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Anatomia endodôntica

“No conhecimento da anatomia se fundamentam a arte e a


ciência da cura” (Kuttler, Y)

A anatomia dental interna reflete a anatomia externa, como por exemplo


em dentes rígidos, porém, nem sempre iremos pegar os dentes totalmente
rígidos para realizar o tratamento de canal, na maioria das vezes os
pacientes apresentam dentes cariados, dentes fraturados, então temos que
ter esse discernimento, conhecimento anatômico.

Temos que saber o padrão anatômico e as variações anatômicas.

“Realizar um tratamento endodôntico sem o estudo da anatomia interna


dos dentes, é o mesmo que trabalhar no escuro.” (Leonardo, M).
“Dentre as causas mais frequentes de
fracassos endodônticos, encontra-se
Cavidade pulpar
- e

relacionadas com o desconhecimento da


anatomia das câmaras pulpares e dos
canais radiculares dos dentes.”
(Berger)
Teto
Assoalho ou soalho

Resumidamente é todo o espaço ocupado pela polpa.


Espaço localizado no interior do dente, ocupado pela polpa e limitado em
toda sua extensão por dentina, exceto no forame apical. A cavidade pulpar
é dividida em duas porções: coronária (câmara pulpar) e radicular (canal
radicular).

É importante analisar as estruturas do canal em cortes transversais para


ver a forma (o valada, circular, amplo..) do canal mais achatada.

Existem variadas conformações de


cavidades pulpares, e nos deparamos
rotineiramente com essas excessões.
Por isso é necessário ter o conhecimento
dessas variações anatômicas.

A abertura coronária temos que ser o


mais conservadores possível, tenta do
conservar estruturas de reforço
principalmente.
Câmara pulpar
A câmara pulpar é a porção que
-

aloja a polpa coronária, possuindo


as seguintes paredes: mesial, distal,
vestibular, lingual, oclusal ou
incisão e cervical.
Acompanha o formato externo do
dente, porém, pode sofrer
alterações por processos fisiológicos
e patológicos.

O teto da câmara pulpar apresenta


projeções, correspondentes as pontas de
cúspides, as projeções em dentina da
cúspide são chamadas de divertículos, que
abrigam os cornos pulpares, projeções do
tecido pulpar.

Nos dentes que possuem dois ou mais canais a parede cervical é


denominado assoalho da câmara e contém a embocadura dos canais
radiculares. Em dentes unirradiculares o limite cervical da câmara
pulpar é determinado pelo nível do colo anatômico do dente.

Câmara pulpar: Iniciasse ao nível do


teto da câmara pulpar e termina no
nível do assoalho. (Assoalho somente
em dentes multirradiculares - mais
de uma raiz: vestibular, mesial, distal
ou palatina, possuem o assoalho).
Obs.: Dente unirradicular não possui
assoalho, já vai reto para o canal.
Canal radicular
Espaço ocupado pela polpa radicular,
em continuidade com a câmara pulpar.
Inicia-se no nível do assoalho da
câmara pulpar é termina no forame
apical, apresentando formato
semelhante ao da raiz.

O canal radicular possui duas


divisões:
* Didadicamente: terço cervical,
terço médio e terço apical.
* Biologicamente: canal dentinário e
canal comentário.

de 0,5 a 3mm.

Encontramos no canal dentinario polpa radicular


Já no canal cementario encontramos corno pulpar

A união entre o canal


dentinário e o canal cementário
é denominada de junção
cemento-dentina-canal (CDC).

ver

Precisamos saber para associar no preparo mecanico da biopulpectomia


e necropulpectomia, porque temos uma diferença de plano de
tratamento nesses dois casos.
Forame apical
-

Forame apical: (forame


maior - tem um maior
diâmetro) circunferência que
separa o término do canal
cementário da superfície
externa do dente. Ali que
teremos a inervação aferente
e eferente, irá sair entrar pelo
forame.

A presença de um forame anatômico não


é, necessariamente, um indicativo da
existência de um canal radicular, porque
dois ou mais canais radiculares podem
terminar em um único forame apical.
Entretanto, a presença de dois forames
anatômicos pode indicar a presença de
dois canais radiculares separados, um
único canal radicular que se divide em
dois. Características anatômicas de um ápice apresentando três aberturas
foraminais. As setas indicam as aberturas foraminais.

Características anatômicas de um ápice com uma abertura foraminal,


observando-se a constrição apical (asterisco) o limite da abertura foraminal
(seta) e o vértice do ápice radicular (círculo)
Ápice radicular: compreende os 2 ou 3 mm finais (apicais) da raiz.

Vértice radicular: é o ponto final ou mais extremo do ápice, referência


da ponta da raiz.

* Por que não podemos falar que o forame apical (forame maior) sai
direto (está coincidente) do vértice radicular?

Porque geralmente o forame está mais lateral. Por isso a necessidade da


radiografia, para chegarmos a medida mais aproximada da saída
foraminal. Exemplo na imagem radiográfica abaixo:

O canal dentinario aloja o tecido conjuntivo pulpar, o canal cementario


abriga um tecido conjuntivo de transição entre o pulpar e o periodontal,
conhecido como Coto Pulpo-periodontal. A junção entre esses dois
canais e conhecida como C.D.C. (Canal-dentina-cemento). Nestas
imediações encontra-se constrição apical que corresponde ao ponto de
menor diâmetro do canal.

Cada canal é um sistema de canais radiculares, que se


ramificam no canal principal.
SISTEMA DE CANAIS RADICULARES

É a denominação que melhor define todos os locais que abrigam a


polpa radicular, incluído o conduto principal e todas as possíveis
ramificações.

Estas surgem por que durante a rizogênese, a bainha de Hertwig, que


se desenvolve em direção apical, contorna pequenos vasos e nervos, e
após a calcificação formam as ramificações.
Ramificações do Canal Principal:
- -

* Canal lateral: sai do principal, no terço cervical ou médio, e tem um


forame próprio

* Canal recorrente: sai do principal e retorna antes do forame

* Canal secundário: semelhante ao lateral,porém no terço apical da raiz

* Canal acessório: sai de um canal lateral ou secundário e tem forame


próprio

* Canal colateral: é paralelo ao principal,possui forame próprio no ápice e


ambos podem comunicar-se através de um interconduto.

* Canal inter-radicular:
comunica o assoalho da
câmara pulpar com o
ligamento periodontal na
região de furca.

* Delta apical: ocorre na


região apical, composto por
várias ramificações do canal
principal que desembocam
em diferentes forames
FATORES QUE ALTERAM A ANATOMIA DA CAVIDADE PULPAR

Desenvolvimento Dentário: quando o dente irrompe na cavidade bucal,


a raiz não está completamente formada (ápice imaturo ou aberto). A
formação radicular completa e o fechamento do ápice ocorrem cerca de
3 a 5 anos após o irrompimento.

Deposição Cementária: ocorre fisiologicamente e altera o formato do


ápice, posicionamento do forame e comprimento do canal cementário.

Dentina secundária: dentes jovens têm a câmara pulpar ampla, e no


decorrer do tempo, os estímulos fisiológicos promovem a deposição de
dentina secundária, diminuindo seu volume.

Dentina terciária: Cáries e restaurações profundas, trauma oclusal e


bruxismo causam deposição de dentina terciária, levando à alteração do
formato da câmara, atresias, calcificações e nódulos pulpares.

Coroas Protéticas e restaurações extensas: a anatomia dental externa,


nestes casos, em geral não corresponde à anatomia interna e, em alguns
casos, nem à real inclinação da raiz.
VARIAÇÕES ANATÔMICAS DOS CANAIS RADICULARES
-

Número de Canais: Geralmente encontra-se um canal por raiz, bem


centralizado. Porém, o achatamento mésio-distal leva as raízes a
exibirem canais elípticos, ovalados, em forma de “halteres” ou até
mesmo à sua bifurcação total ou parcial.
A bifurcação pode levar à formação de dois canais em qualquer um
dos terços, podendo estes canais apresentarem-se unidos em algum
segmento ou completamente separados; eles ainda podem possuir
forames independentes ou um forame comum.

Formato: o canal radicular não é uniforme em toda sua extensão e


em geral segue o formato da raiz. As secções transversais podem ser
elípticas, ovais, circulares, triangulares. Os diferentes formatos podem
aparecer em qualquer nível da raiz, ou seja, um canal pode ter uma
forma elíptica no terço cervical, afunilando-se para um oval no terço
médio e chegando quase ao circular no terço apical.

Direção: o forame apical em geral não corresponde ao ápice


radicular. Na maioria das vezes o forame se abre numa porção
lateral, voltado para distal, porque o crescimento radicular se dá na
direção do feixe vásculo-nervoso, que vem da distal para mesial.

Desvios do eixo longitudinal

- INCLINAÇÃO RADICULAR: deslocamento no eixo longitudinal da


raiz em relação à coroa.

- CURVATURA: desvio maior no eixo, tornando-se curvo.

- ANGULAÇÃO: desvio brusco de uma parte do eixo em relação à


outra. (3° molar - canal somente se o dente tiver função)

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