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Hurian Machado – Odontologia UNIG

Endodontia I
Aula 1 • Injeção de borracha líquida seguida da

Anatomia dos Dentes


vulcanização no interior dos dentes;
• Método de cortes histológicos;

Superiores e Inferiores • Investigação direta com auxilio de


microscópio operatório.

Principais métodos para estudo da anatomia


INTRODUÇÃO radicular:

A anatomia radicular não varia apenas • Método radiográfico em angulações


entre os tipos diferentes de dentes, mas diferentes;
também em um mesmo tipo de dente, em • Método de diafanização;
pacientes diferentes. Dispondo na maioria das • Microtomografias.
vezes apenas de um exame radiográfico que
não fornece ao profissional a Método de diafanização
tridimensionalidade do sistema de canais
radiculares, o endodontista deve estar atento O método de diafanização necessita da
para poder observar quaisquer alterações, exodontia dos elementos a serem estudados,
realizando radiografias em angulações que são posteriormente submetidos à cirurgia
diferentes, e baseando-se em um apurado de acesso, descalcificação com uso de ácidos,
conhecimento da anatomia radicular, que lavagem, desidratação, diafanização, injeção
aliado a uma técnica apropriada para o preparo de tinta nanquim pela câmara pulpar até sair
biomecânico e obturação dos canais, serão de pelo ápice, e posterior inclusão em blocos
fundamental importância para a correta transparentes de resina. Este método permite
desinfecção e preenchimento do sistema de uma observação tridimensional do complexo
canais radiculares, contribuindo para o sucesso sistema de canais.
dos tratamentos executados. Quaisquer
espaços não desinfectados e selados no
interior do sistema de canais, servem de nicho
para bactérias e contribui para o fracasso do
tratamento endodôntico. Por falta de
conhecimento da anatomia radicular muitas
vezes um canal adicional passa despercebido,
geralmente também devido a uma cirurgia de
acesso insuficiente para sua visualização, CONSIDERAÇÕES GERAIS
resultando em um tratamento incompleto.
Ao longo dos anos, diversos métodos Geralmente a anatomia interna tem
foram utilizados para o estudo da anatomia tendência a acompanhar o formato externo do
radicular dos dentes, como por exemplo: dente. A cavidade pulpar divide-se
basicamente em:
• Injeção de metal fundido no interior dos
dentes; • Câmara pulpar: compreende a porção do
sistema de canais radiculares

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correspondente à porção interna da O canal radicular pode ainda de dividir em 3


coroa dental. terços:

• Canal radicular: compreende a porção do 1. Cervical: situa-se adjacente à entrada


sistema de canais radiculares do canal no assoalho da câmara pulpar;
2. Médio: localizado entre os terços
correspondente à porção interna da raiz.
cervical e apical;
3. Apical: situa-se adjacente ao forame
apical.

O canal radicular divide-se em:

1. Canal dentinário: que corresponde à


porção que vai do assoalho da câmara
No terço apical, situam-se o maior
pulpar até o limite CDC.
número de ramificações do canal radicular. As
2. Canal cementário: que corresponde à
diversas ramificações presentes próximas ao
porção que vai do limite CDC até o forame apical denominam-se Delta Apical.
forame apical.
O limite CDC (cemento-
dentina-canal) corresponde à
área de maior constrição do
canal radicular, situando-se
na junção do canal dentinário
com o canal cementário. O
forame apical corresponde à Entre as inúmeras ramificações
porção final do canal existentes no sistema de canais radiculares
radicular, situa-se geralmente podemos citar:
de 0,5 a 3mm aquém do ápice
anatômico do dente, e pode • Canal colateral: situa-se paralelamente ao
apresentar-se com forma canal principal, podendo atingir o ápice
circular ou atípica. separadamente.

• Canal recorrente: deriva do canal


principal, segue um trajeto independente,
voltando a unir-se com o canal principal.

• Canal lateral: deriva do canal principal


atingindo o periodonto ao nível do terço
médio ou cervical da raiz.

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• Canal secundário: deriva do canal


principal atingindo o periodonto ao nível
CLASSIFICAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES
do terço apical da raiz.
A) Quanto a anatomia
• Canal acessório: deriva do canal
secundário atingindo o periodonto. • Variam em número, tamanho e forma.
• Apresentam diferentes divisões, fusões e
• Canal interradicular ou kavo estágios de desenvolvimento.
interradicular: deriva do assoalho da
B) Quanto ao diâmetro
câmara pulpar atingindo o periodonto na
região de furca.
• Amplo: quando o diâmetro do canal é
maior ou igual ao diâmetro de uma lima
• Delta apical: são as múltiplas ramificações
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presentes próximas ao forame apical.
• Mediano: quando o diâmetro do canal
equivale ao diâmetro de limas 20 a 30.
• Canal interconduto ou intercanal: fica
• Atresiado ou constrito: quando o
localizado em dentina e coloca em
diâmetro é igual ou menor do que uma
comunicação os canais principais.
lima 15.
• Canais reticulares: é o resultado do
C) Quanto à direção
entrelaçamento de três ou mais canais
que correm quase paralelamente, por
• Retilíneo: quando o canal é reto.
meio de ramificações do intercanal,
apresentando um aspecto reticulado. • Curvilíneo: quando o canal apresenta
curvaturas.

Existem alguns métodos para a


determinação do ângulo de curvatura dos canais
radiculares. Esta determinação nos permite ter
um parâmetro sobre a fadiga flexural a que as
limas endodônticas são submetidas no interior
dos canais radiculares. Ex: Método de Schneider
e Método Geométrico.

D) Quanto ao diâmetro e a curvatura

• Classe I: amplo ou mediano, reto ou com


curvatura suave, tendo ângulo de até 5º.
A exploração do canal é acessível até o
forame apical.
• Classe II: canal atresiado, com curvatura
moderada, tendo ângulo de até 20º.
Acessível até o forame apical.
• Classe III: canal atresiado, com curvatura
severa, tendo ângulo superior a 20º.
Difícil acesso ao forame apical.

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• Classe IV: canais atípicos. Apresentam


tipos de canais que não se enquadram nas
ANATOMIA RADICULAR DOS
classes anteriores, tais como: DENTES SUPERIORES
-Dentes com dupla curvatura radicular; INCISIVO CENTRAL SUPERIOR
-Dentes com dilaceração radicular.
Os incisivos centrais superiores
geralmente são dentes que apresentam uma
MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA câmara pulpar e canal radicular amplos, sendo
retos na maioria dos casos, e não sendo em sua
ANATOMIA RADICULAR maioria de difícil execução da terapia
endodôntica. Durante a execução do
• Conhecimento teórico; tratamento, deve-se ter o cuidado da remoção
• Exame radiográfico; de todo o ombro palatino, permitindo um
• Exame clínico e exploração; acesso completo ao canal radicular.
• Exame com microscópio operatório; O dente apresenta uma inclinação
média de 3º para distal e 15º para palatina.
• Exame com câmera intra-oral;
• Tomografia computadorizada.
• Comprimento médio: 21,8mm
Alterações na anatomia interna dos • Comprimento máximo: 28,5mm
dentes podem acontecer por diversos fatores. • Comprimento mínimo: 18mm
Os canais tendem a se tornar mais atrésicos em
pacientes com idade mais avançada pela
deposição contínua de dentina secundária que
ocorre durante toda a vida do dente. Fatores
irritantes, como por exemplo a cárie, induzem
a formação de dentina terciária, ou reparadora.
Calcificações podem estar presentes no
interior do sistema de canais muitas vezes
dificultando o acesso necessário para o
tratamento. Reabsorções internas causam um
aumento do espaço presente no interior dos A câmara pulpar acompanha a forma
canais radiculares, causando perda de sua externa da coroa, ocupando a porção mais
continuidade e dificultando a limpeza destas interna do dente, e é de forma semelhante à
áreas. Variações anatômicas e anomalias de mesma. Apresenta dois ou três divertículos no
desenvolvimento podem também estar teto, segundo a borda oclusal tenha
presentes, e é importante saber identificá-las apresentado dois ou três mamelões.
para que o tratamento possa ser executado da Apresenta-se estreita em sentido
melhor forma possível. vestíbulo-palatino e larga em sentido mesio-
distal, especialmente na parte mais próxima a
borda incisal. O canal radicular começa no
forame apical e corre, alargando-se
gradualmente, em toda extensão da raiz em
direção à câmara. É geralmente volumoso e de
forma cônica, irregular no sentido longitudinal.
Apesar de na maioria das pesquisas
apresentar um canal único em 100% dos casos,

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já foi relatada a presença de um incisivo central Dens Invaginatus, Cúspide Talão, e Radicular
superior com duas raízes (LEONARDO, 1991) e Grooves (depressão radicular).
com dois canais distintos (LOPESS, 2004).
CANINO SUPERIOR
INCISIVO LATERAL SUPERIOR
Os caninos superiores geralmente são
Os incisivos laterais superiores dentes de fácil acesso, porém apresentam raiz
apresentam-se com diâmetro do canal menor com comprimento maior do que a dos demais
que dos incisivos centrais superiores, dentes. Na maioria dos casos, as raízes
apresentando curvatura na maioria das vezes, apresentam curvatura no terço apical.
que pode ser acentuada ou não, o que requer Durante a execução do tratamento,
uma atenção especial no tratamento deve-se ter o cuidado da remoção de todo o
endodôntico. ombro palatino, permitindo um acesso
Durante a execução do tratamento, completo ao canal radicular.
deve-se ter o cuidado da remoção de todo o O dente apresenta uma inclinação
ombro palatino, permitindo um acesso média de 6º para distal, e 17º para palatina.
completo ao canal radicular.
O dente apresenta uma inclinação • Comprimento médio: 26,4mm;
média de 5º para distal, e 20º para palatina, e a • Comprimento máximo: 33,5mm;
cavidade pulpar acompanha a forma exterior • Comprimento mínimo: 20mm.
do dente.
Apresenta geralmente dois ou três
divertículos no teto, segundo a borda oclusal
tenha apresentado os dois ou três mamelões.
O diâmetro vestíbulo-palatino do canal
é maior que o mesio-distal.

• Comprimento médio: 23,1mm;


• Comprimento máximo: 29,5mm;
• Comprimento mínimo: 18,5mm.
A cavidade pulpar apresenta
geralmente a forma exterior do dente. A
câmara pulpar tem seu maior diâmetro no
sentido vestíbulo-palatino, principalmente na
sua união, não muito nítida, com o canal
radicular. A câmara pulpar se estreita,
formando um simples divertículo na sua parte
mais próxima da face incisal.
O canal radicular do canino superior é
amplo e acessível, de secção oval, e possui
Segundo Pécora (2002), esses dentes dimensão vestíbulo-palatina maior que a
estão situados em uma área de grande risco mesio-distal. Na sua quase totalidade dos casos
embriológico, e inúmeros pesquisadores têm segue a curvatura da raiz.
relatado casos de anomalias neles. Entre as Segundo Pécora (1991), os caninos
anomalias de desenvolvimento mais comuns superiores apresentam raiz e canal radicular
observadas nesses dentes, podemos citar: únicos.

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PRIMEIRO PRÉ-MOLAR SUPERIOR • Comprimento médio: 21,6mm;


• Comprimento máximo: 26mm;
Segundo De Deus (1992), a cavidade • Comprimento mínimo: 17mm.
pulpar apresenta mais ou menos a forma
externa do dente. A câmara pulpar
corresponde à forma da coroa, geralmente
estreita no sentido mesio-distal e larga na
direção vestíbulo-palatina. Tem a forma
cuboide, achatada na direção mesio-distal.
Estendendo-se em direção às duas cúspides,
aparecem dois divertículos, sendo o vestibular,
em geral, mais longo.
No assoalho da câmara apresentam-se
entradas dos canais radiculares; algumas vezes
apresenta-se em única entrada, comum aos
dois canais ou ao canal único, quando isso
ocorre. Possui quase sempre, um canal Segundo De Deus (1992), a cavidade
vestibular e um canal palatino, mesmo quando pulpar apresenta mais ou menos a forma
a raiz é única. externa do dente, e não difere daquela do
O dente possui uma inclinação média primeiro pré-molar superior, mas os dois
de 7º para distal, e 11º para palatina. divertículos do teto, correspondentes às
cúspides, são aqui quase sempre do mesmo
• Comprimento médio: 21,5mm; tamanho.
• Comprimento máximo: 25,5mm;
• Comprimento mínimo: 17mm. PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR

O 1ºMS é o dente que apresenta maior


índice de presença de quatro canais
radiculares. O dente apresenta uma inclinação
média de 15º para a palatina.

• Comprimento médio: 21,3mm;


• Comprimento máximo: 25,5mm;
• Comprimento mínimo: 18mm.

SEGUNDO PRÉ-MOLAR SUPERIOR

O segundo pré-molar superior, muitas


vezes descrito como um dente de canal único,
apresenta alto índice de elementos com dois
canais radiculares.
Sua inclinação média é de 7º para a
distal e 7º para palatina.

Segundo De Deus (1992), o 1ºMS possui


três raízes diferenciadas e geralmente

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divergentes, e é raro apresenta-las fusionadas reduzida do que a do 1ºMS. Apresenta sempre


completamente. O dente apresenta os canais os três ou quatro divertículos relacionados com
mesio-vestibular, disto-vestibular e palatino. as cúspides.
Entretanto, na maioria dos casos a raiz mesio- Quando apresenta com três canais
vestibular apresenta dois canais estreitos e por radiculares, terá um canal para cada raiz, que
vezes pouco acessíveis, podendo em alguns recebem os nomes de canal mesio-vestibular,
casos apresentar até três canais na raiz mesio- canal disto-vestiular e canal palatino. O maior e
vestibular. São eles: canais vestibular e palatino mais amplo é o da raiz palatina, e o menor e
da raiz mesio-vestibular ou canais mesio- mais estreito é o da raiz disto-vestibular.
vestibular 1 (MV1) e mesio-vestibular 2 (MV2), Quando o 2ºMS apresenta-se com
ou ainda canais mesio-vestibular e mesio- quatro canais radiculares, terá dois canais na
palatino. Raramente apresenta dois canais na raiz mesio-vestibular, uma na raiz disto-
raiz disto-vestibular. vestibular e um na raiz palatina, recebendo
respectivamente os nomes de canal vestibular
SEGUNDO MOLAR SUPERIOR da raiz mesio-vestibular ou MV1, canal palatino
da raiz mesio-vestibular ou MV2 ou mesio-
Os 2ºMS são dentes que também palatino, disto-vestibular e palatino.
apresentam grande índice de presença do Raramente apresenta dois canais na raiz disto-
quarto canal radicular. O dente apresenta uma vestibular.
inclinação média de 5º para mesial, e 11º para
palatina. TERCEIRO MOLAR SUPERIOR

Os 3ºMS são dentes de difícil acesso e


com morfologia variada, o que dificulta a
execução do tratamento endodôntico. O dente
apresenta uma inclinação média de 11º para
mesial, e 17º para palatina. As raízes oferecem
muitas variações quanto a sua morfologia,
número, direção, inclinações e disposição. São
tipicamente, três raízes, podendo se
apresentar independentes e com disposição
mais ou menos idêntica à do 2ºMS,
apresentando frequentes fusionamentos
parciais ou totais.

• Comprimento médio: 19mm.


A cavidade pulpar apresenta
divertículos do teto da câmara em mesmo
número das cúspides existentes. Os canais
radiculares apresentam-se muito irregulares
• Comprimento médio: 21,7mm; quanto ao número, forma, direção e volume.
• Comprimento máximo: 27mm; De modo geral, pode-se dizer que o número de
• Comprimento mínimo: 17,5mm. canais e a sua forma relaciona-se com o
número e a forma das raízes ou ramos
A cavidade pulpar apresenta mais ou radiculares.
menos a forma exterior do dente. A câmara
pulpar é ampla, apesar de um pouco mais

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na cirurgia de acesso deste elemento para uma


ANATOMIA RADICULAR DOS melhor visualização da câmara pulpar. A
DENTES INFERIORES cavidade pulpar é idêntica à descrita para o
incisivo central inferior. O dente apresenta uma
inclinação média de 10º para a lingual.
INCISIVO CENTRAL INFERIOR

O incisivo central inferior é um dente • Comprimento médio: 22,6mm;


onde comumente acredita-se encontrar • Comprimento máximo: 29mm;
apenas um canal, porém a incidência de um • Comprimento mínimo: 17mm.
segundo canal radicular é relativamente alta. É
importante a remoção de todo o ombro lingual
na cirurgia de acesso deste elemento para uma
melhor visualização da câmara pulpar. O dente
apresenta uma inclinação média de 15º para
lingual.

• Comprimento médio: 20,8mm;


• Comprimento máximo: 27,5mm;
• Comprimento mínimo: 16,5mm.
CANINO INFERIOR

O canino inferior é um dente que


apresenta um grande achatamento mesio-
distal ficando amplo no sentido vestíbulo-
lingual. Pode apresentar-se muitas vezes com
dois canais, sendo necessária também a
remoção de todo o ombro lingual. O dente
apresenta uma inclinação média de 3º para
distal, e 2º para lingual.

A cavidade pulpar apresenta mais ou • Comprimento médio: 25mm;


menos a forma geral externa do dente. A • Comprimento máximo: 32mm;
câmara pulpar apresenta-se, de um modo • Comprimento mínimo: 19,5mm.
geral, com três divertículos não muito nítidos.
O canal radicular corresponde à forma exterior
da raiz, tendo, portanto, um pronunciado
achatamento no sentido mesio-distal, e com
maior extensão no sentido vestíbulo-lingual.

INCISIVO LATERAL INFERIOR

O incisivo lateral inferior é um dente


onde comumente acredita-se encontrar
apenas um canal, porém a incidência de um
segundo canal radicular é relativamente alta. É A cavidade pulpar segue mais ou menos
importante a remoção de todo o ombro lingual a forma exterior do dente. A câmara pulpar é

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alta e, de modo geral, não apresenta limite SEGUNDO PRÉ-MOLAR INFERIOR


preciso entre câmara pulpar e o canal ou canais
radiculares. Tem a sua maior dimensão no O dente apresenta uma inclinação
sentido mesio-distal, nas proximidades da média de 5º para distal e 9º para vestibular.
cúspide do dente. O canal radicular, em um
corte transversal tem aspecto de uma fenda • Comprimento médio: 22,3mm;
oval, achatada. Apresenta maior diâmetro no • Comprimento máximo: 27,5mm;
sentido vestíbulo-lingual. • Comprimento mínimo: 17,5mm.

PRIMEIRO PRÉ-MOLAR INFERIOR

Os 1ºPMI podem gerar dificuldade


durante a execução da terapia endodôntica,
devido a variabilidade e complexidade de seu
sistema de canais radiculares. O dente
apresenta uma inclinação média de 5º para
distal e 3º para lingual.
A cavidade pulpar quase sempre segue
• Comprimento médio: 21,9mm; a forma exterior do dente. A câmara pulpar é
• Comprimento máximo: 26,5mm; espaçosa, apresentando-se levemente estreita
• Comprimento mínimo: 17mm. no sentido mesio-distal, com contorno mais ou
menos triangular, e dois ou três divertículos no
teto, correspondentes às cúspides e com
dimensões proporcionais a elas.
O canal radicular é geralmente amplo e
acessível, não apresenta um limite preciso com
a câmara pulpar, e a sua secção corresponde à
da raiz, podendo, portanto, apresentar-se de
forma oval ou circular, com maiores dimensões
no sentido vestíbulo-lingual, principalmente
até seu terço médio.
A cavidade pulpar é quase sempre
representada pela forma exterior do dente. A PRIMEIRO MOLAR INFERIOR
câmara pulpar é geralmente ampla,
apresentando dois divertículos no teto, sendo Os 1ºMI apesar de serem descritos
um vestibular (mais volumoso) e um lingual como dentes que apresentam 3 canais e 2
(menor). De modo geral, não há limite preciso raízes, podem apresentar a presença de 4
entre a câmara pulpar e o canal. canais e até mesmo 3 raízes. Também é muito
O canal radicular é geralmente amplo e frequente a comunicação entre canais da
acessível. Sua secção transversal, de acordo mesma raiz (interconduto). O dente apresenta
com a própria raiz, pode ser de forma oval ou uma inclinação média de 10º para distal e 13º
circular (raro). Apresenta maior volume no para vestibular.
sentido vestíbulo-lingual.
• Comprimento médio: 21,9mm;
• Comprimento máximo: 27mm;
• Comprimento mínimo: 19mm.

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• Comprimento mínimo: 19mm.

A cavidade pulpar segue geralmente a


forma exterior do dente. A câmara pulpar é A cavidade pulpar geralmente segue a
ampla e quase sempre cuboide. Apresenta, no forma exterior do dente. A câmara pulpar
teto, os divertículos relacionados com as suas mostra-se, quase sempre, menor que a do
cinco cúspides, e no assoalho, as aberturas dos 1ºMI, mas com a mesma disposição das
canais radiculares. Na quase totalidade dos paredes. Seu teto possui quatro divertículos.
casos, há nitidez nos limites da câmara pulpar Pode apresentar 2,3,4 ou 5 canais, com as
com os canais radiculares. Os canais radiculares mesmas disposições já descritas para o 1ºMI.
abrem-se nas bordas mesial e distal do
assoalho da câmara pulpar. Apresentam • 2 canais: canal mesial e canal distal;
consideráveis variações quanto ao número e à
• 3 canais: canal mesio-vestibular e
forma. Podem apresentar-se geralmente com
mesio-lingual na raiz mesial; canal distal
2,3,4 ou 5 canais.
na raiz distal;
• 2 canais: canal mesial e canal distal; • 4 canais: canal mesio-vestibular e
• 3 canais: canal mesio-vestibular e mesio-lingual na raiz mesial; canal
mesio-lingual na raiz mesial; canal distal disto-vestibular e disto-lingual na raiz
na raiz distal; distal;
• 4 canais: canal mesio-vestibular e • 5 canais: canal mesio-vestibular, mesio-
mesio-lingual na raiz mesial; canal mesial, e mesio-lingual na raiz mesial;
disto-vestibular e disto-lingual na raiz canal disto-vestibular e disto-lingual na
distal; raiz lingual.
• 5 canais: canal mesio-vestibular, mesio- TERCEIRO MOLAR INFERIOR
mesial, e mesio-lingual na raiz mesial;
canal disto-vestibular e disto-lingual na O dente apresenta uma inclinação
raiz lingual. média de 20º para distal, e 25º para vestibular.
O comprimento médio é de 19mm. A cavidade
SEGUNDO MOLAR INFERIOR pulpar é muito irregular, acompanhando a
forma exterior do dente. A câmara pulpar
Os 2ºMI apresentam características apresenta variações marcantes, mas
parecidas com as do 1ºMI. O dente apresenta geralmente acompanha a forma exterior da
uma inclinação média de 15º para distal, e 12º coroa.
para vestibular. Os canais radiculares apresentam
variações bem acentuadas. Assim com o 3ºMS,
• Comprimento médio: 22,4mm; o inferior participa de todas as características
• Comprimento máximo: 26mm; de irregularidades no que se refere a forma,

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disposição e número de raízes e canais de modo a formar diversos forames


radiculares. Pode apresentar-se com um, dois, apicais.
três ou quatro canais. A predominância é de
dois canais para este dente, sendo um na raiz
mesial (canal mesial) e outro na raiz distal
(canal distal).

Aula 2

Alterações na Anatomia
Alguns tipos de variação anatômica O Dens Invaginatus do tipo I não
encontradas nos dentes podem causar oferece dificuldade ao tratamento
alteração na anatomia interna do sistema de endodôntico, uma vez que a invaginação é
canais radiculares, gerando algumas vezes pequena e está situada na coroa dental. O do
complicações na execução do tratamento tipo II oferece certa dificuldade ao tratamento
endodôntico, dependendo do grau de endodôntico, uma vez que se faz necessária a
alteração. Seguem abaixo variações remoção da invaginação do esmalte do interior
anatômicas que podem ser encontradas, e a do canal radicular. O Dens Invaginatus tipo III
influência que podem causar na execução do oferece dificuldade ao tratamento
tratamento endodôntico: endodôntico, pois deve ser complementado
com retro-obturação.

• DENS INVAGINATUS OU DENS IN DENTE • CÚSPIDE TALÃO


Anomalia causada pela invaginação
É uma
profunda da superfície da coroa, contornada
anomalia dental rara
pelo esmalte. Aparenta como se tivesse sido
que se apresenta
formado um dente dentro do outro. Pode
principalmente nos
ocorrer em qualquer dente, mas sua maior
incisivos superiores.
incidência ocorre nos incisivos laterais
Morfologicamente, essa anomalia se manifesta
superiores. Normalmente, esses dentes podem
como uma cúspide acessória bem definida que
apresentar-se coniformes (peg shape). Existem
se estende a partir da junção cemento-esmalte
3 tipos de Dens Invaginatus, de acordo com a
ou região do cíngulo e segue em direção ao
classificação de Oehler (1957):
bordo incisal. Normalmente não representa
maiores dificuldades para execução do
a) Tipo I: a invaginação do esmalte está
tratamento endodôntico.
circunscrita à área da coroa dental.

b) Tipo II: a invaginação do esmalte • DENS EVAGINATUS


estende-se até o terço médio da raiz,
Essa anomalia consiste em uma
terminando em um saco cego.
evaginação anormal do epitélio de esmalte do
dente afetado. Quando ocorre nos incisivos,
c) Tipo III: a invaginação do esmalte ocorre evaginação na área do cíngulo desses
estende-se até a região apical do dente, dentes, promovendo uma cúspide extra. A
presença da cúspide extra nos incisivos

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superiores pode causar problemas de estética, microrganismos, que alimenta de modo


cárie em virtude da dificuldade de higienização, definitivo um problema periodontal, não
trauma de oclusão e, ainda, irritação gerando alteração significativa na anatomia da
traumática da língua durante o ato cavidade pulpar. O diagnóstico precoce dessa
mastigatório. Pode ocorrer também em dentes anomalia é importante, pois o paciente pode
posteriores. No local da evaginação pode ser orientado para higienizar estes dentes com
ocorrer um prolongamento do teto da câmara maior cuidado, reduzindo o risco de instalação
pulpar, aumentando o risco de exposição de uma bolsa periodontal nesta região.
pulpar à medida que ocorre o desgaste da área
da evaginação pela mastigação.
• CORNOS PULPARES PROEMINENTES
• CANAL EM FORMA DE C (C-SHAPED) Os cornos pulpares apresentam maior
proximidade com a superfície oclusal dos
É uma variação dentes. O dente apresenta um maior de risco
anatômica que recebe de exposição pulpar pela cárie ou durante um
este nome pela preparo cavitário.
morfologia da secção
transversal de sua raiz e
canal radicular. Ao • TAURODONTISMO
invés de apresentar as A taurodontia é um tipo de anomalia de
entradas dos canais distintas, o assoalho da desenvolvimento dos dentes. Estes dentes
câmara pulpar oferece uma visão de um apresentam um prolongamento acentuado da
conduto em forma de faixa, com 180 graus de câmara pulpar, raízes pequenas e recebem este
arco, começando geralmente na linha mesio- nome porque assemelham-se aos dentes de
lingual e estendendo-se ao redor da face ruminantes. Durante o tratamento
vestibular até o final da porção distal da câmara endodôntico, apresentam uma dificuldade
pulpar. O 2ºMI é o elemento dentário em que maior para a realização do acesso e
o aparecimento de C-Shaped canal é mais visualização dos canais, principalmente quando
comum. A ocorrência em 1ºPMI, 1ºMI, 1ºMS e as paredes da câmara pulpar aproximam-se em
2ºMS também já foi encontrada, apesar de sua porção média.
rara.

• DEPRESSÃO RADICULAR
O incisivo lateral
superior pode apresentar uma
anomalia de difícil diagnóstico,
que é a presença da depressão
radicular (radicular grooves).
Essa depressão normalmente • GEMINAÇÃO
está presente na lingual dos Resulta da tentativa de um único
incisivos laterais, na área de gérmen dentário de dividir-se, com a
cíngulo e se estende para a raiz, podendo resultante formação de um dente com
cessar em diferentes pontos da região coroa bífida, e geralmente, uma raiz e um
radicular. A presença da depressão radicular canal radicular em comum, não gerando
constitui uma via de penetração de alteração significativa na morfologia

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pulpar (a alteração geralmente restringe-se à localização do correto número de canais


câmara pulpar). presentes nos diversos tipos de dentes.

• FUSÃO PRINCÍPIOS DO ACESSO CIRÚRGICO


Resulta na união de dois 1. Remoção de todo o teto da câmara pulpar
gérmens dentários normalmente para a retirada dos remanescentes pulpares e
separados, com a resultante exposição dos orifícios de entrada dos canais;
formação de um dente unido com 2. Preservação do assoalho da câmara pulpar,
confluência de dentina. Geralmente evitando perfurá-lo e facilitando a localização
a cavidade pulpar dos dois dentes da entrada dos canais, pois a sua integridade
continuam separadas, mas pode em alguns tende a guiar o instrumento;
casos haver fusão parcial ou total no sistema de 3. Conservação da estrutura dentária,
canais radiculares. prevenindo a fratura e o enfraquecimento do
esmalte e dentina remanescentes;
• CONCRESCÊNCIA 4. Prover formas de resistência para
permanência total do selamento provisória da
É a união de dois cavidade de acesso até a colocação da
dentes pelo cemento em restauração final;
comum sem confluência da 5. Obtenção de acesso reto e livre até a
dentina subjacente. Não primeira curvatura do canal.
gera alteração na morfologia
do sistema de canais
radiculares, porém pode
FATORES A CONSIDERAR
desenvolver-se após uma lesão inflamatória
perirradicular, em duas raízes muito próximas, 1. Exame clínico e radiográfico: através deles
quando a área da lesão é reparada em parte observaremos as condições iniciais dos dentes,
pela deposição de cemento. grau de comprometimento pela cárie, detalhe
da coroa e raízes, como viabilidade para
Aula 3 realizar o isolamento, grau de
comprometimento do assoalho da câmara
pulpar, observar curvatura das raízes, se o
Acesso Cirúrgico dos Dentes dente é passível de intervenção, ou se é
necessário algum procedimento adicional.
Superiores e Inferiores 2. Angulação, posição de cúspides e anatomia
externa: observar a angulação do dente na
É o procedimento executado com o
arcada para que se possa seguir corretamente
objetivo de criar um meio de acessar o sistema
o longo eixo do dente no acesso, posição das
de canais radiculares, para a realização do
cúspides e anatomia externa para servir de
preparo químico-cirúrgico. Todas as fases do
referência. A anatomia interna tende a seguir o
tratamento endodôntico dependem
contorno da anatomia externa dos dentes.
inicialmente do acesso e localização dos canais
radiculares.
3. Mudança na anatomia externa ocasionada
Uma cirurgia de acesso bem executada,
por restaurações/coroas: tratamentos
baseada em um conhecimento apurado da
restauradores podem corrigir inclinações para
anatomia da cavidade pulpar, facilita a
conferir funcionalidade aos dentes. Nestes

13
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casos, pode passar a falsa impressão de que o Depois estabelecemos uma forma de contorno
longo eixo do dente segue a direção observada inicial que será paralela à forma de contorno
na coroa. É importante sempre observar estes mais comum encontrada nos mesmos tipos de
detalhes comparando com o exame dentes acessados, e define-se por último a
radiográfico. direção de trepanação que busca geralmente o
caminho para atingir a porção mais volumosa
4. Palpação da gengiva inserida e mucosa da câmara pulpar.
vestibular: o exame radiográfico nos fornece o
grau de inclinação no sentido mesio-distal. Para 2. Preparo da câmara pulpar
observar a inclinação aproximada no sentido
vestíbulo-palatino, ou vestíbulo-lingual, é Estabelecemos a forma de contorno
importante fazer a palpação na mucosa, na final do preparo cavitário, seguindo a direção
região correspondente à raiz do dente. real encontrada nas paredes da câmara pulpar
do dente, removendo sempre todo o teto da
5. Em intervenções ou em tratamentos câmara pulpar.
previamente iniciados por outro profissional,
observar a situação do canal: observar 3. Configuração final da cavidade
materiais obturadores utilizados, presença de intracoronária (forma de conveniência)
retentores intra-radiculares, se há algum tipo
de perfuração, desvio, instrumento obstruindo Fazemos um refinamento do acesso,
o canal etc. com desgaste adicional em algumas paredes,
quando necessário, de forma a permitir o
6. Remoção de toda cárie: não temos como melhor acesso direto dos instrumentos ao
trabalhar a desinfecção do sistema de canais interior dos canais radiculares.
radiculares deixando a câmara pulpar e coroa Existem vários tipos de instrumentos
repletas de bactérias não removidas rotatórios que podem ser utilizadas para a
mecanicamente. realização do acesso cirúrgico dos dentes,
entre elas podemos citar pontas diamantadas
7. Remoção total da restauração permanente: ou carbide, esféricas, tronco-cônicas com ou
ideal para que se tenha a garantia de que não sem corte na ponta, brocas específicas para
há presença de tecido cariado por baixo do acesso como a Endo-Z ou brocas de Mueller
remanescente restaurador. para baixa rotação. É importante sempre
definir a melhor escolha dentro da etapa do
Em alguns casos, as paredes do dente podem
acesso cirúrgico que estiver realizando,
ser reconstruídas para facilitar o isolamento,
dificultando a penetração de saliva no campo adequando também o comprimento ideal para
de trabalho, e permitir criar um reservatório de cada situação.
hipoclorito durante a irrigação.
ACESSO CIRÚRGICO DOS DENTES SUPERIORES
MANOBRAS OPERATÓRIAS
INCISIVOS SUPERIORES
1. Acesso a câmara pulpar
• Ponto de eleição: parte mais central da face
Escolhemos um ponto ou área de palatina.
eleição, correspondente geralmente a uma
posição que direcione ao centro da câmara • Forma de contorno inicial: forma triangular,
pulpar seguindo-se o longo eixo do dente. com base voltada para a borda incisal.

14
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Estende-se de 2 a 3mm da borda incisal, e dente, até que todo o teto tenha sido
aproximadamente a 2mm do tubérculo removido.
palatino. A broca corta perpendicularmente
à superfície do esmalte. • Configuração final da cavidade
intracoronária: desgaste compensatório
• Direção de trepanação: paralela ao longo pela remoção do ombro lingual.
eixo do dente até penetrar na cavidade
pulpar.

• Preparo da câmara pulpar: movimentos de


tração do interior para a superfície do dente
até que todo o teto tenha sido removido.

• Configuração final da cavidade PRÉ-MOLARES SUPERIORES


intracoronária: realiza-se o desgaste
compensatório pela remoção do ombro • Ponto de eleição: área central da face
lingual. oclusal.

• Forma de contorno inicial: forma elíptica


para o 1ºPMS, por apresentar geralmente
dois canais, ou ovoide, com maior
dimensão no sentido vestíbulo-palatino, de
acordo com a anatomia interna da cavidade
pulpar.
CANINOS SUPERIORES
• Direção de trepanação: inicia-se paralela ao
• Ponto de eleição: parte mais central da face longo eixo do dente, até as imediações da
palatina, semelhante aos incisivos. cavidade pulpar, depois progride-se com
uma leve inclinação em direção ao canal
• Forma de contorno inicial: forma palatino (porção mais volumosa da
losangular, devido ao divertículo central cavidade pulpar) até atingir a cavidade
correspondente à cúspide perfurante pulpar.
desses dentes, que principalmente nos
jovens apresenta-se bastante pronunciada. • Preparo da câmara pulpar: remoção de
A broca corta perpendicularmente à todo o teto da câmara pulpar.
superfície do esmalte. Complementa-se a forma ovoide da
cavidade deixando-a ligeiramente
• Direção de trepanação: paralela ao longo expulsiva.
eixo do dente até penetrar na cavidade
pulpar. • Configuração final da cavidade
intracoronária: sondagem dos orifícios de
• Preparo da câmara pulpar: movimentos de entrada dos canais para observação de suas
tração do interior para a superfície do direções e analise da necessidade de
desgaste adicional, a fim de facilitar o

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acesso direto das limas endodônticas em


todas as paredes dos canais.
ACESSO CIRÚRGICO DOS DENTES INFERIORES
INCISIVOS INFERIORES

• Ponto de eleição: parte mais central da face


lingual.
MOLARES SUPERIORES
• Forma de contorno inicial: forma triangular,
• Ponto de eleição: na superfície oclusal, no com base voltada para borda incisal.
centro da fossa mesial. Estende-se desde aproximadamente 2mm
da borda incisal até 1 a 2mm do tubérculo
• Forma de contorno inicial: a abertura deve lingual. A broca corta perpendicularmente à
ser estendida do centro da fossa mesial em superfície do esmalte.
direção distal, até ultrapassar o sulco
ocluso-vestibular. Configura-se a parede • Direção de trepanação: paralela ao longo
vestibular paralela à face do dente. Desse eixo do dente até penetrar na cavidade
ponto distal, segue-se em direção palatina, pulpar.
atravessando a fossa central, para daí se
unir ao ponto inicial, conferindo à cavidade • Preparo da câmara pulpar: movimentos de
uma forma triangular de base voltada para tração do interior para a superfície do
vestibular. dente, até que todo o teto tenha sido
removido.
• Direção de trepanação: inicia-se
paralelamente ao longo eixo do dente até • Configuração final da cavidade
as imediações da câmara pulpar, a seguir intracoronária: desgaste compensatório
utiliza-se uma broca esférica, de tamanho pela remoção do ombro lingual.
compatível, ligeiramente inclinada em
direção ao canal palatino.

• Preparo da câmara pulpar: movimentos de


tração para remoção do teto da câmara
pulpar e preparo das paredes laterais.
Verificar a presença de convexidade na
parede mesial da câmara pulpar que pode CANINOS INFERIORES
formar um istmo próximo ao assoalho
encobrindo o canal MV2. • Ponto de eleição: parte mais central da face
lingual, semelhante aos incisivos.
• Configuração final da cavidade
intracoronária: mais ampla e mesializada no • Forma de contorno inicial: forma
1ºMS. Um pouco mais centralizada no ligeiramente ovalada, em função do seu
2ºMS. achatamento mesiodistal, extensão cérvico
incisal e o divertículo incisal mediano. A
broca corta perpendicularmente à
superfície do esmalte.

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• Direção de trepanação: paralela ao longo remover a cúspide vestibular quando a


eixo do dente até penetrar na cavidade inclinação da coroa para lingual é muito
pulpar. acentuada.

• Preparo da câmara pulpar: movimentos de


tração do interior para a superfície do
dente, até que todo o teto tenha sido
removido.
MOLARES INFERIORES
• Configuração final da cavidade
intracoronária: desgaste compensatório • Ponto de eleição: centro da superfície
pela remoção do ombro lingual. oclusal, no sulco central, ligeiramente
deslocado para mesial.

• Forma de contorno inicial: forma


trapezoidal com base maior para mesial,
quando apresenta apenas um canal na raiz
distal. Quando apresente dois canais na raiz
distal a parede distal fica mais próxima ao
PRÉ-MOLARES INFERIORES tamanho da mesial.

• Ponto de eleição: posicionado para • Direção de trepanação: paralela ao longo


vestibular do sulco central no sentido eixo do dente até penetrar na cavidade
vestibulolingual, e ligeiramente para mesial pulpar.
da face oclusal no sentido mesiodistal.
• Preparo da câmara pulpar: movimentos de
• Forma de contorno inicial: ovóide no tração do interior para a superfície do
sentido vestibulolingual, ficando mais dente, de acordo com a exigência da
próxima à cúspide vestibular, devido à anatomia pulpar.
inclinação para lingual que estes dentes
apresentam. • Configuração final da cavidade
intracoronária: desgaste compensatório na
• Direção de trepanação: paralela ao longo parede mesial, no sentido dos canais
eixo do dente até penetrar na cavidade mesiais. Observar a linha que une os dois
pulpar. canais mesiais, secando o assoalho e
explorando-a em busca do canal
• Preparo da câmara pulpar: movimentos de mesiomesial que pode estar presente neste
tração do interior para a superfície do local.
dente, de acordo com a exigência da
anatomia pulpar.

• Configuração final da cavidade


intracoronária: pode ser necessário

17
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Atualmente existe uma tendência a de adequar à linha de oclusão: observar


realizar o acesso cirúrgico de forma mais sempre a direção real do longo eixo do
conservadora, removendo o mínimo possível dente na radiografia, e não apenas
de estruturas sadias do dente. É extremamente baseando-se no exame clínico da coroa.
importante que na realização deste • Não fazer a sondagem e remoção de
procedimento, não se comprometa o acesso
istmos, ou observar canais adicionais
necessário para visualizar e atingir todas as
presentes no elemento. Em molares
paredes da câmara pulpar e canais radiculares,
permitindo a correta modelagem e obturação. inferiores por exemplo, quando há
Alguns acessos não convencionais presença de dois canais na raiz distal, os
podem ser utilizados em algumas canais tendem a encontrar-se deslocados
circunstâncias. O acesso em dentes anteriores da linha média do assoalho para vestibular
inferiores pela vestibular pode ser utilizado em ou lingual. Quando há presença de apenas
casos onde a face vestibular encontra-se mais um canal na raiz distal, este tende a estar
destruída do que a lingual, e há necessidade de centralizado na porção distal do assoalho.
preservar esta face lingual, ou quando há
necessidade de criar uma melhor via de acesso Aula 4
para um canal radicular que esteja sendo
impossível de se acessar pela lingual. Em
dentes que serão submetidos ao preparo para
Material e Instrumental
coroa total, pode ser feito um acesso mais
direto ao canal pela face incisal em dentes Endodôntico
anteriores para preservar mais as paredes
adjacentes. Outras variações de acesso podem
ser encontradas de acordo com a necessidade
LIMAS ENDODÔNTICAS MANUAIS
de cada caso clínico.

ERROS FREQUENTES NO ACESSO CIRÚRGICO


• Desgaste excessivo da porção coronária:
muito comum em casos onde o canal
encontra-se parcialmente calcificado com Observações:
maior dificuldade de acesso ao canal.
- A lâmina de corte sempre tem 16mm
• Não remoção do teto da câmara pulpar.
independente da lima, o que varia é o tamanho
• Em dente anteriores, não corrigir a do intermediário.
inclinação da broca para fazer a trepanação. - As lâminas devem ter conicidade, e a cada
Nestes casos ocorrerá uma perfuração pela milímetro a conicidade aumenta 0,02mm.
face vestibular. - O nº da lima corresponde ao D0.
• Perfuração de assoalho da câmara pulpar: é
importante sempre analisar com cuidado as Ex:
radiografias para determinar a amplitude
da câmara pulpar e distancia necessária D0= 0,25mm
para a trepanação. D1= 0,27mm
D2= 0,29mm
• Perfuração pela mesial em dentes
D3= 0,31mm
mesializados com coroa reconstruída para

18
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d) Quanto ao tipo (sessão transversal)


CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS
a) Lima tipo K: sessão transversal quadrangular
a) Quanto à série □.

• Especial: 0,6/0,8/10 b) Lima Flexofile: sessão transversal


• 1ª Série: 15,20,25,30,35,40 triangular■.
• 2ª Série: 45,50,55,60,70,80
• 3ª Série: 90, 100, 110, 120, 130, 140 c) Limas tipo Hedstroen: sessão transversal
circular ○.
b) Quanto à cor

• 006: rosa
• 008: cinza especiais
• 010: roxa

• 015: branca
• 020: amarela
• 025: vermelha
1ª série

• 030: azul Figura 1. Esquema de organização das limas endodônticas na endobox.


• 035: verde
• 040: preta CINEMÁTICA DOS INSTRUMENTOS
• 045: branca
• 050: amarela
• 055: vermelha
2ª série

• 060: azul
• 070: verde
• 080: preta
• 090: branca
a) Rotação alternada
• 100: amarela
• 110: vermelha
3ª série

1. Avanço;
• 120: azul 2. Rotação à direita;
• 130: verde 3. Rotação à esquerda;
• 140: preta 4. Retrocesso de 1 a 1,5mm;
5. Avanço.
c) Quanto ao comprimento

• 21mm
• 25mm
• 28mm Figura 2. Movimento de rotação alternada.
• 31mm

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Observações: Movimento feito com lima especial para o


reconhecimento do canal.
- O ideal é que a lima esteja justa no canal.
- As limas K e Flexofile são usadas no Aula 5
movimento de rotação alternada.

b) Movimento de limagem Radiologia em Endodontia


1. Avanço;
A técnica radiográfica mais utilizada na
2. Pressão lateral;
endodontia é a periapical, podendo ser
3. Tração.
realizada com filmes convencionais, sensores
radiográficos e placas de fósforo.
Para obter qualidade é necessário
observar, principalmente:

- Tempo de exposição;
Figura 3. Movimento de limagem. - Filme;
- Processamento;
As limas K, Flexofile e Hedstroen são usadas no
- Angulação e posicionamento adequados.
movimento de limagem.

Obs: a lima Hedstroen faz somente o PRINCIPAIS CAUSAS DE REPETIÇÕES


movimento de limagem.
DE IRRADIAÇÕES
c) Alargamento e limagem
• Contraste e/ou densidade ótica incorretos:
1. Avanço; tempo de revelação muito curto,
2. Rotação à direita (1/4 a 1/3 de volta);
temperatura muito baixa. Dificulta detecção
3. Tração com pressão lateral.
de pequenos detalhes.

• Superposição: angulação incorreta.

• Distorção: angulação vertical e/ou horizontal


errada.
Figura 4. Movimento de alargamento e limagem.

Movimento feito somente com a lima K e • Exposição: superposição ou subexposição.


Flexofile.
• Velamento do filme: entrada de luz na câmara
d) Movimento de cateterismo
escura.
1. Pequenos avanços;
2. Rotação à direita ou à esquerda; CUIADOS NA PROTEÇÃO DO PACIENTE E EQUIPE
3. Pequenos retrocessos.
- Avental, colar, parede de chumbo e biombo;
- Verificação do aparelho (manutenção).

Figura 5. Movimento de cateterismo. 20


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periodontal. Representa a porção da parede


FILMES do alvéolo onde se inserem as extremidades
das fibras periodontais.
Podem ser de sensibilidade D, E e F. Os
filmes de sensibilidade E reduziram em 40 a
50% a dose de radiação necessária para se • Osso alveolar: chamado também de osso
obter uma imagem radiográfica com a mesma trabecular ou osso esponjoso. Apresenta-se
qualidade dos filmes de sensibilidade D. como uma estrutura trabecular radiopaca,
Segundo Ludlow (2002), o filme Insight limitada por espaços radiolúcidos.
requer apenas 77% de exposição em relação ao
filme Ektaspeed Plus e 44% de exposição em • Seio maxilar: é o maior dos seios paranasais,
relação ao filme Ultraspeed. Não há perda de mostrando-se como uma área radiolúcida de
contraste ou resolução aos filmes de forma arredondada, ovóide ou multiloculada
sensibilidade E. e contornos bem definidos por uma linha
radiopaca que o delimita, devido a uma maior
Observações:
densidade de suas paredes.
- A radiografia é bidimensional;
- A tomografia computadorizada é • Septos ou tubérculos: são frequentemente
tridimensional; encontrados, parecendo dividir o seio maxilar
- Na microtomografia ainda não é possível em mais de uma cavidade.
trabalhar em pacientes, pois o tempo de
irradiação é por um tempo longo e o paciente • Processo zigomático da maxila: é uma área de
deveria ficar imóvel durante esse tempo. forte condensação óssea, onde a maxila se
articula com o osso zigomático,
COMO INTERPRETAR UM EXAME RADIOGRÁFICO apresentando-se como uma sombra
radiopaca, em forma de U ou V. Em direção
posterior, pode notar-se também uma
➳Estruturas anatômicas:
estrutura de menor radiopacidade, que é a
• Esmalte: radiopaco, circundando a coroa do imagem do osso zigomático.
dente.
• Canal mandibular: espessa linha radiolúcida
• Dentina: tem menos radiopacidade, delimitada por bordas radiopacas, abaixo das
internamente ao esmalte e o cemento. raízes dos molares e pré-molares, onde corre
o feixe vásculo-nervoso dentário inferior.
• Cemento: não tem diferença de
radiopacidade da dentina. • Espinha nasal anterior: localizada na linha
média. É observada na porção inferior do
septo nasal. Aparece radiograficamente
• Sistema de canais: área radiolúcida no centro
como uma área radiopaca em forma de V.
do dente.

• Sombra do nariz: observada, em alguns casos,


• Espaço do ligamento periodontal: área
como uma área radiopaca sobreposta as
radiolúcida adjacente à raiz.
raízes dos incisivos superiores ou ao osso
• Cortical alveolar ou lâmina dura: linha
radiopaca que circunda o ligamento

21
Hurian Machado – Odontologia UNIG

alveolar, aumentando seu grau de • Hâmulo pterigoideo: apresenta-se como uma


radiopacidade. imagem radiopaca em forma de gancho,
situado posteriormente à tuberosidade da
• Fossas nasais: apresentam-se nas maxila.
radiografias periapicais da região de incisivos
superiores. Em alguns casos, observa-se, nas • Tuber da maxila: representa o limite posterior
paredes laterais das fossas nasais, estruturas do processo alveolar, apresentando-se como
menos radiolúcidas que representam as um osso medular normal com um menor grau
conchas nasais inferiores. de radiopacidade, já que é mais esparso e os
espaços medulares são maiores.
• Fossa sub-nasal ou incisiva: é uma depressão
óssea existente ao nível dos incisivos laterais • Fóvea submandibular: é uma área côncava,
e caninos superiores, limitada resultante de um adelgaçamento do corpo da
posteriormente pela eminência. Pode ser mandíbula, situada na sua face lingual, abaixo
visualizada como uma área radiolúcida. dos dentes molares, a qual aloja a glândula
submandibular. Configura-se como uma área
• Canais nutrientes: vistos como linhas radiolúcida, pobremente definida.
radiolúcidas, que correspondem aos trajetos
intra-ósseos das arteríolas ou veias. • Forame mentoniano: área radiolúcida
arredondada ou oval, de pequena extensão,
• Canal incisivo: duas linhas radiolúcidas de localizado, na maioria dos casos entre os
forma ovalada, de largura e longitude ápices dos dois pré-molares inferiores.
variáveis, exteriormente delimitadas por
duas linhas radiopacas, que são o registro de • Tubérculos genianos: são saliências ósseas
suas paredes laterais. Localiza-se entre os localizadas na porção mediana da mandíbula,
incisivos centrais superiores. as quais dão inserção aos músculos milo-
hióide e genioglosso, aparecendo nas
• Forame incisivo: situado à altura do rebordo radiografias periapicais como um anel
alveolar, entre as raízes dos incisivos centrais radiopaco abaixo do ápice dos incisivos
superiores ou acima de seus ápices. Estes centrais, circundando a foramina lingual.
podem variar muito no tamanho e no
formato, aparecendo como áreas • Y invertido de Ennis: representa a interseção
radiolúcidas ovais, em forma de coração ou do assoalho da fossa nasal com a parede
em forma de diamante. anterior do seio maxilar. Consiste em uma
estrutura meramente radiográfica em
• Sutura intermaxilar: sutura entre os dois decorrência de efeito de projeção.
processos maxilares. Aparece
radiograficamente como uma linha • Processo coronóide da mandíbula:
radiolúcida na linha média, estendendo-se apresenta-se como uma imagem radiopaca
desde a crista alveolar entre os incisivos de contornos nítidos, de forma triangular,
centrais superiores até a porção posterior do geralmente superposto à tuberosidade da
palato duro. maxila.

22
Hurian Machado – Odontologia UNIG

• Protuberância do mento: é uma área de - Demais radiografias necessárias para


condensação óssea da mandíbula, vista na execução da terapia endodôntica em cada caso
região de incisivos, de tamanho variável, que específico.
se estende desde a região de pré-molares até
a sínfese, tendo a forma de uma pirâmide, • Radiografia inicial
cuja base corresponde à borda inferior da É o exame que nos fornece os primeiros
mandíbula. detalhes dos dentes que serão tratados.
Determinamos através dela a medida do
• Linha oblíqua externa: continuação da borda comprimento aparente do dente.
anterior do ramo ascendente da mandíbula.
Apresenta-se como uma faixa radiopaca que • Radiografia de odontometria
cruza transversalmente o corpo da É realizada com uso de uma lima
mandíbula à altura do terço médio das raízes inserida em cada canal radicular, para verificar
dos dentes molares. a medida do comprimento aparente do dente,
fazendo os devidos ajustes quando necessário,
• Linha oblíqua interna: apresenta-se como para determinação do comprimento de
uma linha radiopaca que se origina na porção trabalho e de patência dos canais.
média do ramo da mandíbula, cruza-o
diagonalmente em direção ao corpo ao nível • Radiografia de prova de cones
dos ápices dos molares. É realizada com uso dos cones de guta-
percha principais que serão utilizados na
• Base da mandíbula: linha fortemente obturação dos canais radiculares, para verificar
radiopaca, que é visível em função de um se estão devidamente ajustados no
maior aprofundamento do filme, excesso de comprimento de trabalho (CT).
angulação vertical ou de uma grande
reabsorção do rebordo alveolar. • Radiografia de obturação
É realizada após a inserção dos
• Forame lingual: pequena área radiolúcida, de materiais obturadores, para verificar os limites
forma circular, situada na linha média da apicais da obturação e preenchimento
mandíbula, abaixo do ápice dos incisivos adequado dos canais radiculares.
centrais, aparecendo normalmente no centro
das espinhas genianas. • Radiografia final

RADIOGRAFIAS REALIZADAS RELACIONADAS AO É realizada após o corte, compactação


da guta-percha e selamento coronário
TRATAMENTO ENDODÔNTICO provisório, para documentação e verificação do
preenchimento adequado da cavidade pupar.
- Radiografia inicial;
- Radiografia de odontometria; • Radiografias de proservação
- Radiografia de prova de cones; São realizadas em determinados
- Radiografia de obturação; períodos após a conclusão da terapia
- Radiografia final; endodôntica para verificação da cicatrização
- Radiografias de proservação; dos tecidos peri-radiculares.

23
Hurian Machado – Odontologia UNIG

• Demais situações clínicas • Ângulos de incidência do feixe de raios-x


Na realização de tratamentos diferenciados e - Verticais: é dado pelo movimento vertical do
no uso como recurso semiotécnico para tubo de raio-x, permitindo que o feixe central
diagnóstico. de raios-x incida perpendicular ao plano
bissetor, que é o plano do longo eixo do filme e
o plano de longo eixo do dente. O ângulo
TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS INTRABUCAIS vertical interfere no comprimento do dente.
E EXTRABUCAIS - Horizontais: é dado pelo movimento
horizontal do tubo de raios x. O feixe central
• Técnicas Instrabucais
deve incidir paralelo aos espaços
interproximais dos dentes, para evitar a
a) Técnica Periapical do Paralelismo sobreposição dos mesmos.
Faz-se o uso de posicionadores radiográficos.
Obs: se o ângulo vertical for diminuído,
b) Técnica Periapical da Bissetriz ocorrerá alongamento da imagem; se o ângulo
vertical for aumentado, ocorrerá
O feixe central de raio-x deve ser perpendicular encurtamento da imagem.
à bissetriz do ângulo formado pelo longo eixo
do filme e o longo eixo do dente. • Áreas de incidência do feixe de raios-x
O feixe central de raios-x deve ser
sempre direcionado para o ápice radicular do
elemento a ser analisado. Utilizam-se também
para detectar linhas imaginárias de referência
que orientam para uma posição aproximada da
posição no qual o feixe central de raios-x deve
incidir:

➳Linha traçada a partir de:


• Posicionamento da cabeça do paciente
- Molares: 1cm atrás da comissura palpebral
➳Linhas de referência: externa;
- Pré-molares: centro da pupila;
1. Maxila: Plano de - Caninos: asa do nariz;
Camper, linha que vai do - Incisivos: ápice do nariz.
trágus à asa do nariz, e
Plano Sagital Mediano na Seguindo perpendicular até a
perpendicular em relação intersecção com a linha do Plano de Camper
ao solo. para dentes da maxila, e linha imaginária
situada 0,5cm da borda inferior da mandíbula
2. Mandíbula: Plano de para dentes da mandíbula.
Camper, linha que vai do
trágus à comissura labial na • Posicionamento do filme
horizontal, e o Plano Sagital
Mediano na perpendicular - Incisivos e caninos: filme na vertical;
em relação ao solo. - Pré-molares e molares: filme na horizontal.

24
Hurian Machado – Odontologia UNIG

Aula 6
Obs: Picote sempre voltado para oclusal ou
incisal.
PREPARO QUÍMICO-MECÂNICO DO
• Método de Clark
Deslocamento horizontal do tubo de
SISTEMA DE CANAIS RADICULARES
raios-x para dissociação de imagens
O preparo químico-mecânico de um
sobrepostas em radiografias ortorradial. Se
canal radicular é realizado por meio do
deslocarmos para a mesial, a palatina
emprego de instrumentos endodônticos, de
acompanha o deslocamento ficando mais
substâncias ou soluções químicas auxiliares e
próxima e a vestibular desloca-se no sentido
da irrigação-aspiração. Na realização do
contrário. Se deslocarmos para distal ocorre o
preparo não se pode separar procedimentos
mesmo.
mecânicos de químicos, visto que o resultado
final do preparo de um canal radicular decorre
da interação dos instrumentos endodônticos
com as substâncias químicas auxiliares e com a
irrigação-aspiração que se completam.
O objetivo do preparo químico-
mecânico é limpar, ampliar, e dar forma
definida ao canal radicular (modelagem) para
que ele possa receber o material obturador.
Figura 6. Método radiográfico de Clark
para dissociação de canais.
LIMPEZA E DESINFECÇÃO
• Método de Le Master
A limpeza e desinfecção do sistema de
Utilizado quando ocorre sobreposição canais radiculares visam à eliminação de
de estrutura anatômica, ajustando o ângulo irritantes como microrganismos, seus produtos
vertical, mudando a posição do filme e tecido pulpar vivo ou necrosado, criando um
radiográfico, através da colocação de um rolete ambiente propício para a reparação dos tecidos
de algodão adjacente ao filme, fixando-o com perirradiculares. É importante lembrar que o
uma fita melhorando as condições do objetivo da desinfecção se aplica somente aos
paralelismo entre o longo eixo do filme e o casos de necrose e de retratamento, nos quais
longo eixo do dente a ser radiografado. geralmente há infecção do sistema de canais
radiculares.
• Técnicas Extrabucais As substâncias utilizadas durante o
preparo químico-mecânico devem possuir
- Técnica periapical extraoral propriedades solventes de matéria orgânica e
de atividade antimicrobiana, além de
Utilizada em casos com dificuldade de apresentar baixa tensão superficial e baixa
fazer a técnica periapical intraoral, como em viscosidade (grande molhabilidade).
pacientes com assoalho de boca raso e
pacientes com muita ânsia de vômito. O filme é
posicionado externamente à boca do paciente, AMPLIAÇÃO E MODELAGEM
que deve permanecer com a boca aberta.
A ampliação e modelagem visam, por
meio da instrumentação, à confecção de um

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canal de formato cônico com o menor Exemplo:


diâmetro apical e o maior nível coronário.

ETAPAS DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO


1. Cirurgia de acesso;
2. Odontometria provisória;
3. Sondagem e exploração;
4. Preparo-químico mecânico;
5. Odontometria definitiva;
6. Finalização do preparo químico-
mecânico;
7. Obturação endodôntica.

PREPARO QUÍMICO-MECÂNICO – PQM Obs: OP – 2mm é a margem de segurança.

• TÉCNICA COROA-ÁPICE OU CROWN-DOWN


• ODONTOMETRIA
Nesta técnica, a limpeza é feita do terço
Pode se feita de duas formas: através da cervical avançando para o ápice.
radiografia, onde medimos o dente pela
radiografia (método de Ingle) ou através da 1. Sondagem
medida eletrônica, utilizando um localizador
apical. Tem objetivo de localizar a entrada dos canais,
e é feita utilizando a sonda Rhein.
a) Método radiográfico (de Ingle)
2. Exploração do canal radicular
Deve-se medir com a régua milimetrada
a radiografia inicial do ápice à incisal/oclusal. A Seu objetivo é fazer o reconhecimento
medida obtida é chamada de CAD anatômico, para detectar a forma do canal, seu
(comprimento aparente do dente). diâmetro e a presença de possíveis
calcificações. A exploração é realizada com as
limas da série especial (06,08 e 10) e deve-se
ajustar o cursor no comprimento da OP e
introduzir no canal, fazendo movimento de
cateterismo para reconhecimento do canal. O
cursor para na incisal/oclusal após atingir a
medida necessária.
Figura 7. Método radiográfico de Ingle.

Obs: é aparente pois pode haver distorção na - Fundamentos:


radiografia, podendo ocorrer alongamento ou
encurtamento do dente. 1. Lima compatível (série especial);
2. Comprimento pré-estabelecido (OP);
1. Odontometria provisória 3. Cinemática de uso do instrumento –
- CAD: comprimento aparente do dente; movimento de cateterismo.
- OP: odontometria provisória;
- CIL: comprimento inicial de limpeza

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- Passo a passo da técnica:

1.Deve-se iniciar o PQM realizando a irrigação


do canal com hipoclorito de sódio e testar a
lima no canal (que deve estar justa dentro
dele), ajustando o cursor no CIL (15mm).
Introduzir a lima que melhor se ajusta no canal,
neste exemplo, a lima K55, e então deve-se
introduzir fazendo o movimento de
alargamento e limagem, até que a lima fique 3.Com a próxima lima K45, deve-se avançar
frouxa no canal e o cursor atinja a mais 2mm, ajustando o cursor em 19mm e
incisal/oclusal quando introduzir 15mm. introduzir a lima até que o cursor atinja a
incisal/oclusal. Deve-se introduzir a lima
fazendo movimento de alargamento e
limagem. Quando ficar frouxa no canal, deve-
se tirá-la e coloca-la no tamborel. Em seguida,
irrigar, aspirar e irrigar novamente, e fazer a
recapitulação até a OP (24mm) com a lima
especial. Troca-se a lima.

4.Com a próxima lima K40, deve-se avançar


mais 2mm, ajustando o cursor em 21mm e
introduzir a lima até que o cursor atinja a
incisal/oclusal. Deve-se introduzir a lima
fazendo movimento de alargamento e
2.Após essa etapa, deve-se escolher a próxima limagem. Quando ficar frouxa no canal, deve-
lima que será menor que a lima inicial, neste se tirá-la e coloca-la no tamborel. Em seguida,
caso, a lima K50. Deve-se avançar de 2 em 2mm irrigar, aspirar e irrigar novamente, e fazer a
em direção ao ápice de uma lima para outra, recapitulação até a OP (24mm) com a lima
ajustando o cursor agora em 17mm. Deve-se especial. Troca-se a lima.
introduzir a lima fazendo movimento de
alargamento e limagem. Quando ficar frouxa
no canal, deve-se tirá-la e coloca-la no
tamborel. Em seguida, irrigar, aspirar e irrigar
novamente, e fazer a recapitulação até a OP
(24mm) com a lima especial. Troca-se a lima.

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5.Com a próxima lima K35, deve-se avançar 2. Odontometria definitiva


mais 2mm, ajustando o cursor em 23mm e
introduzir a lima até que o cursor atinja a • Determinação do CT – comprimento de
incisal/oclusal. Deve-se introduzir a lima trabalho (1mm aquém do ápice
fazendo movimento de alargamento e radiográfico);
limagem. Quando ficar frouxa no canal, deve-
• Determinação do CP – comprimento de
se tirá-la e coloca-la no tamborel. Em seguida,
patência (comprimento total do dente).
irrigar, aspirar e irrigar novamente, e fazer a
recapitulação até a OP (24mm) com a lima Situações:
especial. Troca-se a lima.
• Se ao radiografar estiver 2mm aquém:
avançar mais 1mm e radiografar novamente.
Neste caso, o CT será 25mm (24mm + 1mm=
25mm);
• Se ao radiografar estiver no ápice: recuar
1mm e radiografar novamente. Neste caso, o
CT será 23mm (24mm – 1mm= 23mm).

6. Com a próxima lima K30, deve-se avançar


mais 1mm, ajustando o cursor do tamanho da
OP (24mm) e introduzir a lima até o cursor
parar na incisal/oclusal, chegando na OP
(24mm). Não deve fazer movimento, apenas
introduzir e radiografar com a lima dentro do
canal, para ajustar ficando 1mm aquém do
ápice.

Isso pode acontecer devido as


alterações que podem ocorrer na radiografia
inicial, causando aumento ou diminuição da
imagem quando medimos a OP. Por isso, ao
determinarmos o CT (comprimento de
trabalho), a OP deve ser esquecida.

- Finalização do PQM:
Figura 8. Obs: em 24mm, a lima correta é a
K30, e não a K35 como descrito na imagem. • Batente apical: ombro apical confeccionado
no CT;
Obs: a recapitulação com a lima especial é feita
• Patência: limpeza do milímetro final do canal
para evitar a obstrução do canal.
radicular.
Após definir o comprimento de
trabalho, com a lima que ficou justa (K30),
deve-se fazer movimento de alargamento e
limagem até que a lima fique frouxa no canal,

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irrigar/aspirar/irrigar e fazer a patência Aula 7


(recapitulação) com uma lima da série especial
no comprimento de patência (CP), fazendo
movimento de cateterismo. SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS NO PREPARO
Para confeccionar o batente, deve-se
utilizar além da lima K30, a lima K35 e K40. Com DOS CANAIS RADICULARES
a lima K35, deve-se fazer o movimento de
alargamento e limagem, irrigar/aspirar/irrigar, Os meios químicos utilizados no
e fazer a recapitulação na patência. Logo após, preparo biomecânico dos canais radiculares se
com a lima K40, deve-se fazer o movimento de dão pelas soluções irrigadoras. O emprego
alargamento e limagem, irrigar/aspirar/irrigar e dessas substâncias químicas tem como
fazer a recapitulação na patência. objetivo promover a limpeza, ampliação e
modelagem do canal radicular. Dentre essas
Obs: A obturação do canal soluções auxiliares da instrumentação
também deve ser feita 1mm endodôntica, as mais comumente utilizadas em
aquém do ápice e para isso é endodontia são os compostos halogenados,
preciso criar uma barreira, que é quelantes, ácidos, peróxidos e detergentes,
o batente. Sua função é criar um além de associações e/ou mistura dessas
ombro impedindo que o substâncias.
material obturador extravase via canal. Ele
deve ser feito no comprimento de trabalho,
1mm aquém do ápice. É confeccionado sempre
PROPRIEDADES FISICO-QUÍMICAS DAS
com a lima que ajustou no CT e mais duas limas SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
mais calibrosas.
1. Solvente de matéria orgânica;
- IMPORTANTE:
2. Quelante (são substâncias que tem a
capacidade de remover a smear layer e
capturar íons cálcio da dentina, tornando-a
menos mineralizada e “amolecida”, facilitando
dessa forma a instrumentação do canal);

3. Atividade antibacteriana;

Obs: a explicação da técnica de PQM descrita 4. Suspensão de fragmentos;


acima foi feita através de um exemplo para
simplificar o entendimento, logo, essas medidas e
5. Lubrificante;
limas citadas NÃO são uma regra geral para todos
os casos clínicos. Cada canal possui medidas
diferentes e consequentemente limas diferentes 6. Baixa tensão superficial (leva a um melhor
deverão ser utilizadas. molhamento);

7. Umectante (molhamento).

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- Usada em pacientes alérgicos ao hipoclorito


1. COMPOSTOS HALOGENADOS de sódio;
- Usada em dentes com forames amplos;
A) HIPOCLORTIO DE SÓDIO (NAOCL) - Relativa ausência de toxicidade.
- Agente bactericida;
- Solvente de matéria orgânica; 2. QUELANTES
- Possui baixa tensão superficial (maior
a) EDTA (Ácido Etilenodiamino Tetracético
umectação); Dissódico)
- Possui pH alcalino (neutraliza o meio,
- Solução salina, derivada de um ácido fraco;
dificultando a sobrevivência de bactérias); - Promove a quelação de íons cálcio da dentina;
- Remove a smear layer.
- Promove a saponificação de lipídeos;
- Agente desodorizante;
- Aumenta a permeabilidade dentinária; - EDTA 17g
- Agente clareador. - Água destilada 100ml
- Hidroxido de sódio 9,8ml
O hipoclorito de sódio pode ser encontrado em
diferentes concentrações:
• Indicações
• Hipoclorito de Sódio 0,5% com ácido bórico
(Solução de Dakin) - Canais calcificados e atrésicos;
- Remoção da smear layer.
• Hipoclorito de Sódio 0,5% com bicarbonato
de sódio (Solução de Dausfrene) • Reação de quelação

• Hipoclorito de Sódio a 1% com 16% de Na presença de uma solução aquosa de


EDTA no interior do canal radicular, o fosfato
Cloreto de Sódio (Solução de Milton) de cálcio (parte inorgânica da dentina) sofre
• Hipoclorito de Sódio 2,5% (Solução de dissociação, fazendo com que o EDTA capture
o íon cálcio, e com isso, a dentina se torna
Labarraque) menos mineralizada e um pouco “amolecida”,
• Hipoclortio de Sódio 4-6% (Soda de facilitando o processo de instrumentação.

Clorada) • Remoção da smear layer

Obs: Quanto mais concentrado o liquido é,


maior é a sua eficácia. Entretanto, maior é sua
toxicidade para o organismo.

B) CLOREXIDINA
Figura 9. Fotomicrografias da dentina mostrando sua superfície
- Atividade antibacteriana (bacteriostático ou antes e após a remoção da smear layer. Na segunda imagem
bactericida); pode ser observada a superfície dentinária sem a smear layer e
- Substantividade (efeito prolongado após o com os túbulos dentinários expostos.

uso);

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- Não possui poder bactericida.


3. ÁCIDOS
Obs: São substâncias usadas somente ao final
a) ÁCIDO CÍTRICO do procedimento para remover a oleosidade
deixado por substâncias como o peróxido de
- Possui efeito antimicrobiano; uréia. Quando se usa somente o hipoclorito de
- Usado somente para remoção da smear layer. sódio não há necessidade de utilizar o
detergente, somente em caso de utilizar o
4. PERÓXIDOS peróxido de uréia.

A) PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO (água oxigenada 6. ÁGUA DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO


– não é mais utilizado)
- Solução de Ca(OH)2 pró-análise + água
B) PERÓXIDO DE URÉIA (RC-PREP E ENDO-PTC) destilada;
– usado juntamente com o hipoclorito de - Atividade antimicrobiana;
sódio. - Poder hemostático;
- Usada em casos de dentes com vitalidade.
- Ação detergente;
- Lubrificante.
MATERIAL UTILIZADO PARA IRRIGAÇÃO
O peróxido de uréia pode ser encontrado
comercialmente de duas formas: - 1 cânula;
- 1 seringa descartável para o hipoclorito de
• Endo PTC • RC-PREP sódio;
- 1 seringa descartável para o EDTA.
- Peróxido de uréia - Peróxido de uréia
- Tween 80 - EDTA
- Carbovax - Carbovax

O ENDO PTC ou RC-PREP associado ao


hipoclorito de sódio, causa uma reação do
peróxido de uréia com o cloro, causando uma
efervescência e consequente suspensão de
fragmentos.

Obs: o peróxido de uréia é usado somente com


hipoclorito de sódio em baixas concentrações
(0,5 a 1%).
5. DETERGENTES
Essas substâncias fazem o processo de
adsorção da molécula de lipídeo.

- Possui baixa tensão superficial;


- Alto poder de umectação;
- Promove a remoção de gordura;

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Aula 8
Técnica de Condensação lateral
Obturação endodôntica • MATERIAL NECESSÁRIO:
- Cone principal;
O propósito da obturação é selar toda a
- Espaçadores;
extensão da cavidade endodôntica, desde a sua
- Cones acessórios;
abertura coronária até o seu término apical, ou
- Cimento endodôntico;
seja, o material obturador deve preencher todo
- Placa de vidro (estéril);
o espaço ocupado anteriormente pela polpa,
- Espátula nº 24 (flexível);
proporcionando um selamento tridimensional.
- Calcadores endodônticos;
- Lamparina.
Quando fazer?
- Preparo químico-mecânico completo;
- Ausência de exsudação;
- Ausência de sinais e sintomas;
- Restauração provisória intacta.

Características ideias para os Figura 10. Instrumentais necessários


materiais obturadores para obturação endodôntica.

• CONES DE GUTA-PERCHA
- Biocompatibilidade;
- Ação antimicrobiana; ➳ Composição:
- Fácil manipulação e aplicação no canal;
- Radiopacidade; - Guta-Percha (19 a 20%);
- Bom escoamento; - Óxido de Zinco (60 a 75%);
- Fácil remoção parcial ou total; - Radiopacificadores (sulfato de bário – 1,5 a
- Estabilidade dimensional; 17%);
- Impermeabilidade; - Resinas, ceras e corantes (1 a 4%).
- Aderência;
- Tempo de trabalho adequado.

Técnicas de obturação
- Técnica de Condensação Lateral; Figura 11. Cones de Guta-
Figura 12. Cones de Guta-
- Técnica de Condensação Vertical; Percha principais. Percha acessórios.
- Técnica da Guta-percha Termoplastificada;
- Técnica Híbrida; ➳ Propriedades:
- Técnica da Compressão Hidráulica.
- São biocompatíveis;
- São radiopacos;
- Possuem estabilidade dimensional;
- Não alteram a cor do dente;

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Hurian Machado – Odontologia UNIG

- Podem ser facilmente removidos do canal ➳ Inspeção visual


radicular;
- Têm pouca adesividade. Com uma régua milimetrada, deve-se medir o
CT no cone e marcar. Em seguida, deve-se
• CIMENTOS ENDODÔNTICOS introduzir o cone no canal para verificar se está
atingindo a medida necessária.
a) Cimentos à base de Óxido de Zinco e Eugenol

- Cimento de Grossman;
- Procosol;
- Fill Canal;
- Endofill;
- Endométhasone;
- Cimento de Rickert. Figura 13. Inspeção visual.

b) Cimentos contendo Hidróxido de Cálcio ➳ Inspeção tátil

- Sealapex; Com uma pinça, deve-se fazer uma pressão


- Selaer 26. para sentir se o cone está travado (justo) no
canal.
c) Cimentos Resinosos

- AH 26;
- Sealer 26;
- AH Plus;
- Sealer Plus.
Figura 14. Inspeção tátil.

• TÉCNICA DE CONDENSAÇÃO LATERAL ➳ Inspeção radiográfica


1) Anestesia
Fazer uma radiografia com o cone de Guta-
2) Isolamento absoluto Percha dentro do canal, que é a radiografia de
prova de cones.
3) Remoção do selamento provisório

4) Irrigação com hipoclorito de sódio

5) Desinfecção dos cones de Guta-Percha

A desinfecção é feita numa cuba contendo


hipoclorito de sódio por 1min.
Figura 15. Inspeção radiográfica.
6) Seleção do cone principal
Obs: feita a seleção do cone, deve-se tirá-lo de
A seleção é feita de acordo com a última lima dentro do canal e coloca-lo numa gaze, até que
utilizada para confecção do batente. seja feita a preparação do dente.

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Hurian Machado – Odontologia UNIG

7) Remoção da Smear Layer 11) Obturação do canal radicular

Deve-se injetar EDTA dentro do canal com uma • Cone principal: deve-se passar o cone no
seringa até encher completamente e aguardar cimento e introduzir no canal até a marcação.
3min.

Figura 16. Túbulos dentinários Figura 20. Introdução do cone


desobliterados após aplicação de EDTA. principal no canal radicular.

8) Irrigação com hipoclorito de sódio • Cones acessórios: deve-se introduzi-los com


auxílio dos espaçadores, sempre
É feita irrigação com hipoclorito de sódio para introduzindo o espaçador entre a Guta-
neutralizar a ação do EDTA. Percha e a parede de dentina. Deve-se tirar o
espaçador com uma mão e com a outra já
introduzir o cone. Quando o espaçador e os
cones não entrarem mais, deve-se fazer a
radiografia.

Figura 17. irrigação com


hipoclorito de sódio.

9) Secagem do canal radicular

A secagem é feita com cânulas finas de Figura 21. Introdução do cone acessório
com auxílio do espaçador.
aspiração e cones de papel absorvente, até que
os cones saiam secos. • Raio-x de controle de qualidade: feita para
verificar se o canal está totalmente
preenchido.

Figura 18. Secagem do canal radicular.

10) Preparo do cimento endodôntico Figura 22. Radiografia de qualidade.

Figura 19. Manipulação do cimento endodôntico.


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Hurian Machado – Odontologia UNIG

• Corte da Guta-Percha na cervical: deve-se • Raio-x final.


aquecer o calcador endodôntico na
lamparina e cortar a Guta-Percha na cervical
do dente.

Figura 26. Raio-x final.


Figura 23. Calcador Figura2. 24 Corte da Guta-
endodôntico sendo aquecido. Percha.

• Compressão vertical da Guta-Percha: feita


para deixar a coroa livre.

Figura 23. Compressão vertical da Guta-Percha.

• Limpeza da câmara pulpar: deve-se limpar o


excesso de cimento da câmara pulpar com
bolinhas de algodão embebidas em álcool.

Figura 24. Limpeza da câmara pulpar.

• Selamento provisório: feito para evitar


infiltração coronária, até que o paciente faça
a restauração definitiva. Deve-se aplicar 1 a
2mm de cimento provisório, e logo após
preencher toda a cavidade com CIV selando
toda a câmara pulpar, com no mínimo 3mm
de espessura.

Figura 25. Selamento provisório.

35
Hurian Machado – Odontologia UNIG

Aula 9 córnea. Nestes casos, recomenda-se uma


irrigação abundante com água ou solução
salina, e nos casos mais graves, encaminhar o
Acidentes com Hipoclorito de Sódio paciente para o oftalmologista.
Para evitar este acidente, além do
A irrigação dos canais radiculares é um manuseio adequado e cuidadoso do hipoclorito
importante passo no debridamento e de sódio, o cirurgião-dentista e o paciente
desinfecção dos canais e é parte integrante dos devem usar óculos de proteção.
procedimentos do tratamento endodôntico. O
irrigante atualmente mais utilizado é o • REAÇÃO ALÉRGICA AO HIPOCLORITO DE
hipoclorito de sódio (NaCOL), devido a sua SÓDIO
forte atividade antimicrobiana e a sua
capacidade de dissolver o tecido orgânico vital Este tipo de alergia é raro, mas é
e necrótico. O hipoclorito de sódio pertence ao importante que o clínico saiba reconhecer os
grupo dos compostos halogenados. É um sintomas de anafilaxia. As reações alérgicas
agente citotóxico que, quando em contato com variam desde uma sensação de ardor até uma
os tecidos vivos, causa hemólise e ulceração, dor intensa, podendo chegar a uma parestesia
inibe a migração dos neutrófilos e provoca do lado da face do dente em tratamento, como
lesões a nível das células endoteliais e inflamação do lábio com equimoses,
fibroblastos. hematoma ou hemorragia através do canal
A principal desvantagem do uso do radicular. Podem ser encontrados também
hipoclorito de sódio no tratamento dentário sintomas como urticária, falta de ar,
está relacionada a sua toxicidade para com os broncoespasmo e hipotensão. Nestes casos, é
tecidos biológicos. Por isso, o seu uso urgente o encaminhamento do paciente para o
inapropriado na prática clínica pode induzir hospital. Em casos de pacientes alérgicos ao
complicações sempre indesejáveis. hipoclorito de sódio, deve-se optar pelo uso de
outras soluções irrigadoras.

Complicações mais frequentes • INJEÇÃO DE SOLUÇÃO DE HIPOCLORITO DE


SÓDIO
• MANCHAS E/OU DESCOLORAÇÃO DE
ROUPAS DO PACIENTE Nos casos de injeção de hipoclorito de
sódio no tecido gengival e/ou nos tecidos
É provavelmente o acidente que ocorre moles da cavidade oral, dependendo da
com mais frequência durante a utilização do concentração do produto utilizado, este
hipoclorito de sódio na irrigação dos canais poderá provocar necrose tecidual, devido à sua
radiculares. Para evitar este acidente, o rápida capacidade de dissolução e ação
paciente deve usar uma proteção larga e o cáustica sobre os tecidos. Rapidamente podem
cirurgião-dentista deve manusear com cuidado ser observados sinais de equimose e
as seringas com o hipoclorito de sódio. hematoma acompanhados de uma sensação
de ardor. A aplicação local de um produto à
• DANOS OFTÁLMICOS base de corticosteroide e prescrição de
analgésicos e anti-inflamatórios por via
A solução de hipoclorito de sódio sistêmica é recomendado.
quando em contato com os olhos ocasiona uma
dor aguda imediata, ardor, intenso
lacrimejamento e eritema. Podendo também
ocorrer uma perda das células epiteliais da

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Hurian Machado – Odontologia UNIG

• EXTRUSÃO DO HIPOCLORITO DE SÓDIO esteróides intravenosos. A drenagem cirúrgica


PARA ALÉM DO ÁPICE também poderá ser necessária dependendo da
extensão do edema e da necrose tecidual.
O hipoclorito de sódio possui um pH de
aproximadamente 12. Por isso, quando em 2. Complicações neurológicas
contato com os tecidos periapicais vivos
promove danos por oxidação proteica. Canais Pode ser encontrado na literatura casos
radiculares com forame apical amplo, ou de parestesia e anestesia do nervo
reabsorções radiculares, podem permitir a mentoniano, nervo alveolar inferior e do ramo
saída de um grande volume de solução de infra-orbitário do nervo trigêmio, provocados
hipoclorito de sódio para a região apical, pela extrusão do hipoclorito de sódio através
principalmente quando se pressiona do ápice. Estes pacientes devem ser
exageradamente o êmbolo da seringa no encaminhados para o hospital.
momento da irrigação. Para evitar a extrusão
do hipoclorito de sódio para além do ápice, a • OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES
agulha de irrigação não deve ficar justa no
canal, o seu tamanho deve ser pelo menos O uso do hipoclorito de sódio sem o
2mm inferior ao comprimento de trabalho e o adequado isolamento absoluto do campo
hipoclorito de sódio não deve ser injetado operatório pode levar à ingestão bem como à
fazendo pressão. As principais complicações inalação desta solução por parte do paciente.
decorrentes da extrusão do hipoclorito de Isto pode resultar numa irritação da garganta,
sódio para além do ápice são: e nos casos mais graves, a via área superior
pode ficar comprometida. O paciente deve
1. Necrose tecidual ou queimaduras químicas bochechar abundantemente com água e, nos
casos mais severos, deve ser encaminhado
Quando a solução de hipoclorito de imediatamente para o hospital, pois pode
sódio extravasa para os tecidos peri- existir a necessidade de desobstrução da via
radiculares, o efeito pode variar desde uma aérea.
queimadura até uma necrose tecidual
localizada ou extensa. Desenvolve-se uma
Medidas preventivas
reação inflamatória dos tecidos evoluindo
rapidamente para uma tumefação da zona - Colocação de uma proteção larga no paciente
circundante. O súbito aparecimento de dor é para proteger as suas roupas dos salpicos de
uma indicação da existência de lesão tecidual e hipoclorito que possam ocorrer;
pode ocorrer imediatamente, após minutos ou
até horas. - Tanto o paciente como o cirurgião-dentista
Uma necrose ulcerativa da mucosa devem utilizar óculos de proteção pelo menos
adjacente ao dente pode ocorrer como durante a irrigação;
resultado direto da queimadura química,
podendo manifestar-se após alguns minutos ou - Utilização do isolamento absoluto durante o
aparecer algumas horas ou mesmo dias depois tratamento endodôntico;
do acidente.
Estes pacientes devem ser - A agulha de irrigação não deve ficar justa ao
encaminhados para o hospital pois, além da canal e o seu tamanho deve ser pelo menos
necessidade de administração de anti- 2mm inferior ao comprimento de trabalho;
inflamatórios e antibióticos, pode também
haver necessidade de administração de - O hipoclorito de sódio não deve ser injetado
fazendo pressão com a seringa.

37
Hurian Machado – Odontologia UNIG

Como proceder em cada caso Recado para você que adquiriu essa apostila:
• Danos nos olhos do paciente Caso tenha alguma dúvida, entre em contato
comigo ou tire essa dúvida com algum
- Irrigação abundante com água ou solução professor. Talvez possa ter coisas diferentes da
salina e nos casos mais severos encaminhar forma que você aprendeu, mas isso não quer
para o oftalmologista. dizer necessariamente que eu ou você
estejamos errados. Professores e autores têm
• Lesões na mucosa oral diferentes pontos de vista as vezes.
Essa apostila não pode ser vendida por
- Lavar abundantemente com água; terceiros e nem plagiada. Plágio é crime de
- Se for visível algum dano recomenda-se o uso violação aos direitos autorais no Art. 184.
de antibiótico para reduzir o risco de uma Obrigado e bons estudos! :)
infecção secundária;
- Se existiu alguma possibilidade de ingestão ou E-mail p/ contato:
inalação o paciente deve ser encaminhado para hurianmachado@hotmail.com
o hospital.
Ah, se por acaso você postar algum story no
• Danos provocados pela inoculação do Instagram estudando por essa apostila, me
hipoclorito de sódio marca para que eu reposte :)
- Aplicação de gelo na zona com edema durante
as primeiras 24h; Instagram: @DOUTOR_SORRISO
- Analgésicos para diminuir a dor;
- Antibiótico para reduzir o risco de uma
infecção secundária;
- Encaminhar para o hospital.

Referências bibliográficas:
• Material de apoio cedido pelos professores
da disciplina;
• LOPES, Hélio Pereira; SIQUEIRA JUNIOR, José
Freitas. Endodontia: biologia e técnica.
In: Endodontia: biologia e técnica. 2004;
• COHEN, Stephen; HARGREAVES, Kenneth
M. Caminhos da polpa. Elsevier Brasil, 2007;
• NOITES, Rita; DE CARVALHO, Manuel Fontes;
VAZ, Irene Pina. Complicações que podem
surgir durante o Uso do Hipoclorito de Sódio
no Tratamento Endodôntico. Revista
Portuguesa de Estomatologia, Medicina
Dentária e Cirurgia Maxilofacial, 2009, 50.1:
53-56.

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