levedura que são esferas mais ovoides e
hifas.
Eles vão se reproduzindo através de
brotamento e eles e conseguem viver em
ambientes com pouco nutriente, então
eles conseguem se aprofundar nos túbulos
dentinários e conseguem sobreviver
mesmo após o tratamento endodôntico.
Associados às bactérias os fungos
aumentam sua virulência, tornando-se
sinérgicos, formando patologias.
O fungo Candida albicans, é o mais
prevalente no sistema de canais
radiculares.
Os fungos vão ser mais encontrados
principalmente nos casos de infecção
persistente.
As infecções endodônticas podem ser
diferentes por conta das diferenças clinicas
e principalmente o momento em que os
micro-organismos adentraram o sistema de
canais radiculares.
A infecção endodôntica primária nada mais
é que uma reação inflamatória
perirradicular( lesão de um tecido
composto por muitas células de defesa)
que ocorre em dentes de polpa necrosada
SEM TRATAMENTO ENDODONTICO
PRÉVIO, podendo apresentar-se
sintomática (aguda) ou assintomática
(crônica).
Numa infecção primária vamos ter uma
microbiota bem rica (10-30 espécies de
bactérias), predomínio de bactérias
anaeróbias estritas (em contato com
oxigênio morrem), é por isso que muitas
vezes só o fato de abrir o dente já melhora
a dor.
Em geral nesta infecção vamos ter
bactérias gram – (o fator de virulência das
gram – é o LPS, por isso que muitas vezes
esse paciente vai estar em situação aguda,
com muita dor, inchaço...) em sua maioria,
então temos que atentar para inativar esse
LPS, mas também tem algumas gram + .
A diferença entre os pacientes
sintomáticos e assintomáticos no quesito
biológico é que os micro-organismos
podem ter diferentes tipos clonais
virulentos.
Além disso, as bactérias podem fazer
associações nos diferentes tipos e tornar
esse processo mais exacerbado, então as
vezes se tivesse o predomínio de só um
tipo de bactéria ela não seria capaz de
gerar tanta dor. Quando ocorre a
associação de bactérias de vários tipos o
fator de virulência entre as bactérias eles
se somam e tornam esse processo mais
agudo. O numero de bactérias é o fator
primordial nos casos de infecções agudas.
Nos casos de infecções crônicas o número
de bactérias é bem menor que no caso do
agudo, vamos ter provavelmente as
mesmas bactérias, porém em quantidades
diferentes. Isso também vai depender da
resistência do hospedeiro, se for uma
pessoa mais debilitada, provavelmente
essa infecção vai ser dar de forma mais
intensa.
RESUMO INFECÇÃO PRIMÁRIA: sem
tratamento endodôntico anterior,
microbiota mista (10-30 espécies),
predomínio de Gram negativas.
Além da primaria vamos ter a infecção
secundária e a infecção persistente.
A periodontite apical é a mesma no
entanto a quantidade de micro-organismos
vai ser diferente.
Essas duas últimas infecções são casos em
que o endodontista já interviu
anteriormente, casos em que vai ser
necessário retratamento ou até cirurgia.
Quando fazemos a reintervenção?
Quando sabemos que essa é uma lesão
persistente?
- Dentes associados com sinais e sintomas
após tratamento endodôntico realizado.
- Desenvolvimento de periodontite apical
ou lesão pré-existente ter aumentado de
tamanho
- Continuidade de reabsorção radicular (
processo inflamatório), lesão que
permanece, regride ou tem regressão
mínima durante um período de 4 anos.
A infecção secundária vai ser causada por
micro-organismos que não estavam
presentes na infecção primaria e que
penetraram o canal DURANTE O
TRATAMENTO ENDODONTICO, entre as
sessões ou mesmo após a conclusão do
tratamento.
São os casos em que o paciente fala: - ‘’ a efetivas contra esses micro-organismos).
massinha caiu’’, nesse momento o dente
esta aberto e novas espécies bacterianas RESUMO INFECÇÃO SECUNDÁRIA:
podem entrar, ou mesmo por descuido microbiota mista (2-5 espécies) com
durante o tratamento. poucas espécies, pois a grande maioria
não sobreviveu ao tratamento realizado
A infecção persistente é causada por na infecção primária.
micro-organismos que, RESISTIRAM aos Predomínio de Gram positivas.
procedimentos intracanais de desinfecção.
Uma obturação deficiente, é reflexo de
uma instrumentação deficiente.
Dentre os micro-organismos mais
Provavelmente, a lima e o irrigante não
prevalentes nas infecções persistentes, a
passaram por toda a extensão do dente.
literatura mostra a prevalência do
Numa situação como essa vamos encarar
Enterococcus faecalis, é uma bactéria Gram
como infecção primária, pois vamos ter
+, com parede celular mais espessa.
muitas espécies bacterianas, nesses casos
Esse micro-organismo esta relacionado ao
na hora da reintervenção podemos ter um
insucesso do tratamento, ele é um micro-
controle microbiano melhor.
organismo que consegue viver em
Em contrapartida, em casos de
ambiente com escassez nutricional e é
reintervenção que após um mês a lesão
capaz de invadir túbulo dentinário, essas
esta aumentada, o tratamento pode ter
características fornecem uma boa
sido feito com sucesso, porém houve um
resistência ao mesmo. Além disso,
fracasso na total eliminação bacteriana.
apresenta em seu interior uma bomba de
O canal pode estar bonito, mas não estar
prótons, isso fornece a essa bactéria a
limpo.
característica de sobreviver num ph
Na infecção secundária temos menos
elevado.
espécies de bactérias, só vão ficar mesmo
O hidróxido de cálcio fornece um ph
as mais resistentes, geralmente vão
alcalino, pois as bactérias gostam de viver
predominar as anaeróbias facultativas e
em ambientes ácidos.
presença de fístula associada à bactérias,
Essa sua característica a faz sobreviver
prevalência de bactérias Gram + (parede
após o uso da medicação intracanal.
celular com peptidoglicano bem espessa,
essa característica pode ser um fator de
resistência, fazendo com que as
medicações e soluções sejam menos
É uma infecção do tipo raro, vai acometer
de 2-3% dos casos.
Nessa região não temos uma forma direta
de atuar, não conseguimos instrumentar
essa parte e a solução irrigadora também
não chega nessa região.
Essa infecção se dá devido a uma resposta
a um abcesso perirradicular agudo, que
acaba por ocasionar uma inflamação
purulenta devido a uma invasão maciça de
micro-organismos.
Existe uma forma assintomática dessa
infecção onde alguns tipos de micro-
organismos conseguem se alojar e
desenvolver essa infecção.
Casos onde houve regressão da fístula.
Essa infecção é rara porque numa lesão
perirradicular, temos um aumento de
células de defesa, e faz com que diminua o
número de bactérias nessa região, ficando
somente as mais resistentes.
RESUMO INFECÇÃO EXTRARRADICULAR :
poucas espécies bacterianas (são raras as
espécies que conseguem sobreviver no
tecido perirradicular), podendo citar as
mais comuns nesse caso a Actinomyces
(gram +) e a P. propionicum (gram +).
Visto que a periodontite apical é uma
reação inflamatória que acontece nos
tecidos periapicais devido à presença de
micro-organismos e seus produtos tóxicos,
no interior do canal radicular, as medidas
de controle microbiano devem contemplar
a redução e eliminação de micro-
organismos que estão presentes nessa
região, capaz de causar essa reação
inflamatória.
O controle da infecção vai desde a
antissepsia do campo operatório à
esterilização adequada dos instrumentais.
Como funciona o emprego do antibiótico
no controle microbiano?
Se a causa da reação inflamatória é a
infecção dentro do sistema de canais
radiculares, o antibiótico vai estar contra
indicado, por que ele não consegue entrar
dentro da cavidade pulpar, pois numa
polpa morta não temos vascularização.
Pra um antibiótico fazer efeito ele precisa
estar na corrente sanguínea e ir ate o
órgão que esta infeccionado e
reestabelecer a saúde.
No caso da endodontia isso não funciona.
A prescrição de antibióticos só deve
contemplar aqueles casos que apresentam
alterações sistêmicas, como: febre, trismo,
prostração, dentre outros recomendados
pela associação americana de endodontia.
A redução desses micro-organismos na
Endodontia é uma medida local, é um
preparo biomecânico, irrigação, medicação
intracanal.
Temos que ter muita consciência em
relação a isso, selecionando os casos
adequados para utilização dos antibióticos.
No tratamento endodôntico temos várias
etapas operatórias, e essas etapas que são
mais importantes pra esse controle de
infecção, é: instrumentação mecânica
(limas), juntamente com a irrigação (PQM)
e também vamos lançar mão da medicação
intracanal.
INSTRUMENTAÇÃO
Estudos mostram que o fato de
removermos mecanicamente esse biofilme
é ótimo, nessa etapa já vamos ter uma
redução bem grande dessas bactérias.
Porém só a instrumentação mecânica não
é suficiente.
Ampliação apical: quem vai ditar o
diâmetro de dilatação que vamos ter, vai
ser a anatomia.
Não fazemos a ampliação foraminal, mas
instrumentamos 1mm aquém com uma
ampliação adequada dada pela anatomia
do dente.
Os diâmetros de maiores dilatação,
permitem maior volume de irrigante.
A instrumentação também vai criar uma
região de fluxo e refluxo da irrigação;
permite um avanço maior da lima no terço
apical.
É importante que coloquemos a cânula de
irrigação mais para o terço apical,
respeitando a distancia do forame para não
termos extravasamento da solução;
A instrumentação vai permitir maior
volume de medicação intracanal e melhora
a seleção da guta-percha.
O hipoclorito de sódio é uma solução
muito embasada na literatura que tem
ação antimicrobiana forte e, além disso,
uma ação antibiofilme.
Não adianta somente matar a bactéria,
mas também remover o biofilme, porque
se o mesmo continuar lá, com certeza
bactérias remanescentes, vão continuar
mantendo esse biofilme.
Além disso, o hipoclorito tem uma ação na
dissolução pulpar.
A dissolução ocasionada pelo hipoclorito é
dependente da concentração desse
material.
O EDTA é eficaz em biofilme, mas pobre
em matriz.
A clorexidina não remove biofilme, tem
ação na morte bacteriana, mas não exerce
efeito nessa morte bacteriana, a mesma
pode ser utilizada como irrigante
complementar, mas não como irrigante
principal.
Ação de soluções em endotoxina (LPS):
O hipoclorito e a clorexidina tem ação
considerável na morte bacteriana, mas os
dois deixam a desejar na eliminação do
LPS, tendo o hipoclorito uma ação um
pouco maior que a clorexidina.
Irrigação 2 – EDTA x LPS
Durante a instrumentação é formada a
smear layer ( camada residual, que acaba
por se depositar nas paredes do canal
radicular), essa lama se forma pela ação de
corte dos instrumentais misturados com
restos de polpa, tecidos e acaba por
obliterar os túbulos dentinários, isso
impede que os irrigantes, medicamento
intracanal e cimento penetrem em
profundidade nos túbulos dentinários.
Alguns micro-organismos tem habilidade
de se aprofundarem nos túbulos e
sobreviverem por muito tempo, por isso é
importante lançar mão de estratégias para
remover essa camada residual para que a
solução possa ter ação dentro dos túbulos.
O EDTA 17%, é a solução mais empregada
no quelamento e na remoção dessa lama
dentinária e na redução dos níveis de
endotoxina.
Medicação intracanal
O Hidróxido de cálcio é uma das
medicações intracanais mais empregadas,
primeiro porque mantém o meio bem
alcalino (pH 12,8), afeta membranas
citoplasmáticas das bactérias, ação
biológica, que estimula a formação à
mineralização.
Na Endotoxina, o hidróxido de cálcio
consegue hidrolisar essa estrutura,
formando ácido graxo e aminoaçucar.
Tem efeito de inativar endotoxinas.
Obturação
É a última etapa operatória.
Quando selamos o canal com a obturação,
se tivermos micro-organismos
remanescentes, eles não vão conseguir
receber nutrientes por conta da obturação
e também não vão conseguir atingir os
tecidos periapicais.
Devemos escolher técnicas obturadoras
que contemplem a termoplastificação da
guta percha, porque assim vai ser possível
fazer uma obturação mais hermética.
Tão importante quanto à obturação, é
fazer um selamento coronário melhor
ainda.
O objetivo é evitar que novos micro-
organismos invadam, ou impedir que os
que estão dentro ganhe nutrientes pra
continuarem se proliferando.
- Material de apoio cedido pelos
professores nas aulas de Endo.
- Resumo de palestras e cursos.
- Livro: LOPES, H.P., SIQUEIRA Jr, J.F.
Endodontia. Biologia e técnica. 4ª ed.

Essa apostila foi feita com muito carinho e

dedicação e servirá como um instrumento
de apoio aos seus estudos, por isso, ela não
pode ser vendida por terceiros e nem
plagiada. Plágio é crime de violação aos
direitos autorais no Art. 184.
Obrigada e bons estudos!

Beijinhos da @endo_dontica