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MICHELE

ENDODONTIA I – PUC MINAS 2018 CARVALHO


99654-2337

TOPOGRAFIA DA CAVIDADE PULPAR E  Canal lateral: sai do principal e


PERIÁPICE desemboca no ligamento perio-
dontal. Ele pode estar presente
Juntamente com o diagnóstico e
em qualquer terço da raiz, po-
o plano de tratamento, o conhecimento
rém é mais comum no terço api-
da morfologia do canal radicular e suas
cal;
frequentes variações é um requisito
 Canal secundário: é o canal que
básico para o sucesso endodôntico.
sai do principal e desemboca no
É importante saber que o núme- ligamento periodontal, mas a-
ro de raízes de um dente nem sempre penas no terço apical. Paralela-
coincide com o número de canais radi- mente, ele está com o canal a-
culares. Temos de identificar o número cessório.
de canais, a forma, direção e o tipo de  Canal acessório: desemboca no
ramificação, caso existir. Isso facilita o ligamento periodontal, a partir
acesso da câmara pulpar e a localização do secundário (é uma alça do
do CR. secundário);
 Interconduto: comunicação en-
CARACTERÍSTICAS DA CAVIDADE PULPAR
tre o canal principal e o colate-
A forma da cavidade pulpar de- ral.
pende da anatomia do dente. Ela acom-  Canal recorrente: é uma alça que
panha quase sempre a forma do dente. sai do principal, na altura do ter-
ço cervical ou médio, e desem-
A porção coronária ou a câmara boca no próprio principal, po-
pulpar é a porção da cavidade pulpar rém no terço apical.
que está localizada na coroa do dente.  Canais reticulares: são vários in-
Podemos observar o teto da câmara e tercondutos;
seus divertículos (corno) e o soalho da  Delta apical: é uma forma de
câmara com a entrada do CR. término do forame apical (forma
A porção radicular ou o canal ra- de pé de galinha);
dicular é dividido em terço cervical, mé-  Canal cavo-interradicular: canal
dio e apical e é possível observar o fo- que origina na porção coronária
rame apical. e desemboca na região da furca.

TIPOS DE CANAIS Os canais radiculares podem va-


riar quanto ao número, forma, direção,
 Canal principal: é o canal em que tipo de dente e tipo de ramificação.
o instrumento vai trabalhar;
 Canal colateral: ele está ao lado CARACTERÍSTICAS DO PERIÁPICE
do principal, com calibre menor;  Zona crítica apical;
 Forame apical;
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 Ramificações apicais; ETAPAS


 Cemento apical;
1. Acesso à câmara:
 Dentina radicular apical;
 Polpa apical; Temos uma área de eleição pré-
 Junção cemento dentinário; determinada, sendo a face lingual ou
 Ligamento periodontal apical; palatina para dentes anteriores e a face
 Osso alveolar adjacente. oclusal para dentes posteriores.

A zona crítica apical são os 3 a É necessário um RX antes de a-


4mm finais do canal radicular, onde cessar a câmara, para observar a confi-
temos as maiores ramificações, a curva- guração da coroa e da cavidade pulpar.
tura do canal e o maior número de mi-
A forma de contorno inicial é se-
crorganismos anaeróbios. É a área onde
gundo as características da câmara de
acontece as maiores iatrogenias do tra-
cada dente.
tamento endodôntico.
2. Preparo da câmara:
PREPARO INTRACORONÁRIO
Broca tronco-cônica de alta ro-
Temos duas fases do preparo
tação (1557), broca endo-Z, broca esfé-
intracoronário. A primeira é a abertura,
rica de baixa rotação (2, 4 e 6) e esca-
ou seja, o acesso aos canais radiculares.
vador ou colher de dentina (11 e ½ e
A segunda fase é a limpeza e a formata-
17L/18L)
ção desses canais.
3. Configuração final da câmara
O preparo intracoronário deve
(toalete):
ser adequado em tamanho, em inclina-
ção e em forma, a fim de permitir um Não se deve forçar o conteúdo
acesso livre e direto aos canais radicula- da câmara pulpar com movimentos de
res. Os instrumentos endodônticos de- fora para dentro e sim de dentro para
vem entrar sem retenção. fora.

Ao preparar uma cavidade en- Não se deve pressionar brocas


dodôntica, temos que ter em mente os contra o soalho, para não obliterar a
princípios: entrada dos canais radiculares. Deve-se
respeitar a configuração do soalho da
 Forma de contorno;
câmara.
 Forma de conveniência;
 Remoção da dentina cariada ou 4. Limpeza e antissepsia com solu-
restaurações danificadas; ção irrigadora (hipoclorito de
 Toalete da cavidade (acabamen- sódio).
to).
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ETAPAS OPERATÓRIAS LIMPEZ A E ANTISSEPSIA DA CAVIDADE

ACESSO À CÂMARA PULPAR Remoção de detritos. A antis-


sepsia é feita com hipoclorito de sódio
 Área de eleição: ponto escolhido
entre 2% e 5%
para iniciar o desgaste do dente;
 Forma de contorno: com a broca ANATOMIA DOS DIFERENTES GRUPOS
AR 1557 em velocidade lenta DENTAIS
faz-se a conformação da cavida-
INCISIVO CENTRAL SUPERIOR
de;
 Direção de trepanação: obedece  Possui entre 18 a 27mm (média
a inclinação do dente. Nos incisi- de 22,60mm);
vos e caninos inicia-se com a  Apresenta apenas uma raiz com
broca perpendicular ao longo ei- tendência de curvatura para ves-
xo do dente. Após a penetração tibular (obs: não visualiza radio-
e configuração inicial a broca é graficamente);
colocada paralela ao longo eixo  Raiz cônica;
até atingir o interior da câmara  O canal radicular é mais largo no
pulpar e “cair no vazio”. Nos sentido V-P;
PMs a broca fica somente para-  Terço apical circular.
lela ao longo eixo do dente.
A área de eleição para abertura
OBS: nessa fase não usa isolamento, coronária do ICS é a região palatina. A
para não haver erro de direção e incli- forma de contorno é triangular com
nação. base para incisal e ápice para cervical.
PREPARO DA CÂMARA PULPAR INCISIVO LATERAL SUPERIOR
Remover parede e teto e prepa-  Possui entre 17mm e 29mm
rar as laterais da câmara pulpar com a (média de 22mm);
broca endo Z (movimento de dentro pra  Em 97% dos casos ele possui a-
fora). Faz um desgaste lateral da cavi- penas uma raiz, porém em 3%
dade para gerar certa expulsividade. apresenta uma bifurcação api-
Usar a sonda endodôntica para a locali- cal;
zação da entrada dos canais.
 A curvatura da raiz é para a dis-
FORMA DE CONVENIÊNCIA tal;
 A raiz delgada e achatada no
Dá conformidade à cavidade sentido M-D.
pulpar e facilita outros procedimentos
operatórios. A forma de contorno é igual a do
ICS, porém menor.
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OBS: só iremos ultrapassar a região do  Em 42% dos casos existem 2 raí-


cíngulo se ele estiver cariado. zes diferenciadas (raiz vestibular
e palatina) e 19% são raízes fusi-
CANINO SUPERIOR
onadas;
 Possui entre 20 a 33mm (média  Em 3% dos casos existem 3 raí-
de 27mm); zes;
 Possui apenas uma raiz com cur-  A raiz possui curvatura para dis-
vatura vestíbulo-distal; tal;
 A raiz é cônica;  A raiz vestibular é maior que a
 O canal radicular é amplo e largo palatina (corno pulpar vestibular
no sentido V-P. é mais proeminente);
 A câmara pulpar tem forma oval.
A forma de contorno para os ca-
ninos superiores é ovoide ou em forma A área de eleição é a superfície
de pera. oclusal (a trepanação é paralela ao lon-
go eixo do dente) e a forma de contor-
ACESSO CORONÁRIO no é ovoide no sentindo V-P.
Inicia-se com a broca 1557 per- SEGUNDO PRÉ-MOLAR SUPERIOR
pendicular ao dente para delimitar a
forma de contorno (metade da ponta  Possui de 17 a 26mm (média de
ativa da broca). Depois de delimitada a 21,5mm);
área de contorno, a broca deve ser co-  94% dos casos apresenta apenas
locada paralela ao longo eixo do dente e uma raiz (em 53,7% dos casos
devemos desgastar até romper o teto possui 1 canal e em 46,3% pos-
da câmara pulpar. sui 2 canais);
 6% dos casos apresentam duas
Ao romper a câmara pulpar, u-
raízes (2% são diferenciadas e
samos a broca endo Z para remover
5,4% possui bifurcação apical);
todo o teto da câmara e divergir as pa-
 A curvatura da raiz é para a dis-
redes, para proporcionar um bom aces-
tal;
so para os materiais.
 A cavidade pulpar tem forma
OBS: fazer desgaste compensatório para oval.
romper todo o teto da cavidade.
A forma de contorno é igual a do
PRIMEIRO PRÉ-MOLAR SUPERIOR primeiro pré-molar superior.

 Possui entre 17 a 25mm (média INCISIVO CENTRAL INFERIOR


de 21mm);
 Possui entre 16,5 e 27,5mm
 Em 35% dos casos existe apenas
(média de 21mm);
uma raiz;
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 Possui uma raiz achatada no  2 canais e 1 forame em 2,3% dos


sentido M-D; casos;
 A câmara pulpar é achatada no  2 canais e 2 forames em 9,5%
sentido V-L. dos casos.
 Em 68% dos casos ele apresenta
A forma de contorno é igual a do
um canal único, sendo ele bifur-
canino superior.
cado com 1 forame em 29,6% e
bifurcado com dois forames em PRIMEIRO PRÉ MOLAR INFERIOR
2,33% dos casos.
 Possui entre 17 e 26,50mm
A forma de contorno é um triân- (média de 21,6mm);
gulo ovoide com base para a incisal e  Possui uma raiz em 82% dos ca-
ápice para cervical. sos;
OBS: o mesmo é válido para o  Duas raízes fusionadas total-
mente em 17% dos casos e em
INCISIVO LATERAL INFERIOR 1% com bifurcação apical;
 Três raízes não diferenciadas em
 Possui entre 17 e 29mm (média
10% dos casos;
de 22,3mm);
 1 canal radicular em 66%, 2 ca-
 Possui apenas uma raiz, achata-
nais em 31% e 3 canais em 2%;
da no sentido M-D, semelhante
 Curvatura da raiz para distal.
ao ICI, porém maior em todas as
dimensões; É importante ficar atendo para a
 A câmara pulpar é achatada no curvatura da cúspide vestibular. Deve-
sentido V-L; se iniciar o preparo com a broca parale-
 Canal único em 65,56% dos ca- la à parede externa da cúspide e depois
sos, sendo ele bifurcado com 1 torna a broca paralela ao longo eixo do
forame em 32% e com dois fo- dente.
rames em 1,5%.
SEGUNDO PRÉ-MOLAR INFERIOR
A forma de contorno é igual a do
incisivo central inferior.  Possui entre 17,50 e 22,3mm
(média de 22,1mm);
CANINO INFERIOR  Possui uma raiz em 92% dos ca-
sos;
 Possui entre 19,5 e 32mm (mé-
 Possui duas raízes fusionadas to-
dia de 25mm);
talmente em 4% dos casos e u-
 Raiz única e achatada no sentido
nidas até o terço médio em 4%
M-D;
dos casos;
 88% dos casos possui apenas 1
 1 canal radicular em 89,3% e 2
canal;
canais em 10,7% (1V e 1L);
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 Curvatura para distal. Os canais radiculares devem ser


limpos e formatados, limpos de seus
LIMPEZA E FORMATAÇÃO DO SISTEMA
remanescentes orgânicos e formatados
DE CANAIS RADICULARES
para receber uma obturação tridimen-
Os objetivos são promover a sional hermética de todo o espaço do
limpeza, a ampliação e a modelagem canal radicular.
dos canais.
Os instrumentos são agentes
 Remover tecidos moles e duros mecânicos e as soluções irrigadoras são
infectados; agentes físicos. As soluções são também
 Permitir aos irrigantes desinfe- agentes químicos, elas têm a capacida-
tantes acesso ao espaço do ca- de de dissolver matéria orgânica e ge-
nal na porção apical; ralmente são bactericidas.
 Criar espaço para a colocação de As limas trabalham no canal
medicação e posterior obtura- principal e as soluções nas ramificações.
ção (ampliar toda a extensão do
canal radicular, respeitando sua OBJETIVOS DA IRRIGAÇÃO E ASPIRAÇÃO
anatomia);
1. Facilitar a instrumentação (ajuda
 Manter a integridade das estru-
o instrumento a deslizar com
turas radiculares.
mais facilidade dentro do canal);
LIMPEZA 2. Lubrificar o canal radicular;
3. Remover matéria orgânica e
É a remoção de todo o conteúdo raspas de dentina;
do SCR (microrganismos, seus subpro- 4. Eliminar microrganismos;
dutos, tecido pulpar vivo ou necrosado) 5. Remover conteúdo inacessível
antes e durante a formatação. Requer o aos agentes mecânicos.
uso de instrumento para remover fisi-
camente os materiais, um sistema de PRINCÍPIOS MECÂNICOS DA INSTRU-
irrigação para remover os resíduos do MENTAÇÃO
canal e substâncias químicas para dis-
 Desenvolver uma forma cônica e
solver o conteúdo das regiões inacessí-
progressiva no preparo do canal
veis.
radicular, acompanhando a ana-
FORMATAÇÃO tomia da raiz;
 Preservar a posição do forame
É estabelecer uma forma especi- apical;
fica para a cavidade, permitindo acesso  Manter o forame tão pequeno
livre de materiais obturadores no inte- quanto prático (não alargar o fo-
rior do SCR. rame).
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O canal deve ser sempre mais Então as limas acompanham esse es-
estreito apicalmente e ter o diâmetro treitamento.
transversal mais estreito no seu térmi-
ESPAÇADORES DIGITAIS
no.
Os espaçadores auxiliam na ob-
INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS
turação dos canais radiculares e seguem
LIMAS MANUAIS (aço inoxidável) os mesmos parâmetros de conicidade,
porém eles são instrumentos que não
 Série especial: 06, 08, 10;
tem corte.
 1ª série: 15, 20, 25, 30, 35, 40;
 2ª série: 45, 50, 55, 60, 70, 80; BROCAS GATES-GLIDDEN
 3ª série: 90, 100, 110, 120, 130,
As brocas Gates-Glidden são
140.
usadas nos 2/3 cervicais dos canais para
O número da lima corresponde alargar essa porção.
ao seu diâmetro na ponta do instru-
A haste dessas brocas também
mento (Do). A parte ativa de todas as
apresenta conicidade, mas ao contrário
limas medem 16mm, independente do
das limas, ela é mais fina na haste, para
seu comprimento total.
facilitar a retirada do instrumento em
As limas podem ter secção caso de fratura dentro do canal.
transversal quadrada (limas K) ou re-
LIMAS ROTATÓRIAS
donda (limas H).
As limas rotatórias são fabrica-
As limas K são mais versáteis e
das em liga de níquel-titânio e esse ma-
mais usadas, pois permitem vários tipos
terial permite que elas sejam acionadas
de movimentos. Já as limas H só permi-
por motor. Elas são usinadas.
tem movimentos de limagem das pare-
des (raspar). Elas facilitam a instrumentação
do canal radicular.
CONICIDADE (taper)
FORMATAÇÃO DO SISTEMA DE CANAIS
A ponta da lima é mais fina e na
RADICULARES
medida em que vai caminhando para a
haste o diâmetro vai aumentando. Um dos grandes objetivos da
instrumentação do canal radicular é
A conicidade para os instrumen-
promover um desgaste da dentina para
tos manuais tem um fator numérico de
obtermos uma ampliação desse canal,
0,02mm a cada mm. O aumento é pro-
mas sempre procurando respeitar a
gressivo.
anatomia da raiz.
OBS: a conicidade existe, pois o canal é
A ampliação é necessária para
sempre mais estreito na região apical.
possibilitar uma irrigação mais eficiente,
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para que a solução penetre mais pro- No terço apical faz-se o movi-
fundamente para ter acesso às possíveis mento de exploração (cateterismo),
ramificações. mas é necessário SEMPRE curvar a lima
antes, caso o canal seja curvo.
FINALIDADES DO PREPARO MECÂNICO
OBS: nesse movimento a lima é levada
 Remover a polpa coronária e ra-
até o final do canal.
dicular e sangue;
 Criar espaço para a obturação Durante esse movimento, caso a
do SCR; lima encontre resistência (sensação de
 Proporcionar forma cônico- batida), significa que você está fora da
progressiva ao canal, respeitan- direção correta do canal. Isso pode o-
do a anatomia da raiz. correr caso a lima não seja curvada,
dessa forma, você pode acabar criando
MOVIMENTOS DOS INSTRUMENTOS degraus ou até mesmo perfurar a raiz.
Para cada seguimento do canal Quando o instrumento volta para a di-
radicular, um tipo de movimento será reção correta, você tem a sensação de
necessário (seguimento cervical, médio apreensão.
e apical). Para iniciar o tratamento é ne-
Nos terços cervical e médio de cessária uma boa radiografia. Ela deve
um CR mais reto é possível fazer movi- ser recente (ter no máximo 1 mês).
mentos de rotação com (lima K) e mo- Nessa radiografia iremos medir o
vimentos de limagem (lima K e H). CDR ou CTP (comprimento do dente na
MOVIMENTO DE ROTAÇÃO radiografia – medida virtual). É a medi-
da do ponto mais externo até o ponto
1. Avanço até a resistência; mais apical. Esse ponto externo deve
2. Giro à direita (1 ou 2 vezes); ser de fácil domínio visual.
3. Tração (retirada do instrumen-
to). É chamada de medida virutal,
pois a radiografia pode estar com algu-
MOVIMENTO DE LIMAGEM ma distorção (alongamento ou encur-
tamento).
1. Avanço até a resistência (coloca-
ção da lima);
2. Tração com pressão lateral.

Fazer esse movimento em cada


uma das paredes: movimento circunfe-
rencial.
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ODONTOMETRIA

Depois, para saber a medida exata, faz-se a odontometria. É um processo que visa
obter com a máxima exatidão possível o comprimento do dente da sua porção mais exter-
na até a sua porção mais interna.

 CPC: comprimento de patência do canal (medida mais extrema do canal).


 CT: comprimento de trabalho (CPC – 0,5mm). É uma margem de segurança para
não traumatizar de forma excessiva os tecidos periapicais.
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MÉTODOS PARA ODONTOMETRIA  Faz os movimentos até a lima fi-


car solta no canal.
 Radiográfico (calibra-se a lima
com a medida do CDR, insere a OBS: stroke é um movimento no sentido
lima no canal e radiografa); vertical de curta amplitude. Ele tem o
 Eletrônico (95% de precisão). objetivo de retirar detritos.

CLASSIFICAÇÃO DOS CANAIS RADICULA- OBS 2: ¼ de volta é igual a 90º.


RES
ETAPAS DA INSTRUMENTAÇÃO
 Canal classe I: canal reto ou até
1. Acesso intracoronário;
25º de curvatura e tem acesso
da lima 15mm em toda sua ex- A maior parte do acesso é feita
tensão; sem isolamento. Depois isola o dente,
 Canal classe II: entre 26º e 45º faz a irrigação inicial para eliminar san-
(típico de canal mesial de molar gue e detritos para que seja possível a
inferior); localização da entrada dos canais.
 Canal classe III: curvatura acima
2. Localização da entrada dos canais ra-
de 46º.
diculares: com a sonda endodôntica;
TÉCNICA ESPECIAL DE MOVIMENTOS
3. PRÉ-ALARGAMENTO: manobra desti-
OSCILATÓRIOS – VERSÃO PUC MINAS
nada a remover de forma passiva o teci-
(de Deus) do pulpar, material séptico e detritos da
porção cervical do canal radicular. Nes-
O movimento oscilatório nada
sa etapa trabalha-se apenas na porção
mais é que oscilar as limas no sentido
reta do canal.
horário e anti-horário.
Limpar o canal de fora para den-
CANAIS CLASSE I – MOVIMENTO OSCI-
tro, pois a porção coronária é a mais
LATÓRIO
contaminada (é a área mais exposta à
 Girar a lima em torno do seu ei- bactérias), para diminuir as chances de
xo em amplitude de ¼ a ½ jogar material contaminado na região
(quanto mais apertado for no periapical.
canal, menor será a amplitude);
 Esvaziamento inicial: feito de
 15 ciclos no sentido horário e
forma passiva (sem força), para
anti-horário (horário + anti-
limpar a entrada do canal.
horário = 1 ciclo);
 A cada 15 ciclos faz 1 stroke para Para o esvaziamento inicial utili-
soltar os detritos (quanto mais za-se em sequência as limas K #15, #20
curto o stroke, melhor); e #30. São feitos 15 movimentos oscila-
tórios sem stroke (para não deformar o
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canal, para não formar degraus). Irriga- 4. EXPLORAÇÃO DO CANAL RADICULAR:


ção. o objetivo é a obtenção do CPC e CT. É a
fase mais importante.
Ainda dentro da etapa de esva-
ziamento, utiliza-se as limas H #15 e #20 Utilizam-se as limas K #06, #08 e
em 2/3 do CDR, fazendo movimentos de #10 na medida do CDR, fazendo 15 mo-
limagem. Irrigação. vimentos oscilatórios com stroke.

As limas H preparam o trecho Ao finalizar com a lima K #10,


para a entrada das GG. Ampliam o canal coloca a lima K #15 no comprimento do
para a entrada das GGs para completar CDR e tira a radiografia para odontome-
o pré-alargamento. tria (obtenção CPC e CT).

Por fim, faz a recapitulação com Para finalizar essa fase, faz a
a lima K #10 em 2/3 do canal (sempre irrigação e a recapitulação com a lima K
com o objetivo de eliminar detritos). #10 no CPC (lima de memória 1 – M1).

 Brocas Gates-Glidden: OBS: uma lima de memória significa que


ela irá voltar a trabalhar no canal em
O primeiro passo é usar a GG2
outra etapa.
em 2/3 do CDR sem fazer pressão api-
cal. O limite para a entrada das GGs é a A lima M1 tem função de:
sensação de resistência das paredes.
 Conduzir a solução irrigadora na
Irrigação + recapitulação lima K #10 em
extensão do canal;
2/3 do CDR.
 Preservar a posição original do
A GG3 entra com a medida da forame apical;
GG2 menos 2mm. Irrigação + recapitu-  Evitar acúmulo de detritos na
lação lima K #10 em 2/3 do CDR. região apical;
 Evitar a extrusão de detritos a-
A GG4 entra com a medida da
través do forame apical.
GG2 menos 4mm. Irrigação + recapitu-
lação lima K #10 em 2/3 do CDR. OBS: se a obturação fosse segura nessa
etapa, o canal já estaria praticamente
Com as brocas GG o movimento
pronto, mas não é possível obturar um
é de pincelamento.
canal tão fino, então é necessário um
OBS: se a resistência está muito grande maior alargamento.
mesmo antes de chegar nos 2/3 do CDR
5. PREPARO APICAL:
não se deve forçar. Para mesmo antes
de chegar. Inicia-se com a lima K #15 na
medida no CT, fazendo 15 movimentos
Ao finalizar essa fase, os 2/3 do
oscilatórios com stroke. Irrigação e re-
canal já estão prontos.
capitulação com a lima M1 no CPC.
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OBS: usa-se a medida do CT para ter A GG3 é na medida da GG4 +


uma margem de segurança. 2mm. Irrigação e recapitulação com a
lima M1 no CPC.
Em seguida, utiliza-se a lima K
#20 na medida do CT, com 15 movi- A GG2 é na medida da GG4 +
mentos oscilatórios + stroke. Irrigação e 4mm. Irrigação e recapitulação com a
recapitulação com a lima M1 no CPC. lima M1 no CPC.

Por fim, utiliza-se a lima K #25 Isso é feito para fazer a transição
(M2) na medida do CT. Irrigação e reca- entre a porção apical e cervical. Para
pitulação com a lima M1 no CPC. dar uma conicidade adequada.

A lima M2 é o último instrumen- 7. REFINAMENTO:


to em termos de calibre a formatar o
Inicia-se com a lima M2 no CT e
canal radicular no comprimento de tra-
M1 no CPC.
balho.
Irrigação.
OBS: nem sempre a M2 é a lima #25, vai
variar de acordo com o calibre do canal SOLUÇÕES IRRIGADORAS
em que se está trabalhando.
As soluções irrigadoras tem um
6. PREPARO DO CORPO DO CANAL: importante papel no preparo químico-
mecânico no tratamento endodôntico.
Lima K #30, #35, #40 com movi-
Essas soluções devem ser dotadas de
mentos oscilatórios sem stroke com
propriedades solventes de matéria or-
step back de 1 em 1 mm.
gânica e de atividade antimicrobiana.
 K #30 menos CT – 1mm;
A solução solvente visa à remo-
 K #35 menos CT – 2mm;
ção de tecido pulpar vivo ou necrosado
 K #40 menos CT – 3mm...
do sistema de canais mecanicamente
O step back é feito para manter inacessíveis no momento do preparo do
a forma cônica do canal. canal para não servir de substrato a
uma proliferação microbiana.
Irrigação e recapitulação com a
lima M1 no CPC. A ação antimicrobiana da solu-
ção química auxiliar deve participar da
Agora as GG serão usadas no- desinfecção do SCR contaminados ou
vamente, mas agora a ordem é GG4, evitar a contaminação de canais com
GG3 e GG2. polpa viva.
Inicia com a GG4 na entrada do As soluções irrigadoras são usa-
canal com verificação manual. Irrigação das de forma concomitante à ação me-
e recapitulação com a lima M1 no CPC. cânica dos instrumentos endodônticos.
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FATORES QUE INFLUENCIAM A IRRIGA- HIPOCLORITO DE SÓDIO


ÇÃO
(NaOCl)
 Calibre das agulhas irrigadoras:
O hipoclorito de sódio é um
agulha mais fina penetra mais,
composto halogenado, alcalino.
então a solução chega melhor
por toda a extensão do canal;  NaOCl 0,5%;
 Técnica do preparo do CR;  NaOCl 1%;
 Renovação constante do líquido  NaOCl 2,5%;
irrigante;  NaOCl 5% (soda clorada).
 Propriedades físicas da solução;
 Anatomia do CR; Quanto maior a concentração,
 Abertura coronária. mais eficaz contra microrganismos, po-
rém em caso de extravasamento apical,
PROPRIEDADES FÍSICAS DA SOLUÇÃO os danos serão maiores.

 Tensão superficial: quanto me- PROPRIEDADES DO NaOCl


nor a tensão superficial, maior é
a capacidade da substância de  Atividade antibacteriana;
penetrar nas ramificações, sen-  Solvente de matéria orgânica;
do assim, sua efetividade de  Lubrificante;
limpeza é aumentada.  Desodorizante;
 Clareadora (ação do oxigênio);
OBS: o hipoclorito de sódio possui uma  Tensão superficial baixa;
baixa tensão superficial.  Detergente.
 Viscosidade: o aumento da vis- ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DO NaOCl
cosidade reduz a capacidade de
penetração da solução química  Liberação de oxigênio nascente:
nas ramificações do canal radi- liberação de oxigênio nascente
cular. por parte do ácido hipocloroso,
 Suspensão de fragmentos: as so- o qual destruiria o microrganis-
luções têm como função manter mo pela formação de radicais o-
os detritos em suspensão com o xigenados tóxicos;
objetivo de impedir a sua sedi-
OBS: essa teoria parede infundada, pois
mentação na região apical.
existem outros compostos que liberam
 Lubrificante: com a função lubri-
quantidades maiores de oxigênio nas-
ficante favorece a passagem dos
cente e não eliminam microrganismos
instrumentos pelo canal até al-
tão rapidamente quanto compostos
cançar o comprimento de traba-
clorados, como a água oxigenada.
lho.
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 Liberação de cloro: sabe-se que ele vai perdendo sua concentração mais
a formação de compostos con- rápido, ou seja, vai se tornando menos
tendo cloro ativo, como o ácido eficaz. O aumento de temperatura para
hipocloroso, é a principal res- maior eficácia antimicrobiana é somen-
ponsável pela excelente ativida- te na hora da irrigação.
de antimicrobiana;
 Matéria orgânica: retarda a ação
 Formação de cloraminas: têm a
do hipoclorito, por isso ele deve
função de inibição enzimática.
ser constantemente renovado
FATORES QUE INTERFEREM NA ATIVI- dentro do canal radicular.
DADE ANTIBACTERIANA DO NaOCl
O hipoclorito de sódio tem um
 pH: as soluções cloradas terão efeito citotóxico. Se injetado nos tecidos
ação antimicrobiana em meio ele produz edema, hematoma, necrose
ácido, quando então liberam á- e abscesso. Para evitar que o hipoclorito
cido hipocloroso. tome contato com os tecidos do pacien-
te, deve-se usar o isolamento absoluto.
OBS: o ácido hipocloroso tem ação mi-
crobicida só em sua forma não dissocia- Além disso, para que o hipoclori-
da. Ele se encontra não dissociado (não to não extravaze para além do forame
ionizado) em pH ácido. apical, não se deve prender a agulha
dentro do canal. Ao injetar é importante
O NaOCl é um composto alcalino deixá-la solta.
e isso mantém sua estabilidade. Ele de-
ve chegar à condição de acidez unica- SMEAR LAYER
mente no momento do uso. A própria
A smear layer tem duas porções:
acidez tecidual é suficiente para atingir
essas condições, ou seja, abaixar o pH,  Porção orgânica: tecido pulpar,
formar ácido hipocloroso e liberar o remanescentes de processos
cloro. odontoblásticos, proteínas coa-
guladas, células sanguíneas, sali-
 Concentração: soluções mais
va e bactérias;
concentradas apresentam maior
 Porção inorgânica: raspas de
atividade antimicrobiana.
dentina e materiais inorgânicos
 Temperatura: o aumento da
inespecíficos oriundos de tecido
temperatura proporciona uma
dentário calcificado.
maior eficácia da solução de hi-
poclorito de sódio quanto à sua Após a intervenção endodôntica
ação solvente e antimicrobiana. a smear layer que oblitera os túbulos
dentinários deve ser removida através
OBS: o NaOCl não deve ser guardado
de uma solução específica, para que o
em local quente e muito iluminado, pois
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material obturador tenha maior contato  Tem amplo espectro (bactérias


com a parede dentinária. gram positivas e negativas);
 Substantividade: ela se liga à hi-
EDTA
droxiapatita do esmalte ou den-
O EDTA remove a smear layer, tina sendo lentamente liberada
propiciando melhor adaptação do ma- à medida que sua concentração
terial obturador. Ele deve ser utilizado no meio decresce, permitindo
na última fase do tratamento endodôn- assim um tempo e atuação pro-
tico. longado. Ela continua atuando
mesmo após o encerramento da
OBS: o EDTA pode ser usado por 1 a 10 sessão, o que é uma vantagem.
minutos e em média, deixamos por 3
minutos. Uma desvantagem da clorexidi-
na é não atuar em decomposição de
 Sal derivado de um ácido fraco; matéria orgânica.
 Quelação de íons cálcio em pH
alcalino; Ao reagir com o hipoclorito de
 Ação autolimitante; sódio fica com uma cor acinzentada, o
 Efeitos na dentina: se usa o ED- que pode causar um escurecimento do
TA por mais tempo que o permi- dente.
tido, pode levar a um enfraque- OBTURAÇÃO DO SISTEMA DE CANAIS
cimento do dente. RADICULARES
O EDTA atua na porção inorgâni- Os tecidos pulpares ocupam um
ca da smear layer, pois a porção orgâni- espaço muito reduzido dentro do canal
ca sofre ação do hipoclorito de sódio. radicular. Então, ao “tratar o canal” reti-
Depois do uso do EDTA, volta-se ra-se o conteúdo e promove-se uma
a irrigar com o hipoclorito de sódio (irri- formatação, ou seja, amplia o espaço,
gação final). de maneira que seja possível preencher
com um material obturador que impeça
CLOREXIDINA o crescimento bacteriano dentro desse
canal. Uma vez que isso seja alcançado
 É uma base forte insolúvel em
de maneira completa, tem-se o sucesso
água;
do tratamento endodôntico.
 A solução incolor e inodora;
 Estabilidade em pH entre 5 a 8; A obturação do canal visa:
 A atividade antibacteriana é ex-
 A eliminação de espaços vazios:
celente na faixa de pH entre 5,5
se tem espaço vazio pode ter a
e 7) – é bactericida em altas
presença de algum resto bacte-
concentrações e bacteriostático
riano;
em concentrações mais baixas;
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 O sepultamento de irritantes  Deve ser radiopaco: é o que


persistentes após o PQM (prepa- permite analisar a qualidade da
ro químico-mecânico), tendo obturação;
seu acesso negado aos tecidos  Ser estéril ou facilmente esterili-
perirradiculares; zado;
 Criação de um ambiente biológi-  Deve ser de fácil remoção, caso
co favorável para que se proces- seja necessário.
se a reparação dos tecidos peri-
Apesar desses requisitos, ainda
apicais.
não existem nenhum material que se
O momento adequado para pro- enquadra em todos.
ceder com a obturação é quando a for-
Antigamente usava-se o material
matação está completa e quando há
cone de prata (sólido), porém ele tinha
ausência de exsudato, sitomatologia e
adaptação insatisfatória, não tinha ade-
odor.
sividade, era difícil de ser removido e
OBS: a sintomatologia é dos tecidos sofria muita oxidação. O produto da
periapicais e não do dente, pois a polpa oxidação era extremamente irritante.
já foi retirada. Por causa disso deixou de ser usado.

OBS 2: antigamente fazia-se a cultura do CONE DE GUTA PERCHA (sólido)


material de dentro do CR antes de obtu-
O guta percha é um isômero de
rar para ver se a cultura era negativa.
borracha. Possui duas formas, a α e a β.
MATERIAL OBTURADOR IDEAL
 Forma α: é extraído da árvore e
 Deve ser de fácil manipulação e é quebradiço à temperatura
o tempo de trabalho deve ser ambiente;
satisfatório;  Forma β: é estável e flexível à
 Deve ter estabilidade dimensio- temperatura ambiente (é o usa-
nal; do em endodontia).
 Deve vedar o CR tanto apical-
COMPOSIÇÃO
mente quanto lateralmente;
 Não deve irritar os tecidos peri-  19 a 20% de guta percha;
apicais;  60 a 75% de óxido de zinco: con-
 Não ser afetado por fluidos teci- fere rigidez e tem atividade an-
duais e nem sofrer oxidação e tibacteriana;
corrosão;  1,5 a 17% de radiopacificadores;
 Ser pelo menos bacteriostático  1 a 4% de outros materiais: resi-
ou não estimular o crescimento nas, ceras e corantes.
bacteriano;
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VANTAGENS tão geralmente usa-se os cones acessó-


rios. Se optar por usar o padronizado
 Boa adaptação às paredes do
provavelmente terá que usar mais de
canal;
um cone.
 É bem tolerado pelos tecidos;
 É radiopaco; OBS: a descontaminação desse cone é
 São facilmente plastificados pelo feita com hipoclorito de sódio (5 minu-
calor ou por agentes químicos: tos na concentração de 2,5%).
melhora a adaptação;
O primeiro cone a adaptar-se no
 Boa estabilidade dimensional;
canal é chamado de principal ou mestre
 Fácil remoção;
e os demais que eventualmente forem
 Não altera a cor do dente; necessários para completar o preen-
DESVANTAGENS chimento são chamados os secundários.

 Baixa resistência mecânica; REQUISITOS DE UM CONE PRINCIPAL


 Pouca adesividade (requer o uso  Travamento apical no CT;
de cimentos);  Comprovação radiográfica: cone
TIPOS alcançando a medida adequada
e ocupando a maior parte do
 Padronizados: seguem os pa- canal, sem sofrer deformação.
drões das limas, em termos de
taper e diâmetro de ponta (Do). Mesmo após a adaptação dos
 Acessórios (não padronizados): cones de guta percha, ainda há espaço
tem variação no taper e as pon- dentro do canal radicular. Esse espaço
tas possuem o mesmo calibre – será preenchido por um cimento obtu-
MF, FF, F, FM, M, L, XL. rador.

OBS: o que varia no acessório é a conici- PROPRIEDADES IDEAIS DO CIMENTO


dade, pois as pontas sempre tem o OBTURADOR
mesmo diâmetro.  Fácil inserção e remoção;
A seleção do cone é de acordo  Bom tempo de trabalho;
com a formatação do canal radicular e  Promover selamento tridimensi-
seu limite apical é o CT. Ele vai até o CT onal;
para limitar o extravazamento do mate-  Boa estabilidade dimensional;
rial obturador pelo forame apical (não  Bom escoamento;
vai até o CPC).  Radiopaco;
 Não manchar o dente;
Na técnica utilizada na PUC dila-
 Adesividade às paredes do ca-
ta-se mais a porção mais cervical do
nal;
canal (preparo cônico progressivo), en-
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 Insolúvel aos fluidos teciduais e Sua presa final ocorre em mais


saliva; ou menos 48 horas.
 Biocompatibilidade;
OBS: quanto maior é o tempo de presa,
 Atividade antimicrobiana.
mais irritante é o cimento.
Não existe um material com to-
Existe um tipo de cimento à base
das essas características, mas deve ser
de óxido de zinco e eugenol chamado
escolhido um material que preencha
de cimento de Rickert (padrão ouro).
grande parte delas.
Esse cimento tem boa estabili-
TIPOS
dade dimensional, boa capacidade sela-
 Cimentos à base de óxido de dora, boa adesividade, bom escoamen-
zinco e eugenol; to, baixa solubilidade, radiopacidade
 Cimentos contendo hidróxido de elevada, porém tem custo elevado.
cálcio;
Ele possui iodo em sua composi-
 Cimentos resinosos.
ção, ou seja, tem efeito antimicrobiano
CIMENTO À BASE DE ÓXIDO DE ZINCO E elevado, porém o iodo é altamente a-
EUGENOL lérgeno.

(cimento de grossman) Sua presa final ocorre em mais


ou menos uma hora.
 Os íons de zinco inibem o cres-
cimento bacteriano; CIMENTO A CONTENDO DE HIDRÓXIDO
 O eugenol se liga ao óxido de DE CÁLCIO
zinco dos cones de guta percha;  Selapex;
 O eugenol possui atividade an-  Sealer 26;
timicrobiana.
 Apexit.
O extravasamento de pequena
A simples presença do hidróxido
quantidade de cimento apresenta efeito
de cálcio não garante a manutenção das
tóxico tanto para bactérias, quanto para
suas propriedades terapêuticas.
o hospedeiro. Logo, exerce efeitos anti-
inflamatórios e analgésicos à sua volta. CIMENTOS RESINOSOS
Já um extravazamento muito volumoso
Vem sendo muito empregados
interfere negativamente no reparo teci-
atualmente com bons resultados.
dual.
 AH Plus: possui bom escoamen-
Esses cimentos têm boa capaci-
to e ótima radiopacidade.
dade seladora, boa estabilidade dimen-
 Resilion/Epiphany: é ruim para a
sional e boa adesividade. Além disso,
remoção, pois não existe ne-
possui baixa solubilidade.
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nhum solvente para sua retira- SECAGEM DO CANAL


da.
Utiliza-se os cones de papel ab-
CONSIDERAÇÕES GERAIS sorvente até o CT (não deve ultrapassar
essa medida).
Das propriedades ideais, basi-
camente duas podem influir diretamen- SECAGEM DOS CONES DE GUTA PER-
te no sucesso da terapia endodôntica: CHA
capacidade de selamento e biocompati-
Para secar os cones usa-se gaze
bilidade.
estéril, para não haver a contaminação.
Um cimento que não é biocom-
MANIPULAÇÃO DO CIMENTO
patível interfere negativamente no pro-
cesso de reparação tecidual. Utiliza-se a placa de vidro.
Nenhum material conhecido até Mistura o pó + líquido fazendo
o momento foi capaz de atingir o status movimentos circulares em área de até
de ideal. 2cm de diâmetro, até ficar liso e bri-
lhante.
PREPARO PARA A OBTURAÇÃO
A consistência deve ser quando
REMOÇÃO DA SMEAR LAYER
forma-se um fio de uma polegada
Deve ser retirada, pois ela obs- (2,5cm). Esse fio não pode se romper
trui os túbulos dentinários, prejudican- por 10 segundos.
do a adesividade do cimento.
LUBRIFICAÇÃO
É um resíduo produzido pela a-
Lubrificação do canal radicular
ção de corte dos instrumentos sobre o
com a lima M2. Usa-se a lima para levar
esmalte, dentina e cemento. É compos-
o cimento para dentro do canal.
to por tecido pulpar, bactérias e raspas
de dentina. Por fim, insere o cone principal
já envolto em cimento.
A remoção é feita com EDTA
aquoso a 17% (2 a 5mL por até 5 minu- OBS: é possível levar o cimento dentro
tos dentro dos canais). do canal com as brocas lentulo.
Depois do EDTA, irriga-se nova- TÉCNICA DA CONDENSAÇÃO LATERAL
mente com o hipoclorito de sódio, para DO CONE
a neutralização do EDTA.
O cone principal é colocado e,
OBS: EDTA remove a parte inorgânica e caso ainda sobre espaço, cones secun-
NaOCl remove a parte orgânica. dários são colocados lateralmente ao
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cone principal, para ajudar no preen- Os passos iniciais são iguais ao


chimento. da técnica de condensação lateral do
cone, mas ao invés de apenas acomodar
O cone é inserido com movimen-
os cones com o instrumento de Lucas,
tos de vai e vem – esse movimento dis-
nessa técnica os cones devem ser pres-
tribui melhor o cimento e elimina bo-
sionados no sentido apical com esse
lhas.
instrumento aquecido. Pressiona-se em
Ao colocar o cone principal, usa- torno de 8 a 10 segundos, pois é o tem-
se o espaçador digital para verificar se po de resfriamento do material.
há espaço para os cones secundários. O
OBS: o risco de extravasamento do ci-
espaçador digital é inserido até que haja
mento é maior, em contrapartida tem-
resistência.
se uma melhora no preenchimento de
OBS: para o espaçador médio (cor ver- todas as possíveis ramificações.
melha), os cones secundários mais usa-
TERMOPLASTIFICAÇÃO DA GUTA PER-
dos são o F ou o FM.
CHA
Colocam-se quantos cones se-
1. Técnica da condensação vertical
cundários sejam necessários para que
da guta percha aquecida (Shil-
não haja mais espaços vazios.
der);
Com o instrumento de Lucas 2. Continuous wave of condensati-
corta-se o excesso do cone que fica pa- on (onda contínua de condensa-
ra fora da embocadura do canal (aque- ção).
ce a ponta do instrumento com a lam-
Em ambas as técnicas faz-se
parina). Por fim, acomoda-se o cone na
uma pressão maior nos cones no senti-
região da embocadura do canal com a
do apical. Dessa forma, quando for utili-
ponta condensadora do instrumento de
zar essa técnica, o travamento apical do
Lucas.
cone deve ser acima do CT, para que
TÉCNICA DA COMPRESSÃO HIDRÁULICA após a condensação ele ocupe exata-
VERTICAL DO CONE ACESSÓRIO (De mente o CT sem ultrapassá-lo.
Deus)
OBS: como a pressão é grande, se fosse
É uma manobra agregada para colocado no CT, após a pressão o cone
melhorar a adaptação do material obtu- iria ficar além dessa medida.
rador dentro do canal radicular. Essa
Na técnica da condensação verti-
técnica facilita a boa obturação de to-
cal utilizam-se os condensadores e con-
das as ramificações presentes no dente.
dutores de calor que são mais finos para
Faz-se uma pressão no material obtura-
que consigam entrar no canal (aquece o
dor na entrada do canal.
material e aperta, várias vezes, até con-
densar bem).
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A técnica do continuous wave of EXAME INTRA-ORAL


condensation exige um aparelho próprio
Inspeção: analisar a localização,
que regula a temperatura correta para
dimensões, alterações cromáticas e
aquecer a guta percha. Esse aparelho
aspectos morfológicos suspeitos.
permite aquecer e comprimir a guta
percha de uma vez só. EXAMES COMPLEMENTARES
Pode ser que fique um espaço O exame radiográfico é o mais
vazio na região mais cervical do canal, utilizado dentre os exames complemen-
pois você condensou a guta percha api- tares. A radiografia deve ser recente e
calmente, então esse espaço deve ser de boa qualidade. Nela, iremos observar
preenchido. condições não observadas no exame
clínico.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE EXAME PARA
OBTENÇÃO DO DIAGNÓSTICO PALPAÇÃO
É por meio do diagnóstico que o A palpação fornece dados a res-
cirurgião dentista irá decidir se a polpa peito de alteração de volume, consis-
irá ou não permanecer, e o tipo do pro- tência, limites, sensibilidade, textura e
cedimento que será executado. Esse mobilidade. É importante sempre com-
diagnóstico envolve vários fatores. parar com o dente homólogo.

 Anamnese; PERCUSSÃO
 Ficha clínica;
 Exame clínico; A percussão avalia clinicamente
as condições inflamatórias dos tecidos
 Radiografias;
perirradiculares, lembrando sempre de
 Tomografias;
comparar com o homólogo.
 Vivência clínica.
OBS: dente algógeno é o dente que está
EXAME CLÍNICO
produzindo a dor e o dente sinálgico é o
História dental: dente que tem o efeito da dor.

1. Queixa principal; FÍSTULA


2. História pregressa: quando co-
Rastreamento da fístula com um
meçou, o que provocava a dor;
cone de guta percha e radiografia.
3. História atual.
Introduz o cone na entrada da
EXAME EXTRA-ORAL
fístula para tirar a radiografia e verificar
Observar desvios da normalida- o dente que origina a dor.
de: assimetrias, aumento de volume,
alterações teciduais, etc.
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EDEMA 2. Lubrificar levemente o dente pa-


ra evitar a aderência da guta
Verificar se há edema presente
percha;
ou não.
3. Escolher uma superfície dental
TESTE DE VITALIDADE PULPAR hígida para o estímulo;
4. Comparar com o dente homólo-
(teste de sensibilidade pulpar) go;
5. Pode causar danos à polpa, se
 Teste térmico: calor e frio;
for realizando incorretamente.
 Teste elétrico;
 Teste anestesia; É importante verificar se a dor
 Teste de cavidade. persiste após a remoção do estímulo ou
se a dor desaparece após o estímulo.
OBS: sempre deve iniciar o teste no
dente homólogo e depois no dente sus-  Se a dor persiste: indício de pul-
peito, pois é o homólogo que serve de pite irreversível;
referência.  Se a dor desaparece: indício de
pulpite reversível.
TESTES TÉRMICOS
OBS: a resina não conduz o estímulo e o
Fornecem dados sugestivos so-
amálgama conduz muito, por isso usa-
bre a presença de vitalidade e condição
se uma superfície dental hígida.
inflamatória pulpar a partir da mudança
de temperatura. Essa mudança de tem- FRIO
peratura na região coronária mostra a
sensibilidade ou dor. Usa-se um bastão de gelo, gás
refrigerante ou neve carbônica sobre
Reproduz informações relatadas uma superfície dental hígida.
pelo paciente.
1. Isolamento relativo e dentes
OBS: os resultados são imprecisos e- secos;
pouco confiáveis em dentes recente- 2. Escolher uma superfície den-
mente traumatizados ou com rizogêne- tal hígida para o estímulo;
se incompleta. 3. Fazer a comparação com
dente homólogo.
CALOR
Verificar se a dor desaparece ou
Usa-se um bastão de guta percha
persiste após a retirada do estímulo.
aquecido em uma superfície dental hí-
gida (não se deve colocar sobre uma OBS: pulpite irreversível avançada tem
restauração de resina ou amálgama). mais sensibilidade por testes de calor (o
frio alivia) e a pulpite mais inicial tem
1. Isolamento relativo e dentes se-
mais sensibilidade por testes frios.
cos;
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TESTE ELÉTRICO TESTE DE ANESTESIA

Consiste na aplicação de uma Consiste na infiltração de uma


corrente elétrica sobre uma superfície pequena quantidade de anestésico pró-
dental hígida. ximo ao dente suspeito. A dor diminui e
você consegue identificar o dente cau-
OBS: não pode usar em portadores de
sador.
marca-passo.
Usa em caso de dor difusa, in-
Tem alto nível de confiança em
tensa e de natureza não definida. Teste
relação à presença ou ausência de vita-
importante para diagnóstico diferencial
lidade pulpar. Diagnóstico seguro de
com dor orofacial.
necrose pulpar. Contudo, ele não avalia
condição inflamatória pulpar. É impor- TESTE DE CAVIDADE
tante comparar com o dente homólogo.
Consiste em passar um instru-
Se o dente tem um processo in- mento manual ou rotatório em direção
flamatório ele requer menos corrente à cavidade pulpar sem anestesia. Indi-
para produzir uma resposta em compa- cado se ainda persistirem dúvidas mes-
ração ao homólogo que está normal, mo após os outros procedimentos.
mas você não consegue diferir se a pul-
TÉCNICA DE OREGON ADAPTADA POR
pite é reversível ou irreversível.
DE DEUS
Os resultados são imprecisos e
“Crown Down Pressureless Technique”
pouco confiáveis em dentes recente-
mente traumatizados e com rizogênese A técnica de Oregon original foi
incompleta. criada em 1978 nos EUA, ela é rica em
detalhes, mas possui grande rapidez. Em
1. Isolamento relativo e dentes se-
1992 De Deus adaptou essa técnica ao
cos;
trazê-la para o Brasil.
2. Aplicação de pequena quantida-
de de gel condutor elétrico so- PRINCÍPIOS DA TÉCNICA
bre o dente;
3. Fechamento do circuito (pacien-  A instrumentação é feita no sen-
te segura uma das pontas do tido coroa-ápice e sem pressão:
aparelho); dilata-se primeiro a região cervi-
4. Estímulo; cal;
5. Leitura da escala de corrente no  Uso de limas em ordem decres-
painel do aparelho; cente (K #80 a #15);
6. Comparação com dente homó-  Evita o bombeamento e extru-
logo. são de restos necróticos e ras-
pas de dentina através do fora-
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me apical: é atraumática para os 1ª FASE


tecidos periapicais.
Obtenção do CTP (comprimento
ADAPTAÇÕES FEITAS POR DE DEUS de trabalho provisório). É obtido com rx
de estudos: CDR – 1mm = CTP.
 Tipo de lima: era lima flex-R com
movimentos de força balancea- 2ª FASE
da e passou a ser a lima K com
Acesso radicular.
MO;
 Campo de ação: era canal tipo I e Começa com a lima K #40 em
II e passou a ser apenas para ca- 2/3 do CTP, depois segue com a broca
nal tipo I (a lima K é menos flexí- GG2 em 2/3, GG3 em 2/3 menos 2mm e
vel); GG4 em 2/3 menos 4mm.
 Agente irrigante: era NaOCl 1% e
passou a ser NaOCl 2,5%. A téc- A função da lima K #40 é verifi-
nica é muito rápida, por isso é car se o canal é realmente classe I e se
melhor usar um irrigante mais ele tem calibre adequado para essa téc-
concentrado para ter maior po- nica. Caso o canal tenha alguma curva-
der antimicrobiano; tura, a lima #40 não irá conseguir en-
trar. Quando isso acontece, deve-se
 Limpeza do forame: não existe
trocar de técnica. A lima k #40 deve ser
na técnica original e existe na
colocada no canal sem forçar.
adaptada, para garantir que o
forame esteja realmente limpo; Essa fase tem objetivo principal
 Tampão apical: era feito com pó de limpar o terço cervical e médio, an-
de dentina ou hidróxido de cál- tes de ir em direção ao terço apical. Por
cio e passou a ser apenas com isso é uma técnica chamada de coroa-
hidróxido de cálcio. ápice. Só depois dessa limpeza é que
acessaremos o ápice.
OBS: a região apical em instrumentação
ápice-coroa é mais fina e sua conicidade 3ª FASE
aumenta na medida em que caminha
para cervical. Na técnica coroa-ápice Obtenção do CT.
tem-se a região cervical e apical mais
As limas K são usadas em ordem
amplas.
decrescente, a partir da lima #40. Fazer
FASES MO, sem stroke, sem pressão e sem
pré-curvatura na medida do CTP. Ao
Usar sempre hipoclorito de sódio chegar no CTP faz a radiografia para
a 2,5% entre as trocas de instrumental. obter o CPC e o CT (odontometria).
A irrigação deve ser abundante.
CT = CPC – 0,5mm
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OBS: a primeira lima que o cursor che- tratamento. Por isso, quanto menos
gar no CTP é a usada para a radiografia espaço for deixado, melhor.
(vai variar de acordo com o canal).
OBS: o tampão é opcional.
4ª FASE
OBTURAÇÃO
Preparo radicular.
É feita com a técnica de conden-
Limas até K #80. Usar uma se- sação lateral e usam-se cones padroni-
quência de lima de cada vez. Elas deve- zados (números correspondentes à úl-
rão ser usadas no CT com MO, sem s- tima lima que foi trabalhada no CT).
troke, sem pressão e sem pré-curvatura.
OREGON X MOVIMENTOS OSCILATÓRIOS
São usadas até dilatar o CT na medida
da lima #45 e #50.  Sentido de instrumentação: co-
roa-ápice x ápice-coroa;
OBS: se você radiografou com a lima
#30, você deve começar com a sequên-  Campo de ação: classe I x qual-
cia a partir dela. quer tipo de canal;
 Última lima no CT: pelo menos a
5ª FASE #45 x #25;
 Recapitulação: não tem x tem
Limpeza do forame apical.
com a #10;
Usa-se a lima K #15 no CPC com  Limpeza do forame: #15 ou #20 x
movimento oscilatórios para limpar as #10;
paredes ao redor do forame e eventu-  Obturação: técnica de conden-
almente retirar alguma bactéria que sação lateral x compressão hi-
esteja por lá. dráulica;

TAMPÃO APICAL OBS: oregon não tem stroke, na oregon


a radiografia é feita com a lima que a-
Na técnica original é feito no
tingir o CTP e em MO é com a lima #15,
milímetro final do canal, com pó de
oregon não usa lima tipo H, oregon usa
dentina ou hidróxido de cálcio.
as GG em apenas uma etapa e em MO
Na técnica adaptada, usa-se a- são usadas em duas etapas.
penas o hidróxido de cálcio, pois o pó
A oregon deve ser sempre esco-
de dentina pode conter bactérias. Além
lhida em casos de canais classe I, pois
disso, é feito apenas no 0,5mm final e
ela é mais rápida e evita o bombeamen-
em dentes com canais muito amplos e
to de detritos para o forame.
forame aberto.
OBS: região do CT fica mais dilatada
O espaço vazio na região apical
com a técnica de oregon do que com a
pode dar brecha para proliferação de
técnica de MO.
bactérias, podendo causar insucesso do
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MEDICAÇÃO INTRACANAL  Corticóides: hidrocortisona e de-


xametasona (otosporin);
Os principais objetivos da medi-
 Antibióticos;
cação intracanal são:
 Combinação.
1. Eliminar microrganismos que
PARAMONOCLOROFENOL CANFORADO
sobreviveram ao PQM;
2. Impedir a proliferação desses É o composto fenólico mais utili-
microrganismos; zado na terapia endodôntica, sendo
3. Atuar como barreira físico- usado tanto em polpa viva (pulpite irre-
química contra a infecção ou re- versível), quanto em polpa necrosada.
infecção;
4. Reduzir a inflamação perirradi-  O fenol se liga à membrana celu-
cular; lar, causa desnaturação de pro-
5. Controlar exsudação persisten- teínas, inativação de enzimas e a
te; morte celular;
6. Neutralizar produtos tóxicos;  Concentração de 35% em veícu-
7. Solubilizar matéria orgânica; lo canforado;
8. Controlar reabsorção dentária  Ação antibacteriana satisfatória:
inflamatória externa; só age em microrfanismos facul-
9. Estimular reparação do tecido tativos e aeróbicos;
mineralizado.  Age por liberação de vapores;
 Citotoxidade: não pode encostar
Temos que ter uma dinâmica em mucosa;
química e biológica dessa medicação  Penetrabilidade insatisfatória:
entre o hospedeiro e o microrganismo. perde sua ação;
A seleção da medicação depende:
 24/48 horas no interior do SCR
 Do potencial antimicrobiano; (depois de 48h ele perde sua a-
 Da sua biocompatibilidade; ção).
 De sua capacidade de estimula- OBS: é usado entre as sessões durante o
ção dos tecidos. tratamento. Ao terminar, antes de ob-
CLASSIFICAÇÃO DAS MEDICAÇÕES IN- turar usa-se o hidróxido de cálcio.
TRACANAL O eugenol é deprime a atividade
do nervo sensorial.
 Fenólicos: eugenol e paramono-
clorofenol canforado; O tricresol é usado em pulpoto-
 Aldeídos: formocresol, glutaral- mias.
deído, tricresol formalina;
 Halóides: iodofórmio; Os esteroides tem ação anti-
 Hidróxidos: hidróxido de cálcio; inflamatória potente e são usados ape-
nas na primeira sessão, em casos de
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pulpite (quando o paciente está com  Ativação e síntese de DNA;


muita dor).  Ativação da ATP-ase;
 Síntese de colágeno;
OBS: o corticóide só pode ser usado em
 Controle do exsudato;
polpa vital. Ele não tem ação em polpa
 Reação imunológica.
necrosada.
ÍON HIDROXILA
O corticoide e o paramono po-
dem ser usados na primeira sessão. Se o  Ação antibacteriana;
diagnóstico do paciente foi de pulpite, a  Tamponamento local;
primeira escolha é o corticoide.  Necrose superficial.
HIDRÓXIDO DE CÁLCIO É necessário colocar o hidróxido
Em endodontia usa-se a pasta de em todo o canal, porque ele não age
hidróxido de cálcio associada ao soro por vapor como o paramono, ele pré-
fisiológico. cias estar em contato com toda a denti-
na. E ao inseri-lo, ele irá se dissociar por
O hidróxido de cálcio possui vá- todo o canal e ramificações.
rios usos em endodontia:
OBS: ele tem a radiopacidade da denti-
 Medicação intracanal; na em uma radiografia (não achar que é
 Controle de exudação; um canal calcificado).
 Lesão periapical grande;
CONTROLE DE EXSUDATO
 Reabsorções;
 Perfuração; Na região apical do canal há um
 Obturação do canal (cimento); tecido de granulação e o hidróxido de
cálcio atua por contração dos esfincte-
MECANISMO DE AÇÃO
res, para parar a liberação de plasmas e
As propriedades do hidróxido de exsudatos.
cálcio derivam de sua dissociação iônica
AÇÃO ANTIBACTERIANA
em íons cálcio e íons hidroxila, sendo
que a ação desses íons sobre os tecidos O hidróxido de cálcio tem pH em
e os microrganismos explica as proprie- torno de 12 e pouquíssimos microrga-
dades biológicas e antimicrobianas des- nismos sobrevivem em um pH tão alto
sa substância. como esse. Sua ação antibacteriana é
ideal.
ÍON CÁLCIO
Ele desnatura o material protei-
 Proliferação celular;
co, matando as bactérias (o Ca(OH)2
 Coagulação sanguínea;
tem capacidade de destruir o lípide-A –
 Mineralização tecidual;
é o que confere virulência à bactéria).
 Efeito mitogênico;
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OBS: o hidróxido deve ficar no canal Depois de manipulado, ele é in-


durante 7 dias para obter melhores re- serido com a broca lentulo em toda a
sultados em caso de necrose pulpar. Em extensão do canal radicular.
caso de reabsorções, ele deve ficar 30
Na sessão seguinte, a pasta é
dias.
removida com solução de hipoclorito de
TAMPONAMENTO LOCAL sódio. A pasta não toma presa.

Ao limpar e formatar todo o ca- SELAMENTO CORONÁRIO


nal, depois de colocar o hidróxido de
Coltosol (cavidades pequenas),
cálcio, o pH se torna alcalino. Assim,
IRM, ionômero de vidro.
elimina-se as células clásticas e a fosfa-
tase ácida (estão relacionadas com o  Promover um bom selamento
processo de reabsorção). O pH alcalino marginal;
induzem os fibroblastos a produzirem  Apresentar porosidade mínima;
colágeno para iniciar o processo de mi-  Ter estabilidade dimensional;
neralização (reparação).  Possuir resistência à abrasão e
OBS: isso não acontece em uma troca compressão;
de hidróxido de cálcio.  Ser de fácil colocação e remo-
ção;
CARBONATAÇÃO  Ser biocompatível;
A cada abertura do hidróxido de  Ter boa aparência estética;
cálcio acontece a carbonatação. Ele  Não interferir na adesão dos
reage com o CO2 formando o carbonato materiais restauradores (euge-
de cálcio e assim sua propriedade anti- nol interfere);
microbiana cai muito (30% de carbona-  Possui atividade antimicrobiana.
tação). HISTOFISIOLOGIA DA POLPA DENTAL
Quanto menor for a área de ma- A polpa é composta por um te-
nipulação, menor é a carbonatação. cido conjuntivo frouxo de origem me-
VEÍCULOS senquimal situada dentro do sistema de
canais radiculares.
Existem três veículos para fa-
zermos a pasta de hidróxido de cálcio: Origina-se da proliferação e
condensação da papila dental na fase
 Soro fisiológico; de campânula da odontogênese.
 Paramonoclorofenol canforado:
pode levar a uma pericementite; A polpa forma com a dentina um
complexo que possui vantagens e des-
 Propilenoglicol.
vantagens. Por um lado, a dentina pro-
tege a polpa contra agressões e a polpa
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oferece nutrição para a dentina. Por to: BMP (se transforma em osso), fosfa-
outro lado, a dentina é rígida e, nos ca- tase alcalina (odontoblastos), MMP
sos de inflamação, ela limita a expansão (cementoblasto).
da polpa quando há edema, causando
Dependendo do fator de cresci-
grandes danos, pois a inflamação se
mento que estiver em contato com a
torna irreversível.
célula tronco vai servir de estímulo para
ZONAS DA POLPA ela se diferenciar em diferentes tecidos.

 Dentina; CÉLULAS
 Pré-dentina (camada de fibras
1. Fibroblastos: células achatadas
colágenas que irá se minerali-
de núcleo hiperdenso, secreto-
zar);
ras de colágeno I e II e substân-
 Odontoblastos;
cia fundamental;
 Zona acelular (contém muitas fi-
2. Células de defesa (macrófagos,
bras nervosas);
linfócitos T e células dendríticas;
 Zona rica em celular (muitos fi-
3. Células mesenquimais indiferen-
broblastos);
ciadas (células-tronco);
 Zona central.
4. Odontoblastos: células colunares
A polpa é composta por uma sintetizadoras e secretoras que
matriz extracelular, diversas células, formam complexos juncionais
vasos sanguíneos e nervos. umas com as outras. Possuem
prolongamentos/processos o-
MATRIZ EXTRACELULAR dontoblásticos.
Composta por uma substância Os odontoblastos secretam fi-
fundamental que contém mucopolissa- bras colágenas tipo I (pré-dentina) e
carídeos (ácido hialurônico) e glicosa- íons cálcio e fosfato (hidroxiapatita).
minoglicans. Esses íons vão levar à mineralização da
dentina (globular, interglobular, peritu-
OBS: algumas bactérias produzem hialu-
bular e intertubular).
ronidase e conseguem invadir e coloni-
zar muito bem a polpa dental (strepto- OBS: as células (odontoblastos) justa-
cocos). postas dificultam a passagem de bacté-
rias.
Além disso, a matriz possui fibras
colágenas e proteínas não colagenosas TÚBULOS DENTINÁRIOS
(fatores de crescimento – moléculas
sinalizadoras para células). Os túbulos deixam a dentina
permeável a fluidos, moléculas e bacté-
As células-tronco da polpa são rias. Eles aumentam de número e de
trabalhadas pelos fatores de crescimen- diâmetro na medida em que se aproxi-
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ma da polpa, porém, na raiz, existem processos inflamatórios. Também parti-


menos túbulos. cipam da dentinogênese.

No interior dos túbulos existem FIBRAS SENSORIAIS


os processos odontoblásticos, nervo,
São essas fibras que geram dor e
colágeno tipo I e V e proteínas do plas-
que são estimuladas nos testes de vita-
ma (fluido).
lidade pulpar.
OBS: em 1mm² de dentina existem de
FIBRAS A DELTA
15 mil a 65 mil túbulos
 Mielínicas (levam rapidamente o
FUNÇÕES DA POLPA
estímulo ao SNC);
1. Formativa: formação da dentina  Estão localizadas próximo da
(primária, secundária, terciária junção dentina-polpa;
ou reparadora e esclerótica);  Responsáveis por dor aguda e
localizada;
Na dentina secundária os túbulos
 São estimuladas no teste elétri-
são bem regulares. Na dentina repara-
co;
dora, os túbulos são mais irregulares e
 Seu aparecimento é tardio, por
alguns lugares não possuem túbulos. A
isso o teste elétrico não é confi-
dentina esclerótica possui todos os tú-
ável em jovens com dentes com
bulos calcificados.
forame aberto (só aparecem em
2. Nutritiva: vasos aferentes que polpa completamente formada).
penetram através do forame a-
FIBRAS TIPO C
pical, que formam capilares na
região coronária e voltam como  Amielínicas (não transmite im-
vênulas (eferentes). Possui tam- pulso com tanta rapidez);
bém vasos linfáticos;  Estão presentes em toda a pol-
3. Defensiva: reação da polpa à cá- pa;
rie ou aos materiais restaurado-  Responsáveis por dor difusa;
res. Essa reação pode ser devido  Não respondem ao teste elétrico
à infiltração marginal ou efeitos (pois precisam de maior corren-
tóxicos dos materiais restaura- te para estimular essa fibra);
dores.
 Respondem ao teste térmico;
4. Nervosa: fibras sensoriais (tri-
 Podem permanecer excitáveis
gêmeo) e fibras autônomas
em polpas com hipóxia.
(gânglio cervical).

As fibras autônomas estão rela-


cionadas com os vasos sanguíneos e
fazem com que os vasos se dilatem em
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RELAÇÃO DA POLPA COM TECIDOS PE- As células-tronco são encontra-


RIAPICAIS das:

A zona crítica apical corresponde  Dentro da polpa: podem se


aos 3/4mm finais do canal. Essa região transformar em odontoblastos;
possui o forame apical e muitas ramifi-  Em dentes decíduos: podem se
cações. transformar em neurônicos, os-
teoblastos e odontoblastos;
Está em íntima relação com os
 Na papila apical (forames que a-
tecidos periapicais e histologicamente o
inda não se fecharam comple-
tecido periapical e a zona crítica não são
tamente): se transformam em
diferenciados, eles se misturam.
odontoblastos;
O tecido pulpar está contido  Terceiro molar: podem se trans-
pelas paredes de dentina, tem supri- formar em cementoblastos e li-
mento sanguíneo restrito e, portanto, gamento periodontal;
capacidade de reparo limitada.  Ligamento periodontal: pode se
transformar em osso e cemento;
O tecido periapical possui muita
 Osso e gengiva: a qualidade não
vascularização, grande quantidade de
é tão boa quanto as células-
células de defesa, drenagem linfática
tronco dentais.
eficiente e potencial quase ilimitado de
reparo.

De Deus fez um estudo que


comprovou que qualquer coisa que se
coloca na polpa é espalhada pelo corpo,
assim como qualquer coisa injetada na
circulação é espalhada para polpa.

OBS: pouco antibiótico na polpa se es-


palha pelo corpo e gera resistência bac-
teriana.

Já estão conseguindo detectar


vírus da HIV e da hepatite dentro da
polpa dentária.

ENDODONTIA REGENERATIVA

Células-tronco + fatores de crescimento


+ cultura de tecidos + engenharia de
tecidos = endodontia regenerativa.

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