Você está na página 1de 192

dentaloves

Apostila de

ENDODONTIA

APOSTILA FEITA POR @DENTALOVES


APOSTILA ENDODONTIA

Um Recadinho Pra Você!

© Obrigada por ter adquirido essa apostila! Saiba que ela foi confeccionada com muito carinho pra
auxiliar seus estudos e aprendizado.
© Durante os seus estudos, caso apareça alguma dúvida ou você encontre algum possível erro,
pode entrar em contato comigo através do e-mail, direct ou WhatsApp.
© Todo o conteúdo dessa apostila foi baseado em bibliografia específica, aulas e pesquisas na
internet.
© É proibida a venda ou distribuição gratuita deste material por outra pessoa que não seja eu, a
autora.
© No mais, espero que você goste e que te ajude bastante!
© Não se esquece de registrar seus estudos com essa apostila e marcar no Instagram @dentaloves,
eu vou amar acompanhar!

Sumário

Anatomia Interna.....................................................................................................................02

Cirurgia de Acesso...................................................................................................................35

Instrumentos Endodônticos....................................................................................................51

Odontometria...........................................................................................................................65

Fundamentos do Preparo Químico-Mecânico.....................................................................85

Sistema Protaper......................................................................................................................93

Medicação Intracanal..............................................................................................................97

Obturação...............................................................................................................................104

Tratamento Endodôntico do Dente 21................................................................................117

Diagnóstico em Endodontia.................................................................................................123

Alterações Pulpares e Perirradiculares................................................................................137

Reabsorção Dentária.............................................................................................................156

Terapêutica em Endodontia.................................................................................................171

Magnificação e Endodontia Mecanizada...........................................................................185


APOSTILA ENDODONTIA

ANATOMIA
Manutenção do elemento na cavidade oral
Interna
Objetivos da Endodontia:
Os objetivos principais da terapia do canal radicular são a
perfeita limpeza, a modelagem de todos os espaços
ü Solução de infecções pulpares e a obturação completa desses espaços com
material de preenchimento inerte. A presença de um único
ü Lesões endo-periodontais canal não tratado pode ser a razão da falha.
ü Cárie
Diagnóstico
ü Traumatismos
Cirurgia de acesso
ü Fraturas
Odontometria
ü Tratamentos protéticos reabilitadores
PQM (preparo químico-mecânico)
ü Retratamento endodôntico
Obturação
Restauração

Cirurgia de Acesso

Cirurgia de acesso é uma cirurgia para ter acesso à câmara pulpar do dente.

Anatomia Interna Do Sistema De Canais Radiculares

O profissional deve formar mentalmente a


imagem tridimensional de cada dente.
Dentes multirradiculares apresentam teto
e assoalho da câmara pulpar.
O teto e o assoalho possuem colorações
diferentes.
O assoalho é mais escuro, possui uma cor
acastanhadas.

Anatomia Da Cavidade Pulpar

A cavidade pulpar é o espaço que abriga a polpa dentária.

Didaticamente, ela é dividida em câmara pulpar e canais radiculares.

Câmara Pulpar: porção coronária da cavidade pulpar


É uma cavidade única Sua forma se assemelha à superfície
Geralmente volumosa que aloja a polpa externa do dente
coronária Nos dentes anteriores, ela é contínua ao
Ocupa internamente o centro da coroa canal radicular
APOSTILA ENDODONTIA

Nos dentes posteriores, geralmente conectam a câmara pulpar aos canais


apresenta o formato de um prisma com radiculares.
seis lados: teto, assoalho e 4 paredes axiais Com o passar da idade, há uma redução
(mesial, distal, vestibular e lingual) progressiva do volume da câmara pulpar
O teto tem forma côncava e está A cor do assoalho pulpar é sempre mais
localizado abaixo da superfície oclusal, escura que a das paredes e do teto.
nos dentes posteriores, ou da margem O assoalho da câmara pulpar é a face
incisal nos dentes anteriores. oposta ao teto da câmara, onde estão
O teto geralmente apresenta reentrâncias localizadas as entradas dos canais – os
que correspondem às cúspides, orifícios radiculares – aberturas que
mamelões, tubérculos ou outras saliências conectam a câmara pulpar ao SCR
na coroa: divertículos pulpares
O assoalho é a face oposta ao teto
No assoalho estão localizadas as entradas
dos canais, orifícios e aberturas que
Ocupa a região central do eixo da cavidade pulpar, partindo do assoalho da
CANAL PRINCIPAL: câmara até o forame apical

Situa-se mais ou menos paralelamente ao canal principal, podendo ou não


alcançar isoladamente o forame apical. Quase sempre apresenta um calibre
CANAL COLATERAL:
menor que o canal principal

Parte perpendicularmente da região cervical ou média do canal principal, em


CANAL LATERAL: direção ao ligamento periodontal

Parte obliquamente da região apical do canal principal, em direção ao ligamento


CANAL SECUNDÁRIO: periodontal

CANAL ACESSÓRIO Deriva de um canal secundário e segue em direção ao ligamento periodontal


Pequeno canal que põe em comunicação os canais principais, colaterais ou
INTERCONDUTO/INTERCANAL: secundários entre si. Não apresenta comunicação com o ligamento periodontal

Resultam do entrelaçamento de três ou mais canais que seguem paralelamente e,


CANAIS RETICULARES: conectados por intercondutos, apresentam um aspecto reticulado

Parte e retorna ao canal principal, sem alcançar a região apical, percorrendo um


CANAL RECORRENTE: trajeto mais ou menos longo na dentina

Múltiplas derivações que se encontram próximas ao ápice radicular e que saem


do canal principal para terminar na região apical. Dão origem a forames
DELTA APICAL: múltiplos ou foraminas, em substituição ao forame único principal. O número de
foraminas é variável.

Área estreita, em forma de fita, que conecta dois ou mais canais radiculares.
ISTMO:
APOSTILA ENDODONTIA

Os istmos podem apresentar diferentes configurações, e sua prevalência depende do grupo dentário, do nível
da raiz e da idade do paciente

Anatomia Radicular X Anatomia Do SCR

De modo geral, o canal principal acompanha a direção e as assimetrias das raízes, incluindo sua
inclinação, curvatura e angulação.

Inclinação é um deslocamento do eixo longitudinal da raiz com


relação ao da coroa, o que acontece quase sempre no sentido
distal.

Curvatura é um desvio gradual e paulatino do eixo da raiz que se


torna curvo.

Angulação consiste em um desvio brusco de uma parte do eixo da raiz com relação ao outro.
Variações Morfológicas Radiculares A: inclinação B: curvatura C: angulação
APOSTILA ENDODONTIA

A inclinação pode ocorrer em um sentido, ao mesmo tempo que curvaturas ou angulações coexistem em
outro.

Configurações mais comuns da secção transversal da raiz. Formas circular (A), oval (B), de halteres (C) e de rim (D)

Canais Radiculares: porção radicular da cavidade pulpar.


Ele se afunila progressivamente em direção ao ápice, seguindo o contorno externo da raiz
Canal principal:
o Forma cônica
o É oval na sua secção transversal
o Dividido em 3 porções/terços: cervical, médio e apical
Geralmente são achatados ou ovais no sentido mesio-distal ou vestíbulo-lingual, acompanhando a
direção das raízes.
Reproduz a morfologia externa do dente.

Os canais radiculares podem variar em:

Número
Forma
Divisões
Fusões

Oclusal: teto da câmara pulpar

Dente jovem: câmara pulpar mais ampla

Dente idoso: deposição contínua de dentina


APOSTILA ENDODONTIA

Sistema De Canais Radiculares

O espaço total na dentina onde se encontra a polpa é chamado de sistema de canais radiculares.

O sistema de canais radiculares é dividido em duas porções: a câmara pulpar (localizada na coroa anatômica
do dente) e a polpa ou canal radicular (encontrada na raiz anatômica).

O canal radicular inicia-se com o formato de um funil, geralmente na linha cervical, e termina no forame
apical, onde se abre na superfície radicular no intervalo de 3 mm do centro do ápice radicular.

Canais Acessórios:
a. São canais diminutos que se estendem nas direções horizontal, vertical ou lateral da
polpa para o periodonto.
b. Em 74% dos casos, eles são encontrados no terço apical da raiz; em 11% dos casos,
no terço médio e, em 15%, no terço cervical.
c. Contêm tecido conjuntivo e vasos, mas não suprem a polpa com circulação suficiente
para formar uma fonte colateral de fluxo sanguíneo.
d. Também podem ocorrer na bifurcação ou na trifurcação de dentes multirradiculares:
canal cavo-inter-radicular
APOSTILA ENDODONTIA

TIPO I:
Um único canal se estende da câmara pulpar ao ápice (1).

TIPO II: Dois canais separados deixam a câmara pulpar e se juntam no ápice para formar
um único canal (2-1).
TIPO III: Um único canal deixa a câmara pulpar e se divide em dois na raiz; os dois então se
fundem para sair como um único canal (1-2-1).
TIPO IV:
Dois canais distintos se estendem da câmara pulpar ao ápice (2).

TIPO V: Um canal deixa a câmara pulpar e se divide, próximo ao ápice, em dois canais
distintos com forames apicais separados (1-2).
TIPO VI: Dois canais separados deixam a câmara pulpar, fundem-se no corpo da raiz e
finalmente se dividem novamente em dois canais distintos próximo ao ápice (2-1-2).
Um canal deixa a câmara pulpar e divide-se em dois, que então se fundem no corpo
TIPO VII:
da raiz, onde o canal, finalmente, se divide novamente em dois distintos próximo ao
ápice (1-2-1-2).
TIPO VIII:
Três distintos canais separados que se estendem da câmara pulpar ao ápice (3).
APOSTILA ENDODONTIA

A relação entre os dois orifícios é muito significativa:

Quanto mais próximos estiverem, maior é a chance de dois canais estarem unidos em algum ponto
da raiz.
Com o aumento da distância entre os orifícios de uma raiz, maior será a chance de que os canais
permaneçam separados.
Quanto maior for a separação dos orifícios, menor será o grau de curvatura do canal.
A direção que a lima endodôntica toma quando introduzida no orifício também é muito importante.
Se a primeira lima introduzida no canal distal do molar inferior aponta para a direção vestibular
ou lingual, o clínico deve suspeitar de um segundo canal. Se dois canais estiverem presentes, eles
serão menores que um único canal.
APOSTILA ENDODONTIA

Anatomia Do Ápice Radicular

O conceito clássico de anatomia do ápice Da CA, ou o menor diâmetro apical, o


radicular é baseado em três divisões canal se alarga à medida que se aproxima
anatômicas e histológicas na região apical do FA, ou o maior diâmetro apical.
da raiz: constrição apical (CA), junção O FA é uma “circunferência ou uma
dentino-cementária (JDC) e forame apical extremidade circundada, como um funil
(FA). ou uma cratera, que diferencia a
A CA é geralmente considerada a parte do terminação do canal cementário da
canal radicular com o menor diâmetro; é superfície exterior da raiz”.
também o ponto de referência que a O diâmetro do forame em indivíduos entre
maioria dos clínicos usa com maior 18 e 25 anos é de 502 μm e em indivíduos
frequência como término apical para acima de 55 anos, é de 681 μm, o que
instrumentação, debridamento e denota o aumento do FA com a idade.
obturação. O FA não sai normalmente no ápice
O limite CDC é o ponto do canal onde o anatômico, mas aquém deste 0,5 a 3 mm.
cemento encontra a dentina. Trata-se do Essa variação é mais marcante em dentes
ponto onde o tecido pulpar termina e o mais antigos, onde houve aposição de
tecido periodontal começa. cemento.
A localização da JDC no canal radicular O forame apical nem sempre coincide com
varia consideravelmente. Em geral, não o ápice anatômico, por isso, a importância
está na mesma posição que a CA, e a de se respeitar o limite de 1mm.
posição estimada é de aproximadamente
1 mm do FA.

O canal dentinário é maior e ocupado por


tecido pulpar, começa mais amplo e fica mais
estreito.
O canal cementário é ocupado por tecido
periapical, começa estreito e fica amplo. Possui 0,8 a
1mm de extensão e termina no forame apical.
APOSTILA ENDODONTIA

O forame apical a maioria das vezes ele está desviado para a distal.
Quanto maior o achatamento mesiodistal, maior a possibilidade de
existirem dois canais independentes, vestibular e lingual.
Se a raiz se torna mais cônica apicalmente, maior a possibilidade de
esses canais confluírem para somente um forame apical. Além disso, a presença
de sulcos radiculares profundos também tem sido correlacionada com o
aumento na probabilidade de existência de múltiplos canais em uma raiz.
Canal bifurcado
Canal fusionado: dois canais que se unem em um só.

Delta apical: nos últimos 3mm do ápice há


um emaranhado de canais (é o que se chama
de área/zona crítica). Apresenta curvatura,
estreitamento e emaranhado.
Limite CDC: Canal – dentina – cemento
Canal dentinário: envolto por dentina
Canal cementário: envolto apenas por
cemento
APOSTILA ENDODONTIA

Polpa
Tecido conjuntivo frouxo Nervos
Vasos Células de defesa/indiferenciadas

Incisivo Central Superior

Geralmente, apresenta raiz única com conhecida como ombro palatino, precisa
canal reto e amplo. ser removida para possibilitar acesso
Cíngulo proeminente, câmara se direto ao canal radicular.
apresenta mais ampla e pode encontrar Na maior parte dos dentes (94,9%), a saída
cornos pulpares evidentes; do forame apical localiza-se de 0,5 a 1 mm
Normalmente inclinação para distal e de distância do ápice anatômico.
palatina; Na região apical, a raiz pode ainda
A câmara pulpar é estreita no sentido apresentar curvatura abrupta no sentido
vestibulopalatino e, como os eixos da vestibular, o que muitas vezes não é
coroa e da raiz não coincidem, há identificado no exame radiográfico
necessidade de cuidado especial durante Unirradicular, forma triangular com ápice
o procedimento de acesso ao canal, a fim rombo
de não perfurar ou desgastar Raiz desviada para distal (dentro do
excessivamente a porção coronária do alvéolo)
dente. Irrompe por volta dos 7 a 8 anos
Após o acesso, a projeção dentinária na Fechamento Apical: 10 anos
face palatina do terço cervical do canal,
APOSTILA ENDODONTIA

Direção da Raiz:
Reta 75%
Curvatura vestibular: 9,3%
Curvatura distal: 7,8%
Terço Apical: forma circular
Terço Médio: forma ovalada
Terço Cervical: forma cônica triangular

Médias de Comprimentos:
MÁXIMO 28,5mm
MÉDIO 21,8mm
MÍNIMO 18mm

Possíveis Complicações:
ü Ombro palatino (excesso de tecido na região palatina) - tem que
desgastar o ombro para a lima entrar o mais reta possível no canal
radicular
ü Inclinação ou projeção para vestibular (15°)

Incisivo Lateral Superior

Suas dimensões são menores que as do Raiz única com canal amplo, forma cônica
incisivo central triangular com base voltada para
APOSTILA ENDODONTIA

vestibular e com ligeiro achatamento A porção apical da raiz pode apresentar


proximal. curvatura abrupta no sentido
Por estar localizado em área de risco distopalatino, o que talvez facilite a
embriológico, pode apresentar diferentes formação de degrau, transporte ou
anomalias anatômicas, como raízes perfuração durante o preparo do canal.
múltiplas, fusão, geminação, sulcos Ombro palatino precisa ser removido
radiculares, dens invaginatus, coroa cônica, durante o preparo cervical, a fim de
cúspide talão (dens evaginatus) e canais facilitar o acesso ao canal radicular
em forma de “C” ou “S”. Na maioria das vezes, ele tem curvatura no
Sua raiz é ligeiramente cônica e a secção terço apical (IMPORTANTE)
transversal do canal varia de uma forma Desvio de 5°
ovalada na porção cervical a arredondada Irrompe: 8 -9 anos
no terço apical. Término da rizogênese: 10 a 11 anos

Direção da Raiz:
Reta 29%
Curvatura Distal: 49,2%
Curvatura Palatina: 3,9%
Curvatura Vestibular: 3,9%
Curvatura Mesial: 3,1%

TERÇO APICAL Forma circular


TERÇO MÉDIO Forma ovalada
TERÇO Forma cônica
CERVICAL triangular

Comprimentos Médios:
29mm (máximo)
23mm (médio)
18,5mm (mínimo)

Complicações:
Dens in dente (é o dente em que mais ocorre)
Pronunciada curvatura (5mm apical) – técnica escalonada
APOSTILA ENDODONTIA

Canino Superior

É o maior dente permanente e costuma Sua porção apical costuma ser cônica e
apresentar raiz única com um canal fina, podendo se curvar abruptamente,
Raiz única, forma cônica triangular de sobretudo nos sentidos vestibular ou
base para vestibular e achatamento palatino, o que facilita a ocorrência de
mésiodistal perfuração durante o preparo do canal.
O canal radicular costuma ser reto, amplo Dessa maneira, como nos incisivos, a
e relativamente longo, o que exige, na remoção do ombro palatino é essencial
maioria das vezes, o uso de instrumentos para possibilitar acesso direto ao canal
de comprimento igual ou maior a 25 mm radicular e, em razão da proximidade do
para seu preparo. ápice radicular e da cavidade nasal, é
Em geral, a secção transversal do canal preciso atenção durante a realização de
radicular é ovalada em toda sua extensão, procedimentos cirúrgicos nesta região
apresentando maior diâmetro
vestibulolingual na porção média da raiz.

Direção da Raiz:
Reta: 38,5%
Curvatura Distal: 19,5%
Curvatura Vestibular: 12,8%
Curvatura Mesial: 12%
Curvatura Palatina: 6,5%
APOSTILA ENDODONTIA

Complicações:
ü Ombro palatino
ü Curvatura apical em direção distal ou vestibular (sobreposição de imagens)

ü Ápice afilado
TERÇO APICAL Forma circular
TERÇO MÉDIO Forma ovalada
TERÇO Forma cônica
CERVICAL triangular

1° Pré-Molar Superior

Normalmente, apresenta duas raízes A porção apical da raiz pode apresentar-


(vestibular e palatina) e dois canais com se muito fina e curva, o que aumenta o
forames independentes. risco de perfuração ou rasgamento da raiz
Sendo que o canal palatino tem em caso de alargamento excessivo.
dimensões ligeiramente maiores que o São variações na configuração do sistema
vestibular. de canais radiculares deste dente as raízes
Na porção radicular, a prevalência de fusionadas com canais separados ou
sulcos e concavidades é alta. Elas estão interconectados com istmos.
localizadas, principalmente, na face mesial Em tais dentes, o orifício de entrada dos
da raiz, acima da câmara pulpar ou no canais vestibulares encontra-se
aspecto palatino da raiz vestibular. Nesse normalmente no terço médio, e suas
caso, o preparo do terço cervical do canal dimensões são menores, o que dificulta
ou a inserção de retentores sua localização, seu preparo e sua
intrarradiculares podem causar desgaste obturação. Assim, é necessária maior
excessivo dessa região, fragilizando a ampliação da abertura no sentido
estrutura radicular e favorecendo a mesiodistal para o acesso adequado aos
ocorrência de perfuração ou fratura. canais vestibulares.
A raiz mais ampla é a palatina.
APOSTILA ENDODONTIA

TERÇO APICAL Condutos em forma circular totalmente separados


Condutos em forma circular separados por uma ponte de
TERÇO MÉDIO
dentina
TERÇO
Dois condutos de forma elíptica, unidos por um pequeno istmo
CERVICAL

Técnica de Plac pra pode ver essas raízes na radiografia

Direção da Raiz Vestibular: Direção da Raiz Palatina:


Reta: 27,8% Reta: 44,4%
Curvatura Palatina: 36,2% Curvatura vestibular: 27,8%
Curvatura vestibular: 14% Curvatura palatina: 8,5%
Curvatura Distal: 14% Curvatura Distal: 14%
Baineta: 5,5% Baineta: 5,5%
Pseudo-baioneta: 2,5%
APOSTILA ENDODONTIA

2° Pré-Molar Superior

Geralmente, apresenta uma raiz com um A curvatura na porção apical da raiz é


canal de secção transversal ovalada e comum e, por estar próxima ao assoalho
maior diâmetro vestibulopalatino do seio maxilar, exige cuidados com
Em menor frequência, pode apresentar relação ao tratamento cirúrgico e não
dois ou três canais separados, originados cirúrgico dos canais radiculares
de apenas um orifício, ou dois canais Se a raiz for muito achatada, ela pode
conectados por istmos. apresentar mais de um conduto
Quando há dois canais que se confluem 90% possuem uma raiz – com 1 (54%) ou
na porção apical, o canal palatino é o que 2 (46%) canais, devido o achatamento
normalmente apresenta acesso direto ao proximal
ápice, devendo ser o conduto de escolha Possui raiz única com 2 condutos.
para o início dos procedimentos, tanto de 90% - Possuem 1 raiz com 1 (54%) ou 2
preparo quanto de obturação. (46%) canais, devido o achatamento
Podem existir canais acessórios, mas sua proximal.
prevalência é menor que nos incisivos.

17
APOSTILA ENDODONTIA

Direção da Raiz:
Reta: 37,4% TERÇO APICAL Forma elíptica ou circular
Curvatura Vestibular: 15,7% TERÇO MÉDIO Forma elíptica, alongada
Curvatura Distal: 29,5% TERÇO Conduto de forma elíptica
Baioneta: 7% CERVICAL alongada
Pseudo-baioneta: 6%
Angulação Distal: 4,4%

Tamanho Médio:

MÁXIMO 26mm

MÉDIO 21,6mm

MÍNIMO 17mm

Irrompimento entre os 10 e 12 anos


Término da Rizogênese: 12 e 14 anos

18
APOSTILA ENDODONTIA

1° Molar Superior

É o mais volumoso dos molares superiores mesiovestibular e palatina, serve como


Geralmente apresenta três raízes referência para sua localização.
divergentes (mesiovestibular, Além disso, a presença de um sulco no
distovestibular e palatina) com um total de assoalho pulpar, originado do orifício do
três ou quatro canais canal mesiovestibular, é forte indicativo da
A raiz palatina apresenta maior volume e existência do segundo canal nesta raiz.
acesso mais fácil, no entanto, sua porção O trajeto do canal mesiopalatino mostra-
apical frequentemente se curva no sentido se tortuoso, principalmente em sua porção
vestibular (54,6% dos casos), o que pode mais cervical, o que dificulta seu acesso e
não ser evidente ao exame radiográfico. seu preparo. Além disso, pode apresentar
A raiz distovestibular é cônica, geralmente curvatura severa no sentido
reta e com apenas um canal, mas pode vestibulopalatino, a qual não é evidente na
apresentar dois canais que se unem na radiografia.
porção apical. A concavidade no aspecto distal da raiz
Ao exame radiográfico, a identificação de mesiovestibular favorece ainda a
raízes mais próximas entre si indica que o perfuração, caso haja preparo excessivo
orifício do canal distovestibular estará de sua porção cervical.
deslocado em direção ao orifício palatino. Em razão da proximidade dos ápices
radiculares com o seio maxilar, algumas
A raiz mesiovestibular apresenta dois
vezes infecções sinusais podem surgir em
canais (mesiovestibular e mesiopalatino) decorrência de alterações patológicas nestes
que se interconectam por istmos em mais dentes
de 90% dos casos Os canais estão localizados na mesial
A posição do orifício do canal (logo o desgaste será direcionado para
mesiopalatino é variada, mas a linha de essa região, depois da ponte de esmalte)
desenvolvimento presente no assoalho da Não tem desvio da raiz, mas é inclinado
câmara pulpar (de coloração mais escura), para lingual
a qual conecta os orifícios da raiz

19
APOSTILA ENDODONTIA

A raiz mésio-vestibular pode se apresentar com 1 (40%) ou 2 (60%) canais, devido o achatamento
proximal.
A raiz MV é achatada, apresenta curvatura e geralmente pode apresentar 2 condutos.

MÁXIMO 25,5mm
MÉDIO 21,3mm
MÍNIMO 18mm

20
APOSTILA ENDODONTIA

Irrompimento, entre 6 e 7 anos e término entre9 e 10 anos

Direção da Raiz Mésio-Vestibular:


TERÇO Forma elíptica ou circular para
Reta: 21% APICAL todos os canais
Curvatura Distal: 78% Forma elíptica alongada de
TERÇO vestibular para palatino e
Direção da Raiz Disto-Vestibular:
MÉDIO ovalar ou circular para o DV e
Reta: 54% Palatino
Curvatura Distal: 17% MV: forma de vírgula para 1
Curvatura Mesial: 19% canal e “oitoide” para 2
TERÇO
Pseudo-baioneta: 9% canais
CERVICAL
DV: ovalar ou circular
Direção da Raiz Palatina: P: ovalar ou circular

Reta:40&
Curvatura Radicular Apical vestibular: 55%

21
APOSTILA ENDODONTIA

2° Molar Superior

Morfologia externa similar ao primeiro No caso de fusão radicular, a prevalência


molar. de canais em forma de C nos terços médio
Geralmente apresenta três raízes e apical é grande (22%).
(mesiovestibular, distovestibular e O formato da câmara pulpar torna-se
palatina) com três ou quatro canais. distorcido e alongado na direção
Contudo, as raízes são mais curtas, menos vestibulolingual, podendo os orifícios dos
divergentes e curvas, com maior tendência canais se dispor quase que em linha reta,
ao fusionamento parcial ou total, com maior proximidade entre os orifícios
principalmente entre as raízes dos canais mesiovestibular e
mesiovestibular e palatina. distovestibular.
Normalmente, há um canal em cada raiz, Segundos molares com raízes fusionadas
porém podem existir dois ou três canais, podem apresentar também apenas dois
na raiz mesiovestibular, ou dois canais nas canais amplos (vestibular e palatino) e de
raízes distovestibular e palatina. dimensões similares.

22
APOSTILA ENDODONTIA

MÁXIMO 27mm

MÉDIO 21,7mm

MÍNIMO 17,5mm

Irrompimento entre 12 e 13 anos


Término da Rizogênese: entre 14 e 16 anos
Observar o achatamento proximal na raiz mésio-vestibular, podendo originar 2 canais: mésio-
vestibular e mésio-palatino

Os 2° molares superiores possuem 3 raízes e a raiz MV pode se apresentar com 1 (60%)


ou 2 (40%) canais, devido o achatamento proximal

23
APOSTILA ENDODONTIA

Direção da Raiz Mésio-Vestibular: Curvatura Mesial: 17%

Reta: 22% Direção da Raiz Palatina:


Curvatura Distal: 54%
Reta: 63%
Direção da Raiz Disto-Vestibular: Curvatura Radicular Apical
Vestibular: 37%
Reta: 54%
TERÇO Forma elíptica ou circular para
APICAL todos os canais
Forma elíptica, alongada de
TERÇO vestibular para palatino e
MÉDIO ovalar ou circular para o DV e
Palatino
MV: forma de vírgula para 1
TERÇO canal e “oitoide” para 2 canais
CERVICAL DV: ovalar ou circular
P: ovalar ou circular

3 Raízes Separadas (53%)

Incisivo Central Inferior

24
APOSTILA ENDODONTIA

Os incisivos inferiores são os ao canal lingual durante o


dentes permanentes que preparo.
apresentam as menores a modificação da posição do
dimensões e normalmente têm acesso coronário na direção
uma raiz com um canal incisal favorece a localização e o
achatado ou oval, estendendo- preparo do canal lingual.
se da câmara pulpar até o A curvatura na porção apical da
ápice. raiz costuma ser no sentido
Raiz única distolingual, o que pode
Forma elipsóide com dificultar procedimentos
achatamento proximal, cirúrgicos perirradiculares, em
podendo determinar a presença razão de o ápice estar
de 2 canais: vestibular e lingual localizado mais próximo à
é alta a incidência de dois lâmina óssea lingual
canais (vestibular e lingual) Atentar para o ombro lingual
originando-se na câmara Irrompimento entre os 6 – 7
pulpar e unindo-se no terço anos
apical, sobretudo no incisivo Término da Rizogênese entre 9
lateral – 10 anos
No caso da presença de dois Terço Cervical, médio e apical:
canais, é necessária a remoção forma elipsóide com
do ombro dentinário da região achatamento proximal
cervical para facilitar o acesso

Direção da Raiz:
Reta: 65%
Curvatura vestibular: 18%
Curvatura Distal 15%
Pseudo-baioneta: 2%

MÁXIMO 27mm
MÉDIO 21mm
MÍNIMO 17mm

25
APOSTILA ENDODONTIA

Direção da Raiz:
Reta: 54%
Curvatura Distal: 33%
Curvatura Vestibular: 11%
Baioneta: 1%
Angulação: 1%

Canino Inferior

MÁXIMO 32mm

MÉDIO 25mm

MÍNIMO 19mm

26
APOSTILA ENDODONTIA

A abertura do dente segue a sua


inclinação na cavidade bucal

Direção da Raiz:
Reta: 68%
Curvatura Distal: 13%
Curvatura vestibular: 7%
Curvatura Mesial: 1%
Pseudo-baionta: 1%

1° Pré-Molar Inferior

Normalmente, este dente apresenta raiz única com um canal amplo de secção
transversal ovalada na direção vestibulolingual, que se torna mais arredondada nos
terços médio e apical

27
APOSTILA ENDODONTIA

O forame mentual pode estar localizado distalmente à sua porção apical ou entre este e
o segundo pré-molar inferior, exigindo cuidado quando da realização de procedimentos
cirúrgicos perirradiculares.
É preciso fazer um desgaste para diminui a curvatura dele (na câmara pulpar)

Direção da Raiz Mesial: Direção da Raiz Distal:


Reta: 16% Reta: 73,5%
Curvatura Distal: 84% Curvatura Distal: 18%
Curvatura Mesial: 8,5%

28
APOSTILA ENDODONTIA

TERÇO Condutos com forma elíptica e


CERVICAL achatamento proximal
TERÇO Condutos com forma discretamente
MÉDIO elíptica
TERÇO
Condutos em forma circular
APICAL

2° Pré-Molar Inferior

Geralmente apresenta raiz única, quase sempre cônica, com um canal.


O SCR apresenta menos variações anatômicas que o primeiro pré-molar.
A secção transversal do canal costuma ser oval, com seu maior diâmetro no sentido
vestibulolingual.
O canal lingual, quando presente, tende a divergir do canal principal em um ângulo
agudo, o que exige adequação na forma de conveniência da abertura coronária.
Em sua porção apical, é frequente a deposição secundária de cemento, o que pode
dificultar a localização da saída foraminal

1° Molar Inferior

É o maior dos molares inferiores A raiz mesial costuma ser curva


Normalmente, apresenta duas no sentido distal.
raízes (mesial e distal). O canal mesiolingual é maior e
Às vezes, podem aparecer três mais reto que o mesiovestibular
raízes, com dois ou três canais Frequentemente, o canal
na raiz mesial e um, dois ou três mesiovestibular apresenta-se
canais na raiz distal. curvo
A raiz distal pode apresentar Pode existir comunicação da
dois canais, que geralmente são câmara pulpar com a região de
mais amplos que os canais furca por meio de foraminas.
mesiais Em casos de necrose pulpar, a
29
APOSTILA ENDODONTIA

lesão óssea decorrente dessa distal, determinando 2


comunicação simula a condutos.
patologia de etiologia 60% possuem 2 raízes e 3
periodontal. condutos, porém a raiz distal
Irrompe entre 6 – 7 anos pode apresentar 1 (60%) ou 2
Término da Rizogênese entre 9- (40%) condutos, devido ao
10 anos achatamento proximal
Achatamento proximal na raiz
mesial, podendo ocorrer na raiz

MÁXIMO 27mm
MÉDIO 22mm
MÍNIMO 19mm

TERÇO Condutos com forma elíptica e achatamento


CERVICAL proximal
TERÇO MÉDIO Condutos com forma discretamente elíptica
TERÇO APICAL Condutos em forma circular

30
APOSTILA ENDODONTIA

Direção da Raiz Mesial: Direção da Raiz Distal:


Reta: 16% Reta: 73,5%
Curvatura Distal: 84% Curvatura Distal: 18%
Curvatura Mesial: 8,5%

Variações da cavidade pulpar do primeiro molar inferior, com dois canais na raiz mesial (A), dois canais que se abrem em um forame na
raiz mesial (B), um canal na raiz mesial (C) e dois canais na raiz distal (D)

2° Molar Inferior

31
APOSTILA ENDODONTIA

A raiz distal é mais ampla e reta. como canais em forma de “C”.


Este dente tem sua morfologia Além disso, há maior tendência
externa semelhante ao primeiro a fusão parcial ou total das
molar inferior, apresentando raízes.
normalmente duas raízes A porção apical deste dente
(mesial e distal) com três ou encontra-se próxima ao canal
quatro canais mandibular, o que exige
as raízes são mais curtas, com atenção quanto a se evitar
os ápices mais próximos, os traumatismo mecânico ou
canais mais curvos e os dois químico nos tecidos periapicais
orifícios mesiais mais próximos. durante o tratamento
há alta prevalência de endodôntico ou em caso de
anomalias de desenvolvimento, cirurgia perirradicular

Irrompe entre 11 – 13 anos


Término da Rizogênese entre 14 – 15 anos
60% dos segundos molares inferiores
possuem 2 raizes 3 condutos
Raiz distal pode apresentar 1 (60%) ou 2
(40%) condutos, devido ao achatamento proximal.

32
APOSTILA ENDODONTIA

Raiz Distal apresentando 1 conduto (60%) Raiz Distal apresentando 2 condutos (40%), devido ao achatamento proximal

Raízes fusionadas apresentando 2 condutos (16%) Fusão de Raízes apresentando apenas 1 conduto (5%)

33
APOSTILA ENDODONTIA

Conduto em forma de “C” ou “C Shaped” devido a fusão dos condutos (incidência de 5%)

34
APOSTILA ENDODONTIA

Ato operatório no qual expõe a câmara pulpar;


Possibilita a chegada no interior da cavidade pulpar;
Compreende:
Abertura coronária
Esvaziamento da câmara pulpar
Localização e o preparo da entrada dos canais e o preparo do terço cervical

Princípios Que Regem A Abertura Coronária

Acesso direto em linha reta ao canal radicular


Remoção de todo o teto da câmara pulpar
Incluir cornos pulpares, saliência e retenções do teto da câmara pulpar
Preservar o assoalho
Conservar a estrutura dentária
Acesso através das superfícies linguais e oclusais
Remoção de restaurações defeituosas, cárie (para evitar contaminação no SCR)
Tecido cariado deve ser removido por completo

Abertura Coronária Nos Diferentes Grupos Dentais

Acesso à câmara pulpar ou trepanação


Preparo da câmara pulpar ou forma de contorno
Configuração final da cavidade intracoronária ou forma de conveniência

Ponto De Eleição

Ponto para começar o desgaste


Local onde a abertura é iniciada
Desgaste da superfície de esmalte
Elege um ponto localizado na coroa que permita o acesso retilíneo
Cada dente tem seu ponto de eleição específico
Na face lingual ou palatina de dentes anteriores e na face oclusal dos dentes posteriores

Direção De Trepanação

Permitir atingir o interior da câmara pulpar


Broca em direção a área de maior volume da câmara pulpar
Objetivo: atingir o interior da câmara pulpar
Confeccionar um túnel de penetração

35
APOSTILA ENDODONTIA

Forma De Contorno

Acesso a entrada e interior dos canais radiculares


Projetar externamente a anatomia interna do dente
Movimento de dentro para fora com a Endo Z (broca sem corte na ponta)
Quando “cai no vazio”, atingiu a câmara pulpar
O objetivo é conseguir expulsividade nessa forma de contorno
Tem uma forma geométrica quando finalizado

Forma De Conveniência

Forma da cavidade de acesso a câmara


Oferece melhor visão do interior da cavidade pulpar
Paredes expulsivas
Faz desgaste compensatório (em áreas de dentina)
Acesso direto à instrumentação
Visibilidade adequada dos orifícios
Limpeza correta do SCR

Cirurgia De Acesso Incisivo

Incisivo Central Superior

Ponto de Eleição: 2 a 3mm acima do o ICI – ponta 1012


cíngulo em direção incisal (preservando
as cristas marginais)

Direção de Trepanação
o Com a broca esférica diamantada
perpendicular a face lingual,
realizar desgaste em esmalte
o Em seguida, a broca carbide
paralela ao longo eixo do dente
(para evitar que a broca atinja a
vestibular do dente)
o ICS – ponta 1014

36
APOSTILA ENDODONTIA

A, No dente anterior, a localização inicial do acesso é o centro da


coroa na superfície lingual.

B, Forma de contorno para dentes anteriores.

C, O ângulo de penetração da forma de contorno é perpendicular à


superfície lingual.

D, O ângulo de penetração para a entrada inicial na câmara pulpar


é paralelo ao longo eixo da raiz.

E, Remoção completa do teto da câmara pulpar; uma broca carbide


esférica é usada para desgastar o corno pulpar, cortando na direção
lingual com movimentos de avanço e recuo.

Forma de Contorno
o Remoção do teto da câmara: broca esférica –
tração de dentro para fora
o Ligeiramente inclinada para vestibular em relação
ao longo eixo do dente e colocada na câmara
pulpar, através de suaves movimentos de tração para ampliar a abertura e dar a forma
adequada.
o Verificar se ainda tem presença de remanescente com sonda exploradora angulada

Forma de Conveniência
o Configuração final será triangular, com paredes
laterais (mesial e distal) expulsivas e remoção do
ombro palatino por desgaste compensatório
o Uso da Endo Z

37
APOSTILA ENDODONTIA

Incisivo lateral superior. Dados anatômicos e de desenvolvimento. Tempo médio de erupção: 8 a 9 anos. Tempo médio de calcificação:
11 anos. Comprimento médio: 22 mm. Curvatura radicular (mais comum para menos comum): distal, reto

38
APOSTILA ENDODONTIA

Cirurgia De Acesso Canino

Canino superior. Dados anatômicos e de desenvolvimento. Tempo médio de erupção: 10 a 12 anos. Tempo médio de calcificação: 13 a
15 anos. Comprimento médio: 26,5 mm. Curvatura radicular (mais comum para menos comum): distal, reta, vestibular

Ponto de Eleição:
o No canino superior, 2 a 3mm abaixo do cíngulo
o No canino inferior, 2 a 3mm acima do cíngulo
o Ponta diamantada esférica nas proximidades do cíngulo
(1014)

Direção de Trepanação:
o Broca diamantada desgasta o esmalte, perpendicular a face lingual
o Em seguida, a carbide (3084 e 3083) no sentido do longo eixo do dente até “cair no vazio”

Forma de Contorno:
o Remoção do teto da câmara pulpar
o Confirmar com a sonda exploradora
o Quando conseguimos acessar a câmara pulpar, é necessário trocar a broca (troca para a
Endo Z, por segurança)

39
APOSTILA ENDODONTIA

Forma de Conveniência:
o Uso da Endo Z
o Forma final losangular de lança para canino superior e oval para o inferior

O contorno da câmara pulpar é oval na


JCE.
O ombro lingual está presente, o que
pode impedir a instrumentação e o
debridamento do canal radicular no
sentido lingual. A partir desse ponto, o
canal radicular permanece oval até o
terço apical, quando se torna constrito.
Geralmente, só um canal está presente
O sistema de canais radiculares do A profundidade mesiodistal é
canino superior é semelhante em vários determinada pela profundidade
aspectos ao dos incisivos. A maior mesiodistal da câmara pulpar.
diferença é que ele é mais largo no A dimensão é determinada pela câmara
sentido vestibulolingual do que no pulpar.
sentido mesiodistal. A dimensão incisogengival é determinada
Outra diferença é que não há cornos pelo acesso direto e a remoção do ombro
pulpares. lingual.
O seu limite incisal corresponde a uma A extensão incisal com frequência atinge
única cúspide. 2 a 3 mm do limite incisal, para permitir o
acesso direto.

40
APOSTILA ENDODONTIA

Cirurgia De Acesso Em Pré-Molares

Ponto de Eleição:
o Na área central da face oclusal (superior)
o No inferior, com uma discreta tendência para mesial do dente

Direção de Trepanação:
o Broca diamantada para desgastar esmalte no sulco central
o Broca Carbide, no superior, faz uma pequena inclinação para lingual
até atingir a câmara pulpar
o No inferior, a broca fica em direção vertical paralela ao longo eixo do
dente, com pequena inclinação da haste da broca para lingual para atingir a
parte mais volumosa da câmara pulpar.

Forma de Contorno:
o Com a Endo Z remover o teto da câmara
o Nos superiores, fazer movimentos pendulares, no sentido vestíbulo-lingual, para remover o
teto
o Confirmar a remoção do teto com o auxílio de uma sonda exploradora nº5
o A forma final do pré-molar superior é oval, com achatamento no sentido mésio-distal
o A forma final do pré-molar inferior é oval ou circular

41
APOSTILA ENDODONTIA

Primeiro Pré-Molar Superior

Primeiro pré-molar superior. Dados anatômicos e de desenvolvimento. Tempo


médio de erupção: 10 a 11 anos. Tempo médio de calcificação: 12 a 13 anos.
Comprimento médio: 20,6 mm. Curvatura radicular (mais comum para menos
comum): raiz vestibular lingual, reta, vestibular; raiz palatina reta, vestibular, distal;
uma raiz reta, distal, vestibular

A câmara pulpar é considerada mais larga


no sentido vestibulolingual do que no
A maioria dos primeiros pré-molares
mesiodistal.
superiores tem dois canais radiculares,
No sentido vestibulolingual, o formato da
independentemente do número de raízes.
câmara pulpar mostra os cornos pulpares
vestibular e palatino.
42
APOSTILA ENDODONTIA

O corno pulpar vestibular é maior. O posicionamento das limas endodônticas


Do nível oclusal a câmara mantém ajuda a identificar a anatomia.
profundidade semelhante ao soalho, que As raízes são consideravelmente menores
se localiza apical à linha cervical. e mais estreitas do que nos caninos.
O orifício palatino é maior que o vestibular. Em dentes com raízes duplas,
Do soalho, dois canais radiculares com frequentemente esses canais apresentam
formato arredondado rapidamente se o mesmo comprimento.
conificam em direção aos ápices, O preparo do acesso para pré-molar
terminando em uma extremidade mais superior é oval ou em fenda. É também
estreita e curva. largo no sentido vestibulolingual, estreito
O canal palatino é mais largo que o no mesiodistal e centralizado
vestibular. mesiodistalmente entre as cúspides.
pode ter uma, duas ou três raízes e canais; Devido à concavidade mesial da raiz, o
é mais comum ter duas clínico deve ter cuidado para não sobre-
Se dois canais estiverem presentes, são estender o preparo nessa direção, o que
chamados vestibular e palatino; três pode resultar em perfuração.
canais radiculares são designados
mesiovestibular, distovestibular e palatino.

43
APOSTILA ENDODONTIA

Segundo Pré-Molar Superior

Tempo médio de erupção: 10 a 12 anos. Tempo médio de calcificação: 12 a 14 anos. Comprimento médio: 21,5 mm. Curvatura
radicular (mais comum para menos comum): distal, baioneta, vestibular, reta

O sistema de canais radiculares é mais comum, particularmente nas cavidades do


largo no sentido vestibulolingual do que seio maxilar.
no mesiodistal. A proximidade desse dente com o seio
O dente pode ter uma, duas ou três raízes pode levar à drenagem de abscesso
e canais perirradicular para o seio e expô-lo
Dois ou mais canais podem ocorrer em durante a cirurgia apical.
uma única raiz. Como esse dente tem uma raiz, se dois
Os aspectos mesiodistal e vestibulolingual canais estiverem presentes, eles devem
são semelhantes ao primeiro pré-molar. estar paralelos um ao outro e o contorno
Cornos pulpares vestibular e palatino externo deve ter uma extensão
estão presentes; o corno pulpar vestibular vestibulolingual que permita o acesso
é mais largo. direto a esses canais com o primeiro pré-
Uma raiz é oval e mais larga no sentido molar com duas raízes divergentes.
vestibulolingual do que no sentido Se apenas um canal estiver presente, a
mesiodistal. Os canais permanecem ovais extensão vestibulolingual é menor e
na câmara pulpar e se conificam corresponde à largura entre os cornos
rapidamente ao ápice. pulpares vestibular e palatino
As raízes são aproximadamente do Se três canais estiverem presentes, o
mesmo tamanho que as do primeiro pré- formato externo do acesso é triangular, o
molar superior, e a curvatura apical é mesmo para o primeiro pré-molar

44
APOSTILA ENDODONTIA

Cirurgia De Acesso Em Molares

Dente Molar Superior

Tempo médio de erupção: 6 a 7 anos. Tempo médio de calcificação: 9 a 10 anos. Comprimento médio: 20,8 mm. Curvatura radicular
(mais comum para menos comum): raiz mesiovestibular distal, reta; raiz distovestibular reta, mesial, distal; raiz palatina vestibular, reta.

É o maior dente em volume e um dos mais O formato da câmara pulpar cervical é


complexos na anatomia radicular e dos romboide, com ângulos arredondados
canais. algumas vezes.
A câmara pulpar é maior no sentido O orifício do canal palatino é centralizado,
mesiovestibular e quatro cornos pulpares o orifício distovestibular é próximo ao
estão presentes (mesiovestibular, ângulo obtuso do soalho da câmara
mesiopalatino, distovestibular e pulpar e o orifício do canal mesiovestibular
distopalatino). (MV-1) principal é mesial e vestibular ao

45
APOSTILA ENDODONTIA

orifício distovestibular e posicionado em A raiz palatina se curva vestibularmente


ângulo agudo com a câmara pulpar. no terço apical, o que pode não ficar
O segundo orifício do canal evidente na radiografia ortorradial.
mesiovestibular (MV-2) é localizado A raiz distovestibular é cônica e pode ter
palatino e mesial ao MV-1. um ou dois canais.
As linhas imaginárias que conectam os A raiz mesiovestibular requer mais
três principais orifícios dos canais (orifício pesquisas do que qualquer outra na boca.
MV, distovestibular [DV] e palatino [P]) Pode ter um, dois ou três canais.
formam um triângulo, conhecido como Um único canal mesiovestibular é oval e
triângulo molar. largo vestibulolingualmente; dois ou três
A raiz palatina é a mais longa, tem canais são mais circulares.
diâmetro maior e, geralmente, oferece Como o primeiro molar superior, em geral,
acesso mais fácil. Pode conter um, dois ou possui quatro canais, o acesso cavitário
três canais na raiz. pode ser romboide, com as extremidades
correspondendo aos quatro orifícios (MV-
1, MV-2, DV e P).

Duas localizações dos orifícios do canal MV-2 em primeiro molar superior.

Ponto de Eleição:
o Na área central da face oclusal (geralmente a câmara pulpar
está mais pra mesial)
o No centro do sulco principal, na fosseta central, para a mesial da
ponte de esmalte, no molar superior

Direção de Trepanação:
o Broca diamantada realiza o desgaste no esmalte, no centro do sulco oclusal
o Com a carbide, no molar superior, com leve inclinação para a raiz lingual

46
APOSTILA ENDODONTIA

Forma de Contorno: Forma de Conveniência:


o Com suaves movimentos de o Remove a projeção de dentina da
dentro para fora a broca vai parede mesial e promove
dando abertura da forma triangular ou trapezoidal com
desejada. base maior voltada para vestibular
o Regularizar as paredes da câmara (devido a presença de 2 canais –
com a Endo Z e fazer a MV e DV) nos molares superiores.
confirmação se tem remanescente
com uma sonda nº5

47
APOSTILA ENDODONTIA

A, Remoção do teto e do corno pulpar. A ponta ativa da broca


esférica sob o degrau do corno.

B, A broca é rotacionada e retirada na direção oclusal para


remover o degrau.

C, Remoção da saliência na dentina. Uma broca Gates-


Glidden é posicionada apical ao orifício e retirada em direção
oclusal.

D, Uma broca diamantada cônica de ponta inativa é usada


para unir e afilar as paredes axiais da margem
cavosuperficial do orifício.

Dente Molar Inferior

Volume maior na distal


Raizes disposta em mesial e distal
48
APOSTILA ENDODONTIA

Ponto de eleição:
o Na área central da face oclusal Forma de Conveniência:
o No inferior, com uma discreta
o Remove a projeção de dentina da
tendência para mesial do dente
parede mesial e promove forma
o Direção de Trepanação:
triangular ou trapezoidal com
o Leve inclinação para a distal
base maior voltada para mesial
o Broca diamantada realiza
nos molares inferiores
desgaste no esmalte, no centro do
sulco oclusal
o Com a carbide, no molar inferior,
leve inclinação para a raiz distal

Forma de Contorno:
o Com suaves movimentos de
dentro para fora, a broca vai
dando a abertura da forma
desejada.
o Regulariza as paredes da câmara
com a Endo Z e faz a confirmação
se tem remanescente com uma
sonda exploradora nº5

Erros De Cirurgia De Acesso

49
APOSTILA ENDODONTIA

50
APOSTILA ENDODONTIA

instrumentos Endodônticos
Kit Clínico

Bandeja Odontológica Grande

Sonda exploradora Nº 5 (pra ver se ainda tem


algum teto ou particularidade)

Espelho Clínico Nº 5

Sonda exploradora de ponta reta (47)

Pinça Clínica Utilizada para verificar as entradas dos condutos


(se a ponta prende, é porque achamos um
conduto)

Instrumental para Abertura Coronária

Alta Rotação
Contra-ângulo
Micromotor
Pontas para alta rotação:
o Pontas Diamantadas 1012, 1014 e 1016 para abertura
o Brocas Carbide 1, 2 e 4 para abertura
o Endo Z e Ponta 3083 para refinamento

51
APOSTILA ENDODONTIA

Brocas De Acesso Coronário

A PD vai fazer a remoção do esmalte para que entremos com a broca carbide para a remoção da
dentina
Acesso coronário: pontas e brocas carbide
Refinamento: a ponta na extremidade é inativa (corte somente nas laterais)
HL: haste longa
Brocas esféricas carbide são usadas amplamente no preparo de acessos cavitários.
o Remoção de cárie
o Criar o formato do contorno externo inicial
o Penetrar no teto da câmara pulpar e removê-lo.
Brocas Endo Z ou diamantadas com ponta segura (não têm ponta ativa) são escolhas mais
seguras para as extensões das paredes axiais.
o Elas podem ser usadas para estender e orientar favoravelmente as paredes axiais da
câmara pulpar.
o Por não possuírem ponta ativa, as brocas podem se estender ao soalho da câmara pulpar
e toda a parede axial pode ser removida e orientada totalmente em um plano da
superfície do esmalte ao soalho da câmara pulpar.
o Tal técnica produz paredes axiais livres de interferências, enquanto as extensões do acesso
final são criadas.

Broca Carbide Esférica

52
APOSTILA ENDODONTIA

Materiais de Radiologia

1. Filme Radiográfico 4. Régua plástica

2. Colgadura

5. Lupa

3. Posicionadores

6. Cartela de radiografia – 6 espaços

Materiais Para Isolamento Absoluto

1. Arco de Ostby Articulado 3. Grampos

2. Lençol de Borracha

53
APOSTILA ENDODONTIA

4. Pinça Perfuradora de Ainsworth

7. Tesoura simples: ponta fina e curva

5. Pinça Palmer

8. Barreira Gengival (pra evitar a presença


de saliva)

6. Fio Dental

Materiais e Instrumentos Utilizados No PQM

Os instrumentos endodônticos agem nesta etapa como agentes mecânicos, tendo ação direta nas
paredes do canal radicular.
São utilizados para explorar, remover matéria orgânica e ajudar no saneamento e preparo do
sistema de canais radiculares.

NORMATIVAS

Os IE, quanto ao desenho da parte de trabalho, são fabricados obedecendo a diversos critérios.
ISO 3630-1 (1992), ANSI/ADA no 58 (1997), ANSI/ADA no 59 (1997) e ANSI/ADA no 101 (2001)
Vários fabricantes têm produzido IE denominados especiais, com modificações:
o Conicidade
o Comprimento da parte de trabalho
o Desenho da haste de corte helicoidal
o Forma da seção reta transversal e da ponta
Para os IE mecanizados, não há especificações normativas quanto a sua fabricação

CLASSIFICAÇÃO DOS IE

Quanto ao Acionamento: Rotatórios em Baixa Rotação (Gates-


Glidden, Largo)
Manual (Extirpa-Polpa, Limas Tipo K,
Mecânico (Rotatório e Reciprocante)
Limas Hedstroen)

54
APOSTILA ENDODONTIA

Desenho da parte de trabalho: Natureza da Liga

Farpados Aço inoxidável (mais rigidez)


Especiais Níquel – Titânio (mais flexibilidade)

Movimento Executado Processo de Fabricação

Limas Torção
Alargadores Usinagem

LIGAS METÁLICAS

Aço Inoxidável Níquel-Titânio

Alto nível de dureza Mais flexível


Baixa resistência ao escoamento Memória de forma
Elevada tonicidade e tenacidade Superelasticidade
Alta resistência a corrosão e fratura

PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS

As propriedades mecânicas estão associadas ao comportamento dos instrumentos, quando


submetidos à ação de forças externas
É a capacidade que o material tem para transmitir ou resistir aos esforços que lhe são aplicados.

Deformação elástica: a lima


volta para sua posição original
Deformação plástica: mexe
na estrutura da lima, ela não volta
mais a sua posição original.

A lima pode sofrer flexão (o que é bom para que ela acompanhe a curvatura dos canais)

Flambagem: capacidade da lima se curvar sem fraturar diante de um obstáculo, enquanto ela
está em movimento

55
APOSTILA ENDODONTIA

FABRICAÇÃO DOS IE

Torção: girar a lima


Usinagem: é como se fosse uma escultura na lima
Um instrumento fabricado por usinagem é menos resistente que um fabricado por torção
Os IE mecânicos são fabricados por usinagem
Os IE de aço inoxidável ou de NiTi podem ser fabricados por torção ou usinagem

Instrumentos Especiais:

56
APOSTILA ENDODONTIA

BROCAS GATES GLIDDEN

Nº 1, 2, 3, 4, 5 Tem que entrar e sair do canal em


e 6 (0,50 a 1,50 mm) funcionamento
O número Ponta inativa
dela corresponde ao Comprimentos: 28 e 32mm
número de ranhuras Limitados a parte reta do canal
Usada no Movimentos de pincelamento em direção
preparo do terço a parte reta do canal
cervical Risco de perfuração lateral em canais
A gates numero 1 é equivalente a lima 50 curvos
Usada em canais amplos
Não deve ser usada em canais curvos
BROCAS DE LARGO

Numeração: 1 a 6 (0,70 a 1,70mm)


Atualmente são pouco utilizadas no preparo dos canais radiculares,
em virtude de sua maior rigidez e do maior risco de provocarem rasgo
radicular do que as brocas de Gates Glidden
Ponta inativa

EXTIRPA POLPA

De aço inoxidável
Rígido
Fabricado por usinagem
Farpado
Função: remoção do tecido pulpar (o que pode ser feito com as
hedstroen)

LIMAS HEDSTROEN

São fabricadas por usinagem a partir de fios metálicos de aço


inoxidável de seção reta transversal circular.
São oferecidas comercialmente nos comprimentos úteis de 21,
25, 28 e 31 mm.
As de 21 e 25 mm são as mais empregadas.
A parte de trabalho possui 16 mm de comprimento mínimo.
A ponta das limas tipo H apresenta a figura de um cone
circular.
Cones superposto
Alta capacidade de corte
Usada depois das limas K

57
APOSTILA ENDODONTIA

Secção transversal em vírgula


Alto poder de corte
Não deve ser utilizada para fazer alargamento e limagem
Funções: pulpectomia, retirada de corpos estranhos e guta-percha (retratamento)

LIMAS ENDODÔNTICAS
Normalmente são divididos em 4 séries:

• ESPECIAL (06, 08, 10)


• 1ª série (15, 20, 25, 30, 35, 40)
• 2ª série (45, 50, 55, 60, 70, 80)
• 3ª série (90, 100, 110, 120, 130, 140)

O diâmetro da ponta é denominado D0, e junto ao intermediário, D16.

Em D0 os instrumentos podem apresentar desde 0,06 a 1,40 mm, por serem instrumentos padronizados, há
uma tolerância no aumento do diâmetro a cada milímetro ao longo da parte de trabalho, sendo tolerado o
aumento de 0,02 mm dos instrumentos de número 06 ao 60, e do 70 ao 140, tolerância de 0,04mm.

FUNÇÕES:

ü Preparo do canal endodôntico;


ü Alargamento do canal para que o mesmo possa ser fechado de forma adequada;
ü Moldar o canal após alargar;
ü Introduzir e remover qualquer material ou substância do canal;

58
APOSTILA ENDODONTIA

ü Remover o nervo de dentro do canal;


ü Aspectos físicos, químicos, biológicos e anatômicos nos seus mais variados quesitos

PADRONIZAÇÃO DAS LIMAS:

Cor do Cabo: escuras possuem número e calibre maiores e as claras possuem número e calibre
menores.
Numeração: os instrumentos são numerados de tal forma que divididos por 100, correspondam,
em milímetros, ao diâmetro do corte da base do guia de penetração do instrumento.
Comprimento:
o Comprimento da parte ativa: sempre 16mm;
o Comprimento do intermediário: variável (21mm; 25mm; 31mm)
Diâmetro da Ponta: determina o número do instrumento (ex: 15 – 0,15mm de diâmetro na ponta
do instrumento)

Cabo: é a extremidade pela qual se


empunha um instrumento endodôntico
Intermediário: parte do corpo que se estende
do cabo ou da haste de acionamento até a
parte de trabalho

Parte de trabalho: parte do instrumento que


Haste de acionamento: é a extremidade
se estende desde a ponta até o término da
para fixação e acionamento mecânico de um
haste de corte. Representa a soma dos
instrumento endodôntico
comprimentos da ponta e da haste de corte

Ponta: é o extremo do instrumento com perfil


cônico. Pode apresentar seção reta
transversal cilíndrica ou poligonal
Corpo: é parte de um instrumento que se
estende desde o cabo ou haste de
acionamento até a extremidade da ponta

59
APOSTILA ENDODONTIA

LIMAS ENDODÔNTICAS – FLEXOFILE/K (SÍMBOLO QUADRADO)

1ª Série 2ª Série

Secção quadrangular: lima K Colorinox (quadrado vazado)


Secção triangular: lima K flexofile (quadrado fechado)
Secção em forma de vírgula ou circular: hedstroen

60
APOSTILA ENDODONTIA

A conicidade de um instrumento é a relação entre o aumento no diâmetro por


unidade de comprimento (milímetro) da parte de trabalho

A conicidade dos instrumentos convencionais é de 0,02mm/mm, ou seja, há um


aumento de 2% a cada 1mm da parte de trabalho. Para instrumentos da série ISSO
com conicidade 0,02, o aumento de D0 para D16 é de 0,32mm

Conicidades maiores têm sido usadas em instrumentos endodôntico especiais de NiTi


mecanizados, como valores de 0,04, 0,06, 0,08, 0,10 e 0,12 mm/mm

Alguns instrumentos endodônticos especiais de NiTi mecanizados apresentam


conicidades variáveis ao longo de sua haste de corte helicoidal cônica. Essa variação
pode ser crescente ou decrescente no sentido da ponta do instrumento endodôntico

Para instrumentos de mesmo diâmetro D0, quanto menor a conicidade, maiores a


flexibilidade e a resistência à fratura por fadiga, estando o instrumento sob flexão
rotativa

61
APOSTILA ENDODONTIA

INSTRUMENTOS NITI PROTAPER

Além dos instrumentos endodônticos, nesta etapa operatória são utilizados: caixa perfurada com o
objetivo de organizar os instrumentos; réguas: plástica e milimetrada (simples e calibradora); para o
sistema de irrigação e aspiração, cânula de sucção, seringa e agulhas para irrigação; e o tamborel, para
colocar as limas que estão em uso.

Régua Milimetrada Tamborel

Stop de Silicone

Cânulas para Aspiração

62
APOSTILA ENDODONTIA

Material Para Irrigação

Ponta para irrigação com saída lateral Seringa Luer – 5ml


27Gx25mm

Copo de Vidro 5ml

Seringas para Insulina

Sugador Endodôntico Descartável

Instrumentos Para Medicação Intracanal

SERINGA PARA INSERÇÃO DE MEDICAÇÃO INTRACANAL – MARIO LEONARDO

Obturação Do Sistema de Canais Radiculares

Na etapa de obturação do sistema de canais radiculares são utilizadas: espátula 24 e placa de vidro para
manipulação do cimento endodôntico (figura 16); espaçadores, na técnica de condensação lateral; e
calcadores de Paiva, na condensação vertical.

Cones De Papel Absorvente E Guta-Percha

63
APOSTILA ENDODONTIA

Cimento Endodôntico E Placa De Vidro

Espátula De Manipulação Nº24


Mini Maçarico

Espaçadores Digitais

Espátula De Inserção Nº1

Condensadores Duplos De Paiva

64
APOSTILA ENDODONTIA

Odontometria Odontometria
É a medida do comprimento do dente. Por exemplo, se obtivermos, pela
Para tratarmos endodonticamente um odontometria, o comprimento de trabalho
dente é necessário estabelecer o igual a 20m, antes de iniciar a
comprimento e o limite de atuação da instrumentação, devemos levar um
terapia endodôntica no interior do canal instrumento endodôntico calibrado nesta
dentinário. medida e, pela avaliação radiográfica nos
Seria ideal, se fosse possível, medir o dente certificarmos que realmente estamos
fora da cavidade bucal com auxílio de um muito próximos da medida almejada,
paquímetro de precisão. confirmando o comprimento de trabalho
A determinação da odontometria é em (CT) ou comprimento real de trabalho
grande parte passível de erros, provocados (CRT).
desde distorções da técnica radiográfica, A referência incisal (dentes anteriores) ou
falta de contraste e nitidez, medição da oclusal (dentes posteriores), como é um
radiografia com régua milimetrada, ponto clínico visivelmente controlado pelo
transferência das medidas obtidas aos operador, precisa compreender um ponto
instrumentos, por meio de cursores ou anatômico bem definido para cada canal,
limitadores de silicone, entre outros. que deve ser registrado na ficha clínica do
Normalmente, têm-se a variação de 0,5 a paciente e mantido durante toda a
2,0mm aquém (antes) do vértice intervenção endodôntica
radiográfico, dependendo das condições
Para determinar o limite de trabalho.
patológicas do remanescente pulpar,
Buscar o Limite CDC.
dente portador de polpa viva (saudável ou
inflamada) ou mortificada.
A odontometria é importante para:
Respeito aos tecidos perirradiculares
Correta determinação do limite de trabalho na região apical

A Área de Atuação do Endodontista é o canal dentinário!

O canal dentinário é dividido em terços:


1. Terço apical (é o mais crítico: ramificações, delta apical, forame)
2. Terço médio
65
APOSTILA ENDODONTIA

3. Terço cervical

O canal dentinário termina no Limite CDC

Na radiografia não conseguimos visualizar a constricção do Limite CDC, vemos o Limite


Apical/Vértice Radiográfico
Distância do Limite CDC até o Vértice radiográfico: 0,5 a 3mm (em média 1mm)

Quando eu não determino adequadamente o limite de trabalho, pode ocorrer:

Pós-operatório
sintomático (dor,
edema, por ter
atingido os tecidos
Desvios Degraus
periodontais)

Perfurações
Obturação
na região
Insatisfatória
apical

Obturação além do forame Desvio do canal radicular Degrau: instrumentação no comprimento errado

66
APOSTILA ENDODONTIA

Comprimento maior do que o real: Sobre Instrumentação (e como consequência, uma sobre obturação)

Comprimento menor que o real: Sub Instrumentação (aquém do Limite de Trabalho, gerando uma Sub
Obturação)

Exame Radiográfico na Odontometria

Para visualizar o canal, precisaremos da radiografia;

A radiografia inicial do tratamento endodôntico, além de fazer


parte do exame complementar ao diagnóstico clínico provável
também será importante para o planejamento do tratamento,
como por exemplo para análise do número de raízes, volume da
câmara pulpar e canal radicular, presença de nódulos, reabsorções
radiculares ou ósseas perirradiculares, curvaturas radiculares,
rizogênese incompleta ou completa, entre outras.

Limitações das Radiografias:


1. Imagem bidimensional (gerando superposição de imagens, principalmente em canais
multirradiculares)
2. Falta de coincidência do forame apical com o ápice radicular (é o fim da raiz)
3. Curvatura na região apical (visualiza-se melhor curvaturas para mesial/distal)
4. Distorções (alongamento/encurtamento)
5. Cortar o ápice ou coroa

• O raio-x inicial deve se aproximar o máximo da realidade.


• Manter sempre a centralização do dente em questão para a imagem radiográfica sofrer menores
distorções.
• Utilizar sempre posicionadores.

67
APOSTILA ENDODONTIA

Posições das Radiografias Inicial ou de O diâmetro é selecionado, por meio da


Diagnóstico do tratamento endodôntico, introdução e prova do instrumento
tomada com a técnica do Paralelismo, previamente calibrado no comprimento
para dentes anteriores superiores e desejado (CRI), porém o instrumento a ser
inferiores o filme periapical deve ser provado não deverá ficar folgado nem
posicionado vertical e, posteriores na muito justo no interior do canal, o que
horizontal, porém com o picote sempre representaria respectivamente a
para incisal ou oclusal. possibilidade da lima cair durante a
tomada radiográfica, bem como a
Manter sempre a centralização do dente extrusão (empurrar) tecidos saudáveis ou
em questão para a imagem radiográfica produtos tóxicos quando da mortificação
sofrer menores distorções pulpar para o periápice, acarretando
agudização (dor) ou interferindo
negativamente no processo de reparo
Após anamnese, diagnóstico clínico cicatricial pós-tratamento endodôntico.
provável, valor do CAD, anestesia,
isolamento relativo e absoluto, cirurgia de Após a cirurgia de acesso a exploração da
acesso e exploração / esvaziamento / entrada do canal é feita com explorador
preparo da entrada do canal, será de ponta reta para dentes com a câmara
necessário a utilização de instrumentos pulpar volumosa e, com lima do tipo K,
endodônticos do tipo K (representados no número 15, 21mm de comprimento e pré-
cabo por um quadrado), stops de silicone curvada (para ampliar a área de
e régua calibradora para instrumentos exploração) para dentes que possuem
endodônticos autoclaváveis. pouco volume na câmara pulpar.

De acordo com a anatomia do dente O preparo da entrada do canal,


observada na radiografia inicial, normalmente é feito com brocas de Largo
comprimento e diâmetro, selecionamos o e Gates-Glidden de tamanhos compatíveis,
instrumento do tipo K. respectivamente.

Com relação ao comprimento, dentes com O esvaziamento do canal, de forma geral


o CAD até 21mm é óbvio a seleção de é feito, por meio da associação do
limas com 21mm e, respectivamente para hipoclorito de sódio a 2,5% e instrumentos
os dentes até 25mm e 31mm. do tipo K, de fino calibre, sempre
renovando a substância química, com
farta irrigação e aspiração, valendo-se das
cânulas fina e calibrosa, respectivamente.

68
APOSTILA ENDODONTIA

Quais Os Materiais Necessários?

1. Negatoscópio
2.Lupa
3. Tamborel com limas
4. Limas
5. Stops de silicone
6. Seringa de Irrigação
7. Régua Endodôntica
8. Régua transparente

Técnica de Ingle – Sequência técnica

1. Determinar o comprimento aparente do dente (CAD) com a radiografia


Pontos de referência: limite oclusal/incisal e limite apical

2. Exploração do canal radicular (lima de menor diâmetro para explorar o dente)


Irrigação
Conhecer a anatomia interna (sensibilidade)
Esvaziamento
Lima Tipo K
Lima com diâmetro menor do que o diâmetro do canal (marcar no stop da lima a medida CAD –
3mm) – LK 10 (série especial) ou 15 (primeira série)
O movimento da exploração é chamado de movimento de cateterismo

69
APOSTILA ENDODONTIA

3. Preparo dos terços cervical e médio (alargar esses terços pra facilitar a entrada dos próximos
instrumentos

Com brocas gates glidden (vai de 1 a 6 e coloca ela na baixa


rotação)
Executado após a exploração do canal
Ampliar o diâmetro da região cervical do canal
Facilitar o acesso

Gates Glidden

Entrar girando no interior do canal


Leve pressão apical (movimento de bicada, 3 ou 4,
depois irriga, aspira e passa para a próxima broca)
Ordem de diâmetro
Acesso retilíneo (para evitar que ela frature)
ü Dentes amplos e Retos: diâmetro decrescente da Gates
Glidden
ü Dentes estreitos e Curvos: utiliza limas protaper com
diâmetro crescente
ü Gates Glidden em CAD – 4mm ou até o início da
curvatura
4. Determinar o comprimento real do instrumento (CRI) – com a régua endodôntica

C R I = C AD – 3,0mm

Que lima utilizar?

Tem que estar justa no canal


No mínimo a lima 15
As limas 8, 10 não devem ser utilizadas (porque são menores)
Em dentes multirradiculares, pode-se utilizar vários tipos de limas

5. Introduzir a lima no canal (CRI) e radiografar


Lima no CRI > Introduzir no canal > Radiografar
O instrumento escolhido deve ser aquele com o comprimento mais próximo do CRI ou CI.
O uso de limas números 06, 08 e 10 não são recomendados, devido suas pontas serem
muito delgadas e com pequena radiopacidade e praticamente desaparecem, tornando-as

70
APOSTILA ENDODONTIA

imperceptíveis na imagem radiográfica, sempre utilizar no mínimo o instrumento número


15, caso seja volumoso para o diâmetro do canal, ampliar com limas de número inferiores
previamente

6. Determinar a distância ápice – instrumento (DAI)

7. Determinar o CRD (comprimento real do dente)

C R D = D AI + C R I

CRT (comprimento real de trabalho) = CRD – 1mm

71
APOSTILA ENDODONTIA

O DAI pode ser negativo? Pode (seria O DAI pode ser zero? Pode (quando a
como uma sobre instrumentação) borda do instrumento fica rente ao ápice)

Resumindo:

1. Anestesia 7. Alargar os terços cervical e médio com


2. Isolamento Absoluto Gates Glidden marcada no comprimento
3. Cirurgia de Acesso CAD – 4mm
4. Irrigação 8. Calcular o valor do CRI no comprimento
5. Medir o CAD CAD – 3mm
6. Exploração com Lima 10 ou 15 marcada 9. Escolher a lima que ficar justa e introduzir
no comprimento CAD – 3mm no canal e radiografar

Qual situação encontra-se correta durante os cálculos para obtenção do “X”?

Errado Correto Errado

Tenho que deixar o stop rente ao ponto de referência (no caso, a borda incisal)

Técnica De Clark

72
APOSTILA ENDODONTIA

O método de Clark funciona a partir do princípio de paralaxe.


É necessário que o paciente seja submetido a três tomadas radiográficas.
Uma das tomadas é feita em posição central e as outras duas variam a angulação para a distal e
para a mesial.

Dentes Multirradiculares

Fazer o comprimento do DAI em cada canalo comprimento do DAI em cada canal

Sequência Técnica

ü Determinar o CAD
ü Realizar a exploração do canal: CAD – 3mm
ü Preparo cervical: Broca de Gates: CAD – 4mm
ü Determinar o CRI = CAD – 3mm e introduzir a lima no canal e radiografar
ü Determinar o DAI
ü Calcular CRD = CRI + DAI
ü Calcular o CRT = CRD – 1mm

Tudo isso com o objetivo de determinar o CRD e o CRT

Localizador Apical Eletrônico

Determinar o CRD

73
APOSTILA ENDODONTIA

SUBSTÂNCIAS
Químicas Auxiliares
ü A suspensão de detritos oriundos da
instrumentação.
Devem apresentar propriedades físicas e
químicas que as qualifiquem para esse
objetivo.
São usadas durante a instrumentação dos
canais radiculares, desempenhando ações
químicas e físicas, concomitantemente
com a ação mecânica dos instrumentos
As substâncias químicas auxiliares são
endodônticos.
empregadas no interior do canal radicular com o
Também são usadas após a
objetivo de;
instrumentação para remover das paredes
ü Promover a dissolução de tecidos orgânicos do canal radicular a smear layer.
vivos ou necrosados,
Geralmente, são utilizadas em forma de
ü a eliminação, ou máxima redução possível,
de microrganismos, soluções líquidas.
ü a lubrificação, a quelação de íons cálcio
Preparo Químico-Mecânico

Objetivos:
Limpeza
Modelagem (realizada pelos instrumentos endodônticos, por exemplo as limas, que
fazem o desgaste das paredes dentinárias)
Ampliação (realizado pelos instrumentos endodônticos)

As substâncias químicas auxiliares vão auxiliar na limpeza do SCR, justamente nas áreas em que os
instrumentos não conseguem acessar.

O objetivo do PQM é a confecção de um canal cônico com menor diâmetro apical e maior coronário.

74
APOSTILA ENDODONTIA

Preparo do Canal

Se eu não preparo o canal adequadamente, restam substratos (os microrganismos se proliferam)


nele, o que leva a insucesso do procedimento.
Toda a extensão do canal radicular deve estar limpa.
A haste de corte é cônica para acompanhar a forma do canal radicular
Ação mecânica: realizada pelo corte dos instrumentos
Ação química: realizada pelas soluções irrigadoras
Ação física: irrigação/aspiração (esse processo leva a suspensão de resíduos de polpa, dentina
para que possa ser aspirado)

Substâncias Químicas Auxiliares

Auxiliares da instrumentação e soluções irrigadoras


A escolha da substância depende de suas propriedades físicas e químicas
São aplicadas com seringa e agulha

Ações Físicas:
Suspensão de fragmentos
Lubrificante (facilitando a ação dos instrumentos

Ações químicas:
Solvente de tecidos orgânicos (polpa por exemplo)
Atividade antimicrobiana
Atividade quelante (descalcificar a dentina e permitir que as substâncias penetrem)

Suspensão De Fragmentos

Tem objetivo de manter os detritos orgânicos e inorgânicos liberados durante a instrumentação


(suspensão)
Impedir a sedimentação (principalmente na região apical)
Detritos podem ser acumulados e causar:
o Obstrução do canal (desvios – perfurações)
o Forçados a se difundir para os tecidos perirradiculares (agentes irritantes) – causando inflamação
e gerando dor

75
APOSTILA ENDODONTIA
As substâncias auxiliares têm como função manter os detritos orgânicos e inorgânicos liberados
durante a instrumentação do canal radicular, em suspensão, com o objetivo de impedir a sua
sedimentação, novamente na região apical.

Detritos podem ser acumulados e obstruir o canal, favorecendo desvios e perfurações radiculares
ou, em virtude da ação de êmbolo dos instrumentos, podem ser forçados a se difundir para os
tecidos perirradiculares, onde atuariam como agente irritante.
Antes de a substância atingir uma viscosidade crítica, devemos renová-la, por meio da irrigação-
aspiração, o que favorece a remoção dos detritos mantidos em suspensão no interior do canal
radicular.
A seguir, repete-se o preenchimento da cavidade pulpar com a substância química auxiliar da
instrumentação.
o Esta renovação deve ser realizada não somente a cada troca de instrumento, mas após um
pequeno número de movimentos (5 a 10) imprimidos ao mesmo, durante o preparo do canal
radicular.
Nos canais atresiados, principalmente, é um erro grave realizar a renovação da solução química
auxiliar somente após o instrumento ganhar liberdade em seu interior.
A saturação da quantidade de líquido existente no interior do canal, por meio de resíduos oriundos
da instrumentação, em vez de favorecer, dificulta o movimento do instrumento endodôntico. Além
disso, favorece a extrusão do material além do forame, o que pode provocar reações inflamatórias
ou mesmo uma resposta imunológica do organismo.

Pequenos volumes de solução existentes no interior dos canais têm suas propriedades esgotadas
rapidamente. Para minimizar esse problema, devemos:
o Manter a cavidade de acesso preenchida com solução química auxiliar (A movimentação e
retirada do instrumento endodôntico no interior do canal favorecem a penetração e renovação do
líquido)
o Realizar renovações frequentes da solução química auxiliar

Lubrificante

Durante a instrumentação surgem forças substância, maior será sua capacidade de


que se opõem ao deslocamento do umectação e penetração.
instrumento Baixa tensão superficial quer dizer que a
A lubrificação ajuda a lima a deslizar no substância vai molhar/ se espalhar mais
canal Logo, o ideal é que a substância tenha
O canal sempre deve estar inundado da baixa tensão superficial e baixa
solução irrigadora viscosidade
Quanto maior a lubrificação, menor a Quanto menor a tensão superficial de
força de atrito uma substância, maior será sua
Quanto menor a tensão capacidade de umectação e penetração,
superficial/viscosidade de uma aumentando a efetividade da limpeza
das paredes do canal radicular.

76
APOSTILA ENDODONTIA

Solvente de tecidos orgânicos

Dissolver tecidos orgânicos


Todo tecido pulpar deve ser eliminado – pois se sobrar, ele servirá de substrato para proliferação
bacteriana
A capacidade de dissolução depende:
o Relação volume de solução/massa de tecido orgânico;
o Área de contato com os tecidos; (é importante que a agulha consiga avançar dentro do canal
para que possa molhar toda aquela área)
o Tempo de ação;
o Agitação mecânica/frequência da renovação; (é preciso agitar para que a suspensão ocorra)
o Concentração da solução.

Atividade Antimicrobiana

Microrganismos e seus produtos são os principais responsáveis pela iniciação e perpetuação das
patologias pulpo-perirradiculares
Eliminação de microrganismo não removidos mecanicamente
A infecção do canal radicular usualmente é mista, com predomínio de bactérias anaeróbias.
No tratamento endodôntico, a limpeza e a desinfecção dos sistemas de canais radiculares são
importantes, sendo logradas pela ação mecânica dos instrumentos, pela ação antimicrobiana
das soluções químicas auxiliares da instrumentação e pelo fluxo e refluxo da solução irrigadora

Atividade Quelante

Capacidade da substância remover íons


Consequência: desmineralização da dentina
O efeito descalcificante (agente quelante) promove a diminuição da resistência dentinária à ação
de corte dos instrumentos
Os quelantes usados em Endodontia são substâncias orgânicas que removem íons cálcio da
dentina, fixando-os quimicamente.
A quelação corresponde à ação dessas substâncias sobre os íons metálicos e o composto dessa
adição é denominado quelato.
Canais atresiados – alargamento do canal (geralmente ocorre em molares)
Durante a instrumentação de canais atresiados, recomenda-se o uso de quelantes para facilitar o
trabalho de alargamento do canal.
O efeito descalcificante do agente quelante resulta em menor resistência dentinária à ação de
corte dos instrumentos endodônticos durante a instrumentação dos canais atresiados.

A Substância Química Ideal deve apresentar:

1. Baixa viscosidade; 5. Eliminação ou máxima redução de


2. Baixa tensão superficial; microrganismos;
3. Ser Biocompatível; 6. Lubrificação das paredes do canal;
4. Dissolução de tecidos orgânico vivos ou 7. Quelação de íons cálcio;
necrosados; 8. Suspensão de detritos oriundos da
instrumentação.

77
APOSTILA ENDODONTIA

Hipoclorito de Sódio - NaOCl

SQA mais usada mundialmente


Velocidade de dissolução/ação antimicrobiana
Utilizamos a concentração de 2,5%

Comercialmente temos:
Líquido de Dakin – NaOCla 0,5%
Solução de Milton - NaOCl a 1%
Licor/água de Labarraque – NaOCl a 2,5%
Soda Clorada - NaOCl de 4 a 6%% - média de 5,25% (solução de Grossman)
Quanto mais baixa a concentração de hipoclorito, maior a biocompatibilidade da solução
Quanto maior a concentração, maior a capacidade antimicrobiana

Reação Aquosa – Componentes:

NaOCl + H2O – NaOH + HOCl (ácido hipoclororoso – responsável pela ação antimicrobiana)

O ácido hipocloroso é a substância responsável pela atividade antimicrobiana da solução.


Assim, em pH ácido, a atividade antimicrobiana da solução será potencializada, apesar de sua
estabilidade estar comprometida.
A dissolução de tecido pulpar em um pequeno período de tempo somente se dá por um efeito
combinado entre o hidróxido de sódio e o ácido hipocloroso oriundos da hidrólise do hipoclorito
de sódio, cada um reagindo com determinados componentes da polpa

Hidróxido de sódio responsável pela dissolução tecidual:


Desnaturação das proteínas – aminoácidos (solúveis) – facilmente eliminadas
Esterificação de lipídeos – substâncias solúveis (sabões e ácidos graxos) – diminui TS
A capacidade de dissolução tecidual promovida pelo hipoclorito de sódio faz com que fragmentos
de tecido pulpar sejam liquefeitos, facilitando, assim, sua remoção do interior do sistema de canais
radiculares.
A dissolução do tecido pulpar se verifica pelo efeito combinado entre o hidróxido de sódio e o ácido
hipocloroso, cada um reagindo com determinados componentes da polpa dentária.
O hidróxido de sódio reage com ácidos graxos (óleos e gorduras) presentes na matéria orgânica,
formando sais de ácidos graxos (sabão) e glicerol (álcool). Reage também com aminoácidos das
proteínas, formando sal e água (reação de neutralização).
O ácido hipocloroso reage com grupamento amina dos aminoácidos das proteínas, formando
cloraminas e água.

Propriedades do NaOCl:
ü Excelente atividade antimicrobiana; ü Desodorizante (neutralizar o odor fétido
ü Solvente de mateia orgânica; das bactérias);

77
APOSTILA ENDODONTIA
ü Clareador; ü Detergente (saponificação dos lipídios –
ü Lubrificante; gorduras);
ü Baixa tensão superficial; (capacidade de ü Neutraliza produtos tóxicos.
molhar)
O cloro pode desodorizar por dois mecanismos:
ü Atividade letal sobre os microrganismos envolvidos na infecção pulpar;
ü Ação oxidativa sobre os produtos bacterianos, neutralizando-os e eliminando o mau odor.

Fatores que Interferem nas Propriedades:


ü Concentração
ü Temperatura
ü Quantidade de matéria orgânica (relação volume da solução/massa de tecido)

Quanto maior a concentração e temperatura, mais rápida a dissolução tecidual (por isso que agita
a agulha dentro do canal, para aumentar a temperatura e, consequentemente a dissolução
tecidual). Maior a capacidade de dissolução e atividade antimicrobiana sobre os tecidos orgânicos
e sobre os microrganismos.
Quanto maior o volume de solução, melhor.

Vantagens: Desvantagens:
Relativamente barato; Instável ao armazenamento (oxidante) –
Rápida atuação; luz e aumento de temperatura;
Desodorizante e lubrificante; Forte odor;
Atividade antimicrobiana; Corrosivo;
Relativamente não tóxico; Descora tecidos;
Solvente de matéria orgânica; Gosto desagradável;
Concentrações facilmente determinadas; Não dissolve partículas inorgânicas;
Clareador. Irritante de pele e mucosa.

Perigos:
Injeção além do forame (a solução extravasar pelo forame e atingir os tecidos perirradiculares)
o Forame alargado
o Pressão externa no êmbolo da seringa
o O paciente apresentar dor, região edemaciada

Acidente com hipoclorito nos tecidos perirradiculares

79
APOSTILA ENDODONTIA

Como evitar?
o Usando agulhas endodônticas adequadas (projetadas para dispersar o irrigante pela
extremidade lateral)
o Pressão cuidadosa no êmbolo da seringa
o Agulha livre no interior do canal radicular – para promover um fluxo
o Usar outras ferramentas de irrigação (PUI – pontas ultrassônicas)

CLOREXIDINA – digluconato de clorexidina

Agente antibacteriano de amplo espectro


Bastante utilizada na periodontia
Apresentação líquida ou em gel
Concentração 2%

A solução de eleição é o Hipoclorito de Sódio

Propriedades: Precipitado tóxico


Precipitado pode obliterar os túbulos
Agente antimicrobiano
dentinários
Substantividade (efeito prolongado) –
capacidade de aderir à substância
dentinária e ir liberando a clorexidina ao
longo do tempo)
Baixa tensão superficial
Biocompatibilidade (relativa ausência de
toxicidade)

Desvantagens:
Não apresenta capacidade de dissolução
de tecidos
Não tem ação clareadora
Em que casos vamos usar Clorexidina?
Não podemos associar Clorexidina com
Alergia ao hipoclorito
Hipoclorito de Sódio!
Dentes com Rizogênese incompleta (para
Associação forma um precipitado com não entrar em contato com o tecido
pigmentação marrom-acastanhado periapical)

EDTA 17% - ácido etilenodiamino tetracético dissódico

Sal derivado de um ácido fraco


Começou a ser utilizado em 1957, Ostby – em canais atrésicos
Capaz de produzir a quelação de íons cálcio da dentina

80
APOSTILA ENDODONTIA

Remove a smear layer (magma dentinário, barro dentinário, lama dentinária, camada de
esfregaço): representa a formação de qualquer resíduo produzido pela ação de corte de um
instrumento sobre a dentina, esmalte ou cemento
o Camada superficial de detritos orgânicos e inorgânicos que reduzem a permeabilidade
dentinária:
o Raspas de dentina
o Fragmentos de polpa
o Substâncias químicas
o Microrganismos

Implicações clínicas de não remover a smear layer:


o Obstrui os túbulos dentinários (barreira física);
o Reduz a permeabilidade da dentina;
o Dificulta a penetração da medicação intra-canal;
o Prejudica a adesividade e adaptação dos materiais obturadores.

Smear Layer após instrumentação do canal

Smear Layer:
A porção inorgânica é formada por raspas complicações, como reabsorções
de dentina e materiais inorgânicos não radiculares e patologias perirradiculares.
específicos, oriundos do tecido dentário Nestas condições, a presença da smear
calcificado. layer “protege” as bactérias, impedindo
A orgânica pode ter como componentes que os medicamentos entrem em contato
tecido pulpar vivo ou necrótico, com as paredes do canal ou, até mesmo,
remanescentes de processos que penetrem nos túbulos dentinários.
odontoblásticos, proteínas coaguladas, A remoção da smear layer facilita a
células sanguíneas, saliva e bactérias e penetração dos cimentos obturadores nos
seus produtos túbulos dentinários e melhora a
Mesmo após o preparo químico-mecânico adaptação do cone de guta-percha às
do canal, algumas bactérias ainda aí paredes do canal, aumentando a
permanecem, assim como nos túbulos eficiência seladora da obturação.
dentinários. O EDTA quela a porção calcificada e expõe
Na ausência do cemento radicular e na o colágeno, sendo que o hipoclorito atua
existência de comunicação com o exterior removendo o material orgânico, inclusive
(ligamento periodontal), as bactérias o colágeno da matriz.
presentes podem iniciar e/ou manter

81
APOSTILA ENDODONTIA

Vantagens do EDTA:
ü Remove a smear layer
ü Aumenta a permeabilidade da dentina
ü Permite a penetração da medicação nas áreas inacessíveis a instrumentação
ü Ação autolimitante
ü Biocompatível com tecidos periapicais

Quando devemos usar o EDTA?


Uso após o PQM
o Irrigação final
o Agitação por 3 minutos
O EDTA deve ser acondicionado em recipiente e seringa plástica (seringa de insulina)
É preciso deixar o EDTA no canal em torno de 3 minutos, agitando-o com uma lima.
A última irrigação deve ser sempre com hipoclorito de sódio (para que o NaOCl possa alcançar os
microrganismos que estavam no interior dos túbulos)
A associação de Clorexidina e EDTA resulta em um precipitado nebuloso branco.

Irrigação Final:
ü Hipoclorito
ü EDTA 3 min
ü Hipoclorito

Irrigação X Aspiração:

Irrigação: corrente líquida no interior da


cavidade pulpar
Aspiração: ação de atrair, por sucção,
fluidos e partículas sólidas de uma cavidade
(com cânulas de aspiração)
Na Endodontia, a irrigação é realizada
concomitantemente à aspiração com o objetivo
de renovar a substância química no interior de
um canal radicular e de tornar a limpeza do
canal radicular mais efetiva.
Em conjunto com a instrumentação e a SQA, constitui uma importante fase do tratamento
endodôntico, denominada preparo químico-mecânico dos canais radiculares.
São fenômenos físicos distintos
São simultâneos
Remoção de detritos
Redução do número de microrganismos

82
APOSTILA ENDODONTIA

A saída lateral da agulha faz com que o líquido saia espalhado, diminuindo a pressão no forame apical

Cânulas para aspiração metálica e plástica

Técnica Irrigação X Aspiração

Princípios Fundamentais da Irrigação/Aspiração:


Não prender a agulha
Escoado cerca de 1 a 5ml de líquido/min
Renovação a cada troca de instrumento e a cada 10 a 15 movimentos
Quanto maior o volume de líquido, maior a limpeza
O movimento de vai e vem da agulha aumenta a agitação mecânica da solução no interior do
canal – maior limpeza
Indica-se em média de 15 a 20 ml de líquido para cada canal

Irrigação: Irrigar/Aspirar/Inundar
ü Início: só na câmara pulpar
ü Quanto mais alargar, maior a penetração
ü Injetar com leve pressão
ü Deixar o espaço para o refluxo
ü Até 3mm aquém do CRT
ü Fazer o processo antes, durante e depois

83
APOSTILA ENDODONTIA

Objetivos:
ü Remoção de Detritos
o A remoção de detritos do interior do canal é feita pela ação mecânica da haste de corte
helicoidal cônica dos instrumentos endodônticos, auxiliada pela irrigação-aspiração.
o Os resíduos em suspensão na substância química auxiliar ou sedimentados nas paredes do
canal são geralmente removidos a expensas da energia cinética do jato, da turbulência e
do refluxo da corrente líquida, que os arrasta para fora do canal radicular.
o Considerando que a velocidade do jato é limitada pela pressão dada no êmbolo da seringa,
devemos injetar maior volume de solução para melhorar a eficiência da limpeza (remoção
de detritos).
o É importante a remoção dos detritos do interior do canal radicular, uma vez que podem
abrigar microrganismos, dificultando a ação do fármaco utilizado como medicamento
intracanal e atuar como irritantes, quando forçados para os tecidos perirradiculares. Além
disso, podem alterar a capacidade de selamento da obturação do canal radicular

ü Redução do número de microrganismos


o A redução do número de microrganismos existentes no interior do canal radicular é
conseguida a expensas da corrente líquida que, no refluxo, arrasta grande quantidade de
microrganismos para fora do canal.

Métodos de Irrigação – Dispositivos para Otimização:


Irrigação manual
Easy clean
PUI (irrigação ultrassônica passiva)

Como o canal fica após o PQM:


Canal totalmente permeável (livre pra receber medicação intracanal e obturação)

84
APOSTILA ENDODONTIA

Fundamentos do Preparo Químico-Mecânico


O PQM tem como objetivo promover a limpeza, ampliação e a modelagem do canal radicular.
O objetivo do preparo químico-mecânico é limpar, ampliar e dar forma definida ao canal radicular
para que ele possa receber o material obturador.
São processos simultâneos

Objetivos

Limpeza e Desinfecção
A limpeza e desinfecção do sistema de canais radiculares visam à eliminação de irritantes como
microrganismos, seus produtos e tecido pulpar vivo ou necrosado.
Durante o PQM, a limpeza é lograda pela ação mecânica dos instrumentos endodônticos junto às
paredes internas do canal radicular principal.
Aliada a essa ação mecânica, uma ação de limpeza do sistema de canais é obtida pelo emprego
de soluções químicas auxiliares de instrumentação.
Estas soluções devem ser dotadas de propriedades solventes de matéria orgânica e de atividade
antimicrobiana. Também devem apresentar baixa tensão superficial e baixa viscosidade (grande
molhabilidade).

Ampliação e Modelagem
Visam à confecção de um canal de Movimentos de alargamento parcial à
formato cônico com o menor diâmetro direita, alargamento parcial alternado
apical e o maior em nível coronário. (reciprocante) ou alargamento contínuo
Esse formato cônico obtido, também imprimidos ao instrumento endodôntico
chamado canal cirúrgico, deve, diminuem, significativamente, a incidência
obrigatoriamente, conter em seu interior o de acidentes durante o preparo dos canais
canal anatômico. radiculares curvos.
Formação de degraus, perfurações e Consideramos a ampliação, a
deslocamentos apicais internos ou modelagem, a limpeza e a desinfecção
externos são acidentes indesejáveis, completas quando o planejamento do
observados na instrumentação de canais preparo foi cumprido, utilizando-se
curvos. diâmetros, conicidades e movimentos dos
Ligas Ni-Ti apresentam pequenos módulos instrumentos adequados à anatomia do
de elasticidade em relação ao aço canal, substâncias químicas auxiliares
inoxidável e, em consequência, permitem dotadas de atividade solvente e
a obtenção de instrumentos endodônticos antimicrobiana, assim como irrigações-
com grande elasticidade, resistência à aspirações eficientes.
deformação plástica e à fratura por
fadiga.

85
APOSTILA ENDODONTIA

Técnica Endodôntica:

Cirurgia de Acesso (remoção do teto da câmara pulpar, tendo acesso à polpa e os tecidos
radiculares)
Tem que permitir o acesso retilíneo do instrumento (dar expulsividade e remover excessos das
paredes adjacentes, para que a introdução do instrumento seja facilitada)
Odontometria
PQM
Obturação

Técnica Coroa – Ápice

Técnica de Oregon
Preparo do terço cervical
Preparo do terço médio (até o terço médio, todas as limas introduzidas estão na medida CRI)
Odontometria
Preparo do terço apical (a partir daqui todos os instrumentos devem estar no CRT)

Finalidades do Preparo do Canal Radicular:


Utilizamos meios mecânicos, meios químicos e meios físicos.
Meios Mecânicos: instrumentos
Meios Químicos: substâncias químicas auxiliares
Meios Físicos: irrigação-aspiração e movimentos realizados
Patência Apical
É a limpeza foraminal
Apenas “passar” o instrumento, sem alargar para não causar uma iatrogenia (como fratura de
instrumentos)
O canal precisa ser limpo por completo!
A patência trabalha no limite do CRD
Deve ser feita com instrumento de pequeno diâmetro compatível com o tamanho do dente
É possível sentir quando há a passagem do instrumento pela constrição apical

Ao final do processo de Limpeza e Modelagem, devemos obter:


Forma cônica afunilada em sentido apical Manter a posição foraminal (fazer a
Manter a forma original do canal (não patência, mas sem alterar o forame)
provocar desvios, perfurações e Limite apical e lateral de ampliação
trepanação) adequada
A lima só é utilizada no canal principal

86
APOSTILA ENDODONTIA

Deformações que podem ocorrer (erros):


Planejamento adequado evita acidentes Transporte apical externo – ZIP (é o
como: alargamento da região apical)
Degrau (porque não respeitou a curvatura
– forma original do canal, sem ter feito
uma pré-curvatura na lima antes de inseri-
la no canal)

Perfurações

Falso canal

Movimentos dos Instrumentos Endodônticos

Instrumentos Endodônticos: Tipos de Movimentos:


Limas tipo K Movimento de Remoção
Limas tipo K-flex Movimento de Exploração
Limas Hedstroen Movimento de Alargamento
Limas de Ni-Ti Movimento de Limagem
Movimento de Alargamento e Limagem

87
APOSTILA ENDODONTIA

Movimento de Remoção
Este movimento é composto de três manobras: avanço do
instrumento endodôntico, rotação de uma a duas voltas à direita sobre
o seu eixo e tração em sentido à coroa dentária.
O movimento de remoção não promove a ampliação e a
modelagem do canal radicular, mas sim, o seu esvaziamento parcial
Indicado em situações de dente com vitalidade pulpar, em que
a polpa coronária e radicular ainda está presente.

É usado na remoção da polpa dentária, sendo que, nesse caso, a penetração do instrumento deve
alcançar o segmento apical do canal radicular.
Também é indicado na remoção de detritos livres no interior do canal, bolinhas de algodão e cones
de papel utilizados com o medicamento intracanal.
Sempre em sentido horário
Instrumentos que podem ser utilizados: Extirpa-nervos (20, 25 e 30) Limas Hedstroen

Movimento de Exploração/Cateterismo
É a introdução de um instrumento endodôntico no interior de
um canal radicular com finalidade de conhecer a sua anatomia
interna.
É realizado imprimindo-se ao instrumento pequenos avanços em
sentido apical, conjuntamente, com discretos movimentos de rotação
à direita e à esquerda com pequenos retrocessos
Para dentes com patologia infecciosa, polpa necrosada

Avançando gradativamente o instrumento no interior do canal, fazendo pequenos giros à direita e


a esquerda, até o stop chegar na referência (CRI)
Utilizar preferencialmente instrumentos de pequeno diâmetro (pode ser da 6 a 15), como as limas
da série especial (no CRI)
É utilizado no cateterismo de canais radiculares amplos.
Esse procedimento tem como objetivos o conhecimento da anatomia interna e o esvaziamento
inicial do canal radicular, assim como, a determinação da odontometria.
Para a realização do movimento de cateterismo, os instrumentos endodônticos de aço inoxidável
devem possuir diâmetros menores do que o dos canais radiculares e não necessitam ser pré-
curvados (dobrados).

88
APOSTILA ENDODONTIA

Movimento de Alargamento
O alargamento consiste no giro (movimento de rotação) e no
deslocamento compressivo (movimento de avanço) simultâneos de
um alargador no interior de um furo (canal radicular).
Para que ocorra o alargamento (corte do material), é necessário
que o instrumento trabalhe justo no interior de um furo, ou seja, o
diâmetro do instrumento deve ser maior que o do furo
Pode ser parcial à direita ou Contínuo

Parcial à direita
o Consiste em um avanço do instrumento gradativo no interior dos canais radiculares com
giro à direita e tração
o Evita/diminui a formação de degraus
o Diminui o risco de fraturas
o Utilizar limas tipo K, durante a etapa do preparo do terço apical (neste momento o
instrumento está no CRT)
o A rotação à direita provoca o avanço do instrumento no sentido apical do canal radicular
seguido de corte parcial das paredes dentinárias do canal.
o A tração remove a dentina cortada das paredes do canal radicular, ampliando o seu
diâmetro.
o A principal indicação do movimento de alargamento parcial à direita é no cateterismo de
canais atresiados.

Alargamento Contínuo

Deve ser utilizado também no preparo apical,


porém de canais curvos.
Instrumentos indicados: Ni-Ti/Protaper Manual
(especialmente em casos de canais curvos), Limas Tipo K
Girar continuamente o instrumento a direita,
avança e retira
Giro em sentido horário, remoção no sentido anti-
horário
Instrumento que também realiza esse movimento: brocas Gates e brocas largos

Movimento indicado nesses casos de canais achatados

89
APOSTILA ENDODONTIA

Exemplo de canais achatados: canal distal do molar inferior, mais achatado no sentido mésio-distal)

Movimento de Limagem/Raspagem
Pode ser realizado com Limas Tipo K ou Limas Hedstroen
Avançar no interior do canal, realizar uma tração com pressão
lateral e retira parte do instrumento, avança novamente focando em
outra parede, de forma que possa raspar e limar todas as paredes
internas, para que a ponta ativa do instrumento toque todas as paredes
e ajude a remover todos os detritos que lá se encontram
O movimento de limagem (raspagem) é longitudinal alternativo,
caracterizado pelo avanço do instrumento no interior do canal radicular e de tração (retrocesso)
linear curto, com a aplicação de uma força lateral contra as paredes dentinárias
A cada tração, a lima não deve ser removida do canal. Isso apenas é feito quando esta se encontra
com grande liberdade no interior do canal, sendo, então, substituída por outra de diâmetro
imediatamente superior.
Ele é feito em todas as paredes e repetido por várias vezes por todo o contorno do canal radicular

Movimento de Alargamento e Limagem


Indicado para quando se realiza retratamento
Avançar com o instrumento no interior do canal, leve giro de ¼ à
direita, tracionar na parede lateral e retroceder (fazer isso em todas as
paredes)
Utilizar limas tipo K

Sistemas Rotatório e Reciprocante

Realizam movimentos de alargamento contínuos


Sistemas de lima única
Movimento em sentido anti-horário
Ex: Wave one, reciproc

Técnica de Oregon Modificada

Também chamada Coroa-Ápice sem pressão


Desenvolvida em 1980 por Marshal e Palpin
Esta técnica inovou ao fazer um preparo de cervical para apical reduzindo a extrusão de restos
necróticos e produtos microbianos em direção aos tecidos ´perirradiculares.
Diminui os Flare Ups, as reicidivas e a sintomatologia durante e no pós-operatório

90
APOSTILA ENDODONTIA

Passo a passo:
Movimento de Remoção (canal úmido, cirurgia de acesso, localização dos canais, início do
movimento de exploração)
Movimento de Exploração (Limas da 6 a 15 no CRI) – explorar = conhecer o canal, chamamos de
caminho deslizante
Preparo dos terços cervical e médio (executado com Gates-Glidden em ordem decrescente de
diâmetro com a medida pré-estabelecida do C.A.D – 4mm, compatível com o diâmetro do canal
radicular)
o Em caso de dentes com canais amplos e retos (ex: incisivos superiores), posso realizar o preparo
dos terços cervical e médio com brocas Gates (utilizando em ordem decrescente de diâmetro, no
CAD – 4mm) – porém a Gates só tem 19mm, elas entram e saem acionadas (não pode parar ela
dentro do canal)
o Emprego das brocas Gates Glidden
§ Devem ser introduzidas girando no sentido horário
§ Elas não cortam em profundidade, mas sim em lateralidade
§ O calibre escolhido deve ser compatível com o diâmetro do canal (basear a medida
na radiografia de diagnóstico, lima utilizada na exploração)
o Aplicar suave pressão com movimentos verticais (entrada e saída)
o Finalidade desse preparo: ampliar o diâmetro dos terços médio e cervical para permitir o acesso
do instrumento no terço apical, promovendo um acesso mais retilíneo a região apical
(simultaneamente irrigação-aspiração)
Odontometria
o Para o preparo do terço apical, preciso do CRT
o Para isso, selecionar a lima que se ajusta no canal no CRI e radiografar
o Após radiografia, verificar a distância ápice-instrumento
o DAI + CAD = CRD
o CRD – 1mm = CRT (Instrumentos nesse valor)
Realizar a patência apical – IAF significa instrumento apical foraminal (geralmente lima 10 ou 15
no CRD)
o O instrumento patente apical é fundamental na prevenção da compactação apical de raspas de
dentina durante a instrumentação, evitando assim agudizações.
Preparo dos terços médio e apical
o Instrumentos manuais: Limas tipo K, em ordem decrescente de diâmetro até chegar no CRT, onde
será confeccionado o batente apical (movimento de limagem)

Manter a patência foraminal e a irrigação/aspiração após cada intervenção no canal radicular


A primeira lima que chegar no CRT é chamada de instrumento apical inicial (IAI) – é o primeiro
instrumento que se ajusta ao canal radicular

91
APOSTILA ENDODONTIA

O IAF é o instrumento que manterá o forame limpo ou patente no CRD (IAF vai ultrapassar o forame
para fazer a limpeza sem ampliar, o IAI vai ficar 1mm aquém do forame, no comprimento do CRT)
Portanto, o diâmetro IAF será menor que o do IAI (diâmetro robusto)
Confecção do batente apical:
o A partir do IAI, uso as 3 limas subsequentes chegando no CRT, realizando os movimentos de
raspagem/limagem para ampliar e modelar (principalmente no terço apical)
o Só passa para próxima lima quando ela está folgada no canal (antes, irrigar e aspirar e fazer
patência)
o O preparo dos terços médio e apical é realizado após o preparo cervical, consiste na forma final
do preparo. O batente apical após a instrumentação (para que o cone trave no batente e não
ultrapasse o forame, evitando lesionar a região periapical)
Após determinar o IAI, instrumenta-se o canal com 3 limas subsequentes maiores no CRT, com a
técnica da instrumentação seriada, para formação do batente apical.
O último instrumento utilizado no canal, é chamado de instrumento memória (IM) e será a
referência para o cone na obturação.

Após a confecção do batente apical, passar o instrumento patente, mantendo assim o preparo do
canal completamente regularizado e pronto para recebr a obturação tridimensional do SCR.

Considerações Finais:

o O PQM adequado permite uma limpeza efetiva do SCR e favorece uma obturação
tridimensional.

92
APOSTILA ENDODONTIA

Sistema
São fabricados com liga Ni-Ti
Mais flexíveis e resistentes à fratura
Protaper
Sendo constituídos por dois tipos de
instrumentos especiais denominados
Indicada para o preparo do SCR estreitos modeladores (shaping files) e de
e curvos e/ou atrésicos (pré-molares e acabamento (finishing files)
molares) A conicidade variada ao longo da haste
o Maior nível de dificuldade de corte helicoidal cônica permite que os
o Limitação dos instrumentos (gates) instrumentos protaper® Universal, ao
o Instrumentos Ni-Ti serem empregados no CT, promovam a
(superelasticidade – menor risco de modelagem de um canal no sentido
fraturas) coroa-ápice.
Constituído pelas limas SX, S1, S2, F1, F2 e São fabricados na versão manual (cabo) e
F3 mecanizada (haste de acionamento).
Movimento realizado: de alargamento
contínuo

Todas as limas têm 16mm de parte ativa


SX (19mm de parte ativa + parte inativa), demais (21, 25 e
31mm)
SX, S1, S2, F1 e F2: ponta triangular convexa (maior
resistência)
F3, F4 e F5: ponta triangular côncava (maior flexibilidade,
para ser utilizada no terço cervical)

Sistema Protaper Universal Manual

Shaping files (modeladores): são utilizadas


no preparo do terço cervical e médio

o SX: laranja
o S1: azul
o S2: branco
o São utilizadas no CRI (CRI = CAD –
3)

93
APOSTILA ENDODONTIA

Finishing files (finalizadoras): utilizadas na


finalização apical
o F1: amarelo
o F2: vermelho
o F3: azul
o Limas adicionais: F4 (preto) e F5
(amarelo)
o Utilizadas no CRT (CRT = CRD – 1)

Instrumentos Modeladores

Finalidade:

Facilitar o PQM
Preparar os terços cervical e médio
Limas SX (laranja), S1 (roxo) e S2 (branco)
Apresentam conicidade crescente no sentido de D16
Flexibilidade maior do segmento apical desses instrumentos
São empregados para alargar o corpo do canal (segmento cervical e médio).

Limas Modeladoras SX Lima S1:

D0 = 0,19mm D16 = 1,2mm


D14 = 1,2mm D0 = 0,17mm
Conicidade 04 Conicidade crescente de 0,2
É a única lima que se apresenta com Terço cervical
19mm CRI
16mm de ponta ativa
Instrumento modelador auxiliar
Preparo e modelagem dos terços cervical
e médio de canais estreitos e curvos

Lima S2:

D0 = 0,20mm
D16 = 1,2mm
Conicidade crescente de 0,4mm
Terço médio
CRI

94
APOSTILA ENDODONTIA

Finalizadoras ou de Acabamento: Limas F

Dilatar o diâmetro do preparo apical


CRT
Obter uma conicidade adequada e progressiva dos terços médio e apical, respeitando a forma
original do canal

Lima F1: Ponta ativa côncava: maior flexibilidade


CRT
D0 = 0,2mm
Conicidade decrescente
D16 = 1,125mm
Ponta ativa convexa: maior resistência
CRT Lima F4:

D0 = 0,4mm
D16 = 1,14mm
Conicidade decrescente
CRT
Lima F2:
Ponta ativa côncava: maior flexibilidade
Conicidade decrescente
D0 = 0,25mm
D16 = 1,120mm
Ponta ativa convexa: maior resistência
CRT Lima F5

D0 = 0,5mm
D16 = 1,13mm
Conicidade decrescente
Lima F3: CRT
Ponta ativa côncava: maior flexibilidade
Conicidade decrescente
D0 = 0,3mm
D16: 1,120mm

Técnica de Instrumentação

1. Radiografia de diagnóstico
2. Cirurgia de acesso
3. Localização da embocadura dos canais radiculares (com sonda nº 47)
4. Irrigação - aspiração
5. Exploração do canal (limas especiais, 10 e 15 no CRI)
6. Preparo do corpo do canal com SX
a. Movimento de alargamento contínuo (horário = à direita/anti-horário = remoção)
b. Leve pressão apical (é possível por conta da flexibilidade do instrumento)
c. No CRI em rotação completa contínua (alargamento contínuo)
95
APOSTILA ENDODONTIA

7. Preparo do corpo do canal com S1


a. Preparar o conduto nas áreas ainda não instrumentadas
b. CRI
c. Movimento de alargamento contínuo
d. Irrigando e aspirando até a lima ficar “folgada”
8. Preparo do corpo do canal (terço cervical) com S2
a. Utilizada até o CRI
b. Movimento de alargamento contínuo
c. Irrigando até ficar “folgada”
9. Odontometria
a. CAD – 3mm = CRI
b. Colocar o instrumento que se ajusta no CRI e faz a radiografia, obtendo o DAI
c. A partir do DAI temos o CRD (DAI + CRI = CRD)
d. E a partir do CRD temos o CRT (CRT = CRD – 1mm)
10. Há algumas situações em que é necessário retornar com as limas S no canal no CRT: iniciar o
preparo do terço médio e apical
a. Irrigação
b. S1 (no CRT)
c. Irrigação
d. Patência
e. Irrigação
f. S2 (no CRT)
g. Irrigação
h. Patência
i. Irrigação
11. Preparo do terço apical F1, F2, F3, F4 e F5
a. Confecção do batente apical
b. No CRT
c. Movimento de alargamento contínuo
d. Sequência:
F1 (até ficar Caso a lima fique muito
confortável/folgada) folgada (canais muito amplos)
Irrigação passamos para a F4
Patência Irrigação
Irrigação Patência
F2 Irrigação
Irrigação F5
Patência Irrigação
Irrigação Patência
F3 Irrigação
Irrigação Sequência de remoção
Patência da smear layer usando EDTA
Irrigação 17%
12. Medicação intracanal ou obturação definitiva

Observações

O protocolo do sistema protaper recomenda a instrumentação até a lima F3, porém há casos que é
necessário utilizar as demais (pacientes muito jovens com canais relativamente amplos, em que há uma
a deposição excessiva de dentina, canais palatinos de 1ºMS, Canais distais de molares inferiores)
A obrigatoriedade do protocolo é chegar até a F3
A obturação de canais preparados com protaper é feita com cone único.

96
APOSTILA ENDODONTIA

Medicação
i t a a a
n r c n l
Consiste na aplicação de um medicamento no interior do canal radicular por um período geralmente mais longo
do que de uma consulta e que visa exercer algum efeito terapêutico.

Objetivos

1. Eliminar microrganismos que 4. Reduzir a inflamação perirradicular


sobreviveram ao PQM 5. Controlar a exsudação
2. Impedir a proliferação dos 6. Solubilizar matéria orgânica (porque
microrganismos que sobreviveram ao serve de substrato para as bactérias)
PQM 7. Neutralização
3. Barreira físico-química 8. Estimular a reparação
Entre cada sessão, é necessário colocar MIC, para evitar a proliferação de microrganismos

Eliminar Microrganismos

Microrganismos resistentes ao preparo usualmente encontram-se alojados em áreas não afetadas


pelos instrumentos e pela substância química auxiliar usada na irrigação
A medicação tem que possuir ação antimicrobiana
Microrganismos resistentes ao PQM
Infecção intratubular: Vários estudos têm demonstrado que a maioria dos patógenos endodônticos tem
a capacidade de invadir os túbulos da dentina radicular e instalar uma infecção intratubular
Istmos, ramificações, delta, irregularidades
O medicamento tem mais chances de atingir tais áreas não afetadas pela instrumentação e pela
substância química auxiliar

Impedir Proliferação De Microrganismos

Selamento coronário – promoção de um ambiente favorável para anaeróbicos


Fluxo de fluidos ricos em nutrientes (proteínas, glicoproteínas)

Barreira Físico-Química

Química: efeitos antimicrobianos


o Bactérias ® atividade antimicrobiana
o Podem atuar como barreira química contra a microinfiltração, eliminando microrganismos e
impedindo sua entrada no canal
Física: preenche toda a extensão do canal
97
APOSTILA ENDODONTIA

o Medicamentos que preenchem toda a extensão do canal podem funcionar como uma barreira
física à invasão de microrganismos provenientes da saliva
o Solubilização e permeabilidade do medicamento
Canais instrumentados podem ser contaminados/recontaminados e infectados/reinfectados entre
as sessões de tratamento por diferentes motivos: microinfiltração através do selador temporário;
perda ou fratura do material selador e/ou da estrutura dentária
As pastas de hidróxido de cálcio funcionam como barreiras física e química, retardando
significativamente a recontaminação do canal quando da exposição à saliva por perda do selador
coronário

Redução da Inflamação Perirradicular

A medicação reduz a intensidade da reposta inflamatória


Efeito analgésico
Corticosteróides são os mais efetivos (bem efetivos no controle da dor)

Controle da Exsudação

O exsudato mantém o ambiente úmido, o que impede um selamento adequado


Proliferação bacteriana
PQM vai necessitar sempre ser revisado (caso após o retorno do paciente, ao retirar o selamento,
ainda haja exsudato)
O exsudato é considerado persistente quando ainda é observado no canal mesmo após irrigação
com NaOCl e secagem com pelo menos 3 a 4 cones de papel absorvente.
A presença física desse exsudato cria um ambiente extremamente úmido que impede a obtenção
de adequado selamento do canal radicular quando da sua obturação, além de indicar que o
tratamento não está sendo eficaz em eliminar a causa da inflamação perirradicular.
A persistência de exsudação no canal indica que irritantes permanecem atuando sobre os tecidos
perirradiculares.

Solubilização da Matéria Orgânica

Durante o PQM, a ação do instrumento endodôntico se realiza somente no canal principal,


permanecendo inacessíveis os canais laterais, ramificações apicais, istmos e áreas de reabsorções
dentárias.
Permanência de resíduos (proliferação bacteriana)
SQA, fluxo da irrigação – aspiração e MIC

Neutralização

Dentes com necrose


Meio inflamado tem pH ácido
Meio infectado: projeção de microrganismos para a região perirradicular, gerando dor
Neutralização = canal asséptico
Por muito tempo foi o utilizado o Tricresol Formalina 48h, porém não se tem respaldo científico.

98
APOSTILA ENDODONTIA

Reparação por Tecido Mineralizado

Nos casos de perfurações e reabsorções radiculares, assim como nos dentes com rizogênese
incompleta, medicamentos intracanais são utilizados com a intenção de favorecer a reparação por
meio da deposição de um tecido mineralizado
Perfurações, reabsorções e Rizogênese
Promove a formação de tecido mineralizado
Ex: hidróxido de cálcio

Classificação Química

Derivados Fenólicos
São potentes agentes antimicrobianos e podem exercer seus efeitos não somente pelo contato direto, mas
também por meio da liberação de vapores

1. Eugenol
2. Paramonoclorofenol (PMC)
3. Paramonoclorofenol canforado (PMCC) (apenas esse ainda é utilizado, quando associado ao
hidróxido de cálcio – Calen)
4. Cresatina
5. Cresol
6. Timol

o Potentes antimicrobianos
o Liberação de vapores (mecanismo de ação), ou seja, não precisam estar em contato direto.
o Não são mais utilizadas por serem tóxicas aos tecidos perirradiculares (devido a sua alta
potência)

Aldeídos
São fixadores teciduais de pronunciada eficácia.
São potentes agentes antimicrobianos, exercendo seus efeitos tanto pelo contato direto quanto
pela liberação de vapores ativos
Fixadores teciduais (se colocado em contato com polpa viva, ocorre uma necrose dela)
Formaldeído – tricresol formalina ou formocresol (muito tóxico)
Potentes antimicrobianos
Vapores ativos

Halógenos
Cloro ou Iodo CHI3
NaOCl – Hipoclorito de Sódio Iodeto de potássio iodetado
Efeitos destrutivos sobre os vírus e
bactérias
Bases ou Hidróxidos
Ca(OH)2 – Hidróxido de Cálcio
99
APOSTILA ENDODONTIA

Atividade antimicrobiana por contato e o efeito de estímulo à formação de barreira mineralizada


são propriedades comumente associadas ao emprego dessa substância no interior do canal
radicular
Atividade antimicrobiana por contato direto com as paredes
É necessário terminar o preparo para utilizar o hidróxido de cálcio

Sobre o Hidróxido de Cálcio:

Pó branco
Alcalino (promove neutralização do meio)
Formação de barreira dentinária
Solubilização de tecido orgânico
Hidróxido de cálcio P.A.: misturo com solo fisiológico estéril, manipulo até formar uma pasta
Calen: hidróxido já pronto para ser inserido

Corticosteróides
Atuam sobre o processo inflamatório, inibindo a ação da enzima fosfolipase A2, envolvida na
síntese dos derivados do ácido araquidônico (prostaglandinas e leucotrienos), importantes
mediadores químicos da inflamação.
Possuem efeito inibitório potente sobre a exsudação e a vasodilatação associadas à inflamação.
Em Endodontia, são utilizados, por meio de aplicações tópicas para o controle da reação
inflamatória, nos casos de periodontite apical aguda de etiologia química ou traumática.
Podem também ser utilizados na biopulpectomia, nos casos em que não se realiza a obturação
radicular imediata e nas pulpotomias.
Antimicrobiano
Efeito de controle sobre o exsudato e vasodilatação (vasodilatação: sinal da inflamação, dor)
Aplicação tópica para controlar a resposta inflamatória
Hidrocortisona, prednisolona e dexametasona são os mais utilizados

Antibióticos
Inibir o desenvolvimento e matar microrganismos

Medicamentos Utilizados

PMC = PMCC
o Foi melhorado com a canfora
o Diminui a toxicidade e potencializa a ação antimicrobiana
o Mecha de algodão – durante 48h (não é mais utilizado dessa forma, pois continua tóxico e há
substâncias melhores)

Tricresol Formalina ou Formocresol


Tricresol – 90% formalina
Formocresol – 19 a 43% de formalina
o Ação antimicrobiana
o Irritante aos tecidos vivos
o Entre o tricresol e o formocresol: utilizar formocresol

Associação (Otosporin)
100
APOSTILA ENDODONTIA

o Atenua a intensidade da reação inflamatória


o Otosporin: hidrocortisona + sulfato de polimixina B e sulfato de neomicina
o Grande poder de penetração tecidual (rápida eliminação e eficiente atuação)

Hidróxido de cálcio
Pó branco
Precisa de um veículo
o Inertes: soro, água, glicerina,polietilenoglicol
o Biologicamente ativos: PMCC (veículo do calen), clorexidina e iodeto de potássio iodetado
o quando associado ao hidróxido de cálcio, o PMCC pode aumentar o raio de atuação da pasta,
atingindo microrganismos alojados em regiões mais distantes do local de aplicação da pasta.
Alcalino
Pouco solúvel em água
Propriedades biológicas, físicas e químicas
Propriedades:
o Ação anti-inflamatória
o Ação antimicrobiana
o Neutralização de endotoxinas
o Indução de reparo por tecido mineralizado
o Barreira física e química
Utilizado após o PQM (porque ele age por contato direto com as paredes)
É o padrão ouro

Emprego Dos Medicamentos

Biopulpectomia
Polpa viva
Infecção de dentes com vitalidade pulpar
Presença de microrganismos restrita a polpa coronária
Meio asséptico
Obturação imediata
Só não obtura na mesma sessão, caso o paciente chegue com muita dor, uma pulpite exacerbada
e nisso, o tecido perirradicular está inflamado, logo usa a MIC para induzir o reparo e reduzir a
inflamação)
Objetivo da MIC: impedir a contaminação entre sessões
Otosporin (usado quando o PQM não foi finalizado) ou Callen
A dor quer dizer inflamação, não necessariamente infecção
Na polpa viva, não há disseminação de microrganismo pelo canal radicular
PQM incompleto: Otosporin
o Acesso e remoção da polpa: medicamento em mecha de algodão ou teflon (estéril) na polpa
coronária
o PQM parcial: inunda-se o canal, bombeando com lima de pequeno diâmetro
o Reduz a inflamação do remanescente pulpar
PQM completo: Callen (medicamento de escolha para polpa viva)
o Evita ou retarda a contaminação do canal
o 7 a 30 dias dentro do dente (para estimular o reparo do tecido perirradicular e diminuir o exsudato)
As únicas de formas de contaminar um dente com polpa viva é entre sessões ou devido ao operador (quebra da cadeia asséptica)

101
APOSTILA ENDODONTIA

NecropulpectoMia e Retratamento
Há infecção no canal radicular
Qualquer necrose deve ser medicada
Quanto mais evoluída a doença, maior a contaminação
Impõe-se o uso de MIC
Desobstrução da smear layer para facilitar o acesso da MIC
É contraindicado fazer tudo em uma só sessão se o paciente tiver dor ou fístula
EDTA (remoção de smear layer) após finalização do PQM
PQM Incompleto: NaOCl
o Mecha de algodão com tamanho compatível com a câmara pulpar, cobrindo a entrada do canal
radicular
o Umedece em NaOCl 2,5%
o Desinfecção parcial
o Barreira química contra recontaminação
PQM Completo
o EDTA – 3min
o Lava com NaOCl, se possível também irrigar com soro fisiológico estéril
o Pasta HPG = Callen + PMCC (maior poder antimicrobiano)
o Mínimo 7 dias

BIOPULPECTOMIA NECROPULPECTOMIA

PQM COMPLETO OBTURAÇÃO / CALLEN CALLEN + PMCC

PQM INCOMPLETO OTOSPORIN/DECADRON HIPOCLORITO DE SÓDIO

PQM completo paciente sem dor, posso obturar na mesma sessão ou colocar callen
Pra usar a MIC (callen) é preciso usar o EDTA e depois secar o canal com ponta de papel absorvente
estéril
Temos 2 Callen: um para polpa viva e outra para polpa necrosada (callen + PMCC)
Ultracal (só muda o veículo)

102
APOSTILA ENDODONTIA

1. Rosquear a seringa, colocar a agulha 27 e encaixar o


tubete de glicerina
2. Descartar 2 a 3 gotas da glicerina para ter certeza de que
a agulha está lubrificada
3. Retirar o tubete de glicerina
4. Colocar o tubete de callen
5. Descartar as gotas iniciais
6. Colocar o stop no CRT
7. Preencher todo o canal com o callen (2mm aquém do
CRT)

Selamento Coronário

Objetivo: selar a coroa


Impedir que a saliva e microrganismos adentrem no canal
Evitar passagem de MIC para o meio bucal
Estabilidade dimensional
É ideal que tenha boa adesividade
Elevada resistência mecânica
Selamentos prontos: coltosol, cavit e cimpat (toma presa com a saliva)
Cavidades de acesso simples
o Todas as paredes constituintes de estrutura
Pronto para uso: coltosol ou cavit
Cavidade de acesso complexa
o Ausência de uma ou mais paredes dentárias
o Restauração do dente antes da realização do tratamento endodôntico

103
APOSTILA ENDODONTIA

A obturação é o retrato final do tratamento endodôntico.


O momento ideal para a obturação depende das corretas modelagem, limpeza e desinfecção do
canal radicular, além da ausência de sintomatologia, possibilidade de secagem e controle
microbiológico.
A resposta biológica ideal após tratamento corresponde ao selamento apical pela deposição de
tecido mineralizado.
Dessa forma, o material obturador deve apresentar propriedades físico-químicas que promovam
o selamento, além de compatibilidade biológica que favoreça o reparo dos tecidos apicais e
perirradiculares.
O material ideal deve ser bioativo, sendo capaz de induzir a mineralização apical e o selamento
biológico do forame apical.
É a fase do tratamento endodôntico que consiste na eliminação/preenchimento de espaços
vazios
É necessário selar todos os espaços, para evitar infecção secundária (microrganismos que ficaram
dentro do canal e se multiplicaram) ou infecção persistente

Propriedades Biológicas De Um Propriedades Físico-Químicas De Um


Material Obturador Ideal: Material Obturador Ideal:

1. Biocompatibilidade 1. Facilidade de inserção


2. Capacidade de ser reabsorvido nos tecidos 2. Tempo de trabalho adequado
perirradiculares 3. Capacidade de promover selamento do
3. Estimular a deposição de tecido de sistema de canais radiculares
reparação (bioatividade), de preferência 4. Bom escoamento e adesividade
por tecido mineralizado em nível foraminal 5. Não deve ser solubilizado no interior do
4. Ação antimicrobiana canal radicular
5. Não ser mutagênico ou carcinogênico. 6. Ser radiopaco
7. Apresentar pH neutro ou alcalino
8. Não deve promover escurecimento das
estruturas dentais, sendo de fácil remoção
em casos de retratamento

Materiais Obturadores

Materiais em estado sólido: cones de guta percha


Materiais em estado plástico: cimentos endodônticos

104
APOSTILA ENDODONTIA

Guta-Percha

Composição: Cones Principais:


Guta-percha: 19 a 20%
o Os cones com maiores porcentagens
de guta-percha apresentam maior
capacidade de termoplastificação
Óxido de zinco: 60 a 75%
o Confere rigidez e atividade
antibacteriana
Radiopacificadores: sulfato de bário (1,5 a
17%)
Os cones de guta-percha principais
Resinas, ceras e corantes (1 a 4%)
apresentam numeração que corresponde
Vantagens: aos diâmetros de ponta dos instrumentos

1. Adapta-se bem as irregularidades do estandardizados

canal O cone é do tamanho do instrumento de

2. Boa tolerância pelos tecidos memória

perirradiculares A técnica de cone único emprega cone de

3. Radiopaco guta-percha de diâmetro e conicidade

4. Facilmente plastificado similares aos da forma final do preparo do


possibilitando seu uso em técnicas de canal radicular em associação ao cimento
obturação termoplastificadoras e endodôntico
pode ser removida nos casos de D0: diâmetro da ponta de um cone (15 a
retratamento, pois é dissolvida por
solventes como eucaliptol, xilol, óleo 140)
de laranja, clorofórmio e éter Comprimento mínimo 28mm
5. Estabilidade dimensional Conicidade 0,02mm/mm; 0,04mm/mm e
6. Não alteram a cor da coroa quando no 0,06 mm/mm
limite adequado
Auxiliares
7. Podem ser facilmente removidos do canal
Preenche os
Desvantagens:
espaços na lateralidade
1. Pequena resistência mecânica a São utilizados
flexocompressão para preenchimento dos
2. Pouca adesividade (problema resolvido espaços entre o cone
com o cimento endodôntico) principal e as paredes
3. Podem ser deslocados pela pressão do canal radicular
(durante a colocação dele no canal) durante técnicas como a
compactação lateral
ativa
Seguem uma padronização (calibrados): ISSO
6877: são os principais (estandardizados ou Apresentam forma cônica, com ponta fina
padronizados) e auxiliares. para serem inseridos nos espaços abertos
pelos espaçadores, no momento da
obturação dos canais radiculares.

105
APOSTILA ENDODONTIA

A técnica de compactação lateral ativa da inseridos após abertura de espaços com


guta-percha associa um cone de guta- espaçadores digitais
percha principal com cones auxiliares

Cimentos Endodônticos

Propriedades Necessárias pra ser considerado um Tempo de trabalho 3 horas


bom cimento: Tempo de presa 20 horas
Baixa adesão
1. Fácil inserção e remoção do canal
Baixo escoamento
radicular
2. Ter bom tempo de trabalho Cimentos Resinosos
3. Promover selamento
AH 26 (Dentsply/Maillefer)
4. Estabilidade dimensional
5. Bom escoamento
6. Radiopaco
7. Não manchar a estrutura dentária
8. Adesividade às paredes do canal
9. Insolúvel nos fluidos
10. Solúvel nos tecidos perirradiculares (pois
caso extravase, pode ser visto como corpo
estranho e causar uma inflamação)
11. Impermeável no canal Boa estabilidade dimensional
12. Biocompatível Adesividade
13. Atividade antimicrobiana Radiopacidade
Baixa solubilidade
Classificação dos Cimentos Boa capacidade seladora
Cimentos a base de OZE (apresenta certa Bom escoamento
toxicidade) Atividade antibacteriana
Cimentos contendo Ca(OH)2 Biocompatibilidade
Cimentos resinosos
AH Plus (Dentsply/De trey,
Cimentos de Ionômero de Vidro
Cimentos biocerâmicos Alemanha)
Cimentos a base de OZE

Eugenol:
o Atividade antibacteriana
o Analgésico
o Anti-inflamatório Excelente comportamento histológico
o Citotoxicidade
Tecido cementóide (promove o selamento
Canal úmido: diminui
biológico): aumenta a capacidade
tempo de endurecimento e capacidade de
seladora da obturação, sela o canal
escoamento diminuídos
cementário
106
APOSTILA ENDODONTIA

Boa capacidade seladora Sealapex, CRCS, Sealer 26, Apexit


Excelente escoamento Sealer 26 pode vir na forma de pó + líquido
Atividade antibacteriana (resina) com presa de 48 a 60h
Capacidade adesiva (melhor adesão da o Não possui medida
o Manipular em toda a placa de vidro
guta-percha)
para que suas partículas sejam
Cimento contendo Hidróxido de Cálcio quebradas
o A consistência ideal é quando forma
um fio de 2cm sem quebrar (ao
levantar a espátula com o cimento)
Considerações sobre os Cimentos endodônticos
Não há material ideal
Embora não promovam perfeito
selamento, reduzem significativamente a
microinfiltração de fluidos e bactérias
Efeitos biológicos excelentes
Apresentam citotoxicidade reduzida após
Não é radiopaco (desvantagem)
a presa
Não tem boa viscosidade
São incapazes de induzir e/ou perpetuar a
Permeável e solubilizado com o tempo
lesão periapical
(caso o cimento extravase, ele irá se
solubilizar, não perpetuando uma
inflamação)
Qual O Momento Ideal Da Obturação?

PQM completo: limpeza, desinfecção e modelagem feitas

Ausência de exsudação persistente


o No momento da obturação, necessariamente, devemos secar o canal.
o Se, após a remoção da medicação intracanal, observa-se a drenagem de exsudato pelo canal,
esse não deve ser obturado.
o Primeiro porque isso sugere que o tratamento não está sendo eficaz no controle da infecção do
canal ou está sendo realizado de forma inadequada, causando agressão física
(sobreinstrumentação) ou química (uso de substâncias citotóxicas) aos tecidos perirradiculares.
o Segundo porque a presença de umidade no canal pode interferir nas propriedades físicas do
material obturador, causando deficiências no selamento.
o Nesses casos, deve-se:
§ recapitular o preparo químico-mecânico do canal;
§ aplicar medicação intracanal com pasta hidróxido de cálcio/paramonoclorofenol canforado
(PMCC)
o Se a ponta do cone vier suja, quer dizer que ainda há exsudato

Ausência de sintomatologia
o O paciente não deve apresentar sensibilidade à percussão, sensação de dente “crescido” ou dor
espontânea.
o Esses fatores indicam que o tratamento endodôntico não está sendo eficaz para eliminar a causa
do problema e/ou houve erros de procedimento.
o A permanência de bactérias em número considerável no SCR, a sobreinstrumentação e o uso
abusivo de substâncias químicas de elevada citotoxicidade são as causas mais comuns de
sintomatologia persistente.
o A sessão de obturação deve ser adiada nessas circunstâncias.
107
APOSTILA ENDODONTIA

o Se houver dor durante os 7 dias, deve-se trocar a medicação e obturar posteriormente

Ausência de odor
o O canal não deverá ser obturado na presença de odor fétido, pois isso indica a permanência da
infecção endodôntica, com proliferação de bactérias, particularmente, as anaeróbias.
o O preparo químico-mecânico deve ser revisado, o canal, novamente medicado, e a obturação,
adiada para uma sessão posterior.

Limite Apical de Obturação

Material obturador deve se limitar ao interior do canal dentinário

Colocar o material no CRT: 0,5 a 1mm aquém do forame


Subobturado = aquém do forame – espaço para
recolonização
Sobretriturado = além do CRT – toxicidade do material
a obturação deve preencher toda a extensão do canal
preparado, devendo se localizar, sempre que possível, de 0,5 a 1
mm do ápice radiográfico
Obturações muito aquém não são indicadas, uma vez que podem deixar vazio um segmento apical
muito extenso, no qual microrganismos inevitavelmente poderão se estabelecer.

Limite Cervical

Acima: escurece
O ideal é que fique 2 a 3mm abaixo do limite amelocementário
Clinicamente pode-se avaliar com o teste da pinça
Coloca-se uma parte da pinça na câmara pulpar
A outra ponta na frente do dente
Ao fechar ela tem que descer abaixo do limite amelocementário

Selamento Apical

Bactérias remanescentes que dentinários, canais recorrentes, canais


sobreviveram ao PQM constituem um laterais, canais comunicantes,
potencial para o fracasso do tratamento ramificações apicais, recessos de canais
endodôntico no longo prazo. ovais/achatados e reentrâncias do canal
Um dos objetivos da obturação é impedir principal.
que tais bactérias tenham acesso mantido A principal forma de suprimento de
ou restaurado aos tecidos substratos para bactérias que persistem
perirradiculares. no canal após o preparo ocorre pela
As principais regiões que funcionam como percolação de fluidos oriundos dos tecidos
potenciais reservatórios de infecções perirradiculares, via forame apical ou
residuais compreendem istmos, túbulos ramificações apicais, pelo espaço existente
108
APOSTILA ENDODONTIA

entre o material obturador e as paredes ou reduz a entrada de fluidos teciduais no


do canal, resultante de um selamento canal e o tráfego de bactérias e seus
inadequado. produtos para os tecidos perirradiculares.
Uma obturação que proporciona um Formação de tecido cementário
preenchimento apical satisfatório impede
Selamento Coronário

O selamento coronário pode ser tão importante quanto o selamento apical, porque a saliva é capaz
de dissolver o material obturador utilizado no tratamento endodôntico, resultando na
contaminação bacteriana de todo canal radicular.
Ao longo do tempo, bactérias da saliva podem atingir os tecidos em redor do ápice, e,
subsequentemente, contribuir para o aparecimento ou manutenção da lesão perirradicular.
Canais obturados francamente expostos à saliva por perda da restauração coronária têm o
potencial de serem contaminados ou recontaminados principalmente graças à solubilização e/ou
à permeabilidade do cimento endodôntico.
A exposição da obturação do canal à saliva pode ocorrer nas seguintes situações clínicas:
o Perda do selador temporário ou da restauração dentária definitiva;
o Microinfiltração através do selador temporário ou da restauração dentária definitiva;
o Desenvolvimento de cárie secundária ou recidivante;
o Fratura do material restaurador e/ou da estrutura dentária.
O selamento provisório não deve permanecer por um período longo (superior a 30 dias).

Técnica de Compactação Lateral

Colocação sucessiva de cones auxiliares lateralmente a um cone principal bem adaptado e


cimentado no canal
Para a técnica de Oregon
Na técnica protaper, não há necessidade de cones acessórios
O espaço para os cones auxiliares comumente é criado pela ação de espaçadores.
Em canais radiculares onde se consegue, por meio do movimento de alargamento, um preparo do
segmento apical com seção reta transversal circular, qualquer técnica de obturação tende a
apresentar resultados semelhantes.
Porém, nos casos em que o segmento apical apresentar seções retas transversais irregulares (não
circular), devemos, se possível, criar um novo batente apical circular ou empregar a obturação com
a manobra do tampão apical.

Etapas Prévias
Anestesia
Isolamento absoluto (todas as etapas da endodontia são feitas sob anestesia)
Remoção do selamento provisório
Só pode tirar o curativo, com o isolamento
Vasta irrigação com hipoclorito
Remoção da MIC com instrumento de memória
Irrigar até o líquido vir limpo, transparente
EDTA 17%

109
APOSTILA ENDODONTIA

Agitação por 3min (pode ser feita com o cone ou com o instrumento de memória)
É ideal que se faça troca de EDTA (pelo menos 3 vezes), porque ele é uma substância autolimitante
Neutralização EDTA: hipoclorito de sódio (para retirar o EDTA)

Seleção do Cone Principal

É necessário que o cone passe pelos 3 critérios:

Inspeção visual (ver se o cone chegou no comprimento do IM)

Apreende-se o cone com uma pinça clínica, introduzindo-o no canal até o CT.
Após sua retirada, ele não deve apresentar distorções (resultantes de pressão apical exercida
durante a introdução de um cone de diâmetro inferior ao do canal preparado).
Se o cone não alcança essa medida, outro de diâmetro imediatamente inferior deve ser testado.
A recapitulação do preparo com o último instrumento utilizado em todo o CT e uma abundante
irrigação/aspiração podem ser de grande valia na remoção de resíduos existentes no interior do
canal que impeçam o avanço apical do cone.

Critério tátil (significa o cone estar preso no canal)

Uma vez que o cone atinja o CT, o que inicialmente é avaliado de forma visual, ele deve oferecer
certa resistência ao deslocamento coronário.
A resistência ao deslocamento oferecido pelo cone deve ser tanto no sentido coronário quanto no
apical.
Assim, o cone que alcança o CT não deve ultrapassar essa medida.

Critério Radiográfico

O cone é posicionado no canal e o dente radiografado para confirmar a exatidão da seleção.


Em dentes com mais de um canal, em cada um deverá ser posicionado o respectivo cone, antes da
tomada radiográfica.
Nesses casos, recomenda-se no mínimo a realização de uma tomada no sentido ortorradial e outra
angulada (mesiorradial ou distorradial, usando a técnica de Clark);
na dúvida quanto ao limite apical do cone, a seleção deverá ser individualizada, ou seja, canal por
canal.

110
APOSTILA ENDODONTIA

A radiografia da prova do cone representa a oportunidade final de avaliação de todas as etapas


operatórias, mostrando se o limite apical de trabalho está correto e se ocorreram alterações na
forma original do canal radicular.
Mostrará também, dentro das resoluções proporcionadas pela técnica radiográfica, o ajuste do
cone às paredes do segmento apical do canal
Selecionado o cone principal, esse pode ser marcado por uma ligeira pressão com uma pinça
clínica na região coincidente com o ponto de referência oclusal/incisal, permitindo que o
profissional, no ato da cimentação, facilmente consiga reinseri-lo na extensão desejada.
O procedimento de seleção deve ser realizado com o canal umedecido pela solução química
auxiliar, permitindo, assim, a lubrificação do canal, à semelhança da que será proporcionada pelo
cimento obturador.
Após a remoção do cone selecionado do canal, ele é mergulhado em um recipiente contendo
hipoclorito de sódio, permanecendo aí até o momento de sua cimentação.
O mesmo deve ser feito com os cones acessórios.

Antes de colocar o cone, é necessário que ele seja desinfetado. Precisa deixar ele embebido em hipoclorito
de sódio por pelo menos 3 minutos.

O cone principal é escolhido em função do diâmetro em D0 e da conicidade da haste helicoidal


cônica do instrumento empregado no preparo apical do canal radicular.
Os cones de guta-percha padronizados nas conicidades 0,02, 0,04 e 0,06 mm/mm, geralmente, são
os escolhidos.
Os cones de maior conicidade preenchem melhor o espaço do canal preparado, reduzindo o
número de cones acessórios empregados na obturação.

Cone principal equivalente ao IM. Caso não ocorra:

Falha na estandardização
Presença de resíduos

Dificuldade de adaptação do cone: às vezes o cone pode vir com falhas, por ser um material termoplástico

Descontaminação dos cones de guta-percha Descontaminação por métodos químicos


(NaOCl)
Cones termolábeis (ou seja, não podem ir
Imersão no hipoclorito de sódio a 2,5% ou
para a autoclave)
5,25% por 3 a 5min

111
APOSTILA ENDODONTIA

Após a prova do Cone: Secagem do Canal


Aspiração
Pontas de papel com diâmetro compatível
É importante marcar o CRT nela (caso ela
venha com exsudato, remarcar a
Espaçadores
obturação)

Preparo do Cimento Obturador


Placa de vidro
Espátula metálica flexível
Cimento:
Instrumento de diâmetro inferior ao IM
Cone principal
A mistura tem que ficar lisa, brilhante e
homogênea Função: abrir espaço para colocação de
Fio de 1,5 a 2,5cm cones auxiliares
Embeber o cone de guta-percha principal O espaçador a ser utilizado é o de maior
no cimento e colocar no canal, com diâmetro, que possa penetrar livremente
movimentos de bicada (vai e vem de no canal de 2 a 3 mm aquém do
pequena amplitude para ele ir se comprimento de trabalho (CT), sem
espalhando) transmitir, durante a obturação, força
excessiva às paredes do canal.
O espaçador não deve penetrar até o CT,
porque pode alterar o selamento apical ou
provocar o deslocamento no sentido
apical do cone principal de guta-percha.
Por isso, os espaçadores devem ser usados
com limitadores de penetração.

112
APOSTILA ENDODONTIA

Compactação Lateral
A compactação do material obturador no interior do canal
radicular é fundamental para se alcançar a impermeabilidade a fluidos,
impedindo a infiltração bacteriana advinda da cavidade bucal, e para a
eliminação do espaço vazio propício à proliferação de bactérias
remanescentes.
Estando o cone principal de guta-percha ajustado no segmento
apical do canal, o avanço do espaçador, em virtude de sua forma cônica,
promove a compactação ou a adaptação do material obturador nas
paredes do canal radicular propiciando um selamento adequado.
O espaçador selecionado é introduzido no canal, lateralmente ao
cone de guta-percha principal, utilizando-se movimentos simultâneos de
penetração no sentido apical e rotação alternada.
Espaçador: avanço 1 a 2mm aquém do CT; rotação alternada
Retirada do espaçador seguida de colocação imediata do cone acessório com cimento
Intorduzir mais cones
Re-obturar
Re-instrumentar

Procede-se, então, à remoção do espaçador com uma das mãos,


inserindo-se imediatamente o cone acessório carregado com cimento no
espaço criado.
Essa rápida inserção impede a perda do espaço criado, que ocorre por
causa do retorno do volume de guta-percha para o interior da cavidade
pulpar, o que inevitavelmente dificulta a introdução do cone acessório, que
deve possuir diâmetro ligeiramente inferior ao do espaçador.
Todos esses procedimentos devem ser repetidos até que o espaçador
não penetre mais do que a junção dos segmentos médio e cervical do canal.
Em dentes com mais de um canal, repetem-se todos os procedimentos,
desde a cimentação dos cones principais.
Em determinadas circunstâncias, deve-se realizar as obturações dos
canais separadamente. Nesses casos, as entradas dos canais não obturados
devem ser bloqueadas com cones de papel absorventes.

Compactação Vertical Fina


As porções dos cones que se projetam para fora da câmara pulpar são cortadas com instrumento
aquecido em sentido lateral, de encontro à parede dentinária na embocadura do canal.
Imediatamente depois do corte, realiza-se uma compactação no sentido apical, usando-se um
compactador sem aquecimento.
A compactação vertical da massa obturadora, plastificada pelo calor do corte, deve ser feita
repetidamente.

113
APOSTILA ENDODONTIA

Encerrando o processo, executa-se, durante um tempo mínimo de três minutos, a compressão do


material obturador com um compactador.
Esse procedimento reduz, significativamente, o efeito de sua contração volumétrica e aumenta o
contato do cimento com as paredes do canal durante a presa, o que diminui a interface do cimento
à dentina radicular. Consequentemente, aumenta-se também o selamento da obturação junto ao
segmento cervical do canal radicular.
Observa-se então se o limite coronário da obturação está em sentido apical à gengiva marginal.
Feitos os ajustes, quando necessário, limpa-se completamente a câmara pulpar com álcool etílico,
removendo-se todos os resíduos de material obturador.
Esses procedimentos objetivam prevenir o escurecimento da coroa dentária após a conclusão do
tratamento endodôntico.

Calcador/Condensador de Paiva
Aquecer bem com o maçarico até ficar vermelho
Cortar o excesso dos cones com instrumento aquecido
Compressão vertical do material obturador com instrumento frio
Verifica limite coronário
Limpeza da câmara pulpar com bolinha de algodão embebida em álcool

Raio-X final: para avaliar o limite cervical da obturação e, se necessário, fazer os devidos ajustes

Obturação em Sessão Única X Duas ou Mais Sessões

Menor tempo
Redução dos riscos de contaminação (dentes polpados) ou de recontaminação (dentes
despolpados) que pode ocorrer entre as sessões de tratamento.
Em casos de tratamento de dentes com polpa viva (biopulpectomia), o tratamento em sessão única
deve ser executado quando o fator tempo, a habilidade do operador, as condições anatômicas e o
material disponível assim o permitirem.
Nos casos de biopulpectomia, deve-se optar pela obturação imediata do canal radicular após o
preparo químico-mecânico, sempre que possível.
o Essa conduta baseia-se no fato de o canal estar originalmente livre de microrganismos, desde
que a cadeia asséptica tenha sido mantida pelo profissional durante os procedimentos intracanais.

114
APOSTILA ENDODONTIA

Em casos de necrose pulpar e de retratamento, principalmente quando houver associação com


lesões perirradiculares, o canal deve ser obturado em uma segunda sessão, após a permanência
de medicação intracanal com a pasta HPG ou HCX por um período de 7 a 14 dias.

Técnica de Cone Único

A técnica de obturação com cone único Essa técnica depende da colocação de um


basicamente consiste na “cimentação” de volume suficiente de cimento a ser inserido
um único cone no canal radicular, no canal, sem a utilização de cones
usualmente do mesmo diâmetro e acessórios. O volume e espessura do
conicidade do instrumento de memória cimento dependem, assim, da adaptação
usado para o preparo apical e assim do cone à configuração do canal radicular
adaptado à configuração anatômica do e da capacidade de
canal preparado dispersão/preenchimento do canal pelo
cimento obturador.

Vantagens em relação à compactação lateral


Procedimento mais simples e rápido
Minimiza as forças apical e lateral exercidas nas paredes dos canais radiculares associadas ao
emprego de espaçadores e dos cones acessórios
Pode ser uma boa opção em canais curvos ou estreitos, onde a compactação lateral está
condicionada pelo menor espaço disponível, permitindo uma maior percentagem de área ocupada
por guta-percha
Apresenta resultados comparáveis aos de outras técnicas, como a de compactação lateral ou
termoplástica.

Desvantagens
Menor adaptação do cone único nos terços médio e coronário da maioria dos canais.
o Isso pode gerar áreas com maior quantidade de cimento do que guta-percha
Porosidade nos grandes volumes de obturações com alguns cimentos endodônticos convencionais,
por contração de presa e risco de dissolução do cimento
Menor área de guta-percha em certas configurações anatômicas, como canais ovais, achatados ou
em C

Manobra do Tampão Apical

Na obturação de dentes com necrose pulpar e reabsorção apical visível radiograficamente, assim
como em dentes com rizogênese incompleta, podemos empregar essa manobra para diminuir os
riscos de extravasamento de material obturador para os tecidos perirradiculares (sobreobturação).
O tampão apical consiste na colocação de um material obturador biologicamente compatível com
os tecidos perirradiculares no segmento apical do canal radicular (tampão apical), sendo o restante
obturado de forma convencional com guta-percha e cimento endodôntico.
O tampão apical é utilizado com objetivos mecânico e biológico.
o O objetivo mecânico é atuar como um obstáculo ao extravasamento da guta-percha e do
cimento utilizado na obturação do canal
115
APOSTILA ENDODONTIA

o O biológico é favorecer a reparação por deposição de um tecido mineralizado junto à área


crítica apical
Como tampão apical, podemos empregar o hidróxido de cálcio (na forma de pó, cimento ou pasta)
ou o mineral trióxido agregado (MTA).

116
APOSTILA ENDODONTIA

TRATAMENTO
Endodôntico do Dente 21
Planejamento baseado em um diagnóstico

Considerações Anatômicas

Cíngulo proeminente – projeção 1. Raio -x inicial/diagnóstico


2. Anestesia
dentinária (ombro palatino)
3. Isolamento absoluto
Canal normalmente único – se afila até se 4. Cirurgia de acesso
tornar constrito no ápice 5. Irrigação + exploração
Direção da raiz reta 6. Odontometria
7. PQM
8. Obturação
9. Restauração

Radiografia

Deve ter o mínimo de distorção Água (lavagem intermediária)


Uso de posicionadores Fixador (dobro do tempo do revelador)
Abrir o filme e retirando a película Água
Colocar a colgadura em cima do picote Avaliar: lupa, negatoscópio e régua
Revelador (5 segundos) transparente

Preparar O Paciente

Colocar óculos, babador e touca

Anestesia

Anestésico tópico fora da bandeja Tubete de anestésico


Carpule Agulha

Isolamento

Arco
Perfurador
Pinça Palmer
Grampos (210 para ICS)
Lençol de borracha (isolar apenas o dente a ser tratado –
na endo)
Barreira Gengival entre o lençol de borracha e o dente

117
APOSTILA ENDODONTIA

Cirurgia de Acesso

1. Acesso direto em linha reta ao canal 5. Conservar a estrutura dentária


radicular 6. Acesso através das superfícies linguais e
2. Incluir cornos pulpares, saliências e oclusais
retenções do teto da câmara pulpar 7. Remoção de todo o teto da câmara pulpar
3. Remoção de restaurações defeituosas 8. Tecido cariado deve ser removido por
4. Preservar o assoalho completo

Observar a inclinação dos dentes


Dica: na radiografia tentar visualizar o comprimento com
um stop para chegar na câmara pulpar

Preparo do Terço Cervical e Médio

Uso das brocas Gates Glidden em baixa rotação


Utilizadas no CAD – 4mm
Ordem decrescente
Lembrar que a Gates só tem 19mm
Entra funcionando e sai funcionando

118
APOSTILA ENDODONTIA

Odontometria

Utilizar lupa e negatoscópio transparente


Após isso, utilizar uma lima no CRI (CRI =
CAD – 3mm) introduzida no canal e
radiografar (lima justa no canal; no
mínimo a lima 15)
As limas 8 e 10 não devem ser utilizadas
Com a lima justa, fazer uma nova
radiografia
Medir o DAI e somar com o CRI que vai dar
o valor do CRD
Lembrar que a área de atuação do
endodontista é o canal dentinário
Radiografia inicial para medir o CAD
Comprimento de Trabalho = CRD – 1mm
(pontos de referência: borda incisal e limite
apical radiográfico)

Preparo Químico-Mecânico

Todas as limas utilizadas no PQM devem estar no CRT


A única lima que trabalha no CRD é a da patência apical, chamada de Instrumento Apical
Foraminal (IAF)
Objetivos: limpar, ampliar e dar forma cônica
Técnica de Oregon Modificada (Coroa-Ápice) para o dente 21

Técnica de Oregon Modificada

Utilizar limas em ordem decrescente de diâmetro marcadas no CRT


Com movimentos de alargamento e limagem
Realizar os movimentos mesmo que a lima não chegue no CRT
Quando sentir que a lima está deslizando livremente no canal, passar para a próxima (lembrando
de irrigar – aspirar e fazer a patência apical)
Fazer isso até a lima chegar no CRT

119
APOSTILA ENDODONTIA

A primeira lima que chega no CRT (e tem que ficar folgada no canal) passa a ser chamada de
Instrumento Apical Inicial (IAI)
A partir do IAI, devemos confeccionar o Batente Apical, para que o material obturador trave nele

Para confeccionar esse batente, utilizamos 2 a 3 limas acima do IAI (ordem crescente)
Se o IAI foi 50, utilizamos as limas 55, 60 e 70 (marcadas no CRT)
Se o IAI for a lima 80, ele também será utilizado para o batente já que não utilizamos as limas de
3ª série
A obturação vai ser baseada no Instrumento Memória (IM)

IAF no CRD para remover e limpar a região do forame apical

120
APOSTILA ENDODONTIA

Ao final do preparo, teremos feito o canal cirúrgico

Medicação Intracanal

A glicerina que vem no Callen serve para lubrificar a agulha


O Otosporin é colocado em uma bolinha de algodão e inserido na cavidade.

121
APOSTILA ENDODONTIA

Obturação dos Canais

PQM completo
Ausência de exsudato persistente
Ausência de sintomatologia
Ausência de dor

Devemos selecionar 2 materiais: os cones de guta-percha (material em estado sólido) e o cimento endodôntico
(material em estado plástico)

Guta-percha Maçarico Calcador de Paiva


Cimento endodôntico Espaçadores digitais Algodão
Placa de vidro Pontas de papel
Espátula 24 absorvente

1. Visual (quando o cone principal chega no CRT)


2. Tátil (quando o cone trava no CRT)
3. Radiográfico

Pegar o cone principal de acordo com o IM, marcar na régua com a pinça no CRT
Introduzir no canal e se chegar até a marca, quer dizer que deu certo
Realizar radiografia (chamada de prova do cone)
Se o cone não trava, o erro ocorreu na odontometria
Irrigação final
EDTA 17% - remoção da smear layer
Se o PQM foi finalizado, posto EDTA e deixado a medicação intracanal, quando o paciente voltar
para obturar, é necessário colocar novamente o EDTA, para remover a MIC e o cimento possa
adentrar nos túbulos.
Desinfecção dos cones com hipoclorito durante 3 a 5min
Após a irrigação final (EDTA + NaOCl), secar com cone de papel absorvente (também de acordo
com IM) estéril no CRT (utilizar quantos forem necessários)
Preparar o cimento
Colocar o cone principal o cimento e introduzir no canal
Inserir os cones auxiliares com a ajuda dos espaçadores digitais
Cortar os cones com o condensador quente
Condensar verticalmente com o condensador frio até o limite de corte (não pode deixar guta-
percha na região de coroa)
Cortar até 2 a 3mm aquém do limite amelocementário
Limpar com álcool ou hipoclorito a cavidade

122
APOSTILA ENDODONTIA

Diagnóstico Em Endodontia
Especialidade da Odontologia responsável pelo estudo:

Polpa dentária
Sistema de canais radiculares
Tecidos periapicais
Doenças que os afligem

Visando a manutenção do dente na cavidade bucal e a saúde dos tecidos periapicais.

Etapa das atividades em que se busca obter informações sobre os sinais e sintomas das doenças.
Baseada na interpretação ponderada dos dados obtidos
Identificação da doença
Plano de tratamento
Abordagem sistemática

Capaz de identificar os sintomas


Queixa principal
História da doença atual
História médica pregressa
Apectos relativos à dor

Capaz de identificar os sinais


Recursos semiotécnicos:

Inspeção

Inspeção do paciente
Observação do gestual e expressão facial
Estado de saúde geral
Pode-se observar: exoftalmia (distúrbio endócrino), volume na região de tireóide, paciente se
arrasta (limitações físicas)

Entidades patológicas de origem endodôntica:


o Edema o Assimetria facial
o Tumefação o Alterações na textura e cor da pele

123
APOSTILA ENDODONTIA

Inspeção Bucal

Devemos observar:

Edema Estado das restaurações


Alteração de cor na coroa o Se ela está bem adaptada,
desadaptada
Presença de cáries
Se a história clínica e os aspectos
Presença de fístulas (parúlide: saída do
semiológicos da dor forem compatíveis
trajeto fistuloso)
com elemento dentário portador de polpa
Fraturas
viva, a busca deve ser direcionada a
Síndrome do “dente rachado”
o Podemos usar uma solução de azul cavidades de cárie, restaurações
de metileno que irá marcar a linha da infiltradas e restaurações recentes, de
fratura ou utilizar a microscopia modo a identificar o elemento dentário
operatória
causador do processo patológico.

A. Parúlide associada ao abscesso apical (ou perirradicular) crônico no elemento dentário 36. B. Radiografia periapical do caso.

Palpação

É uma manobra que pode ser intra e extrabucal para se aferir o grau de sensibilidade dolorosa do
paciente em determinada região.
Utilizam-se a ponta do dedo indicador, os dedos indicador e médio, ou também o polegar para
palpar a região da face que será examinada, buscando fazê-lo também bilateralmente,
estabelecendo, assim, as semelhanças e as diferenças entre os lados direito e esquerdo do paciente,
investigando alterações

Palpação Apical

124
APOSTILA ENDODONTIA

Consiste em se tatear a região apical do elemento dentário examinado, fazendo-o delicadamente


com a ponta do dedo indicador, verificando se há resposta dolorosa ou, pelo tato, a presença de
alterações patológicas de sua forma
Obtenção de dados relativos à sintomatologia, aumento de volume e extensão do processo
Devemos observar: Localização, forma, limites/extensão e flutuação
Realizada na mucosa vestibular e na região apical dos dentes, com a polpa digital
Pode ser digital/bidigital; intraoral/extraoral

Percussão (Horizontal E Vertical)

Deve ser iniciada com delicadeza, empregando-se, de preferência, também o dedo indicador,
percutindo a coroa do dente, investigando-se a resposta à percussão com leves toques com as
costas do dedo, horizontal e verticalmente.
Se essa manobra resultar negativa, fica, então, indicado lançar mão do cabo do espelho, percutindo
a coroa do paciente, perpendicularmente à mesma ou no sentido do seu eixo, sempre de forma
delicada, evitando o sofrimento desnecessário do paciente
A percussão vertical positiva tem sido associada à inflamação de origem endodôntica, enquanto a
dor relacionada com a percussão horizontal diz respeito a alterações periodontais.
Avaliação clínica da condição inflamatória da região periapical, além de ser útil na localização do
dente responsável pela crise álgica difusa
Realizar delicadamente
Jamais deve ser feita primeiro no dente suspeito, mas antes nos dentes vizinhos

Mobilidade Dentária

Procedimento clínico simples, empregando-se dois instrumentos metálicos apoiados com firmeza
na superfície dentária ou utilizando um instrumento metálico e um dedo
Aplica-se força na tentativa de movimentar o elemento dentário em todas as direções
A mobilidade patológica ocorre, com mais frequência, no sentido vestibulolingual

125
APOSTILA ENDODONTIA

Dessa maneira, gradua-se a mobilidade do seguinte modo:

Grau 1 Ligeiramente maior que a normal


Grau 2 Moderadamente maior que a normal
Mobilidade grave vestibulolingual e mesiodistal,
Grau 3
combinada com deslocamento vertical
A presença de mobilidade patológica pode ser causada por diversos fatores:
o Perda de suporte ósseo do dente
o Sobrecarga dentária
o Trauma
o Hipofunção do dente
o Extensão de um processo inflamatório no tecido gengival ou na região perirradicular, após cirurgia
periodontal
o Processos patológicos dos maxilares que resultam em destruição do osso alveolar ou das raízes
dentárias.
Tem sido verificado, também, aumento da mobilidade dentária durante a gravidez, associada a
ciclo menstrual ou uso de anticoncepcionais.

Sondagem Periodontal

Na obtenção de um diagnóstico endodôntico é necessário avaliar a condição da estrutura dos


tecidos periodontais.
Verifica-se o elemento dentário nas suas proximais, pelo menos em três regiões por vestibular e
por lingual, não se esquecendo da região de furca.
Presença ou ausência de bolsa periodontal com auxílio de uma sonda milimetrada
Espaço profundo (bolsa) anormal que se forma entre a gengiva e o dente, provocada por bactérias
que se infiltram na raiz do dente abaixo da gengiva

126
APOSTILA ENDODONTIA

Exames Complementares

Elementos determinantes para o planejamento


Exames radiográficos (são os de maior interesse)
Nas Periapicais: avaliação da integridade do contorno radicular, assim como do espaço
correspondente ao ligamento periodontal e da lâmina dura e do osso alveolar adjacente, é
fundamental.
o A incidência radiográfica periapical torna possível, além de uma visão panorâmica do dente,
observar a largura, o comprimento e o raio da curvatura radicular
o Mostra também alterações ósseas perirradiculares resultantes do comprometimento da polpa
dental.

As alterações perirradiculares inflamatórias produzem alteração nos tecidos que compõem o


ligamento periodontal, determinando seu alargamento, com consequente resposta de esclerose ou
rompimento da integridade da lâmina dura do osso alveolar.
A Interproximal é interessante para visualizar a altura da câmara pulpar
o Mostra a coroa dental e o segmento cervical da raiz
o Pode-se observar melhor a relação de proximidade entre a polpa dental e as restaurações ou
cavidades cariosas, a deposição irregular de dentina ou calcificações que possam modificar a
arquitetura da câmara pulpar, e observar o arco de curvatura do segmento cervical do canal
radicular, que define o seu perfil de emergência na câmara pulpar.

A oclusal para melhor visualizar e delimitar a área de uma lesão, por exemplo
A panorâmica serve para avaliar a extensão e envolvimento da lesão assim como a intimidade
dos dentes com acidentes anatômicos
Tomografia computadorizada de Feixe Cônico
Para melhor investigar as prováveis falhas durante o diagnóstico

Exames hematológicos
Biópsia
Interpretação e cruzamento das informações
Nem sempre o confronto das informações é conclusivo

127
APOSTILA ENDODONTIA

Testes de vitalidade pulpar


esses testes apenas apontam a sensibilidade positiva ou negativa da polpa dental, sem, na verdade,
apontar o real estágio da higidez pulpar.
Para os testes que envolvem a aplicação de estímulo e resposta dolorosa, deve-se estabelecer um
código de resposta ao estímulo aplicado, podendo-se, por exemplo, pedir que o paciente erga a
mão esquerda assim que ele sentir qualquer desconforto, solicitando também que ele baixe a mão
assim que a dor desaparecer.

A resposta ao estímulo doloroso poderá resultar nas seguintes respostas das fibras nervosas
sensitivas pulpares:
o Dentes normorreativos, com polpa normal, cuja resposta ao estímulo seja semelhante para os
elementos dentários saudáveis de determinado paciente, principalmente quando forem
comparados elementos dentários vizinhos ou homólogos;
o Dentes hiper-reativos, com polpa dentária anormal, em que a resposta ao estímulo doloroso
acontece com estímulo de intensidade menor que os dentes vizinhos ou homólogos de
determinado paciente;
o Dentes hiporreativos, com polpa dentária anormal, que apresentam resposta somente com
estímulo doloroso muito superior aos elementos dentários vizinhos ou homólogos, ou mesmo
ausência de resposta. Esses dados serão muito importantes para ajudar a chegar ao diagnóstico
pulpar.
Trabalham com a resposta dolorosa – código de resposta ao estímulo aplicado
Um dente saudável submetido ao teste de calor ou de frio, vai responder positivamente, com uma
dor estimulada e de curta duração
Recursos auxiliares do diagnóstico: tem por propósito avaliar a sensibilidade pulpar e pressupor
sua vitalidade

Térmicos
Da anestesia
Testes Da cavidade
Pulpar elétrico
Da transiluminação

Sensibilidade pulpar positiva = dente vivo


Sensibilidade pulpar negativa = dente morto

128
APOSTILA ENDODONTIA

Os túbulos dentinários são preenchidos com fluido que quando estimulados, causam
sintomatologia
A mudança de temperatura, o ar, as alterações osmóticas podem induzir os odontoblastos a
estimulares as fibras nervosas

Sem afirmar o real estágio da higidez pulpar!

Fibra nervosa é o último componente da polpa a degenerar, o que pode acusar um falso-positivo
em casos de necrose
O estímulo jamais deve ser feito primeiro no dente suspeito (antes nos dentes homólogos ou
vizinhos)
Tempo de aplicação não deve exceder 5 segundos
Se houver necessidade de repetição do teste, deve-se esperar pelo menos 5 minutos
No caso de aproximar demais do periodonto (gengiva), as fibras nervosas periodontais poderão
responder ao estímulo, em vez do dente: falso-positivo
Fazer o teste aproximadamente no terço médio, devido a menor espessura amelodentinária e
maior volume da câmara pulpar

129
APOSTILA ENDODONTIA

Testes Térmicos Pelo Frio:

Testes mais precisos e confiáveis na avaliação da vitalidade pulpar


Ao realizar esse teste, o profissional usa algum artifício para retirar calor do dente
Os fluidos refrigerantes mais utilizados são o butano, o diclorodifluormetano13 e o tetrafluoretano
No Brasil, encontram-se marcas comerciais que usam uma mistura de butano e propano (Endo Ice
– Maquira®; Endo Frost e Endo Ice F − Coltene®; Endo Test – Wilcos®).
É necessário: gás refrigerante, pinça e bolinha de algodão (2 a 3x menor que a coroa do dente,
para evitar estimular outros dentes)

Técnica do uso do gás refrigerante

1. Isolamento do dente (relativo ou absoluto)


2. Aplicação da substância refrigerante sobre cotonete ou pelota de algodão apreendida com pinça
durante 5 segundos, no máximo
3. Em caso de necessidade de repetição, aguardar, pelo menos, 5 minutos.

Coloca a bolinha de algodão na vestibular e retira assim que o paciente sentir o incômodo, porém
observa-se o tempo que o estímulo leva para cessar. Caso o estímulo cesse na mesma hora que foi
retirado o algodão, indica que a polpa está saudável. Caso o estímulo demore para passar, é sinal
de alguma inflamação pulpar.

130
APOSTILA ENDODONTIA

Começar o deste em um dente saudável e depois ir para o dente suspeito, até para comparar e
mensurar o estímulo doloroso
Respostas falso-positivas ao teste de sensibilidade pulpar ao frio:
o Dentes recentemente traumatizados
o Dentes portadores de aparelho ortodôntico
o Dentes com coroa protética
o Dentes com presença de dentina secundária ou reacional
o Permanentes com Rizogênese incompleta e decíduos

Testes Térmicos Pelo Calor:

O calor é transferido ao dente por intermédio de substância ou instrumento previamente aquecido.


Isolamento relativo e vaselina passada no dente (para evitar que a guta fique presa ao dente,
alterando o resultado do teste)
Usamos guta-percha em bastão
Diagnóstico diferencial (vasodilatação) quando já tem dano ao tecido pulpar

Técnica da aplicação da guta-percha

1. Para o teste pulpar com o bastão de guta-percha se realiza o isolamento (relativo ou absoluto) do
dente
2. Aplica-se um gel isolante na superfície do dente (p. Ex., vaselina), para que a guta-percha não fique
aderida ao dente
3. Procede-se ao aquecimento e à plastificação da ponta do bastão de guta-percha em chama e faz-
se a aplicação da guta-percha sobre a superfície dentária, enquanto esta ainda estiver brilhosa

Teste da Anestesia ou Anestesia Seletiva

Emprega-se quando o paciente refere uma dor difusa ou reflexa (dor referida), sem definir o dente
responsável.
Deve-se anestesiar apenas o elemento dentário suspeito de ser o causador da dor, sem anestesiar
o dente suspeito de ser aquele que está refletindo a dor.
Se a dor cessar após a anestesia, sua hipótese diagnóstica será confirmada, identificando-se o
elemento causador (dente algógeno) e o elemento que somente está refletindo a dor (dente
sinálgico).
Se a dor cessar, o diagnóstico foi confirmado

131
APOSTILA ENDODONTIA

Teste Pulpar Elétrico

Utiliza a passagem de corrente elétrica, estimulando diretamente as fibras sensoriais


Aparelho para teste elétrico: Pulp Tester
Serve exclusivamente para determinar se o dente está vivo ou mortificado
Não pode ser usado em pacientes portadores de marca-passo
Deve ser feito um isolamento relativo antes do teste
A presença de restaurações pode dificultar o teste

Transiluminação

Consiste em exame com uso de um aparelho dotado de uma fibra óptica, aplicando-se um feixe
luminoso intenso no elemento dentário, a fim de se poder diagnosticar, por translucidez do esmalte
e da dentina, algumas alterações presentes, como: trincas, fraturas, perfurações, cáries
interproximais, reabsorções coronárias e escurecimento da área correspondente à câmara pulpar
nas necroses pulpares
Aparelho transiluminador ou aparelho fotopolimerizador ou tipo LED

Teste da Cavidade

Último teste a ser realizado


É um teste invasivo no qual se estimula o dente suspeito
de ser portador de necrose pulpar sem anestesiá-lo previamente,
utilizando-se, para isso, uma broca de alta rotação.
Muitas vezes apenas o jato de ar ou a água da seringa
tríplice, ou mesmo o ar da turbina de alta rotação, são suficientes
para que o paciente acuse a resposta dolorosa, mesmo antes da abertura da cavidade.
Se a resposta negativa persistir, deve-se avançar com a cirurgia de acesso, até que a trepanação
seja obtida.
Confirma a ausência de vitalidade
Consiste em realizar a cirurgia de acesso do dente suspeito sem anestesia
132
APOSTILA ENDODONTIA

Sede: localizada ou difusa/irradiada Alteração na intensidade, compostura ou


Aparecimento: provocada ou espontânea atitude (dor em decúbito) – aumento da
Duração: curta ou longa circulação sanguínea para a cabeça
Frequência: intermitente ou contínua Dor ao mastigar
Intensidade: leve, moderada ou severa Aumento ou diminuição de variações de
temperaturas de alimentos

Dor permanece apenas alguns segundos após a remoção do estímulo


Dor apresenta-se difusa (irradiada) – estágios iniciais do processo inflamatório
O frio pode exacerbar o desconforto
o As mesmas variações térmicas que exacerbam a dor podem amenizar (ex: bolsa de gelo)
Presença de dentina exposta ou restaurações defeituosas: sensíveis ao consumo de alimentos
doces ou ácidos
Posição de decúbito: início ou exacerbação da sensibilidade dolorosa (devido ao aumento da
circulação sanguínea para a cabeça)

Dor que se repete semanas de forma constante


Dor da lesão perirradicular geralmente é uma manifestação contínua
Apresentam desconforto: na mastigação, toque ao dente, compressão..

Métodos que mensuram a circulação sanguínea da polpa e não propriamente a resposta


dolorosa
Fluxometria Laser Doppler
o Registro do fluxo sanguíneo não invasivo e indolor
o Aparelho extremamente caro

Oximetria de pulso: mensura a saturação de oxigênios

133
APOSTILA ENDODONTIA

Polpa viva: circulação sanguínea normal e saturação de oxigênio alta

Coroas escurecidas podem conotar mortificação pulpar. Coroas rosadas (origem hemorrágica) podem significar dentes
Observar restaurações visivelmente infiltradas. Dependendo do traumatizados e conseqüente mortificação pulpar,
quadro sintomático, agudo ou crônico: periodontite apical
aguda ou periodontite apical crônica, respectivamente dependendo se tem dor ou não, agudo ou crônico: periodontite
apical aguda ou periodontite apical crônica, respectivamente

Coroas com translucidez alterada (tonalidade amarelada ou


opaco-leitosa) podem caracterizar calcificação difusa, dente 21. Mancha rósea dente 11, sugerindo reabsorção interna na coroa
(câmara pulpar), devido a cor da polpa ser refletiva através da
Características da dor: assintomática, detectável transparência do esmalte. Características da dor: assintomática,
radiograficamente detectável radiograficamente

134
APOSTILA ENDODONTIA

Lesões cariosas, inspecionar profundidade, exposição pulpar e Abrasão cervical dentária associada a escovação nos dentes 31
associar com as características da dor para determinar o e 41. Avaliar o envolvimento pulpar
diagnóstico e tratamento adequado

Atrição dentária e seu envolvimento pulpar


Restaurações extensas, inspeção de infiltrações

Observar erosão ou defeito de desenvolvimento no 35 e


Inspeção de trincas e seu envolvimento pulpar, dente 11 extensa lesão cariosa no 36, podendo ou não ter exposição
pulpar

Condição periodontal e seu envolvimento pulpar, por meio


Fratura coronária e seu envolvimento pulpar dos testes de sensibilidade

135
APOSTILA ENDODONTIA

Condição periodontal, observar o dente 26, vista vestibular e


palatina e seu envolvimento pulpar, por meio dos testes de
sensibilidade

Presença ou ausência de bolsa periodontal com auxílio da


sonda milimetrada

As condições periodontais são importantes para distinguir as lesões de origem endodônticas


daquelas de origem periodontal.
Os testes de sensibilidade pulpar, juntamente com a sondagem periodontal e as radiografias, são
essenciais para essa diferenciação.
Se a lesão for de origem periodontal, a polpa dental poderá estar com vitalidade. No caso de
mortificada, poderá ser uma lesão associada endodôntica e periodontal conjuntamente, conhecida
como endo-perio.

136
APOSTILA ENDODONTIA

alterações
Pulpares e Perirradiculares

Estrutura interna do dente


Tecido conjuntivo frouxo ricamente vascularizado
e inervado
Função: formar dentina (nutre e mantem
vitalidade)
Complexo tecidual: complexo dentino-pulpar
Dentina é um tecido mineralizado de natureza
tubular
Túbulos dentinários: percorrem toda a extensão
da dentina, desde a junção

Pulpares:

1. Pulpite reversível 3. Necrose pulpar


2. Pulpite irreversível 4. Pulpite transicional

Perirradiculares:

1. Periodontite apical aguda 4. Granuloma perirradicular


2. Abscesso perirradicular agudo 5. Abscesso perirradicular crônico
3. Periodontite apical crônico
Nomenclatura diagnóstica recomendada pela AAE/ABE (2013)

Diagnóstico pulpar Diagnóstico apical


Polpa normal Tecidos apicais normais
Pulpite reversível Periodontite apical sintomática
Pulpite irreversível sintomática Periodontite apical assintomática
Pulpite irreversível assintomática Abscesso apical crônico
Necrose pulpar Abscesso apical agudo
Previamente tratado
Osteíte condensante
Terapia previamente iniciada

Recomendamos o termo perirradicular, em vez de apical, porque ele abrange não somente as lesões na
região apical ou periapical (certamente as mais comuns), mas também as lesões inflamatórias que afetam a
porção lateral da raiz ou a área de furca.
137
APOSTILA ENDODONTIA

A polpa está livre de sinais e sintomas e responderá positivamente aos testes pulpares térmicos e
elétrico, reagindo aos estímulos com resposta dolorosa de intensidade compatível com a excitação
provocada.
Não exibe nenhum sintoma espontâneo
Responde aos testes: os sintomas serão brandos, não causando nenhum desconforto ao paciente
e resultando em sensação transitória (desaparece em segundos)
As manobras de palpação apical e percussão de um dente com polpa normal resultam em
resposta negativa.
Radiograficamente, nenhuma evidência de reabsorção, cárie ou exposição pulpar mecânica

Pode ser causada por agressão tecidual:


o Bactérias
o Agressões químicos
o Trauma
A dor inflamatória causa aumento da pressão dos tecidos
Ocorre aumento da vasodilatação local
Aumento da permeabilidade capilar, causando edema e comprimindo as terminações nervosas

Pode ser influenciada por 2 fibras nervosas: delta A e Tipo C

Mielínica Amielínica

Rápida condução Fibra periférica

Ela que é estimulada pelo teste


Lenta condução ao estímulo
do frio

Baixo limiar de excitabilidade Alto limiar de excitabilidade

Dor aguda, provocada, rápida e Dor aguda, espontânea de


de curta duração origem pulpar severa e difusa

Dor rápida Dor lenta e lancinante

Inflamação leve Inflamação progredindo

138
APOSTILA ENDODONTIA

No Teste Do Frio (Estimulação Das Fibras Delta A)

Vasoconstrição Vasoconstrição
Diminuição da pressão Diminuição da pressão
interna interna
Alívio (estágios avançados)
Resposta imediata de dor ou estímulo da dor (estágios
iniciais)

No Teste Do Calor (Estimulação Das Fibras Tipo C)

Vasodilatação Vasodilatação
Aumento da pressão
Aumento da pressão interna
interna
Resposta tardia de dor
(estimulam fibras nervosas Resposta imediata de dor
de condução lenta)

Leve alteração inflamatória da polpa (inflamação de fase inicial)


Reparação tecidual
Apresenta uma sintomatologia provocada de resposta um pouco mais intensa que na polpa
normal.
Macroscopicamente, se fosse possível observar a polpa inflamada reversivelmente, seu aspecto
seria:
o Sangramento não abundante cm coloração vermelho vivo e brilhante
o Polpa com consistência e resistente ao corte

A dor oriunda da estimulação de fibras delta A é resultado da hidrodinâmica do fluido dentinário


Levando a uma redução do limiar de fibras delta A e uma hipersensibilidade
O desconforto pulpar é experimentado quando um estímulo, como frio ou doce, é aplicado,
havendo o aparecimento de uma dor brusca, que tenderá a desaparecer poucos segundos após a
sua remoção.
Assim, a dor nesses casos é sempre provocada e nunca espontânea.
A radiografia periapical assemelha-se à de um dente com polpa normal.
A remoção de tecido cariado e restauração apropriada leva à completa remissão dos sintomas
evidenciados.

139
APOSTILA ENDODONTIA

Diagnóstico:

Sintomatologia
Exame radiográfico
Inspeção clínica
Percussão e palpação
Teste de vitalidade
Tratamento

Usualmente assintomática
Sinais e Dor aguda, rápida, localizada e fugaz, de natureza
Sintomas provocada
Queixa mais comum: dor ao frio ou ao comer doces
Inspeção Restauração ou lesão de cárie extensa
Não há exposição pulpar
Testes pulpares Frio e calor: positivo e de curta duração
Perirradicular: negativo
Conservador
Remoção de cárie ou da restauração defeituosa (e/ou
Tratamento:
extensa)
Capeamento pulpar indireto
Prognóstico favorável para o dente e para o tecido pulpar

A polpa é exposta: fica estabelecida uma área de contato direto com os microrganismos
A remoção dos irritantes não é suficiente para reverter o quadro
Sem eliminar o agressor, progride para necrose (lenta ou rápida)
Em alguns casos, a pulpite irreversível pode se instalar mesmo sem exposição da polpa à cavidade
oral
Macroscopicamente, quando acessada, a polpa demonstra:
o Sangramento discreto com ausência de hemorragia
o Coloração vermelho escuro e opaco
o Consistência pastosa ou liquefeita e sem resistência ao corte
Trata-se de um diagnóstico com base em achados subjetivos e objetivos de que a polpa inflamada
vital é incapaz de se recuperar e retornar à sua higidez após a remoção dos fatores que levaram a
essa condição inflamatória
sendo indicado o tratamento endodôntico não conservador: pulpectomia ou, quando indicada, a
pulpotomia

140
APOSTILA ENDODONTIA

Usualmente sintomática
ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO:
Dor Provocada, aguda e localizada
Persiste por um longo período de tempo após a
remoção do estímulo e o paciente ainda localiza o
dente
Uso de analgésicos pode ou não ser eficaz
Sinais e Sintomas
ESTÁGIO AVANÇADO:
Dor pulsátil, excruciante, lancinante, contínua e
espontânea
A dor passa a ser difusa ou reflexa
O emprego de analgésicos geralmente não
apresenta eficácia

Inspeção Restauração ou lesão de cárie extensa


Exposição pulpar: origem microbiana ou traumática
Lesões cariosas e/ou restaurações extensas, geralmente
sugerindo exposição pulpar
Radiograficamente O espaço do ligamento periodontal apresenta-se normal ou,
algumas vezes, ligeiramente espessado

FRIO:
Estágios iniciais: positivo
Estágios mais avançados: geralmente não há resposta
positiva (perda de atividade por hipóxia e
degeneração das fibras delta A)
Casos sintomáticos: pode causar alívio da dor (efeito
Testes pulpares vasoconstritor e anestésico)

CALOR:
Resultado positivo
Nos casos sintomáticos, a aplicação de calor
exacerba a dor
Teste da cavidade: geralmente positivo
Perirradiculares: pode ser negativa ou positiva
Endodôntico convencional
Tratamento:
Geralmente não necessita de medicação sistêmica

As características podem incluir:


o Dor aguda após estímulo térmico (demorando a cessar após a remoção do estímulo, geralmente
30 segundos ou mais)
o Dor espontânea (dor não provocada)
141
APOSTILA ENDODONTIA

o Dor irradiada (também chamada dor referida ou dor reflexa)

Em algumas situações, o paciente pode relatar aumento da dor com aplicação de frio e seu alívio
quando entra em contato com uma substância quente.
Outras vezes, é o contrário que ocorre (alívio com frio e dor com o quente), o que já foi atribuído ao
fato de a fase de pulpite irreversível ser inicial ou tardia, mas o que se pode concluir, clinicamente,
é que ambas caracterizam a necessidade de uma intervenção com remoção total ou parcial da
polpa envolvida
A dor experimentada nesse quadro é importante, podendo ser paroxística, ou seja, uma dor
excruciante considerada a de maior intensidade no curso da inflamação pulpar
§ O paciente pode relatar dor em determinadas mudanças posturais, como dor em decúbito
(quando se deita) ou ao curvar-se
§ O uso de analgésicos e/ou anti-inflamatórios costuma não surtir o efeito desejado
§ As causas mais frequentemente observadas estão relacionadas com cáries profundas,
restaurações extensas ou, ainda, fraturas com exposição pulpar.

Em dentes de pacientes jovens, a inflamação crônica da polpa pode resultar na formação de um


pólipo, condição conhecida como pulpite hiperplásica.
Caracterizada pela proliferação de um tecido polipoide que se projeta a partir da câmara pulpar
O pólipo formado, usualmente, torna-se epiteliado, uma vez que as células epiteliais descamadas
da mucosa oral são adsorvidas à superfície do tecido granulomatoso, o que contribui para a
redução da sensibilidade desse tecido pulpar exposto
Assintomático
Pacientes jovens com ápice aberto, a inflamação se prolonga e pode se apresentar com ou sem
dor
Proliferação de um tecido granulomatoso
Remoção do pólipo com uma cureta

Como consequência da cárie não removida ou outros agentes causadores das alterações pulpares,
ocorre necrose e, então, infecção pulpar
Caracterizada pelo somatório de alterações morfológicas que acompanham a morte celular em
um tecido
Dependendo da causa, pode ser classificada como:
142
APOSTILA ENDODONTIA

Necrose De Liquefação

Tipo mais comum


Resulta da ação de enzimas hidrolíticas, de origem bacteriana e/ou endógena (neutrófilos), que
promovem a destruição tecidual

Necrose de Coagulação

Lesão traumática
Interrupção do suprimento sanguíneo pulpar (rompimento do feixe vasculonervoso que penetra
pelo forame apical), ocasionando isquemia tecidual.

Necrose Gangrenosa

Tecido que sofreu necrose de coagulação e foi invadido por bactérias que promovem a liquefação

Quadro em que será necessário o tratamento endodôntico radical


A necrose do tecido pulpar está associada à presença de microrganismos, mesmo nos casos em
que a causa da necrose teve origem em fatores não microbianos, como o traumatismo dental
Em resposta à agressão e à necrose da polpa dental, o organismo desencadeia processos
inflamatórios agudos ou crônicos de defesa na região perirradicular
Podendo resultar na formação de cistos e granulomas perirradiculares e, eventualmente, no
surgimento de coleções purulentas (abscessos)
O aspecto radiográfico de dentes com necrose pulpar variará desde situações em que ainda
existirão os padrões de normalidade, passando pelos quadros de espessamento do espaço do
ligamento periodontal, podendo ser identificadas as chamadas lesões perirradiculares.

Usualmente assintomática
Sinais e
Sintomas Dor: episódio prévio

Presença de cáries e/ou restaurações extensas


Inspeção
Alteração de cor (escurecimento da coroa, que pode
estar relacionado a algum trauma)
Testes pulpares Frio e calor: negativos
Perirradicular: negativo (necrose confinada no canal)
Endodôntico convencional
Tratamento:
Uso de medicação intracanal

143
APOSTILA ENDODONTIA

Dinâmica dos processos patológicos pulpar e perirradicular tendo como início um processo de cárie.

Pulpite reversível. À medida que a cárie avança na dentina em direção à polpa,


aumenta a gravidade do processo inflamatório pulpar.

Pulpite irreversível. Após exposição pulpar por cárie, a agressão exercida


diretamente por microrganismos é intensa e gera inflamação grave e
irreversível.

Pulpite irreversível e necrose parcial. A infecção avança no canal em direção


apical.

Necrose e infecção de praticamente toda a polpa radicular, como resultado do


avanço apical dos eventos compartimentalizados de agressão, inflamação,
necrose e infecção.

Estabelecida a infecção na porção apical do sistema de canais radiculares.

Tecidos apicais normais não apresentam resposta dolorosa ao teste da percussão e palpação e
radiograficamente a lâmina encontra-se intacta, bem como o espaço periodontal está uniforme.
Assim como no caso dos testes pulpares, o exame de palpação e percussão deve ser comparativo,
iniciando-se por dentes cuja resposta esperada seja a normal.
Não exibe sintomatologia
O dente responde normalmente aos testes de percussão e palpação
Radiograficamente, revela integridade da lâmina dura e do espaço do ligamento periodontal em
torno dos ápices de todas as raízes

144
APOSTILA ENDODONTIA

As principais alterações patológicas que acometem a polpa e


os tecidos perirradiculares são de natureza inflamatória e de
etiologia infecciosa

A inflamação é a principal resposta da polpa e dos tecidos


perirradiculares a uma gama variada de estímulos que causam
lesão tecidual

A intensidade da resposta inflamatória irá variar conforme o tipo


de agressão e, principalmente, a sua intensidade

Uma vez que a agressão rompe a integridade tecidual, a resposta


inflamatória visa localizar e preparar os tecidos alterados para a
reparação da região afetada.

Quando a agressão é persistente e não se resolve pela mobilização dos mecanismos inespecíficos
de defesa do hospedeiro, instala-se um processo crônico
Se a resposta imunológica não consegue eliminar o agente agressor, ela consegue controlá-lo,
confinando-o ao local da agressão.
Na persistência do estímulo agressor, as próprias respostas de defesa do hospedeiro, específicas
ou inespecíficas, podem gerar o dano tecidual.
Abrange:
o Lesões na região periapical (mais comuns)
o Lesões inflamatórias de origem endodôntica que afetam a porção lateral da raiz ou a área de furca
Em alguns casos, a lesão perirradicular pode se desenvolver mesmo antes de os processos de
necrose e infecção atingirem o forame apical
O desenvolvimento da lesão perirradicular está relacionado:
o A respostas imunes inata e adaptativa contra infecção intrarradicular
o Na tentativa de conter a propagação da infecção ao osso e outros locais do corpo
Geralmente é caracterizada por reabsorção óssea, que permite ao osso recuar estrategicamente
para longe da zona infectada, sendo substituído por um tecido inflamado.

145
APOSTILA ENDODONTIA

Formas de agressão física (mecânica ou térmica) e química à polpa e aos tecidos perirradiculares.

A. Preparo cavitário (agressão mecânica e térmica).


B. Sobreinstrumentação (agressão mecânica).
C. Sobreobturação (agressão mecânica e química).
D. Materiais restauradores temporários ou definitivos (agressão química).
E. Ataque ácido da dentina e/ou polpa (agressão química).

Se a agressão proveniente da infecção do canal Se a agressão proveniente da infecção do canal


radicular for de alta intensidade, uma lesão radicular for reduzida pelas defesas do hospedeiro, o
perirradicular sintomática se estabelece, podendo quadro cronifica.
evoluir para um abscesso agudo.

146
APOSTILA ENDODONTIA

Se a agressão proveniente da infecção do canal


radicular for originalmente de baixa intensidade ou
for reduzida pelas defesas do hospedeiro, o processo
crônico se estabelece e pode levar à reabsorção
óssea com a formação de um granuloma e
posteriormente um cisto.

Inflamação do periodonto apical, em que ocorrem sintomas clínicos de dor à mordida e/ou
percussão e palpação apical.
Processo degenerativo pulpar: resposta gravemente dolorosa à percussão/palpação e tratamento de
canal faz-se necessário.
Quando acompanhada de necrose pulpar, as respostas aos testes pelo frio, quente e elétrico são
negativas;
Restaurações com sobrecontornos oclusais, pontos de contato oclusais prematuros, maloclusões e
forças ortodônticas excessivas podem desencadear o seu aparecimento, mesmo com a vitalidade
e higidez pulpar (a remoção dos fatores desencadeadores nesses casos levará à remissão total do
quadro)
Por outro lado, a sobreinstrumentação de canais além da região foraminal, a extrusão de debris,
restos necróticos e microrganismos, além da injeção incidental, via forame, de substâncias químicas
irritantes, são fatores que podem levar ao aparecimento do quadro de periodontite apical
sintomática.
Sinal característico e patognomônico: sensação de “dente crescido”
o o ligamento periodontal inflamado leva a uma discreta extrusão do elemento, produzindo tal
desconforto, no qual o paciente mal consegue tocar o dente com seu antagônico.
Agressão (bactérias) de alta intensidade
Resposta inflamatória aguda no ligamento periodontal (PAA)
Aumento da permeabilidade vascular, gerando edema e pressão hidrostática tecidual
O edema comprime as fibras nervosas, causando dor.

Espessamento Do Espaço Do Ligamento Periodontal

147
APOSTILA ENDODONTIA

Dor intensa, espontânea e localizada


Sinais e Extrema sensibilidade ao toque do dente
Sintomas Sensação de dente crescido
Mastigação usualmente provoca ou exacerba a dor
Inspeção
Radiograficamente, espessamento do ELP apical

Frio e calor: negativos


Testes pulpares
Perirradicular: positivo ou negativo (depende da
extensão da resposta inflamatória)
Conservador
Tratamento: Endodôntico convencional
Medicação intracanal
Exsudato controlado

O quadro costuma ser doloroso, pela pressão do pus e tumefação dos tecidos moles,
frequentemente acompanhadas de manifestações sistêmicas, como prostração, febre,
infartamento ganglionar, podendo haver trismo.
O inchaço existente pode ser intra e/ou extrabucal e a infecção poderá progredir para a cortical ou
espaços medulares do osso – o que caracteriza a osteomielite – ou se difundir pelos tecidos moles
como uma celulite, sendo notadamente grave a angina de Ludwig, um tipo de celulite de tecidos
moles com risco de morte envolvendo três compartimentos no assoalho da boca, incluindo os
espaços submentuais, sublinguais e submandibulares bilateralmente.

Resposta inflamatória não consegue eliminar o agente agressor ou reduzir a intensidade da injúria,
o que leva a uma exacerbação do processo inflamatório.
Inflamação purulenta (bactérias altamente virulentas associadas a infecção), levando a um APA
Duração do processo agudo: 72 a 96h – eficaz em reduzir a agressão bacteriana – destruição da
arquitetura tecidual
A disseminação da infecção para espaços anatômicos da cabeça e do pescoço pode provocar
quadros clínicos graves, inclusive com risco de vida.
Abscessos são cavidades circundadas por paredes de tecido fibrótico ou de granulação, que
contêm pus em seu interior.
O aspecto radiográfico dos abscessos apicais dependerá do tempo de evolução do caso, podendo
apresentar um espessamento do espaço periodontal e/ou uma imagem perirradicular difusa, mal
definida, nesse caso com perda da continuidade da lâmina dura.
Poderá também ocorrer o aspecto radiográfico da lesão crônica original, com ou sem radiolucidez
difusa associada

148
APOSTILA ENDODONTIA

Classificação Quanto A Localização Da Coleção Purulenta

FASE INICIAL - ÁPICE RADICULAR

Restrito ao espaço anatômico apical


Aumento gradativo do exsudato purulento: compressão dos tecidos da região
Percussão e palpação: exarceba a dor
Extrusão e mobilidade dentária
Ausência de edema
Radiografia normal

FASE EM EVOLUÇÃO – REGIÃO SUBPERIÓSTEA

Aumento da coleção purulenta no ápice radicular e disseminação para os espaços medulares do


osso alveolar – pus na cortical óssea
Edema intra e/ou extracelular difuso, sem ponto de flutuação
Febre e prostração
Exacerbação da dor pela palpação e percussão

FASE EVOLUÍDA – REGIÃO SUPRAPERIOSTEAL (REGIÃO SUBMUCOSA)

Exsudato purulento rompe o periósteo e o pus invade o espaço submucoso


Edema intra e/ou extraoral com ponto de flutuação
Febre e prostração
Drenagem cirúrgica (cutânea ou mucosa)
Dreno para manter aberta a via de drenagem
Pode haver destruição óssea perirradicular

Tumefação associada a abscesso perirradicular agudo.

A. Intraoral, neste caso específico, localizada no palato e associada a abscesso no incisivo lateral superior.
B. Extraoral.

149
APOSTILA ENDODONTIA

Não responde bem ao uso de analgésicos


Sinais e Dor espontânea, pulsátil, lancinante e localizada
Sintomas Pode ou não apresentar evidências de envolvimento sistêmico
Tumefação intra e/ou extraoral pode estar presente
Radiograficamente, espessamento do ELP apical:
Resultado do edema que causa uma ligeira extrusão do dente do
alvéolo
Inspeção Extensão direta da necrose e da infecção pulpar: agudização de um
granuloma ou cisto: observa-se a presença de destruição óssea
perirradicular (área radiolúcida)
Mobilidade dentária e ligeira extrusão dentária
Frio e calor: negativo
Em raras ocasiões, os testes de calor e elétrico podem oferecer falsos
resultados, em virtude da presença de líquido no canal oriundo da
Testes pulpares necrose por liquefação
Os testes de frio e de cavidade são os mais seguros
Perirradiculares (percussão e palpação): positivo
Deve ser realizado com extrema cautela, pois a sensibilidade pode
ser exagerada
Drenagem da coleção purulenta com eliminação do agente agressor
A drenagem é feita via canal radicular e/ou incisão da mucosa
Tratamento: O canal deve ser limpo e desinfetado, preferencialmente na consulta de
emergência
Medicação intracanal
Tratamento endodôntico

150
APOSTILA ENDODONTIA

Vias De Disseminação E Drenagem Do Abscesso

O abscesso irá se disseminar por áreas de menor resistência e a proximidade do ápice com a cortical óssea
também irá ditar se a tumefação será por vestibular ou lingual/palatina.

DENTES INFERIORES, CORTICAL VESTIBULAR avançar para os espaços faríngeo e


cervical, resultando em obstrução das vias
A via de disseminação poderá ser o fundo do
aéreas e em risco à vida
vestíbulo mandibular, se o ápice do dente
Os segundos e terceiros molares inferiores
envolvido estiver localizado acima da inserção do
também podem drenar para o espaço
músculo bucinador (dentes posteriores) ou
pterigomandibular. Infecções resultantes
mentoniano (dentes anteriores)
da anestesia troncular do nervo alveolar
DENTE ANTERIOR INFERIOR, CORTICAL inferior também podem atingir esse
VESTIBULAR espaço.

A via de disseminação poderá ser o espaço DENTES POSTERIORES SUPERIORES, CORTICAL


mentoniano, se o ápice do dente envolvido estiver VESTIBULAR
localizado abaixo da inserção do músculo
A via de disseminação poderá ser o fundo de
mentoniano
vestíbulo, se o ápice do dente envolvido estiver
DENTE ANTERIOR INFERIOR, CORTICAL LINGUAL localizado abaixo da inserção do músculo
bucinador
A via de disseminação poderá ser o espaço
submentoniano, se o ápice do dente envolvido DENTES SUPERIORES, CORTICAL PALATINA
estiver localizado abaixo da inserção do músculo
A via de disseminação poderá ser o palato. Os
milo-hióideo
dentes comumente envolvidos são o incisivo
DENTES INFERIORES, CORTICAL LINGUAL lateral superior, o primeiro pré-molar superior e
os molares superiores (raiz palatina).
A via de disseminação poderá ser o espaço
sublingual, se o ápice do dente envolvido estiver INCISIVO CENTRAL SUPERIOR, CORTICAL
localizado acima da inserção do músculo milo- VESTIBULAR
hióideo
A via de disseminação poderá ser a base do lábio
DENTES POSTERIORES INFERIORES, CORTICAL superior, se o ápice do dente envolvido estiver
LINGUAL localizado acima da inserção do músculo
orbicular da boca.
A via de disseminação pode ser o espaço
submandibular, se o ápice do dente CANINO E PRIMEIRO MOLAR SUPERIORES,
envolvido estiver localizado abaixo da CORTICAL VESTIBULAR
inserção do músculo milo-hióideo
A via de disseminação poderá ser o espaço
Se os espaços submentoniano, sublingual
infraorbitário ou canino, se o ápice do dente
e submandibular forem envolvidos ao
envolvido estiver localizado acima da inserção do
mesmo tempo, o quadro é denominado
músculo levantador do ângulo da boca
angina de Ludwig, que ainda pode

151
APOSTILA ENDODONTIA

Consiste na inflamação e na destruição do periodonto apical de origem pulpar, e, nesses casos,


não há dor ou ela é muito discreta
Quadro relacionado a dentes portadores de necrose pulpar
A lesão perirradicular assintomática em fase inicial, se não tratada, pode evoluir para a formação
do granuloma, que é caracterizado por reabsorção óssea e substituição do osso reabsorvido por
um tecido mole com inflamação crônica.
No exame radiográfico, manifesta-se a radiolucidez apical.
Resposta inflamatória associada a PAA é eficaz na redução da intensidade da agressão
A resposta cronifica, resultando em um PAC
Se o agente agressor for incialmente de baixa intensidade, a inflamação crônica no ligamento
periodontal pode se estabelecer sem ser precedida por uma resposta inflamatória aguda

Assintomático (episódios prévios de dor)


Presença de cárie profunda ou de restauração extensa associada ou
Sinais e
não a cárie reicidivante
Sintomas
O ELP encontra-se normal ou espessado

Testes pulpares Frio e calor: negativos


Perirradiculares: negativos
Tratamento:
endodôntico convencional com uso de MIC

Patologia perirradicular mais comumente encontrada


A partir do momento que há reabsorção óssea detectada na radiografia
ou na tomografia computadorizada de feixe cônico, e na ausência de
sintomas, uma lesão perirradicular assintomática está estabelecida.
Infiltrado inflamatório crônico com elementos de reparação (tecido
granulomatoso que substitui o osso reabsorvido)
Na periferia (circunscrevendo a lesão): cápsula (fibras colágenas)
No granuloma, após o tratamento endodôntico, o granuloma começa
a reduzir e há formação óssea na área (por isso que é necessário
acompanhar o caso depois)
Detectada radiograficamente: quantidade suficiente de osso é
reabsorvida

152
APOSTILA ENDODONTIA

Usualmente assintomático
Sinais e Sintomas Presença de cárie profunda ou de restauração extensa
O dente pode apresentar escurecimento
Testes pulpares Frio e calor: negativos
Perirradicular: negativo
Principal elemento do diagnóstico
Área radiolúcida associada ao ápice radicular ou
Radiograficamente lateralmente a raiz, bem circunscrita com perda da
integridade da lãmina dura
Cárie e/ou restauração extensa
Conservador

Tratamento:
Não é necessária uma cirurgia perirradicular
(paraendodôntica)

Sempre originado de um granuloma, que se tornou epiteliado


Mantida a causa, que é a infecção situada no interior do sistema de canais radiculares, a
proliferação epitelial assume maiores proporções, gerando lojas no interior das aglomerações de
células epiteliais. Está formado o cisto perirradicular.
Nem todo granuloma necessariamente progride para cisto
Resultado de uma infecção endodôntica de longa duração
Cisto consiste em uma cavidade patológica que contém material fluido ou semissólido, composto
principalmente por células epiteliais degeneradas

Assintomáticos
Encontra associado a uma drenagem intermitente ou
Sinais e
contínua (fístula intra ou extraoral)
Sintomas
Presença de cárie profunda ou de restauração extensa

153
APOSTILA ENDODONTIA

Testes pulpares Frio e calor: negativo


Perirradicular: negativo

Tratamento: Endodôntico convencional

Cirurgia perirradicular

Acompanhar o paciente para ver se o granuloma reduz, se não reduzir quer dizer que virou um
cisto e aí é necessária a cirurgia perirradicular para remover a lesão

Resulta do egresso gradual de irritantes do canal radicular para os


tecidos perirradiculares, com consequente formação de exsudato purulento
no interior de um granuloma/cisto.
Também pode se originar da cronificação do abscesso perirradicular
agudo.
Sua característica clínica principal é a presença de fístula.
O conteúdo purulento não fica confinado, sendo eliminado pela via de
menor resistência
Pode se originar da cronificação do APA

Dor intensa, espontânea e localizada


Sinais e Extrema sensibilidade ao toque do dente
Sintomas Sensação de dente crescido
Mastigação usualmente provoca ou exacerba a dor
Achados radiográficos:
Área de destruição óssea perirradicular
Inspeção
Os limites da área radiolúcida podem não ser bem definidos
Cáries e/ou restaurações profundas

Frio e calor: negativo


Testes pulpares
Perirradicular: positivo ou negativo (depende da extensão da resposta
inflamatória)

Tratamento:
Endodôntico convencional

154
APOSTILA ENDODONTIA

A. Fístula intraoral.
B. Fístula extraoral. Um cone de guta-percha foi introduzido na fístula para seguir seu trajeto e indicar
o dente responsável (fistulografia).

Fístula ativa ou não, usualmente localizada ao nível da mucosa alveolar


Fistulografia (rastreamento radiográfico de fístulas)
Quando o paciente apresenta uma fístula cuja origem precise ser esclarecida, pode-se introduzir
um cone de guta-percha delicadamente através do trajeto fistuloso, desde sua saída (parúlide) até
o ponto em que encontre resistência
Uma radiografia será então realizada, e o dente responsável, detectado, identificando-se também
a sua causa.

Mudanças da microbiota
Queda da resistência do hospedeiro
Invasão bacteriana na região periapical
Diagnóstico diferencial: presença radiograficamente de lesão periapical
Abscesso fênix

155
APOSTILA ENDODONTIA

REABSORÇÃO Dentária
\o\oo\\\o\\\\\\o\\\o\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\
\\\o\oo\\o\\\\\\\\\oo\oo\oooo\\\o\o\\\\\\\\\\\\
Definida como um evento fisiológico ou patológico decorrente, principalmente, da ação de células clásticas
ativadas, sendo caracterizada pela perda progressiva ou transitória de cemento ou cemento e dentina.

Os tecidos mineralizados do dente não são normalmente reabsorvidos, enquanto o osso é


continuamente remodelado.
Fenômeno estritamente local e podem ser induzidas por fatores traumáticos e/ou infecciosos.
Os tipos de traumatismos mais envolvidos são:
o Luxação lateral
o Intrusão
o Avulsão seguida de reimplante
o Fratura radicular
o Fratura coronária (com lesão de luxação).
A necrose pulpar associada a lesões perirradiculares, assim como os movimentos ortodônticos
intempestivos, dentes impactados, traumatismo oclusal ou tecido patológico (cistos ou neoplasias),
também são relacionados como fatores etiológicos das reabsorções dentárias.
Quando um traumatismo dentário ocasiona ruptura do feixe vasculonervoso apical de um
elemento dentário, a polpa entra em necrose e as bactérias presentes na saliva ou no sulco gengival

156
APOSTILA ENDODONTIA

poderão invadir e colonizar a cavidade pulpar através de túbulos dentinários que possam estar
expostos à cavidade bucal ou ao sulco gengival
O traumatismo poderá acarretar o aparecimento de micro e macrofissuras de esmalte, que
também funcionam como vias para a invasão bacteriana
Além da injúria traumática que representa o fator desencadeante, a infecção pulpar que representa
o fator de manutenção poderá perpetuar a reabsorção dentária de natureza inflamatória.
A reabsorção de um dente permanente poderá ser decorrente de traumatismo dentário; de um
processo inflamatório crônico do tecido pulpar e/ou periodontal; ou, ainda, ser induzida por meio
da pressão exercida pela movimentação ortodôntica dentária, neoplasias ou devido à erupção
dentária.

Na patologia das reabsorções dentárias, normalmente há envolvimento pulpar, periodontal ou pulpo-


periodontal.

Osteoclastos

o Essa célula participa do processo de remodelação óssea, por reabsorver osso


o A diferenciação anormal ou redução no número de osteoclastos pode resultar em osteosclerose
o O excesso de atividade osteoclástica incluem osteoporose, artrite reumatóide, mieloma múltiplo,
metástase de câncer, doenças periodontais e lesões perirradiculares.

As atividades osteoblástica e osteoclástica são processos fisiológicos normais do tecido ósseo, o


qual sofre reabsorção e aposição, como parte de um processo contínuo de remodelação.
Os tecidos mineralizados dos dentes permanentes não sofrem remodelação e, portanto, não são
normalmente reabsorvidos.
Eles são protegidos, na superfície radicular, pelo pré-cemento (cementoide) e por cementoblastos
e, na cavidade pulpar, pela pré-dentina e por odontoblastos
A perda da integridade da camada de odontoblastos e cementoblastos que reveste a pré-dentina
e o pré-cemento, respectivamente, causada mecânica ou quimicamente, permite o acesso de
células clásticas ao tecido mineralizado e predispõe à reabsorção.

Cemento

Tecido semelhante ao osso; Apenas o terço apical da raiz dental é


Mais resistente ao processo reabsortivo recoberto por cemento celular, onde estão

157
APOSTILA ENDODONTIA

situados os cementócitos, enquanto o o Cementoblastos formam uma


camada que reveste a superfície
restante da raiz é recoberta por cemento
radicular e podem também exercer
acelular. papel protetor por não responderem a
Entre a camada de cemento periférica e a estímulos reabsortivos como o fazem
dentina radicular, encontra-se uma as células que revestem o osso.
o Ausência de vascularização do
camada de cemento intermediária que cemento.
parece ser mais hipercalcificada que a Osteoclasto para a célula capaz de
dentina adjacente e o cemento periférico. reabsorver osso e odontoclasto para a que
As possíveis razões para o cemento ser reabsorve o dente.
significativamente menos afetado por O osteoclasto pode existir em dois
reabsorção do que o osso incluem: diferentes status funcionais – o móvel e o
o Presença de pré-cemento.
reabsortivo
o Restos epiteliais de malassez podem,
de alguma forma, proteger o cemento
contra reabsorção.

Em função da superfície dentária afetada em:

Reabsorções externas: quando se iniciam na superfície radicular externa;


Reabsorções internas: quando se iniciam nas paredes da cavidade pulpar
Reabsorções internas – externas (perfurantes): quando o processo reabsortivo se estabelece nas
superfícies radiculares externas e internas, ocorrendo a comunicação entre as áreas de reabsorção.
o Nesses casos, geralmente, não é possível identificar em que superfície dentária iniciou-se o
processo de reabsorção.

Pode iniciar-se em qualquer ponto da superfície radicular nos


dentes erupcionados completamente.
No exame radiográfico; fica mantido o contorno da cavidade
pulpar, havendo superposição do canal radicular sobre a área irregular
da reabsorção externa
Os tecidos mineralizados dos dentes permanentes não são
normalmente reabsorvidos
A superfície radicular é protegida pelo pré-cemento ou
cementoide e pela camada de cementoblastos.
As camadas de cementoblastos e pré-cemento são sensíveis a
pequenas agressões físicas, químicas ou biológicas que poderão
danificá-las, removendo-as ou acelerando a mineralização do pré-
cemento.
Estes eventos expõem áreas de cemento que serão colonizadas por células clásticas, dando início
à reabsorção dentária externa.
A agressão responsável pela lesão dos cementoblastos e do pré-cemento também induz, na região,
um processo inflamatório, propiciando um acúmulo maior de mediadores locais da reabsorção.

158
APOSTILA ENDODONTIA

Observada nos reimplantes, transplantes e luxações


Qualquer traumatismo dentário capaz de provocar um dano irreversível ao ligamento periodontal
e/ou à superfície radicular pode desencadear uma reabsorção substitutiva
Também denominada reabsorção por substituição

A luxação intrusiva e a avulsão dentária, pela extensão do dano ao ligamento periodontal, são os
traumatismos responsáveis pelo maior número de reabsorções substitutivas.
Na ausência do ligamento periodontal, ou de parte dele, assim como do fator ou fatores
antirreabsortivos, o tecido ósseo fica intimamente justaposto à superfície radicular, estabelecendo
uma anquilose dentoalveolar.
o Essa união direta entre o osso e a raiz favorece a atração e ligação de células clásticas à
superfície radicular.
o Devido ao ciclo normal de remodelação óssea, o dente anquilosado se converte em parte
integrante deste sistema; assim, a raiz é substituída gradualmente por osso

É dependente da destruição do ligamento periodontal.


A polpa não está envolvida no processo
Em caso de grandes injúrias do ligamento periodontal (mais de 20% da superfície radicular), o
número de células vitais remanescentes do ligamento periodontal é muito pequeno ou mesmo
inexistente, permitindo que as células osteogênicas se movam da parede do alvéolo e colonizem a
superfície radicular danificada.
Consequentemente, há formação de tecido ósseo em contato direto com a raiz dentária.
o Esse fenômeno é denominado anquilose dentoalveolar.

A substituição progressiva dos tecidos dentários pelo osso é denominada reabsorção substitutiva.
A anquilose dentoalveolar e a reabsorção substitutiva não podem ser revertidas porque o tecido
ósseo reabsorve e remodela durante toda a vida.

Clinicamente:

É assintomática.
O dente anquilosado mostra-se imóvel (sem mobilidade fisiológica) e, frequentemente, em
suboclusão/infraoclusão
Permanece estável no arco, até uma pequena porção remanescente de raiz
O som à percussão é metálico (alto), claramente diferente dos dentes adjacentes. Pode revelar a
anquilose, mesmo antes da radiografia.

Radiograficamente

Desaparecimento do espaço pericementário


Substituição contínua da raiz por osso, a qual se origina no segmento apical
As margens da reabsorção são irregulares.

159
APOSTILA ENDODONTIA

O traumatismo, além do dano à


estrutura periodontal, pode afetar o
suprimento neurovascular apical para a
polpa dentária
Pode ocorrer obliteração da
cavidade pulpar ou necrose pulpar
Nos dentes com necrose, pode
ocorrer um processo infeccioso com
superposição de uma reabsorção dentária
externa substitutiva, a qual, conforme vai
progredindo, se encontra com zonas de
tecido pulpar necrosado e infectado.
O tratamento endodôntico geralmente consegue conter o processo infeccioso, mas não a
reabsorção externa substitutiva.
O tratamento ortodôntico é contraindicado em dentes anquilosados ou com reabsorções
substitutivas.

Ou de superfície
É uma reabsorção externa que paralisa sem qualquer intervenção
É autolimitante e prontamente reparada
Pode se estabelecer em qualquer ponto situado ao longo da raiz dentária.

A reabsorção é paralisada porque:


o A área danificada da raiz e o processo inflamatório instalado não têm magnitude suficiente para
manter e dar continuidade à reabsorção
o Um fator inibidor da reabsorção presente na dentina é maior do que o estímulo recebido pelas
células clásticas oriundo de pequenas agressões ao complexo protetor da raiz
o A polpa não está envolvida.

Etiologia: lesões traumáticas de baixa intensidade localizadas nos tecidos de sustentação do dente,
como a concussão e a subluxação.
Raramente são observadas no exame radiográfico
São autolimitantes e reparam-se espontaneamente, por meio de neoformação cementária, com
restabelecimento do contorno original da raiz.
Ao exame clínico: o dente apresenta-se com características de normalidade e nenhum tratamento está
indicado, em função de a reparação ocorrer espontaneamente.

Pode ser provocada por tratamento ortodôntico, dentes impactados, erupções dentárias, cistos,
neoplasias e traumatismo oclusal
Cessa, desde que removida a causa, estando a polpa dentária hígida
160
APOSTILA ENDODONTIA

Contudo, em determinadas circunstâncias, nas quais a remoção cirúrgica da causa possa


comprometer a integridade do feixe vasculonervoso pulpar, o tratamento endodôntico se faz
necessário.
Quando o tratamento ortodôntico é a causa e o estímulo para a reabsorção, ela cessará após a
remoção da força.
Nos casos de dentes vitais em que não há paralisação, a reabsorção pode estar associada à
patologia pulpar (inflamação pulpar).
o Nestes casos, a terapia endodôntica é indicada na tentativa de cessar a reabsorção.
A reabsorção está localizada com mais frequência na região apical dos dentes do que nas paredes
laterais.

Progride continuamente
Sua paralisação exige a intervenção do profissional que retira ou elimina o fator de manutenção
presente no interior do canal radicular
Podem ser classificadas em:
o Reabsorção dentária externa apical
o Reabsorção dentária externa do segmento médio
o Reabsorção dentária externa cervical.

Reabsorção Dentária Externa Apical

É uma reabsorção dentária progressiva localizada no ápice radicular e ocorre em dentes portadores
de necrose pulpar e lesão perirradicular crônica.
O processo é progressivo, provocando desde pequenas perdas de substâncias, imperceptíveis ao
exame radiográfico, até grandes destruições que podem comprometer o sucesso do tratamento
endodôntico
A. Região apical normal.
B. Aspecto histológico da reabsorção.
C. Aspecto radiográfico.

Reabsorção dentária externa apical presente em dente com


tratamento endodôntico.

Polpa necrosada e infectada constitui-se no principal fator


etiológico.
As bactérias no interior do sistema de canais radiculares
promovem uma inflamação crônica nos tecidos perirradiculares
que induzem a liberação de mediadores químicos, como
interleucinas, prostaglandinas e TNF que podem estimular ou
ativar as células clásticas que promovem a reabsorção óssea e
dentária apical.

161
APOSTILA ENDODONTIA

A sobreinstrumentação pode desencadear a reabsorção inflamatória apical.


o Porém, a continuidade da reabsorção está ligada à presença de um estímulo de manutenção,
epresentado por uma lesão perirradicular crônica.

Clinicamente:

É assintomática.
Sintomas que podem levar a seu diagnóstico estão associados à inflamação perirradicular.

Radiograficamente

Observam-se áreas radiotransparentes no ápice radicular e no osso adjacente.


Geralmente, há um encurtamento da raiz, representado por um plano perpendicular ao eixo
radicular.
A reabsorção, na maioria das vezes, é irregular, podendo ser mais acentuada em uma das faces da
raiz, adquirindo o aspecto denominado bico de flauta.
Outras vezes, além do encurtamento da raiz, a reabsorção adentra o canal em sentido coronário.
O tratamento deve ser direcionado ao combate da infecção endodôntica.
A instrumentação deve ser realizada em toda a extensão do canal remanescente buscando-se, com
os instrumentos mais calibrosos, criar um batente ligeiramente aquém da margem mais reabsorvida.

A. Encurtamento da raiz.
B. Reabsorção adentra o
canal.
C. Manutenção do lúmen
do canal.
D. Bico de flauta.

Reabsorção Dentária Externa Lateral

Progressiva
Estabelecida nos segmentos médio e/ou apical da superfície radicular
A face externa da raiz é, normalmente, bem protegida pelo ligamento periodontal e pelo cemento.
o Se o ligamento periodontal for perdido, ocorrerá anquilose.
Injúrias traumáticas de baixa intensidade, como oclusão traumática, concussão e subluxação,
geralmente não causam necrose pulpar.
Após o dano mecânico na superfície da raiz, o tecido lesado será eliminado pela resposta inflamatória
local e ocorrerá a reparação com novo cemento e ligamento periodontal, devido à ausência de
estímulos para a continuação da resposta inflamatória (reabsorção dentária externa lateral
transitória).

162
APOSTILA ENDODONTIA

Injúrias mais graves, como luxações ou avulsões (causam a ruptura dos vasos
sanguíneos do forame apical e necrose pulpar isquêmica)

Bactérias então alcançarão o canal radicular, através de


microrrachaduras do esmalte-dentina ou de túbulos dentinários
expostos, estabelecendo-se, em 2 a 3 semanas, um processo
infeccioso endodôntico.

A reabsorção dentária externa localizada na superfície radicular, vencendo


a barreira estabelecida pelo cemento, deixará expostos túbulos dentinários
adjacentes. Bactérias presentes no canal podem atravessar os túbulos e
alcançar os tecidos periodontais laterais e provocar uma resposta
inflamatória (RDELProgressiva)

No exame clínico pode demonstrar uma flutuação, ou até mesmo uma fístula.
Também está presente em dentes cujos canais foram tratados de maneira deficiente

Resposta inflamatória no periodonto = tecido de granulação


Ao lado dessa área, a superfície radicular sofre uma reabsorção intensa,

Radiograficamente:

Perda contínua de tecido denta


Associada a zonas radiolúcidas persistentes e progressivas no osso
adjacente
Podem estar localizadas nas faces laterais (mesial e distal) ou vestibular
ou palatina da raiz dentária.
Quando localizadas nas faces vestibular ou lingual, as lesões
(reabsorções) movem-se com as variações de angulagem horizontal
radiográfica.
Devido à falta de comunicação com a cavidade pulpar, é possível distinguir claramente o contorno
do canal radicular, por meio da área radiolúcida de reabsorção.
o Essas características diferenciam as reabsorções externas das internas.

Normalmente, a reabsorção não atinge o lúmen do canal – reabsorção externa não perfurante.
Às vezes, o processo pode penetrar no canal radicular ou, durante a instrumentação, ocorrer a
comunicação – reabsorção externa perfurante

Não Perfurantes

Realiza-se o tratamento endodôntico em dentes com necrose ou o retratamento endodôntico,


dando ênfase ao combate da infecção endodôntica
A instrumentação deve ser realizada, visando à limpeza e à modelagem do canal radicular.
163
APOSTILA ENDODONTIA

Solução de hipoclorito de sódio a 2,5% é usada como substância coadjuvante do preparo.


A smear layer deve ser removida e uma medicação intracanal, usada.
Medicamento intracanal: pasta HPG com contrastante (iodofórmio ou óxido de zinco).
o Damos preferência ao uso desta pasta, em função de ela, ao preencher o canal radicular, revelar,
radiograficamente, a presença ou não de possível comunicação com a área de reabsorção.
A seguir, realiza-se o selamento coronário.
renovamos a pasta de hidróxido de cálcio 7 dias após a sua colocação inicial.
Persistindo a tumefação, renovamos o PQM e o medicamento, a cada 7 dias.
Não havendo sintomas clínicos, retiramos a pasta e obturamos o canal radicular.

Reabsorção dentária externa lateral não perfurante.


Sequência radiográfica.

A. Inicial.
B. Após preparo e colocação da pasta HPG com agente
contrastante.
C. Após obturação, controle de 2 anos.

Perfurantes (Interna – Externa)

uso de um medicamento intracanal é imprescindível, tendo como objetivo eliminar bactérias,


preencher todo o canal e a região da perfuração (reabsorção).
pasta HPG com contrastante.
Após o uso da pasta HPG, com finalidade antimicrobiana, podemos obturar o canal e a área
reabsorvida definitivamente.
devemos usar material obturador contendo hidróxido de cálcio.
O canal deve ser obturado pela técnica de compactação lateral.
O material obturador deve preencher o canal radicular e a área reabsorvida

Reabsorção dentária externa lateral perfurante.

Sequência radiográfica.

A. Inicial.

B. Obturação convencional do segmento apical do canal.


Preenchimento da área de reabsorção com pasta de
hidróxido de cácio com veículo oleoso. Controle de 2 anos.

164
APOSTILA ENDODONTIA

Reabsorção Dentária Externa Cervical Invasiva

É progressiva
Localização: no segmento coronário da raiz, no sentido coroa-
ápice, além do epitélio juncional do dente.
Outros nomes: reabsorção inflamatória subepitelial da raiz ou
reabsorção cervical
Resulta de uma reação inflamatória do ligamento periodontal
advinda de estímulo microbiano oriundo do sulco gengival ou mesmo
do canal radicular.
Pode ocorrer:
o Mais apicalmente na superfície radicular.
o Em dentes reimplantados e anquilosados, em infraoclusão, ou
dentes luxados.
o Dentes com polpa viva ou dentes tratados endodonticamente.

Bactérias do sulco gengival que estimulam e mantêm a resposta inflamatória no periodonto


(através dos túbulos dentinários), no nível da união da raiz.
Na área inflamada e infectada, há produção e liberação de mediadores químicos da reabsorção
que ativarão as células clásticas a reabsorverem a dentina e o osso.
o Produtos bacterianos também contribuem para a progressão da reabsorção.
É assintomática e, geralmente, detectada por meio do exame radiográfico.
Os dentes unirradiculares são, geralmente, os afetados, e o processo tende a ser lento.
A polpa não está envolvida e os testes de sensibilidade estarão dentro de limites normais.
Em estados avançados, o tecido de granulação pode ser observado solapando o esmalte da coroa
dentária, dando-lhe uma aparência rosada.
o Esta mancha rósea é oriunda do ligamento periodontal, e não da polpa dentária.
o Nestas condições, geralmente o esmalte é fraturado, promovendo a comunicação da reabsorção
com o sulco gengival

A mancha rósea tem sido tradicionalmente descrita como um sinal patognomônico da reabsorção
radicular interna, localizada na região coronária e oriunda da polpa dentária. Em consequência,
muitos casos de reabsorção cervical são mal diagnosticados e tratados como reabsorção radicular
interna.

165
APOSTILA ENDODONTIA

Radiograficamente:

Quando localizada nas faces proximais da superfície radicular, é caracterizada por uma área
radiolúcida no interior da raiz, que se expande na dentina em sentidos coronário e apical.
a sondagem revela paredes duras e resistentes.
A reabsorção óssea sempre acompanha a reabsorção cervical, com imagens que se confundem
com bolsas infraósseas de origem periodontal.
Quando vestibular ou lingual, a imagem radiográfica depende da extensão da área reabsorvida.
o Inicialmente, uma radiolucidez próxima à margem cervical será observada.
o Com o progresso da reabsorção sobre a dentina, a área radiolúcida pode estender-se em sentidos
apical e coronário.
o Devido à falta de comunicação com a cavidade pulpar, é possível distinguir o contorno do canal,
identificado por linhas radiopacas através da área radiotransparente da reabsorção cervical.

Pode se apresentar clínica e radiograficamente na superfície radicular como uma cratera ampla
ou como uma pequena abertura
Dependendo da extensão e do local da reabsorção, a osteotomia poderá ser indicada.
O tratamento endodôntico poderá ou não ser indicado, em função da quantidade de dentina que
separa o assoalho da área reabsorvida do lúmen do canal radicular.

Reabsorção Cervical Invasiva

Quando as células reabsortivas penetram Radiograficamente, não apresenta um


na dentina e causam reabsorção dela padrão ou modelo definido que possa
entre o cemento e pré-dentina. caracterizá-la; entretanto, revela uma área
A polpa se mantém vital. radiolúcida irregular, geralmente
Esse processo espalha-se ao redor do superposta ao canal radicular, que
canal radicular depositando tecido duro conserva a sua forma original.
de aparência osteíde. A lesão move-se com as variações de
angulagem horizontal radiográfica.

166
APOSTILA ENDODONTIA

Reabsorção dentária externa cervical


invasiva. Abertura ampla na superfície
radicular.

Retratamento endodôntico e
tratamento cirúrgico da reabsorção.

O acesso à área de reabsorção será via canal radicular e não cirúrgico, por via externa.

Pode iniciar-se em qualquer ponto da superfície da cavidade pulpar.


Podem ser transitórias ou progressivas.

transitórias

Envolvem apenas a perda de odontoblastos e pré-dentina


São autolimitantes e reparadas por novo tecido duro que pode preencher a lacuna de reabsorção.

Progressivas

continuam além do local em que a dentina foi exposta após a perda dos odontoblastos e pré-
dentina.
Quanto ao mecanismo do processo reabsortivo, são classificadas em inflamatória e substitutiva.

Se caracteriza pela reabsorção da face interna da cavidade pulpar, por células clásticas adjacentes
ao tecido de granulação da polpa.
Resulta de uma inflamação crônica pulpar
Fatores Etiológicos: traumatismo e a infecção
O traumatismo e o superaquecimento do dente, por preparo cavitário, podem danificar os
odontoblastos e pré-dentina, fazendo com que a reabsorção se instale além do tecido de
granulação.

Histologicamente

A polpa coronária apresenta uma zona com tecido pulpar necrosado e infectado e esse é o fator
de manutenção do processo de reabsorção.
para a reabsorção interna progredir, os túbulos dentinários contaminados devem promover a
comunicação da área necrosada com a área do canal com tecido vital.
Nos casos em que não há uma área de necrose pulpar, a reabsorção interna é dita transitória.
167
APOSTILA ENDODONTIA

Clinicamente:

Assintomática
diagnosticada durante exame radiográfico de rotina
A dor pode estar presente, se a perfuração da coroa ocorrer (mancha rósea) e o tecido metaplásico
ficar exposto ao meio oral.
Parte da polpa coronária apresenta-se, frequentemente, necrótica, enquanto o segmento pulpar
remanescente permanece com vitalidade, podendo, assim, responder ao teste de sensibilidade
pulpar.

Localização

Pode ocorrer em qualquer região da cavidade pulpar que apresente polpa viva.
Se ocorrer na coroa, a rede vascular do tecido de granulação pode ser vista através do esmalte
como um ponto róseo (mancha rósea)

Radiograficamente

apresenta-se como uma área radiolúcida


caracterizada por um aumento uniforme, de aspecto ovalado, do canal radicular.

Reabsorção dentária
interna inflamatória.

Não perfurante.

A. Molar inferior.
B. Incisivo central
superior.
C. Canino inferior.
D. Incisivo central
superior.
E. Incisivo central
superior.

168
APOSTILA ENDODONTIA

São Divididas Em Não Perfurantes E Perfurantes (Interna−Externa)

Reabsorção dentária interna inflamatória.

A. Não perfurante.

B. Perfurante.

Não Perfurantes

O tratamento endodôntico deve ser


realizado prontamente, com o intuito de paralisar
o processo.
Este cessa quando remove a polpa, tendo
em vista a interrupção da circulação sanguínea
que nutre as células clásticas.

Perfurantes

O tratamento pode ser não cirúrgico e cirúrgico.


O tratamento não cirúrgico é semelhante ao empregado na reabsorção dentária externa
perfurante
O cirúrgico depende do tamanho e da localização da reabsorção. É realizado após o tratamento
do canal radicular.
Quando localizada na região cervical: Os procedimentos cirúrgicos empregados são semelhantes
aos de reabsorção cervical.
o Dependendo da extensão e da localização da reabsorção interna perfurante, a exodontia deve
ser indicada.
Quando localizada no terço apical, é indicada a remoção apical.
Em outros segmentos da raiz, quando acessível, procede-se ao fechamento do defeito, com
materiais indicados para as obturações retrógradas.

Radiograficamente

Aumento irregular da cavidade pulpar


O contorno pulpar não é mantido, não havendo a superposição da cavidade pulpar sobre a área
de reabsorção.
Revela ausência da linha radiopaca de demarcação entre o canal radicular e a imagem da
reabsorção na dentina.

Histologicamente

Há metaplasia do tecido pulpar normal por tecido ósseo medular.


A reconstituição contínua do tecido ósseo, a expensas da dentina, é responsável pelo aumento
gradual da cavidade pulpar.
169
APOSTILA ENDODONTIA

Etiologia:

Traumatismo, geralmente, de baixa intensidade.


Localiza-se na coroa dentária e nos segmentos radiculares cervical e médio.
Dependendo da localização e da possibilidade de acesso à área de reabsorção, o tratamento
endodôntico pode ser instituído, com intuito de paralisar o processo.

Primeiro material biocerâmico: MTA


Podem ser utilizados em:
1. Cirurgias apicais
2. Capeamento pulpar
3. Procedimentos regenerativos
4. Reparos de defeitos causados por perfurações acidentais
5. Reabsorções dentárias

Ocorre o contato direto entre o biomaterial e os tecidos vivos, e dessa forma, a bioatividade é uma
propriedade essencial para a mineralização e o reparo tecidual
Promove a biomineralização
A substituição dos agentes radiopacificadores permitiu o uso para dentes anteriores, uma vez que
não provocam o manchamento na estrutura dental
BIO-C Repair, um cimento reparador biocerâmico pronto para uso (putty
o Dentre as suas principais características, o fabricante destaca a indução da regeneração tecidual,
a ação antibacteriana pelo elevado pH, a inibição da infiltração bacteriana pela expansão de presa
e a adesão química à dentina.

170
APOSTILA ENDODONTIA

Terapêutica Em Endodontia
Procedimentos preventivos não invasivos a procedimentos operatórios/cirúrgicos
Tratamento Endodôntico
o Procedimento doloroso
Endodontia moderna: prevenção e tratamento assintomático
Tratamento pautado em evidências clínicas
A medicação sistêmica coadjuvante ajuda nesse processo
Diagnóstico: entender a causa do problema para depender menos de medicamentos
É preciso avaliar:
o Perfil do paciente
o Prognóstico
o Manifestações sistêmicas
o Alteração Pulpar
o Dor Pulpar
o Alteração Perirradicular
o Dor Periapical
Não subestime a anamnese e exame físico
Nem sempre a queixa do paciente é o problema principal

Diagnóstico Possíveis:

1. Polpa normal
2. Pulpite reversível (tratamento mais conservador)
3. Pulpite irreversível assintomática
4. Pulpite irreversível sintomática
5. Necrose pulpar
6. Tecidos apicais normais
7. Periodontite apical aguda
8. Periodontite apical crônica
9. Abscesso perirradicular agudo
10. Abscesso perirradicular crônico (característica importante: trato fistuloso)

Os tipos marcados em amarelo são os casos em que o paciente apresentará dor


Os demais casos necessitam apenas de procedimento local
Tudo o que for crônico: o paciente não sente dor
Quando temos alteração nos tecidos apicais, quer dizer que a infecção extravasou o forame e está
causando inflamação

Casos em que o paciente ainda pode sentir dor:

171
APOSTILA ENDODONTIA

Paciente estava sem dor e passa a sentir dor


Caso crônico que agudiza
Causas:
Microrganismos e seus produtos
o Extrusão apical
o Aumento do potencial de oxirredução
o Introdução de novos microrganismos
Iatrogenias
o Sobreinstrumentação
o Instrumentação incompleta
o Extravasamento de substância irrigadora
o Perfurações
Emergência verdadeira que se desenvolve entre as sessões do tratamento – dor ou tumefação
A dor é devido a uma agressão
Ocorre entre as sessões, antes do PQM
Deve-se irrigar e realizar um PQM mais efetivo, colocar medicação intracanal e prescrever
medicamentos

É relativamente normal
Ligeiro desconforto previsível
Espontaneamente nos primeiros dias (24h)
Pacientes livres de sintomas até 6 dias
Se houver expectativa de dor pós-operatória, pode-se prescrever um analgésico para o paciente
Se a dor for aguda e persistente:
o Em caso de obturação adequada: prescrever analgésicos
o Em caso de sobreobturação: aguardar 7 dias
o Em caso de obturação inadequada: retratamento

Paciente já chega com dor


Maior probabilidade de dor durante e após procedimento endodôntico.

Quais os medicamentos indicados nesses casos e como prescrever?

Arsenal terapêutico útil que permite o desenvolvimento do atendimento de modo racional e com maior
margem de segurança.

Devemos prescrever o medicamento certo, na dose certa e na hora certa.

O manejo eficaz do paciente com dor endodôntica envolve 3 etapas:


Diagnóstico
Tratamento dentário adequado
Medicamentos (analgésicos ou anti-inflamatórios)
o O uso de analgésicos com anti-inflamatórios dependerá da expectativa de dor e da intensidade
da dor

172
APOSTILA ENDODONTIA

Princípios gerais do tratamento da dor:

Identificar:

Origem
Intensidade (aguda ou crônica)
Iniciar com o menos potente (porém eficaz)
O ideal é não utilizar, mas se for o caso, utilizar com cautela
Monitorizar efeitos adversos (conhecimento da droga)

Grupo de medicamentos que diminuem ou interrompem as vias de transmissão nervosa, reduzindo


a percepção de dor (nocicepção)
Dor: experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano tecidual potencial ou
real.
Percepção: interpretação complexa da excitação sensorial integrada com emoções (medo,
ansiedade, memória de experiências prévias – subjetiva)
Indicações:
Pulpopatias (pulpite reversível ou irreversível sintomática)
o Periodontite apical aguda
o Abscesso perirradicular agudo
o Agressão a região periapical (ultrapassando o limite CDC ou pelo uso de substâncias irritantes)
o Dor após obturação
o Flare-Up
Consulta adicional: limitação de tempo, inabilidade do operador, dor perirradicular ou problemas
anatômicos

Analgésicos de ação periférica

Agem no local, inibindo a ação dos mediadores pró-inflamatórios que geram o estímulo da dor

Analgésicos de ação central

Atuam diretamente no sistema nervoso central, alterando completamente a percepção da dor pelo
organismo

Classificação

Opioides/Narcóticos e Não Opióides/Não Narcóticos (ação leve ou moderada)

Opióides

Codeína 60 a 80mg/dia
Geralmente se usq associada ao paracetamol (tylex)
Cloridrato de tramadol
Comprimido 50mg (Sylador)
Cápsulas 50mg (Tramal)
Tramal Retard 100mg (utilizado apenas em casos de extrema dor)
A cada 8 horas
173
APOSTILA ENDODONTIA

São prescritos em receituário de controle especial (2 vias)

Utilizados em casos de expectativa de dor muito altas

Não Opióides

Empregador por um período curto: dor aguda de baixa intensidade (prescrever por 24 a 48h, no
máximo 3 dias)

ANADOR
TYLENOL

NOVALGINA ANALGEX

RESFENOL DÔRICO
DIPIRON
PARACETAMOL A

MAGNOPIR
ANALGIN
OL

ACETOFEN SONRIDOR BARALGIN

174
APOSTILA ENDODONTIA

Paracetamol

Analgésico e Antitérmico
Quase não exerce ação anti-inflamatória
Seguro em gestantes e lactantes, crianças e idosos
Hepatotoxicidade (não deve ser prescrito associado a drogas com potencial hepatotóxico –
nimesulida)
Uso com prilocaína (metahemoglobinemia)
Contraindicação: História de alergia ao medicamento ou de alergia aos sulfitos (varfarina sódica)

Comprimidos de 500 e 750mg


Solução (gotas): 100mg/ml ou 200mg/ml
1 gota/Kg (máximo 30kg)
Intervalos de 4 em 4h ou de 6 em 6h (a escolha do intervalo dependerá da expectativa e da
intensidade da dor)
Dose máxima: 4000mg/dia
Não exceder 1000mg na mesma dose

Dipirona

Analgésico e Antitérmico
Quase não exerce ação anti-inflamatória
Uso máximo de 7 dias
Toxicidade a medula óssea: por isso não é recomendado para pacientes imunodeprimidos
Depressor dos nociceptores: indicado para dores já instaladas

Comprimido de 500mg ou 1g
Solução em gotas 500mg/ml
o 1 gota/Kg (máximo 30kg)
Solução endovenosa ou intramuscular: 2ml
Intervalo entre as drogas: 4 em 4h ou 6 em 6h
Diminuição da P.A.

Associações:
Paracetamol + Cafeína: Dorex
o Comprimido (500mg + 25mg)
Paracteamol + Cafeína: Sonridor Caf
o Comprimido (500mg + 65mg)
Paracetamol + Diclofenaco + Carisoprodol + Cafeína: Tandrilax
o Comprimido (300mg + 50mg +35mg)
o É mais forte por conter anti-inflamatório
Dipirona + Cafeíina + Orfenadrina: Dorflex
o Comprimido (300mg + 50mg + 35mg)
o Ação analgésica e relaxante muscular

175
APOSTILA ENDODONTIA

Opções Aanalgésicas não convencionais

São AI de potente ação analgésica


Clonixinato de Lisina (Dolamin): Comprimido 125mg)
Cetorolaco de Tometamina (Toragesic): Comprimido 10mg sublingual)
Maleato de Flupirtina (Katadolon): Cápsula 100mg

Substâncias ou medicamentos que combatem a inflamação nos tecidos


Classificação:
o Esteroidais, Hormonais, Corticosteróides ou Corticóides (agem na fosfolipase A2: início da
cascata da inflamação)
o Não esteroidais ou Não Hormonais (agem na COX: inflamação aguda)

Medicação pré e pós-operatória em intervenções endodônticas, quando houver expectativa de


resposta inflamatória de maior intensidade!
Tratamento da dor já instalada (urgências), como coadjuvantes dos procedimentos de ordem local.
Limitar o uso da droga, pois é usado para dores agudas (prescrito por 2 a 5 dias)
Uso preventivo: quando se tem expectativa de dor
Uso terapêutico: quando o paciente já chega com dor

Indicações:
o Pulpite irreversível
o Abscesso perirradicular agudo
o Periodontite apical aguda
o Agressão a região periapical (ultrapassando o limite CDC ou pelo uso de substâncias irritantes)
o Dor após obturação
o Flare-Up
Consulta adicional: limitação de tempo, inabilidade do operador, dor perirradicular ou problemas
anatômicos

Ibuprofeno

Eleição para crianças, gestantes e idosos 6/6h ou 8/8h


Alivium, Ibufran, Advil Dose máxima: 2400mg
De primeira escolha Dor pós endodôntica: Ibuprofeno +
Comprimidos e drágeas de 600mg Paracetamol 1g (interessante em casos de
Solução oral gotas 100mg/ml flare-up por ser uma dor mais intensa)
1 gota/kg (máximo 30 gotas)

176
APOSTILA ENDODONTIA

Nimesulida Meloxicam

Arflex: 200mg (utilizado uma vez ao dia) Movatec


Maxsulid: 400mg Piroxicam
Hepatotoxicidade Comprimidos 7,5mg/15mg
Scaflam (nome comercial mais conhecido) 24/24h
Comprimidos 100mg
Diclofenaco
Suspensão oral 50mg/ml
12/12h Dor já instalada
De segunda escolha
Cataflam, Voltaren
Comprimido/drágea 50mg
8/8h

Anti-Inflamatórios Não Hormonais ou Não Esteroidais

Derivados do ácido propiônico


Flanax, Naproxin (Naproxeno)
Profenid (cetoprofeno)
Posologia
Naproxeno: 10x mais potente que o Ibuprofeno
o Adulto: 550mg de 8/8h
o Criança: 5 a 7mg/kg de 8/8h
Cetoprofeno:
o Adulto: 50mg de 8/8h (Via oral ou Intramuscular)
o Crianças: 1mg/kg de 8/8h

Corticóides

Pode ser prescrito antes do procedimento: analgesia preemptiva


Dor aguda moderada a severa
Dose única (não produz efeitos adversos clinicamente significativos, diminui a necessidade
exagerada de analgésicos)
Mais seguros para serem empregados em gestantes ou lactantes, hipertensos, diabéticos,
nefropatas e hepatopatas com doença controlada.

Dexametasona (Decadron 4mg)


o Dose única de 8mg (antes do procedimento)
o 1 vez por dia por 3 dias
Betanetasona (Celestone 2mg)
o Dose única de 4mg
o 12/12h por 3 dias (dose de manutenção em casos mais crônicos)
Prednisona (Metilcorten 20mg)
o Dose única
o 8/8h ou 12/12h por 3 dias

177
APOSTILA ENDODONTIA

Antibióticos

Substâncias químicas produzidas por microrganismos vivos, capazes de inibir ou destruir germes
patogênicos
Erros de3 prescrição podem levar a:
Resistência bacteriana
Desquilíbrio da microbiota intestinal
Tornar o paciente Susceptível a reações alérgicas
Infecções fúngicas
Nunca esquecer que a descontaminação local é o principal tratamento associado a infecção
endodôntica (os antibióticos apenas irão auxiliar nas defesas do organismo)

1° Caso De Indicação De Antibiótico Na Endodontia

Abscesso Perirradicular Agudo

Quando houver uma tumefação difusa com envolvimento sistêmico (febre, mal estar, linfadenite
regional ou trismo) ou se não conseguiu tratar naquele mesmo dia
Prescrever uma dose de ataque (dose maior de 2 comprimidos para aumentar os níveis plasmáticos
do antibiótico e nos dias seguintes 1 comprimido a cada 8h, no caso da amoxicilina)
Tumefação localizada e sem envolvimento sistêmico: drenagem via incisão e/ou via canal seguido
pelo PQM completo – NÂO precisa de antibiótico

2° Caso De Indicação De Antibiótico Na Endodontia

Avulsão Dentária

Há indicação porque houve contato com superfície contaminada


Mesmo com a delicada lavagem do dente, há Danos as fibras residuais do ligamento periodontal,
o que aumenta o risco de reabsorção por substituição pós implante
Os antibióticos irão evitar a proliferação de microrganismos e favorecerão o reparo do ligamento
periodontal
Cloridrato de Cloxicilina (de escolha nesses casos de avulsão): inibe a ação dos osteoclastos

3° Caso De Indicação De Antibiótico Na Endodontia

Sintomatologia e Exsudação Persistente

Procedimentos de instrumentação e MIC não estão sendo suficientes


Infecção persistente
Reagudizações

4° Caso De Indicação De Antibiótico Na Endodontia

Infecções Progressivas

Caso evolui muito rápido


Início rápido de inchaço (dentro de 24h)
178
APOSTILA ENDODONTIA

Infecção disseminada

Casos em que não se deve utilizar

Pulpite irreversível sintomática


Periodontite apical aguda
Necrose e lesão periapical
Casos com fístula (seria um abscesso crônico)
Abscesso perirradicular agudo com edema flutuante localizado

Dose de Ataque

Infecção já instalada

Uso profilático em paciente de risco

O procedimento endodôntico gera bacteremia: via de entrada sistêmica (alvéolo)


Pacientes imunodeprimidos
Diabéticos descompensados
Pacientes propensos a desenvolver um quadro de bacteremia
Endocardite bacteriana
Pacientes com próteses ortopédicas
Pacientes recebendo quimioterapia (Se a contagem de leucócitos for inferior a 2500)
Transplantes de medula óssea (Se a contagem de leucócitos for inferior a 2500)

Regime profilático
o Bochechos com antisséptico
o Gluconato de clorexidina a 0,12% imediatamente antes do procedimento para reduzir a incidência
ou a magnitude de bacteremias
Pacientes não alérgicos à penicilina:
o Amoxicilina: 2g e 50mg/kg 1h antes do procedimento
Pacientes alérgicos à penicilina
o Clindamicina: 600mg e 50mg/kg
o Azitromicina ou Claritromicina: 500mg e 15mg/kg 1h antes do procedimento

Opções parenterais

179
APOSTILA ENDODONTIA

Infecção Endodôntica

Não ocorre remissão espontânea


Antibioticoterapia sistêmica não resolve!
Polpa necrosada não tem suprimento sanguíneo (células de defesa e antibióticos não chegam no
local)
Infecção mista
Etiologia polimicrobiana
Infecção inicial:
o Bactérias gram-positivas
o Anaeróbios e anaeróbios facultativos (Streptococcus ssp. Lactobacillus ssp. Actinomyces ssp.)
Infecção em evolução:
o Bactérias gram-negativas (prevotella) – mais resistentes
o Anaeróbias (mais resistentes) facultativos e estritos
É preciso administrar o antibiótico em uma concentração adequada
O medicamento deve sensibilizar o microrganismo
Antibiótico deve ser de amplo espectro
Deve ter máxima toxicidade seletiva
Os efeitos se devem a sua ação específica sobre determinados alvos estruturais ou metabólicos dos
microrganismos
O antibiótico que age na parede celular (amoxicilina) é bactericida – causa a morte da bactéria
o O bom de ser bactericida é porque o combate à infecção vai depender menos do sistema
imunológico do paciente

Antibióticos de interesse em endodontia

CLASSE MEDICAMENTO MECANISMO DE AÇÃO


Penicilinas (P- Penicilinas G E V, Amoxicilina E
Bactericida, inibe a síntese de parede celular
Lactâmico) Ampicilina
Cefalexina, Cefalotina, Cefaclor,
Cefalosporinas (P- Bactericida, inibe a síntese de parede celular
Cefadroxila, Ceftazidima,
Lactâmicos) (reação alégica cruzada às penicilinas)
Ceftriaxona
Bacteriostático (bactericida em alta concentração),
Lincosamidas Clindamicina inibe a síntese protéica por ligação a subunidade
do ribossomo bacteriano
Nitromidazol Metronizadol Bactericida, dano ao DNA
Bactericida, inibe a ação da DNA girasse ou
Quinolonas Ciprofloxacin, Moxifloxacin
topoisomerase
Eritromicina, Azitromicina, Bacteriostático, inibe a síntese protéica por ligação
Macrolídeos
Claritromicina à subunidade 50S do ribossomo bacteriano
Bacteriostático, inibe a síntese protéica por ligação
Tetraciclinas Tetraciclina, Minociclina, Cloxiclina
à subunidade 30S do ribossomo bacteriano
Antibióticos que atuam na parede celular:

Agem na parede celular


Praticamente atóxicos, exceto por reações de hipersensibilidade
Penicilinas e cefalosporinas

180
APOSTILA ENDODONTIA

Amoxicilina

Padrão ouro em qualidade Eficácia contra os prováveis


Fármaco de primeira escolha microrganismos presentes em infecções
Rápida absorção odontogênicas
Níveis sanguíneos mais prolongados Amoxil: nome comercial mais comum
Baixa toxicidade Cápsulas de 500mg
Bactericida Comprimidos de 500mg de 8/8h
Baixo custo Comprimidos de 875mg de 12/12h
Suspensão oral 250mg/5ml
Reduz a eficácia de contraceptivos orais

Cindamicina

Licosamida
Recomendado como 2ª opção nas infecções orodentais
Para alérgicos à penicilina
Bem absorvido por via oral – bacteriostático sp
Atinge concentrações ósseas similares às concentrações plasmáticas: excelente penetrabilidade
óssea, em outros tecidos e abscessos
Seu uso pode acarretar Diarreia e colite pseudomembranosa
o Seleção da bactéria clostridium difficile
o Dor abdominal
o Diarreia amarelo esverdeada
o Presença de sangue e muco nas fezes
Dalacin C
Colite pseudomembranosa
Cápsulas 300mg
Suspensão oral 75mg/5ml de 6/6h

Macrolíodeos

Possui alta eficácia em gram positivos e menos em gram negativos e anaeróbios


Eritromicina agem melhor em gram positivos, logo não será tão eficaz em casos de infecção
disseminada
Infecção disseminada contém muito gram negativa e aneróbia
Azitromicina tem maior espectro contra Streptococcus e stafilococcus
Opção para paciente alérgico a amoxicilina
Atividade bactericida: maior concentração em tecidos infectados por se agrupar dentyro dos
neutrófilos e por ter meia vida prolongada
Eritromicina:
o Deve ser evitada em pacientes com doença hepática
o Apresentações: comprimido 500mg e suspensão oral 250mg/5ml de 6/6h
Azitromicina: comprimido 500mg, doses diárias

181
APOSTILA ENDODONTIA

Associação de antimicrobianos

Casos mais graves, incluindo condições com risco de morte: associações podem ser necessárias – efeitos
microbianos otimizados, com espectro de ação ampliado

Infecções avançadas/persistentes
Bactérias produtoras de betalactamase
Amoxicilina + Clavulanato de Potássio: Clavulin
Inibidor da competividade da enzima beta-lactamase
Apresentação: 500mg + 125mg
o Intervalo das doses: 8 em 8h/7 dias
Bactérias produtoras de beta lactamase impedem a ação da penicilina
O clavulanato se liga a lactamase, permitindo a ação da penicilina
Sulbactam: semelhante ao clavulanato
Nomes comerciais: Sino clav (875mg), Lânico, Atak clav
Amoxicilina + Metronidazol: Flagyl
Ação bactericida: anaeróbios estritos gram-negativos
250mg de 8 em 8h/7 dias

Como prescrever?

Realizada em 2 vias (farmácia + paciente)


Validade em todo território nacional
Válida por 10 dias a contar da data de emissão
Poderá conter prescrição de outras categorias de medicamentos (não sujeitos a controle especial)

Injeção além do forame:


o Forame alargado
o Pressão extrema no êmbolo da seringa
Precauções devem ser tomadas com o uso de NaOCl para evitar a propagação da solução nos
tecidos circundantes.
O reconhecimento deve ser precoce do acidente com NaOCl e o gerenciamento imediato
adequado.

Como identificar?

Dor aguda Equimose (coleção de sangue sem limites


Edema definidos)
Hiperemia Parestesia
Dormência na região

Como evitar?

Utilizar agulhas endodônticas adequadas: projetadas para dispersar o irrigante pela extremidade
lateral

182
APOSTILA ENDODONTIA

Pressão cuidadosa no êmbolo da seringa


Agulha livre no interior do canal radicular (para promover um fluxo)
Usar outras ferramentas de irrigação (pontas ultrassônicas)

O que fazer caso aconteça?

Irrigação imediata com solução salina (soro)


Iniciar o tratamento da resposta inflamatória para controlar a dor
Corticóides: controle do edema e hiperalgesia
o Administrar ampola de Betametasona (4mg intramuscular) - imediatamente
o Prescrever Decadron 4mg de 8/8h por 3 dias, depois por mais 3 dias de 12/12h (formato de
desmame)
Antibiótico: prevenir infecção secundária
o Administrar 1g de amoxicilina: dose única
o Primeiras 24h: compressas de gelo – intervalos de 15min
No caso de equimoses: compressas quentes no período de 24h
Prescrever Dipirona 1g para controle da dor

Mantém intactos seus reflexos protetores


Drogas usadas para diminuir a ansiedade e a tensão
Em pequenas doses recomendadas não causam danos físicos ou mentais
Utilizados quando os métodos não farmacológicos não funcionam

Derivados Benzodiazepínicos:

GABA = ácido gama-aminobutírico (principal neurotransmissor do SNC)


o Diminuição da propagação dos impulsos excitatórios
o Regulação do tônus muscular
o Os benzodiazepínicos vão aumentar a ação do GABA
Apresentam outros efeitos desejáveis:
o Aumenta o limiar da dor
o Diminuição do metabolismo basal (potencializando o efeito do AL)
o Redução do fluxo salivar e do reflexo do vômito
o Relaxamento da musculatura esquelética
o Inalteração da pressão arterial e frequência cardíaca
o Manutenção da glicemia em níveis aceitáveis nos diabéticos

183
APOSTILA ENDODONTIA

Principais Benzodiazepínicos

NOME
INÍCIO DE AÇÃO ADULTOS IDOSOS CRIANÇAS ADMINISTRAÇÃO (DOSE ÚNICA)
GENÉRICO
Diazepam 40 a 60min antes da
30 – 45min 5 a 10mg 5mg 0,2 a 0,5mg/kg
(Valium) intervenção
Lorazepam
60 - 120min 1 a 2mg 1mg ---------- 1,5 a 2h antes da intervenção
(Lorax)
Alprazolam 0,5 a 20 a 30min antes da
60 – 90min 0,25mg ----------
(Frontal) 0,75mg intervenção
Midazolam 0,2 a 20 a 30min antes da
30min 7,5 a 15mg 7,5mg
(Dormonid) 0,35mg/kg intervenção

Conclusão

Medicação sistêmica é um recurso válido como coadjuvante na terapia endodôntica.


A instauração ou não de terapia local e a avaliação do paciente são de fundamental importância
para eleição da terapia sistêmica correta.

184
APOSTILA ENDODONTIA

Magnificação e Endodontia Mecanizada


Modelagem/Ampliação
Sanificação
Limpeza

Dr. Gary Carr em 1990, foi lançado o primeiro microscópio operatório


Além de ampliar a imagem, ele permite que o dentista trabalhe numa posição ergonômica.
Vantagens:
o Aliar iluminação à ampliação do campo operatório
o Iluminação e magnificação
o Melhora na ergonomia e na biossegurança
o Capacidade de comunicação com os pacientes e outros profissionais da área de saúde

MAGNIFICAÇÃO APLICAÇÃO
3x Exame clínico, visualização do rosto e das estruturas adjacentes, anestesia, isolamento
absoluto, incisão e rebatimento de tecidos moles, entre outras aplicações.
5x Maior campo visual e profundidade de imagem
8x Remoção de restaurações e tecido cariado, acesso coronário, preparo e obturação dos
canais radiculares, selamento de perfurações, plastia gengival, osteotomia, apicectomia,
retropreparo e retro-obturação
12,5x Diagnóstico de trincas, localização de canais, remoção de instrumentos fraturados, inspeção
do ápice radicular após apicectomia e retropreparo, entre outras aplicações.
19x Menor campo visual e profundidade de imagem requer maior intensidade de luz

185
APOSTILA ENDODONTIA

1976: especificação n°28 – normas para fabricação de limas e alargadores

Aço inoxidável
Cabo plástico colorido
Parte ativa 16mm
Conicidade padrão 0,02mm/mm
Diâmetro da ponta ativa
1915: Limas tipo K – Kerr Manualfacture

Ligas de aço carbono são muito rígidas e possuem um alto grau de fraturas
Haste Triangular: (Flexofile) é mais flexível (Tipo K)
Haste Quadrangular: K-File Colorinox (tipo K)
Haste em forma de vírgula: Limas Hedstroen (tem um poder de corte maior)
Vem sendo mais utilizada para remover polpa, corpo estranho ou guta-percha
Das limas manuais, a Hedstroen é a única que não é fabricada por usinagem
186
APOSTILA ENDODONTIA

Limas fabricadas por usinagem são menos resistentes que as limas fabricadas por torção
As de aço inoxidável são mais rígidas em comparação com as de Ni-Ti
Limas Mecanizadas fornecem:
o Previsibilidade
o Otimização
o Qualidade
Exemplos:
o Reciproc Blue o Easy
o Reciproc One File Endo o PathFile
o Wave One Gold Glider o Protaper Next
o Wave One Gold o Protaper Gold

Todas possuem maior flexibilidade


John McSpaden – 1990: Instrumentos Rotatórios de Ni-Ti

187
APOSTILA ENDODONTIA

Sistema Reciproc

É possível trabalhar o canal com um único instrumento


Ligas M-Wire (maior resistência a fadiga cíclica)
Instrumento único
Mais flexibilidade
Conicidade constante 3mm
Preparos conservadores dos terços cervical e médio
Possui 3 limas: R25, R40 e R50

188
APOSTILA ENDODONTIA

Reciproc Blue

Mais flexibilidade
Mais resistência a fadiga cíclica
Dentes com curvaturas acentuadas
Canais atrésicos

Sistema Wave One

Ni-Ti M-Wire
Conicidade constante nos primeiros 3mm
Conicidade regressiva
3 Limas: Small, Primary e Large

Wave One Gold

Liga tratada com ciclos de aquecimento e resfriamento


Melhoria na resistência e flexibilidade
Secção transversal: paralelograma
Diminui efeito de rosqueamento
Conicidade constante 3mm, regressiva
4 Limas: Small, Primary, Medium e Large
Vantagens:
o Redução no tempo operatório
o Impacto na curva de aprendizagem
o Capacidade de explorar e negociar o canal

189
APOSTILA ENDODONTIA

“Pavimentação do caminho”: para dar maior lisura a superfície das paredes do canal
Alisar as paredes antes de trabalhar com os instrumentos do PQM, melhorando a exceução do
tratamento e a vida útil do instrumento
Diminui o índice de fraturas do instrumento por torção ou fadiga

Significa alargar a entrada dos condutos


Pode ser feito com gates, limas manuais, SX, Wave One...

190
dentaloves

APOSTILA FEITA POR @DENTALOVES

Você também pode gostar