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Microbiologia Periodontal

Prof. Ricardo S Barbosa


Adquirimos microrganismos vaginais e fecais
Após
Em o desmame
duas (>2 anos),
semanas, toda microbiota
uma microbiota humana éé
quase madura
formada por uma
estabelecida complexa do
no intestino coleção de diferentes tipos
bebê recém-nascido.
bacterianos
A partir deste
m o m e n t o , o co r p o
contém 10 vezes mais
bactérias que as
células humanas.
Estima-se que, em um ser humano saudável, a
população bacteriana pode abranger 2 kg de todo
peso corpóreo.
A colonização da cavidade
oral inicia-se no momento
do parto. Algumas horas
a p ó s o n a s c i m e n t o, a
c av i d a d e o r a l e s t é r i l
torna-se colonizada por
um número pequeno de
bactérias, principalmente
facultativas e aeróbias.
Facultativa Aquelas que podem viver e crescer com ou sem oxigênio.

Um organismo anaeróbico é qualquer organismo que não


Anaeróbia
necessita de oxigênio para o crescimento.
A cavidade oral de uma perspectiva microbiana
Em geral, apenas com a exceção de microrganismos
presentes na face e em fluidos secretórios, todas as
bactérias se mantêm dentro do hospedeiro aderindo-
se a uma superfície.
Do ponto de vista ecológico, a cavidade oral, que
se comunica com a faringe, deve ser considerada
como um “sistema de crescimento aberto”, com
ingestão e remoção contínua de microrganismos
e de seus nutrientes.
Equilíbrio Dinâmico
Força de adesão e remoção

(1) deglutição,mastigação e o ato de assoar o


nariz;

(2) implementos de higiene oral e de língua;

(3)o efeito de limpeza da saliva, nasal e fluido


gengival;

(4) movimentação ativa dos cílios (paredes nasal


e sinusal).
A maior ia dos organismos só
consegue sobreviver na orofaringe
quando aderidos aos tecidos moles
ou às superfícies duras
A habilidade de adesão das bactérias ao hospedeiro é crucial
para as doenças
infecciosas

Gengivites

Periodontites
Bactérias orais, especialmente as
bactérias patogênicas, como:

Porphyromonas gingivalis

Aggregatibacter actinomycetemcomitans

Grande leque de fatores de virulência, como a habilidade de adesão às


superfícies duras intraorais (dentes,restaurações e materiais protéticos,
e implantes) e/ou a mucosa oral
Com base nos critérios físicos e morfológicos, a
cavidade oral pode ser dividida em seis ecossistemas
(também chamados de nichos):
Nicho1- Intraoral, supragengival, superfícies duras:
Nicho2- Bolsa periodontal/peri-implantar:

Cemento radicular,
fluido crevicular, Superfície do implante,

Epitélio da bolsa,
Nicho 3-Epitélio bucal, palatino e do assoalho bucal

Nicho 4-Dorso da língua

Nicho 5-Amigdalas
Nicho 6-Saliva
Habitats Intraorais (Bolsa Periodontal, Mucosa Oral, Língua,
Saliva, Amídalas, e Placa Supragengival) para Espécies
Periodontopatogênicas e Cariogênicas
Curiosidade!
Muitas espécies (com exceção das espiroquetas) são
capazes de colonizar todos nichos.

D e t e r m i n a d o s p e r i o d o n t o p at ó g e n o s , c o m o
Fusobacterium nucleatum e Prevotella intermedia , estão
envolvidos na etiologia:

1.amidalite,
2.muitos são capazes de colonizar o seio maxilar
Não são estruturas passivas no
processo de adesão e colonização
Superfície dos tecidos moles

Descamação (Turnouver alto)


D i v eentanto,
No r s o s e sas
t u dbactérias
os têm
mostrado
podem elevados
aderir números
nas células do
de bactériase inseridas
hospedeiro formar umaem
relação comensal,debenéfica
células epiteliais bolsas
para ambas asinpartes.
periodontais vivo
Em áreas de inflamação gengival, há um
número aumentado de bactérias aderidas

Essas bactérias aderidas também podem se


infiltrar na parede da bolsa, em larga
escala, e atingir o estroma subjacente
Em geral, existe uma correlação positiva entre a
taxa de adesão de bactérias patogênicas em
diferentes epitélios e a susceptibilidade do
paciente a determinadas infecções.
Gengivite
Isogai et al. relataram uma taxa de aderência
diminuída em células epiteliais de ratos com
cepas de P. gingivalis e Prevotella intermedia,
resistentes à gengivite, quando comparados a
ratos suscetíveis.
Periodontite

Tendência similar quando pacientes


resistentes à perio dontite foram
co m p ar ad o s a p ac i e nt e s co m
destruição periodontal grave.
Micrografia confirmando uma diferença significativa na capacidade de
adesão da P. gingivalis (pontos verdes pequenos) às células epiteliais
de pacientes resistentes (esquerda) versus paciente com periodontite
severa (direita).
Do ponto de vista microbiológico, dentes e
implantes são únicos por duas razões:

(1) fornecem uma superfície não descamativa


dura, que permite o desenvolvimento de
depósitos bacterianos estruturados;

(2) formam uma interrupção ectodérmica


única.
Existeuma união especial de epitélio (epitélio
juncional) e tecido conjuntivo entre o meio
externo e interno.

O acúmulo e o metabolismo de bactérias nesses


tecidos duros são considerados como causas
primárias de cáries, gengivites, periodontite,
periimplantite e, às vezes, mau hálito.
Bolsa Periodontal
Nas bolsas periodontais, estratégias diferentes
contribuem para a sobrevivência bacteriana,
como a capacidade de “flutuar” no fluido
g e ng i val, a ade são ao e p i tél io da bo lsa
p er i o d o ntal e a co lo n i z a ç ã o e m t ú b u lo s
dentinários
O fluxo contínuo do fluido gengival não
favorece a manutenção de bactérias livres na
bolsa periodontal.
Tem-se sugerido que os dentes são
o s p r i m e i ro s h a b i tat s d o s
periodontopatógenos.
Modo de vida das bactérias no biofilme
Obstáculos
Bactéria

Nutrientes
Sustentar seu crescimento
A competição é frequente, e
muitas comunidades
microbianas contêm diferentes
espécies que compartilham o
mesmo local. Os nutrientes
tendem a concentrar-se nas
interfaces, e consequentemente
as populações mais densas
es tão localizadas nas
interfaces de vários tipos.
O biofilme é composto de células
microbianas encaixadas dentro
de uma matriz de substâncias
poliméricas extracelulares (SPE), como
polissacarídeos, proteínas e
ácidos nucleicos.
Bactérias/Biofilme

• Crescem em um meio de competição e


múltiplas espécies que podem interagir.

• Estas podem ser benéficas ou maléficas


• Maléficas competem através de moléculas
antibacterianas (Peroxido de hidrogênio e
pepitídios inibidores).
Biofilmes são heterogêneos!

microcolônias de células bacterianas.


C a n a i s d e á g u a s ã o co m u m e nt e
encontrados nos biofilmes, e esses
funcionam como canais primitivos de
s i s t e m a c i r c u lat ó r i o, re m o v e n d o
p ro d u to s re s i d u a i s e t r a ze n d o
nutrientes frescos para as camadas
mais profundas do biofilme.
Os nutrientes se conectam às microcolônias
sésseis (inseridas) por difusão de canais de água
para as microcolônias, em vez de vir da matriz.
As bactérias coexistem e se proliferam dentro
da matriz intracelular por onde passam os
canais.
A matriz dispõe um ambiente especializado, onde
se distinguem bactérias que existem dentro do
biofilme daquelas que são planctônicas,em
soluções como a saliva ou o fluido gengival.
Matriz

Orgânico

Inorgânico
Orgânico
Polissacarídeos
Proteínas
Glicoproteínas
Material lipídico
DNA (talvez)
Inorgânico

Cálcio
Fósforo
Sódio/Potássio/Flúor
(Vestígios)
Estrutura da Placa Dental

Madura no Biofilme
A placa é composta por uma firme matriz
extracelular, tornando impossível a sua remoção
através do uso de bochechos ou sprays. Então, a
placa pode ser diferenciada de outros depósitos
encontrados na superfície dentária, como a
matéria alba e o cálculo dental.
Classificação da placa
• A placa supragengival encontra-se na
margem gengival ou acima desta; quando está
em contato com a margem gengival denomina-se
placa marginal.

• A placa subgengival encontra-se abaixo da


margem gengival, entre o dente e o epitélio da
bolsa gengival.
Placa Supragengival

A p laca s u p r ag e ng i val a p re s e nt a - s e,
g eralm e nte, co mo uma o rgan ização
estratificada de morfotipos bacterianos
- C o co s e ba s to n e t e s G r am -
positivos predominam na superfície
dentária

- E s p i r o q u e t a s, b a s to n e t e s e
f i l a m e n t o s G r a m - n e g at i v o s
predominam na superfície exterior
da placa bacteriana.
Habitat
Placa Perfeito
Subgengival

Difere da placa suprageng ival quanto à


composição:

principalmente pela disponibilidade local de


produtos sanguíneos e pelo baixo potencial de
oxirredução, o que caracteriza o ambiente
anaeróbio.
Placa associada a região cervical

Predominância de bastonetes e cocos Gram-


positivos, incluindo S.mitis, S. sanguinis,
Actinomyces oris (uma nova espécie que contém
cepasanteriormente classificadas como A.
naeslundii), A. naeslundii e Eubacterium spp.
Bolsa Profunda

D o m i n ad a p o r m i c r o r g a n i s m o s
m e no re s s e m um a o r i e nta ç ã o
particular.
A b o r d a a p i cal d a p laca
bacter i ana é se parada do
epitélio juncional:
- Camada de leucócitos,

- Bactérias maior concentração de


bastonetes Gram-positivos.
A composição da placa subgengival depende da
profundidade da bolsa.

- Porção apical tem maior predominância de


espiroquetas, cocos e bastonetes,

- Porção coronal são observados mais filamentosos.


Placa supragengival

Formação de cálculo e cárie radicular

Placa subgengival

Formação de cálculo, cárie radicular


Destruição dos tecidos de suporte
Formação da Placa
Bacteriana?
(1) formação da película,

(2) aderência e fixação de bactérias,

(3) colonização e maturação da


placa.
Película adquirida

É uma fina camada acelular que forma a base


p a r a a d e s ã o d o s m i c ro rg a n i s m o s q u e
posteriormente desenvolvem a placa
bacteriana.
Ao longo das primeiras quatro a
oito horas, 60% a 80% das bactérias
presentes fazem parte do grupo dos
Streptococcus.

O utra bactéria comumente


encontrada nesse período são as
e spécie s que não co nseguem
sobreviver sem oxigênio (aeróbios
estritos)
Ao retirar o oxigênio, os
co lo n i z ad o r e s p r i m á r i o s
fornecem condições de baixa
t e n s ã o d e o x i g ê n i o,
ETAPAS DA COLONIZAÇÃO
BACTERIANA
1 - Tr a n s p o r t e a t é a
Superfície

2 - Adesão inicial

3 - Ligação forte
(Adaptado de Socransky SS, Haffajee AD, Cugini MA, et al: J Clin Periodontol
25:134,1998.)
• Os complexos da esquerda são formados por
espécies tidas como colonizadoras da
superfície dental e proliferadoras em um
estágio inicial.

•O complexo laranja torna-se numericamente


dominante no estágio posterior e é tido como
uma ponte entre os colonizadores iniciais

• Complexo vermelho as quais tornam-se


numericamente mais dominantes nos
estágios finais do desenvolvimento da placa.
Ftores que Afetam a Formação
de Placa Dental Supragengival
• Durante as primeiras 24 horas após alimpeza da
superfície do dente, o desenvolvimento de placa é
insignificante do pontode vista clínico

• Esse “tempo de latência” é devido aofato de a população


microbiana ter de alcançar certo tamanho antes de poder
serfacilmente detectada por um clínico.

• Durante os três dias seguintes, a coberturaprogride


rapidamente até o ponto em que, após quatro dias, uma
média de 30% da área coronal total do dente será
coberta por placa
Ftores que Afetam a Formação
de Placa Dental Supragengival

• Crescimento da placa

• Microrrugosidade de superfície

• Variaveis individuais
Biofilme e a resistência
a antimicrobianos
• Bactérias que crescem em comunidades microbianas
aderidas à superfície não se comportam da mesma
maneira que bactérias em suspensão no meio líquido.

• Estado nutricional, taxa de crescimento, temperatura, pH


e exposições anterioresa concentrações subefetivas de
agentes antimicrobianos.

• Taxa mais lenta de crescimento de espécies bacterianas


no biofilme, o que as torna menos suscetíveis amuitos,
porém não a todos, antibióticos.

• A matriz do biofilme, embora não seja uma barreira física


significativa para difusão de antibióticos, tem
certaspropriedades que podem retardar a penetração do
antibiótico.
Especificidade microbiológica

das doenças periodontais


X
Hipótese da placa não
específica
Fator do hospedeiro
Etiopatogenia da DP

Proxima aula
Ufa!

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