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Raissa O. G.

de Lana Endodontia III

Anatomia da Cavidade Pulpar  Terço cervical


 Médio
Espaço que abriga a polpa dentária, dividida  Apical
em:
Dificilmente apresentam secção arredondada,
• Câmara pulpar com exceção das proximidades do ápice
• Canais radiculares radicular.

Geralmente são achatados ou ovais no sentido


mesiodistal ou vestíbulo lingual, acompanhando
a direção das raízes.

Presença de um canal reto com forame único é


exceção – a anatomia do SCR (sistema de
canais radiculares) é, muitas vezes, complexa.
Câmara pulpar
Classificação de Vertucci
Cavidade única e volumosa que abriga a polpa
Classifica as diferentes configurações dos
coronária
canais radiculares.
E dentes multirradiculares (posteriores)
apresenta formato de um prisma com seis • Tipo I – um canal se estende da
lados: teto, assoalho e quatro paredes axiais. câmara pulpar até o ápice
Diferente dos dentes anteriores onde a câmara
pulpar é contigua ao canal radicular.

“A presença de canais acessórios que atingem


o ligamento periodontal, a partir da câmara
pulpar, na região de furca de dentes • Tipo II – dois canais distintos deixam a
multirradiculares, denominados canais câmara pulpar, mas convergem perto
cavointerradiculares, também podem ocorrer. do ápice para formar um canal
Sua existência está relacionada às radicular
manifestações clinicopatológicas observadas
como rarefações ósseas envolvendo estruturas
periodontais na região de furca de dentes
multirradiculares”.

Canal Radicular • Tipo III – um canal deixa a acamara


pulpar e se divide em dois no corpo da
 Parte da cavidade pulpar localizada na
raiz; então os dois se fundem para
porção radicular do dente.
formar um canal
 Se afunila progressivamente em
direção ao ápice, sempre seguindo o
contorno externo da raiz
 Canal principal – tem a forma cônica e
é oval na sua secção transversal

Dividido em:

Raissa O. G. de Lana
Raissa O. G. de Lana

• Tipo IV – dois canais distintos se Canais Acessórios


estendem da câmara pulpar ao ápice
Contém tecido conjuntivo e vasos. Servem de
via de passagem de irritantes, principalmente da
polpa necrótica para o periodonto, sendo difíceis
de acessar, limpar, descontaminar e obturar,
quando o tratamento endodôntico é indicado.

Pré molares e molares são os dentes com maior


• Tipo V – um canal deixa a câmara
frequência de canais acessórios
pulpar se divide, próximo ao ápice, em
dois canais distintos Não são visualizados em exame radiográfico
convencional, mas pode-se suspeitar de sua
presença quando há espessamento localizado
do LP ou presença de lesão na superfície lateral
da raiz.

Um canal acessório de maior diâmetro é três


• Tipo VI – dos canais distintos deixam a vezes menor que o diâmetro médio do forame
câmara pulpar, fundem-se no corpo da principal de molares inferiores e superior
raiz e se dividem novamente em dois
“canais acessórios com diâmetros maiores
canais próximos ao ápice permitem também que um processo inflamatório
se difunda da polpa para o periodonto e vice-
versa”

A maioria desses canais não são passiveis de


instrumentação. Seu conteúdo deve ser
• Tipo VII – um canal deixa a câmara neutralizado por meio de irrigação com solução
pulpar e se divide em dois, que então antimicrobiana com solvência adequada e
se fundem, no corpo da raiz, e se medicação intracanal entre sessões.
divide novamente em dois canais Classificação das ramificações dos canais
distintos próximos ao ápice radiculares

a) Principal
b) Colateral – paralelo ao canal principal
c) Lateral – localizado no terço médio e
cervical da raiz, sai do canal principal e
alcança o periodonto lateral
• Tipo VIII – três canais distintos que se d) Secundário – localizado no terço
estendem da câmara pulpar ao ápice apical, sai do canal principal
e) Acessório – sai do canal secundário e
chega à superfície externa do cemento
apical
f) Interconduto – une dois condutos
radiculares

Raissa O. G. de Lana
Raissa O. G. de Lana

g) Recorrente – sai do canal principal e


volta

Canal Radicular Apical

• Compreende a porção apical do canal


principal – forame apical, ramificações
h) Delta apical – múltiplas terminações do (canais acessórios e delta apical)
canal principal, no ápice, originando
• Região de maior variabilidade e
aparecimento de várias foraminas
imprevisibilidade
• Apresenta menor diâmetro, que as
vezes coincide com a constrição apical
(ou forame menor)

Constrição apical: região onde a dentina se une


i) Cavo interradicular – sai do assoalho ao cemento.
da câmara pulpar e termina na regiao
A partir da constrição apical o canal se amplia à
de furca, alcançando o LP.
medida que se aproxima do forame apical.

Forame apical: principal abertura do canal


radicular onde os tecidos da polpa e do
ligamento periodontal se comunicam e por onde
penetram vasos sanguíneos.

Istmo Ápice anatômico: ponta ou extremidade da raiz

Área estreita em forma de vida que conecta dois


ou mais canais radiculares.

Debris provenientes do preparo de canais


radiculares pode se acumular nessas áreas de
difícil acesso impedindo a ação das soluções
irrigantes e afetando o tratamento.
O apice radicular também pode conter o delta
apical (múltiplas derivações do canal principal
que se encontram próximas ao mesmo ápice
radicular e que originam o aparecimento de
varias foraminas).

Raissa O. G. de Lana
Raissa O. G. de Lana

A maioria dos canais radiculares são curtos em


sua porção apical (particularmente na direção
vestibulolingual).

Morfologia da Cavidade pulpar

Primeiro Molar Superior

• Mais volumoso, apresenta três raízes Segundo Molar Superior


divergentes (bem diferenciadas) com
três ou quatro canais. Rara ocorrência • Morfologia externa semelhante ao 1º
de fusões radiculares. molar superior (três raizes –
• Raiz palatina mais volumosa. mésiovestibular, distovestibular e
Frequentemente sua porção apical se palatina) com três ou quatro canais.
curva no sentido vestibular e Porém as raizes são mais curtas,
frequentemente apresenta duas saídas menos divergentes e curvas, maior
foraminais. tendencia ao fusionamento
• Raiz distovestibular cônica e reta. (principalmente entre as raízes
Normalmente possui um canal vestibular e palatina).

• Raiz mesiovestibular frequentemente • Mais comum um canal em cada raiz,


apresenta dois canais que se conecta porém pode existir dois ou três na raiz
por meio de istmos e podem ter saídas mesiovestibular, ou dois canais na raiz
foraminais independentes. O trajeto do distovestibular e palatina.
canal MV2 é tortuoso, dificultando o • Em casos de fusão das raízes a
preparo do mesmo. câmara pulpar fica distorcida e
• Presença de concavidade no aspecto alongada na direção vestibulolingual e
distal da raiz mesiovestibular favorece os orificios do canal mesiovestibular e
perfurações durante o preparo distovestibular ficam muito próximos.
excessivo da porção coronária dos • Na presença de raízes fusionadas,
canais pode haver apenas dois canais
• Ápices muito próximos do seio maxilar (vestibular e palatino) com dimensões
favorecendo infecções semelhantes.

Raissa O. G. de Lana
Raissa O. G. de Lana

Primeiro Molar Inferior Segundo Molar Inferior

• É o maior dos molares inferiores, • Tem morfologia externa semelhante ao


geralmente apresenta duas raízes 1º molar inferior, porém as raízes são
(mesial e distal). mais curtas, com os ápices mais
• Ocasionalmente, pode haver três próximos e canais mais curvos
raízes, com dois outros canais na raiz • Alta prevalência de anormalidades
mesial e um, dois ou três canais na raiz • Maio tendência ao fusionamento
distal. radicular
• 25% das raízes distais apresentam • Os dois orificios mesiais encontram-se
dois canais que são mais amplos que mais próximos um do outro
os da raiz mesial. Quando há um • Porção apical desse dente fica próximo
canal, ele é normalmente oval. ao canal mandibular.
• Raiz mesial é curva no sentido distal.
Canal mesiolingual é maior e mais reto
que o mesiovestibular, mas pode
apresentar curvatura no sentido mesial
próximo ao ápice. O canal
mesiovestibular apresenta curvaturas
Anomalias
mais frequentes, inclusive no plano
vestibulolingual. Os dois podem Além da anatomia normal o clínico deve estar
convergir apicalmente apresentando ciente das principais anomalias com impacto na
forame único em 45% dos casos. prática endodôntica, como:
• Múltiplas foraminas podem existir na
 Fusão: dois germes dentários se unem
região de furca e, em casos de necrose
parcial ou totalmente formando um
pulpar, simular patologia de etiologia
dente com dupla coroa – a cavidades
periodontal.
pulpares separadas e canais
radiculares distintos
 Geminação: tentativa de divisão de um
germe dentária. Coroa dupla com
cavidade pulpar única e canal radicular
único.
 Radix endomolaris – raiz
supranumerária na distolingual dos
molares inferiores

Raissa O. G. de Lana
Raissa O. G. de Lana

 Radix paramolares: raiz


supranumerária na posição
mesiovestibular dos M.I
 Taurodontismo: desenvolvimento
anormal da câmara pulpar – soalho
deslocado apicalmente
 Sulco radicular: depressão radicular
que pode se iniciar na coroa,
entendendo-se em direção apical
(pode desencadear problemas
periodontais sérios)
 Dente invaginado: invaginação da
superfície da coroa antes da
calcificação ocorrer
 Dente evaginado: protuberância na
face palatina dos dentes anteriores ou
oclusal dos dentes posteriores. Em
caso de desgaste ou fratura, a polpa
pode ser exposta e necrosar

Raissa O. G. de Lana
Raissa O. G. de Lana

Acesso em Molares ETAPAS OPERATÓRIAS

Acesso à Câmara Pulpar


PRINCÍPIOS BÁSICOS GERAIS
1. Estabelecimento de uma área de
Antes de iniciar o procedimento:
eleição
• Exame clínico 2. Forma de contorno inicial
• Tomadas radiográficas periapicais em 3. Trepanação da câmara pulpar
varios ângulos Área de eleição: ponto escolhido para ser
São importantes para o planejamento e iniciado o desgaste do dente – em molares, na
fornecem informações como: face oclusal, junto à fossa central em ambos os
arcos
 Inclinação do dente
 Presença e extensão de cáries Forma de contorno inicial: obtida partindo do
 Localização dos cornos pulpares ponto de eleição – da um conformação
 Presença de calcificações apropriada da cavidade respeitando a anatomia
 Relação do teto com a câmara pulpar interna do dente – utiliza-se broca em motor de
 Localização e entrada dos canais alta rotação em velocidade lenta.
 Número de canais Trepanação: penetração no interior da câmara
 Curvaturas pulpar – deve seguir a direção do canal mais
 Lesões perirradiculares volumoso (ex.: distal dos molares inferiores,
 Outras estruturas anatômicas platino dos molares superiores). Em dentes não
O exame tambem contribuir com a análise da calcificados, a sensação é como se estivesse
espessura do esmalte e dentina a serem caindo no vazio.
desgastados. Direção de trepanação – nos pré molares e
Medidas básicas antes de iniciar o acesso: molares, a broca é posicionada, desde o
estabelecimento do ponto de eleição, paralelo
 Verificar a inclinação do dente no arco ao longo eixo do dente em direção ao canal
 Remoção de toda a dentina cariada e mais volumoso.
das restaurações que impeçam o
adequado acesso aos canais Brocas utilizadas:
radiculares
 Alisa as superfícies pontiagudas dos
dentes, que possam interferir na
colocação do lençol de borracha e
facilitar a realização do isolamento
absoluto
 Remover todos os planos inclinados da
coroa que possam interferir no
estabelecimento correto das Esse procedimento pode sofrer modificação em
referências externas, na função da presença de cárie, variações
instrumentação e obturação dos canais anatômicas, fraturas e outros.
 Estabelecer área de eleição adequada

Raissa O. G. de Lana
Raissa O. G. de Lana

Após a trepanação –> isolamento absoluto.  Hipoclorito de sódio em concentração


Colocação de grampo e lençol de borracha, entre 2,5% e 5,25%
para o preparo da câmara pulpar.  Descontaminação, através de uma
gaze, do campo operatório (lençol,
Preparo da Câmara Pulpar
grampo, dente)
Essa etapa consiste na remoção de todo o  Lavagens frequentes com solução
restante da parede do teto e no preparo das irrigadora durante todas as etapas do
paredes laterais da câmara pulpar acesso e localização da entrada dos
canais
 Brocas utilizadas: esféricas e troncas
cônicas diamantadas de pontas ACESSO CORONÁRIO DOS GRUPOS
inativas (ex.: endoZ). DENTAIS
 Preferêncialmente utilizar brocas sem
Molares Superiores
corte na ponta
 Brocas esféricas de baixa rotação, • Área de eleição: na superfície oclusal,
broca tipo LN e de inserto ultrassônicos no centro da fossa mesial.
especiais de diferentes formas são • Direção de Trepanação: vertical,
úteis para romper calcificações e paralela ao longo eixo do dente.
auxiliar a localizar o orifício de entrada • Forma de Contorno Inicial: triangular,
do canal. com a base voltada para vestibular e o
Uso de solução irrigadora durante o preparo do vértice voltado para a palatina
canal auxilia a manter o campo limpo e visível. • Preparo da Câmara Pulpar: remoção
completa do teto e preparo das
Forma de Conveniência
paredes laterais da câmara pulpar.
Etapa realizada com a intenção de dar uma • Forma de Conveniência
conformidade à cavidade pulpa, com a (configuração final da câmara pulpar):
finalidade de facilitar o preparo e os outros observando os critérios anatômicos de
procedimentos. normalidade, deve-se reproduzir a
anatomia da câmara pulpar e o número
A forma de conveniência visa:
de canais dos molares superiores.
 Facilitar o acesso dos instrumentos
O primeiro molar é o mais volumoso e possui, quase
endodônticos ao canal radicular. sempre, quatro canais, sendo dois localizados na
 Possibilitar a visualização e dar linhas raiz mesiovestibular. O canal localizado mais
próximo da cúspide mesiovestibular recebe o mesmo
diretas às paredes da cavidade pulpar
nome da cúspide e também é chamado de MV1. O
em direção às entradas dos canais canal situado mais para a palatina é denominado
(acesso direto e reto aos canais). mesiopalatino ou MV2. As raízes distovestibular e
palatina apresentam normalmente, cada uma, um
 Permitir que a cavidade adquira único canal: o distovestibular e o palatino,
paredes lisas e planas, para favorecer respectivamente.
a visibilidade adequada dos orifícios de
Molares Inferiores
entrada dos canais radiculares.
 Simplificar todas as manobras • Área de eleição: área central da
operatórias de instrumentação e de superficie oclusal junto à fossa central.
obturação dos canais radiculares. • Direção de Trepanação: vertical,
Limpeza e Antissepsia da Cavidade paralelo ao longo eixo do dente.

Raissa O. G. de Lana
Raissa O. G. de Lana

• Forma de Contorno Inicial: triângular,


irregular ou trapezoidal, por causa da
presença de dois canais na raiz distal.
A penetração inicial deve ser dirigida
preferencialmente para o orifício de
entrada do canal ou canais distais.
• Preparo da Câmara Pulpar: remoção
completa do teto e o preparo das
paredes laterais da câmara pulpar.
• Forma de Conveniência
(configuração final da câmara pulpar):
desgaste compensatório principal na
parede mesial da camara pulpar – visa
proporcionar acesso reto e direto ao
canais.

Raissa O. G. de Lana

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