Pesquisa Clinica
Seladores extrudados apicalmente: destino e influência no resultado do
tratamento
Domenico Ricucci, MD, DDS,* Isabela N. Rôças, DDS, MSc, PhD,† Flavio RF Alves, DDS, MSc, PhD,†
Simona Loghin, DDS,* e Jose F. Siqueira Jr, DDS, MSc, PhD†
Resumo
Introdução: Este estudo retrospectivo avaliou casos de
recheios não intencionais para o destino dos selantes
extrusados e sua influência no resultado do tratamento.
Métodos: Cento e cinco dentes tratados por um único
operador e exibindo recheios na radiografia pós-obturação
foram incluídos no estudo. Setenta e cinco dentes exibiam
lesões de periodontite apical no momento do tratamento. Os
selantes incluíram selante de canal de polpa (Sybron Dental,
Orange, CA), PCS Extended Working Time-EWT (Sybron
Dental), Tubli-Seal (Sybron Endo), Endomethasone
(Septodont, Saint-Maur-des-Fosses,
França), AH Plus (DeTrey GmbH, Konstanz, Alemanha) e Apexit
(Ivoclar Vivadent, Schaan, Lichtenstein). As radiografias de
recuperação foram comparadas com os filmes de pós-obturação
imediata para a remoção do material extrusado e o estado dos
tecidos perirradiculares. Os dados foram agrupados como
recordação de 1, 2 e> 4 anos e analisados estatisticamente com
os testes qui-quadrado e exato de Fisher.
Resultados: Quanto ao destino dos selantes, as únicas
diferenças estatisticamente significativas no recall de 1 ano
foram observadas ao comparar Tubli-Seal com AH Plus,
Apexit e Endometasona (P <.05). Em ambos os recalls de 2 e 4
anos, a frequência de remoção completa de AH Plus e Apexit
foi significativamente menor quando comparada com todos
os outros selantes (P <.05). Nenhuma outra diferença
significativa foi observada entre os grupos. Quanto à
influência no resultado do tratamento, não houve diferenças
estatisticamente significativas entre os cimentos em todos os
períodos de acompanhamento (P>.05). Os dados do recall> 4
anos revelaram que 79% dos dentes com lesões de
periodontite apical no momento do tratamento tinham
cicatrizado em comparação com 100% dos dentes sem
periodontite apical (P <.01). Conclusões: Nem todos os
selantes extrudados foram previsivelmente removidos dos
tecidos perirradiculares. O resultado do tratamento não foi
significativamente afetado pelo tipo de cimento extrusado.
Um resultado significativamente melhor foi observado para
dentes sem lesão em comparação com dentes com
periodontite apical. (J Endod 2016; -: 1–7)
Da * Private Practice, Cetraro, Itália; e†Departamento de Endodontia, Faculdade de Odontologia, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
Enviar pedidos de reimpressões ao Dr. Domenico Ricucci, Piazza Calvario, 7 87022 Cetraro (CS), Itália. Endereço de e-mail:dricucci@libero.it
0099-2399 / $ - ver matéria inicial
direito autoral ª 2016 American Association of Endodontists.
http://dx.doi.org/10.1016/j.joen.2015.11.020
JOE - Volume -, Número -, - 2016
Palavras-chave
Cimentos endodônticos, tratamento endodôntico, preenchimento excessivo, resultado do tratamento
R aos tecidosdo
obturação perirradiculares ou saliva
canal de saída serve no canal,
ao objetivo bem
principal como bactérias
de impedir e seus
o tráfego de vírus
fluidos de
Fatores de influência e antígenos do canal para os tecidos perirradiculares (1). Idealmente, o material
de preenchimento deve ser restrito ao espaço intraradicular(2, 3). Estudos demonstraram que a maior
taxa de sucesso do tratamento endodôntico é observada para dentes com obturações de canal
radicular terminando 0–2 mm antes do ápice radiográfico, e casos com preenchimentos inferiores ou
superiores exibem taxas significativamente mais baixas(3-5).
No entanto, existem circunstâncias em que não é possível controlar a aplicação do
material, ocorrendo alguma extrusão apical. Além disso, o uso de algumas técnicas de
preenchimento com guta-percha termoplastificada também está associado a uma maior
incidência de extrusão de material de preenchimento(6). Quando extrudado, o destino do
material de preenchimento dependerá de sua solubilidade nos fluidos do tecido e da
suscetibilidade à fagocitose, enquanto sua influência no resultado do tratamento
provavelmente depende da biocompatibilidade do material. Foi sugerido que a menor taxa de
cicatrização associada a preenchimentos excessivos é resultado da citotoxicidade do material
de preenchimento radicular(7) ou uma reação de corpo estranho a alguns de seus constituintes
(8, 9). No entanto, as evidências indicam que a extensão apical das obturações do canal
radicular parece não ter correlação direta com a falha do tratamento, desde que a infecção
esteja ausente(10-12). O enchimento excessivo pode prejudicar o prognóstico do tratamento de
dentes infectados com periodontite apical, e isso possivelmente está relacionado a um
selamento apical deficiente e / ou superinstrumentação anterior causando extrusão de detritos
infectados(13). Também foi sugerido que a ocorrência extrarradicular de um material de
preenchimento pode retardar o processo de cicatrização da periodontite apical(14).
Informações sobre o destino dos selantes e sua influência no resultado da extrusão apical são
escassas na literatura. Um estudo avaliou a aparência radiográfica de material de preenchimento
extrusado involuntariamente e descobriu que 2 óxido de zinco e selantes à base de eugenol foram
completamente removidos ao longo do tempo, e os recheios por si só não tiveram influência no
resultado do tratamento(15). Estudos compararam os efeitos de diferentes selantes no resultado(16-19)
, mas nenhum deles se concentrou especificamente no preenchimento excessivo de casos. Portanto, o
presente estudo teve como objetivo avaliar casos de recheios não intencionais após o uso de diferentes
selantes quanto ao destino do material extrudado e sua influência no resultado do tratamento
endodôntico.
Materiais e métodos
Os dentes incluídos neste estudo retrospectivo são uma fração de um número de dentes tratados por um
único operador em seu consultório particular usando um protocolo de tratamento padronizado por um período
de 30 anos. Em geral, 1437 dentes tratados com canal radicular (de 830 pacientes) estavam disponíveis para um
ou vários acompanhamentos. Parte desta amostra (n = 816) foi o objeto
Destino e resultado dos seladores extrudados 1
Pesquisa Clinica
de um estudo de acompanhamento anterior (5). Dentes exibindo recheios na
radiografia pós-testagem (n = 105), com exames de acompanhamento variando de 1
ano a até 30 anos, foram selecionados para análise no presente estudo. Dentes com
pontos de guta-percha superestendidos não foram incluídos. Setenta e cinco dentes
apresentavam lesões de periodontite apical no momento do tratamento, conforme
determinado radiograficamente, enquanto 30 dentes apresentavam tecidos apicais
normais.
Procedimentos de Tratamento
O diagnóstico de polpa '' vital '' ou '' necrótica '' foi feito com base em sinais e
sintomas clínicos e radiografias periapicais. Todos os tratamentos endodônticos
foram realizados com estrita técnica asséptica. Depois da borracha
isolamento de barragens e desinfecção de campo com 30% H2O2 e 5% de tintura de
iodo, o comprimento de trabalho foi estabelecido na constrição apical.
Isso foi realizado apenas por radiografia e, desde o final da década de 1990, com o
auxílio de um localizador de ápice eletrônico verificado com radiografias. Esforços
foram feitos para usinar uma '' parada '' apical na ou perto da constrição apical para
ajustar um cone mestre de guta-percha de tamanho apropriado. Após pré fl ar os
dois terços coronais do canal radicular com brocas GatesGlidden e instrumentos
manuais (Hedstr€om arquivos), o terço apical foi instrumentado com instrumentos
manuais (Hedstr€arquivos om e K). Em todos os casos, foi tomado cuidado para
evitar a passagem do instrumento além do comprimento de trabalho (ou seja,
arquivos de permeabilidade não foram usados). A irrigação era freqüentemente feita
com grandes quantidades de hipoclorito de sódio a 1% com um tamanho mínimo de
agulha. Dentes com diagnóstico de polpa necrótica foram tratados em 2 consultas
com medicação de interconsulta com hidróxido de cálcio, enquanto dentes com
diagnóstico de polpa vital foram tratados em uma única consulta.
Os canais radiculares foram preenchidos com guta-percha compactada
lateralmente e um selador. Diferentes selantes foram usados aleatoriamente
e incluíram os materiais de óxido de zinco e eugenol Pulp Canal Sealer (PCS;
Sybron Dental, Orange, CA), PCS Extended Working Time (EWT) (Sybron
Dental), Tubli-Seal (Sybron Dental) e Endomethasone (Septodont, Saint-Maur-
des-Fosses, França); o selante à base de resina AH Plus (DeTrey GmbH,
Konstanz, Alemanha); e o selante à base de hidróxido de cálcio Apexit (Ivoclar
Vivadent, Schaan, Lichtenstein). Após o término do tratamento endodôntico,
uma restauração apropriada foi colocada (restauração direta nos casos com
perda moderada da estrutura dentária ou restauração indireta quando a
cobertura da cúspide foi indicada).
Exame de Acompanhamento e Análise de Dados
Em cada ocasião de acompanhamento, pelo menos uma
radiografia periapical em projeção reta convencional foi feita.
Radiografias adicionais em ângulo mesial ou distal foram feitas em casos
com mais de 1 canal radicular na mesma raiz. O exame radiográfico foi
realizado usando a técnica de cone longo (Explor-X 65 kV; Fiad, Trezzano,
Itália, ou Irix 70; Trophy, Marne-la-Vallee, França) com o filme Kodak
Ultraspeed 31 41 (DF 58) ou 22 35 ( DF 54; Eastman Kodak Company,
Rochester, NY). Um porta-filme (Rinn Corp, Elgin, IL) foi usado na grande
maioria dos casos, exceto quando o paciente não cooperou. Rádio-
TABELA 1. O destino de diferentes selantes após extrusão não intencional para os tecidos perirradiculares em diferentes períodos de acompanhamento
Acompanhamento de 1 ano
Sealer Linha de base n Presente Ausente
AH Plus 20 13 1 16
Apexit 15 7 2
Endometasona 15 7 2
PCS 28 8 6
PCS EWT 21 9 5
Tubli-Seal 6 0 3 0
2 Ricucci et al.
os gráficos foram processados manualmente em uma câmara escura
seguindo a recomendação do fabricante. Em períodos posteriores, alguns
sistemas digitais também foram usados, incluindo RVG Gold (Trophy), Kodak
RVG 6100 (Carestream Health, Atlanta, GA) e VistaScan Mini Plus (D€urr Dental
AG, Bietigheim-Bissingen, Alemanha). As radiografias convencionais foram
digitalizadas (as imagens tinham pelo menos 10-15 cm a 300 DPI). Todas as
radiografias foram incorporadas em arquivos PowerPoint (Microsoft,
Redmond, WA) para análises posteriores.
Dois examinadores, que são endodontistas experientes e desconheciam o
selante usado, analisaram individualmente e compararam as radiografias de
referência e de recordação quanto ao destino do selante extrusado e o resultado do
tratamento. As radiografias foram analisadas na tela do computador em uma sala
escura. Para a determinação do destino de um selador, os examinadores
registravam se o selador estava presente ou não nas radiografias de recordação em
comparação com as radiografias feitas no início do estudo. Para a análise do
resultado do tratamento, os critérios de Strindberg(20) foram usados. Os
observadores foram calibrados contra um conjunto de 100 dentes de referência.
Condições perirradiculares saudáveis foram avaliadas quando tanto o contorno
quanto a largura do espaço do ligamento periodontal eram normais ou o contorno
do ligamento periodontal estava apenas ligeiramente alargado em torno do
preenchimento excessivo. A aparência do osso circundante era normal. Os dentes
doentes apresentavam qualquer radioluscência apical perceptível(20). Para os
períodos de acompanhamento de 1 e 2 anos, outra categoria foi incluída (ou seja, ''
cicatrização '', que foi atribuída aos dentes que ainda apresentavam lesões, mas com
tamanhos reduzidos em comparação com a radiografia basal). Nos dentes
multirraigados, apenas as raízes com recheios foram avaliadas e registradas
individualmente. Quando as avaliações de destino e resultado fornecidas pelos 2
examinadores discordaram (valores kappa = 0,86 e 0,76, respectivamente, para
análises de destino e resultado), um terceiro examinador experiente foi consultado.
Análise de dados
Para análises estatísticas comparando a presença / ausência
perirradicular (destino) dos diferentes cimentos e sua influência no desfecho,
os dados foram agrupados como recordação de 1, 2 e> 4 anos e analisados
por meio do teste do qui-quadrado com Yates 'correção e teste exato de
Fisher. O efeito do estado anterior dos tecidos perirradiculares (saudáveis ou
doentes) sobre o resultado dos dentes com recheios também foi comparado
por meio do teste exato de Fisher. O nível de signi fi cância foi estabelecido em
5% (P <.05).
Resultados
No geral, 105 dentes com recheios no início do estudo foram incluídos no estudo.
Destes, 63 estavam disponíveis para o acompanhamento de 1 ano, 73 para o
acompanhamento de 2 anos (57 dos quais também foram avaliados em 1 ano), e todos eles
para o acompanhamento> 4 anos.
Destino do Selador Extrudado
No seguimento de 1 ano, foram examinados 3 casos do grupo Tubli-Seal, e em
todos eles o material extrudado havia desaparecido completamente. Remoção
completa também foi observada em 6 de 14 (43%) e 5
2 anos de acompanhamento > Acompanhamento de 4 anos
Presente Ausente Presente Ausente Ausente %
1 17 3 15
8 0 10 5 33
4 5 2 13 87
8 8 5 23 82
9 10 6 15 71
4 0 6 100
JOE - Volume -, Número -, - 2016
 Pesquisa Clinica

Figura 1. PCS EWT. Dente 30 com polpa necrótica e periodontite apical em mulher de 40 anos. (A) A radiografia de pós-obturação. Extrusão do selador ao redor da raiz distal. (B) A radiografia de
acompanhamento de 4 anos. Ausência de cimento nos tecidos perirradiculares. O caso foi classificado como curado. Observe que o cimento foi reabsorvido também no canal mais apical. (C) A
radiografia de acompanhamento de 7 anos. As condições perirradiculares permanecem inalteradas.

de 14 (36%) dos casos preenchidos com PCS e PCS EWT, respectivamente (
tabela 1) No entanto, as únicas diferenças estatisticamente significativas neste
período foram observadas ao comparar Tubli-Seal com AH Plus, Apexit e
Endometasona (P <.05).
No recall de 2 anos, o número de casos em que o cimento extrusado havia
desaparecido aumentou para todos os grupos, exceto para AH Plus e Apexit. A
frequência de remoção desses 2 selantes foi significativamente menor quando
comparada com todos os outros selantes (P <.05) (tabela 1) Nenhuma outra
diferença significativa foi observada entre os grupos (P>.05). Na avaliação> de 4
anos, a análise estatística mostrou achados semelhantes aos do recall de 2 anos, (ou
seja, diferenças significativas foram observadas entre AH Plus e Apexit quando
comparados com os outros cimentos [Figs. 1-5]). Nenhuma outra diferença
significativa foi observada entre os grupos. Exceto para Tubli-Seal, nenhum selante
mostrou 100% de desaparecimento. Na maioria dos casos dos grupos
Endometasona, PCS e PCS EWT, o material extrudado não estava mais presente. Por
outro lado, apenas em alguns casos do
Os grupos AH Plus e Apexit foram os materiais completamente retirados dos
tecidos perirradiculares.
Emflinfluência no resultado do tratamento
Todos os 30 dentes sem lesão de periodontite apical no momento do tratamento
permaneceram sem doença em todos os intervalos de acompanhamento,
independentemente do tipo de material extrusado (mesa 2)
No recall de 1 ano, 43 dentes com periodontite apical no momento do
tratamento estavam disponíveis para avaliação. Destes, 20 (46,5%) dentes foram
classificados como cicatrizados e 14 (33%) dentes como cicatrizados (lesão de
tamanho reduzido, mas ainda presente). No período de 2 anos, 52 dentes foram
examinados; 31 (60%) e 12 (23%) foram categorizados como curados e curando,
respectivamente. Os dados do seguimento> 4 anos revelaram que 79% dos casos
com lesões de periodontite apical no momento do tratamento foram classificados
como cicatrizados em comparação com 100% dos dentes sem apical

Figura 2. AH Plus. Dente 8 com polpa necrótica e trato do seio bucal em uma mulher de 24 anos. (A) A radiografia pós-operatória. (B) O acompanhamento de 1 ano; não houve
alterações no selante extrudado. (C) O acompanhamento de 9 anos. A lesão de periodontite apical cicatrizou, mas a aparência do cimento extrusado permaneceu inalterada.

JOE - Volume -, Número -, - 2016 Destino e resultado dos seladores extrudados 3

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Figura 3. Apexit. Dente 8 com polpa necrótica e periodontite apical em mulher de 27 anos. (A) A radiografia pós-operatória. (B) O acompanhamento de 5 anos. O selante extrudado parece
parcialmente removido, mas ainda está visível. (C) O acompanhamento de 16 anos. Condições perirradiculares normais podem ser observadas, mas algum selante ainda é
discernível nos tecidos perirradiculares. Observe que o selador ainda pode ser visto em o canal mais apical.

periodontite. Esta diferença foi altamente significativa (P <.01). A
incidência de taxas de cura variou de 67% para PCS a 91% para PCS EWT (
Tabela 3) Não houve diferença estatisticamente significativa no
resultado entre os selantes testados em todos os períodos de exame (P>.
05).
Discussão
Este estudo retrospectivo avaliou casos de recheios não intencionais durante o
tratamento de canal para o destino do cimento extrusado e sua influência no
resultado. Para fins de comparação entre os materiais, os exames de
acompanhamento foram agrupados em períodos de 1 ano, 2 anos e> 4 anos. No
geral, os resultados revelaram que com o passar do tempo, os selantes à base de
óxido de zinco eugenol tiveram uma taxa de remoção significativamente maior em
comparação com AH Plus, um selante resinoso, e Apexit, um selante à base de
hidróxido de cálcio. Quanto ao resultado do tratamento, não houve diferença
significativa entre os diferentes selantes extrusados.
Quando extrudados através do forame apical, os selantes podem ser
solubilizados nos fluidos do tecido perirradicular, fagocitados ou encapsulados por
tecido conjuntivo fibroso (1). O destino do material vai depender de sua
propriedades físico-químicas, especialmente solubilidade em água. A este
respeito, os estudos mostraram uma baixa solubilidade para AH Plus(21, 22), o
que pode ser desejável quando se leva em consideração a estabilidade do
material no espaço intraradicular, mas, por outro lado, pode não ser a melhor
propriedade quando o material é extrudado para os tecidos perirradiculares.
No entanto, quanto ao Apexit, os estudos não mostraram uma solubilidade
significativamente menor quando comparado com outros selantes(22, 23).
Existe a possibilidade de que a resina epóxi, o principal componente do AH
Plus, que também foi relatado estar presente no Apexit(23), podem ser
responsáveis pelas menores taxas de remoção desses selantes.
Os presentes resultados não concordam com a observação anterior de
outro estudo (15), que relatou que, com tempo suficiente no pós-operatório,
todos os selantes extrusados seriam removidos. Isso pode ser verdade para
os selantes à base de óxido de zinco eugenol, mas apenas 15% dos casos AH
Plus e um terço dos casos Apexit mostraram a remoção completa do material
extrudado em períodos superiores a 4 anos. Na maioria dos casos em que
esses selantes não foram removidos, eles permaneceram aparentemente
inalterados nas radiografias, mesmo após longos períodos variando de 10
anos (8 casos AH Plus) a 16 anos (3 casos Apexit) (Figs. 2-4)

Figura 4. AH Plus. Dente 30 com polpa necrótica, periodontite apical e severa perda óssea na furca em mulher de 51 anos. (A) A radiografia pós-operatória. Grande extrusão de
selante periapicamente para a raiz distal; uma pequena extrusão também está presente ao redor da raiz mesial. (B) O acompanhamento de 5 anos. As lesões periapicais e inter-
radiculares cicatrizaram completamente, enquanto o cimento extrusado manteve a mesma aparência. (C) A situação é a mesma no seguimento de 7 anos.

4 Ricucci et al. JOE - Volume -, Número -, - 2016

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Figura 5. PCS EWT. Dente 28 com polpa necrótica e periodontite apical em um homem de 37 anos. (A) A radiografia pós-operatória. Sealer foi empurrado para dentro do
periapex através do forame principal, e uma ramificação apical estava presente no perfil apical distal. (B) O acompanhamento de 4 anos. A lesão de periodontite apical cicatrizou
completamente e o cimento extrusado não é mais visível. Observe que o selante não pode mais ser visto tanto no canal mais apical quanto na ramificação apical.

Apesar das diferenças observadas na remoção dos diferentes selantes,
nenhum deles influenciou o resultado do tratamento. Isso está em
consonância com outros estudos que não mostram influência do tipo de
cimento no resultado do tratamento(16-19), embora o presente estudo
avaliasse apenas casos com recheios. Além de muitos selantes e pastas
citotóxicos usados no passado, a maioria dos materiais de preenchimento
contemporâneos exibem citotoxicidade significativa apenas antes da fixação
(24-26). Na verdade, mesmo quando os selantes são mantidos dentro do
espaço do canal, uma resposta inflamatória de intensidade variável
geralmente se desenvolve na área onde os selantes entram em contato com
os tecidos vitais apicais e perirradiculares(27). Em caso de preenchimento
excessivo, os cortes histológicos mostram que a resposta inflamatória pode
ser grave em curto prazo(27). No entanto, com o tempo, a maioria dos
selantes perdem seus componentes irritantes e se tornam relativamente
inertes(28, 29). Em longo prazo, na ausência de infecção simultânea, a
proliferação de tecido conjuntivo infiltrado por algumas células inflamatórias
crônicas dispersas e células de corpo estranho multinucleadas pode ser
observada histologicamente ao redor do cimento extrudado(27).
Outro achado importante deste estudo foi que os recheios não foram
associados a um resultado ruim em dentes sem periodontite apical. Isso está
de acordo com estudos anteriores(10, 12) e dá crédito ao conceito de que a
doença associada a preenchimentos excessivos é geralmente causada por
uma infecção concomitante e não por citotoxicidade do material de
preenchimento (30). Os recheios são geralmente precedidos por uma
superinstrumentação, que pode causar aumento e deformação excessivos do
forame apical, dificultando uma adaptação apical adequada do material de
preenchimento. Além disso, dentes com periodontite apical geralmente
apresentam reabsorção radicular apical
(27, 31), e isso pode levar a deformações que também comprometem a
qualidade de preenchimento apical. A falta de um selamento apical adequado
é problemático quando o vazamento de fluidos do tecido e exsudato no canal
atinge bactérias residuais para fornecer substrato para o crescimento. Além
disso, a superinstrumentação desloca inevitavelmente dentina infectada e
restos de polpa necrótica para os tecidos perirradiculares. Inoculadas nele, as
bactérias incorporadas em detritos podem ser fisicamente protegidas dos
mecanismos de defesa do hospedeiro e prejudicar a cura(32, 33).

MESA 2. Resultado do tratamento endodôntico de dentes sem periodontite apical após extrusão não intencional de diferentes selantes para os tecidos perirradiculares

Acompanhamento de 1 ano 2 anos de acompanhamento > Acompanhamento de 4 anos

Linha de base

Sealer n Curado Doente Curado Doente Doença Curada Curado%

AH Plus 2 2 0 1 0 2 0 100
Apexit 4 1 0 1 0 4 0 100
Endometasona 6 3 0 3 0 6 0 100
PCS 7 5 0 5 0 7 0 100
PCS EWT 10 8 0 10 0 10 0 100
Tubli-Seal 1 1 0 1 0 1 0 100

JOE - Volume -, Número -, - 2016 Destino e resultado dos seladores extrudados 5

Pesquisa Clinica
TABELA 3. Resultado do tratamento endodôntico de dentes com periodontite apical após a extrusão não intencional de diferentes selantes para os tecidos perirradiculares
Acompanhamento de 1 ano
Linha de base
Sealer n Curado Curando Não curado Curado
AH Plus 18 4 6 1 11
Apexit 11 5 2 1 4
Endometasona 9 2 2 2 2 3
PCS 21 4 1 4 5
PCS EWT 11 3 2 1 7
Tubli-Seal 5 2 1 0 2 1
Com base em alguns relatórios na literatura (8, 9), um corpo estranho
a reação a materiais de preenchimento extrudados foi sugerida como uma possível
causa de periodontite apical pós-tratamento. No entanto, nossos achados que
indicam uma taxa de sucesso de 100% para recheios em dentes sem periodontite
apical podem sugerir o contrário (ou seja, selantes contemporâneos quando
extrudados através do forame apical em pequenas quantidades, sem causar recheio
grosseiro, não exercem toxicidade significativa ou induzem uma reação de corpo
estranho a uma extensão que seja suficiente para causar a doença pós-tratamento).
Embora a presença extrarradicular do material de preenchimento possa
não ser a causa direta da doença pós-tratamento, foi sugerido que a
cicatrização pode ser substancialmente atrasada em alguns casos (34). Não foi
objetivo do presente estudo comparar o processo de cicatrização de dentes
com ou sem recheios, pois estes não foram incluídos nas análises. É
importante destacar que de 66 casos acompanhados por mais de 10 anos,
apenas 4 dentes tiveram uma mudança no resultado quando comparados
com o reconvocação de 4 anos. Embora um caso tenha revertido de curado
para doente após 25 anos (doença recorrente), três casos levaram mais de 10
anos para curar completamente. Se esse longo tempo decorrido até a
cicatrização completa foi uma consequência do material extrudado, não pode
ser inferido a partir do presente estudo.
Embora não tenha sido o objetivo do presente estudo, um achado
comum dos grupos PCS, PCS EWT e Tubli-Seal foi que o cimento foi
removido não apenas dos tecidos perirradiculares, mas também da
parte mais apical do canal radicular. Em termos de reparo do tecido, a
dissolução do selante no canal apical pode ser vantajosa porque cria
espaço para o crescimento do tecido conjuntivo, às vezes com deposição
de novas camadas de cemento para estreitar o forame e o lúmen do
canal apical(35). Por outro lado, a dissolução do selante no canal pode
fornecer espaço para infiltração de fluido e crescimento bacteriano em
longo prazo, com riscos de doença recorrente(36). Mais uma vez, o
prognóstico dependerá da presença de infecção intracanal residual
concomitante.
Este estudo tem suas próprias limitações. Primeiro, o desaparecimento
do selante extrudado na radiografia não significa automaticamente que ele foi
completamente removido dos tecidos perirradiculares. A quantidade de
material e / ou sua densidade pode ter sido reduzida a um ponto que não
pode ser discernida em uma radiografia. Esta condição foi descrita em
estudos histológicos(27). Outra limitação é o caráter retrospectivo do estudo,
o que não nos permitiu randomizar adequadamente os casos quanto ao tipo
de cimento a ser utilizado, nem estabelecer com precisão os pontos de ajuste
para as recalls organizadas. Além disso, em alguns casos, os detentores de
filme não podiam ser usados para fazer radiografias, o que impedia uma
análise da quantidade de material extrudado e restringia nossos achados
sobre '' destino '' aos dados de presença / ausência. No entanto, devido à
natureza bidimensional das radiografias, a quantificação do material
extrudado (talvez por área) seria reconhecidamente de fi ciente e inadequada.
Em conclusão, o presente estudo mostrou que nem todos os materiais
extrudados foram retirados dos tecidos perirradiculares a ponto de não serem
mais visíveis na radiografia; Os selantes à base de eugenol de óxido de zinco
foram removidos significativamente mais rápido do que AH Plus e Apexit. No
entanto, apenas a análise histológica acabaria por con fi rmar a sua completa
6 Ricucci et al.
2 anos de acompanhamento > Acompanhamento de 4 anos
Curando Não curado Curado Não Curado Curado%
3 2 14 4 78
2 1 9 2 82
1 8 1 89
2 4 14 7 67
1 1 10 1 91
0 4 1 80
remoção dos tecidos perirradiculares. O resultado do tratamento não é
significativamente afetado pelo tipo de selante extrudado, desde que os
canais radiculares sejam tratados adequadamente. Isso não significa que
recheios devem ser recomendados, pois a extrusão grosseira de materiais de
recheio pode causar complicações pós-operatórias graves(37-39). As taxas de
sucesso em casos superlotados são significativamente maiores em dentes
sem lesão em comparação com dentes com periodontite apical.
Agradecimentos
Os autores negam quaisquer conflitos de interesse relacionados a este estudo.
Referências
1 Siqueira JF Jr. Tratamento de infecções endodônticas. Londres: Quintessence
Publishing; 2011: 313–40.
2 Ricucci D, Langeland K. Limite apical de instrumentação e obturação do canal radicular,
parte 2. Um estudo histológico. Int Endod J 1998; 31: 394–409.
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Destino e resultado dos seladores extrudados 7